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Gabriela Veras Manejo da Hipotensão Transanestésica ● DO2 (oxygen delivery): entrega de oxigênio ● SpO2: saturação parcial de oxigênio ● ETCO2: av. capnografia (ventilação alveolar) A entrega de oxigênio para os tecidos depende de duas variáveis principais: débito cardíaco e a CaO2 (conteúdo arterial de oxigênio). O débito cardíaco é o volume de sangue ejetado ao final da sístole x a frequência cardíaca, na qual depende da pós carga, pré-carga, contratilidade e da frequência cardíaca. Já a CaO2 depende da quantidade de hemoglobina saturada por oxigênio. É possível ter um animal normotenso mas com instabilidade hemodinâmica, por outro lado, um paciente hipotenso tem uma grande chance de estar instável hemodinamicamente. Pressão Arterial Pressão arterial = Débito Cardíaco (DC) x Resistência Vascular Sistêmica (RVS) A hipotensão trans-anestésica se caracteriza pela pressão sistólica abaixo de 90 mmHg e/ou pressão arterial média abaixo de 65 mmHg (alguns autores apontam para 70 mmHg). Os métodos utilizados para aferir a PA são diversos, dentre os quais pode se destacar o método de pressão arterial invasiva, o padrão ouro, onde é mensurado através da cateterização de uma artéria, uma solução heparinizada dentro de uma bolsa pressurizada (pressão acima da sistêmica), uma torneira de 3 vias, um tubo extensor (pouco complacente), um transdutor de PA. A pressão arterial também pode ser mensurada de forma não invasiva, pelo doppler e pelo método oscilométrico. A oscilometria é mais confiável em pacientes grandes, geralmente acima de 14 kg, já o doppler é mais indicado para pacientes de pequeno porte. Como tratar a hipotensão na anestesia? Primeiro deve ser feito uma avaliação da possível causa dessa hipotensão. ❖ Profundidade anestésica: deve-se avaliar se o animal está em um plano anestésico profundo e fazer essa correção. Todavia, outra causa também pode estar associada ao plano profundo, um choque hipovolêmico por exemplo. Gabriela Veras ❖ Baixa pré-carga: hipovolemia (desidratação, perda de sangue); retorno venoso comprometido (neoplasias, manipulação cirúrgica, distensão abdominal que pode comprimir os vasos (piometra; gestação); efusões pericárdicas ❖ Vasodilatação excessiva: é uma das principais causas da hipotensão durante a anestesia, que pode ser causada pelo excesso de anestésicos (isoflurano e propofol) e até mesmo outros fármacos previamente utilizados na MPA, como altas doses de acepromazina; a epidural também pode causar vasodilatação se causar bloqueio simpático Pacientes com choque séptico também podem apresentar vasoplegia, com consequente vasodilatação. Dessa forma, a vasodilatação pode ser avaliada através da coloração de mucosas, onde mucosas congestas podem indicar vasodilatação excessiva; TPC menor que 1; pode ser observada na pletismografia a posição do nó dicrótico (baixo ou ausente) e a onda pletismográfica alta e estreita. ❖ Inotropismo negativo: a força de contração do miocárdio está comprometida. Essa condição não se restringe aos cardiopatas, podendo acometer animais em quadros de sepse, que além da vasodilatação pode causar diminuição da contratilidade do miocárdio. Animais com pancreatite também podem sofrer redução do inotropismo. Alguns fármacos, mesmo em doses terapêuticas, também podem causar inotropismo negativo. ❖ Hipocalcemia: a deficiência de cálcio diminui a contratilidade do miocárdio, uma vez que a interação actina e miosina nesse tecido será mais fraca. ❖ Insuficiência adrenal relativa Revisão dos receptores adrenérgicos - noradrenalina endógena ● alfa 1: presente no músculo liso vascular - a interação da noradrenalina com este receptor promove uma vasoconstrição ● alfa 2: presente na região pré-sináptica do SNC, onde bloqueia a liberação de noradrenalina e promovem sedação, e também está presente na região pós-sináptica, a nível de medula mas também está no músculo liso vascular, que quando ativo, causa vasoconstrição. ● beta 1: presente no miocárdio, que quando ativado, aumenta a força de contração (inotropismo positivo) ● beta 2: presente principalmente na musculatura lisa bronquial (pulmões) e na vasculatura, que quando ativados, causa vasodilatação. - a