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1 Aline David – ATM 2025/B CLÍNICA MÉDICA: CARDIOLOGIA – AULA 08 e 09 + MEDCURSO VÁLVULAS CARDÍACAS - 3 tricúspides: aórtica, pulmonar e direita. - 1 bicúspide: mitral. ❖ 4 fenótipos: Estenose aórtica, Insuficiência aórtica, Estenose mitral e Insuficiência mitral. ESTENOSE AÓRTICA (EAO) ❖ Função da valva aórtica: na sístole, a valva aórtica se abre, permitindo o esvaziamento do VE. Na diástole, a valva se fecha, impedindo o refluxo de sangue da aorta para o VE. ❖ Anatomia: é constituída por um anel fibroso e de três folhetos ou cúspides. ❖ Definição de Estenose Aórtica: pela restrição à aberturo dos folhetos valvares, há uma redução da área valvar aórtica, levando a formação de um gradiente de pressão sistólico entre o VE e a aorta. - Área valvar aórtica normal: 2,5-3,5cm². ❖ Valvulopatia que tem maior relação com cardiopatia isquêmica. ❖ Começa a calcificar e não consegue fazer a abertura dos 3 folhetos. Pode ficar entreaberta quando ela for fechada. É muito comum ter estenose aórtica com insuficiência aórtica junto. EPIDEMIOLOGIA ❖ 1-2% > 65 anos / 12% > 75 anos. - 3.4% têm EAo severa - Envelhecimento, HAS, DM, dislipidemia → paciente mais inflamado. - Começa sempre com esclerose da valva → paciente com propensão a ter estenose aórtica no futuro. ❖ Esclerose valvar = espessamento/calcificação folhetos sem estenose - Taxa progressão Esclerose -> Estenose = 1.8%.ano - ↑risco IAM e morte DCV e de todas as causas ETIOLOGIA ❖ Valva aórtica bicúspide congênita: - É a causa mais comum de EA em crianças, adolescentes e adultos com menos de 65 anos de idade. - A calcificação fica mais proeminente e mais agressiva. Apresentam piora desde os 50 anos de idade, ao contrário dos outros pacientes que tem a piora geralmente próximo dos 70 anos de idade. ❖ Degeneração calcifica: - É a causa mais comum de EA em idosos > 65 anos. - Por mecanismos desconhecidos, estes pacientes apresentam uma doença degenerativa das cúspides valvares em idades mais avançadas, levando ao extenso depósito cálcico. O cálcio aderido, gera um peso nas válvulas que dificulta a abertura adequada. - Existe bastante correção com fatores de risco para aterosclerose: dislipidemia, HAS, DM, tabagismo. ❖ Cardiopatia reumática crônica: - É comum haver insuficiência aórtica associada devido a retração dos folhetos. - É a causa mais comum de dupla lesão aórtica. - É mais comum no sexo masculino. - Causa mais comum de lesão valvar mitro-aórtica. 2 Aline David – ATM 2025/B CLASSIFICAÇÃO QUANTO A GRAVIDADE ❖ É medida pela área valvar aórtica, tendo uma correspondência com o gradiente médio de pressão VE-Ao na sístole. Classificação Definição Leve Área > 1,5cm², gradiente médio < 25mmHg ou velocidade < 3 m/s. Moderada Área de 0,8-1,5cm², gradiente médio de 25- 40mmHg ou velocidade de 3-4 m/s. Grave Área < 0,8 cm², gradiente médio > 40mmHg ou velocidade > 4 m/s. - É uma evolução gradual. Não ocorre de um dia para o outro. É um processo demorado, devagar, que faz com que uma estenose aórtica leve seja transformada em uma estenose aórtica grave, durando entre 5 à 10 anos. - Não são todos os pacientes que irão piorar. A grande maioria não piora. Morrem de outras coisas. FISIOPATOLOGIA FASE COMPENSADA ❖ Como a EA é um processo crônico e insidioso, os mecanismos compensatórios conseguem restaurar a atividade cardíaca. ❖ Hipertrofia ventricular concêntrica: - Aumento da contratilidade miocárdica → capaz de manter o débito sistólico, mesmo com uma pós-carga elevada. ❖ Redução da relação R/h: - Evita o aumento excessivo da pós-carga → diminui o diâmetro cavitário e aumenta a espessura da parede. ❖ Devido a esses dois principais mecanismos, o paciente vive anos com EA grave, sem apresentar sintomas e sem risco de eventos cardíacos graves. GRADIENTE DE PRESSÃO VE-AO ❖ Na EA, o débito cardíaco é mantido a custa de um gradiente de pressão sistólico entre o VE e a aorta, dependente da maior contração ventricular esquerda para vencer a resistência valvar. ❖ Quanto maior o DC, maior será o gradiente pressórico. ❖ Gradiente pressórico transvalvar: - Pico a pico: mensurado pela distância entre os picos de pressão aórtico e ventricular. - Máximo: mensurado pela maior distância entre as pressões aórtica e ventricular. - Médio: mensurado pela área que separa as curvas de pressão aórtica e ventricular. ❖ Quando o DC está significativamente reduzido, por disfunção ventricular esquerda, o gradiente pressórico diminui para uma mesma área valvar aórtica. ❖ Ao estimarmos o grau de EA apenas pelo gradiente pressórico nesses pacientes, iremos subestimar a gravidade da estenose. FASE DESCOMPENSADA ❖ A EA grave impõe uma sobrecarga pressórica crônica sobre o miocárdico. A hipertrofia concêntrica é a primeira resposta a essa sobrecarga. Contudo, é um efeito lesivo que inicia um processo de degeneração e apoptose dos miócitos, além de fibrose intersticial. ❖ A partir de um certo momento da doença, ocorre uma transição insidiosa da fase compensada e assintomática para fase descompensada, quando os seguintes processos começam a ocorrer: - Isquemia Miocárdica: redução da reserva coronariana associada a um aumento da demanda metabólica do miocárdio. - Débito Cardíaco Fixo: a hipertrofia ventricular não é mais suficiente para manter o aumento do DC durante o esforço físico, levando a síndrome do débito fixo. No esforço o DC é 3 Aline David – ATM 2025/B deslocado para a musculatura esquelética, devido a vasodilatação decorrente da ação da adrenalina nos receptores beta-2. Se o DC não aumentar de forma fisiológica no esforço, haverá baixa perfusão cerebral. Este é um dos mecanismos principais de síncope relacionada à EA grave. - Insuficiência Cardíaca Congestiva: a fibrose miocárdica, associada à própria hipertrofia ventricular concêntrica, leva a redução progressiva da complacência ventricular. Para um determinado volume diastólico final, teremos uma maior pressão do enchimento ventricular. A consequência desse processo é o aumento da pressão atrial esquerda e venocapilar pulmonar, levando a congestão pulmonar e dispneia, desencadeada pelo esforço físico. Pode ocorrer mesmo quando a função sistólica do VE ainda estiver preservada. Os pacientes com EA moderada a grave que apresentam