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trabalho dorosnil 1 semestre (Reparado)

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR 
CAMPUS DE GUAJARÁ-MIRIM 
CURSO DE PEDAGOGIA 
DISCIPLINA: FILOSOFIA E SOCIOLOGIA
 
FICHAMENTOS DE CITAÇÕES, MEMÓRIAS DOS ENCONTROS E ARTIGO FINAL DA DISCIPLINA DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIACOM O PROFESSOR DR. DOROSNIL ALVES MOREIRA.
	
GUAJARÁ-MIRIM
2017
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR 
CAMPUS DE GUAJARÁ-MIRIM 
CURSO DE PEDAGOGIA 
DISCIPLINA: FILOSOFIA E SOCIOLOGIA
ACADÊMICA: VALÈRIA LIMA DOS SANTOS
FICHAMENTOS DE CITAÇÕES, MEMÓRIAS DOS ENCONTROS E ARTIGO FINAL DAS DISCIPLINS DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA APLICADA A PEDAGOGIA COM O PROFESSOR DR. DOROSNIL ALVES MOREIRA.
Trabalho de conclusão das atividades realizadas durante a disciplina de filosofia e sociologia no 1° período / semestre do ano de 2017, do curso de Pedagogia. Disciplina ministrada pelo Prof. Dr. Dorosnil Alves Moreira, da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, Campus de Guajará-mirim-RO.
	
GUAJARÁ-MIRIM
		2017	
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO..................................................................................................................05
Primeira Parte: Fichamentos de citações dos referenciais teóricos estudados durante o primeiro semestre de 2017, recomendados em sala de aula pelo prof. Dr. Dorosnil Alves Moreira. 
1. Hugo de São Vitor. Didascalicon .........................................................................07
2. Dorosnil Alves Moreira. Ética, Educação, Universidade e Sociedade	..............23
3. Luiz Pereira e Marialice. Educação e Sociedade	..............27
4. Friedrick Nietzsche. Ecce Homo	……….30
5. Karl Max – Manifesto do Partido Comunista	..............35
6. Stefan Zweig – Retrato de um Homem Político	..............39
7. Olavo de Carvalho - Dicta e Contradicta	..............40
Segunda parte: Memórias dos encontros da disciplina de Filosofia, no primeiro semestre de 2017, conforme roteiro: Título e tema da aula, livros, autores apresentados, revistas, filmes e informes gerais, curiosidades, artigos lidos, comentados, problematizados em sala, intervenções e questionamentos dos alunos, frases e afirmações de impacto, crítica a didática e conteúdo apresentada.
MEMÓRIA DOS ENCONTROS DE FILOSOFIA
Memória do I Encontro 23/05/2016 .........................................................................................44
Memória do II Encontro 26/05/2016 .......................................................................................45
Memórias do III e IV Encontro (“Semana de recepção dos Calouros de Pedagogia”) 3005 à 02/06/2016 .............................................................................................................................46
Memória do V Encontro 06/06/2016 .......................................................................................48
Memória do VI Encontro 09/06/2016 ......................................................................................50
Memória do VII Encontro 10/06/2016 .....................................................................................52
Memória do VIII Encontro 13/06/2016 ...................................................................................53
Memória do IX Encontro 16/06/2016 ......................................................................................54
Memória do X Encontro 20/06/2016 .......................................................................................55
Memória do XI Encontro 23/06/2016.......................................................................................56
Memória do XII Encontro 27/06/2016......................................................................................57
Memória do XIII Encontro 28/06/2016....................................................................................58
Memória do XIV Encontro04/07/2016.....................................................................................60
Terceira Parte: Artigo final: Textos elaborados a partir das vivências e práticas no contexto da universidade local com ênfase no entendimento do que seja ética, educação e sociedade, privilegiando autores estudados e conceitos assimilados. 
ARTIGO FINAL ....................................................................................................................76
REFERENCIAIS TEÓRICOS .............................................................................................77
CRITICA ............................................................................................................................... 78
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................79
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................80
ANEXOS (FILMES) ..............................................................................................................84
Apresentação
Nos encontros de filosofia e sociologia, que foram realizadas em sala de aula com professor doutor Dorosnil Alves Moreira, do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia do Campus de Guajará – Mirim, da Universidade Federal de Rondônia, nos possibilitaram conhecimento filosófico e cientifico a partir da leitura, diálogo e questionamento relacionados aos autores e pensadores clássicos no qual foram estudados e fichados nesse trabalho final.
Várias contribuições foram compreendidas com a grande colaboração do docente que teve uma enorme dedicação de transmitir seus conhecimentos para que possamos ter durante a nossa formação acadêmica e profissional. Foram divididos em três partes:
A primeira parte do trabalho de conclusão das disciplinas apresenta fichamentos de citação dos referenciais teóricos estudados no primeiro semestre no qual foram recomendados pelo professor.
Já na segunda parte, estão organizadas as memórias dos encontros realizados durante o primeiro semestre do ano de 2017.
Por fim, na terceira parte, apresentamos um resumo de filmes citados pelo professor e elaborado conforme o roteiro das atividades realizadas. Logo em seguida segue os anexos de atividades extras feitas durante o semestre.
Portanto, aqui estão um pouco de tudo que foram vivenciadas durante esse início de vida acadêmica.
Primeira Parte: 
Fichamentos de citação dos referenciais teóricos estudados durante o primeiro semestre de 2017, recomendados em sala de aula pelo prof. Dr. Dorosnil Alves Moreira.
VITOR, Hugo de São. Didascalicon - A arte de ler. 1º edição. Fevereiro de 2015 - CEDET 
1. Dentre todos os bens que aspiramos, é certo que a sabedoria ocupa o primeiro lugar, posto ser nela que consiste em forma do Bem perfeito. É bem perfeito porque, ao iluminar o homem, a sabedoria faz com que ele conheça a si mesmo, de modo que, conhecendo-se, deixe de pensar ser apenas algo semelhante a todas as outras coisas criadas, notando que de fato foi criado como ser superior. (p.23)
2. Entre os filósofos, há uma sentença provada e reconhecida, a alma é composta por todas as partes da natureza. (p.24)
3. A nossa alma, aliás, conhece os primeiros princípios, bem como as coisas que derivam, e compreende, por sua inteligência, as causas invisíveis das coisas, obtendo, pelas impressões dos sentidos, as formas visíveis das coisas corporais. (p.24)
4. Portanto, o espírito, capaz de captar todas as coisas, independente da substância e da natureza, representa por sua própria imagem, a semelhança com todas as coisas [do universo]. (p.24)
5. Do mesmo modo, não podemos crer esta semelhança [formal] com todas as coisas do universo, como originada de outra fonte – diferente da própria alma -, ou nascida de qualquer fonte externa a si, posto a alma alcançar, por sua natureza própria, o poder máximo e a virtude que lhe é peculiar. (p.25)
6. A procura pela Sabedoria, portanto, nada mais é do que o grande conforto da nossa vida, porque quem a encontra é feliz; e quem a possui, santo. (p.26)
7. Antes de todos, é justamente Pitágoras quemchama a busca por sabedoria de filosofia, de modo que preferiu ser denominado “filósofo”, em vez de apenas “sábio”. É belo, por este viés, chamar aos homens que buscam a verdade não de sábios, mas de amantes da sabedoria. (p.27)
8. “A filosofia”, então, é o amor, a procura e a amizade para com a sabedoria. Ela não se refere a certas ‘ferramentas’, ou seja, uma ciência direcionada para a fabricação, mas a uma sabedoria [de conhecimento ‘completo’, isto é, que independe de tecnologia para sua concretização]. (p.27)
9. Vamo-nos a primeira potência. Ela possui a função de nos servir, no sentido de nos capacitar á criação, á nutrição e, em geral, ao crescimento do nosso corpo, sem se prestar a qualquer discernimento, próprio de nosso juízo e conduzido pela razão. (p.29)
10. A segunda potência é composta e conjunta, incluindo em si a primeira potência, constituindo, de acordo com a parte a que se refere, a assunção de um juízo variado e multiforme. (p.29)
11. E isto significa que a primeira potência da alma – a capacidade de nascer e de se alimentar – fica sujeita à outra, a capacidade de usar dos sentidos. (p.30)
12. Já terceira potência da alma traz consigo as duas anteriores: a potência de alimentar e a de sentir. Ela as detém utilizando suas qualidades, como se fossem servas obedientes. (p.30)
13. Portanto, como o ato do espírito humano sempre se funda na compreensão das coisas presentes, na inteligência acerca das ausentes ou na busca incessante pelo esclarecimento e aquisição das coisas ignoradas, então há dois objetivos para os quais a força da alma racional despende todo o empenho: o primeiro referente ao conhecimento da natureza das coisas pela investigação racional; o segundo, iniciando-se pelo conhecimento, e que, em seguida, a dignidade da moral concretizará. (p.31)
