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Aula 02 - Conceitos básicos em epidemiologia

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Conceitos básicos em epidemiologia
Perspectivas sobre o processo saúde-doença
 		
Principais objetivos:
 		
	A palavra saúde vem do latimsanitas, que significa: integridade anatômica e funcional dos organismos vivos.
	Observe como a forma de conceituar saúde evoluiu ao longo do tempo.
 	
 
 
	
	História natural da doença
	Compreende as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, à invalidez, recuperação ou morte (Rouquayrol). 
 	
Níveis de atenção à saúde
	
	ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: Realizada no período pré-patogênico. Compreende a aplicação de medidas dirigidas a determinado agravo à saúde.
	Objetivos:
	Promoção da saúde e prevenção de doenças;
	Interceptar as causas patológicas antes que atinjam o indivíduo. Exemplos de medidas de proteção específica: imunização, quimioprofilaxia para certas doenças, proteção contra acidentes, controle de vetores, aconselhamento genético, o autocuidado em saúde (alimentação adequada, prática regular de exercícios físicos, higiene).
	
	ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE: Realizada no indivíduo sob ação do agente patogênico, isto é, quando o período pré-patogênico já foi ultrapassado e o processo patológico foi desencadeado. As medidas preventivas nesse nível incluem: diagnóstico precoce, tratamento imediato e limitação da incapacidade.
	ATENÇÃO TERCIÁRIA À SAÚDE: Corresponde às medidas adotadas após as consequências da doença, representadas pela instalação de deficiências funcionais.
	Objetivo:
	Consiste em alcançar a recuperação total ou parcial do paciente por meio dos processos de reabilitação e de aproveitamento da capacidade funcional remanescente.
	As medidas mais frequentemente utilizadas nesse nível são: prática de exercício físico com auxílio de profissionais de Educação Física e Fisioterapia; reeducação alimentar, terapia ocupacional e readaptação à vida normal.
 
Perspectivas sobre o processo saúde-doença
A doença pode ser definida como uma falha nos mecanismos de adaptação do organismo, levando a perturbações na estrutura, na função de um órgão, de um sistema ou de todo o organismo e de suas funções vitais (Jenicek & Cléroux citados por Rouquayrol, 1999). 	
	
	Entende-se como processo saúde-doença a forma como interagem os fatores ambientais, sociais e próprios do indivíduo. Esse processo causa dois tipos de impacto: 
		INDIVIDUAL: doença, sofrimento, dor.
		SOCIAL: Representação da doença, problema de saúde pública. 
	As causas das doenças, ou os fatores etiológicos, podem se dar por meio da multifatorialidade (vários fatores de ordem individual e coletiva que interferem e são determinantes no processo saúde-doença). Esse processo pode ser de origem:
 
	
Fatores sociais do processo saúde-doença
	Fatores socioeconômicos: Os pobres são percebidos como mais doentios e mais velhos, além de serem mais propensos a enfermidades graves e morrerem mais cedo. A taxa de mortalidade infantil é maior, assim como o número de recém-nascidos com baixo peso (Rouquayrol).
 Fatores sociopolíticos: A incapacidade de decisão política e de participação comunitária são exemplos de desvalorização da cidadania.
	Fatores socioculturais: Os preconceitos, os hábitos culturais, as crendices, os comportamentos, os valores e a incapacidade de se organizar para reivindicar são exemplos de fatores socioculturais inseridos no processo de saúde-doenças.
	Fatores psicossociais: A marginalidade, a promiscuidade, as relações parentais instáveis, as condições de trabalho inadequadas, a carência afetiva de ordem geral e o bullying são fatores psicossociais que interferem no processo de saúde-doenças.
	Fatores ambientais: São todos os fatores que mantêm relações interativas com o agente etiológico e o suscetível. Ocorrem em situações ecológicas desfavoráveis produzidas por fatores naturais ou artificialmente pela ação do homem, podendo funcionar como agentes patogênicos. Os fatores ambientais estão divididos em:
 
	Maneiras de expressar prognóstico: Uma vez que uma pessoa é identificada como portadora de certa doença, surge a questão: “Como é possível caracterizar a história natural da doença em termos quantitativos?”. Tal quantificação é importante por diversas razões. Primeiro, é necessário descrever a gravidade de uma doença para estabelecer prioridades em serviços clínicos e programas de saúde pública. Segundo, frequentemente pacientes fazem perguntas sobre prognóstico. Terceiro, tal quantificação é importante para se estabelecer uma referência para a história natural, de modo que, quando novos tratamentos se tornam disponíveis, seus efeitos podem ser comparados ao desfecho esperado na ausência deles.
	Além disso, se diferentes tipos de terapia estão disponíveis para determinada doença, tais como tratamentos cirúrgicos ou clínicos, queremos ser capazes de compará-los em termos de efetividade. Portanto, para permitir tais comparações, necessitamos de meios quantitativos para expressar o prognóstico em grupos que recebem diferentes tratamentos.
 
