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Aplicação da Epidemiologia na saúde

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Aplicação da Epidemiologia na saúde
Profº. Helver Gonçalves Dias
Descrição Qualidade de vida, determinantes sociais, novos paradigmas e iniquidades da Saúde no Brasil,
além do estudo da Epidemiologia por níveis de determinação.
Propósito Identificar como a Epidemiologia pode auxiliar no entendimento da qualidade de vida, dos
determinantes sociais da saúde e da redução das iniquidades, além de compreender como sua
aplicação por níveis de determinação pode influenciar a melhoria do bem-estar da população.
Objetivos
Módulo 1
Qualidade de vida,
determinantes sociais e
iniquidades da Saúde
Descrever aspectos relacionados à qualidade de vida, aos
determinantes sociais, aos novos paradigmas e à
persistência das iniquidades da Saúde no Brasil.
Módulo 2
Epidemiologia aplicada por
níveis de determinação
Reconhecer a aplicação da epidemiologia por nível de
determinação.
Como sabemos, diversos fatores influenciam a ocorrência das doenças. Você já
deve ter ouvido falar que os fatores genéticos, sociais, econômicos e ambientais
podem influenciar a ocorrência de certos agravos. Nesse sentido, o objetivo
principal do estudo da epidemiologia é dar a capacidade de identificar as
oportunidades de intervenção para promoção, prevenção e controle de danos à
saúde. Agora, estudaremos diferentes aspectos sobre as condições de saúde,
analisando como o Brasil precisa avançar para ofertar níveis de bem-estar cada vez
melhores para sua população. Vamos lá?
Introdução
1 - Qualidade de vida, determinantes sociais e
iniquidades da Saúde
Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever aspectos relacionados à qualidade de
vida, aos determinantes sociais, aos novos paradigmas e à persistência das iniquidades da
Saúde no Brasil.
Qualidade de vida e determinantes
sociais da Saúde
Falar de saúde implica, em sentido amplo, falar de qualidade de vida e sobre a forma
que vivemos e nos organizamos em sociedade. A Reforma Sanitária Brasileira,
ocorrida na década de 80, incorporou o entendimento amplo do significado de saúde.
A condição de saúde de um indivíduo é resultante da associação de diferentes fatores,
como a situação socioeconômica, saúde mental, educação, alimentação, meio
ambiente e o próprio estilo de vida desse indivíduo. É claro que não podemos
esquecer dos fatos intrínsecos, como sexo, idade e fatores hereditários.
De acordo com a Constituição da World Health Organization
(WHO), em sua 45ª edição (2021), a saúde é definida como o
estado completo de bem-estar social, mental e físico, e não
somente a ausência de doença.
O aparecimento das doenças é consequência justamente do desequilíbrio de um ou de
mais fatores. Dessa forma, para facilitar seu estudo neste módulo, vamos sempre
pensar em saúde em seu conceito mais abrangente e que compreende os diversos
aspectos da vida do indivíduo.
Os determinantes de saúde (DSS) são todos os fatores que, de algum modo,
influenciam as condições de saúde do indivíduo e da comunidade. Discute-se muito
sobre a classificação e o agrupamento dos diferentes determinantes de saúde.
Isso não é consenso nem mesmo entre os sanitaristas e pesquisadores da área. Há
uma corrente teórica que admite a existência de cinco grupos de determinantes:
Biológicos
Idade, sexo e fatores genéticos.
Econômicos e
sociais
Classe social, o emprego e
moradia.
Ambientais
Poluição do ar e da água.
Modos de vida
Alimentação, prática de exercícios
físicos, tabagismo e álcool.
Relacionados ao
acesso aos serviços
Educação, saúde, lazer e transportes.
Modelo de determinantes sociais
da Saúde de Dahlgren e Whitehead
O modelo de produção social da saúde proposto por Dahlgren e Whitehead, no início
da década de 90, analisa os determinantes sociais da saúde em diferentes níveis
(imagem abaixo).
Partindo da perspectiva individual, fatores como idade e gênero influenciam a saúde
do indivíduo. O nível acima considera os fatores associados ao estilo de vida e ao
comportamento das pessoas, como o hábito de fumar e/ou beber e o sedentarismo.
Exemplo
Atualmente no mundo, considera-se a obesidade como uma epidemia, muito influenciada pela mudança no
padrão alimentar – maior ingestão de alimentos ultraprocessados, gorduras e carboidratos – e pela
diminuição da prática diária de exercícios físicos.
No próximo nível, são consideradas as redes sociais e comunitárias, em que o
indivíduo estabelece as interações sociais com seus iguais. Cada vez mais, admite-se
a importância do ambiente comunitário e de suas relações na saúde da população. O
penúltimo nível reúne as condições de vida e trabalho, que determinam as condições
de saúde da população de acordo, por exemplo, com o nível de desemprego e
escolaridade, saneamento básico, condições de moradia e habitação, disponibilidade
de alimentos e acesso aos serviços de saúde. Por fim, o último nível contém as
condições socioeconômicas, culturais e ambientais gerais também chamadas de
macrodeterminantes.
Modelo de determinantes sociais da Saúde de Dahlgren e Whitehead.
Para que você entenda a relação entre a Epidemiologia e os DSS, é importante
destacar que, enquanto ciência, a Epidemiologia analisa a distribuição e os fatores
determinantes das doenças, considerando dados e eventos, e propondo medidas de
prevenção e controle. Além disso, a Epidemiologia fornece indicadores que servem de
suporte para o planejamento de políticas públicas e avaliação dos programas e ações
de saúde.
Importância dos dados
epidemiológicos para os DSS
Neste vídeo, o mestre Helver Dias irá correlacionar os indicadores de saúde com os
DSS, trazendo como exemplo a tuberculose no Brasil.
Saúde como produção social

A principal barreira encontrada pela Epidemiologia no estudo dos determinantes é a
dificuldade encontrada em se avaliar o impacto de cada um no estado de saúde da
população.
Vamos pensar juntos! Os fatores biológicos teriam maior
influência na saúde do que os fatores ambientais?
Essa é uma resposta difícil e que precisa de uma discussão aprofundada sobre o
tema. Durante muito tempo, certa parte da comunidade científica acreditava no
chamado “modelo biomédico de saúde”, que defendia a ideia de que os determinantes
relacionados aos fatores biológicos tinham maior influência sobre o estado de saúde.
Com o passar dos anos, essa concepção foi sofrendo alterações, principalmente pelo
fortalecimento do entendimento que outros fatores, como os ambientais e os sociais,
também interferem no processo saúde-doença.
Além disso, atualmente, existem
correntes de pensadores que defendem a
ideia do tipo de sistema de saúde como
fator determinante. As diferenças entre
os sistemas, como nível de centralização,
estrutura organizacional, fonte de
financiamento e organização dos
serviços, são determinantes para a
qualidade da saúde da população.
Em países da Europa ou mesmo nos
Estados Unidos, as classes sociais mais
ricas têm uma expectativa de vida maior
e uma menor taxa de mortalidade por
doenças crônicas e infectocontagiosas
em relação aos mais pobres. Essas
diferenças na saúde são reflexo da
própria disparidade social e constituem
forte atuação nas condições de saúde da
população.
Durante a Revolução Industrial, as condições de trabalho da classe operária eram
péssimas e a expectativa de vida não passava dos 50 anos. As doenças do trabalho
formavam exércitos de incapacitados e de doentes crônicos que não recebiam
nenhum tipo de suporte por parte do Estado ou dos empresários.
Os padrões de saúde mostram estreita correlação com a estratificação social, de
modo que diversas doenças, como as parasitárias, são mais comuns entre a
população mais carente.
Desvantagens
socioeconômicas
A desvantagem
socioeconômica pode incluir
poucos recursos materiais,
desemprego, uma educação
insuficiente durante a infância
e adolescência, uma atividade
profissional sem perspectiva
de crescimento ou mesmo
informal, além de moradias
insalubres e sem acesso a
saneamento básico.
Consequênciasno
envelhecimento
Essas desvantagens tendem a
se concentrar nas mesmas
pessoas e seus efeitos na
saúde são cumulativos.
Quanto mais tempo os
indivíduos vivem em
circunstâncias
socioeconômicas
estressantes, maior o
desgaste físico e mental que
sofrem e menor a
probabilidade de um
envelhecimento saudável.