14. Com efeito, se a natureza dos animais brutos, não regida por qualquer juízo racional, desenvolve os seus movimentos apenas em conformidade com as paixões (sensações) dos sentidos, e, ao desejar ou rejeitar alguma coisa, nunca o faz pelo uso da inteligência, mas impelido pelo desejo cego carne, qual conclusão nos resta deste pensamento? Resta saber que o ato racional não deve ser consumido pela cupidez cega, mas sempre precedido pela moderada sabedoria. (p.32)
15. Uma sabedoria que não pode ser explicada concretizando-se pelos instrumentos – como se dá com a arquitetura, a agricultura e outros similares-, mas à espécie de sabedoria só preocupada co a razão primeira das outras. (p.33)
16. Por sua vez, as obras dos artistas, mesmo não correspondendo à natureza, partem da imitação constante dela. Os artistas exprimem pela razão a forma de seu modelo [artístico], e isto significa o imitar propriamente a natureza. (p.33)
17. A finalidade e a intenção de todas as ações ou esforços dos homens moderados pela sabedoria ocorrem para conservar a moderação e a manutenção de nossas necessidades, às quais está sujeita nossa vida presente. E isto tudo para que a integridade OUA fraqueza da natureza humana seja reparada. (p.34)
18. A integridade da natureza humana é aperfeiçoada por dois caminhos: o conhecimento e a virtude. E apenas por esta característica é que somos assemelhados à substância superior e divina. De fato, o homem, por possuir uma substância composta por dois pares germinados – alma e corpo, não possui uma natureza simples. (p.34-35)
19. Agrupamos, na primeira ordem, o ente que não possui diferença entre o “ser dele” – sua essência – e “o que é” – sua existência -, ou melhor, o que não se atém a uma diversidade, em si, de causa e efeito, não podendo subsistir por outra, mas tão somente dependendo da subsistência por si mesmo. (p.36)
20. A segunda ordem corresponde às coisas detentoras de princípios e de fim, e que não podem vir a existir por si mesmas, correspondendo simplesmente a obras da natureza. (p.37)
21. Sobre esta segunda espécie de coisas foi dito o seguinte: “nada no mundo de fato morre”. Mas o que isto quer dizer? Quer dizer que a essência das coisas nunca perece, porque não é superada, mas tão somente variam suas formas. (p.37)
22. E assim, toda a natureza possui uma causa primordial e subsistência perpétua. Terceiro, que “o que antes foi nada retornou para o nada”. Toda coisa natural, que veio a existir temporariamente por impulso de uma causa oculta, também, por ato semelhante ao de sua criação, terá sua existência temporariamente removida, deverá voltar para sua origem, isto é, de onde viera. (p.38)
23. Chamam de mundo supralunar aquele em que todas as coisas se sujeitam à lei primordial. Eles chamam esta lei de natureza – e natureza das coisas. Já o mundo sublunar, chamado “obra da natureza”, é povoado pelas coisas geradas, isto é, pelos seres superiores. (p.39)
24. Nós estamos prosseguindo um pouco nisto porque desejamos mostrar o homem, enquanto composto por duas partes, possuindo uma delas, partícipe da maturidade, e tornando-se ligado à necessidade; enquanto a outra, a imortal, o faz em conformidade com a divindade. (p.40)
25. Dois são os exercícios que reparam a semelhança divina nos homens: a investigação da verdade e a prática da virtude. O homem é semelhante a Deus, se comprazendo em ser sábio e justo [em suas escolhas], ainda que possua tais qualidades apenas de modo mutável, enquanto Deus as possui imutavelmente. (p.41)
26. Portanto [de modo analógico ao dito], entendemos que, para podermos reparar nossa natureza [perdida], é preciso um ato divino. (p.41)
27. A ciência, por vez, perseguindo [com empenho] a constituição das obras humanas, é chamada convenientemente de mecânica, ou melhor, “adulterina”. (p.42)
28. O homem que esculpiu uma estátua teve o intuito de reproduzir o próprio homem com seu projeto. (p.44)
29. Logo é necessário à natureza garantir a segurança dos seres que não sabem proteger a si mesmos – atribuindo-lhes defesas naturais – enquanto foi reserva ao homem uma capacidade superior de tomar para si experiências, assegurando-lhe o reconhecimento dos referidos dados e das informações naturalmente atribuídas a todos, mas que são descobertas por ele, por sua própria razão. (p.44-45)
30. Ainda que sejamos capazes de dizer tudo o que queremos [sobre certa coisa], tal dificuldade não nos obriga a manter silêncio sobre outros sentidos e conhecimentos, ou seja, temas sobre os quais temos plenamente capacidade de falar. (p.46)
31. Podemos pesquisar muitos pensadores antigos investigadores da natureza, e que a conceituaram. No entanto, mesmo após estudos vários, não encontramos qualquer tratado suficientemente completo para eliminar todo resquício de dúvida. (p.46)
32. [Na educação correta e sábia] Várias outras ciências foram investigadas primeiros, mas foi necessário também que a lógica o fosse, porque ninguém é capaz de proferir qualquer palavra conveniente sobre as coisas se antes não conheceu a razão de falar com retitude e veracidade. (p.49)
33. Portanto, como os pensadores antigos caíam frequentemente em muitos erros, eles obtinham várias questões, durante as disputas, algumas delas falsas e outras contrárias a si, parecendo-lhes impossível de acontecer que, diante de duas conclusões contrárias referentes à mesma coisa, ambas fossem verdadeiras. Parecia-lhes ambíguo concluir qual o raciocínio deveria discordar e em qual seria possível crer. Diante desta dúvida, consideravam ser necessário, antes de qualquer disputa, levar em conta a natureza verdadeira e íntegra [de cada coisa em particular]. (p.51)
34. A lógica portanto é a última no tempo mas a primeira na fila. No sentido de que ela deve ser a primeira a ser estudada pelos iniciantes de Filosofia, porque é por meio dela que se ensina a natureza das palavras e dos conceitos, sem os quais nenhum tratado de filosofia pode ser racionalmente explicado. (p.51)
35. Alógica racional é chamada de dissertativa, contendo a dialética e a retórica. A lógica do discurso é gênero cujas espécies são a gramática, a dialética e a retórica, contendo sob si a dissertativa [ou seja, a técnica argumentativa]. (p.51)
36. Antes de a gramática existir, oshomens escreviam e falavam. Antes da dialética, discerniam o verdadeiro do falso. Antes da retórica, tratavam dos direitos civis, Antes da aritmética, possuíam o conhecimento da enumeração. Antes da música, cantavam. Antes da geometria, mensuravam os campos [para a agricultura]. Antes astronomia, já captavam as mudanças dos tempos pelo curso das estrelas. Mas logo vieram as artes, que, mesmo tendo seu princípio presente no próprio uso, são melhores do que o uso. (p.52)
37. “A filosofia é o amor à Sabedoria e que, de nada necessitando, significa mente viva e razão primeira e única das coisas”. (p.55)
38. Mas além da definição etimológica, há uma outra: “a filosofia é a arte das artes, e a disciplina das disciplinas”, isto é, o conhecimento pelo qual todas as artes e disciplinas se espelham. (p.56)
39. Por fim, sabemos que a filosofia possui [célebre] divisão em teoria, prática, mecânica e lógica, sendo que estas quatro disciplinas inserem em si todo o conhecimento. (p.57)
40. A matemática é chamada de ciência doutrinária. Esta disciplina, aliás, é a que ocupa da quantidade abstrata, ou melhor, o que é conhecido somente pelo raciocínio, pela separação do intelecto da matéria, e por outros acidentes, como se dá com o conceito de par, ímpar e outros abstratos. (p.60)
41. A primeira progressão da alma é a seguinte: ela parte de sua essência simples, a unidade figurativamente entendida como mônada, e vai até ao virtual ternário. (p.63)
 42. Não podemos dizer que a razão, a ira o as concupiscências sozinhas correspondam a um terço da alma [porque nenhuma delas é menor do que a alma, tomada em sentido integral]: a razão não é diferente nem menor do que a alma; a ira não é diferente nem menor do que a alma; concupiscência não é diferente nem menor do que a alma. (p.64)
43. A imaginação é a memória dos sentidos, oriundas imagens dos próprios corpos físicos [que impressionam a sensibilidade], ficando impressas na mente, sendo que ela por si não possui nenhum princípio certo. Já a sensação é a impressão da alma no corpo, feita pelas qualidades e pelos acidentes externos. (p.67)
44. A segunda espécie de multidão, e cuja quantidade plúrima é relativa a outra coisa, é dada à música. A geometria possui, como seu objeto próprio, a terceira espécie de multidão, isto é, a grandeza das coisas imóveis [que no exemplo dado, a terra, trata da medição por figuras geométricas]. E a ciência das coisas móveis, por último, é reivindicada pela astronomia, isto é, a quarta espécie de multidão. Portanto, podemos dizer que a matemática divide-se em aritmética, música, geometria e astronomia. (p.69)
45. A palavra grega “ars” em latim significa “virtude”; o termo “ritmo” significa “número”. Por isto, a palavra “aritmética” significa “virtude dos números”. (p.70)
 46. A música assumiu seu nome em vista da água, porque não há qualquer eufonia – isto é, boa sonoridade – sem a presença da umidade. (p.71)
46. A geometria é interpretada como medida da terra, sendo primeiro descoberta pelos egípcios. (p.72)
47. Ainda que todas as Artes tendam para uma única finalidade dada pela filosofia, é certo que elas não se utilizam de um mesmo caminho para tanto, posto agirem por meio de suas considerações singulares e próprias, e pelas quais, aliás, uma se diferencia de outra. (p.81)
48. Além disto, não podemos nos esquecer de que somente a física estuda diretamente as coisas, enquanto todas as demais [ciências] se debruçam sobre os conceitos das coisas. A lógica, por exemplo, trata dos conceitos por uma construção feita pelas categorias ou predicamentos, e a matemática o faz por uma composição integral. (p.82)
49. Logo, a sapiência, por seus próprios méritos, pode ser denominada por essas três partes: a intelectível (Deus), a inteligível (alma) e a natural (corpo), mas também é congruente atribuirmos à sapiência as três disciplinas restantes – a ética, a mecânica e a lógica. (p.84)