IC tem o prognóstico bastante reservado, especialmente se for o tipo sistólico. - Com a estenose o coração precisa aumentar a força de contração, ocasionando hipertrofia do VE. Quando ele fica hipertrófico começa a ocupar espaço que deveria ser de sangue, fazendo com que a cavidade diminua. O sangue precisa entrar, logo, a pressão de dentro do VE está aumentada, vai mandar para o AE, aumenta o AE e hipertrofia, aumentando a pressão na circulação pulmonar ocasionando hipertensão pulmonar e sintoma de dispneia. Coração começa a perder músculo e dilata. Não tem mais célula para contrair e daí acabou. Por isso a importância da doença valvar, não se pode perder o momento de fazer a troca da válvula. CONSEQUÊNCIAS NO CORAÇÃO - Aumenta o músculo, comprime as coronárias → Isquemia → angina. SINTOMAS ❖ Em função dos mecanismos compensatórios, os pacientes com EA moderada e grave costumam permanecer assintomáticos por longa data. O aparecimento de sintomas nesses pacientes, marca a fase descompensada da doença, momento no qual a expectativa de vida desse paciente torna-se significativamente diminuída. ❖ Tríade clássica da estenose aórtica: dispneia + angina + síncope. - Angina: Apresentação clínica em 35% dos pacientes com EA moderada a grave. É causada por isquemia miocárdica. Geralmente é desencadeada pelo esforço físico. Não responde a terapia antianginosa clássica. • Compressão coronária; • ↑ consumo O2 VE hipertrófico; - Síncope:normalmente desencadeada pelo esforço físico. O mecanismo é a síndrome do débito fixo, ocasionando uma baixa perfusão cerebral durante o esforço. Em alguns casos, pode ser devido a arritmias cardíacas isquemia-induzidas. • ↓ perfusão cerebral no esforço; • Hipotensão no esforço; • Síncope no repouso → Fibrilação Atrial x BAV variável; - Dispneia: é o sintoma inicial que marca o aparecimento da ICC. Está presente em 50% da apresentação clínica da EA grave. Seu mecanismo é a congestão pulmonar exacerbada pelo exercício. ❖ Tricúspide → após 70 anos ❖ Bicúspide → entre 50-70 anos ❖ Sangramento gastrointestinal (rompe as plaquetas). - Angiodisplasia ou outras malformações vasculares - Severidade da EAo - Cura com troca valvar 4 Aline David – ATM 2025/B - Angina: em 5 anos a metade morre. - Síncope: em 3 anos a metade morre. - Falência: em 2 anos a metade morre. EXAMES INESPECÍFICOS ECG ❖ Ondas muito grandes: hipertrofia ou doença valvar. ❖ Normal: ❖ Na estenose aórtica: - É inespecífico. - Costuma mostrar sinais de hipertrofia ventricular esquerda do tipo sobrecarga pressórica. - Há aumento da amplitude dos complexos QRS e o chamado padrão strain (infradesnível de ST com T negativa e assimétrica). - A sobrecarga atrial esquerda é comum, geralmente com o índice de Morris positivo. - Bloqueios de ramo, especialmente o HBAE e o BRE, são comuns. - A presença de bloqueio atrioventricular denota EA avançada. - O ECG basal pode apresentar alterações isquêmicas da onda T, em alguns casos. RX DE TÓRAX ❖ A fase descompensada do paciente pode evoluir para cardiopatia dilatada. ❖ A calcificação da valva aórtica é o achado mais comum da radiografia de tórax, sendo encontrada em quase todos os casos dos pacientes com EA grave > 65 anos. Não necessariamente significa estenose aórtica. ❖ Outro achado é a dilatação pós estenótica da aorta. DIAGNÓSTICO ❖ Diagnóstico: ecocardiograma ❖ Diagnóstico etiológico ❖ Anatomia valvar ❖ Grau de calcificação ❖ Velocidade do jato transvalvar* - Área valvar → equação de continuidade - Gradiente transvalvar → equação de Bernoulli ❖ Disfunção VE → subestima gradiente - Um dos parâmetros para tratar ou não. ECOCARDIOGRAMA COM DOPPLER ❖ É capaz de avaliar o aspecto da valva aórtica, se bicúspide ou tricúspide, o grau de calcificação, sua mobilidade, bem como doenças valvares associadas. ❖ Geralmente é possível determinar a etiologia por este exame. ❖ A determinação da área valvar é fundamental para que se estabeleça a gravidade da estenose (a medida é realizada diretamente no eco transesofágico e estimada por cálculos no eco transtorácico. ❖ O doppler também é capaz de estimar razoável precisão e gravidade da EA pela determinação do gradiente pressórico VE-Ao. 5 Aline David – ATM 2025/B ❖ O mais compatível é o gradiente médio, o qual se > 50 mmHg é considerado compatível com EA grave. Quando entre 30-50mmHg, temos uma EA moderada. ❖ Obs.: o cateterismo cardíaco é o padrão-ouro para estimar o gradiente pressórico VE--Ao e quantificar a estenose aórtica. QUANDO REPETIR O ECOCARDIOGRAMA SOPRO CARDÍACO DA EAO ❖ Pelo sopro da estenose aórtica é possível saber a gravidade da doença. ❖ Quanto mais longo for o pico do sopro, maior é a gravidade da doença. - Se for muito próximo de B1 → não é grave. - Se abafa B2 → mandar direto para o bloco. CUIDADO – CRITÉRIOS DE PIOR PROGNÓSTICO - Serve para saber quando operar. Não operar muito cedo e nem operar muito tarde. - Paciente que tem disfunção ventricular quando opera, morre muito mais do que paciente que não tem disfunção ventricular. 6 Aline David – ATM 2025/B TRATAMENTO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO ❖ Não existe tratamento medicamentoso para a estenose aórtica sintomática. ❖ Os sintomas melhoram pouco ou não melhoram com uso de drogas. ❖ A fase dilatada com IC sistólica pode receber tratamento paliativo com digital e diuréticos. ❖ Drogas que devem ser evitadas na EA grave: betabloqueadores (contraindicados), vasodilatadores e diuréticos (evitados → podem levar a hipotensão arterial). ❖ A fibrilação atrial deve ser tratada rapidamente, pois é um importante fator de descompensação em pacientes com EA grave. TRATAMENTO CIRÚRGICO ❖ Troca Valvar: - É um procedimento cirúrgico, em que se abre o peito do paciente, retira a valva comprometida do indivíduo e se coloca outra no local, ou de metal ou bovina. - Dá para fazer com cateter, dilata a valva antiga e coloca uma outra em cima daquela. - Após a cirurgia, quase todos os pacientes têm uma melhora sintomática importante ou completa. As medidas fisiológicas comprovam o benefício hemodinâmico: o gradiente transvalvar cai, podendo normalizar, e a FE aumenta significativamente (ex.: de 20% para 50%). A correção de uma pós-carga excessiva é a principal responsável pela melhora da função sistólica. A hipertrofia ventricular concêntrica regride, a maior parte no 1º ano de pós-operatório (a regressão completa, no entanto, pode não ocorrer). ❖ TAVI- Transaortic valve implantation: - Antes só era utilizada em pacientes que não podiam ser operados. - Pacientes com baixo risco cirúrgico, possuem melhor sobrevida com o cateter balão do que com a cirurgia. 