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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO CIVIL
Responsabilidade Civil – Parte II
Livro Eletrônico
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Responsabilidade Civil – Parte II
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
Sumário
Apresentação .................................................................................................................................. 3
Responsabilidade Civil – Parte II ................................................................................................. 5
1. Responsabilidade Solidária ....................................................................................................... 5
1.1. Solidariedade Ativa................................................................................................................... 5
1.2. Solidariedade Passiva ............................................................................................................. 5
1.3. Responsabilidade por Fato de Terceiro ............................................................................... 6
1.4. Interface com CDC ................................................................................................................. 10
1.5. Casuísticas ................................................................................................................................ 11
2. Dano Reflexo, por Richochete ou Indireto ............................................................................ 17
2.1. Conceituação ............................................................................................................................ 17
2.2. Legitimados a Pleitear Dano Reflexo e o Problema do Valor ...................................... 18
3. Ilicitude do Ato ...........................................................................................................................21
3.1. Responsabilidade Civil por Ato Ilícito .................................................................................21
3.2. Ilícitos Civis e Excludentes de Ilicitude..............................................................................21
3.3. Responsabilidade Civil por Ato Lícito ................................................................................ 22
3.4. Classificação do Dano Injusto e o Dano Justo ................................................................. 23
3.5. Casuística ................................................................................................................................24
Questões de Concurso ................................................................................................................. 30
Gabarito ...........................................................................................................................................48
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Responsabilidade Civil – Parte II
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
ApresentAção 
Pessoal, vamos continuar tratando de responsabilidade civil!!
Não deixe de ler a aula. Você terá uma vantagem muito grande em relação aos demais 
candidatos. Estamos tratando dos principais conceitos de modo direto e com a profundidade 
de que você necessita para o seu concurso.
Vamos lá!!!
Resumo
Amigos e amigas, quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os 
exercícios. É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu apro-
fundar o conteúdo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com 
as questões. De nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familia-
ridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir 
às questões.
O resumo desta aula é este:
• Há dois casos principais de responsabilidade civil solidária passiva:
−	 Coautoria: todos os autores de um ilícito civil respondem solidariamente pela repara-
ção (art. 942, CC);
−	 Os terceiros responsáveis na forma do art. 932 do CC respondem solidariamente com 
os autores e coautores do ilícito civil (art. 942, parágrafo único, CC);
• A responsabilidade civil por fato de terceiro depende de previsão legal;
• O art. 932 do CC prevê as principais hipóteses de responsabilidade por fato de terceiro;
• Em regra, a responsabilidade por fato de terceiro é objetiva;
• O dano por ricochete é aquele que atinge uma vítima indireta;
• Em regra, a responsabilidade civil decorre de um ilícito civil (violação de um dever jurídico);
• Excepcionalmente, havendo lei, é possível responsabilidade civil por ato lícito;
• A responsabilidade direta ou por ato próprio se dá quando o agente é responsabilizado 
por uma conduta que ele mesmo adotou. É a regra geral da responsabilidade civil e está 
prevista genericamente no art. 927, caput, do CC;
• A responsabilidade indireta ocorre quando alguém responderá por um dano causado por 
conduta de um terceiro ou por uma coisa ou animal. É exceção e, por isso, depende de 
lei;
• Os principais danos indenizáveis são os danos material, moral, estético e existencial, 
além da perda de uma chance e da perda do tempo útil;
• As excludentes de ilicitude são excludentes de responsabilidade civil;
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Responsabilidade Civil – Parte II
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
• No caso da responsabilidade objetiva, apenas o fortuito externo é excludente, por se 
tratar de risco alheio à atividade.
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Responsabilidade Civil – Parte II
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
RESPONSABILIDADE CIVIL – PARTE II
1. responsAbilidAde solidáriA
1.1. solidAriedAde AtivA
Solidariedade ativa
Em regra, não haverá, salvo 
LEI ou CONTRATO
Em regra, não há falar em solidariedade ativa em responsabilidade civil, salvo se houver 
previsão expressa na lei ou no contrato (art. 265, CC).
Em caso de responsabilidade civil contratual, vige a regra do art. 265, CC.
No caso de responsabilidade civil extracontratual, não há previsão no CC de solidariedade 
ativa, de maneira que cada pessoa tem direito de exigir a reparação do dano próprio sofrido, 
mas não o dano sofrido por outrem. Se duas pessoas são concomitantemente ofendidas por 
um mesmo agressor, não há solidariedade ativa entre as vítimas: cada uma terá de, sozinha, 
pleitear sua indenização.
1.2. solidAriedAde pAssivA
Depende de previsão legal
Nunca se presume! De-
corre de lei ou da vontade 
das partes
Terceiros 
responsáveis
Coautoria
Solidariedade 
passiva
Responsabilidade 
contratual
Responsabilidade 
extracontratual
A solidariedade passiva pode ocorrer na responsabilidade contratual ou na responsabilida-
de extracontratual.
Na responsabilidade contratual, vige a regra do art. 265 do CC, que preconiza que a solida-
riedade não se presume, mas decorre de lei ou da vontade das partes. No caso de contratos 
de consumo, há solidariedade entre os fornecedores envolvidos na mesma cadeia de forne-
cimento de um produto ou serviço (art. 7º, parágrafo único, do CDC). Trata-se do princípio da 
solidariedade legal nas relações de consumo.Na responsabilidade extracontratual, a solidariedade depende de previsão legal. Há dois 
casos principais:
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• Coautoria: todos os autores de um ilícito civil respondem solidariamente pela reparação 
(art. 942, CC);
• Os terceiros responsáveis na forma do art. 932 do CC respondem solidariamente com 
os autores e coautores do ilícito civil (art. 942, parágrafo único, CC). Entendemos que 
essas hipóteses também se aplicam para a responsabilidade contratual, salvo dispo-
sição em contrário, pois o art. 942 do CC não faz discriminação entre as espécies de 
responsabilidade.
O conceito de coautoria costuma ser interpretado extensivamente pela jurisprudência a 
fim	de	expandir	a	solidariedade	passiva	na	responsabilidade	extracontratual.	Por	exemplo,	no	
caso de empréstimo de veículo, o proprietário responde solidariamente pelos danos causados 
a terceiros pelo comodatário, pois, com base na teoria da guarda da coisa, o proprietário é tido 
como coautor.
1.3. responsAbilidAde por FAto de terceiro
1.3.1. Definição
Teoria da 
substituição
Teoria do 
risco
O responsável 
substitui o 3º 
causador do dano
Responsabilidade 
objetiva
Responsabilidade 
por fato de 3º
Depende de 
previsão legal
Fundamento
Pessoal, veja a questão.
001. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2018) Em razão da premente necessidade da entrega 
das mercadorias que transportava, o motorista contratado pela empresa de transporte con-
duziu o veículo de carga em alta velocidade, vindo a colidir com outro veículo, o que causou a 
morte do condutor desse veículo.
Nesse caso, a responsabilidade do empregador é objetiva,
a) desde que provado que o empregado estava em horário de trabalho.
b) mas depende da prova da culpa in elegendo.
c) mas depende da prova da culpa in vigilando.
d) estando de acordo com a teoria da substituição.
e) independentemente de prova da conduta culposa do empregado.
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Carlos Elias
DIREITO CIVIL
A teoria da substituição	justifica	a	responsabilidade	por	fato	de	terceiro.	Vamos	explicar	isso	
melhor. Seja como for, antecipo que, no caso de responsabilidade do empregador por ato do 
empregado, não há necessidade de este estar no horário de trabalho; basta que o dano causa-
do pelo empregado tenha ocorrido “em razão” do seu trabalho, conforme o texto do inciso III 
do art. 932 do CC.
Letra d.
002. (FCC/ANALISTA/TRT-6ª/2018) Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode 
reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descen-
dente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
No caso da responsabilidade por ato de terceiro, cabe direito de regresso (art. 934, CC).
Certo.
Vamos falar mais sobre esse tema.
O patrão responde civilmente pelos danos causados por um funcionário a um terceiro. Tra-
ta-se de uma responsabilidade por fato de terceiro.
A responsabilidade por fato de terceiro também é chamada de responsabilidade indireta, 
em contraste à responsabilidade por fato próprio (que é batizada de responsabilidade direta).
Pelo princípio da legalidade, ninguém pode ser obrigado a fazer algo senão em virtude de 
lei. Daí decorre que ninguém pode ser obrigado a indenizar danos causados por terceiros, salvo 
se houver lei. Portanto, a responsabilidade por fato de terceiro depende necessariamente de 
previsão	legal	específica.
Esses	casos	legais	são	justificados	pela	teoria	do	risco,	imputando-se	o	risco	a	terceiros	
que, de algum modo, deveriam ter o controle do agente. Por conta disso, a responsabilidade 
do terceiro costuma ser objetiva, com a advertência de que, embora seja irrelevante a culpa do 
terceiro, há necessidade de comprovação de culpa do agente, salvo lei em sentido contrário 
(art. 933, CC).
A	responsabilidade	por	fato	de	terceiro	é	justificada	pela	teoria	da	substituição,	segundo	
a qual o responsável (pais, empregador, dono de hotel etc.) está a substituir o terceiro, que foi 
o	causador	do	dano	(filhos,	empregado,	hóspede	etc.).	Isso	ocorrerá	nos	casos	em	que	a	lei	
expressamente determinar.
