Buscar

Diabetes Mellitus Gestacional

Prévia do material em texto

Beatriz Machado de Almeida 
 Internato – 9º semestre 
1 
INTRODUÇÃO 
• Diabetes Mellitus Gestacional refere-se a mulher 
com hiperglicemia detectada pela primeira vez 
durante a gravidez, com níveis glicêmicos 
sanguíneos que não atingem os critérios 
diagnósticos para DM. 
• DM diagnosticado na gestação (overt diabetes), 
por sua vez, refere-se a mulher sem diagnóstico 
prévio de DM, com hiperglicemia detectada na 
gravidez e com níveis glicêmicos sanguíneos que 
atingem os critérios da OMS para a DM na 
ausência de gestação. 
Importante: Nas mulheres, o antecedente de 
Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é o principal 
fator de risco para o desenvolvimento de diabetes 
tipo 2 e síndrome metabólica. Além disso, controlar 
com rigor a glicemia materna, além de reduzir as 
complicações perinatais a curto prazo, reduz as 
chances de que esta criança desenvolva problemas 
metabólicos no médio/longo prazo. 
FISIOPATOLOGIA 
Durante a gestação, o organismo materno promove 
alterações metabólicas para nutrir adequadamente 
o feto em desenvolvimento. 
Primeira metade da gestação: diminuição da glicemia 
materna de jejum, diminuição da produção hepática 
de glicogênio e o aumento no seu armazenamento. 
Segunda metade da gestação: elevação dos 
hormônios contra insulínicos, como o lactogênio 
placentário (HLP), prolactina, cortisol e glucagon → 
aumento da resistência periférica à insulina. 
RASTREAMENTO 
FATORES DE RISCO PARA HIPERGLICEMIA 
NA GRAVIDEZ: 
1. Idade igual ou superior a 35 anos. 
2. Sobrepeso/obesidade (IMC >= 25kg/m²); 
3. Gordura centrípeta. 
4. Antecedente pessoal de DMG ou RN com >=4kg 
(macrossomia). 
5. Antecedentes familiares de DM (1º grau); 
6. Macrossomia ou polidrâmnio, abortamento de 
repetição, malformações em gestação anterior. 
7. Uso de drogas hiperglicemiantes (corticoides, 
diuréticos tiazídicos, antipsicóticos). 
8. Síndrome dos ovários policísticos. 
9. HAS crônica 140X90mmHg ou em terapia anti-
hipertensiva. 
10. História de doença cardiovascular. 
11. Afro-americanos, nativo-americanos, latinos, 
americanos asiáticos e islandês pacífico. 
12. Ausência de atividade física. 
13. Hipertrigliceridemia >250 ou colesterol HDL 
<35. 
14. Baixa estatura (menor que 1,5m). 
15. Na gravidez atual, em qualquer momento: ganho 
excessivo de peso, suspeita clínica ou USG de 
crescimento fetal excessivo ou polidrâmnio, 
hemoglobina glicada no 1º trimestre >= a 5,7-5,9% 
ou exames sugestivos de intolerância à glicose, 
incluindo acantose nigricans. 
DIAGNÓSTICO 
• O diagnóstico do DMG é realizado com testes de 
sobrecarga de glicose ou glicemia de jejum. 
• A gestante que apresentou DMG tem risco maior 
(50 a 60%) de desenvolver diabetes tipo 2 em 
10 anos. 
• O TOTG com sobrecarga de 75g de glicose é o 
de escolha para o diagnóstico do DMG. O teste 
deverá ser aplicado a todas as gestantes entre a 
24-28º semana de gestação.; e deverá ser 
incluída análise das glicemias de jejum (8 horas) 
e 1 e 2 horas após a sobrecarga de 75g de 
glicose. 
DIAGNÓSTICO DE DMG: 
• Glicemia de jejum >= 92mg/dL e <125mg/dL. 
• TTOG 75g em 2 horas com pelo menos um valor 
alterado: 
Diabetes Mellitus Gestacional 
 Beatriz Machado de Almeida 
 Internato – 9º semestre 
2 
❖ Jejum: >= 92mg/dL. 
❖ 1 hora pós sobrecarga >= 180mg/dL. 
❖ 2 horas pós sobrecarga >= 153mg/dL. 
Importante: recomenda-se que as gestantes, 
independentemente dos fatores de risco, tenham, na 
primeira consulta pré-natal, a dosagem de glicemia 
de jejum, com o objetivo de identificar portadoras de 
diabetes não diagnosticado previamente à gravidez e 
de DMG. 
DM PRÉVIO: 
• Glicemia de jejum >= 126mg/dL. 
• Glicemia ocasional >= 200mg/dL acompanhada 
da sintomatologia - 4Ps (poliúria, polidipsia, 
polifagia e perda de peso). 
• Hemoglobina glicada (HBA1C) >= 6,5%. 
 