50. A conclusão é simples: a filosofia solitária cabe aos indivíduos; a privada, aos pais de família; a política, aos administradores das cidades. (p.86)
51. Atribui- se o nome de “moral” à filosofia pela qual se deseja a condução da vida, conforme os costumes honestos, sendo a tendência dos atos antecedida da instituição das virtudes. (p.86)
52. A ciência de lã contém em si todas as formas de tecer, de costurar, de fiar: tanto pelas mãos do tecelão, como por meio de agulha, fuso, sovela, lançadeira, pente, tear, calimistro, rolo ou qualquer outro instrumento que sirva para as finalidades assemelhadas a estes citados. (p.89)
52. Também não podemos nos esquecer de ser parte do ofício do artesão, mestre desta ciência, o tecer palha para a feitura de chapéus e cestos pelos homens. (p.89)
53. A segunda ciência que exporemos é a das armas. Algumas vezes, chamamos de armas qualquer instrumento (ainda que não fabricado estritamente para a guerra), e isto ocorre ao falarmos de “armas de guerra”, “armas náuticas” – instrumentos que estão na guerra e nas naus. (p.90)
54. Quando tratamos da navegação, levamos em conta toda negociação: lucro, venda, troca de mercadorias domésticas ou estrangeiras. É certíssimo que esta arte pode ser concebida como uma retórica sui generis, porque a eloquência é maximamente necessária para esta profissão. (92)
55. A medicina divide-se também em duas: a medicina das ocasiões (fatores determinantes da saúde e da doença) e a das operações. (p.97)
56. Alguns dizem não ser a gramática uma parte da filosofia, mas mero apêndice ou instrumento dela. Contudo Boécio ensinou, na teoria da argumentação, que ela é parte, e também instrumento da filosofia, como se fosse um órgão instrumental do nosso corpo. (p.100)
57. A gramática trata especialmente das palavras, isto é, da invenção delas, a sua formação a sua composição, a sua inflexão e a sua prolação, sendo o resto tema da pronúncia. A razão da argumentação trata das palavras segundo conceitos. (p.100)
 58. A gramática divide-se em letra, sílaba, palavra e frase. E, em outras palavras, a gramática é dividida em letras, isto é, os caracteres com os quais se escreve; e também em sons, os elementos pelos quais os caracteres são pronunciados. (p.101)
59. A teoria da argumentação possui, como suas partes integrais, a invenção e o juízo; e, como partes divididas, a demonstração, o provável e a sofística. A demonstração se constrói com argumentos necessários e pertence aos filósofos; o provável, os dialéticos e aos oradores; a sofística, aos sofistas e aos zombadores. (p.102)
60. Como citado, o provável divide-se em dialética e em retórica, possuindo, ambas, como suas partes integrais, a invenção e o juízo. (p.102)
61. A gramática é a ciência de falar sem vícios; a dialética é a disputa aguda, devendo distinguir o verdadeiro do falso. A retórica, por fim, é a disciplina da persuasão acerca de tudo que for idôneo. (p.104)
62. A filosofia divide-se em teórica, prática mecânica e lógica. A teórica – em teologia, física e matemática. A matemática. – em aritmética, música, geometria e astronomia. A prática em – em solitária, privada e pública. (p.107)
63. Pitágoras de Samos foi o descobridor da matemática, tendo sido escrita e exposta por Nicômaco; entre os latinos, primeiro foi traduzido por Apuleio e, depois, por Boécio. Neste ponto, também Pitágoras também escreveu seu matentetrade, isto é, um livro sobre a doutrina do quadrivium, estabelecendo para a letra “y” a semelhança à vida humana. (p.108)
64. O inventor da Ética foi Sócrates, que escreveu vinte e quatro livros sobre a justiça positiva Em seguida seu discípulo Platão compôs vários dos seus livros Sobre a República, tratando especialmente de duas justiças: a natural e a positiva. Cícero organizou em língua latina vários livros também com o mesmo título: Sobre a república. Por fim, o filósofo Fronto escreveu o livro Strantegematon, isto é, sobre a arte militar. (p.109)
65. O Egito é a mãe das artes, porque dela elas foram para a Grécia e, depois, para a Itália. Foi no Egito, nos tempos de Osíris, marido de Ísis, que se iniciou a gramática, bem como este paísé o berço primeiro da dialética, desenvolvida por Parmênides que fugiu das cidades e da multidão, passando a habitar em rochedo e ali ficou por muito tempo. Por isto é que tal rochedo foi chamado de “monte de Parmênides”. Platão, após a morte de seu mestre Sócrates, emigrou para o Egito por seu amor à sabedoria. (p. 111)
66. As sete artes são como instrumento e treinamentos, pelos quais se prepara um caminho para o espírito alcançar o conhecimento da verdade filosófica. O nome dado a elas é “trivium” e “quadrivium”, sendo que é justamente por meio delas (como se fossem caminhos) que o espírito vivo penetra nos segredos da Sabedoria. (p. 113)
67. Nos tempos antigos, não era possível de se ver uma só pessoa, sendo incapaz de ensinar as sete artes liberais, como digna de ser chamada de “mestre”. Lemos, por exemplo, que Pitágoras tinha o seguinte costume, entre seus discípulos: até que eles completassem sete anos de estudos – número, evidentemente, correspondendo às sete artes liberais -, nenhum deles podia perguntar ao mestre qualquer coisa sobre o tema ensinado. Pelo contrário, durante as aulas, tinham de crer nas lições proferidas pelo tempo necessário para ouvir todas elas, de maneira que se tornassem, no fim do curso, capazes por si mesmos de solucionar as eventuais dúvidas. (p. 113)
68. Alguns sábios dedicaram-se tanto ao estudo das sete artes liberais que as continham totalmente na memória. (p. 114) 
69. As artes são subordinadas à filosofia, ou seja, possuem a matéria relacionada a uma parte determinada da filosofia, como a gramática, a dialética, e outras desta espécie. Os complementos das artes apenas observam [ou melhor, seguem] a filosofia, e por isto, possuem especialmente um conteúdo diferente do da filosofia. (p. 115)
70. As artes, ainda que sem os dois apêndices, podem levar os seus alunos a perfeição, mas [a recíproca não é verdadeira] os complementos os apêndices, sem as artes, não valem para conferir qualquer grau de perfeição, principalmente porque eles nada possuem de desejável para o interesse do estudante. (p. 116)
71. Portanto, o fundamento de toda a doutrina se encontra nas sete artes liberais, e justamente por isto devem estar à mão dos homens, antes de todas as outras. Sem elas a disciplina filosófica não é capaz de nada explicar ou definir, sendo que elas necessitam aproximarem-se mútua e continuamente entre si, de modo que, faltando uma delas, não será possível que se forme um filósofo completo, isto é, não há sábio de uma arte só. (p. 117)
72. Em qualquer conhecimento, portanto, devemos discernir dois diferentes pontos: o primeiro, o de como devemos agir no desenvolvimento e na execução de uma determinada arte; o segundo, o de como é possível aplicarmos os fundamentos próprios de uma arte em outras. (p. 118)
73. Portanto, quando lidamos com qualquer arte, principalmente enquanto a estamos ensinando, é preciso que reduzamos todos os conceitos [pertinentes] em um único compêndio, de modo que a sua exposição do conteúdo deva se realizar por um modo mais fácil. (p. 119)
74. São dois, os mecanismos que executam o engenho: leitura e meditação. A leitura se relaciona com os caracteres escritos, sendo por eles que nos informamos de nossas regras e princípios. Há três gêneros de leitura: a do professor, a do aluno e a de quem consegue aprender sozinho. (p. 122)
75. CONSIDEREMOS A ORDEM DA LEITURA dos seguintes modos: primeiro, na própria disciplina – quando dissemos que a gramática é mais antiga do que a dialética, e a aritmética vem antes da música; segundo, nos próprios livros – ao informarmos que as Catilinárias vieram antes das Guerras Iugurtinas; e, terceiro, na narração de uma série contínua, ou na exposição de outros textos. (p. 123)
76. O MODO DE LER SE FIA PELA DIVISÃO. Toda divisão começa pelas coisas finitas e progride para as infinitas. Ora, como toda coisa finita é mais conhecida e compreendida pela ciência, o aprendizado se inicia pelos objetos mais conhecidos, posto que é pelo conhecimento deles que alcançamos a sua razão, antes oculta. (p. 124)
77. A meditação, portanto [amparada inicialmente na leitura] afasta maximamente nossa alma do mundo estrépito, isto é, aquele direcionado pelas coisas terrenas. Ela nos faz gozar com antecedência – ainda nesta vida – da doçura da paz eterna. (p. 125)
78. Três, são os gêneros da meditação. O primeiro se concretiza na instrução de nossos costumes (ou hábitos); o segundo, na perscrutação dos mandamentos; o terceiro, na investigação das obras divinas. (p. 126)
79. CONSIDERADO, NESTE MOMENTO, que não pode ser de nenhum modo deixada de lado a seguinte observação sobre a memória: como o engenho humano investiga e descobre as coisas, dividindo-as; a memória as guarda, computando-as [e aplicando-as por seus resumos]. (p. 127)
80. Portanto, devemos, para toda doutrina estudada, estabelecer um resumo breve e certo, feito com os arquivos da memória. Assim, quando outras coisas forem visadas, por meio da memória, elas derivarão deste resumo. É sempre necessário repetirmos o resumo, tirando-o do ventre da memória, para que seja novamente chamado de volta para o paladar, e não desapareça, devido a tão longa ausência. (p. 127-128)
81. O conhecimento, maculado por uma vida impudica, não é objeto de louvores. Portanto, o homem que busca a ciência deve vigorosamente evitar [lapsos em sua correta escolha], para que não negligencie a disciplina. (p. 129)
82. A HUMILDADE É O INÍCIO DA DISCIPLINA [moral], e há muitos documentos sobre ela. Os três princípios que seguem pertencem ao aprendizado da humildade: primeiro, que nenhuma ciência e nenhum escrito devem ser considerados vis; segundo: que ninguém deve ter vergonha de aprender; terceiro, quando se alcança a sabedoria não se deve desprezar os outros. (p. 130)