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Carlos Elias
DIREITO CIVIL
1.3.2. Casos do Art. 932 do CC
Exceção: responsabilidade 
dos representantes legais 
por atos dos incapazes
Responsabilida-
de por fato de 3º 
(art. 932)
É solidária
Direito 
de regresso
O art. 932 do CC prevê cinco casos de responsabilidade por ato de terceiro.
Em regra, essa responsabilidade é objetiva (art. 933, CC), porque não há necessidade de 
perquirir culpa do responsável, embora se pressuponha a existência de culpa do terceiro ao 
causar o dano com base no caput do art. 927 do CC. Essa responsabilidade é solidária: o res-
ponsável responde solidariamente com o terceiro (art. 942, parágrafo único, CC). Todavia, é 
assegurado o direito de regresso (art. 934, CC).
Há, porém, exceção para o caso de responsabilidade dos representantes legais por atos de 
incapazes (incisos I e II do referido artigo), para os quais se aplica o regime diferenciado do art. 
928 do CC e em relação ao qual não se admite o direito de regresso na forma do art. 933 do CC. 
Reportamos ao quanto já escrevemos aqui sobre responsabilidade do incapaz.
Representantes Legais por Ato do Incapaz
Conforme art. 932, I e II, do CC, os representantes legais (pais com poder familiar, tutor ou 
curador) respondem por atos dos incapazes. Essa hipótese foge à regra dos demais casos de 
responsabilidade por ato de terceiro do art. 932 do CC, especialmente por conta dos arts. 928 
e 934 do CC. Já falamos sobre esse caso na aula passada.
Empregador ou Comitente por Ato do Preposto, Serviçais ou Empregado 
(Art. 932, III, CC)
Conexão entre a 
conduta e a ativida-
de para a qual foi 
contratado 
Vínculo trabalhista ou 
contratual 
É objetiva
Não precisa 
entar em horário 
de trabalho 
Pessoa sujeita 
à diretriz do 
contratante
Responsabilidade 
por fato de 3º 
(art. 932)
Empregador 
ou comitente 
por ato do preposto, 
serviçais ou empregado
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Responsabilidade Civil – Parte II
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
003. (CESPE/DELEGADO/PC-MA/2018) De acordo com o Código Civil, responderá, em caso 
de	reparação	civil,	o	patrão	por	ato	de	seu	empregado,	desde	que	fique	provada	a	culpa	in vigi-
lando ou in eligendo.
O gabarito é “errado”, pois a responsabilidade do patrão é objetiva; não depende de prova de 
qualquer tipo de culpa (art. 933, CC).
Errado.
Vamos explicar um pouco mais o tema.
Quem, para exercer uma atividade econômica, contrata pessoas assume os riscos de da-
nos causadospelo contratado. Não importa se há vínculo trabalhista (empregado ou serviçal) 
ou se o vínculo é meramente contratual (preposto). O que importa é que a pessoa contratada 
esteja sujeita à diretriz do contratante. Basta haver uma relação de pressuposição. Nesses 
casos, há responsabilidade objetiva do terceiro (quem contratou) por ato do seu preposto no 
desempenho da atividade.
É preciso haver conexão da conduta do preposto com a atividade para qual foi contratado. 
Um hospital responde por atos dos seus funcionários no exercício do trabalho hospitalar, e não 
por atos particulares realizados sem nenhuma conexão com o trabalho.
Mesmo se o empregado tiver causado o dano fora do seu horário de trabalho, o empre-
gador responderá pelo dano, se o dano tiver sido causado “em razão” da atividade, conforme 
expõe o inciso III do art. 932 do CC.
Hotéis, Escolas, Estabelecimentos por Hóspedes, Moradores e Educandos 
e Similares (Art. 932, IV, CC)
Quem,	com	fins	eco-
nômicos, hospeda 
ou custodia
Assegurado direito 
de regresso contra o 
causador do dano
Risco proveito
Responsabilidade 
OBJETIVA
Responsabilida-
de por fato de 3º 
(art. 932, CC)
Hoteis, escolas 
e similares
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Quem,	com	fins	econômicos,	hospeda	ou	custodia	pessoas	em	um	 lugar	assume	o	 ris-
co pelos danos que estas causarem. Trata-se de uma aplicação da teoria do risco-proveito. 
Por isso, hotéis, pousadas e escolas respondem objetivamente pelos danos causados pelos 
hóspedes, moradores e educandos. Não importa se estes são incapazes. O risco do negócio 
justifica	a	responsabilidade	por	fato	de	terceiro.	Será,	porém,	assegurado	o	direito	de	regresso	
contra o causador do dano, na forma do art. 933, CC.
Participação Gratuita em Produto do Crime (Art. 932, V, CC)
Será responsabilizado pelo 
proveito indevido (até o 
limite de sua participação)
Vedação ao 
enriquecimento 
 sem causaResponsabilidade 
por fato de 3º 
(art. 932, CC)
Participação 
gratuita em 
produto do crime
Não se trata propriamente de responsabilidade 
por fato de 3º
Não se trata propriamente de uma responsabilidade por ato de terceiro, pois o participante 
do produto do crime será responsabilizado pelo proveito indevido que teve até o limite de sua 
participação, tudo em nome da vedação ao enriquecimento sem causa. O dispositivo, pois, não 
deveria estar no art. 932, CC.
1.4. interFAce com cdc
Solidariedade entre os fornecedores na 
responsabilidade por fato do um produto
Exceção: comerciante 
(arts. 12 e 13, CDC)
Relação 
de consumo
Responsabilidade 
objetiva do 
prestador 
de serviço
Art. 932, CC + art. 
7º, 12 e 14, CDC
Exceção:	profissional	
liberal (responsabilidade 
subjetiva)
Se houver relação de consumo envolvido, o art. 932 do CC deve ser lido em sintonia com:
• o parágrafo único do art. 7º do CDC, que estabelece a solidariedade entre todos os for-
necedores de um produto;
• o art. 12 do CDC, que excepciona essa solidariedade ao restringir a responsabilidade por 
fato do produto ao fabricante e ao excluir o comerciante (salvo se fabricante for desco-
nhecido ou comerciante ter contribuído para o dano, conforme art. 13, CDC);
• o	art.	14	do	CDC,	que	fixa	a	responsabilidade	objetiva	do	prestador	do	serviço	e	a	respon-
sabilidade	subjetiva	do	profissional	liberal.
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1.5. cAsuísticAs
Responsabilidade objetiva e solidária
Responde solidariamente pelos danos 
causados	pelo	hospital	ou	profissional	de	
sua rede credenciada
Empréstimo gratuito
Responsabilidade SOLIDÁRIA por se tratar 
de coautoria
Falha no serviço: responsabilidade 
objetiva
Dano por ato 
técnico-
-profissional
Responsabilidade objetiva e solidária
Relação de consumo ou locação?
Médico preposto
Responsabilidade 
objetiva e solidária 
do hospital
Médico não preposto
Não há 
 responsabilidade 
do hospital
Proprietário responde 
objetivamente pelos 
danos causados 
pelo motorista
Teoria da guarda 
da coisa
Hospital e médico
Agência de 
turismo e 
serviço turístico
Plano de 
saúde e médico
Empréstimo 
de veículo
Causadores de 
danos ambientais
Escola e empresa 
de transporte 
escolar vinculada
Hospedagem 
“Airbnb”
Casuísticas
1.5.1. Causadores de Dano Ambiental
Há responsabilidade solidária entre todos aqueles que causaram um dano ambiental por 
se tratar de uma coautoria, conforme art. 942, parágrafo único, do CC. Leia este julgado:
AMBIENTAL. DESMATAMENTO. CUMULAÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER (REPARAÇÃO 
DA ÁREA DEGRADADA) E DE PAGAR QUANTIA CERTA (INDENIZAÇÃO). POSSIBILIDADE. 
INTERPRETAÇÃO DA NORMA AMBIENTAL.
1.	Cuidam	os	autos	de	Ação	Civil	Pública	proposta	com	o	fito	de	obter	responsabilização	
por danos ambientais causados pelo desmatamento de área de mata nativa. A instância 
ordinária considerou provado o dano ambiental e condenou o degradador a repará-lo; 
porém, julgou improcedente o pedido indenizatório.
2.	A	jurisprudência	do	STJ	está	firmada	no	sentido	de	que	a	necessidade	de	reparação	
integral da lesão causada ao meio ambiente permite a cumulação de obrigações de fazer 
e indenizar. Precedentes da Primeira e Segunda Turmas do STJ.
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3.	A	restauração	in	natura	nem	sempre	é	suficiente	para	reverter	ou	recompor	integral-
mente, no terreno da responsabilidade civil, o dano ambiental causado, daí não exaurir o 
universo dos deveres associados aos princípios do poluidor-pagador e da reparação in 
integrum.
4. A reparação ambiental deve ser feita da forma mais completa possível, de modo que 
a condenação a recuperar a área lesionada não exclui o dever de indenizar, sobretudo 
pelo dano que permanece entre a sua ocorrência e o pleno restabelecimento do meio 
ambiente afetado (= dano interino ou intermediário), bem como pelo dano moral coletivo 
e pelo dano residual (= degradação ambiental que subsiste, não obstante todos os esfor-
ços de restauração).