7 Aline David – ATM 2025/B - O implante de bioprótese aórtica por cateter, também chamado de TAVI (Transcatheter Aortic Valve-Implantation), consiste, em poucas palavras, na colocação de um stent autoexpansível na topografia do anel aórtico, o qual é dotado de três folhetos internos (de pericárdio bovino ou suíno, dependendo do fabricante) que funcionam com as válvulas semilunares. O acesso pode ser feito por cateterismo de artéria femoral ou subclávia, ou então pela via transapical (punção da ponta do ventrículo esquerdo), exposta através de uma “minitoracotomia”. Em ambos os casos o procedimento é guiado por fluoroscopia, e o ecocardiograma transesofágico pode ser associado para uma melhor visualização do implante. - Antes do procedimento, o paciente deve iniciar dupla antiagregação plaquetária com AAS + Clopidogrel, mantendo-a por três a seis meses. Durante o procedimento, é realizada antibioticoprofilaxia e pré-dilatação do anel aórtico por uma valvuloplastia percutânea com balão. Uma aortografia deve ser realizada ao término do implante, a fim de verificar a ocorrência de regurgitação paravalvar. ❖ Valvoplastia Percutânea com Cateter Balão: - Ao contrário dos excelentes resultados na correção da estenose mitral, na estenose aórtica os resultados são ruins, especialmente pelo fato de em geral haver calcificação valvar significativa. O gradiente reduz-se apenas 50% após o procedimento e ainda ocorre reestenose em mais da metade dos casos nos primeiros seis meses. INSUFICIÊNCIA AÓRTICA (IA) ❖ Antigamente chamada de “coração de boi”. ❖ Definição: existe um refluxo de sangue para o VE durante a diástole ventricular, devido a incompetência do mecanismo de fechamento valvar aórtico. - A valva não fecha e o sangue volta para o VE. Entra mais sangue no VE e aos poucos ele vai dilatando. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A GRAVIDADE ❖ É medida pela chamada fração regurgitante (FR) → o percentual do débito sistólico total que reflui para o VE. Classificação Definição Mínima FR < 20% Leve FR = 20-40% Grave FR > 60% ❖ Para levar a repercussão hemodinâmica, a IA deve ser grave, ou pelo menos moderada. FISIOPATOLOGIA INSUFICIÊNCIA AÓRTICA CRÔNICA – FASE COMPENSADA ❖ O ventrículo esquerdo recebe na diástole, além do débito normal proveniente do átrio esquerdo, um volume extra, o sangue que reflui da aorta pela valva incompetente. Como o processo é insidioso, o ventrículo se adapta à sobrecarga de volume crônica.Para isso, surgem dois importantes mecanismos compensatórios: - Aumento da Complacência Ventricular Esquerda: em resposta à sobrecarga volumétrica, a parede ventricular torna-se mais elástica, fazendo do VE uma câmara capaz de albergar grandes volumes diastólicos sem elevar as suas pressões de enchimento. Por isso, o VE cresce na IA crônica grave, sem haver, entretanto, insuficiência cardíaca. Os maiores ventrículos esquerdos são da IA crônica grave; - Aumento da Pré-Carga: a sobrecarga de volume aumenta o diâmetro cavitário do VE, que trabalha com um grande volume diastólico final. Pela lei de Frank-Starling, o maior volume de enchimento leva ao maior débito sistólico. Realmente é o que acontece nos pacientes com IA crônica grave: o débito sistólico total é muito grande (ex.: 10 litros/minuto) para compensar o volume regurgitante (ex.: 6 litros/minuto). No exemplo dado, o débito sistólico efetivo seria 4 litros/minuto (10 subtraído de 6); - Hipertrofia do VE Excêntrica: a sobrecarga volumétrica grave aumenta a pós-carga na IA. Não há ejeção em uma câmara de baixa pressão, como ocorre na IM, portanto o único mecanismo compensatório para evitar elevações excessivas na pós-carga é a hipertrofia ventricular. Para manter a relação R/h, o aumento do diâmetro cavitário é acompanhadopelo aumento da espessura da parede ventricular. Este é o princípio da HVE excêntrica nas sobrecargas volumétricas crônicas. ❖ Em razão desses mecanismos compensatórios, o paciente vive anos e anos com IA grave, sem apresentar sintomas ou disfunção ventricular esquerda. INSUFICIÊNCIA AÓRTICA CRÔNICA – FASE DESCOMPENSADA ❖ Tal como ocorre na IM, após muitos anos com IA crônica grave assintomática, a sobrecarga de volume começa a produzir lesão do miocárdio 8 Aline David – ATM 2025/B ventricular, através de mecanismos pouco conhecidos. O miocárdio vai progressivamente degenerando-se e sua contratilidade vai reduzindo. ❖ Mais uma vez a FE pode estar elevada, mesmo quando há disfunção sistólica do VE, pois o seu cálculo baseia-se no débito sistólico total, que está alto, e não no débito sistólico efetivo, que pode estar baixo. Entretanto, a superestimativa da FE não é tão acentuada como na IM. ❖ A fase descompensada é marcada por sintomas de insuficiência cardíaca congestiva e isquemia miocárdica. Os sintomas decorrem do aumento das pressões de enchimento ventricular, especialmente durante o esforço físico, levando à síndrome congestiva pulmonar, cujo sintoma principal é a dispneia e a ortopneia. A síndrome de baixo débito (fadiga, tonteira) é comum nesse estágio, pois o débito sistólico efetivo está baixo. - Efeito da Bradicardia: a bradicardia é prejudicial na IA grave, pois aumenta o tempo diastólico e, portanto, a fração regurgitante. Na IA crônica grave, a bradicardia pode equilibrar totalmente a pressão aórtica com a pressão ventricular esquerda, tornando-se muito baixa (ex.: 10 mmHg). - Isquemia Miocárdica Bradicárdico-Dependente: uma das consequências fisiopatológicas mais importantes da IA crônica grave é a queda acentuada da PA diastólica. A PA diastólica cai à medida que o sangue contido na aorta, responsável por manter pressão no interior do vaso, agora reflui para o ventrículo, havendo um equilíbrio com a pressão diastólica final do VE. A perfusão coronariana ocorre principalmente na diástole e depende, portanto, da PA diastólica. Compreende- se então por que a perfusão coronariana está prejudicada na IA