83. Portanto, [os verdadeiros] estudantes repetem o dito platônico: “Mais me inclino em aprender com modéstia, o conhecimento de outras pessoas do que inserir impudicamente [isto é, de coagi-las a aprenderem] os meus conhecimentos”. (p. 131)
84. Não qualifiques qualquer conhecimento de vil [ou inútil], porque toda ciência é boa [de algum modo]. Se te deparas com um tempo livre, não deixeis de, pelo menos, leu um escrito qualquer, porque se não lucrares com tais palavras ao menos nada irás perder. (p. 132)
85. Então, sei que tu podes ver quão necessária é esta humildade, para que não desprezes qualquer conhecimento, aprendo todos eles com prazer. E assim, deves também procurar, enquanto iniciares o aprendizado de uma ciência, não desprezar as outras. Este, aliás, é o vício da vaidade, presente em pessoas que excessivamente valorizam sua própria ciência, de modo que, como, para si mesmas, parecem ter alcançado uma posição [intelectual ou social superior], julgam [inferiores] as outras que não possuem tal conhecimento, e por isto, não são nem podem ser como elas. (p. 133)
86. Quase todas as virtudes do corpo mudam com a velhice, mas somente a sabedoria aumenta com o tempo. Ora, enquanto a virtude da sabedoria cresce, todas as outras decrescem! (p. 137)
87. O SILÊNCIO DA VIDA É INTERIOR E EXTERIOR. O silêncio interior é o responsável para que nossa mente não se conduza por pensamentos ilícitos; e o exterior, para que o ócio e as oportunidades nos deem condições para que desenvolvamos estudos honestos e úteis. Ambos os silêncios pertencem à disciplina [moral]. (p. 140)
88. A INVESTIGAÇÃO SE REFERE AO EXERCÍCIO, isto é, por um certo modo, à próprio meditação. (p. 141)
89. Existem algumas pessoas que pensam em um significado para o corpo humano. Este significado se dá por meio da cátedra da filosofia: a alma racional presidindo-o, e a execução [do corpo, na manutenção da vida], dependendo de quatro [secretários], isto é, quatro elementos que o compõem. (p.142)
90. Os discursos dos filósofos são como muros de barro [belamente] rebocados: o esplendor externo (a forma) do discurso é maravilhoso, de modo que, se algumas vezes apresentam um verniz de verdade, também se misturam com falsidades. Assim, o filósofo opera sobre o barro do erro, cobrindo-ocom uma espécie de pintura. (p. 147)
91. NÃO DEVE SER ONEROSO ou cansativo ao leitor o fato de tratarmos de tamanha variedade e multiplicidade de temas sobre o número, a ordem e as palavras das Sagradas Escrituras, porque é comum acontecer do desconhecimento destas coisas básicas obscurecer o conhecimento das maiores e mais úteis. (p. 181)
92. ANTES DE TODOS os estudos sobre Sagradas Escrituras, devemos nos atentar ao fato da escritura divina ser conhecida por três modos: a interpretação histórica, a alegórica e a tropológica. (p. 182)
93. Toda a Sagrada Escritura, portanto, teve suas partes admiravelmente adaptadas e dispostas com conveniência pela sabedoria de Deus, sendo que qualquer palavra pertence a ela e tudo que fique próximo dela ressoem a suavidade da inteligência espiritual, como as coradas [da cítara fazem ressoar a harmonia da música]. (p. 183)
94. O filósofo somente conhece o significado das palavras. Mas o significado das coisas é muito mais excelente do que o das palavras, e isto por várias razões: o significado das palavras é instituído pelo uso; e o das coisas, pela natureza. (p. 184)
95. A razão da mente é a palavra interior, exposta pelo som da voz, isto é, a palavra manifestada. E a sabedoria divina que o Pai emitiu do seu coração, invisível em si, é conhecida pelas criaturas e nas criaturas. (p. 184)
96. Por esta leitura, deduzimos sem dúvidas quão profunda inteligência deve ser requerida, nas Sagradas Escrituras, nas quais se alcança o conceito pela palavra; a coisa, pelo conceito; a razão, pela coisa; e, por fim, a verdade, pela razão. (p. 184)
97. Ora, é mais fácil compreendermos o que devemos fazer se antes reconhecemos o contrário, isto é, como não devemos agir. Eis que, primeiro, devemos ser instruídos sobre o que deve ser evitado, para apenas depois informados de como devemos agir concretizar uma nação correta. (p. 191)
98. Todavia, devemos saber que, em qualquer esforço humano, dois elementos são necessários: primeiro, a sua finalidade – a obra; segundo, o seu motivo – a razão da obra. Estes dois elementos são conexos entre si porque um deles sem o outro ou torna-se inútil ou menos eficaz. (p. 192)
99. Há três coisas principalmente obstam os estudos dos homens: a negligência, a imprudência e a fortuna. A negligência ocorre quando deixamos de lado ou simplesmente aprendemos com menos empenho temas que devem conhecidos. A imprudência, quando não nos servimos de modo coerente com o que já aprendemos. A fortuna, nos eventos [presentes em nossa vida] gerados por acaso ou naturalmente. (p. 193)
100. Nada deve ser desejado sem causa, nem nos pode trazer desejos o que não nos promete uma futura utilidade. O fruto da leitura divina é dúplice, porque ou pelo conhecimento preenche a mente a mente, ou adorna-nos pelos costumes. (p. 194)
101. É claro que, embora eu saiba mais valer ser justo do que sábio, há vários estudiosos buscando menos a virtude e mais o conhecimento do estudo [formal] da Sagrada Leitura. (p. 194)
102. Quem procura nas Sagradas Escrituras o conhecimento da virtude, isto é, as melhores regras para viver, deve mais se ater aos livros que nos persuadem a desprezar as coisas mundanas, e direcionam a alma para o amor ao Criador. (p.195) 
103. Este verdadeiro conhecimento é instituído por dois modos, a saber, pelo exemplo e pela doutrina. A instituição pelo exemplo ocorre quando lemos os atos dos santos; e, pela doutrina, quando aprendemos os elementos pertencentes à nossa disciplina – as regras do bem viver – nas sentenças dos santos. (p.195)
104. Devemos antes de tudo considerar que a leitura costuma causar fastio e afligir o espírito por dois modos: pela qualidade, caso seja mais obscura; pela quantidade, mostrando-se mais prolixa. (p.198)
105. Há pessoas que desejam ler todas as coisas, mas tu não deves desejar competir, e sim contentar-te. Também não deve ficar consternado, caso não leres todos os livros, isto porque o número deles é infinito: não queiras tu buscar o infinito. Onde não há um fim, não pode existir descanso, não pode existir paz; onde não há paz, Deus não pode habitar. (p.198)
106. Há Quatro Graus nos quais a vida dos justos se apoia, sendo por alguns destes “degraus” que nos elevamos à perfeição da vida futura: a leitura ou estudo da doutrina; a meditação; a oração; e a operação. (p.201)
107. Portanto, se já és capaz de ler e possui conhecimento, e já sabes o que deves ser feito, temos o começo do bem, mas não basta esta condição para ti, porque ainda não és perfeito. (p.202)
108. Por outro lado, ainda que a inteligência do homem, sem o auxílio divino, seja fraca e ineficaz, deves te levantar para a oração e pedires ajuda a Deus, porque sem esta inteligência não serás capaz de fazer qualquer bem e, de fato, a própria Graça que iluminou ao te acompanhar deve dirigir os teus pés no caminho da paz, e o que somente está na vontade conduz o efeito da boa obra. (p.202)
109. Duas coisas proponho a Ti, Leitor: a ordem e o modo. Quando buscares com diligência utilizar destes dois instrumentos, o caminho da leitura facilmente te será aberto. (p.207) 
110. Não tenho dúvidas de que, para entender a doutrina, é necessário, antes de tudo, aprender a história, a verdade sobre as causas dos fatos históricos. Deve estudar traçando um entendimento do princípio ao fim; e, com isto, respondendo aos questionamentos fundamentais da história: o que, quando, onde e por quem os fatos históricos foram feitos, direcionando-os diligentemente na memória. (p.209)
111. E não há qualquer inconveniente na utilização de um significado mais amplo da palavra “história”, não apenas relacionando-a à narração de fatos, mas tendo em conta também o primeiro significado de toda narração, expressa em conformidade com a propriedade das próprias palavras. (p. 211)
112. DEPOIS DE SE ESTUDAR A HISTÓRIA, passamos a investigar os mistérios das alegorias. De pronto, não penso tratar-se de um estudo a ser empreendido para minha exortação, já que a própria coisa parece ser digna por si. (p. 215)
113. Quero que tu saibas, leitor, que este estudo exige não sentidos lentos e estúpidos, mas mentes maduras, as quais, tendo a sutileza na arte de investigar, não perdem a prudência na arte de aprender. (p. 215)
114. Não devemos reservar pela leitura uma mesma ordem nos livros históricos e nos alegóricos. A ordem do tempo é seguida pela história; enquanto a ordem do conhecimento é mais pertinente à alegórica, já que, como acima foi dito, nunca a doutrina deve ter seu início nas coisas obscuras, mas sim nas claras, e naquelas mais conhecidas. (p. 224)
115. ESTUDAR A ORDEM DA NARRAÇÃO nos leva a considerar com máxima consideração que o texto da página divina nem sempre se serve de uma ordem contínua e natural de narrar, porque não são poucas as vezes em que o texto bíblico coloca as coisas posteriores antes das anteriores, como ocorre, por exemplo ao vermos, pelo que enumeramos, o recuo de um discurso, em que a narração subsequente volta-se de súbito a fatos anteriores. (p. 227)
116. A exposição contém três elementos: letra, sentido e sentença. A letra está presente em toda narração, pois as vozes são propriamente letras; já quanto ao sentido e à sentença, não os encontramos simultaneamente em qualquer narrativa. (p. 228)
117. Às vezes a letra é perfeita, quando, pelo significado direto do que é dito, nada é preciso somar ou diminuir do que foi por ela posto, como, por exemplo, “toda sabedoria vem do senhor Deus”. (p. 229)