dobutamina atua em beta 2, então causa aumento da contratilidade, todavia causa vasodilatação Relembrando… ● Pressão arterial = DC x RVS ● Débito cardíaco = VS x FC Gabriela Veras ❖ Vasoconstrição: se usado um fármaco que causa vasoconstrição, a tendência é elevar a pressão arterial, visto que há um aumento da resistência vascular sistêmica. O débito cardíaco não se eleva necessariamente, pelo contrário, uma vez que em pacientes não hígidos, com força de contratilidade reduzida, a vasoconstrição eleva a pós carga, podendo diminuir o débito cardíaco. ❖ Inotropismo positivo: fármacos que causam aumento da força de contratilidade aumentam débito cardíaco, uma vez que há um aumento do volume sistólico (DC = VS x FC). A pressão arterial também vai aumentar pelo aumento do débito cardíaco (PA = DC x RVS), se não houver mudança na outra variável (RVS), pois há fármacos, como a dobutamina, que eleva a força de contratilidade, mas acaba diminuindo a resistência vascular sistêmica (RVS), dessa forma, a pressão arterial pode não aumentar Vasoativos e inotrópicos ❖ Efedrina: - via de administração: é utilizada em bolus, pois tem uma meia vida maior quando comparada com outros vasoativos. - dose: 0,1 mg/kg (a ampola deve ser diluída previamente, para evitar uma vasoconstrição muito intensa acompanhada de bradicardia) - mecanismo de ação: atua diretamente em quase todos os receptores adrenérgicos, como em alfa 1 (vasoconstrição), alfa 2, beta 1 (inotropismo positivo). Além de atuar diretamente nos receptores adrenérgicos, a efedrina estimula a liberação endógena de noradrenalina, e esta por sua vez irá atuar nos seus receptores. A vasoconstrição é a característica mais importante do seu mecanismo de ação. - Tempo de efeito: 10 - 20 minutos - Indicações: queda abrupta da PA, como em casos de hipotensão intensa após epidural ❖ Noradrenalina: - via de administração: infusão contínua (pois possui uma meia vida muito curta) - dose: taxa de 0,05 a 1 mcg/kg/min - mecanismo de ação: possui ação mista, atuando em receptores alfa 1 (vasoconstrição) e em beta 1 (aumento da força de contração). Porém, em altas taxas, o efeito em beta 1 tende a desaparecer e fica apenas seu efeito vasoconstritor. - Orientações: iniciar em uma taxa mais baixa e ir titulando de acordo com a resposta do paciente Gabriela Veras ❖ Dobutamina: - via de administração: infusão contínua (meia vida curta) - mecanismo de ação: atua principalmente em receptores beta 1 (aumento da contratilidade - inotropismo positivo) e também atua em beta 2 (causando vasodilatação), todavia, atua mais intensamente em beta 1 do que em beta 2 (1:2) - obs: utilizar dobutamina em um paciente cuja a causa de hipotensão seja vasodilatação não faz sentido - indicação: pacientes com inotropismo negativo - diluição: ❖ Dopamina: - via de administração: infusão contínua - mecanismo de ação: atua em receptores dopaminérgicos (vasodilatação em mesentério, baço, aumento da TFG (rins), - dose: 5 -15 mcg/kg/min 5 mcg/kg/min - atua em receptores adrenérgicos do tipo beta 1 e em alfa 1, mas tem como ação principal seu efeito de beta 1 (inotropismo positivo). Todavia, em taxas mais altas, pode atuar em alfa 1 e beta 1 na mesma intensidade, promovendo efeito vasoconstritor e inotrópico positivo ao mesmo tempo. A medida que é aumentada a taxa de dopamina (10-15 mcg/kg/min), sua ação em alfa 1 irá aumentar, até que chega um momento em que sua principal ação será em alfa 1 (vasoconstrição) - limitações: é um fármaco com capacidade arritmogênica OBS: A adrenalina não é indicada para o tratamento de hipotensão trans-anestésica por sua alta capacidade de causar arritmias, sendo seu uso mais indicado para a parada cardiorrespiratória. Gabriela Veras Importância do hemograma na avaliação pré-anestésica: avaliar se o paciente possui anemia, pois essacondição mostra que o animal tem pouca hemoglobina e consequentemente uma menor capacidade de carregar oxigênio, configurando uma baixa entrega de oxigênio Cuidado ao ventilar o paciente no baraka, evitando uma hiperventilação, porque se a intenção é enviar mais oxigênio, deve lembrar que junto irá mais anestésico, podendo causar hipotensão.
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