Bons patamares de saúde envolvem, entre outras coisas, a redução dos níveis de
evasão escolar, principalmente no ensino fundamental e médio, e a diminuição da taxa
de desemprego. As políticas de educação, emprego e habitação afetam diretamente
os padrões de saúde. As sociedades que permitem aos seus cidadãos
desempenharem um papel útil e participativo na vida social, econômica e cultural
serão mais saudáveis em relação àquelas em que as pessoas convivem com violência
e exclusão social.
A pandemia da covid-19 trouxe um novo paradigma mundial e evidenciou as conexões
entre a saúde e os seus determinantes. Veja a seguir!
 Covid-19
C i t d t d d i l t i l tid d d
Muitos pesquisadores e entidades científicas internacionais apontam que a pandemia
de covid-19 acentuou comportamentos suicidas e aumentou significativamente o
número de pessoas que buscam por suporte para melhoria da saúde mental.
Com o crescimento da taxa de desemprego e o isolamento social, a quantidade de
pessoas que desenvolveram algum sintoma ou manifestação de depressão ou
ansiedade aumentou, especialmente entre os jovens. A piora no bem-estar mental está
relacionada a baixas expectativas de emprego e ao limitado convívio social, que ficou
quase que totalmente restrito ao ambiente virtual.
 Relacionamento em sociedade
A forma como nos relacionamos em sociedade pode causar efeitos de longo prazo na
saúde mental. A ansiedade, o estresse, a insegurança, a baixa autoestima, o isolamento
social e as relações interpessoais têm efeitos diretos sobre a saúde das pessoas. As
tensões psicossociais acumulam-se durante a vida e aumentam as chances de
problemas de ordem mental e morte prematura, inclusive por suicídio. Longos períodos
de ansiedade, estresse, insegurança e a construção de laços interpessoais frágeis são
prejudiciais em todos os âmbitos da vida humana.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, os principais fatores relacionados
ao suicídio na pandemia foram o aumento da taxa de desemprego, a perda da
estabilidade econômica das famílias, os traumas ou os abusos e a piora dos
transtornos mentais. É preciso analisar o suicídio como problema de saúde pública e
como fenômeno sensível às mudanças político-econômicas e sociais (OPAS, 2021).
É interessante destacar que o estresse psicossocial está relacionado ao aumento da
incidência de doenças do aparelho cardiovascular, como infarto e acidente vascular
cerebral. A taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares é superior em países
subdesenvolvidos da África e Ásia em relação a países desenvolvidos da Europa.
Curiosidade
Em um interessante estudo desenvolvido na década de 1980, dois pesquisadores da Universidade de
Stanford, nos Estados Unidos, viram o papel do estresse social crônico no metabolismo endócrino de
macacos. Todas as espécies conhecidas de macacos apresentam algum tipo sistema de organização social,
geralmente composto por machos dominantes e machos subordinados. Nesse estudo, avaliou-se babuínos
africanos machos que viviam livremente em uma reserva florestal. Entre os machos socialmente
subordinados, as concentrações das frações do colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade) e a
apolipoproteína A (ApoA) estavam significativamente reduzidas quando comparadas com o grupo de
machos dominantes, mas foram detectadas altas concentrações de cortisol. O HDL e a ApoA têm
importante função protetora, tendo, em níveis altos, funções preventivas contra a aterosclerose (acúmulo de
gordura nas artérias) e doenças cardíacas. O cortisol é popularmente conhecido como “hormônio do
estresse”. Esse estudo demonstrou que o estresse vivido por indivíduos socialmente subordinados
desencadeava importantes alterações endócrinas que poderiam ter relação com o desenvolvimento de
doenças crônicas (SAPOLSKY; MOTT, 1987).
Comissão Nacional sobre os
Determinantes Sociais da Saúde
Estimulado pela criação da Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde, no
âmbito da Organização Mundial da Saúde, o Brasil criou em 2006 a Comissão
Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS). O objetivo da CNDSS foi
trazer um levantamento atualizado sobre fatores sociais que determinavam o
processo de adoecimento da população, propor políticas públicas que combatessem
as iniquidades em saúde no Brasil e mobilizar diferentes instâncias governamentais e
da sociedade civil sobre o tema.
Falamos em iniquidades, você sabe o que é?
Iniquidades em saúde são aquelas desigualdades, que além de
sistemáticas e evitáveis, são também injustas e desnecessárias.
As iniquidades em saúde podem ser observadas entre os
diferentes grupos populacionais, sendo decorrentes das
condições sociais dos indivíduos. É por este motivo que devem
ser combatidas continuamente.
A CNDSS era composta por personalidades de diferentes áreas, desde especialistas
em saúde pública até pessoas reconhecidas do setor cultural e empresarial. A
diversidade na composição dos membros teve como objetivo representar que a saúde
é um bem público e a participação de diferentes setores da sociedade é parte
importante do processo de construção e melhoria coletiva da saúde. Após três anos
de trabalho, a CNDSS apresentou o relatório final, que virou um dos mais completos e
estruturados documentos sobre os DSS no país, sendo atualmente uma referência
para consulta no tema. Veja a seguir!
Análise dos indicadores epidemiológicos
A comissão analisou indicadores epidemiológicos e demográficos das últimas quatro décadas, como
o crescimento populacional, as taxas de fecundidade, a mortalidade e a natalidade, a esperança de
vida ao nascer, o índice de envelhecimento, entre outros, impactaram no modo de vida e no processo
de produção de doenças da população. Além disso, identificou as políticas e os programas vigentes à
época que, apesar de uma articulação entre diferentes setores do poder público, tinham pouca
efetividade em diminuir as iniquidades em saúde.
Propostas
A CNDSS propôs que as intervenções nos DSS fossem feitas em todos os níveis do modelo de
Dahlgren e Whitehead, integrando ações intersetoriais para promoção da saúde e qualidade de vida. O
relatório ressalta que a partir do conhecimento amplo sobre as condições de vida e trabalho da
população, é possível reconhecer as desigualdades existentes e os mecanismos pelos quais os DSS
produzem as iniquidades em saúde.
Relações interpessoais e saúde
Um outro ponto interessante destacado no relatório considera que o desgaste das relações de
solidariedade e confiança entre as pessoas seja prejudicial para a situação de saúde, trazendo
impactos negativos nos indicadores de bem-estar da população, principalmente os relacionados à
atenção psicossocial – diminuição da participação social, perda do emprego, endividamento das
famílias, piora na qualidade das relações interpessoais, entre outros.