118. A SENTENÇA NUNCA É ABSURDA, nunca pode ser falsa, mais, quando tomada pela interpretação humana, pode gerar vários sentidos contrários, nada obstante não admitir contradição, sendo sempre coerente e voraz. (p. 234)
119. “Quando lemos os livros divinos, deparando-nos com tamanha multidão de conceitos verdadeiros jorrando de poucas palavras e munidos dos conceitos da fé católica, temos de especialmente nos conduzir para que nos parece ser o sentido mais certo dado ao texto por seu autor. (p. 234)
120. “Já sobre as coisas obscuras e mui distantes de nossos olhos, se estivermos lendoescritos divinos, os quais, salva a fé, podem nos direcionar para outras interpretações, não devemos nos abandonar em quaisquer opiniões precipitadas”. (p. 235) 
121. A meditação é uma prática imensamente sutil, que instrui os iniciantes e exercita os avançados, mas ainda não foi explicitada por escrito, portanto cabe ser buscada mais amplamente [em futuros estudos]. (p. 237)
122. HÁ TRÊS MOTORES QUE REGEM A FILOSOFIA: a sabedoria, a virtude e a necessidade. (p. 239)
123. Podemos dizer que estes três são remédios respectivamente para três males que sujeitam a vida do homem: a sabedoria é remédio contra a ignorância; a virtude, contra o vício; a necessidade, contra a enfermidade. Para que possamos extirpar estes três males são elencados os três remédios citados, mas, para obtê-los, foram inventados todas as artes e todas as disciplinas. (p. 239)
124. A teórica dividi-se em teologia, física, matemática. A teologia trata das substâncias invisíveis; a física, das causas invisíveis das coisas visíveis; a matemática, das formas visíveis das coisas visíveis. (p. 240)
125. ACREDITA-SE TER SIDO ZOROASTRO o primeiro criador da magia. A magia não é recebida na filosofia, mas está bem fora dela, considerada falsa por profissão. (p. 242)
126. A magia geralmente aceita cinco espécies de malefícios: o primeiro é a mântica, que significa divinação, seguido pela matemática vã, pelos sortilégios, pelos malefícios e pela prestidigitação. (p.242) 
 
MOREIRA, Dorosnil Alves. org.: Ética, Educação, Universidade, Sociedade. 1º edição. Ed. Expressão Popular. São Paulo. 2007
1. É necessário que a universidade eleja o homem amazônida como centro de suas atenções e priorize energias em programas de organização social e de geração de emprego e renda, permitindo a utilização racional e sustentável da biodiversidade e dos recursos não renováveis. (p. 11)
2. As possibilidades de interação social fazem sentido quando operacionalizamos ideias e utopias em ações no âmbito local; isso implica dizer que as articulações necessárias para interligar matrizes institucionais e agentes sociais exigem conhecimento acerca dos interessados no desenvolvimento social a médio e longo prazo. (p. 11-12)
3. Percebermos a importância em superar muitos dos “delírios e viagens acadêmicas”, além das “mastigações teóricas” e fixarmos o olhar para o texto e o contexto, com atenção e “paciência histórica”. (p.12)
4. Constatamos que nossa ação torna-se relevante quando, agindo no local, pensamos sempre de maneira global, para não perder de vista os efeitos das relações assimétricas, de supremacia, hegemônica e transnacional em movimento crescente. (p. 13)
5. O que importa é o ser humano e sua relação local. Observar singularidades produtoras de tensões e conflitos sociais obriga-nos a olhar com atenção para o local, com pensamento contextualizado no tempo e espaço, numa dimensão global, pois a mundialização dos povos atinge sua radicalização no fenômeno da globalização. (p.14)
6. Daí a importância da reflexão acerca das necessidades do local, quais sejam: profissionais formados para educação, saúde, planejamento, administração, comunicação para atender às zonas urbanas, rurais e área ribeirinha; técnicas, instrumentos e procedimento de organização social da cidade. (p.16)
7. Entretanto, registramos o nível de consciência política e capacidade administrativa da cidade fragilizada, o que sinalizava os limites da educação e da presença da universidade na cidade, merecendo um estudo específico. (p.18)
8. É possível responder as potencialidades sociais articulando as potencialidades dispersas da região no local com fundamento ético. (p. 19)
9. Responder as necessidades sociais implica em articular o sujeito e interesses, desejos e potencialidades, relacionadas às diversas teorias, para melhor compreender os problemas da prática da vida. (p. 21)
10. Enfatizamos a força da educação e da necessidade de organização social. (p. 28)
11. Na filosofia moderna, o iluminismo procurou um fundamento imanente ao conhecimento e ao agir. (p. 32)
12. A autonomia individual, garantida pela razão, e seguida pelo rigor indutivo pode alcançar a generalidade. (p. 33)
13. A psicologia, sociologia e economia são ciências sociais, não porque abre as mentes e as libertam da superstição, como definiram os empiristas do século 18 e 19, mas, muito mais porque descobrem novas possibilidades de construir a vida humana justa para todos. (p. 37)
14. Um dos grandes desafios da pesquisa em educação esbarra no fato de cada ciência constituir-se de objetos, métodos, técnicas e instrumentos de pesquisas científicas. (p. 39)
15. A separação radical da ciência da política e do conhecimento da ação constituiu-se em pressuposto da neutralidade científica. (p. 45)
16. A educação, na condição de ciência em processo de consolidação busca o apoio na história, na geografia, na sociologia, na política, na economia, na biologia e em outras ciências consolidadas. (p. 47)
17. Não há mais como negar, hoje, a amplitude que enfrentamos. (p. 51)
18. Os mecanismos de mercado são simplesmente insuficientes. (p. 53)
19. Não só precisamos olhar para as dinâmicas sociais de maneira mais profunda, como temor de voltar a dar uma importância central para a organização de processos decisórios participativos. (p. 56)
20. Os países em desenvolvi mente são mais pobres não só porque têm menos recuros, mas porque há um hiato em conhecimento. (p. 67)
21. Adotar medidas que nos permitam acompanhar o processo real da sociedade e do planeta é necessário, mas não suficiente. Temos de assegurar que a sociedade tenha mais possibilidade de cobrar os resultados. (p. 76)
22. Mas nenhum país se estabiliza quando deixa de lado uma imensa massa de pobres, e dilapida os seus recursos. (p. 81)
23. A ausência de balizas morais e éticas consistentes e a toda esperança de que tal ausência pudesse ser utopia com altas doses de conhecimento técnico têm custado caro à academia, não apenas futuramente falando, mas materialmente também. (p. 84)
24. É uma enorme tolice achar que o conhecimento adquirido em uma pós-graduação, é isento de responsabilidade. (p. 85)
25. E, onde está a forma na academia? Não está na moral e na ética: esta na chamada "metodologia científica". (p. 96)
26. O ambiente desmoralizado e aético de muitas pós-graduações com programas despreocupados com as questões do tipo "que se aceitam" e "que não se aceitam", têm endossado uma série de práticas pouco recomendadas que tenham indeferido na diretamente na formação dos alunos. (p. 98)
27. Na verdade, docentes que costumam defender e praticar essa despreocupação com a moral e ética parecem ter suas conveniências pessoais sempre no comando das coisas e continuarão sendo por elas comandadas. (p. 106)
28. O pedagogo tem um campo de atuação bastante ampla, e que vem, ao contrário dos prognósticos de dez anos atrás, se alargando e se firmando no cenário nacional. (p. 111)
29. Uma proposta pedagógica deve ser iniciada imediatamente, atreves da reunião de pessoas interessadas em debater e se posicionar politicamente a favor de um determinado perfil de curso. (p. 114)
30. Nosso interesse foi estabelecer vinculações históricas e conjunturais com as políticas públicas e reformas aplicadas na Unir e compreender a trajetória, modelos, crises, e ajustes da instituição universitária e políticas públicas de expansão. (p. 119)
31. Os desafios e enfrentamentos da Unir na sua constituição em uma universidade multicampi nos retém às experiências, trajetórias e práticas da universidade. (p. 120)
32. Nessa localidade, as presenças constantes de pesquisadores de universidades nacionais e internacionais colaboram para a consolidação do campu universitário em suas atividades de ensino, pesquisa e de extensão. (p. 122)
33. A condição de universidade periférica pode proporcionar a vantagem da proximidade das pessoas, do fenômeno da solidariedade e da prática da sociedade. (p. 123)
34. A função social das instituições sociais deve corresponde às necessidades sociais. Afunção social da universidade tem o desafio de conscientizar e preparar a sociedade para a autonomia, a democracia, a liberdade, a justiça, numa expressão, para a inclusão social. (p.125)
35. A participação acadêmica e o envolvimento político dos dirigentes da instituição na vida política das cidades resultam em iniciativas que valorizam a formação docente e os investimentos municipais e estaduais. (p. 127)
36. A responsabilidade da universidade aumenta na medida em que ela aparece como esperança para a comunidade local. (p. 129)
37. Nesse processo, a universidade não é a única, mas constitui-se em campo privilegiado de descoberta, invenções, aprimoramento e articulação das potencialidades humanas na direção de sujeitos interessados na vida em comum e inclinados a viverem em companhia dos outros – desafio transponível a partir do aprimoramento da educação, da sociabilidade e do compromisso ético. (p.132)
38. As universidades e a nossa base científica, em crise de sustentação financeira, careciam de desenvolvimento tecnológico e estavam distantes do setor empresarial, este também bastante acomodado e afastado das relações internacionais. (p. 138) 
39. A tendência é cada dia mais as massas intervirem no processo de desenvolvimento, essa é a tendência geral. À medida que vão tomando consciência social, né? As massas vão intervindo no processo, e eu hoje sinto que o país está vivendo um processo de desenvolvimento lento. (p. 156)