crônica grave. Além disso, o maior número de sarcômeros, devido à hipertrofia ventricular, associado ao aumento da pós-carga nas fases adiantadas da doença, promove elevação da ❖ MVO2. Em situações de bradicardia, a PA diastólica reduz-se mais ainda, precipitando isquemia miocárdica. Este fenômeno é o responsável pela angina noturna de alguns pacientes com IA crônica. INSUFICIÊNCIA AÓRTICA AGUDA ❖ A insuficiência aórtica aguda grave é uma emergência médica. O ventrículo esquerdo não consegue albergar um volume regurgitante correspondendo a mais de 50-60% do débito sistólico, sem elevar excessivamente as suas pressões de enchimento. Além disso, não há mecanismo compensatório suficiente para evitar o baixo débito efetivo, levando à hipotensão arterial e, eventualmente, ao choque cardiogênico. CAUSAS PRIMÁRIAS – DIRETAMENTE NA VÁLVULA ❖ Associado a EAo devido calcificação valvar ❖ Endocardite Indecciosa: - Geralmente associada aos casos de IA aguda. - Perfuração/Destruição folheto - Vegetação interfere coaptação folheto - Pode levar a óbito em poucos dias se não tratada precocemente. ❖ Trauma ❖ Válvula Bicúspide Congênita: - Vai estenosando e faz regurgitação. - Esta anomalia em geral predispõe à estenose aórtica, porém em alguns poucos casos pode haver falha de coaptação ou prolapso de uma cúspide, acarretando dupla lesão aórtica e raramente IA isolada. ❖ Febre Reumática: - A valva aórtica é menos acometida do que a mitral, sendo o seu comprometimento mais comum no sexo masculino. As cúspides ficam espessadas, perdem a sua mobilidade normal e sofrem retração. Por isso, é comum haver dupla lesão aórtica (estenose + insuficiência). Uma pode predominar em relação à outra, dependendo se há mais retração (insuficiência) ou perda da mobilidade (estenose). ❖ Lúpus, AR, EA, Crohn, Whipple ❖ Degeneração Mixomatosa: - É o mesmo processo que acomete a valva mitral na síndrome do prolapso desta valva. O tecido valvar fica frouxo e redundante, facilitando o prolapso de uma ou mais cúspides. Pode ser isolada ou associada ao acometimento mixomatoso da valva mitral. As doenças do colágeno hereditárias podem acometer a valva aórtica desta forma. São elas: síndrome de Marfan, síndrome de Ehlers- Danlos, Pseudoxanthoma elasticum. CAUSAS SECUNDÁRIAS – POR DILATAÇÃO DA AORTA ❖ Chamamos de ectasia aórtica uma dilatação entre 2,5-3,5 cm, e de aneurisma, uma dilatação > 3,5 cm de diâmetro. ❖ Doenças da Aorta (aortopatias): - Dilatação Degeneração pela Idade → aterosclerose. - Necrose da Cística da Média → A camada média da aorta sofre um processo de degeneração cística, devido a mecanismos genéticos. O enfraquecimento da parede arterial leva à formação do aneurisma. A necrose cística da média pode ser primária ou associada à síndrome de Marfan. A degeneração mixomatosa valvar pode ser um processo associado. - Válvulas Bicúspides - Dissecção de Aorta - Aortite Sifilítica → um componente da sífilis terciária, logo, o acometimento ocorre cerca de 20- 30 anos após a infecção treponêmica. A idade de aparecimento dos sintomas é, portanto, acima dos 40 anos. Devido ao tratamento da sífilis primária e secundária feito de forma eficaz com a penicilina benzatina, antibiótico amplamente disponível, a 9 Aline David – ATM 2025/B aortite sifilítica tem sido raramente encontrada nos dias atuais. - Arterite Células Gigantes - Hipertensão Arterial Sistêmica - Drogas Supressoras Apetite. - Arterite de Takayasu → leva ao comprometimento preferencial da aorta ascendente e arco aórtico, levando a um quadro de IA associado à isquemia de membros superiores e sintomas gerais de uma vasculite sistêmica. É uma doença que afeta especialmente mulheres jovens. REVISANDO A FISIOPATOLOGIA ❖ Sangue volta para o VE e precisa acomodar o sangue que volta e o que vem pelo átrio esquerdo. Isso ocasiona um aumento de pressão, aumentando a pressão no átrio e vai para o pulmão. ❖ Paciente vai ter apenas IC, porque o coração não vai conseguir ficar hipertrófico. O sangue vai, o problema é o que volta, não vai encher as coronárias. SINTOMAS ❖ O paciente sente as suas pulsações fortes, principalmente à noite, deitado, quando está bradicárdico. ❖ A disfunção ventricular esquerda, devido à degeneração miocárdica, vai instalando-se insidiosa e progressivamente, sem ser percebida pelo paciente em suasfases iniciais. Algumas vezes, a disfunção sistólica do VE progride a um grau avançado, sem acarretar sintomas. ❖ Quando aparecem os sintomas, geralmente há disfunção ventricular importante. São decorrentes do baixo débito cardíaco efetivo (fadiga, tonteira) e da síndrome congestiva pulmonar (dispneia aos esforços, ortopneia), pelo aumento das pressões de enchimento ventricular. Estes pacientes estão na fase descompensada da doença. Outro sintoma comum é a angina noturna bradicardia- dependente. ❖ A IA aguda grave apresenta-se de forma grave – edema agudo de pulmão e/ou choque cardiogênico. ❖ Sintomas na cardiomegalia e/ou disfunção miocárdica. ❖ Dispneia aos esforços → ocorre por aumento da pressão diastólica final secundária a sobrecarga de volume no VE, e consequentemente congestão venocapilar pulmonar. ❖ Ortopneia e DPN. ❖ Angina é um sintoma tardio na doença → demora muito para contrair o coração, logo o tempo de enchimento é muito maior. Entre uma contração e o outra demora muito tempo e demora para encher a coronária. Quando não for sangue para coronária o paciente vai ter angina → incomuns. - Ocorre pela redução da reserva miocárdica. Pode ocorrer angina noturna pelo aumento da regurgitação valvar decorrente da bradicardia durante o sono. ❖ Contrações ventriculares prematuras incomodam pela pausa pós que enche mais ainda VE para próximo batimento. ❖ Síncope → baixo débito cardíaco efetivo. EXAME FÍSICO ❖ Todos os sinais periféricos descritos na IA crônica são decorrentes do mesmo mecanismo: uma elevada pressão de pulso. Esses pacientes costumam apresentar hipertensão sistólica com redução importante da PA diastólica (PA divergente). Ao medir a PA pela esfigmomanometria, os sons de Korotkoff são auscultados até o zero do aparelho. Neste caso, consideramos a PA diastólica a fase IV de Korotkoff ❖ (abafamento do som). A PA sistólica em geral é maior quando medido no membro inferior (manguito na região poplítea) em comparação com a PA medida no membro superior (braquial). A diferença pode ser maior que 60 mmHg (Sinal de Hill). ❖ O pulso arterial no paciente com IA crônica grave tem a característica de ter uma elevação ampla e um colapso abrupto, dando o aspecto palpatório do “pulso em martelo d’água” (Pulso de Corrigan). Esta característica é mais bem percebida no pulso radial do que no pulso carotídeo. Outra característica frequentemente encontrada no pulso arterial nesses casos é o aspecto de pulso bisferiens, isto é, com dois picos sistólicos. A sensação é que o pulso sobe em dois tempos. ❖ “Tudo pulsa no paciente com IA crônica grave!”