Portanto, a partir de exaustiva análise das informações coletadas sobre os DSS no
país, a CNDSS recomenda ações buscando:
1. Priorizar as ações intersetoriais.
2. Produzir evidências científicas sobre os DSS.
3. Estimular a participação da sociedade no tema.
Novos paradigmas da saúde e a
persistência das iniquidades em
saúde no Brasil
Conceituando iniquidades em saúde
A expressão “iniquidades em saúde” é muito utilizada no campo de estudo social e
econômico e, como já sabemos, corresponde às desigualdades sistemáticas
observadas na saúde entre os diferentes grupos da sociedade. Essas desigualdades
estão presentes em todos os países e são injustas e evitáveis, entretanto, inerentes ao
modelo econômico mundial.
A busca da equidade em saúde deve ser contínua e contar com a participação de todaa sociedade.
Mesmo em países como o Brasil, que alcançou significativa redução da pobreza nas
últimas décadas e introduziu a cobertura universal de saúde com a Constituição de
1988, as desigualdades no acesso aos serviços de saúde continuam a ser um grande
desafio. As desigualdades ainda marcantes entre grupos socioeconômicos são
refletidas em iniquidades. Por exemplo, é possível observar que a taxa de mortalidade
de crianças menores de um ano nascidas em estados do Nordeste é maior do que no
Sul.
Origens das iniquidades em saúde no Brasil
O relatório apresentado pela Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde trouxe
muitos dados epidemiológicos e indicadores socioeconômicos que sustentam que as
iniquidades em saúde no país são fruto, principalmente, das desigualdades sociais e
econômicas.
Vamos analisar alguns desses dados e pensar sobre a condição de saúde da
população brasileira:
PIB per capita
À época da elaboração do relatório, em 2004, a região Sudeste era a que possuía o maior PIB per
capita do país, seguida pelo Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. É claro que, nos últimos quinze
anos, o Brasil passou por transformações, no entanto, apesar dessas transformações, a realidade
das iniquidades em saúde continua profundamente afetada pelas desigualdades existentes no país.
População
A região Nordeste concentrava a segunda maior população do país, mas vinha em segundo lugar na
distribuição do PIB per capita e concentrava um pouco mais da metade de toda a população pobre
do país. Um dado também interessante traz a proporção de pobres de acordo com a cor de pele. No
Nordeste, a população preta representava 56,2% do total de pobres (CNDSS, 2008).
Educação
Segundo o IBGE (2021), a educação, que também é um DSS, foi analisada e se verificou que a taxa
de analfabetismo é quatro vezes maior no Nordeste do que no Sul e Sudeste do país. É interessante
destacar que mesmo atualmente, as regiões Norte e Nordeste concentram o maior quantitativo
absoluto de analfabetos.
Esses dados demográficos têm uma importante relação com a saúde da população
das regiões. Quando analisamos a esperança de vida ao nascer, a região Nordeste tem
a menor expectativa de todas do país. O mesmo ocorre para a taxa de mortalidade
infantil, os estados do Norte e Nordeste lideram com os maiores índices nacionais. O
número de óbitos de crianças de 0 a 14 anos por doenças infecciosas e parasitárias,
no período de 2008 a 2014, foi maior no Nordeste, mesmo em números absolutos
(BRASIL, DATASUS, 2021).
Os dados mais atuais reforçam a permanência dos estados no Norte e Nordeste na
infeliz liderança das taxas de mortalidade infantil no país. Segundo o Ministério da
Saúde, o Amapá lidera com 23%, seguido pelos estados de Roraima (19,8%) e do
Amazonas (18,8%). Em último lugar, aparece o estado de Santa Catarina com 9,9%.
Esses dados epidemiológicos indicam que, apesar dos avanços identificados nas
últimas décadas no campo social, precisamos continuar avançando na melhoria da
qualidade de vida da população brasileira.
Taxa de mortalidade infantil estimada pelo Ministério da Saúde – unidades da Federação, 2017.
Esses dados não são isolados, na verdade, são fruto da resultante de fatores de
diferentes origens que diminuem as condições de saúde da população.
Quando avaliamos dados e mapas atuais de distribuição de doenças infecciosas e
parasitárias pelo país, podemos observar que a incidência de doenças como dengue,
malária, leishmaniose (visceral e cutânea), doenças de Chagas e esquistossomose
são superiores no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A correlação entre concentração de
renda, pobreza, desigualdade social e piores condições de saúde da população não é à
toa.
Saiba mais
Mesmo com a chamada “transição epidemiológica”, ocorrida na segunda metade do século XX, as regiões
Norte e Nordeste continuam concentrando uma alta carga de doenças infecciosas e parasitárias e maiores
taxas de mortalidade proporcional por essas causas.
Falamos em transição epidemiológica. Você sabe o que significa?
Os epidemiologistas chamam de transição epidemiológica – também conhecida por
polarização epidemiológica ou transição de morbimortalidade – as mudanças no
perfil de morbidade e mortalidade observados no Brasil no pós-Segunda Guerra
Mundial.
Para elucidar, vamos conhecer a transição epidemiológica das doenças infecciosas e
parasitárias no Brasil (ARAÚJO, 2012):
Morbimortalidade
Morbimortalidade é um conceito da Epidemiologia que se refere ao índice de óbitos em decorrência de uma
doença específica dentro de determinado grupo populacional (número de habitantes) em um tempo
determinado.
Antes de 1940
Antes de 1940, as doenças
infecciosas e parasitárias eram a
principal causa de morte no
Brasil, correspondendo a quase
metade dos óbitos no país.
Ainda quando analisamos a relação do componente social com as taxas de incidência
de tuberculose no Brasil, podemos observar uma correlação positiva entre baixos
índices de desenvolvimento humano (IDH) e áreas com maiores taxas de incidência. A
Meados de 1970
Esse perfil mudou e as doenças
do aparelho circulatório
ultrapassaram as doenças
infecciosas e parasitárias,
tornando-se a principal causa de
mortalidade.
1986
Em 1986, as doenças
infecciosas e parasitárias
correspondiam a menos de 10%
do total de óbitos no país.
correlação é também positiva quando comparamos a incidência da tuberculose com o
PIB municipal per capita.
A exceção fica apenas para o Rio de Janeiro que tem as maiores taxas de incidência
do país, mas produz o segundo maior PIB dos estados. Os dados epidemiológicos de
incidência da tuberculose, quando comparados com indicadores socioeconômicos e
demográficos, fornecem importantes informações sobre como a condição social pode
influenciar na distribuição e incidência de determinada doença.
Violência e saúde
Nas grandes cidades, a violência atinge direta e indiretamente a vida de milhões de
pessoas, sendo considerada um importante DSS.
Entende-se como diferentes tipos de violência:

Gênero

Sexual

Física

Psicológica

Urbana
A violência gera danos, traumas e mortes, trazendo consigo um alto custo social e
emocional para a vida das pessoas. O impacto para o sistema de saúde também é
alto, visto a enorme e crescente quantia de recursos que são destinados ao
atendimento dos pacientes. Hoje, já sabemos que a violência disseminada pelo Brasil
vai muito além da questão social.
Entretanto, é em ambientes com condições escassas de oportunidades e pobreza
acentuada que a violência faz o seu maior número de vítimas. Devemos tomar
cuidado para não associar a pobreza à violência, pois estaríamos caindo no erro de
criminalizar a primeira. A pobreza e os pobres são as maiores vítimas da violência
como fator de vulnerabilidade e fragilização das condições plenas de bem-estar.
Vulnerabilidade
Vulnerabilidade socioeconômica é uma combinação de fatores que deterioram o bem-estar pessoal e social. Os
grupos sociais em situação de vulnerabilidade têm limitado acesso a recursos e poder político, econômico e
social.
Saiba mais
Dados mais recentes indicam que o número de pessoas vivendo em extrema pobreza no Brasil aumentou de
6,6% (13,9 milhões de pessoas), em 2019, para 9,1% (19,3 milhões de pessoas), em 2021. É válido destacar
que são consideradas famílias em situação de extrema pobreza aquelas que têm renda mensal de até
R$89,00 por pessoa (HESSEL, 2021).
O combate à violência é um dos maiores
desafios do Brasil, não somente no
campo social e econômico, mas também
no âmbito sanitário. As ligações entre
saúde e violência são tão fortes que
precisaremos de décadas de ações
governamentais e implementação de
políticas públicas para reduzir as
desigualdades sociais e melhorar os
indicadores de saúde da população,
como os índices de mortalidade, nutrição
e de desenvolvimento social.
Mas como intervir nos determinantes
sociais da saúde para combater as
iniquidades e como a epidemiologiapode ajudar?
A violência afeta a saúde de múltiplas formas.
Primeiro, devemos reconhecer e admitir que a saúde é um estado de bem-estar que
inclui muitos aspectos da vida humana. A saúde é dependente da justiça social, da
renda, da alimentação, da educação, das condições de moradia, da paz e de um
ambiente saudável. A partir do reconhecimento que esses requisitos são necessários
para a promoção da saúde, é possível traçar e planejar ações, programas e políticas
públicas.
O relatório da CNDSS reconhece que existiam na época
programas e ações governamentais e intersetoriais que teriam
impacto na melhoria das condições de saúde da população.
Ações feitas, por exemplo, pelo Ministério da Educação ou da
Agricultura, apesar de não serem direcionadas para a saúde,
teriam impacto a médio e longo prazo nas condições de saúde. No
entanto, a falta de integração e articulação das ações gerava
resultados pouco significativos para o setor de saúde.
Nas últimas duas décadas, o Brasil experimentou a implementação de diversas
políticas públicas voltadas para as populações mais carentes. Em 2004, foi criado o
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) que desenvolveu
políticas de proteção social básica, erradicação do trabalho infantil, transferência de
renda governamental com condicionantes, redução da pobreza extrema e acesso à
alimentação. O MDS criou programas internacionalmente reconhecidos, como o Fome
Zero e o Bolsa Família que ajudaram milhões de brasileiros a saírem da faixa da
extrema pobreza e da insegurança alimentar crítica. Dados do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) indicam que, entre os anos de 1995 e 2004, houve uma
redução de 28% da desigualdade, impulsionada a partir da implantação do Bolsa
Família.
É importante destacar que o Bolsa
Família, além de uma política de
Cartão do programa Bolsa Família.
transferência de renda, condicionava as
famílias que recebiam o auxílio a cumprir
exigências nas áreas de educação e
saúde. As crianças das famílias
beneficiadas pelo auxílio deveriam
frequentar a escola regularmente e ter a
caderneta de vacinação atualizada com
todas as vacinas disponíveis no
Programa Nacional de Imunizações.
Este é um exemplo de integração exitosa de políticas públicas com efeito em
diferentes setores. A vacinação de crianças contribuiu, por exemplo, para a redução da
mortalidade infantil por doenças diarreicas e para a incidência de hepatites virais. Veja
a seguir (FRANÇA et al., 2017):
 Mortalidade infantil na década de 1990
Em 1990, a prematuridade (11,35 a cada 1000) era a primeira causa de mortalidade
infantil em menores de 5 anos no Brasil, seguido das doenças diarreicas (11,07 a cada
1000).
O acompanhamento da frequência escolar de crianças e adolescentes beneficiárias
do programa trouxe resultados a longo prazo, com o aumento do número de jovens
alfabetizados. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) indicam
que a taxa de analfabetismo em todo o país passou de 11,5%, em 2004, para 8,7%, em
2012.
Saiba mais
Em 2021, a partir da medida provisória nº 1.061 de 09/08/2021, foi instituído o Programa Auxílio Brasil e o
Programa Alimenta Brasil, que foi implementado em novembro de 2021. Na prática, o bolsa família foi
incorporado a outras políticas assistenciais de transferência de renda, no novo benefício social.
O Ministério da Saúde apoiou diferentes projetos na área de saneamento básico em
regiões vulneráveis, rurais e pequenos municípios. Como você deve saber, a falta de
saneamento está relacionada com o ciclo de transmissão de muitas doenças,
inclusive as transmitidas pelo mosquito Aedes aegypt. Há uma desigualdade regional
 Mortalidade infantil em 2015
Vinte e cinco anos depois, em 2015, a prematuridade (3,18 a cada 1000) continua
ocupando o primeiro lugar, mas com significativa redução da taxa. As doenças
diarreicas saíram da lista das 20 principais causas de mortalidade em menores de 5
anos, e agora as anomalias congênitas (3,06 a cada 1000) ocupam o segundo lugar.
na cobertura de saneamento básico, cerca de 17% dos municípios brasileiros, de um
total de 5.570, ainda não dispõem de fornecimento regular de água encanada ou
tratamento de esgoto.
Muitos municípios brasileiros ainda não dispõem de redes de coleta de esgoto e água encanada.
O Brasil precisa enfrentar velhos desafios de diferentes origens e complexidades para
possibilitar melhores condições de vida e trabalho para a população. Os governos, em
todas as esferas de poder, devem ampliar de forma contínua os investimentos em
políticas públicas estratégicas, principalmente no campo social e econômico.
Atenção!
A descontinuidade de ações é um problema que dificulta o resultado das políticas a longo prazo. É de se
imaginar que o resultado da transferência de renda ou de investimentos em educação levem tempo, às
vezes, décadas, até serem notados. Como vimos, as ações de educação condicionadas ao recebimento do
Bolsa Família, implementadas em 2004, tiveram resultado significativo em 2012, com a redução do
analfabetismo. Outro ponto fundamental nas políticas públicas diz respeito à articulação das ações, que
devem ser prioritariamente intersetoriais, para terem alcance ampliado e responsabilidades compartilhadas.
As ações de combate aos DSS vão muito além das competências do setor de saúde,
exigindo, portanto, a articulação e contribuição coordenada de diferentes setores. No
entanto, todas as ações de intervenção sobre os DSS devem ser baseadas em
evidências científicas, dados demográficos e epidemiológicos, e voltadas para a
promoção da saúde. Desse modo, deve-se também investir no desenvolvimento de
estudos e pesquisas em duas frentes:
1. Avaliação do impacto de cada DSS na vida da população e suas implicações nas
condições de saúde, baseada na análise de indicadores de saúde da população e
em índices epidemiológicos e demográficos.
2. A partir da análise inicial do impacto de cada DSS, propor estratégias e políticas
de combate e redução de riscos com foco na promoção da equidade em saúde.
Até aqui você estudou o que são os DSS, como eles tem o poder de impactar as
condições de vida da população e o que pode ser feito para minimizar esse efeito. No
próximo módulo, você estudará a epidemiologia social e como a sociedade e os
diferentes modos de organização social influenciam a saúde.
Políticas públicas de saúde e ações intersetoriais para combater as iniquidades da saúde no Brasil.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Aprendemos sobre os determinantes sociais de saúde. Sobre esse assunto, analise
as afirmativas a seguir:
I. O entendimento da saúde como um fenômeno social e humano é equivocado,
visto que a saúde é apenas um processo biológico.
II. O conceito de determinação social da saúde deve abranger, por exemplo, o
estudo de como as necessidades e as práticas de saúde são socialmente
criadas e reforçadas pelo modelo econômico mundial.
III. A solidariedade e a coesão social são elementos que permitem uma sociedade
mais saudável.
É correto o que se afirma em:
Parabéns! A alternativa E está correta.
A primeira afirmativa é falsa, visto que a saúde é produto da associação de múltiplos
fatores, incluindo aqueles de origem biológica e social. A segunda e terceira
A I, apenas.
B III, apenas.
C I e II.
D I e III.
E II e III.
afirmativas são verdadeiras, pois a saúde tem relação com as práticas socialmente
criadas e são muito potencializadas pela lógica do modelo econômico mundial.
Estudos indicam que sociedades mais solidárias e coesas são mais saudáveis e
tendem a apresentar menor carga de doenças psicossociais.
Questão 2
Há uma relação direta de causa e efeito entre os fatores gerais de natureza social,
econômica e política e os indicadores de saúde de determinada população. Assinale
a alternativa que contém a definição de iniquidades em saúde.
A Problemas de natureza unicamente política que impactama saúde.
B Questionamentos de origem moral que dificultam o acesso à saúde.
C
Desigualdades sistemáticas observadas na saúde entre os
diferentes grupos da sociedade.
Parabéns! A alternativa C está correta.
As iniquidades em saúde são resultado das desigualdades sistemáticas de
diferentes origens que impactam sobre a condição de saúde da população.
Considera-se que as iniquidades são injustas e evitáveis, no entanto, são resultado
do próprio modelo econômico mundial que acirra a existência das desigualdades.
D Deficiências de planejamento estratégico para a saúde.
E
Políticas públicas de saúde para fortalecer o princípio da equidade
em saúde.
2 - Epidemiologia aplicada por níveis de
determinação
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a aplicação da Epidemiologia por
nível de determinação.
Introdução à Epidemiologia por
níveis de determinação
O planejamento dos serviços de saúde requer o uso da Epidemiologia enquanto
disciplina científica para organizar e nortear as ações do poder público. A avaliação
das condições de vida e saúde da população, ou seja, dos DSS, depende da exaustiva
análise de dados e indicadores epidemiológicos.
Em função do tipo de aplicação e do objeto de análise, a Epidemiologia pode ser
dividida em diferentes tipos, como:

Epidemiologia social

Epidemiologia
genética

Epidemiologia
ambiental

Epidemiologia
clínica

Epidemiologia
nutricional
A partir de agora, estudaremos com mais detalhes cada uma das divisões da
Epidemiologia.
A epidemiologia e seus diversos ramos de estudo.
Epidemiologia social
Apesar da Epidemiologia em geral considerar os aspectos sociais, a Epidemiologia
Social distingue-se pelo fato de focar em como os aspectos sociais que os indivíduos
estão inseridos influenciam o processo saúde-doença.
Saiba mais
Embora o princípio da Epidemiologia social exista desde meados do século XVII, foi apenas nos séculos XIX
e XX que sua sistematização permitiu seu estudo enquanto disciplina acadêmica. Diversas teorias foram
estudadas ao longo desses anos, seus conceitos mais básicos vêm sendo extraídos da Sociologia,
Economia, Ciência Política e Antropologia Médica.
Importantes pesquisadores debatem a existência de diferentes vertentes teóricas
dentro da Epidemiologia social. A primeira vertente destaca a importância de se levar
em consideração, na origem das doenças, aspectos como: a expressão biológica da
desigualdade social, os diversos aspectos da discriminação, assim como aspectos
sociais que levam à privação (material e social) e o curso de vida dos indivíduos.
Um dos fatores que causam impacto na epidemiologia social é a distribuição de renda.
Outras correntes teóricas defendem que nem todos os determinantes representam
atributos individuais, sendo então levada em consideração a combinação de variáveis
grupais ou ecológicas (desigualdade de renda, local da moradia). Trata-se de uma
análise complexa que investiga os determinantes e desfechos em diferentes níveis de
hierarquia e organização, além de analisar as interações entre esses níveis. Essa
forma de análise é chamada de Ecoepidemiologia.
Entretanto, se pararmos para pensar, a Epidemiologia social deve
levar em consideração não somente a situação atual que o
indivíduo e a população estão inseridos, mas também abordar
como os diferentes modos de organização social influenciam na
saúde – entendendo-se saúde como bem-estar dos indivíduos e
comunidade.
Também podemos considerar uma vertente com forte raiz no materialismo histórico,
onde observa-se o indivíduo e a sociedade sob um ponto de visto histórico e
econômico, relacionando-se com a origem e determinação da distribuição de
doenças. A teoria do capital social muito se assemelha a essa vertente por buscar
entender os mecanismos pelos quais a desigualdade de renda e a forma como a
sociedade está estruturada pode afetar a saúde de cada pessoa.
Com a expansão da tecnologia e das interações sociais por meio virtual durante a
pandemia de COVID-19, observou-se um expressivo aumento dos casos de depressão
e crises de ansiedade, principalmente entre os jovens.
Doenças de origem psicossocial são cada vez mais
frequentes na população.
A relação dos indivíduos com eventos de
sucesso, fracasso, frustação, estresse
e/ou pressão podem levar ao
comprometimento da qualidade da
saúde mental e, consequentemente, ao
aparecimento de doenças de origem
psicossocial. A Epidemiologia social
moderna, em sua vertente psicossocial,
também estuda essas relações e tenta
entender o papel de múltiplos agentes
estressores no processo saúde mental-
doença.
As diversas abordagens apresentam suas características, mas ainda parecem ser
insuficientes para conseguir realmente ter uma análise mais precisa e correta de
problemas complexos que afligem a população, em especial na saúde. O grande
desafio é tentar formular um modelo que fielmente se aproxime da realidade e consiga
orientar ações no sentido de reduzir e mitigar os problemas de saúde da população.
Epidemiologia molecular e genética
Um dos ramos da Epidemiologia é a Epidemiologia molecular. Essa área foi criada
com o surgimento e desenvolvimento das técnicas de biologia molecular nas últimas
décadas. Dentro da Epidemiologia molecular, existem subáreas que a compõe, são
elas:

Epidemiologia do
câncer

Epidemiologia
ambiental

Epidemiologia das
doenças infecciosas
Umas das maiores vantagens do uso da biologia molecular na Epidemiologia é poder
identificar o agente causador da doença, se é uma doença infecciosa, se é algum tipo
de doença crônica ou até mesmo de origem genética.
Com esses estudos se torna possível identificar e separar os grupos de acordo com o
tipo de doença, permitindo assim o diagnóstico preciso. Algumas doenças podem ser
identificadas pelos exames que detectam os biomarcadores. Como por exemplo, o
câncer de ovário pode ser identificado por um exame de sangue que identifica o
marcador CA125.
Biomarcadores
São moléculas que podem ser medidas e quantificadas, indicando a ocorrência da função normal ou patológica
(em caso de alguma doença) do organismo.
Diagnóstico molecular.
Vamos ver dois exemplos para entendermos melhor:
No Brasil, geralmente, temos epidemias de dengue anualmente. Com a
introdução de outros vírus que causam doenças com sintomas semelhantes à
Dengue 
dengue, o diagnóstico clínico se tornou mais complicado. Ao ser aplicado
técnicas de biologia molecular para diagnosticar o agente causador da doença,
se torna possível distinguir se a pessoa está infectada com o vírus da dengue,
zika ou chikungunya, por exemplo. E, então, separar os casos e acompanhar de
perto a epidemia, dando oportunidade de gerar ações de promoção a saúde.
Outra aplicação da biologia molecular na Epidemiologia é tornar possível a
identificação e/ou a confirmação da ocorrência de surtos, observando se eles
são casos endêmicos ou esporádicos. Os surtos são caracterizados pelo
aumento do número de casos de determinada doença em um período de forma
não esperada para aquela população.
Um exemplo que pode nos ajudar a entender seria a ocorrência de surtos em
hospitais, no qual muitos pacientes ficam doentes e têm o mesmo agente
causador.
É muito comum ocorrer, por exemplo, surtos hospitalares causado por
Salmonella spp., rotavírus e vírus sincicial respiratório nas unidades
pediátricas. E você, com certeza, já deve ter ouvido falar de algum conhecido
que teve pneumonia bacteriana enquanto estava internado no hospital e que
vários outros pacientes também tiveram ao mesmo tempo, então, a
Surtos hospitalares causados por infecções bacterianas e virais 
investigação desses surtos é necessária para auxiliar no manejo dos pacientes
doentes e para evitar novas infecções.
Grande parte dos surtos hospitalares são originados a partir da negligência da
tomada de medidas de proteção de biossegurança básicas, como a simples
lavagem das mãos. Neste sentido, a orientação e capacitação dos
profissionaisde saúde deve ser constante para aprimorar as técnicas e reduzir
as chances de contaminações cruzadas dentro do ambiente hospitalar.
Vírus sincicial
O vírus sincicial respiratório é muito comum e causa infecções do
trato respiratório. É uma das principais causas de infecções das vias
respiratórias e pulmões em recém-nascidos e crianças.
Além disso, com os dados obtidos na Epidemiologia molecular, como no exemplo
acima de infecção hospitalar, é possível separar em grupos de acordo com a
gravidade da doença, tornando possível a identificação também de fatores de risco
associados à infecção. E não só isso, é possível classificar de acordo com a
exposição, tendo então grande utilidade para investigar a influência da exposição e se
o tipo de microrganismo tem relação com a progressão e com o prognóstico da
doença apresentada e até mesmo avaliar pequenas diferenças entre microrganismos
da mesma família.
A epidemiologia e controle das
infecções hospitalares
Neste vídeo, o mestre Helver Dias irá apresentar a importância da epidemiologia para
o controle das infecções hospitalares.
O que podemos ver até aqui são grandes vantagens da aplicação da epidemiologia
molecular na promoção da saúde, mas, como todo método, existem limitações.
Um fator limitante é a amostra coletada,
não adianta termos um teste muito bom
se não tivermos uma amostra bem
coletada ou uma amostra que possa ser
utilizada com o método escolhido. Na
maior parte das vezes, são coletadas

Amostras de sangue.
amostras de sangue, de urina, de fezes
ou até mesmo swabs, dependendo da
suspeita clínica em questão. Para a
aplicação dessas técnicas moleculares é
necessário um laboratório que esteja
equipado com equipamentos, reagentes
e mão de obra qualificada. Porém, nem
sempre há um método molecular
validado para responder o problema
epidemiológico que se enfrenta.
Outro ramo da Epidemiologia que vamos discutir é Epidemiologia genética, que visa
desvendar o papel dos determinantes genéticos na saúde e na doença, e sua interação
complexa com fatores ambientais.
O início da Epidemiologia genética é marcado pela identificação de doenças
relacionadas com alteração em um único gene, conhecidas também como doenças
mendelianas, uma vez que elas seguem o padrão de herança genética descrito por
Gregor Mendel, em 1866.
Atualmente, já se sabe que, dificilmente, a variação genética de um único gene
(monogênicas), sem a influência ambiental, vai determinar o aparecimento da maior
parte das doenças.
Visualização da análise genômica.
Curiosidade
Você sabe quais doenças genéticas são caracterizadas pela mudança em um único gene e que levam a
produção de um fenótipo característico? Essas doenças também recebem a denominação de fenótipos ou
“traços”, sendo que já foram descritos mais de 1.200 traços, entre eles estão a doença de Huntington, fibrose
cística, hemofilia A e B, intolerância à lactose e anemia falciforme.
Atualmente, com o avanço tecnológico, a Epidemiologia tem sido particularmente
bem-sucedida no mapeamento de genes e no entendimento de doenças complexas
comuns, que são causadas por alterações em muitos genes, que apresentam efeitos
leves a moderados. A interação com os fatores ambientais é complexa e requer a
interação de pelo menos dois genes.
Nesse caso, não existe um gene
específico da doença, mas sim fortes
influências genéticas, principalmente
hereditárias, que estão sendo expressas
a partir do estímulo ambiental.
Alguns exemplos de doenças complexas
são diabetes, hipertensão, asma e
câncer.
Portanto, trata-se de identificar, descrever e analisar características e fatores
relacionados ao agente, hospedeiro, meio em que o hospedeiro está inserido, tempo e
espaço. Cada ponto a ser analisado pode ser subdividido, conferindo uma camada
maior de complexidade. No caso de o hospedeiro ser o homem, podemos estratificar
de acordo com a idade, grupo sanguíneo, sexo, profissão etc. Pode-se estratificar
também o lugar de acordo com o nível de industrialização, poluição do ar, radiação UV
etc. Assim, percebemos que a análise multifatorial é bem complexa.
Epidemiologia clínica e nutricional
A Medicina praticada no início do século XX, em especial, a clínica médica, baseava-se
em experiências e observações particulares de médicos e do pouco conhecimento da
fisiopatologia das doenças que se tinha à época. Os trabalhos publicados eram
baseados em observações não sistematizadas, com número amostral pequeno de
pacientes e, deste modo, com pouco ou nenhum rigor científico e epidemiológico.
Hoje, temos a aplicação da Epidemiologia clínica que trouxe maior
segurança, ética e confiabilidade aos ensaios clínicos que
suportam a prática da medicina.
A Epidemiologia clínica, como você deve imaginar, é um ramo que tem como objetivo
auxiliar as decisões clínicas a serem tomadas. Essa área de estudo leva em
consideração as evidências geradas nos estudos clínico-epidemiológicos, que são
suportados pela complexidade das novas metodologias para diagnóstico, terapia e
prevenção. É a Medicina baseada em evidências científicas, que apresenta uma
análise mais criteriosa com melhor avaliação de riscos, benefícios e custos ao
paciente. Dentro da Epidemiologia clínica, utiliza-se muito a Epidemiologia descritiva
para avaliação da frequência ou distribuição das doenças, e a Epidemiologia analítica
para o estudo dos fatores e causas que explicam essa distribuição.
Por se basear em evidências cientificas, é importante saber onde procurar e ter análise
crítica do conteúdo que se está lendo. Veja a seguir dois tipos de fonte de
informações:
Ensaios clínicos
randomizados
Uma boa fonte de informações são os
artigos científicos, de preferência os
grandes ensaios clínicos randomizados.
Esses ensaios podem ser estudos
observacionais que apresentem boa
qualidade metodológica e analítica, além
de um bom embasamento teórico. Hoje,
existem à disposição muitos ensaios
clínicos de qualidade que podem ser
consultados.
Revisões
sistemáticas
Uma outra forma de se obter
informações confiáveis é a partir das
chamadas revisões sistemáticas. Nesse
tipo de estudo, são identificadas e
reunidas diversas pesquisas originais e
os dados são compilados com o objetivo
de sistematizar os resultados, buscando
sempre extrair as informações mais
consistentes.
A estatística é uma grande aliada nas revisões sistemáticas, sendo usada para
estimar, por exemplo, o risco relativo a partir de dados obtidos em diferentes estudos.
Por reunir um grupo de pesquisas diferentes, a revisão sistemática é capaz de dar
maior robustez estatística ao dado e maior confiança para a tomada de decisão na
abordagem clínica.
Os livros-texto e as chamadas diretrizes (também conhecidas como guidelines) são
até hoje a forma mais utilizada para consulta.
As diretrizes são formuladas geralmente
por órgãos federais ou por sociedades
médicas que tomam como base
trabalhos originais, ensaios clínicos e
estudos observacionais. Uma das
grandes vantagens das diretrizes é sua
constante avaliação e atualização de
acordo com novas informações.
Já os livros-texto, apesar de
apresentarem a vantagem de terem as
informações de forma mais condensada
e organizada, apresentam grande
desvantagem em relação à atualização
do conteúdo.
A todo momento novas informações são publicadas, em velocidade e volume que
impede até mesmos os especialistas da área em se atualizar. Portanto, durante o
tempo de produção e liberação desses livros, novas informações já foram publicadas.
Atenção!
Assim como em todas as áreas, aqui não seria diferente, é sempre importante fazer uma análise crítica do
conteúdo que se está lendo. Buscando sempre analisar se os objetivos do estudo foram mostrados de forma
clara nos resultados obtidos e qual a relevância daquela informação.
A partir da análise do estado clínico do paciente e da relação entre evidência clínica e
efetividade (benefício de se usar determinada conduta clínica na prática),pode-se
traçar abordagens para avaliação da necessidade e da qualidade da intervenção para
cada paciente. Claro, espera-se sempre que o benefício seja superior ao dano ou que
este seja nulo. Nesse sentido, diferentes elementos são avaliados, como a gravidade
do caso, as alternativas disponíveis, os valores e a vontade do paciente, entre outros.
No esquema a seguir, vemos um paralelo da avaliação da necessidade e da qualidade
da intervenção para cada paciente.
Abordagens para avaliação da necessidade e da qualidade da intervenção para cada paciente.
Uma grande aliada da Epidemiologia clínica é a Epidemiologia nutricional. Essa área
visa estudar a contribuição alimentar (consumo e uso de diferentes alimentos) para o
estado nutricional e, consequentemente, para a saúde da população.
Por tratar-se de uma área focada na alimentação, a Epidemiologia nutricional se
preocupa com o tipo de alimentação e com a qualidade do alimento.
O foco é voltado para a segurança do
alimento, com avaliações
microbiológicas, químicas (investigação
de substâncias químicas como
pesticidas) ou físicas, sempre visando
garantir um alimento livre de
contaminações e que não acarretem
prejuízos, seja em curto ou longo prazo,
para a saúde da população.
Considerando que todos os alimentos estão em condições ideais para consumo,
passamos para uma fase de avaliação da quantidade ingerida. É importante haver
equilíbrio na ingestão dos diversos nutrientes na alimentação. Então, nesse momento,
se torna crucial a avaliação de possíveis excessos ou deficiências de nutrientes no dia
a dia.
Alimentação balanceada
Uma alimentação balanceada
considera a ingestão
Prevenção de doenças
Com um acompanhamento
adequado do estado
necessária de alimentos para
atender às necessidades
nutricionais do indivíduo, não
prevendo excessos ou
carências.
nutricional,
independentemente da idade
ou sexo, é possível prevenir o
aparecimento de certas
doenças a curto e longo prazo.
Com os avanços da ciência, foi possível compreender melhor a influência da dieta no
desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como por exemplo, alguns
tipos de câncer. Doenças como asma e de origem alérgica, ainda estão sob
investigação da sua relação com o suporte nutricional do portador, mas ainda é um
caminho bem longo que precisa de mais investigações.
No entanto, algumas certezas vêm sendo reforçadas pelos estudos epidemiológicos.
Cada vez mais, a ciência enfatiza a necessidade de mudança nos padrões dietéticos
atuais: precisamos reduzir fortemente o consumo de alimentos altamente
processados, com alta densidade energética, muito gordurosos e cheios de açúcar,
aumentando cada vez mais o consumo de frutas, fibras e vegetais de boa qualidade.