	O que vem à sua mente ao pensar em qualidade de vida?
 	Somos unânimes em afirmar: completa sensação de bem-estar!
	Entretanto, definir qualidade de vida é uma tarefa difícil – e a dificuldade está relacionada à subjetividade, complexidade e às várias dimensões relacionadas aos diferentes aspectos da vida dos indivíduos.
De forma geral, a qualidade de vida depende de fatores intrínsecos (endógenos) e extrínsecos (exógenos) e varia de indivíduo para indivíduo. É um termo que representa a tentativa de nomear as características das experiências de vida relacionadas ao cotidiano. Existem vários conceitos propostos para qualidade de vida, e a maioria deles possui pontos comuns, como o modo de levar a vida e a satisfação das necessidades e expectativas dos seres humanos. 
	Como esses conceitos estão relacionados ao bem-estar, o complexo da qualidade de vida envolve os seguintes temas: 
 
	A discussão sobre esses temas tem preocupado os países do mundo inteiro, inclusive o Brasil. Entre os principais temas de preocupação, estão:
	baixos salários (má distribuição de renda);
	analfabetismo ou baixo nível de escolaridade;
	desemprego;
	moradias sem água e esgoto (saneamento básico);
	problemas com alimentação (desnutrição e obesidade);
	violência e drogas;
	acesso aos serviços de saúde.
	World Health Organization Quality of:
	A Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como “Um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença”. Conclui-se que a medição da saúde e os efeitos dos cuidados de saúde devem incluir não apenas uma indicação de alterações na frequência e gravidade das doenças, mas também a estimativa do bem-estar, e isso pode ser avaliado medindo-se a melhoria da qualidade de vida relacionada a cuidados de saúde. Embora haja formas satisfatórias de medir a frequência e a gravidade das doenças, esse não é o caso no que diz respeito à medição do bem-estar e da qualidade de vida.
	A OMS, com a ajuda de 15 centros colaboradores em todo o mundo, desenvolveu dois instrumentos para medir a qualidade de vida (WHOQOL-100 e WHOQOL-BREF), o que pode ser usado em uma variedade de contextos culturais, permitindo comparar os resultados de diferentes populações e países. Esses instrumentos têm muitos usos, incluindo na prática médica, pesquisa, auditoria e na formulação de políticas. A OMS define qualidade de vida como a “percepção do indivíduo sobre sua posição na vida no contexto da cultura e dos sistemas de valores em que vive e em relação a seus objetivos, suas expectativas, preocupações e seus padrões. É um conceito abrangente, afetado de maneira complexa pela saúdefísica da pessoa, pelo estado psicológico, pelas crenças pessoais, relações sociais e pelo seu relacionamento com características importantes de seu ambiente. 
	O WHOQOL-100 foi desenvolvido simultaneamente em 15 centros de campo em todo o mundo. Os aspectos importantes da qualidade de vida e as formas de questioná-los foram elaborados com base em declarações feitas por pacientes com uma série de doenças, por pessoas saudáveis e por profissionais de saúde de diversas culturas. O instrumento foi rigorosamente testado para avaliar sua validade e confiabilidade em cada um dos centros de campo e, atualmente, está sendo testado para avaliar a capacidade de resposta às mudanças.
	O WHOQOL-BREF, uma versão abreviada de 26 itens do WHOQOL-100, foi desenvolvido usando dados da versão de teste de campo do WHOQOL-100. Os instrumentos WHOQOL podem ser usados em contextos culturais específicos, mas, ao mesmo tempo, os resultados são comparáveis entre culturas.
	Os principais usos do WHOQOL-100 são:
	prática clínica para melhorar a relação médico-paciente e avaliar o resultado do tratamento;
	pesquisas;
	construção e implementação de políticas de saúde.
 As principais características do WHOQOL-100 são:
	Disponibilidade em 20 idiomas.
	Desenvolvimento transcultural.
	Ênfase na percepção do indivíduo.

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