5.	A	cumulação	de	obrigação	de	fazer,	não	fazer	e	pagar	não	configura	bis	in	idem,	por-
quanto	a	indenização	não	é	para	o	dano	especificamente	já	reparado,	mas	para	os	seus	
efeitos	 remanescentes,	 reflexos	ou	 transitórios,	com	destaque	para	a	privação	 tempo-
rária da fruição do bem de uso comum do povo, até sua efetiva e completa recomposi-
ção, assim como o retorno ao patrimônio público dos benefícios econômicos ilegalmente 
auferidos.
6. Recurso Especial parcialmente provido para reconhecer a possibilidade, em tese, de 
cumulação de indenização pecuniária com as obrigações de fazer voltadas à recomposi-
ção in natura do bem lesado, com a devolução dos autos ao Tribunal de origem para que 
verifique	se,	na	hipótese,	há	dano	indenizável	e	para	fixar	eventual	quantum debeatur.
(STJ, REsp 1180078/MG, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 28/02/2012).
1.5.2. Coautoria e Empréstimo de Veículo
Em caso de comodatode veículo (empréstimo gratuito), o proprietário de veículo responde 
objetiva pelos danos causados pelo motorista em razão da aplicação da teoria da guarda da 
coisa, segundo a qual o dono de uma coisa perigosa responde objetivamente pelos danos cau-
sados pelo manuseio dessa coisa por terceiros. Leia este julgado:
ACIDENTE DE TRÂNSITO. TRANSPORTE BENÉVOLO. VEÍCULO CONDUZIDO POR UM DOS 
COMPANHEIROS DE VIAGEM DA VÍTIMA, DEVIDAMENTE HABILITADO. RESPONSABILI-
DADE SOLIDÁRIA DO PROPRIETÁRIO DO AUTOMÓVEL. RESPONSABILIDADE PELO FATO 
DA COISA.
- Em matéria de acidente automobilístico, o proprietário do veículo responde objetiva e 
solidariamente pelos atos culposos de terceiro que o conduz e que provoca o acidente, 
pouco importando que o motorista não seja seu empregado ou preposto, ou que o trans-
porte seja gratuito ou oneroso, uma vez que sendo o automóvel um veículo perigoso, o 
seu mau uso cria a responsabilidade pelos danos causados a terceiros.
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Responsabilidade Civil – Parte II
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
-	Provada	a	responsabilidade	do	condutor,	o	proprietário	do	veículo	fica	solidariamente	
responsável pela reparação do dano, como criador do risco para os seus semelhantes.
Recurso especial provido.
(STJ, REsp 577.902/DF, 3ª T., Rel. p/ Acórdão Min. Nancy Andrighi, DJ 28/08/2006).
1.5.3. Operadora de Plano de Saúde e Médico da Rede Credenciada
Com fundamento no art. 7º, parágrafo único, do CDC e no art. 932 do CC, a operadora de 
plano	de	saúde	responde	solidariamente	pelos	danos	causados	por	hospital	ou	profissional	de	
sua rede credenciada, pois, ao restringir o campo de opções do consumidor, assume dever de 
responder pelos danos causados. Não haveria, porém, essa responsabilidade da operadora do 
plano de saúde se não oferecesse rede credenciada e deixasse o consumidor livre para esco-
lher	o	profissional.	Leia	este	julgado:
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CONSUMIDOR. CIVIL. RESPONSABILIDADE 
SOLIDÁRIA DAS OPERADORAS DE PLANO DE SAÚDE. ERRO MÉDICO. DEFEITO NA PRES-
TAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL RECONHECIDO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. MAJORA-
ÇÃO. RECURSO PROVIDO.
1.	Se	o	contrato	for	fundado	na	 livre	escolha	pelo	beneficiário/segurado	de	médicos	e	
hospitais com reembolso das despesas no limite da apólice, conforme ocorre, em regra, 
nos chamados seguros-saúde, não se poderá falar em responsabilidade da seguradora 
pela má prestação do serviço, na medida em que a eleição dos médicos ou hospitais aqui 
é	feita	pelo	próprio	paciente	ou	por	pessoa	de	sua	confiança,	sem	indicação	de	profissio-
nais credenciados ou diretamente vinculados à referida seguradora. A responsabilidade 
será direta do médico e/ou hospital, se for o caso.
2. Se o contrato é fundado na prestação de serviços médicos e hospitalares próprios e/ou 
credenciados, no qual a operadora de plano de saúde mantém hospitais e emprega médi-
cos ou indica um rol de conveniados, não há como afastar sua responsabilidade solidária 
pela má prestação do serviço.
3. A operadora do plano de saúde, na condição de fornecedora de serviço, responde 
perante o consumidor pelos defeitos em sua prestação, seja quando os fornece por meio 
de hospital próprio e médicos contratados ou por meio de médicos e hospitais credencia-
dos, nos termos dos arts. 2º, 3º, 14 e 34 do Código de Defesa do Consumidor, art. 1.521, 
III, do Código Civil de 1916 e art. 932, III, do Código Civil de 2002. Essa responsabilidade 
é objetiva e solidária em relação ao consumidor, mas, na relação interna, respondem o 
hospital, o médico e a operadora do plano de saúde nos limites da sua culpa.
4. Tendo em vista as peculiaridades do caso, entende-se devida a alteração do montante 
indenizatório, com a devida incidência de correção monetária e juros moratórios.
5. Recurso especial provido.
(STJ, REsp 866.371/RS, 4ª Turma, Rel. Ministro Raul Araújo, DJe 20/08/2012)
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1.5.4. Agência de Turismo e Serviços Turísticos
Com fundamento no art. 7º do CDC, a agência de turismo é objetiva e solidariamente res-
ponsável pelos danos causados ao consumidor por prestadores de serviços turísticos que fo-
ram contratados por intermediação da agência, como danos decorrentes de falta de segurança 
no hotel, de atrasos de voos, de negativa indevida de seguradora contratada para fornecer 
seguro-saúde durante a viagem do consumidor etc. (STJ, REsp 1102849/RS, 3ª Turma, Rel. 
Ministro Sidnei Beneti, DJe 26/04/2012; REsp 888.751/BA, 4ª Turma, Rel. Min. Raul Araújo, DJe 
27/10/2011; REsp 291.384/RJ, 4ª Turma, Rel. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, DJ 17/09/2001; 
REsp 287849/SP, 4ª Turma, Rel. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, DJ 13/08/2001; AgRg no REsp 
850.768/SC, 3ª Turma, Rel. Min. Sidnei Beneti, DJe 23/11/2009).
1.5.5. Hospital e Médico
Pessoal, veja a questão.
004. (CESPE/DELEGADO/PC-MA/2018) De acordo com o Código Civil, responderá, em caso 
de reparação civil, o hospital, objetivamente, pela morte de paciente aos cuidados de médico-
-empregado, independentemente de culpa deste.
Hospital só responde por médico-empregado no caso de o dano decorrer de ato-médico se 
houver culpa do médico.
Errado.
Precisamos aprofundar um pouco mais. Vamos lá!
Com base nos art. 7º, parágrafo único, 14, caput e § 4º, do CDC e no art. 932, III, do CC, a 
responsabilidade do hospital por ato de médico deve levar em conta as seguintes situações.
Se o dano causado ao paciente decorrer de serviços ou produtos do próprio estabeleci-
mento em si (internação, enfermagem, exames, radiologia etc.), sem envolver ato técnico-pro-
fissional	do	médico,	a	responsabilidade	do	hospital	é	objetiva	e	direta	(por	ato	próprio)	pelos	
danos	sofridos	pelo	consumidor.	Afinal	de	contas,	trata-se	de	defeito	no	serviço	fornecido	pelo 
hospital. É o que acontece, por exemplo, no caso de dano decorrente de uma infecção hospita-
lar, que resulta de problemas de assepsia do hospital.
Se,	porém,	o	dano	decorre	de	ato	técnico-profissional	do	médico	(o	popular	“erro	médico”),	
o hospital só responde se o médico era seu preposto. E, por preposto, entende-se qualquer mé-
dico vinculado ao hospital de algum modo, ainda que não seja propriamente por uma relação 
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trabalhista.	Nesse	caso,	o	hospital,	ao	manter	esse	médico	nos	seus	quadros	de	profissionais,	
torna-se um dos fornecedores do serviço e, por isso, será solidariamente responsável. Obvia-
mente, porém, é necessário haver culpa do médico para que o hospital seja responsabilizado 
em	respeito	à	responsabilidade	subjetiva	dos	profissionais	liberais	na	forma	do	§	4º	do	art.	14	
do CDC (STJ, REsp 908359/SC, 2ª Seção, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Rel. p/ Acórdão Ministro 
João Otávio de Noronha, DJe 17/12/2008).
Se,	na	hipótese	acima	(dano	por	ato	técnico-profissional	do	médico),	o	médico	não	for	em-
pregado nem preposto do hospital, como na hipótese de médicoque não possui vínculo com 
o hospital, mas que apenas utiliza suas dependências para procedimento cirúrgico, o hospital 
não responde pelo dano, pois não pode ser considerada um fornecedor desse serviço (STJ, 
REsp 764.001/PR, 4ª Turma, Rel. Ministro Aldir Passarinho Junior, DJe 15/03/2010).