O que evitar e o que comer para ter uma boa saúde.
Com uma alimentação mais saudável e balanceada é possível prevenir e reduzir a
incidência e mortalidade de muitas doenças crônicas de alta prevalência na
população, como a obesidade, diabetes e a hipertensão arterial.
E como são desenhados os estudos em Epidemiologia
nutricional?
Por ser um ramo da Epidemiologia, pode-se utilizar os mesmos tipos de estudos
realizados neste setor em geral. São utilizadas as mesmas ferramentas, porém, de
forma ampla, os estudos observacionais, transversais, comunitários aleatorizados e
controlados são os tipos mais utilizados. Entenda melhor sobre eles a seguir:
Estudos observacionais
Nos estudos observacionais, quando bem estruturados, são realizados estudos caso-controle ou
coorte. Nesse tipo de estudo, temos um grupo controle, grupo que está em condições normais e
não sofre de nenhuma doença ou privação de nutriente e o grupo foco do estudo, que são
justamente os indivíduos doentes, ou seja, aqueles tiveram a doença em questão e tiveram, ou não,
a privação de algum nutriente.
Para verificar se existe correlação entre a privação do nutriente e o desenvolvimento da doença,
deve-se comparar os resultados dos dois grupos. Para isso, utiliza-se a estatística, testando-se a
hipótese de associações de fatores causais ou até mesmo se a intervenção realizada tem algum
impacto.
Estudos transversais
No caso de estudos transversais, busca-se identificar associações relevantes para as questões
levantadas, estabelecendo hipóteses causais. Nesse tipo de estudo, são feitas análises de dados
coletados em um momento definido, não tendo acompanhamento a longo prazo da população
estudada.
Por exemplo, pode-se selecionar uma população de estudantes do último ano do ensino médio de
determinada escola e aplicar questionários para avaliar os hábitos alimentares dessa população. O
objetivo é coletar dados para estudar o grupo em um único ponto no tempo. A partir dos resultados,
a nutricionista da unidade escolar pode inserir determinados alimentos na merenda para suprir as
carências nutricionais dos jovens.
Ensaios comunitários
Por fim, os ensaios comunitários são aleatorizados e controlados. Esses estudos investigam o
papel da intervenção no grupo pesquisado, ou seja, será testada a hipótese da redução do desfecho
principal frente a uma intervenção programada e direcionada.
Vamos para um exemplo. Estudos de caso-controle mostraram a relação da deficiência da vitamina
A com a ocorrência de diarreias e infecções respiratórias. Um fato interessante observado é que a
vitamina A aparenta ter efeito protetor nas mucosas. Então, querendo investigar mais a fundo,
estudos são feitos para investigar se a suplementação alimentar de vitamina A diminuiria os casos
de diarreia e infecções respiratórias. Os estudos sugerem que, no caso de diarreias, uma redução de
casos foi observada, mas em relação às infecções respiratórias a hipótese não pôde ser
comprovada.
No início, a Epidemiologia clínica se deparava principalmente com doenças
transmissíveis, visto que a incidência dessas doenças era muito alta na população em
geral. Após a Segunda Guerra Mundial, o rápido desenvolvimento industrial de
produtos farmacêuticos e médicos, impulsionou a mudança no perfil de
morbimortalidade. Desta vez, as doenças crônicas não transmissíveis assumiram o
primeiro lugar em número de casos.
Ao longo dos anos, os estudos foram auxiliando cada vez mais no entendimento,
tratamento e prevenção dessas doenças. A Epidemiologia nutricional foi ganhando
mais espaço e importância ao mostrar seu impacto positivo na saúde da população. A
conscientização de uma vida com hábitos mais saudáveis, alimentação balanceada e
prática de exercícios físicos, integra as principais perspectivas da Epidemiologia
contemporânea. No entanto, inúmeros desafios são postos à mesa para a ampliação
de um estilo de vida mais saudável e que reduza a carga de doenças na população.
Vitaminas são essenciais para nossa saúde.
Epidemiologia ambiental
A Epidemiologia ambiental tem como objetivo estudar as causas ambientais, sejam
elas físicas, químicas, biológicas, mecânicas, ergonômicas e/ou psicossociais, bem
como a distribuição desses eventos relacionados com a saúde do homem.
Discute-se na Epidemiologia ambiental que quantificar a exposição a determinado
fator ambiental é sempre um desafio.
Leva-se em consideração diversos
agentes causais, que podem ser
formados por apenas um ou diferentes
compostos químicos. A presença
desse(s) composto(s) em mais de um
alimento, por exemplo, traz(em) grandes
dificuldades na investigação e
comprovação da hipótese científica.
Além disso, outros fatores podem
influenciar no desfecho final, como
hábitos e comportamentos particulares
da população estudada, alimentação,
origem da água e tipo de ocupação
profissional. Deve-se ainda levar em
Diversos fatores impactam na nossa saúde e na saúde
coletiva.
consideração as diferenças individuais e
populacionais (idade, gênero,
susceptibilidade etc.).
E como minimizar esses problemas?
Para isso, é necessário que sejam montados questionários completos captando
informações e parâmetros direcionados para o perfil da populaçãoestudada. Pode-se
também, em situações específicas, realizar coletas de água, solo, alimentos e de
material biológico das pessoas expostas.
E como avaliar os dados obtidos?
As análises estatísticas utilizadas são as
mesmas empregadas nos outros estudos
epidemiológicos que vimos. Porém, são
de extrema importância a aplicação de
análise de dados agregados e análise
espacial, devido as suas características
amostrais.
Como é possível entender, esse ramo da Epidemiologia tem papel principal na
avaliação dos possíveis poluentes da água, do ar e do solo que afetam a saúde
humana, podendo também avaliar as mudanças climáticas e seus impactos no
ambiente e na saúde do homem.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Vimos que em função do tipo de aplicação e do objeto de análise, a Epidemiologia
pode ser dividida em diferentes tipos: social, genética, ambiental e clínica e
nutricional. Sobre a Epidemiologia genética é correto o que ser afirma em:
A
Estuda somente os aspectos sociais do indivíduo, sem levar em
consideração nenhuma outra área.
B
Identifica o gene ou os genes responsáveis pela doença, que muitas
vezes estão ligados a influências ambientais.
Parabéns! A alternativa B está correta.
A Epidemiologia genética, assim como outras áreas dentro da Epidemiologia tenta
considerar os diversos fatores aos quais o indivíduo está exposto. Sua exposição
ambiental, alimentação, ocorrência de infecções e tendências ao desenvolvimento
de certas doenças genéticas são fatores importantes para o entendimento e a
identificação de possíveis genes ligados a certas doenças. Hoje, como sabemos,
muitas doenças que apresentamos ao longo do tempo são as chamadas doenças
complexas comuns, nas quais há influência de 2 ou mais genes somados à
exposição ambiental e não apenas um, por isso não seguem a lei da herança
mendeliana, que avalia um único gene.
C
Identifica doenças complexas comuns que são as que apresentam
alteração em um único gene.
D
Estuda todas as alterações genéticas das populações, independente
se essa alteração causa ou não doença.
E Estuda somente doenças que seguem a lei da herança mendeliana.
Questão 2
O termo “Epidemiologia clínica” foi introduzido pela primeira vez por John R. Paul,
em seu discurso presidencial na Sociedade Americana de Investigação Clínica, em
1938. Sobre a Epidemiologia clínica, é correto afirmar que:
I. É um ramo da Epidemiologia que auxilia nas decisões clínicas.
II. Essa área leva em consideração as evidências geradas nos estudos clínico-
epidemiológicos que são suportados pelas metodologias de diagnóstico,
terapia e prevenção.
III. Nos dias atuais, se baseia somente na experiência e no dia a dia do médico,
sem considerar novos estudos, visto que muitos contêm erros e são difíceis de
confiar.
Estão corretas as afirmativas:
A Somente a III.
B I e III.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Nos dias de hoje, os estudos médicos, ao traçarem um curso de tratamento, não
levam somente em consideração suas experiências profissionais. Diversos estudos
dentro da Epidemiologia e da Epidemiologia clínica trazem cada vez mais
informação de qualidade e auxiliam os médicos nas tomadas de decisões. Hoje, as
pesquisas conseguem ser realizadas com um número maior de indivíduos
participantes, o que dá robustez e confiança aos resultados apresentados,
auxiliando os médicos nas tomadas de decisão.
C II e III.
D I e II.
E Somente a I.
Considerações �nais
Ao longo deste conteúdo, aprendemos conceitos associados à Epidemiologia social,
em especial aqueles relacionados aos determinantes sociais, aos novos paradigmas
da saúde e aos aspectos que levam à persistência das iniquidades da saúde no Brasil.
Além disso, estudamos os diferentes níveis de determinação da Epidemiologia e sua
aplicação na saúde. Assim, com posse dos assuntos abordados, conseguimos
entender com maior clareza as condições de saúde no Brasil e no mundo, e o que deve
ser feito para melhorar a situação atual.
Podcast
Neste bate-papo, o mestre Helver Dias fala sobre os determinantes sociais da saúde
no idoso.