. No exame físico podemos perceber vários sinais que a pressão de pulso (PA sistólica menos a PA diastólica) está muito elevada. Geralmente estes sinais são conhecidos por epônimos: ❖ A palpação do precórdio revela um ictus de VE globoso, hiperdinâmico, desviado para esquerda e inferiormente. Um impulso protodiastólico é frequentemente percebido. Pode haver frêmito sistólico nos focos da base ou fúrcula (hiperfluxo pela valva aórtica) e às vezes um frêmito diastólico da própria IA. 10 Aline David – ATM 2025/B ❖ A segunda bulha (B2) pode estar hipofonética ou ausente, e o desdobramento pode ser imperceptível, devido ao desaparecimento do componente A2 ou do obscurecimento do componente P2 pelo sopro. Pode aparecer um ruído de ejeção aórtico, mais audível na borda esternal esquerda e foco mitral, devido ao grande volume de sangue sistólico que distende a aorta ascendente. A terceira bulha (B3) frequentemente está presente e não significa insuficiência cardíaca. O mecanismo é semelhante ao da insuficiência mitral crônica – a sobrecarga volumétrica. DIAGNÓSTICO ❖ Ecocardiograma e ressonância cardíaca (mais acurado para determinar a gravidade da IA, deve ser solicitada caso a eco não forneça informações suficientes). - Saber função ventricular e o tamanho do coração. CLÍNICA E GRAVIDADE TRATAMENTO ❖ Não tem remédios que retardam a progressão. ❖ Assintomáticos IECA/BRA/Vasodilatadores?????? Betabloqueadores?????? → Tratar HAS/DAC/arritmias/comorbidades. - Fibrose do miocárdio = arritmia. - Tratar paciente com NYHA III e IV, a sobrevida já é muito baixa. - Paciente não pode ficar sem exercícios. Coração só melhora com reabilitação cardíaca (sempre em movimento para reensinar o que ele deve fazer). - Mesmo trocando a válvula, o coração vai estar tão dilatado que não vai adiantar.; esquece que tem insuficiência aórtica e trata como insuficiência cardíaca. - Sintomas ou complicador: cirurgia. Não tem tratamento com cateter. Se escuta melhor no ponto aórtico, é porque vem da aorta. Se ausculta melhor no aórtico acessório, é problema da valva. 11 Aline David – ATM 2025/B - Não tem vida normal como o paciente da insuficiência aórtica. TRATAMENTO DILATAÇÃO AÓRTICA ❖ Reconstrução da parte da aorta que está dilatada. Em alguns pacientes é preciso reimplantar as coronárias. - Plastia da válvula: puxar para perto para diminuir o diâmetro. Não mexe na valva em si, mexe apenas nas cúspides da valva. Só troca a valva quando for distúrbio primário da valva. ESTENOSE MITRAL (EM) ❖ Doença pouco prevalente atualmente. ❖ Antigamente muito comum por febre reumática, por infecção por S. aureus do grupo A. A cardite pode ser assintomática e ocasionar problemas na válvula. ❖ Pode ter apenas uma vez durante a juventude e as vezes ocasionar essas alterações valvares. ❖ Com o advento dos antibióticos a febre reumática e, consequentemente, a estenose mitral reduziram muito → países desenvolvidos principalmente. ❖ Definição: pela restrição à abertura dos folhetos valvares, há uma redução da área valvar mitral, levando à formação de um gradiente de pressão diastólico entre o AE e o VE. ❖ Para que haja estenose mitral, com a formação do gradiente pressórico AE-VE, a Área Valvar Mitral (AVM) deve estar inferior a 2,5 cm2. Quando a AVM encontra-se entre 2,5-4 cm2, dizemos que há estenose mitral mínima. Neste caso, não há gradiente pressórico AE-VE significativo – ou seja, não há repercussão hemodinâmica. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À GRAVIDADE ❖ A gravidade da estenose mitral é medida pela área valvar mitral, tendo uma correspondência com o gradiente médio de pressão AE-VE na diástole. Classificação Definição Leve Área = 1,5-2,5 cm² ou gradiente pressórico médio < 5mmHg ou pressão sistólica da a. pulmonar < 30 mmHg. Moderada Área < 1,0cm² ou gradiente médio = 5-10 mmHg ou pressão sistólica na a. pulmonar de 30-50mmHg. Grave Área < 1,0 cm² ou gradiente médio > 10mmHg ou pressão sistólica da a. pulmonar > 50 mmHg. 12 Aline David – ATM 2025/B FISIOPATOLOGIA CONGESTÃO PULMONAR ❖ Na estenose mitral, há uma obstrução fixa ao fluxo de sangue do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo durante a fase de enchimento ventricular – diástole. Para que este fluxo se mantenha adequado, apesar da obstrução, faz-se necessário um Gradiente de Pressão Transvalvar, que não existe em condições normais. O gradiente ocorre à custa do aumento da pressão do átrio esquerdo, que se transmite ao leito venocapilar pulmonar. Uma pressão venocapilar maior do que 18 mmHg (normal: até 12 mmHg) é capaz de promover ingurgitamento venoso e extravasamento capilar de líquido, ou seja, a síndrome congestiva. Entretanto, na estenose mitral, a pressão venocapilar pulmonar eleva-se de forma insidiosa, estimulando um mecanismo de adaptação da vasculatura pulmonar, o que permite a um indivíduo tolerar uma pressão venocapilar de até 25 mmHg sem apresentar sintomas. ❖ A congestão pulmonar é a principal responsável pelos sintomas da estenose mitral, especialmente a dispneia aos esforços e a ortopneia. ❖ Um pulmão “cheio de líquido” torna-se pesado e dificulta o trabalho respiratório,além de prejudicar a troca gasosa nos casos mais graves. A dispneia vem do maior trabalho dos músculos respiratórios e do estímulo aos receptores J do interstício pulmonar pelo edema. ❖ Durante o esforço físico, o débito cardíaco e a frequência cardíaca aumentam. Estes são justamente os dois fatores determinantes do gradiente de pressão transvalvar na estenose mitral: - Débito Cardíaco: se o débito cardíaco está aumentado, o retorno venoso também aumenta, fazendo chegar mais sangue ao