1.5.6. Escola e Empresa de Transporte Escolar Vinculada
Se a escola contrata empresa para transporte escolar dos alunos e oferece esse serviço 
aos pais, há responsabilidade solidária e objetiva dela com a transportadora por acidentes de 
trânsito que cause dano aos alunos. Não há necessidade de prova de culpa da transportadora, 
pois a sua responsabilidade também é objetiva por força do art. 12 do CDC e arts. 734 e 735 
do CC. Com base nisso, o STJ manteve a condenação de uma escola e uma empresa trans-
portadora a objetiva e solidariamente pagar indenização aos pais de uma criança morta em 
acidente de trânsito envolvendo o ônibus escolar que se deslocava a um estabelecimento da 
escola. A indenização envolveu dano moral de 500 salários mínimos para cada um dos pais, 
além de uma pensão alimentícia indenizativa de dois terços do salário mínimo até a data em 
que a criança completaria 25 anos e de um terço do salário mínimo para o período posterior 
até a data em que a criança completaria 65 anos.
Leia este julgado:
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. TRANS-
PORTE ESCOLAR. MORTE DE CRIANÇA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO TRANS-
PORTADOR E DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO CONTRATANTE. PENSIONAMENTO. DANO 
MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. CRITÉRIOS DE ARBI-
TRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSE 
JURÍDICO LESADO E DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO. JUROS LEGAIS MORATÓRIOS. 
TAXA SELIC.
1. Ação de indenização por danos materiais e morais movida pelos pais de adolescente 
morto em acidente de trânsito com ônibus escolar na qual trafegava, contando com 14 
anos de idade.
2. Responsabilidade solidária da empresa transportadora e da fundação contratante do 
serviço de transporte escolar dos alunos de suas casas para a instituição de ensino.
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3. Afastamento da alegação de força maior diante do reconhecimento da culpa do moto-
rista do ônibus pelas instâncias de origem.
4. Discussão em torno do valor da indenização por dano moral, do montante da pensão e 
da taxa dos juros legais moratórios. Dissídio jurisprudencial caracterizado com os prece-
dentes das duas turmas integrantes da Segunda Secção do STJ.
5. Redução do valor da indenização por dano moral na linha dos precedentes desta Corte, 
considerando as duas etapas que devem ser percorridas para esse arbitramento, para 
o montante correspondente a 500 salários mínimos. Aplicação analógica do enunciado 
normativo do parágrafo único do art. 953 do CC/2002.
6. Fixação do valor da pensão por morte em favor dos pais no valor de dois terços do 
salário mínimo a partir da data do óbito, pois a vítima já completara 14 anos de idade, 
até a data em que ela completaria 65 anos idade, reduzindo-se para um terço do salário 
mínimo a partir do momento em faria 25 anos de idade. Aplicação da Súmula 491 do STF 
na linha da jurisprudência do STJ.
7. Fixação do índice dos juros legais moratórios com base na taxa Selic, seguindo os pre-
cedentes da Corte Especial do STJ (REsp 1.102.552/CE, Rel. Min. Teori Albino Zavascki).
8. RECURSOS ESPECIAIS PARCIALMENTE PROVIDOS.
(STJ, REsp 1197284/AM, 3ª Turma, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 30/10/2012).
1.5.7. Responsabilidade Civil em Hospedagem do Tipo “Airbnb”
Popularizou-se, no mundo, a locação por temporada por meio de empresas de aproxima-
ção de locadores com locatários, como o “airbnb”. Ao fazer uma viagem por lazer, o turista, no 
lugar de hospedar-se em um hotel, pode acessar o site do “airbnb” e fazer a reserva de um apar-
tamento mobiliado que está disponibilizado por um locador. Como se trata de questão nova na 
realidade, muitas questões jurídicas ainda serão amadurecidas na doutrina e na jurisprudência, 
como	a	própria	definição	da	natureza	jurídica	desses	negócios	(locação	ou	hospedagem?)	e	
o	regime	de	responsabilidade	civil.	Antecipamos	algumas	reflexões	sobre	esse	último	tema.
Há casos de turistas que sofrem danos materiais e morais por condutas do locador, como 
casos de divergências da qualidade do imóvel em relação ao anúncio feito no site do “airbnb” 
(ex.: falta de móveis, menor quantidade de quartos, recusa inesperada de entrega das chaves 
etc.),	de	inabitabilidade	do	imóvel	ou	até	casos	de	filmagens	de	momentos	íntimos	do	turista	
por meio de câmeras ocultas no quarto1. Nesses casos, entendemos haver relação de consu-
mo em que o locador e o “airbnb” são fornecedores, o que atrairia a incidência não apenas da 
1 A imprensa já noticiou caso assim em São Vicente/SP, e Airbnb descrendenciou o bisbilhoteiro proprietário do imóvel e 
ressarciu as vítimas quanto ao valor do aluguel. O Airbnb admite câmeras for a do banheiro ou dos quartos, desde que haja 
expressa divulgação desse fato no anúncio (vide este site: https://oglobo.globo.com/brasil/casal-encontra-camera-escon-
dida-em-apartamento-alugado-pelo-airbnb-22340070).
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https://oglobo.globo.com/brasil/casal-encontra-camera-escondida-em-apartamento-alugado-pelo-airbnb-22340070
https://oglobo.globo.com/brasil/casal-encontra-camera-escondida-em-apartamento-alugado-pelo-airbnb-22340070
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Lei de Inquilinato (Lei n. 8.245/91), mas também do CDC. Por essa razão, temos que o locador 
e o “airbnb” respondem objetiva e solidariamente pelos danos sofridos pelo turista (arts. 7º, 
parágrafo único, e 14 do CDC e art. 932, III, do CDC), assegurado, porém, o direito de regresso 
do “airbnb” contra o locador no caso de culpa deste.
A jurisprudência ainda está a consolidar-se. Merece registro sentença da justiça estadual 
de	São	Paulo	a	condenar	o	Airbnb	(nome	empresarial:	“Ache	um	lugar	para	ficar	Airbnb	Brasil	
Serviços e Cadastro de Hospedagem Ltda) pelo fato de os turistas, logo depois de desembar-
carem, terem recebido a notícia do cancelamento unilateral, imotivado e de última hora da sua 
reserva no apartamento situado na Cidade do Cabo, na África do Sul. A condenação envolveu 
indenização por dano material correspondente à diferença de dinheiro desembolsada pelos 
turistas para hospedar-se em um hotel, o que correspondeu a cerca de mil reais, e por dano 
moral no valor de R$ 16.000,00. O Airbnb não recorreu (25ª Vara Cível da Comarca de SP – 
TJSP, Processo n. 1006260-77.2017.8.26.0100, Juíza Dra. Maria Fernanda Belli, j. 02/05/2017).
2. dAno reFlexo, por richochete ou indireto
2.1. conceituAção
Sofre diretamente 
o DANO
Sofre o dano de forma 
indireta	(=reflexa)
Todas as espécies de 
dano podem ocorrer de 
forma	reflexa
Vítima
Direta
Indireta
O direito à indenização é da vítima, que pode ser direta ou indireta. Vítima direta é quem 
sofreu diretamente a conduta lesiva e sofreu o dano. Já vítima indireta é aquela que, embora 
não	tenha	sido	diretamente	atingida	pela	conduta,	sofre,	por	reflexo	(por	ricochete),	um	dano	
causado	à	vítima	direta.	O	dano	reflexo,	indireto	ou	por	ricochete	é	o	dano	causado	a	uma	ví-
tima indireta.Todas as espécies de danos indenizáveis (material, moral, estético etc.) podem 
ser	danos	reflexos,	a	depender	do	caso	concreto.	Os	casos	mais	comuns	são	os	de	dano	moral	
reflexo	sofridos	por	familiares	em	razão	da	morte	da	vítima	direta.	Ex.:	o	filho	sofre	dano	moral	
em	razão	do	assassinato	do	seu	pai.	Outro	caso	comum	é	o	dano	material	reflexo	(na	moda-
lidade de lucros cessantes) sofrido pelo dependente econômico de alguém que faleceu por 
conduta	culposa	de	outro.	Ex.:	filho	menor	pode	pedir	pensão	alimentícia	indenizativa	para	su-
prir	a	perda	do	sustento	financeiro	que	o	pai	assassinado	provia-lhe	de	forma	direta	ou	indireta	
(como no caso da morte de um genitor que, com base no Direito de Família, pagava alimentos 
mensais	ao	filho	que	havia	ficado	com	a	guarda	do	outro	genitor).
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2.2. legitimAdos A pleiteAr dAno reFlexo e o problemA do vAlor
Independe do 
regime de bens
1º lugar
2º lugar
Divisão leva em conta o 
vínculo afetivo
Demais 
parentes
Dano 
extrapatrimonial
Ascendentes 
e irmãos
Cônjuge e 
descendentes
Omissão da lei. 
