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Aplicação da Epidemiologia na saúde Profº. Helver Gonçalves Dias Descrição Qualidade de vida, determinantes sociais, novos paradigmas e iniquidades da Saúde no Brasil, além do estudo da Epidemiologia por níveis de determinação. Propósito Identificar como a Epidemiologia pode auxiliar no entendimento da qualidade de vida, dos determinantes sociais da saúde e da redução das iniquidades, além de compreender como sua aplicação por níveis de determinação pode influenciar a melhoria do bem-estar da população. Objetivos Módulo 1 Qualidade de vida, determinantes sociais e iniquidades da Saúde Descrever aspectos relacionados à qualidade de vida, aos determinantes sociais, aos novos paradigmas e à persistência das iniquidades da Saúde no Brasil. Módulo 2 Epidemiologia aplicada por níveis de determinação Reconhecer a aplicação da epidemiologia por nível de determinação. Como sabemos, diversos fatores influenciam a ocorrência das doenças. Você já deve ter ouvido falar que os fatores genéticos, sociais, econômicos e ambientais podem influenciar a ocorrência de certos agravos. Nesse sentido, o objetivo principal do estudo da epidemiologia é dar a capacidade de identificar as oportunidades de intervenção para promoção, prevenção e controle de danos à saúde. Agora, estudaremos diferentes aspectos sobre as condições de saúde, analisando como o Brasil precisa avançar para ofertar níveis de bem-estar cada vez melhores para sua população. Vamos lá? Introdução 1 - Qualidade de vida, determinantes sociais e iniquidades da Saúde Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever aspectos relacionados à qualidade de vida, aos determinantes sociais, aos novos paradigmas e à persistência das iniquidades da Saúde no Brasil. Qualidade de vida e determinantes sociais da Saúde Falar de saúde implica, em sentido amplo, falar de qualidade de vida e sobre a forma que vivemos e nos organizamos em sociedade. A Reforma Sanitária Brasileira, ocorrida na década de 80, incorporou o entendimento amplo do significado de saúde. A condição de saúde de um indivíduo é resultante da associação de diferentes fatores, como a situação socioeconômica, saúde mental, educação, alimentação, meio ambiente e o próprio estilo de vida desse indivíduo. É claro que não podemos esquecer dos fatos intrínsecos, como sexo, idade e fatores hereditários. De acordo com a Constituição da World Health Organization (WHO), em sua 45ª edição (2021), a saúde é definida como o estado completo de bem-estar social, mental e físico, e não somente a ausência de doença. O aparecimento das doenças é consequência justamente do desequilíbrio de um ou de mais fatores. Dessa forma, para facilitar seu estudo neste módulo, vamos sempre pensar em saúde em seu conceito mais abrangente e que compreende os diversos aspectos da vida do indivíduo. Os determinantes de saúde (DSS) são todos os fatores que, de algum modo, influenciam as condições de saúde do indivíduo e da comunidade. Discute-se muito sobre a classificação e o agrupamento dos diferentes determinantes de saúde. Isso não é consenso nem mesmo entre os sanitaristas e pesquisadores da área. Há uma corrente teórica que admite a existência de cinco grupos de determinantes: Biológicos Idade, sexo e fatores genéticos. Econômicos e sociais Classe social, o emprego e moradia. Ambientais Poluição do ar e da água. Modos de vida Alimentação, prática de exercícios físicos, tabagismo e álcool. Relacionados ao acesso aos serviços Educação, saúde, lazer e transportes. Modelo de determinantes sociais da Saúde de Dahlgren e Whitehead O modelo de produção social da saúde proposto por Dahlgren e Whitehead, no início da década de 90, analisa os determinantes sociais da saúde em diferentes níveis (imagem abaixo). Partindo da perspectiva individual, fatores como idade e gênero influenciam a saúde do indivíduo. O nível acima considera os fatores associados ao estilo de vida e ao comportamento das pessoas, como o hábito de fumar e/ou beber e o sedentarismo. Exemplo Atualmente no mundo, considera-se a obesidade como uma epidemia, muito influenciada pela mudança no padrão alimentar – maior ingestão de alimentos ultraprocessados, gorduras e carboidratos – e pela diminuição da prática diária de exercícios físicos. No próximo nível, são consideradas as redes sociais e comunitárias, em que o indivíduo estabelece as interações sociais com seus iguais. Cada vez mais, admite-se a importância do ambiente comunitário e de suas relações na saúde da população. O penúltimo nível reúne as condições de vida e trabalho, que determinam as condições de saúde da população de acordo, por exemplo, com o nível de desemprego e escolaridade, saneamento básico, condições de moradia e habitação, disponibilidade de alimentos e acesso aos serviços de saúde. Por fim, o último nível contém as condições socioeconômicas, culturais e ambientais gerais também chamadas de macrodeterminantes. Modelo de determinantes sociais da Saúde de