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RESUMO - INTRODUÇÃO DO LIVRO “POLÍTICA E SERVIÇO SOCIAL NO CAPITALISMO TARDIO” Na introdução do livro de Elaine Rossetti, a autora perpassa um estudo sobre a política social no capitalismo, no contexto das mudanças da década de 90, a partir da crítica da política marxista contemporânea. A autora faz uma análise de uma dissertação orientada por José Paulo Netto, “Política Social e capitalismo contemporâneo: um balanço crítico-bibliográfico”, o qual aponta algumas hipóteses que foram confirmadas. O trato teórico-metodológico da política social por uma parte progressista do Serviço Social, é marcado pelas seguintes características: 1 - amadurecimento do Serviço Social, no qual se configurou um Serviço Social menos endógeno, no que se refere à política social, buscando incentivos na tradição marxista. 2 - no movimento apresentado, há um desenvolvimento de acúmulo teórico-metodológico mais aprimorado para a política social. 3 - houve um posicionamento controverso que abordou o economicismo, onde entende-se que a política eleva-se meramente a economia. 4 - nesse viés, abriu espaço para uma abordagem politicista, para o redistributivismo, o estatismo e o ecletismo. O politicismo configura-se a partir da redução da política social a produto da vontade política dos sujeitos, onde tudo submete-se à essa vontade. A autora cita uma fala de Eduardo Mourão, um autor que publicou obras importantes acerca da Política Social na revista de Serviço Social e Sociedade, ele diz que o foco da política social sob sentido politicista, define ela como “como forma de regulação do conflito capital-trabalho e demais conflitos sociais [...], ótica da busca de legitimação e consenso, como resposta à pressão dos movimentos sociais, principalmente dos trabalhadores, e/ou como forma de controle político.” Nesse contexto, manifesta-se o redistributivismo com ênfase na política social como maneira de solução da desigualdade, não levando em conta a natureza do modo de produção capitalista. Essa abordagem pretende a possibilidade do Welfare State, onde coloca o Estado como agente de ascensão social e organizador da economia. O “partido” que leva em conta, é o próprio processo econômico, representando uma aprovação dos pressupostos da economia política clássica ou neoclássica. A autora coloca um antagonismo em questão, chamando de ecletismo, já que contam com a categorias da tradição marxista e, também, usufruem da perspectiva distributivista-keynesiana, influências essas que não deveriam estar unidas. Além disso, a política social foi associada tendo como seu centro, o Estado. Esse lapso teórico, vai colocá-lo em condição de uma competência acima das relações sociais, no qual para solucionar as demandas, necessitará do Estado. Como coloca a autora “Nota-se uma tendência de explicar a política social exclusivamente através do seu papel.”, assim não fica sobreposto os conflitos inscritos nas relações sociais que buscam essas políticas. Essa abordagem caracteriza-se como estatismo. Em seu discurso, Elaine alerta ao leitor sobre três perspectivas da análise da política social com o capitalismo tardio. Primeiro, expõe o estudo de João Manuel Cardoso de Mello, sua obra retrata sobre um capitalismo tardio, retratando-o como um capitalismo "retardatário", em um contraste ao dualismo cepalino quanto à teoria da dependência que pretendeu o CEPAL. Segundo, manifesta a teoria de Mandel, que refere-se à totalidade do capitalismo em uma época que suas próprias tendências alcançaram maturidade e suas contradições estão mais em evidência, resultando em efeitos regressivos. Em terceira ela retrata do seu próprio estudo, que busca mostrar os critérios teórico-históricos para tematizar a política social no âmbito do capitalismo pós-guerra até atualmente, tendo como uma das referências principais a mandeliana. Desenrolando-se o debate, ela fala sobre as abordagens que trazem à tona o problema da efetividade prática da política social em relação às forças dos progressistas e conservadores, no centro da tensão entre os distributivistas. Dentro dessa abordagem, acontece um embate político acerca da gestão do estado, avaliando a distribuição dos recursos. Dessa maneira, a ocupação de espaço no Estado, com a coerção feita pela sociedade civil, por uma vontade política redistributiva, humanista e democrática, é possível generalizar o acesso aos direitos sociais, aumentando os padrões da cidadania. Outro ponto importante debatido é sobre, o que coloca a autora como, a “falsa polêmica” entre o economicismo e o politicismo. Para Elaine, esse embate não existe, postulando que a lei de valor explica a produção das coisas no capitalismo, mas, também, explica a produção dos indivíduos e das relações sociais. Então, existe um vínculo dialético entre a operação da lei do valor e os sujeitos políticos, que sinaliza, limita, impulsiona e conduz o processo histórico-social. Assim, não existe política sem economia, e não existe economia sem política. Além de tudo, Elaine pontua que nos tempos que estamos vivendo, há uma forte tendência não redistributiva, percorrida por segmentos objetivos, marcados por uma queda na taxa de lucros na onda longa depressiva, e subjetivos, que marca a fragilidade do movimento operário e popular, após uma onda de perdas históricas que dão animo econômico e ideológico à livre iniciativa.
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