40. Qual é o principal problema do planeta?
O desemprego é o principal. Na conjuntura atual é lutar contra o desemprego. Como? Formando quadros, vou identificar com as massas excluídas as possibilidades de geram emprego e renda. (p. 165)
41. A cultura local gera reprodução e resistência que, vencidas por meio de experiências, nos possibilitam a atenção para a materialização do discurso do cuidado, da proteção e da solidariedade em realidades includentes. (p. 192) 
DURKEIM, Émile. A Educação como Processo Socializador: Função Homogeneizadora e Função Diferenciadora - Luiz Pereira; Marialice M. Foracchi. Educação e Sociedade
 1. A palavra educação tem sido muitas vezes empregada em sentido demasiadamente amplo, para designar o conjunto de influências que, sobre a nossa inteligência ou sobre a nossa vontade, exercem os outros homens, ou, em seu conjunto, realiza a natureza. (p.34)
2. Segundo Kant, “o fim da educação é desenvolver, em cada indivíduo, toda a perfeição de que ele seja capaz”. (p.35)
3. Não podemos, nem nos devemos dedicar, todos, ao mesmo gênero de vida; temos, segundo nossas aptidões, diferentes funções a preencher, e será preciso que nos coloquemos em harmonia com o trabalho que nos incube. Nem todos somos feitos para refletir; e será preciso que se haja sempre homens de sensibilidade e homens de ação. (p.35)
4. Um espírito cultivado preferirá não viver a renunciar aos prazeres da inteligência. O que, ontem, achávamos suficiente, hoje nos parece abaixo da dignidade humana; e tudo faz crer que nossas exigências serão sempre crescentes. (p.36)
5. A educação tem variado infinitivamente, co o tempo e o meio. Nas cidades gregas e latinas, a educação conduzia o indivíduo a subordinar-se cegamente à coletividade, a tornar-se uma coisa da sociedade. (p.36)
6. O postulado tão contestável de uma educação ideal conduz a erro ainda mais grave. Se se começa a indagar qual deva ser a educação ideal, abstração feita das condições de tempo e de lugar, é porque se admite, implicitamente, que os sistemas educativos nada têm de real a si mesmos. (p.37)
7. Na verdade, porém, cada sociedade considerada em momento determinado de seu desenvolvimento, possui um sistema de educação que se impõe aos indivíduos de modo geralmente irresistível. É uma ilusão acreditar que podemos educar nossos filhos como queremos. Há costumes com relação aos quais somos obrigados a nos conformar; se os desrespeitamos, muito gravemente, eles se vingarão em nossos filhos. (p. 38)
8. Quando se estuda historicamente a maneira pela qual se formaram e se desenvolveram os sistemas de educação, percebe-se que eles dependem da religião, da organização política, do grau de desenvolvimento das ciências, do estado das indústrias, etc. (p. 38)
9. Para definir educação, será preciso, pois, considerar os sistemas educativos que ora existem, ou tenham existido, compará-los, e aprender deles os caracteres comuns. O conjunto desses caracteres constituirá a definição que procuramos. (p. 39)
10. Não existe sociedade na qual o sistema de educação não apresente o duplo aspecto: o de ser, ao mesmo tempo, uno e múltiplo. (p. 39)
11. A educação varia de uma casta a outra; a dos “patrícios” não era a dos plebeus; a dos brâmanes não era a dos sudras. Da mesma forma, na Idade Média, que diferença de cultura entre o pajem, instruído em todos os segredos da cavalaria, e o vilão, que ia aprender na escola da paróquia, quando aprendia, parcas noções de cálculo, canto e gramática. (p. 40)
12. A da cidade não é a do campo, a do burguês não é a do operário. (p. 40)
13. Para encontrar um tipo de educação absolutamente homogêneo e igualitário, seria preciso remontar até às sociedades pré-históricas, no seio das quais não existisse nenhuma diferenciação. (p. 40)
14. Mesmo onde a sociedade esteja dividida em castas fechadas, há sempre uma religião comum a todas e, por conseguinte, princípios de cultura religiosa fundamentais, que serão os mesmos para toda gente. (p. 41)
15. A sociedade não poderia existir sem que houvesse em seus membros certa homogeneidade: a educação perpetua e reforça essa homogeneidade, fixando de antemão na alma de criança certas similitudes essenciais, reclamadas pela vida coletiva. (p. 42)
16. A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que a criança particularmente, se destine. (p. 42)
17. A sociedade se encontra, a cada nova geração, como que em face de uma tabula rasa, sobre a qual é preciso construir quase tudo novo. É preciso que, pelos meios mais rápidos, ela agregue as ser egoísta e a-social, que acaba de nascer, uma natureza de vida moral e social. Eis aí, a obra da educação. (p. 43)
18. è preciso saber, por exemplo, que vantagens duma sólida cultura intelectual nem sempre foram reconhecidas por todos os povos. A ciência, o espírito crítico, que hoje tão alto colocamos, durante muito tempo foram tidos como perigosos. (p. 45)
19. Os homens não desejam a ciência senão na medida em que a experiência lhes tenha demonstrado que não podem passar sem ela. (p. 45)
20. Se os indivíduos só agem segundo as necessidades sociais, parece que a sociedade impõe aos homens insuportável tirania. Porém, eles mesmos são interessados nessa submissão; porque o novo ser que a ação coletiva, por intermédio da educação, assim edifica, em cada um de nós, representa o que há de melhor no homem, o que há em nós de propriamente humano. (p. 46)
21. É a sociedade que nos lança fora de nós mesmos, que nos obriga a considerar outros interesses que não os nossos, que nos ensina a dominar as paixões, os instintos, e dar-lhes lei, ensinando-nos o sacrifício, a privação, a subordinação dos nossos fins individuais a outros mais elevados. (p. 46)
22. Do ponto de vista intelectual, não devemos menos à sociedade. É a ciência que elabora as noções cardeais, que dominam o pensamento: a noção de causa, de lei, de espaço, de número; noções de corpo, de vida, de consciência, de sociedade, etc. (p. 47)
23. Desejando melhorar a sociedade, o indivíduo deseja melhorar a si próprio. Por sua vez, a ação exercida pela sociedade, especialmente através da educação, não tem por objeto, ou por efeito, comprimir o individuo. Sem dúvida, o indivíduo não pode engrandecer-se senão pelo próprio esforço. O poder do esforço constitui, precisamente, uma das características essenciais do homem. (p. 48)NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm.1844-1990, Ecce homo. De como a gente torna o que a gente é. Edição comentada. L&PM Pocket, vol. 301: janeiro de 2003. 
1. Os intérpretes de Nietzsche sempre colocaram o filósofo no apogeu de um desenvolvimento, no fim de uma evolução, no auge de um processo histórico. (p.07)
2. Nietzsche viveu sobre a navalha da interpretação. Mal interpretado como filósofo, já em função d seu estilo poético, já devido à exploração de certos aspectos de seu pensamento – malversados pela irmã e pelo nazismo, Nietzsche foi na realidade, um dos críticos mais ferozes da religião, da moral e da tradição filosófica do Ocidente. (p.08)
3. O homem só se salva pela aceitação da finitude, pois assim se converte em dono de seu destino, se liberta do desespero para afirmar-se no gozo e na dor de existir. (p.09)
4. Ao mesmo tempo em que diz que a última dentre as coisas que desejou com sua filosofia foi a de melhorar o mundo, declara que o que mais fez foi derrubar ídolos, macular deuses. (p. 12)
5. Já que a humildade nunca fez parte de sua índole, Nietzsche alerta desde logo que a sua é uma obra das alturas, e que se tem de ir muito alto para alcançá-la. (p. 12)
6. O desequilíbrio entre a grandeza da minha tarefa e a pequenez de meus contemporâneos ficou expresso no fato de que não me ouviram, nem sequer me viram. (p.15)
7. Ouçam-me! Pois eu sou assim e assado. E, acima de tudo, não me confundam! (p. 15)
8. A última coisa que eu haveria de prometer seria “melhorar” a humanidade. (p. 16)
9. A filosofia, assim como a entendi e vivenciei até agora, é a vida espontânea no gelo e nas montanhas mais altas – a procura de tudo que é estranho e duvidoso na existência, de tudo aquilo que até agora foi excomungado pela moral. (p.17)
10. Entre minhas obras o meu Zaraustra ocupa um lugar à parte. Com ele dei à humanidade o maior presente que lhe foi dado até hoje. (p.18)
11. Coisas desse tipo só logram ser alcançadas para os melhores dentre os eleitos; é um privilégio sem igual, poder ser um ouvinte aqui; não é a todos que é dado ter ouvidos para Zaraustra... (p.19)
12. A clareza e a serenidade totais, até mesmo a exuberância do espírito que a obra mencionada à fraqueza psicológica mais profunda, mas inclusive por um excesso de sensações de dor. (p.23)
13. Pois é preciso que se dê atenção a isso: os anos em que minha vitalidade foi mais débil foram os anos em que deixei de ser pessimista: o instinto do auto reestabelecimento me proibiu uma filosofia da miséria e do desânimo... (p.25)
14. Ele adivinha meios curativos contra lesões, ele aproveita acasos desagradáveis em seu próprio favor; o que não acaba com ele, fortalece-o. (p. 26)
. Ele está sempre em sua própria companhia, mesmo que esteja em contato com livros, pessoas ou paisagens: ele honra pelo ato de selecionar, pelo ato de permitir, pelo ato de confiar. (p. 26)
12. Ele não acredita nem no “infortúnio” nem na “culpa”: ele dá conta de si mesmo e dos outros; ele sabe esquecer... Ele é forte o suficiente a ponto de fazer com que tudo tenha de vir para o seu bem... Vá lá, eu sou o antípoda de um decadente: pois acabei de descrever a mim mesmo. (p. 26)
13. Por outro lado talvez eu seja mais alemão do que alguns alemães atuais, do que alguns simples alemães imperiais ainda desejariam ser-eu, o último alemão antipolítico. (p. 27)
14. Pelo menos uma vantagem existia no fato de eu ter nascido naquele dia: meu aniversário foi, durante toda a minha infância, um dia de festa. (p. 28)
15. Quando eu procuro o mais profundo dos antagonismos a mim mesmo, a baixeza incalculável dos instintos, eu sempre encontro minha mãe e minha irmã. (p. 29)
16. O resto é silêncio... Todos os conceitos dominantes a respeito de grau de parentesco são um contrassenso fisiológico que não pode ser superado. (p. 30)
17. Sempre fui capaz de superar o acaso – eu tenho de estar despreparado, para me tornar senhor de mim mesmo. (p. 32)
18. Transformou-se durante esses três dias como se tivesse sedo bafejado pelo furacão da liberdade, como alguém que de repente é elevado à sua altura e então ganha asas. (p. 32)
19. Também me parece que a palavra mais grosseira, a carta mais grosseira, ainda é mais bondosa, mais honesta do que o silêncio. (p. 34)
20. A gente não consegue mais se livrar de nada, a gente não consegue mais dar conta de nada, a gente não consegue mais evitar nada – tudo machuca. (p. 35)
21. “Não é através da hostilidade que se põe um fim à hostilidade, é através da amizade que se põe um fim à hostilidade”: é isso que está no princípio dos ensinamentos de Buda – e assim não fala a moral, assim fala a psicologia. (p. 36)
22. A mulher, por exemplo, é vingativa: isso é condicionado por sua fraqueza tanto quanto pelo seu interesse pela penúria alheia. (p. 37)
23. Eu honro, eu distingo com o fato de unir meu nome a uma coisa, a uma pessoa: contra ou a favor para mim não importa. (p. 39)
24. Isso torna o contato com as pessoas uma prova de paciência nem um pouco desprezível para mim; minha humanidade não consiste em sentir junto com a pessoa como ela é, mas sim em suportar o fato de senti-la. (p. 40)
25. E mesmo assim tenho de aprender a me aproximar de ti de um modo mais humilde: meu coração ainda corre ao teu encontro com demasiada violência. (p. 41)
26. De verdade, nenhum alimento do qual poderão comer os impuros! Eles pensariam estar devorando fogo e queimariam suas bocas. (p. 41)