átrio esquerdo. Isso faz aumentar a pressão atrial esquerda e o gradiente de pressão transvalvar, promovendo congestão pulmonar. Analisando-se de outra forma, o aumento do débito cardíaco aumenta o fluxo sanguíneo pela valva estenosada. Como regra de qualquer valva estenótica, aumentando-se o fluxo transvalvar, eleva-se o gradiente de pressão transvalvar. Gradiente de pressão = Fluxo x Resistência (esta última refere-se à resistência imposta pela valva estenosada ao fluxo sanguíneo). As condições principais de alto débito cardíaco são: esforço físico, estresse, anemia, febre, gestação, hipertireoidismo etc. *É importante constatar que a valvopatia menos tolerada durante a gestação é a estenose mitral! - Frequência Cardíaca: a taquicardia reduzproporcionalmente o tempo da diástole, dificultando o esvaziamento atrial pela valva estenosada. Isso faz aumentar a pressão atrial esquerda e o gradiente de pressão transvalvar, promovendo congestão pulmonar. Por isso, a fibrilação atrial aguda com alta resposta ventricular (uma taquiarritmia comumente associada à estenose mitral) pode descompensar o quadro e até causar edema agudo de pulmão. A perda da contração atrial é um outro fator que também contribui para a descompensação do quadro. HIPERTENSÃO ARTERIAL PULMONAR (HAP) ❖ O aumento crônico da pressão venocapilar pulmonar é transmitido retrogradamente para o leito arterial pulmonar, levando a um pequeno aumento da pressão arterial pulmonar (HAP passiva). Este aumento inicial pode desencadear uma vasoconstricção pulmonar (HAP reativa). Com o passar dos anos, as arteríolas e pequenas artérias pulmonares vão se hipertrofiando e começam a entrar em um processo fibrodegenerativo, levando à obliteração crônica e progressiva do leito arteriolar pulmonar. Esta é a fase avançada da HAP reativa. Quando já chegou nesse estágio, pelo menos parte da HAP torna-se irreversível. ❖ O valor da Pressão Arterial Pulmonar (PAP) sistólica normal pode chegar até 30 mmHg, enquanto que a PAP média pode chegar até 19 mmHg. As consequências da hipertensão arterial pulmonar são principalmente sobre o ventrículo direito, que precisa vencer a resistência vascular pulmonar para ejetar o sangue durante a sístole. Quando a PAP sistólica atinge cifras acima de 50-60 mmHg, o ventrículo direito pode entrar em falência miocárdica, levando ao quadro de Insuficiência Ventricular Direita (IVD), com todas as suas consequências. Nesse momento, associa-se ao quadro clínico de congestão pulmonar um quadro de congestão sistêmica e baixo débito cardíaco. BAIXO DÉBITO CARDÍACO ❖ O débito cardíaco, em geral, não é prejudicado nas fases iniciais da estenose mitral, pois o enchimento ventricular esquerdo é preservado à custa do aumento do gradiente de pressão transvalvar e dos sintomas de congestão pulmonar. Porém, quando a estenose se torna crítica, principalmente quando há disfunção do ventrículo direito associada, o débito cardíaco torna-se limitado, especialmente durante o esforço físico. O uso de diuréticos para o tratamento da estenose mitral sintomática, se feito de maneira não criteriosa, pode transformar uma síndrome de congestão pulmonar em uma síndrome de baixo débito, tal como acontece com a maioria das síndromes de insuficiência cardíaca congestiva. 13 Aline David – ATM 2025/B ETIOLOGIA ❖ Cardiopatia reumática crônica → mais de 95% das estenoses mitrais. - No BR a alteração mais comum é a dupla disfunção não balanceada, isto é, estenose e insuficiência mitral em estágios diferentes de evolução (na fase aguda predomina a insuficiência e na fase crônica predomina a estenose). Cerca de 2/3 dos pacientes são do sexo feminino. - O AE dilata. Aumenta a pressão do AE, consequentemente ocorre hipertensão pulmonar. - Pode ocorrer doença de várias valvas ao mesmo tempo. - Valva mitral com aspecto de “boca de peixe”. Estenosa as duas cúspides. - É difícil conseguir praticar a parte semiológica da estenose mitral, por ter pouquíssimos casos. Por esse motivo, o ecocardiograma é extremamente importante. - Dispneia, cansaço, congestão pulmonar, que pode ser um monte de coisa. - Ecocardiografista tem que captar a melhor imagem da valva aberta, para conseguir medir a abertura para quantificar a estenose, porque é a partir disso que se baseia o tratamento. - A calcificação atrapalha muita a imagem do ecocardiograma. 14 Aline David – ATM 2025/B ESTÁGIOS - Estenose leve a moderada: acompanhamento do paciente, prevenção de novos episódios e tentar tratar alguma complicação possível. - As diretrizes divergem no tamanho da área. A BR utiliza 1cm2 para definir grave. A EUA 1,5cm2. - Avaliar sintomas. Aqui a FE não interessa porque ocorre antes da ejeção. Precisa saber o valor da pressão sistólica dentro do pulmão para determinar quanto e está sendo congesto e pressão dentro do átrio esquerdo (as fibras podem começar a separar as fibras pela dilatação, ocasionando arritmias, principalmente, fibrilação atrial → pior prognóstico. - Complicadores pacientes assintomáticos: aumento da PAS pulmonar e fibrilação atrial. - Paciente sintomático: pode ter síncope, tontura, cefaleia, dispneia. - Qualquer coisa que aumente a FC, faz com que o coração não trabalhe direito, não entra sangue no VD e o VE bate vazio → maior pressão no lado esquerdo e maior pressão no pulmão → piora. Tem resposta cronotrópica mas não tem sangue para ir. Não consegue correr por dor nas pernas e vai desmaiar. SINTOMAS ❖ Dispneia (sintoma cardinal da síndrome congestiva pulmonar): - Esforço, estresse emocional, gravidez - Febre, infecção respiratória ❖ Qualquer coisa que aumente a FC, faz com que o coração não trabalhe direito, não entra sangue no VD e o VE bate vazio → maior pressão no lado esquerdo e maior pressão no pulmão → piora. Tem resposta cronotrópica, mas não tem sangue para ir. Não consegue correr por dor nas pernas e vai desmaiar. ❖ Hemoptise – dilatação/ruptura veias brônquicas. - Fibrilação atrial – reduz 20% débito cardíaco - Pode confundir com tuberculose. ❖ Ortopnéia, fadiga, tosse, sibilância, disfonia ❖ Em casos mais avançados pode ocorrer a síndrome do baixo débito: fadiga, cansaço, lipotimia provocados por esforços. ❖ Os pacientes podem se queixar de dor torácica de caráter anginoso pela distensão do tronco da artéria pulmonar. Os