Dahlgren e Whitehead. Para que você entenda a relação entre a Epidemiologia e os DSS, é importante destacar que, enquanto ciência, a Epidemiologia analisa a distribuição e os fatores determinantes das doenças, considerando dados e eventos, e propondo medidas de prevenção e controle. Além disso, a Epidemiologia fornece indicadores que servem de suporte para o planejamento de políticas públicas e avaliação dos programas e ações de saúde. Importância dos dados epidemiológicos para os DSS Neste vídeo, o mestre Helver Dias irá correlacionar os indicadores de saúde com os DSS, trazendo como exemplo a tuberculose no Brasil. Saúde como produção social A principal barreira encontrada pela Epidemiologia no estudo dos determinantes é a dificuldade encontrada em se avaliar o impacto de cada um no estado de saúde da população. Vamos pensar juntos! Os fatores biológicos teriam maior influência na saúde do que os fatores ambientais? Essa é uma resposta difícil e que precisa de uma discussão aprofundada sobre o tema. Durante muito tempo, certa parte da comunidade científica acreditava no chamado “modelo biomédico de saúde”, que defendia a ideia de que os determinantes relacionados aos fatores biológicos tinham maior influência sobre o estado de saúde. Com o passar dos anos, essa concepção foi sofrendo alterações, principalmente pelo fortalecimento do entendimento que outros fatores, como os ambientais e os sociais, também interferem no processo saúde-doença. Além disso, atualmente, existem correntes de pensadores que defendem a ideia do tipo de sistema de saúde como fator determinante. As diferenças entre os sistemas, como nível de centralização, estrutura organizacional, fonte de financiamento e organização dos serviços, são determinantes para a qualidade da saúde da população. Em países da Europa ou mesmo nos Estados Unidos, as classes sociais mais ricas têm uma expectativa de vida maior e uma menor taxa de mortalidade por doenças crônicas e infectocontagiosas em relação aos mais pobres. Essas diferenças na saúde são reflexo da própria disparidade social e constituem forte atuação nas condições de saúde da população. Durante a Revolução Industrial, as condições de trabalho da classe operária eram péssimas e a expectativa de vida não passava dos 50 anos. As doenças do trabalho formavam exércitos de incapacitados e de doentes crônicos que não recebiam nenhum tipo de suporte por parte do Estado ou dos empresários. Os padrões de saúde mostram estreita correlação com a estratificação social, de modo que diversas doenças, como as parasitárias, são mais comuns entre a população mais carente. Desvantagens socioeconômicas A desvantagem socioeconômica pode incluir poucos recursos materiais, desemprego, uma educação insuficiente durante a infância e adolescência, uma atividade profissional sem perspectiva de crescimento ou mesmo informal, além de moradias insalubres e sem acesso a saneamento básico. Consequênciasno envelhecimento Essas desvantagens tendem a se concentrar nas mesmas pessoas e seus efeitos na saúde são cumulativos. Quanto mais tempo os indivíduos vivem em circunstâncias socioeconômicas estressantes, maior o desgaste físico e mental que sofrem e menor a probabilidade de um envelhecimento saudável. Bons patamares de saúde envolvem, entre outras coisas, a redução dos níveis de evasão escolar, principalmente no ensino fundamental e médio, e a diminuição da taxa de desemprego. As políticas de educação, emprego e habitação afetam diretamente os padrões de saúde. As sociedades que permitem aos seus cidadãos desempenharem um papel útil e participativo na vida social, econômica e cultural serão mais saudáveis em relação àquelas em que as pessoas convivem com violência e exclusão social. A pandemia da covid-19 trouxe um novo paradigma mundial e evidenciou as conexões entre a saúde e os seus determinantes. Veja a seguir! Covid-19 C i t d t d d i l t i l tid d d Muitos pesquisadores e entidades científicas internacionais apontam que a pandemia de covid-19 acentuou comportamentos suicidas e aumentou significativamente o número de pessoas que buscam por suporte para melhoria da saúde mental. Com o crescimento da taxa de desemprego e o isolamento social, a quantidade de pessoas que desenvolveram algum sintoma ou manifestação de depressão ou ansiedade aumentou, especialmente entre os jovens. A piora no bem-estar mental está relacionada a baixas expectativas de emprego e ao limitado convívio social, que ficou quase que totalmente restrito ao ambiente virtual. Relacionamento em sociedade A forma como nos relacionamos em sociedade pode causar efeitos de longo prazo na saúde mental. A ansiedade, o estresse, a insegurança, a baixa autoestima, o isolamento social e as relações interpessoais têm efeitos diretos sobre a saúde das pessoas. As tensões psicossociais acumulam-se durante a vida e aumentam as chances de problemas de ordem mental e morte prematura, inclusive por suicídio. Longos períodos de ansiedade, estresse, insegurança e a construção de laços interpessoais frágeis são prejudiciais em todos os âmbitos da vida humana. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, os principais fatores relacionados ao suicídio na pandemia foram o aumento da taxa de desemprego, a perda da estabilidade econômica das famílias, os traumas ou os abusos e a piora dos transtornos mentais. É preciso analisar o suicídio como problema de saúde pública e como fenômeno sensível às mudanças político-econômicas e sociais (OPAS, 2021). É interessante destacar que o estresse psicossocial está relacionado ao aumento da incidência de doenças do aparelho cardiovascular, como infarto e acidente vascular cerebral. A taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares é superior em países subdesenvolvidos da África e Ásia em relação a países desenvolvidos da Europa. Curiosidade Em um interessante estudo desenvolvido na década de 1980, dois pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, viram o papel do estresse social crônico no metabolismo endócrino de macacos. Todas as espécies conhecidas de macacos apresentam algum tipo sistema de organização social, geralmente composto por machos dominantes e machos subordinados. Nesse estudo, avaliou-se babuínos africanos machos que viviam livremente em uma reserva florestal. Entre os machos socialmente subordinados, as concentrações das frações do colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade) e a apolipoproteína A (ApoA) estavam significativamente reduzidas quando comparadas com o grupo de machos dominantes, mas foram detectadas altas concentrações de cortisol. O HDL e a ApoA têm importante função protetora, tendo, em níveis altos, funções preventivas contra a aterosclerose (acúmulo de gordura nas artérias) e doenças cardíacas. O cortisol é popularmente conhecido como “hormônio do estresse”. Esse estudo demonstrou que o estresse vivido por indivíduos socialmente subordinados desencadeava importantes alterações endócrinas que poderiam ter relação com o desenvolvimento de doenças crônicas (SAPOLSKY; MOTT, 1987). Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde Estimulado pela criação da Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde, no âmbito da Organização Mundial da Saúde, o Brasil criou em 2006 a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS). O objetivo da CNDSS foi trazer um levantamento atualizado sobre fatores sociais que determinavam o processo de adoecimento da população, propor políticas públicas que combatessem as iniquidades em saúde no Brasil e mobilizar diferentes instâncias governamentais e da sociedade civil sobre o tema. Falamos em iniquidades, você sabe o que é? Iniquidades em saúde são aquelas desigualdades, que além de sistemáticas e evitáveis, são também injustas e desnecessárias. As iniquidades em saúde podem ser observadas entre os diferentes grupos populacionais, sendo decorrentes das condições sociais dos indivíduos. É por este motivo que devem ser combatidas continuamente. A CNDSS era composta por personalidades de diferentes áreas, desde especialistas em saúde pública até pessoas reconhecidas do setor cultural e empresarial. A diversidade na composição dos membros teve como objetivo representar que a saúde é um bem público e a participação de diferentes setores da sociedade é parte importante do processo de construção e melhoria coletiva da saúde. Após três anos de trabalho, a CNDSS apresentou o relatório final, que virou um dos mais completos e estruturados documentos sobre os DSS no país, sendo atualmente uma referência para consulta no tema. Veja a seguir! Análise dos indicadores epidemiológicos A comissão analisou indicadores epidemiológicos e demográficos das últimas quatro décadas, como o crescimento populacional, as taxas de fecundidade, a mortalidade e a natalidade, a esperança de vida ao nascer, o índice de envelhecimento, entre outros, impactaram no modo de vida e no processo de produção de doenças da população. Além disso, identificou as políticas e os programas vigentes à época que, apesar de uma articulação entre diferentes setores do poder público, tinham pouca efetividade em diminuir as iniquidades em saúde. Propostas A CNDSS propôs que as intervenções nos DSS fossem feitas em todos os níveis do modelo de Dahlgren e Whitehead, integrando ações intersetoriais para promoção da saúde e qualidade de vida. O relatório ressalta que a partir do conhecimento amplo sobre as condições de vida e trabalho da população, é possível reconhecer as desigualdades existentes e os mecanismos pelos quais os DSS produzem as iniquidades em saúde. Relações interpessoais e saúde Um outro ponto interessante destacado no relatório considera que o desgaste das relações de solidariedade e confiança entre as pessoas seja prejudicial para a situação de saúde, trazendo impactos negativos nos indicadores de bem-estar da população, principalmente os relacionados à atenção psicossocial – diminuição da participação social, perda do emprego, endividamento das famílias, piora na qualidade das relações interpessoais, entre outros. Portanto, a partir de exaustiva análise das informações coletadas sobre os DSS no país, a CNDSS recomenda ações buscando: 1. Priorizar as ações intersetoriais. 