Explore +
Para ampliar seus conhecimentos sobre o conteúdo:
Leia:
Iniquidades em saúde no Brasil sob as lentes da sociedade civil, de M.S.Q.
Escoda, na Revista de Saúde Pública, da editora Fiocruz (2008).
Os artigos que relacionam os determinantes sociais da saúde e a epidemiologia
crítica disponibilizados no website da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto.
O artigo A saúde e seus determinantes, de Buss e Filho (2007). Disponível na
plataforma Scielo.
Assista:
Ao vídeo Colóquios SNCT 2018 - Determinantes sociais da saúde, do canal
Fiocruz, no YouTube.
Ao vídeo As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil, do canal
Fiocruz, no YouTube.
Referências
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v. 21, n.4, p.533-538, 2012.
BRASIL. DATA SUS. Consultado na internet em: 10 out. 2021.
BRASIL. IBGE. Conheça o Brasil – população. Consultado na internet em: 13 out. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Analfabetismo no país cai de 11.5% para 8,7% nos
últimos oito anos. Consultado na internet em: em 01 out. 2021.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Relatório Anual de
Avaliação. Ano base 2007. Consultado na internet em: 01 out. 2021.
COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE (CNDSS). As
causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008.
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health. Stockholm: Institute for Future Studies, 1991.
FILHO, N. A.; BARRETO, M. L. Epidemiologia & Saúde: fundamentos, métodos,
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Consultado na internet em: 01 out. 2021.
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