STJ aplica a 
ordem de vocação 
hereditária, com 
flexibilizações
Cônjuge
Indenização 
arbitrada em valor 
único a ser dividi-
do entre as vítimas
Legitimados 
a pleitear o 
dano	reflexo
A	cadeia	de	vítimas	indiretas	pode	chegar	ao	infinito.	Com	a	morte	de	alguém,	poderiam	
reivindicar	dano	moral	reflexo	não	apenas	os	parentes	mais	próximos	do	falecido	(filhos,	as-
cendentes, cônjuge), mas também parentes distantes, amigos e até mesmo conhecidos.
Diante da omissão da lei, o STJ aplica, por analogia, a ordem de vocação hereditária previs-
ta	no	art.	1.829	do	CC,	com	flexibilizações	a	serem	identificadas	no	caso	concreto,	para	limitar	
essa	rede	infinita	de	vítimas	indiretas.	
Assim,	no	caso	de	morte	de	alguém,	poderão	pleitear	indenização	por	dano	moral	reflexo,	
em primeiro lugar, os herdeiros da primeira classe prevista no inciso I do art. 1.829 do CC (des-
cendentes e cônjuge) e também os ascendentes e os irmãos.
Em relação ao cônjuge, é irrelevante o regime de bens, pois o foco aí é a reparação de um 
dano extrapatrimonial.
Quanto aos ascendentes, embora estes não compõem a primeira classe da ordem de vo-
cação	hereditária,	eles,	em	regra,	sofrerão	dano	moral	reflexo	pela	perda	do	filho	em	igual	in-
tensidade	dos	descendentes	e	do	cônjuge,	independentemente	da	idade	do	filho.	Mãe	é	mãe;	
pai é pai; diz a sabedoria popular. É preciso, no entanto, o juiz analisar o caso concreto para 
identificar	quais	pessoas	realmente	teriam	sofrido	o	dano	reflexo,	de	modo	que	até	mesmo	um	
sobrinho poderia reconhecido como titular da indenização por ricochete a depender do caso 
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concreto. Há diferentes arranjos familiares. No STJ, já houve casos em que sobrinhos foram 
tidos como dignos do receber a indenização.
Os irmãos também costumam ser admitidos como legitimados a pedir indenização por 
dano	moral	reflexo	diante	da	presumida	relação	de	afeto	com	a	vítima	no	caso	de	morte	des-
ta. A propósito, por seu didatismo, vale muito a pena ler inteiramente a ementa deste acór-
dão do STJ:
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL REFLEXO OU POR RICO-
CHETE. MORTE DA VÍTIMA. PRESCINDIBILIDADE PARA A CONFIGURAÇÃO DO DANO. 
LEGITIMIDADE ATIVA PARA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. NÚCLEO FAMILIAR.
IRMÃOS. AVÓS. ILEGITIMIDADE PASSIVA DOS GENITORES DE FILHOS MAIORES DE 
IDADE.
1. O dano moral por ricochete é aquele sofrido por um terceiro (vítima indireta) em con-
sequência de um dano inicial sofrido por outrem (vítima direta), podendo ser de natureza 
patrimonial ou extrapatrimonial. Trata-se de relação triangular em que o agente prejudica 
uma vítima direta que, em sua esfera jurídica própria, sofre um prejuízo que resultará em 
um	segundo	dano,	próprio	e	independente,	observado	na	esfera	jurídica	da	vítima	reflexa.
2. São características do dano moral por ricochete a pessoalidade e a autonomia em 
relação ao dano sofrido pela vítima direta do evento danoso, assim como a independên-
cia quanto à natureza do incidente, conferindo, desse modo, aos sujeitos prejudicados 
reflexamente	o	direito	à	 indenização	por	 terem	sido	atingidos	em	um	de	seus	direitos	
fundamentais.
3. O evento morte não é exclusivamente o que dá ensejo ao dano por ricochete. Tendo 
em vista a existência da cláusula geral de responsabilidade civil, todo aquele que tem seu 
direito	violado	por	dano	causado	por	outrem,	de	forma	direta	ou	reflexa,	ainda	que	exclu-
sivamente moral, titulariza interesse juridicamente tutelado (art. 186, CC/2002).
4.	O	dano	moral	reflexo	pode	se	caracterizar	ainda	que	a	vítima	direta	do	evento	danoso	
sobreviva.	É	que	o	dano	moral	em	ricochete	não	significa	o	pagamento	da	indenização	
aos indiretamente lesados por não ser mais possível, devido ao falecimento, indenizar 
a vítima direta. É indenização autônoma, por isso devida independentemente do faleci-
mento da vítima direta.
5. À vista de uma leitura sistemática dos diversos dispositivos de lei que se assemelham 
com a questão da legitimidade para propositura de ação indenizatória em razão de morte, 
penso que o espírito do ordenamento jurídico rechaça a legitimação daqueles que não 
fazem parte da “família” direta da vítima (REsp 1076160/AM, Rel. Ministro LUIS FELIPE 
SALOMÃO, QUARTA TURMA, DJe 21/06/2012).
6. A jurisprudência desta Casa, quanto à legitimidade dos irmãos da vítima direta, já deci-
diu que o liame existente entre os envolvidos é presumidamente estreito no tocante ao 
afeto que os legitima à propositura de ação objetivando a indenização pelo dano sofrido.
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Interposta a ação, caberá ao julgador, por meio da instrução, com análise cautelosa do 
dano, o arbitramento da indenização devida a cada um dos titulares.
7.	A	legitimidade	dos	avós	para	a	propositura	da	ação	indenizatória	se	justifica	pela	alta	
probabilidade	de	existência	do	vínculo	afetivo,	que	será	confirmado	após	instrução	proba-
tória, com consequente arbitramento do valor adequado da indenização.
8.	A	responsabilidade	dos	pais	só	ocorre	em	consequência	de	ato	ilícito	de	filho	menor.	O	
pai	não	responde,	a	esse	título,	por	nenhuma	obrigação	do	filho	maior,	ainda	que	viva	em	
sua companhia, nos termos do inciso I do art. 932 do Código Civil.
9. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 1734536/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 
06/08/2019, DJe 24/09/2019)
Ademais, para evitar que o responsável seja exposto a um inferno de severidade2 com inde-
nizações elevadíssimas diante da multidão de vítimas indiretas, o arbitramento da indenização 
reflexa	deve	ser	feita	em	um	valor	único	a	ser	repartido	entre	as	vítimas	indiretas	que	forem	
reconhecidas como legítimas a pleitear a indenização. Essa repartição da indenizaçãopode 
ser feita a depender do grau de ligação afetiva com a vítima indireta, de modo que não neces-
sariamente as vítimas indiretas receberão valores iguais. Punir o agente a indenizar ampla e 
irrestritamente todas as vítimas indiretas seria um ônus muito excessivo e desproporcional, 
contrariando, por analogia, o parágrafo único do art. 944 do CC. Por isso, é razoável o enten-
dimento do STJ em limitar a quantidade de vítimas indiretas indenizáveis com base na ordem 
de	vocação	hereditária	do	art.	1.829	do	CC	com	flexibilizações	dadas	pelo	caso	concreto	e	em	
restringir o valor total de indenização a ser repartido entre as vítimas indiretas indenizáveis. 
Nesse sentido, incluir não familiares como vítimas indiretas indenizáveis seria, em regra, no-
civo, pois iria reduzir a fatia do valor total de indenização que seria outorgado aos familiares 
próximos da vítima. Foi nesse contexto que o STJ já rejeitou a pretensão de um ex-noivo pedir 
a	indenização	por	dano	moral	reflexo	em	razão	da	morte	da	vítima	direta,	especialmente	em	
razão de os pais já terem obtido essa indenização em uma ação autônoma. O STJ segue o 
entendimento acima (STJ, REsp 1734536/RS, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 
24/09/2019; REsp 1076160/AM, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 21/06/2012; 
REsp 1095762/SP, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 11/03/2013; AgRg no Ag 
1.413.281/RJ, 3ª Turma, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 19/03/2012).
O	exposto	acima	focou	no	dano	moral	reflexo	por	ser	mais	comum	no	quotidiano,	mas	ele	
é válido também para outras espécies de danos indenizáveis por ricochete no que couber.
2 Enfer de severité, expressão de Geneviève Viney, citado pelo Ministro Paulo de Tarso Sanseverino (2010, p. 84).
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Responsabilidade Civil – Parte II
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DIREITO CIVIL
3. ilicitude do Ato
3.1. responsAbilidAde civil por Ato ilícito
Dever de indenizar 
atos lícitos
Dano 
extrapatrimonial
Em regra, será por 
atos ilícitos
Responsabilidade 
civil
Como regra, a responsabilidade civil pressupõe um ato ilícito. Por isso, consideramos que 
a ilicitude do ato é um pressuposto da responsabilidade civil. A exceção corre à conta de si-
tuações	excepcionais	acobertadas	por	lei	específica	que	cria	dever	de	indenizar	mesmo	para	
atos lícitos.
3.2. ilícitos civis e excludentes de ilicitude
Violar direito 
alheio e causar 
dano com culpa
Independe 
de culpa
Basta a violação 
da boa-fé objetiva
Princípio do 
neminem laedere
Abuso de direito
Há dois atos ilícitos no Direito Civil.