2. Produzir evidências científicas sobre os DSS. 3. Estimular a participação da sociedade no tema. Novos paradigmas da saúde e a persistência das iniquidades em saúde no Brasil Conceituando iniquidades em saúde A expressão “iniquidades em saúde” é muito utilizada no campo de estudo social e econômico e, como já sabemos, corresponde às desigualdades sistemáticas observadas na saúde entre os diferentes grupos da sociedade. Essas desigualdades estão presentes em todos os países e são injustas e evitáveis, entretanto, inerentes ao modelo econômico mundial. A busca da equidade em saúde deve ser contínua e contar com a participação de todaa sociedade. Mesmo em países como o Brasil, que alcançou significativa redução da pobreza nas últimas décadas e introduziu a cobertura universal de saúde com a Constituição de 1988, as desigualdades no acesso aos serviços de saúde continuam a ser um grande desafio. As desigualdades ainda marcantes entre grupos socioeconômicos são refletidas em iniquidades. Por exemplo, é possível observar que a taxa de mortalidade de crianças menores de um ano nascidas em estados do Nordeste é maior do que no Sul. Origens das iniquidades em saúde no Brasil O relatório apresentado pela Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde trouxe muitos dados epidemiológicos e indicadores socioeconômicos que sustentam que as iniquidades em saúde no país são fruto, principalmente, das desigualdades sociais e econômicas. Vamos analisar alguns desses dados e pensar sobre a condição de saúde da população brasileira: PIB per capita À época da elaboração do relatório, em 2004, a região Sudeste era a que possuía o maior PIB per capita do país, seguida pelo Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. É claro que, nos últimos quinze anos, o Brasil passou por transformações, no entanto, apesar dessas transformações, a realidade das iniquidades em saúde continua profundamente afetada pelas desigualdades existentes no país. População A região Nordeste concentrava a segunda maior população do país, mas vinha em segundo lugar na distribuição do PIB per capita e concentrava um pouco mais da metade de toda a população pobre do país. Um dado também interessante traz a proporção de pobres de acordo com a cor de pele. No Nordeste, a população preta representava 56,2% do total de pobres (CNDSS, 2008). Educação Segundo o IBGE (2021), a educação, que também é um DSS, foi analisada e se verificou que a taxa de analfabetismo é quatro vezes maior no Nordeste do que no Sul e Sudeste do país. É interessante destacar que mesmo atualmente, as regiões Norte e Nordeste concentram o maior quantitativo absoluto de analfabetos. Esses dados demográficos têm uma importante relação com a saúde da população das regiões. Quando analisamos a esperança de vida ao nascer, a região Nordeste tem a menor expectativa de todas do país. O mesmo ocorre para a taxa de mortalidade infantil, os estados do Norte e Nordeste lideram com os maiores índices nacionais. O número de óbitos de crianças de 0 a 14 anos por doenças infecciosas e parasitárias, no período de 2008 a 2014, foi maior no Nordeste, mesmo em números absolutos (BRASIL, DATASUS, 2021). Os dados mais atuais reforçam a permanência dos estados no Norte e Nordeste na infeliz liderança das taxas de mortalidade infantil no país. Segundo o Ministério da Saúde, o Amapá lidera com 23%, seguido pelos estados de Roraima (19,8%) e do Amazonas (18,8%). Em último lugar, aparece o estado de Santa Catarina com 9,9%. Esses dados epidemiológicos indicam que, apesar dos avanços identificados nas últimas décadas no campo social, precisamos continuar avançando na melhoria da qualidade de vida da população brasileira. Taxa de mortalidade infantil estimada pelo Ministério da Saúde – unidades da Federação, 2017. Esses dados não são isolados, na verdade, são fruto da resultante de fatores de diferentes origens que diminuem as condições de saúde da população. Quando avaliamos dados e mapas atuais de distribuição de doenças infecciosas e parasitárias pelo país, podemos observar que a incidência de doenças como dengue, malária, leishmaniose (visceral e cutânea), doenças de Chagas e esquistossomose são superiores no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A correlação entre concentração de renda, pobreza, desigualdade social e piores condições de saúde da população não é à toa. Saiba mais Mesmo com a chamada “transição epidemiológica”, ocorrida na segunda metade do século XX, as regiões Norte e Nordeste continuam concentrando uma alta carga de doenças infecciosas e parasitárias e maiores taxas de mortalidade proporcional por essas causas. Falamos em transição epidemiológica. Você sabe o que significa? Os epidemiologistas chamam de transição epidemiológica – também conhecida por