sintomas da estenose mitral são os mesmos da insuficiência cardíaca congestiva. ❖ Um grande aumento do átrio esquerdo pode causar compressão do nervo laríngeo recorrente esquerdo contra o brônquio fonte, acarretando rouquidão (síndrome de Ortner). A compressão esofágica acarreta disfagia para sólidos. DIAGNÓSTICO ❖ Ecocardiograma: Escore de Wilkins - Espessamento (1-4) - Mobilidade (1-4) - Calcificação (1-4) - Envolvimento cordoalha (1-4) ❖ Ecocardiograma com esforço 15 Aline David – ATM 2025/B TRATAMENTO ❖ Prevenir recorrência da Febre Reumática - Penicilina profilática (até 10 anos após a última crise de febre reumática). Se teve última crise antes dos 18 fazer até 25. Se for depois até os 40 anos. ❖ Prevenir e tratar complicações (FA, hipertensão pulmonar, congestão). ❖ Monitorar agressivamente progressão ❖ Tratar anemia e infecções ❖ Anticoagulação - Fibrilação atrial (>50anos 50%) - Trombo visto na eco - Contraste espontâneo→ velocidade do contraste dentro do apêndice atrial onde mais forma trombo. - AE > 55mm → AE muito grande (normal entre 25- 30mm), a chance de ter coágulo que não consegue ver é muito grande. ❖ TTO de escolha: valva balão. Não pode estar muito calcificada. Com escore de 8 para baixo (valva menos cometida), pode balonear aquela valva e abrir ela. Caso contrário, é feito cirurgia (valva muito acometida, com muita calcificação → tira a estenose mitral e leva a insuficiência mitral). ❖ Um dos critérios para balonear a valva é não ter insuficiência mitral moderada a grave COMPLICAÇÕES HEMODINÂMICAS ❖ Fibrilação Atrial ❖ Hipertensão Pulmonar ❖ Hemodinâmica no esforço SEGUIMENTO ❖ EMi Leve → Ecocardio 3-5anos ❖ EMi moderada → Ecocardio 1-2 anos ❖ EMi grave → Ecocardio 6-12 meses TRATAMENTO DE ESCOLHA ❖ Valvuloplastia por balão: - Sintomas - EMi moderada/severa Wilkins - Máximo IMi leve - Ausência de trombo - Veia femoral → AE → punção transseptal no septo interatrial → vai dentro da valva e dilata o balão. 16 Aline David – ATM 2025/B CIRURGIA ❖ Demais pacientes que não tenham risco cirúrgico alto. ❖ Faz cirurgia quando for > 8 ou Insuficiência mitral → troca a valva, recorta e coloca outra. INSUFICIÊNCIA MITRAL ( IM) ❖ Valva mitral tem duas cúspides e um aparato valvar que separa ela (cordas tendíneas) que ajuda ela a fazer movimento de abrir e fechar. ❖ Definição: é a condição em que existe um refluxo de sangue para o átrio esquerdo durante a sístole ventricular, devido a uma incompetência do mecanismo de fechamento valvar mitral. - Diretamente nas cúspides: problema primário. - VE dilatando e puxando junto a valva mitral: problema secundário a outra coisa. - Normal é de 50 para cima. - FE (quando é de sangue no final da diástole e quanto saiu do VE na sístole). - Quando o VE contrai ele vai mandar sangue para o átrio também. Precisa utilizar um dado diferente para estimar a FE, que é 60mmHg, porque uma parte do sangue que deveria ir para o corpo vai para o AE. ANATOMIA FISIOPATOLOGIA SOBRECARGA DE VOLUME ❖ É fácil perceber que a insuficiência mitral traz uma sobrecarga de volume ao Átrio Esquerdo (AE). Esta câmara recebe o retorno venoso proveniente das veias pulmonares e mais o fluxo regurgitante do VE. Porém, não devemos deixar de perceber que o Ventrículo Esquerdo (VE) também recebe uma sobrecarga volumétrica. O volume regurgitado para o AE na sístole volta ao VE na diástole, somado ao retorno venoso. Em suma: na insuficiência mitral essas duas câmaras cardíacas (AE e VE) ficam sobrecarregadas de volume. INSUFICIÊNCIA MITRAL CRÔNICA – FASE COMPENSADA ❖ A IM crônica grave cursa durante muitos anos sem a presença de significativas alterações fisiopatológicas que comprometam a função cardíaca. Esses pacientes permanecem assintomáticos por todo esse tempo. Os mecanismos compensatórios são possíveis devido à lentidão com que a doença se instala, dando tempo hábil para a adaptação cardíaca. São estes os mecanismos de compensação da IM crônica: - Aumento da Complacência Atrial Esquerda: lentamente, a parede atrial esquerda aumenta a sua elasticidade, de modo a suportar uma sobrecarga de volume sem elevar a pressão intracavitária. Para isso, o átrio esquerdo cresce em diâmetro, mantendo a espessura de sua parede. Por isso, a IM crônica grave cursa com grandes átrios (maiores ainda do que na estenose mitral); - Aumento da Complacência Ventricular Esquerda: como vimos, o volume regurgitado para o átrio esquerdo na sístole retorna ao ventrículo esquerdo na diástole, levando a uma sobrecarga de volume ventricular crônica. Em resposta, a parede ventricular torna-se mais elástica, fazendo do VE uma câmara capaz de albergar grandes volumes diastólicos sem elevar as suas pressões de enchimento. Por isso, o VE cresce na IM crônica grave, sem haver, entretanto, insuficiência cardíaca; - Redução da Pós-Carga Ventricular: para compensar o volume regurgitado no átrio, o VE precisa aumentar o seu débito sistólico total (efetivo + regurgitado), de modo a manter um débito sistêmico efetivo. Um dos principais mecanismos é a facilidade de esvaziamento ventricular sistólico, uma vez que o ventrículo está ejetando em uma câmara de baixa pressão – o átrio esquerdo. Em outras palavras, o VE trabalha com uma pós-carga baixa, contribuindo para o aumento do débito sistólico total. Isso explica o fato de a Fração de Ejeção (FE) nos pacientes com IM crônica ter um valor superestimado, situando-se acima do normal (> 70%). Um outro mecanismo importante: o aumento do diâmetro cavitário ventricular (R) não eleva a pós-carga, devido ao aumento associado da 17 Aline David – ATM 2025/B espessura muscular (h) – hipertrofia ventricular excêntrica; - Aumento da Pré-Carga Ventricular: o outro mecanismo que aumenta o débito sistólico total é a lei de Frank-Starling. Um aumento do volume diastólico final ventricular faz aumentar significativamente o débito sistólico total. INSUFICIÊNCIA MITRAL CRÔNICA – FASE DESCOMPENSADA ❖ Após anos e anos com IM crônica grave assintomática, a sobrecarga de volume começa a produzir lesão do miocárdio ventricular, através de mecanismos pouco conhecidos. O miocárdio vai progressivamente degenerando-se, e sua contratilidade vai reduzindo – uma espécie de remodelamento cardíaco por sobrecarga volumétrica. Devido ao estado de baixa