DIAGNÓSTICO DE DM EM SITUAÇÃO DE VIABILIDADE 
FINANCEIRA E DISPONIBILIDADE TÉCNICA TOTAL 
• Todas a mulheres devem realizar a glicemia de 
jejum (até 20 semanas de idade gestacional) 
para o diagnóstico de DMG e de DM 
diagnosticado na gestação. 
• Todas as gestantes com glicemia de jejum <= 
92mg/dL devem realizar o TOTG com 75g de 
glicose de 24 a 28 semanas. 
• Se o início do pré-natal for tardio (após 20 
semanas de idade gestacional), deve-se realizar 
o TOTG com a maior brevidade possível. 
 
DIAGNÓSTICO DE DMG EM SITUAÇÃO DE VIABILIDADE 
FINANCEIRA E/OU DISPONIBILIDADE TÉCNICA PARCIAL 
• Todas as gestantes devem realizar a glicemia de 
jejum no início do pré-natal para diagnóstico de 
DMG e de DM diagnosticados na gestação. 
• Caso o resultado do exame apresente valores 
<92mg/dL, antes de 24 semanas de idade 
gestacional, deve-se repetir a glicemia de jejum 
de 24 a 28 semanas. 
 
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 
DIETA 
As recomendações dietéticas devem ser 
individualizadas, considerando-se IMC, idade, 
atividades físicas, ganho de peso esperado, 
comorbidades e condições socioeconômicas. 
 Beatriz Machado de Almeida 
 Internato – 9º semestre 
3 
O cálculo do valor calórico total da dieta e o ganho de 
peso ideal na gestação devem ser feitos de acordo 
com o IMC de cada paciente. 
 
ATIVIDADE FÍSICA 
É importante ressaltar a adequação de horários para 
a prática de exercícios nas pacientes com DMG: nunca 
se deve realizar atividade física próximo ao pico de 
ação da insulina e nem muito próximo à refeição 
seguinte a fim de se evitar hipoglicemia. 
• A associação entre dieta e exercícios controla a 
glicemia em 60 a 70% dos casos de DMG, por 
isso é a primeira conduta a ser tomada. 
MONITORIZAÇÃO GLICÊMICA 
A automonitorização da glicemia capilar é considerada 
a mais indicado para avaliação do controle glicêmico da 
paciente com DMG. 
ALVO GLICÊMICO NO DM 1,2 DMG: 
• Jejum: <95mg/dL. 
• 1 hora pré-prandial: <140mg/dL. 
• 2 horas pós-prandial: <120 mg/dL. 
• Hipoglicemia: <70 mg/dL. 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
Importante: Após 2 semanas de dieta e exercício – 
medidas não farmacológicas -, se os níveis glicêmicos 
permanecerem elevados, deve-se iniciar tratamento 
farmacológico. 
A insulina, por ser medicação segura e não 
ultrapassar a barreira placentária, continua sendo o 
tratamento medicamentoso de primeira escolha no 
controle da hiperglicemia na gestação tanto para DM 
tipos 1 ou 2 quanto para DMG. 
 
INSULINOTERAPIA 
É indicada quando dieta e exercício físico não 
controlam a glicemia em 14 dias em pacientes com 
DMG, para pacientes com DM2, em uso de 
hipoglicemiante oral ou insulinoterapia, e para 
pacientes com DM1. 
INSULINAS UTILIZADAS NA GESTAÇÃO E 
SEUS RECEPTIVOS TEMPOS DE AÇÃO: 
Tipo de 
insulina 
Nome Início 
da 
ação 
Pico 
da 
ação 
Duração 
Ultrarrápida Lispro/asparte 1-15min 1-2h 4-5h 
Rápida Regular 30-
60min 
2-4h 6-8h 
Lenta NPH 1-3h 5-7h 13-18h 
Ultralenta Giargina, 
detemir 
30 min Não 
faz 
12-24h 
• As insulinas mais utilizadas para o tratamento da 
DMG são: as insulinas humanas NPH – ação 
intermediária – e a regular – ação rápida. 
• No DMG, a dosagem inicial de insulina é de 
0,5UI/kg/dia, com ajustes individualizados, 
baseando-se nos resultados de monitorização 
capilar. 
• As insulinas de ação intermediária e longa são 
indicadas para controle das glicemias de jejum e 
pré-prandiais, enquanto as insulinas de ação 
rápida e ultrarrápida são indicadas para controle 
das glicemias pós-prandiais. 
• A dose diária calculada deverá ser distribuída 
em múltiplas aplicações diárias (2 a 3), com a 
maior concentração antes do café da manhã; 
OUTROS MEDICAMENTOS HIPOGLICEMIANTES 
• Os antidiabéticos orais (ADO) não são a droga 
de primeira escolha, mas podem ser utilizados 
como monoterapia nos casos de inviabilidade de 
adesão ou de acesso à insulina, ou como 
coadjuvante em casos de hiperglicemia severa 
que necessitam de altas doses de insulina para 
controla glicêmico. 
• A Metformina (preferência) e a Glibenclamida são 
oshipoglicemiantes orais mais estudados na 
gestação. Outros hipoglicemiantes orais são 
contraindicados na gestação.

Continue navegando