27. Eu sou curioso por demais, questionável por demais, animado por demais para poder aceitar uma resposta esbofeteada. (p. 43/44)
28. “A única desculpa de Deus é o fato de não existir”... Eu mesmo disse em algum lugar: qual foi a maior objeção à existência feita até hoje? Deus... (p. 53/54)
29. Eu não conheço nenhuma leitura capaz de arrebentar tanto o coração quanto Shakespeare: quanto um homem deve ter sofrido para ter uma tal necessidade de ser bufão! Entende-se o Hamlet! Não é a dúvida é a certeza que enlouquece. (p. 55)
30. E com os diabos, senhores meus críticos! Supondo que eu tivesse batizado o meu Zaratustra com um nome estranho. (p. 56)
31. O mundo é pobre para aquele que jamais foi doente o bastante para essa “volúpia do inferno”: é permitido, é quase imperioso aplicar aqui uma fórmula mística. (p. 59)
32. Não ver, não ouvir, não deixar muita coisa se aproximar – primeira mostra de inteligência, primeira prova do fato de que a gente não é um acaso, mas sim uma necessidade. (p. 61)
33. Expressado moralmente: amor ao próximo, viver para os outros e outras coisas pode ser a medida de defesa para a manutenção do mais duro dos egocentrismos. (p. 63)
34. Eu não quero que nada, nem em seu mais ínfimo aspecto, se torne diferente do que é; eu mesmo não quero ser nada diferente. Mas foi assim que eu sempre vivi. Não tive nenhum desejo. (p. 64)
35. Jamais poderão provar em mim, em qualquer momento de minha vida, qual quer postura arrogante ou patética. (p. 66)
36. Quem não entendeu nada de mim, negou inclusive o fato de considerar minha importância. (p. 71)
37. O que até hoje mais me lisonjeou, dentre todas as coisas que já me aconteceram, é que as velhas mulheres do mercado não ficam em paz antes de terem juntado para mim as mais doces dentre as suas uvas. (p. 73)
38. A gente não deve jamais poupar a si mesmo, a gente tem de ter a dureza entre seus hábitos a fim de poder permanecer alegre e contente em meio a tantas verdades duras. (p. 76)
39. A gente tem de estar firme sobre o seu assento, a gente tem de se sentir bravoso sobre as pernas, caso contrário nem sequer se pode amar. (p. 78)
40. Uma mulher baixa, que vai atrás de sua vingança, seria capaz de passar a perna até mesmo no destino... A mulher é indizivelmente mais má do que o homem, e também mais esperta; a bondade na mulher já é uma espécie de degeneração. (p. 79)
41. A luta por direitos iguais inclusive é um sintoma de doença; qualquer médico sabe disso... A mulher, quanto mais mulher eia é, se defende com unhas e dentes contra todo o tipo de direitos. (p. 79)
42. Um dia o mundo haverá de se referir aos sacerdotes cristãos como uma “espécietraiçoeira de anões”, de “seres subterrâneos”. (p. 83)
43. Todo mundo silencia e na Alemanha me tratam com uma cautela sombria: há anos faço uso de uma liberdade de discurso incondicional, para a qual ninguém, muito menos no “império”, tem mãos livres o bastante. (p. 92)
44. Todos eles ainda acreditam no “ideal”... Eu sou o primeiro imoralista... (p. 93)
45. Quem está em desacordo comigo acerca desse ponto esse eu considero infectado... Mas o mundo inteiro está em desacordo comigo... Para um fisiólogo, tal antinomia de valores não deixa a menor dúvida. (p. 106)
46. A gente paga caro por ser imortal: morre-se mais de uma vez durante a vida por causa disso. (p. 118)
47. E, falando sério, ninguém sabia antes de mim o caminho correto, o caminho que leva acima: só a partir de mim é que se pode voltar a ter esperanças, tarefas, caminhos a prescrever para a cultura - e eu sou aquele que traz a boa nova... E justamente por isso sou também um destino. (p. 132)
48. E por acaso alguém, a não ser eu, sabe um caminho para fugir a esse beco sem saída? .... Uma tarefa grande o bastante para voltar a unir os povos? (p. 138)
49. Eu não sou homem, eu sou dinamite. (p. 144)
50. Eu sou, de longe, o homem mais terrível que existiu até hoje; isso não exclui o fato de que eu venha a ser o mais benéfico. (p. 146)
51. Onde o ódio e o raio eram unos, uma praga- sobre as montanhas agora mora a fúria de Zaraustra, numa nuvem borrascosa ele disfarça seu caminho. (p. 157)
52. Sobre as grandes coisas – eu vejo coisas grandes! (p. 158)
53. Mais alto astral do ser! (p. 159)
54. O ato de silenciar é tão instintivo em mim quanto nos senhores filósofos é instintivo o ato de fofocar. (p. 161)
55. A ousadia forçada, a longa desconfiança, o não cruel, o cortar no vivo – quão raras são às vezes em que tudo isso se reúne! (p. 162)
MARX, Karl; Engels, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista 150 Anos Depois. 1ª edição - São Paulo; Expressão Popular de 2008.
1. Um espectro ronda a Europa: o espectro do comunismo. (p.07)
2. O comunismo já é reconhecido como força poderosa por todas as potências europeias. (pág.08)
3. A história de todas as sociedades até agora tem sido a história das lutas de classes. (p.08)
4. Nossa época – a época da burguesia – caracteriza - se, contudo, por ter simplificado os antagonismos de classe. Toda a sociedade se divide cada vez mais em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes diretamente opostas: a burguesia e o proletariado. (p.09)
5. Esse desenvolvimento, por sua vez, voltou a impulsionar a expansão da indústria. E na mesma medida em que indústria, comércio, navegação e estradas de ferro se expandiam desenvolvia-se a burguesia, os capitais se multiplicavam e, com isso, todas as classes oriundas da Idade passavam a um segundo plano. (p.11)
6. Cada uma dessas etapas de desenvolvimento da burguesia foi acompanhada por um progresso político correspondente. (p.11) 
7. A burguesia desempenhou na história um papel altamente revolucionário. (p.12)
8. Dilacerou sem piedade os laços feudais, tão diferenciados, que mantinham as pessoas amarradas a seus “superiores naturais, sem pôr no lugar qualquer outra relação entre os indivíduos que não o interesse nu e cru do pagamento impessoal e insensível “em dinheiro”. (p.12)
9. A burguesia revelou como a brutal demonstração de força da idade média.  Primeiro, e demonstrou o que a atividade humana pode realizar. Construiu maravilhas maiores que as pirâmides egípcias, aquedutos romanos e as catedrais góticas. (p.13)
10. A transformação contínua da produção, o abalo incessante de todo o sistema social, a insegurança e o movimento permanentes distinguem a época burguesa de todas as demais. (p.13)
11. A burguesia suprime cada vez mais a dispersão dos meios de produção, da propriedade e da população. (p.16)
12. A sociedade se vê de repente em uma situação de barbárie momentânea: a fome é uma guerra geral de extermínio parecem cortar todos os suprimentos de meios de subsistência, a indústria e o comercio parecem aniquilados. (p.18)
13. A indústria moderna transformou a pequena oficina do mestre patriarcal na grande fábrica do capitalista industrial. Massas de trabalhadores concentrados na fábrica são organizadas militarmente. (p.20)
14. Quanto menos destreza e força exige o trabalho manual, isto é, quanto mais a indústria moderna se desenvolve, tanto mais o trabalho dos homens é substituído pelo das mulheres e crianças. (p.21)
15. Com o desenvolvimento da indústria, contudo, o proletariado não só se expande, mas se concentra em grandes massas; sua força aumenta e ele a reconhece cada vez mais. (p.23)
16. A burguesia vive em conflitos permanentes; inicialmente contra a aristocracia: mais tarde, contra segmentos da própria burguesia. (p.25)
17. A burguesia se vê forçada a apelar para o apoio do proletariado e arrastá-lo a arena política. Ela mesma, portanto, supre os elementos para a formação política do proletariado, isto é, as armas contra ela mesma. (p.25)
 De todas as classes que hoje se contrapõem à burguesia, só o proletariado constitui uma classe verdadeiramente revolucionária. (p.26)
18. O proletariado, a camada mais inferior da sociedade atual, não pode levantar-se, colocar-se de pé, sem mandar pelos ares todas as camadas superpostas que constituem a sociedade oficial. (p.28)
19. O trabalhador se torna um pobre, e a pobreza se expande ainda mais rapidamente que a população e a riqueza. (p.29)
20. A burguesia produz, antes de mais nada, seus próprios coveiros. Seu declínio e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis. (p.30)
21. O que caracteriza o comunismo não é a supressão da propriedade em si, mas a supressão da propriedade burguesa. (p.32) 
22. Ser capitalista não significa apenas ocupar uma posição pessoal, mas antes de mais nada uma posição social na produção. (p.33)
23. O capital não é, portanto, uma força pessoal; é uma força social. (p.33)
24. O preço médio do trabalho assalariado é o mínimo de salário. Assim, por meio de sua atividade, o trabalhador se apropria apenas do suficiente para recriar sua existência. (p. 34)
25. Na sociedade burguesa, portanto, o passado domina o presente; na sociedade comunista, o presente domina o passado. (p.34)
26. O comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se de produtos sociais; apenas suprime o poder de, através dessa apropriação, subjugar trabalho alheio. (p.36)
27. O burguês vê sua mulher como mero objeto instrumento de produção. (p.39)
28. Os trabalhadores não têm pátria. Não se lhes pode tomar uma coisa que não possuem. (p.40)
30. O socialismo feudal, meio canção de lamento, meio pasquim satírico e difamante, metade ameaças sobre o futuro. Atingiu o coração da burguesia com acusações amargas e engenhosas, mas que sempre soavam ridículas por sua incapacidade de compreender a evolução da história moderna. (p.47)
31. A aristocracia feudal não foi a única classe derrubada pela burguesia e cujas condições de existência se degeneraram e desapareceram na sociedade burguesa moderna. (p.49)
32. A luta da burguesia alemã, mais especificamente prussiana, contra os senhores feudais e a monarquia absoluta – em suma, o movimento liberal – tornou-se entrementes mais sério. (p.54)
33. Sua conservação é a conservação das condições imperantes na Alemanha. A pequena burguesia teme a dominação econômica e política da burguesia, pois ela implica sua derrocada segura, por causa, de um lado, da concentração do capital e, de outro, do surgimento do proletariado revolucionário. (p.55)
34. O socialismo, por seu lado, compreendeu cada vez mais sua vocação: ser o representante patético dessa pequena burguesia retrógrada. (p.56)
35. Os socialistas burgueses desejam a sociedade atual, subtraindo dela os elementos revolucionários e que contribuem para sua dissolução. Querem a burguesia sem o proletariado. (p.57)
36. O socialismo burguês só atinge uma expressão adequada quando se reduz a uma simples figura de retórica. (p.58)
37. A história futura do mundo resume-se à pura propaganda e à execução prática deseus planos sociais. (p.60)
38. Os comunistas lutam pelos objetivos e interesses mais imediatos da classe operária, mas, ao mesmo tempo, representante no movimento atual o futuro do movimento. (p.64)
39. O partido, no entanto, não deixa em momento nenhum de esclarecer a contradição antagônica entre burguesia e proletariado, para que os trabalhadores alemães possam usar as condições sociais e política, que a dominação da burguesia precisa introduzir. (p.64-65)
40. Os comunistas apoiam em toda parte todo movimento revolucionário contra as condições sociais e políticas. (p.65)
41. Os comunistas não ocultam suas opiniões e objetivos. Declaram abertamente que seus fins só serão alcançados com a derrubada violenta da ordem social existente. Que classes dominantes tremam diante de uma revolução comunista. Os proletários não têm nada a perder nela, além de seus grilhões. Têm um mundo a conquistar. (p.65-66)
42. Proletários de todos os países, uni-vos! (p.66)
ZWEIG, Stefan (1929). Joseph Fouchê: Retrato de um Homem Político, Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1945.