O primeiro é o consistente no princípio do neminem laedere, também batizado de princípio 
da incolumidade das esferas jurídicas, a qual está prevista no art. 186 do CC. Trata-se do ato 
consistente em alguém violar um direito alheio e causar dano com culpa. Há três requisitos 
para esse ato ilícito: violação de direito, dano e culpa. A “violação de direito” é requisito funda-
mental para haver ato ilícito. Se, por exemplo, alguém é contratado para demolir uma casa, ele 
causa um dano (a demolição), mas não comete ato ilícito, pois se baseou em um contrato (não 
violou direito).
O	segundo	ato	ilícito	é	o	abuso	de	direito,	previsto	no	art.	187	do	CC	e	para	cuja	configura-
ção é dispensável a existência de culpa. Basta-lhe o exercício de um direito além dos limites 
impostos	pela	boa-fé,	pelos	bons	costumes	e	pelos	fins	sociais	e	econômicos.
Há, porém, excludentes de ilicitudes no art. 188 do CC, a saber: a legítima defesa, o estado 
de necessidade (remoção de dano iminente), o exercício regular do direito (de que é espécie 
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o estrito cumprimento do dever legal). Situações putativas dessas excludentes não são ex-
cludentes. Quem age em legítima defesa putativa, por exemplo, não está isento do dever de 
indenizar, apesar de não cometer crime no Direito Penal.
O fato é que, havendo algum dos ilícitos civis acima, poder-se-á falar em dever de indenizar, 
conforme texto expresso do art. 927 do CC, desde que obviamente haja outros pressupostos 
da responsabilidade civil, como o dano, o nexo causal etc. Há, porém, casos excepcionais 
de responsabilidade civil por ato lícito, mas isso dependeria de previsão legal expressa nes-
se sentido.
3.3. responsAbilidAde civil por Ato lícito
Danos decorrentes de 
legítima defesa estado 
de necessidade
Direito de 
passagem forçada
Responsabilidade 
objetiva (art. 927, § 
único, CC)
Direito de 
regresso contra o 
responsável
Impõe o dever 
de indenizar
É exceção respaldada 
em LEI
Responsabilidade 
civil por ato lícito
Veja a questão.
005. (FCC/DEFENSOR/DPE-AP/2018) O sujeito que, em estado de necessidade, causa pre-
juízo a terceiro, é isento de responsabilidade pelo dano, em virtude da excludente de ilicitude.
O gabarito é “errado”, porque se trata de um caso de responsabilidade por ato lícito prevista nos 
arts. 929 e 930 do CC.
Errado.
Vamos explicar.
Em regra, só há responsabilidade se houver ato ilícito. Todavia, excepcionalmente, há res-
ponsabilidade	civil	por	ato	lícito,	desde	que	haja	lei	específica.	Só	lei	própria	pode	obrigar	al-
guém a indenizar outrem por atos lícitos praticados. Parece-nos arriscado admitir responsabili-
dade civil por ato lícito com base em outras fontes de direito diversas da lei, como os princípios, 
em razão da insegurança jurídica a que estão expostos os particulares que adotam condutas 
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amparados em texto expresso de lei, mas que são surpreendidos por uma censura baseada 
no uso de princípios. No mínimo, se for utilizado princípio para responsabilizar alguém por ato 
lícito, é fundamental considerar o quanto já expuséssemos mais acima sobre a dúvida jurídica 
razoável como excludente ou atenuante de responsabilidade civil.
A responsabilidade por ato lícito ocorre em duas situações principais.
A primeira é de fatos permitidos em lei, a exemplo: (1) do direito à passagem forçada, cujo 
exercício impõe o dever de indenizar os danos sofridos pelo vizinho titular do imóvel atravessa-
do, conforme art. 1.275 do CC; (2) do dever de indenizar terceiros atingidos por danos causa-
dos em situações de legítima defesa e de estado de necessidade, assegurado, no entanto, di-
reito de regresso contra o causador da situação emergencial, conforme arts. 929 e 930 do CC.
A segunda é de responsabilidade objetiva, que é fundamentada em lei (parágrafo único do 
art. 927, CC).
3.4. clAssiFicAção do dAno injusto e o dAno justo
Pode ser 
reparado de modo 
excepcional
É indenizável
Havendo 
previsão em lei
Decorre de 
ato lícito
Decorre de um 
ilícito civil
Dano justo
Dano injusto
O dano injusto é aquele que decorre de um ilícito civil, ou seja, da violação de um dever 
jurídico. Ele sempre é indenizável, pois a regra geral é a de que a responsabilidade decorre de 
atoilícito (arts. 186, 187 e 927, CC).
Dano justo é o que decorre de um ato lícito. Podem ser reparáveis de modo excepcional, 
quando	houver	lei	específica	nesse	sentido.	Trata-se	dos	casos	de	responsabilidade	civil	por	
ato	lícito,	de	que	é	exemplo	a	indenização	a	ser	paga	pelo	beneficiário	da	passagem	forçada	
(art. 1.285 do CC).
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3.5. cAsuísticA
Amante NÃO tem 
dever jurídico
Dever	de	fidelidade 
é obrigação jurídica
Não há violação de 
direito,pois não há 
 obrigação jurídica
Só é indenizável se a conduta for considerada ato ilícito
2 correntes
É cabível indenização
Não há responsabilidade, salvo expressa previsão na convenção
Incabível indenização
1º) Não há dever 
jurídico de amar
2º) Descaso afetivo 
gravíssimo
STJ - caso antigo: NÃO
Casos mais novos: controvérsia
Cabe dano moral?
Não gera dever 
de indenizar
Não responde 
solidariamente
Traição sem 
agravantes: 
em regra, NÃO
Abandono afetivo 
do	filho
Adultério e amante
Rompimento ou 
traição no namoro
Caracteriza 
DANO?
Repreensão 
enérgica de aluno 
por professor
Abandono 
material 
do	filho
Condomínios por 
furto ou agressão 
nas aréas comuns
Casos 
controvertidos
Prévio reconhecimento 
de paternidade
indenizavel
Há	diversos	 casos	que	 geram	controvérsias	 acerca	 da	 configuração	da	 ilicitude	do	 ato	
(casos	de	responsabilidade	civil	por	ato	ilícito)	e	também	da	existência	ou	não	lei	específica	
admitindo a responsabilidade por ato lícito. Cuidaremos de alguns.
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3.5.1. Repreensão de Aluno por Professora ou Aluno
Diretora	de	escola	repreendeu	casal	de	alunos,	afirmando	que	a	aluna	era	“petulante,	mal	
educada, agressiva, provocante e até mesmo escandalosa em seu namoro” e, na frente dos 
demais alunos de classe, advertiu ambos os alunos: “Desgruda, desgruda, senão eu despacho 
vocês dois!”. O STJ entendeu que não havia ato ilícito no fato ocorrido em 1997, pois, naquela 
época, a concepção de educação era mais conservadora do que hoje. Destacou o STJ ainda 
que	a	conduta	enérgica	da	diretora	também	se	justifica	diante	da	postura	conhecidamente	co-
mum	dos	adolescentes	de	agir	com	pirraça,	ironia,	grosserias,	irreverência	e	desafios.	Assim,	à	
falta	de	ato	ilícito,	a	diretora	não	foi	condenada	a	indenizar	eventual	dano	moral.	Todavia,	ficou	
implícito no julgado que, se o mesmo episódio ocorre atualmente, quando a concepção de edu-
cação se tornou mais liberal, o mesmo fato poderia ser considerado ilícito (STJ, REsp 705.870/
MA, 4ª Turma, Rel. Min. Raul Araújo, DJe 23/04/2013).
Ao nosso aviso, mesmo nos dias atuais, a solução dada pelo STJ deveria ser a mesma e 
deixando a punição de diretores e professores para situações excepcionais em que realmente 
haja abuso. Repreensão, ainda que seja mais enérgica como resposta a uma postura irreve-
rente	e	desafiadora	do	aluno,	não	pode	ser	considerado	ato	ilícito,	sob	pena	de	neutralizar	os	
educadores de adolescentes. Receamos, porém, que o STJ poderia adotar solução diferente 
diante da mudança de paradigmas que houve na educação nos últimos anos.
3.5.2. Rompimento de Namoro ou Traição nessa Fase
O rompimento de um namoro bem como uma traição nessa fase de relacionamento podem 
gerar	severos	danos	morais	no	namorado	ou	na	namorada,	mas	isso	não	significa	que	esse	
dano moral é indenizável. Para sê-lo, é preciso que haja um requisito essencial da responsabi-
lidade civil: a violação de um direito (arts. 186 e 927, CC). Como inexiste obrigação jurídica de 
fidelidade	no	namoro	–	essa	obrigação	é	meramente	moral,	e	não	jurídica	–,	não	há	ato	ilícito	
e, portanto, não há responsabilidade civil. A dano moral sofrido pelo namorado traído não é 
indenizável.
É evidente que, se houver alguma agressão do namorado traidor como um xingamento ou 
algum outro ato de humilhação pública, haverá responsabilidade civil, pois o ato ilícito aí passa 
a ser esse ato de injúria ou de vexame público. A indenização será para reparar esse ato ilícito, 
e não propriamente a traição (que é irrelevante juridicamente).