pós--carga, característico da IM, a Fração de Ejeção (FE) pode ainda estar na faixa normal (> 55%), dificultando o diagnóstico da disfunção sistólica ventricular esquerda. Uma FE < 50% significa uma grave disfunção sistólica de VE. ❖ Nesse estágio, a correção cirúrgica da IM não recupera totalmente a função ventricular, deixando ❖ uma disfunção residual, que comprometerá a evolução clínica do paciente. A fase descompensada pode ser marcada ou não por sintomas. Os sintomas decorrem do aumento das pressões de enchimento ventricular e da pressão atrial, especialmente durante o esforço físico. Isso leva a uma síndrome congestiva pulmonar, cujo sintoma principal é a dispneia e a ortopneia. INSUFICIÊNCIA MITRAL AGUDA ❖ A insuficiência mitral aguda grave é uma entidade clínica de prognóstico ominoso, caso não seja feito o pronto tratamento cirúrgico. Uma lesão mitral aguda que leve a uma fração regurgitante 50-60% impõe uma sobrecarga volumétrica abrupta sobre o átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. A consequência imediata é o aumento da pressão de enchimento ventricular e pressão atrial, levando a uma grave síndrome congestiva pulmonar. O edema agudo de pulmão é a apresentação clínica mais comum da IM aguda grave. O único mecanismo compensatório é a condição de baixa pós- carga, facilitando o esvaziamento ventricular e mantendo inicialmente o débito cardíaco. Entretanto, alguns casos evoluem para choque cardiogênico. Se a IM for moderada, as consequências fisiopatológicas são mais brandas. ETIOLOGIAS ❖ Degeneração mixomatosa (1ª) tec. conjuntivo – Prolapso válvula mitral – Ruptura cordoalha ❖ Cardiopatia Reumática ❖ Endocardite Infecciosa ❖ Miocardiopatia Hipertrófica ❖ Miocardiopatia Dilatada (2ª causa mais importante) → causa secundária. ❖ Cardiopatia Isquêmica ❖ Medicações: - Ergotamina, anorexígenos, MDMA, cabergolina Síndrome Carcinoide PROGRESSÃO DA DOENÇA ❖ IM crônica: piorando progressivamente, o VE e o AE vai se adaptando progressivamente e não sofre tanto → pressão aumenta progressivamente. ❖ IM aguda: se acontece isso agudamente, e rompe o musculo papilar por um infarto por exemplo. O aumento de pressão dentro do VE e AE é muito rápida, não dá tempo de se acostumar com a diferença de pressão. ❖ O coração cronicamente compensado, chega uma hora que não aguenta mais e vai começar a manifestar sintomas. SINTOMAS ❖ Os pacientes com IM crônica grave podemser diagnosticados em sua fase assintomática através de um exame físico. Podem permanecer sem sintomas por vários anos, devido aos mecanismos compensatórios. Alguns pacientes que negam os sintomas na anamnese podem apresentá-los em um teste ergométrico, revelando um grupo de indivíduos “falso-assintomáticos”. Na fase descompensada, aparecem os sinais e sintomas de insuficiência cardíaca congestiva – dispneia, ortopneia e, posteriormente, dispneia paroxística noturna. A hipertensão pulmonar secundária pode se instalar nos casos mais graves, especialmente na dupla lesão mitral. ❖ Na IM aguda grave, como já assinalado, o paciente encontra-se em estado crítico, geralmente em franco edema agudo de pulmão ou choque cardiogênico. Sem a correção cirúrgica, muitos doentes evoluem para óbito. 18 Aline David – ATM 2025/B SÍNDROME DO PROLAPSO DA VALVA MITRAL ❖ Paciente pode morrer assintomático sem saber que teve (morte de outras causas). ❖ É bem comum. ❖ Sintomas de insuficiência ventricular. ❖ O prolapso da valva mitral pode produzir um som característico denominado click mesossistólico (ou estalido mesossistólico). Apesar deste nome, nem sempre este som ocorre no meio da sístole. Dependendo da posição do paciente ou de determinadas manobras, o click pode se aproximar mais de B2, tornando-se telessistólico. O click ou estalido é produzido pela vibração do aparelho mitral no momento do prolapso. Clique no botão para ouvir um click mesossistólico. ❖ AE está tão grande que ocasiona sintomas. ❖ Não consegue determinar a gravidade da doença pelo sopro, pois é igual durante toda a sístole (holossistólico na valva mitral). COMPLICAÇÕES ❖ Fibrilação atrial e fenômenos tromboembólicos. ❖ Endocardite infecciosa. ❖ Instabilidade hemodinâmica e IM aguda. INSUFICIÊNCIA MITRAL PRIMÁRIA - Complicadores: disfunção ventricular, fibrilação atrial ou aumento da pressão da a. pulmonar. 19 Aline David – ATM 2025/B INDICAÇÕES DE CIRURGIA NA INSUFICIÊNCIA MITRAL PRIMÁRIA SEVERA ❖ > 30% não aguenta cirurgia com uma fração de ejeção tão ruim. ❖ Assintomáticos podem durar 6-10 anos sem precisar de tratamento → cuidar sintomas de IC, disfunção de VE e fibrilação atrial. SOBREVIDA PÓS CIRURGIA ❖ Se operar no tempo certo → sobrevida quase normal. ❖ Se demorar para operar → mesmo depois da cirurgia, o coração não consegue voltar ao normal. ❖ Da classe I para a classe IV, a diferença pode ser de 4 meses por exemplo. TRATAMENTO NA INSUFICIÊNCIA MITRAL PRIMÁRIA ❖ Tratamento Clínico: - Não tem benefício de tratamento clínico em pacientes assintomáticos. - Tratar IC sintomática nos pacientes com indicação de cirurgia, mas com alto risco cirúrgico. 20 Aline David – ATM 2025/B INSUFICIÊNCIA MITRAL SECUNDÁRIA ❖ Tratamento agressivo da IC: - Para o coração diminuir de tamanho. Se só a valva fica dilatada, da para fazer apenas uma plastia (anuloplastia) da válvula para melhorar a hemodinâmica. ❖ Terapia de Ressincronização: - O coração direito e o esquerdo batem ao mesmo tempo. Quando o lado direito dilata, ele demora mais para bater, ocasionando dissincronia, ocasionando piora da IC. - É como se fosse um marca-passo que fica abaixo da pele. Ele comanda o estímulo elétrico, tanto do átrio direito como dos dois ventrículos e o médico determina quando os dois ventrículos vão bater para que eles batam em sincronia → recebem o estímulo ao mesmo tempo e batam juntos → redução da cardiomegalia, o tamanho das cavidades e melhora da função ventricular. 21 Aline David – ATM 2025/B ❖ Tratar etiologia (isquemia) ❖ CRM + Reparo mitral IMi - Morre menos com o intraclip do que os caras que só tomam remédio, tanto na primária quanto na secundária → melhora na sobrevida. - Se o paciente não tem dinheiro para pagar o intraclip, ele pode fazer cirurgia. - TMO: tratamento médico otimizado
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