1. Na vida prática e real, na esfera do poder governativo, a ação decisiva pertence raramente às figuras superiores, aos homens de ideias duras, mas sim a uma categoria de homens de muito menos valor, porém, mas espertos. (p. 11)
2. O que faz um candidato? Promete em primeiro lugar arranjar para seus eleitores tudo quanto desejam. (p. 20)
3. Três gerações se cansarão no fluxo e refluxo das paixões, enquanto Fouché ficará de pé, frio e orgulhoso, somente por não ter paixões. (p.22)
4. O sangue frio é superior a todas as paixões (p. 23)
5. Somente depois que os apaixonados se assassinarem mutuamente, é que começam a agir os hábeis, que souberam esperar (p 28).
6. Em política, a audácia é dominadora de todos os cálculos. (p.35)
7. A política não é, como se quer absolutamente fazer crer, a arte de conduzir a opinião pública, mas sim, a maneira pela qual os chefes se inclinam como escravos, perante correntes de opinião, que eles próprios o orientam (p. 59).
8. Nunca a humanidade, ou um grupo qualquer, pôde suportar por muito tempo a ditadura de um só sem odiá-lo. (p.88)
9. O ritmo da alma precisa de palavras violentas. (p.111)
10. Somente a desgraça dá uma visão larga e profunda das realidades deste mundo. (p.112)
11. O dinheiro é como o óleo que permite o aparelho funcionar sem ruídos. (p. 126)
12. O poder é como cabeça de Medusa: aquele que lhe viu o rosto não pode mais desviar daí os olhos: fica fascinado e encantado. Aquele que, uma só vez, provou a embriaguez do poder e do mundo não pode mais dispensá-la. (p.163)
13. A arte das artes em política: a arte de afastar-se a tempo. (p. 193)
14. A mais imperdoável falta que existe em política: chegar tarde demais. (p.233)
15. A razão gasta-se menos que a paixão. (p.251)
16. Nada é mais difícil na terra do que renunciar ao poder. (p. 269)
17. Uma vez sentado à mesa do poder, veem-se as coisas de modo diferente. (p. 287)
CARVALHO, Olavo de. Mário Ferreira dos Santos e o nosso futuro – Dicta e Contradicta, junho de 2009.
1. Quando a obra de um único autor é mais rica e poderosa que a cultura inteira do seu país, das duas uma: ou o país consente em aprender com ele ou recusa o presente dos céus e inflige a si próprio o merecido castigo pelo pecado da soberba, condenando-se ao definhamento intelectual e a todo o cortejo de misérias morais que necessariamente o acompanham. (p.01)
2. Mário Ferreira ocupa no Brasil uma posição similar à de Giambattista Vico na cultura napolitana do século XVIII ou de Gottfried von Leibniz na Alemanha da mesma época: um gênio universal perdido num ambiente provinciano incapaz não só de compreendê-lo, mas de enxergá-lo. (p.01)
3. Mário está mais próximo de Vico no seu isolamento absoluto, que faz dele uma espécie de monstro. (p.01)
4. Os problemas que Mário enfrentou foram os mais altos e complexos da filosofia, mas, por isso mesmo, estão tão acima das cogitações banais da nossa intelectualidade, que esta não poderia defrontar-se com ele sem passar por uma metanóia, uma conversão do espírito, a descoberta de uma dimensão ignorada e infinita. (p.01)
4. A desproporção entre o nosso filósofo e os seus contemporâneos – muito superiores, no entanto, à atual geração – mede-se por um episódio transcorrido num centro anarquista. (02)
5. O Partido Comunista sempre se arrogou a autoridade de tirar de circulação os autores que o incomodavam, usando para isso a rede de seus agentes colocados em altos postos na mídia, no mundo editorial e no sistema de ensino. (p.02)
6. O Brasil preferiu ignorar o filósofo simplesmente porque não sabia do que ele estava falando. (p.02)
7. O marxismo era o centro dominante ou único dos interesses intelectuais de Caio Prado Júnior, ao passo que, no horizonte infinitamente mais vasto dos campos de estudo de Mário Ferreira. (p.02)
8. A mente de Mário Ferreira era tão formidavelmente organizada que para ele era a coisa mais fácil localizar imediatamente no conjunto da ordem intelectual qualquer conhecimento novo que lhe chegasse desde área estranha e desconhecida. (p.03)
9. A biografia do filósofo é repleta dessas demonstrações de força, que assustavam a plateia, mas que para ele não significavam nada. (p.03)
10. Quando me refiro à organização mental, não estou falando só de uma habilidade pessoal do filósofo, mas da marca mais característica de sua obra escrita. (p.03)
11. A obra escrita de Mário reflete três etapas distintas no seu desenvolvimento intelectual, das quais a primeira não deixa prever em nada as duas subsequentes, e a terceira, comparada à segunda, é um salto tão formidável na escala dos graus de abstração que aí parecemos nos defrontar já não com um filósofo em luta com suas incertezas e sim com um profeta-legislador a enunciar leis reveladas. (p.04)
12. A biografia interior de Mário Ferreira é realmente um mistério, tão grandes foram os dois milagres intelectuais que a moldaram. (p.04)
13. A família do filósofo foi testemunha do inesperado. Mário fazia uma conferência, no tom meio literário, meio filosófico dos seus escritos usuais, quando de repente pediu desculpas ao auditório e se retirou, alegando que “tivera uma ideia” e precisava anotá-la urgentemente. A ideia era nada mais, nada menos que as teses numeradas destinadas a constituir o núcleo da Filosofia Concreta. (p.04) 
14. O objetivo da filosofia positiva de Mário Ferreira é buscar aquilo que legitimamente se pode afirmar sobre o conjunto da realidade à luz do que foi investigado pelos filósofos ao longo de vinte e quatro séculos. (p.04-05)
15. Um conhecimento concreto é um conhecimento circular, que conexiona tudo quanto pertence ao objeto estudado, desde a sua definição geral até os fatores que determinam a sua entrada e saída da existência, a sua inserção em totalidades maiores, o seu posto na ordem dos conhecimentos. (p.05)
16. Campo sujeito-objeto. Todo e qualquer ser, seja físico, espiritual, existente, inexistente, hipotético, individual, universal, etc. é simultaneamente objeto e sujeito, o que é o mesmo que dizer – em termos que não são os usados pelo autor – receptor e emissor de informações. (p.05)
17. Campo da atualidade e virtualidade. Dado um ente qualquer, pode-se distinguir entre o que ele é efetivamente num certo momento e aquilo em que ele pode (ou não) se transformar no instante seguinte. (p.06)
18. Toda possibilidade, uma vez logicamente enunciada, pode ser concebida como real ou irreal. Só podemos obter essa gradação pelo conhecimento dialético que temos das potências do objeto. (p.06)
19. Campo das oposições da razão: conhecimento e desconhecimento. Se a razão fornece o conhecimento do geral e a intuição o do particular, em ambos os casos há uma seleção: conhecer é também desconhecer. (p.06)
20. A razão opera sobre o trabalho da intuição, atualizando ou virtualizando, isto é, trazendo para o primeiro plano ou relegando para um plano de fundo os vários aspectos do objeto percebido. (p.06)
21. Mário complementa o método com a pentadialética, uma distinção

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