3.5.3. Adultério e Amante
Adultério	de	pessoa	casada	é	ato	ilícito,	pois	o	dever	de	fidelidade	recíproca	é	jurídico	e	está	
no art. 1.566, I, do CC. Esse dever não decorre apenas de questões morais incorporadas pelo 
legislador, mas especialmente de motivos de saúde para prevenir transmissão de doenças.
Há controvérsia sobre o cabimento de indenização por dano moral.
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Quando se trata de um adultério acompanhado de alguma outra circunstância agravante, 
como	um	flagrante,	pelo	traído,	do	ato	de	traição	na	casa	do	casal,	ou	como	no	caso	de	oculta-
ção,	pela	esposa	adúltera,	da	origem	extraconjugal	do	filho	assumido	pelo	marido,	a	doutrina	
e	a	 jurisprudência	são	pacíficas	em	admitir	 a	 indenização	por	dano	moral	 contra	a	esposa	
traidora. O STJ, por exemplo, já condenou uma esposa adúltera a pagar indenização por dano 
moral no valor de R$ 200.000,00 por ter, com o seu silêncio, iludido o ex-marido acerca da sua 
paternidade	sobre	um	filho	que,	na	verdade,	foi	fruto	de	um	caso	extraconjugal	da	mulher	(STJ,	
REsp 922.462/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 13/05/2013).
Havendo, porém, um mero adultério sem circunstância agravante, a tendência dos tribu-
nais é rejeitar a indenização por dano moral, ao argumento de que, embora se trate de um 
ilícito civil (violação do art. 1.566, I, do CC), não há dano moral. O STJ ainda não se manifestou 
sobre o tema.
Quanto ao dever de o amante de indenizar o dano moral sofrido pelo cônjuge traído em 
solidariedade	com	o	consorte	adúltero,	o	STJ	pacificou-se	no	sentido	de	que	o	amante	não	tem	
dever jurídico – embora possa ter dever moral – de respeitar casamento alheio e, portanto, a 
sua conduta de cúmplice não poderia ser responsabilizado civilmente (STJ, REsp 922.462/SP, 
3ª Turma, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 13/05/2013).
Ao nossos sentir, o mero adultério deveria ser hábil a gerar dever de indenização por dano 
moral, pois, além de se tratar da violação de um dever jurídico (art. 1.566, I, do CC), haveria 
dano moral que poderia ser presumido em razão das máximas da experiência (art. 375, CC) 
diante do fato de a experiência ensinar que pessoas traídas costumam sofrer não apenas for-
te abalo em sua individualidade, mas também transtornos com o receio de ter sido infectado 
por alguma doença sexualmente transmissível, o que as leva a fazer exames médicos. O dano 
moral aí parece-nos claro, mais claro de outros casos menos graves acatados pela jurispru-
dência (como os de negativação indevida do nome do devedor em cadastro de inadimplentes). 
O	cônjuge	adúltero	poderia	facilmente	livrar-se	do	seu	dever	de	fidelidade	recíproca	se,	antes	
de	cometer	o	ato	perfidioso,	comunicasse,	por	qualquer	meio,	aoseu	consorte	o	rompimento	
de fato do casamento, caso em que haveria uma separação de fato a afastar o dever jurídico 
de	fidelidade	recíproca.	A	boa-fé	dos	indivíduos	tem	de	ser	prestigiada	e,	ao	se	falar	em	busca	
da felicidade como um direito – há quem defenda a legalidade do adultério com base nesse 
argumento –, não se pode esquecer da felicidade de quem foi traído. O STJ ainda haverá de 
pacificar	esse	tema.
Em relação ao amante, também entendemos que ele deveria ser responsabilizado civilmen-
te pelo dano moral pela sua coautoria com o cônjuge traidor, desde que ele soubesse do casa-
mento. Isso, porque, em nome da boa-fé objetiva, terceiros devem respeitar relações jurídicas 
alheias das quais tenha ciência, sob pena de praticar ato ilícito (doutrina do terceiro cúmplice). 
Nosso entendimento, todavia, já foi rejeitado pelo STJ, mas nos parece que o mais adequado 
seria haver uma futura mutação jurisprudencial com base na doutrina do terceiro cúmplice.
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O exposto acima não diz respeito às situações excepcionais de casais que, por inequívoco 
consenso	entre	si,	desobrigam-se	do	dever	de	fidelidade	recíproca.	Nessas	hipóteses,	apesar	
de o art. 1.566 do CC	não	prever	textualmente	a	possibilidade	de	afastamento	do	dever	de	fide-
lidade recíproca, não há como admitir que um cônjuge pleiteie indenização contra o outro por 
adultério se o casal, de antemão, expressamente liberaram o outro do dever de exclusividade 
sexual. Isso seria uma violação ao princípio da proibição de comportamentos contraditórios 
(venire contra factum proprium). A jurisprudência, porém, tem de adotar extrema cautela nes-
ses	casos,	pois	há	situações	em	que	o	cônjuge	traído,	apenas	por	dependência	financeira	ou	
psicológica, tolera a conduta adúltera do outro. Essas hipóteses, que geralmente mulheres, 
representam formas de violência psíquica e material contra a mulher traída não podem ser 
coonestadas pelo Judiciário e, portanto, devem ser consideradas como atos ilícitos hábeis a 
autorizar a responsabilização civil do cônjuge adúltero por dano moral.
3.5.4. Abandono Afetivo de Filho
O	abandono	afetivo	do	filho	por	qualquer	dos	genitores	gera	inequívoco	dano	moral,	dei-
xando	marcas	profundas	na	sua	 individualidade.	Todavia,	 isso	não	significa	que	esse	dano	
moral é indenizável. Só o será se a conduta do genitor puder ser considerada um ilícito civil. Há 
ilícito civil se o genitor tiver descumprido uma obrigação jurídica.
Há duas correntes sobre o cabimento da indenização por dano moral no caso de dano afetivo.
A primeira considera que não há dever jurídico do genitor de dar carinho, amor e afeto ao 
filho	menor	e,	portanto,	é	indevida	a	responsabilização	civil	do	genitor	omisso,	ainda	que	se	
trate de um gravíssimo descaso afetivo. Pode haver dever moral, mas não há dever jurídico 
nesse caso. A 4ª Turma do STJ caminha nesse sentido (STJ, REsp 1579021/RS, 4ª Turma, Rel. 
Ministra Maria Isabel Gallotti, DJe 29/11/2017). A propósito, vale a pena a leitura do excelente 
voto-vista da Ministra Maria Isabel Gallotti, em excelente voto, que, como obiter dictum, defen-
de que não há dever jurídico de afeto e, portanto, não pode haver responsabilidade civil (voto-
-vista neste julgado: REsp 1087561/RS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado 
em 13/06/2017, DJe 18/08/2017).
A segunda corrente admite a indenização por dano moral se o abandono afetivo ocorrer 
em	casos	excepcionais	de	gravíssimo	descaso	afetivo	em	relação	ao	filho,	pois,	nesse	caso,	a	
conduta do genitor estaria a violar o dever jurídico de cuidado que os devem ter com os pais. 
Todavia, para haver o ato ilícito, é preciso que haver paternidade reconhecida previamente; 
antes desse reconhecimento, não há dano moral. A 3º Turma do STJ caminha nesse sentido 
(STJ, AgRg no AREsp 766.159/MS, 3ª Turma, Rel. Min. Moura Ribeiro, DJe 09/06/2016; REsp 
1493125/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 01/03/2016; REsp 1557978/
DF, 3ª Turma, Rel. Min. Moura Ribeiro, DJe 17/11/2015; REsp 1374778/RS, 3ª Turma, Rel. Min. 
Moura Ribeiro, DJe 01/07/2015).
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A divergência entre as 3ª e 4ª Turmas do STJ é suave: esta última não admite indenização 
por dano moral por abandono afetivo ainda que haja descaso afetivo gravíssimo. Esse impas-
se deve ser futuramente resolvido. Entendemos que o melhor entendimento é da 4ª Turma 
do STJ não admitindo a indenização em hipótese alguma de abandono afetivo, pois, por mais 
dolorosa que seja a situação, não se pode defender que há dever jurídico de amar.
Dois alertas são importantes.
Em primeiro lugar, é evidente que, se o pai omisso praticar algum ato de injúria ou de ve-
xame	contra	o	filho	afetivamente	abandonado	 (como	humilhá-lo	publicamente	xingando-o),	
será cabível a sua responsabilização civil pela prática de um ato ilícito: o ato de ofensa, e não 
propriamente pelo ato de abandono afetivo.
Em segundo lugar, a discussão acima restringe às hipóteses de abandono afetivo, e não de 
abandono material, sobre o qual trataremos a seguir.
3.5.5. Abandono Material de Filho
Os	pais	possuem	dever	jurídico	de	dar	suporte	material	ao	filho,	de	modo	que	omissões	em	
desincumbir-se	dessa	obrigação	configura	ato	ilícito	e,	portanto,	autoriza	a	responsabilização	
civil. Não se pode confundir esse caso (abandono material) com o de abandono afetivo, que 
foi tratado mais acima.
Há um caso interessante que não se confunde com o de indenização por mero abando-
no	afetivo.	Focando	na	 falta	de	assistência	material	ao	filho,	e	não	na	ausência	de	afeto,	o	
STJ	condenou	pai	a	pagar	 indenização	por	dano	moral	a	filho	por	ter-se	omitido	em	dar-lhe	
condições dignas de sobrevivência. Nesse caso concreto, a criança propôs a ação enquanto 
era menor e vivia em condições bem sofrida, “muitas vezes sem alimentação nem vestuário 
adequados”, vivendo em “um cubículo” sem cama, dormindo em um pedaço de esponja no 
chão. O pai, porém, possuía uma fazenda de 1.440 hectares, onde explora plantação de arroz, 
além de ser dono de várias cabeças de gado e de terrenos. O valor da indenização por dano 
moral	ficou	em	R$	35.000,00.	O	juiz	de	primeiro	grau	também	condenou	o	pai	a	comprar	um	
imóvel no nome da criança com cláusula de inalienabilidade, a comprar mobiliários para a casa 
e a comprar computador e impressora. O pai, depois de perder a guarda em razão de ordem 
judicial quando a criança tinha 6 anos de idade, nunca a visitou. A visita deveria ocorrer na 
presença do Conselho Tutelar diante da suspeita de que o pai teria cometido abusos sexuais 
contra a criança. O pagamento da pensão alimentícia costumava acontecer somente após o 
ajuizamento de ação judicial diante da ameaça de prisão civil. O pai só dá atenção aos demais 
filhos;	dá,	pois,	tratamento	diferenciado	entre	os	filhos	(STJ,	REsp	1087561/RS,	4ª	Turma,	Rel.	
Min. Raul Araújo, DJe 18/08/2017).
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3.5.6. Condomínio por Furtos ou Agressões Físicas nas Áreas Comuns
Condomínio não responde por furtos nas áreas comuns, salvo se houver previsão explícita 
em convenção ou em assembleia de condomínio. É que, como não há dever jurídico (nem legal, 
nem estatutário) de o condomínio velar pela segurança das áreas comuns, não se pode falar 
em responsabilidade civil, a qual decorre de um ato ilícito, ou seja, da violação de um dever 
jurídico. Se os condôminos, porém, deliberarem por obrigarem o condomínio a indenizar esses 
furtos, é certo que eles haverão de pagar contribuições condominiais maiores para fazer frente 
a esses custos adicionais. Condomínio não é seguradora (STJ, EREsp 268.669/SP, 2ª Seção, 
Rel. Min. Ari Pargendler, DJ 26/04/2006).
Esse entendimento vale para também para agressões físicas sofridas por condômino nas 
áreas comuns: condomínio não é vigia, salvo previsão expressa na convenção ou em assem-
bleia. A propósito, leia este julgado:
Civil. Recursos Especiais. Ação de compensação por danos morais.
Agressões físicas entre condôminos. Ausência de responsabilidade do condomínio. Dis-
sídio jurisprudencial. Cotejo analítico e similitude fática. Ausência.
- Hipótese em que foi ajuizada ação de compensação por danos morais por condômino, 
em face do condomínio, decorrente de agressão física praticada na garagem do prédio.
- O condomínio não responde pelos danos morais sofridos por condômino, em virtude de 
lesão corporal provocada por outro condômino, em suas áreas comuns, salvo se o dever 
jurídico de agir e impedir a ocorrência do resultado estiver previsto na respectiva conven-
ção condominial.
- O dissídio jurisprudencial deve ser comprovado mediante o cotejo analítico entre acór-
dãos que versem sobre situações fáticas idênticas.
Recurso especial do condomínio conhecido e provido, e negado provimento ao recurso 
especial do condômino.
(STJ, REsp 1036917/RJ, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 02/12/2009).
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Responsabilidade Civil – Parte II
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
QUESTÕES DE CONCURSO
006. (VUNESP/ADVOGADO/PREFEITURA DE SÃO ROQUE-SP/2020/ADAPTADA) São civil-
mente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, o 
autor do escrito e subsidiariamente o proprietário do veículo de divulgação, caso demonstrada 
a existência de dolo ou culpa deste.
A responsabilidade não é subsidiária, e sim solidária. Ademais, não importa se houve ou não 
dolo ou culpa do veículo de divulgação. É a Súmula n. 221/STJ: “São civilmente responsáveis 
pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito 
quanto o proprietário do veículo de divulgação”. Esses dois fatos tornam errada a questão. 
Veja, ademais, este julgado:
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS 
MORAIS. IMAGEM. IMPRENSA. PROGRAMA JORNALÍSTICO. DEVER DE INFORMAÇÃO. 
LIBERDADE DE IMPRENSA. LIMITES. ATO ILÍCITO. COMPROVAÇÃO. REPORTAGEM COM 
CONTEÚDO OFENSIVO. REGULAR EXERCÍCIO DE DIREITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. RES-
PONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA EMISSORA E DOS JORNALISTAS. SÚMULA N. 221/STJ. 
CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. MAGISTRADO COMO DESTINATÁRIO 
DAS PROVAS. INDEPENDÊNCIA DAS INSTÂNCIAS CÍVEL E CRIMINAL. QUANTIFICAÇÃO 
DO DANO EXTRAPATRIMONIAL. DESPROPORCIONALIDADE. NÃO CONFIGURAÇÃO. REE-
XAME DE PROVAS. INADMISSIBILIDADE. SÚMULA N. 7/STJ.
1. Enquanto projeção da liberdade de manifestação de pensamento, a liberdade de 
imprensa não se restringe aos direitos de informar e de buscar informação, mas abarca 
outros que lhes são correlatos, tais como os direitos à crítica e à opinião. Por não possuir 
caráter absoluto, encontra limitação no interesse público e nos direitos da personalidade, 
notadamente à imagem e à honra, das pessoas sobre as quais se noticia.
2. Diferentemente da imprensa escrita, a radiodifusão consiste em concessão de serviço 
público,	sujeito	a	regime	constitucional	específico,	que	determina	que	a	produção	e	a	pro-
gramação das emissoras de rádio e televisão devem observar, entre outros princípios, o 
respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família (art. 221, IV, da CF).
3. A liberdade de radiodifusão não impede a punição por abusos no seu exercício, como 
previsto no Código Brasileiro de Telecomunicações, em disposição recepcionada pela 
nova ordem constitucional (art. 52 da Lei n. 4.117/1962).
4. Em se tratando de matéria veiculada pela imprensa, a responsabilidade civil por danos 
morais	exsurge	quando	fica	evidenciada	a	 intenção	de	 injuriar,	difamar	ou	caluniar	ter-
ceiro.
5.	No	caso	vertente,	a	confirmação	do	entendimento	das	instâncias	ordinárias	quanto	ao	
dever de indenizar não demanda o reexame do conjunto probatório, mas apenas a sua 
valoração jurídica, pois os fatos não são controvertidos.
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Responsabilidade Civil – Parte II
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
6.	Não	configura	regular	exercício	de	direito	de	imprensa,	para	os	fins	do	art.	188,	I,	do	
CC/2002, reportagem televisiva que contém comentários ofensivos e desnecessários 
ao dever de informar, apresenta julgamento de conduta de cunho sensacionalista, além 
de explorar abusivamente dado inverídico relativo à embriaguez na condução de veículo 
automotor, em manifesta violação da honra e da imagem pessoal das recorridas.
7. Na hipótese de danos decorrentes de publicação pela imprensa, são civilmente res-
ponsáveis tanto o autor da matéria jornalística quanto o proprietário do veículo de divul-
gação (Súmula n. 221/STJ). Tal enunciado não se restringe a casos que envolvam a 
imprensa escrita, sendo aplicável a outros veículos de comunicação, como rádio e tele-
visão. Precedentes.
(...)
14. Indenização arbitrada em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) para cada vítima, que 
não se revela desproporcional ante a abrangência do dano decorrente de reportagem 
televisionada e disponibilizada na internet.
15. Recursos especiais não providos.
(REsp 1652588/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, jul-
gado em 26/09/2017, DJe 02/10/2017)
Errado.
007. (MPE-GO/PROMOTOR/MPE-GO/2019/ADAPTADA) Em uma pequena comunidade, Alí-
rio, ali residente, soltou, em plena época de festejos juninos, um balão que caiu sobre a casa de 
Antônio,	incendiando-a	por	completo.	Entre	as	casas	de	Antônio	e	de	João,	ficava	a	de	Pedro,	
que foi alcançada pelo fogo. João, para evitar o alastramento das chamas e o eventual aco-
metimento da morada de sua família, derrubou, a machadadas, a porta da casa de Pedro e, ali 
dentro, conseguiu debelar o incêndio e evitou maiores prejuízos, removendo perigo iminente. 
Restou constatado que, pelas circunstâncias, a conduta de João foi necessária e não excedeu 
os limites do indispensável para a remoção do perigo. Diante de tal cenário, com relação aos 
estragos ocasionados à porta da casa de Pedro, este:
a) poderá obter indenização de João, apesar de este não ter praticado ato ilícito, ou de Alírio, 
cabendo a João ação regressiva contra este.
b) poderá obter indenização de Antônio, com fundamento no direito de vizinhança, ou de Alírio, 
por culpa deste;
c) não fará jus à indenização de João, pois este agiu em estado de necessidade,

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