polarização epidemiológica ou transição de morbimortalidade – as mudanças no perfil de morbidade e mortalidade observados no Brasil no pós-Segunda Guerra Mundial. Para elucidar, vamos conhecer a transição epidemiológica das doenças infecciosas e parasitárias no Brasil (ARAÚJO, 2012): Morbimortalidade Morbimortalidade é um conceito da Epidemiologia que se refere ao índice de óbitos em decorrência de uma doença específica dentro de determinado grupo populacional (número de habitantes) em um tempo determinado. Antes de 1940 Antes de 1940, as doenças infecciosas e parasitárias eram a principal causa de morte no Brasil, correspondendo a quase metade dos óbitos no país. Ainda quando analisamos a relação do componente social com as taxas de incidência de tuberculose no Brasil, podemos observar uma correlação positiva entre baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) e áreas com maiores taxas de incidência. A Meados de 1970 Esse perfil mudou e as doenças do aparelho circulatório ultrapassaram as doenças infecciosas e parasitárias, tornando-se a principal causa de mortalidade. 1986 Em 1986, as doenças infecciosas e parasitárias correspondiam a menos de 10% do total de óbitos no país. correlação é também positiva quando comparamos a incidência da tuberculose com o PIB municipal per capita. A exceção fica apenas para o Rio de Janeiro que tem as maiores taxas de incidência do país, mas produz o segundo maior PIB dos estados. Os dados epidemiológicos de incidência da tuberculose, quando comparados com indicadores socioeconômicos e demográficos, fornecem importantes informações sobre como a condição social pode influenciar na distribuição e incidência de determinada doença. Violência e saúde Nas grandes cidades, a violência atinge direta e indiretamente a vida de milhões de pessoas, sendo considerada um importante DSS. Entende-se como diferentes tipos de violência: Gênero Sexual Física Psicológica Urbana A violência gera danos, traumas e mortes, trazendo consigo um alto custo social e emocional para a vida das pessoas. O impacto para o sistema de saúde também é alto, visto a enorme e crescente quantia de recursos que são destinados ao atendimento dos pacientes. Hoje, já sabemos que a violência disseminada pelo Brasil vai muito além da questão social. Entretanto, é em ambientes com condições escassas de oportunidades e pobreza acentuada que a violência faz o seu maior número de vítimas. Devemos tomar cuidado para não associar a pobreza à violência, pois estaríamos caindo no erro de criminalizar a primeira. A pobreza e os pobres são as maiores vítimas da violência como fator de vulnerabilidade e fragilização das condições plenas de bem-estar. Vulnerabilidade Vulnerabilidade socioeconômica é uma combinação de fatores que deterioram o bem-estar pessoal e social. Os grupos sociais em situação de vulnerabilidade têm limitado acesso a recursos e poder político, econômico e social. Saiba mais Dados mais recentes indicam que o número de pessoas vivendo em extrema pobreza no Brasil aumentou de 6,6% (13,9 milhões de pessoas), em 2019, para 9,1% (19,3 milhões de pessoas), em 2021. É válido destacar que são consideradas famílias em situação de extrema pobreza aquelas que têm renda mensal de até R$89,00 por pessoa (HESSEL, 2021). O combate à violência é um dos maiores desafios do Brasil, não somente no campo social e econômico, mas também no âmbito sanitário. As ligações entre saúde e violência são tão fortes que precisaremos de décadas de ações governamentais e implementação de políticas públicas para reduzir as desigualdades sociais e melhorar os indicadores de saúde da população, como os índices de mortalidade, nutrição e de desenvolvimento social. Mas como intervir nos determinantes sociais da saúde para combater as iniquidades e como a epidemiologiapode ajudar? A violência afeta a saúde de múltiplas formas. Primeiro, devemos reconhecer e admitir que a saúde é um estado de bem-estar que inclui muitos aspectos da vida humana. A saúde é dependente da justiça social, da renda, da alimentação, da educação, das condições de moradia, da paz e de um ambiente saudável. A partir do reconhecimento que esses requisitos são necessários para a promoção da saúde, é possível traçar e planejar ações, programas e políticas públicas. O relatório da CNDSS reconhece que existiam na época programas e ações governamentais e intersetoriais que teriam impacto na melhoria das condições de saúde da população. Ações feitas, por exemplo, pelo Ministério da Educação ou da Agricultura, apesar de não serem direcionadas para a saúde, teriam impacto a médio e longo prazo nas condições de saúde. No entanto, a falta de integração e articulação das ações gerava resultados pouco significativos para o setor de saúde. Nas últimas duas décadas, o Brasil experimentou a implementação de diversas políticas públicas voltadas para as populações mais carentes. Em 2004, foi criado o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) que desenvolveu políticas de proteção social básica, erradicação do trabalho infantil, transferência de renda governamental com condicionantes, redução da pobreza extrema e acesso à alimentação. O MDS criou programas internacionalmente reconhecidos, como o Fome Zero e o Bolsa Família que ajudaram milhões de brasileiros a saírem da faixa da extrema pobreza e da insegurança alimentar crítica. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que, entre os anos de 1995 e 2004, houve uma redução de 28% da desigualdade, impulsionada a partir da implantação do Bolsa Família. É importante destacar que o Bolsa Família, além de uma política de Cartão do programa Bolsa Família. transferência de renda, condicionava as famílias que recebiam o auxílio a cumprir exigências nas áreas de educação e saúde. As crianças das famílias beneficiadas pelo auxílio deveriam frequentar a escola regularmente e ter a caderneta de vacinação atualizada com todas as vacinas disponíveis no Programa Nacional de Imunizações. Este é um exemplo de integração exitosa de políticas públicas com efeito em diferentes setores. A vacinação de crianças contribuiu, por exemplo, para a redução da mortalidade infantil por doenças diarreicas e para a incidência de hepatites virais. Veja a seguir (FRANÇA et al., 2017): Mortalidade infantil na década de 1990 Em 1990, a prematuridade (11,35 a cada 1000) era a primeira causa de mortalidade infantil em menores de 5 anos no Brasil, seguido das doenças diarreicas (11,07 a cada 1000). O acompanhamento da frequência escolar de crianças e adolescentes beneficiárias do programa trouxe resultados a longo prazo, com o aumento do número de jovens alfabetizados. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) indicam que a taxa de analfabetismo em todo o país passou de 11,5%, em 2004, para 8,7%, em 2012. Saiba mais Em 2021, a partir da medida provisória nº 1.061 de 09/08/2021, foi instituído o Programa Auxílio Brasil e o Programa Alimenta Brasil, que foi implementado em novembro de 2021. Na prática, o bolsa família foi incorporado a outras políticas assistenciais de transferência de renda, no novo benefício social. O Ministério da Saúde apoiou diferentes projetos na área de saneamento básico em regiões vulneráveis, rurais e pequenos municípios. Como você deve saber, a falta de saneamento está relacionada com o ciclo de transmissão de muitas doenças, inclusive as transmitidas pelo mosquito Aedes aegypt. Há uma desigualdade regional Mortalidade infantil em 2015 Vinte e cinco anos depois, em 2015, a prematuridade (3,18 a cada 1000) continua ocupando o primeiro lugar, mas com significativa redução da taxa. As doenças diarreicas saíram da lista das 20 principais causas de mortalidade em menores de 5 anos, e agora as anomalias congênitas (3,06 a cada 1000) ocupam o segundo lugar. na cobertura de saneamento básico, cerca de 17% dos municípios brasileiros, de um total de 5.570, ainda não dispõem de fornecimento regular de água encanada ou tratamento de esgoto. Muitos municípios brasileiros ainda não dispõem de redes de coleta de esgoto e água encanada. O Brasil precisa enfrentar velhos desafios de diferentes origens e complexidades para possibilitar melhores condições de vida e trabalho para a população. Os governos, em todas as esferas de poder, devem ampliar de forma contínua os investimentos em políticas públicas estratégicas, principalmente no campo social e econômico. Atenção! A descontinuidade de ações é um problema que dificulta o resultado das políticas a longo prazo. É de se imaginar que o resultado da transferência de renda ou de investimentos em educação levem tempo, às vezes, décadas, até serem notados. Como vimos, as ações de educação condicionadas ao recebimento do Bolsa Família, implementadas em 2004, tiveram resultado significativo em 2012, com a redução do analfabetismo. Outro ponto fundamental nas políticas públicas diz respeito à articulação das ações, que devem ser prioritariamente intersetoriais, para terem alcance ampliado e responsabilidades compartilhadas. As ações de combate aos DSS vão muito além das competências do setor de saúde, exigindo, portanto, a articulação e contribuição coordenada de diferentes setores. No entanto, todas as ações de intervenção sobre os DSS devem ser baseadas em evidências científicas, dados demográficos e epidemiológicos, e voltadas para a promoção da saúde. Desse modo, deve-se também investir no desenvolvimento de estudos e pesquisas em duas frentes: 1. Avaliação do impacto de cada DSS na vida da população e suas implicações nas condições de saúde, baseada na análise de indicadores de saúde da população e em índices epidemiológicos e demográficos. 2. A partir da análise inicial do impacto de cada DSS, propor estratégias e políticas de combate e redução de riscos com foco na promoção da equidade em saúde. Até aqui você estudou o que são os DSS, como eles tem o poder de impactar as condições de vida da população e o que pode ser feito para minimizar esse efeito. No próximo módulo, você estudará a epidemiologia social e como a sociedade e os diferentes modos de organização social influenciam a saúde. Políticas públicas de saúde e ações intersetoriais para combater as iniquidades da saúde no Brasil. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Aprendemos sobre os determinantes sociais de saúde. Sobre esse assunto, analise as afirmativas a seguir: I. O entendimento da saúde como um fenômeno social e humano é equivocado, visto que a saúde é apenas um processo biológico. II. O conceito de determinação social da saúde deve abranger, por exemplo, o estudo de como as necessidades e as práticas de saúde são socialmente criadas e reforçadas pelo modelo econômico mundial. III. A solidariedade e a coesão social são elementos que permitem uma sociedade mais saudável. É correto o que se afirma em: Parabéns! A alternativa E está correta. A primeira afirmativa é falsa, visto que a saúde é produto da associação de múltiplos fatores, incluindo aqueles de origem biológica e social. A segunda e terceira A I, apenas. B III, apenas. C I e II. D I e III. E II e III. afirmativas são verdadeiras, pois a saúde tem relação com as práticas socialmente criadas e são muito potencializadas pela lógica do modelo econômico mundial. Estudos indicam que sociedades mais solidárias e coesas são mais saudáveis e tendem a apresentar menor carga de doenças psicossociais. Questão 2 Há uma relação direta de causa e efeito entre os fatores gerais de natureza social, econômica e política e os indicadores de saúde de determinada população. Assinale a alternativa que contém a definição de iniquidades em saúde. A Problemas de natureza unicamente política que impactama saúde. B Questionamentos de origem moral que dificultam o acesso à saúde. C Desigualdades sistemáticas observadas na saúde entre os diferentes grupos da sociedade. Parabéns! A alternativa C está correta. As iniquidades em saúde são resultado das desigualdades sistemáticas de diferentes origens que impactam sobre a condição de saúde da população. Considera-se que as iniquidades são injustas e evitáveis, no entanto, são resultado do próprio modelo econômico mundial que acirra a existência das desigualdades. D Deficiências de planejamento estratégico para a saúde. E Políticas públicas de saúde para fortalecer o princípio da equidade em saúde. 2 - Epidemiologia aplicada por níveis de determinação Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a aplicação da Epidemiologia por nível de determinação. Introdução à Epidemiologia por níveis de determinação O planejamento dos serviços de saúde requer o uso da Epidemiologia enquanto disciplina científica para organizar e nortear as ações do poder público. A avaliação das condições de vida e saúde da população, ou seja, dos DSS, depende da exaustiva análise de dados e indicadores epidemiológicos. Em função do tipo de aplicação e do objeto de análise, a Epidemiologia pode ser dividida em diferentes tipos, como: Epidemiologia social Epidemiologia genética Epidemiologia ambiental Epidemiologia clínica Epidemiologia nutricional A partir de agora, estudaremos com mais detalhes cada uma das divisões da Epidemiologia. A epidemiologia e seus diversos ramos de estudo. Epidemiologia social Apesar da Epidemiologia em geral considerar os aspectos sociais, a Epidemiologia Social distingue-se pelo fato de focar em como os aspectos sociais que os indivíduos estão inseridos influenciam o processo saúde-doença. Saiba mais Embora o princípio da Epidemiologia social exista desde meados do século XVII, foi apenas nos séculos XIX e XX que sua sistematização permitiu seu estudo enquanto disciplina acadêmica. Diversas teorias foram estudadas ao longo desses anos, seus conceitos mais básicos vêm sendo extraídos da Sociologia, Economia, Ciência Política e Antropologia Médica. Importantes pesquisadores debatem a existência de diferentes vertentes teóricas dentro da Epidemiologia social. A primeira vertente destaca a importância de se levar em consideração, na origem das doenças, aspectos como: a expressão biológica da desigualdade social, os diversos aspectos da discriminação, assim como aspectos sociais que levam à privação (material e social) e o curso de vida dos indivíduos. Um dos fatores que causam impacto na epidemiologia social é a distribuição de renda. Outras correntes teóricas defendem que nem todos os determinantes representam atributos individuais, sendo então levada em consideração a combinação de variáveis grupais ou ecológicas (desigualdade de renda, local da moradia). Trata-se de uma análise complexa que investiga os determinantes e desfechos em diferentes níveis de hierarquia e organização, além de analisar as interações entre esses níveis. Essa forma de análise é chamada de Ecoepidemiologia. Entretanto, se pararmos para pensar, a Epidemiologia social deve levar em consideração não somente a situação atual que o indivíduo e a população estão inseridos, mas também abordar como os diferentes modos de organização social influenciam na saúde – entendendo-se saúde como bem-estar dos indivíduos e comunidade. Também podemos considerar uma vertente com forte raiz no materialismo histórico, onde observa-se o indivíduo e a sociedade sob um ponto de visto histórico e econômico, relacionando-se com a origem e determinação da distribuição de doenças. A teoria do capital social muito se assemelha a essa vertente por buscar entender os mecanismos pelos quais a desigualdade de renda e a forma como a sociedade está estruturada pode afetar a saúde de cada pessoa. Com a expansão da tecnologia e das interações sociais por meio virtual durante a pandemia de COVID-19, observou-se um expressivo aumento dos casos de depressão e crises de ansiedade, principalmente entre os jovens. Doenças de origem psicossocial são cada vez mais frequentes na população. A relação dos indivíduos com eventos de sucesso, fracasso, frustação, estresse e/ou pressão podem levar ao comprometimento da qualidade da saúde mental e, consequentemente, ao aparecimento de doenças de origem psicossocial. A Epidemiologia social moderna, em sua vertente psicossocial, também estuda essas relações e tenta entender o papel de múltiplos agentes estressores no processo saúde mental- doença. As diversas abordagens apresentam suas características, mas ainda parecem ser insuficientes para conseguir realmente ter uma análise mais precisa e correta de problemas complexos que afligem a população, em especial na saúde. O grande desafio é tentar formular um modelo que fielmente se aproxime da realidade e consiga orientar ações no sentido de reduzir e mitigar os problemas de saúde da população. Epidemiologia molecular e genética Um dos ramos da Epidemiologia é a Epidemiologia molecular. Essa área foi criada com o surgimento e desenvolvimento das técnicas de biologia molecular nas últimas décadas. Dentro da Epidemiologia molecular, existem subáreas que a compõe, são elas: Epidemiologia do câncer Epidemiologia ambiental Epidemiologia das doenças infecciosas Umas das maiores vantagens do uso da biologia molecular na Epidemiologia é poder identificar o agente causador da doença, se é uma doença infecciosa, se é algum tipo de doença crônica ou até mesmo de origem genética. Com esses estudos se torna possível identificar e separar os grupos de acordo com o tipo de doença, permitindo assim o diagnóstico preciso. Algumas doenças podem ser identificadas pelos exames que detectam os biomarcadores. Como por exemplo, o câncer de ovário pode ser identificado por um exame de sangue que identifica o marcador CA125. Biomarcadores São moléculas que podem ser medidas e quantificadas, indicando a ocorrência da função normal ou patológica (em caso de alguma doença) do organismo. Diagnóstico molecular. Vamos ver dois exemplos para entendermos melhor: No Brasil, geralmente, temos epidemias de dengue anualmente. Com a introdução de outros vírus que causam doenças com sintomas semelhantes à Dengue dengue, o diagnóstico clínico se tornou mais complicado. Ao ser aplicado técnicas de biologia molecular para diagnosticar o agente causador da doença, se torna possível distinguir se a pessoa está infectada com o vírus da dengue, zika ou chikungunya, por exemplo. E, então, separar os casos e acompanhar de perto a epidemia, dando oportunidade de gerar ações de promoção a saúde. Outra aplicação da biologia molecular na Epidemiologia é tornar possível a identificação e/ou a confirmação da ocorrência de surtos, observando se eles são casos endêmicos ou esporádicos. Os surtos são caracterizados pelo aumento do número de casos de determinada doença em um período de forma não esperada para aquela população. Um exemplo que pode nos ajudar a entender seria a ocorrência de surtos em hospitais, no qual muitos pacientes ficam doentes e têm o mesmo agente causador. É muito comum ocorrer, por exemplo, surtos hospitalares causado por Salmonella spp., rotavírus e vírus sincicial respiratório nas unidades pediátricas. E você, com certeza, já deve ter ouvido falar de algum conhecido que teve pneumonia bacteriana enquanto estava internado no hospital e que vários outros pacientes também tiveram ao mesmo tempo, então, a Surtos hospitalares causados por infecções bacterianas e virais investigação desses surtos é necessária para auxiliar no manejo dos pacientes doentes e para evitar novas infecções. Grande parte dos surtos hospitalares são originados a partir da negligência da tomada de medidas de proteção de biossegurança básicas, como a simples lavagem das mãos. Neste sentido, a orientação e capacitação dos profissionaisde saúde deve ser constante para aprimorar as técnicas e reduzir as chances de contaminações cruzadas dentro do ambiente hospitalar. Vírus sincicial O vírus sincicial respiratório é muito comum e causa infecções do trato respiratório. É uma das principais causas de infecções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos e crianças. Além disso, com os dados obtidos na Epidemiologia molecular, como no exemplo acima de infecção hospitalar, é possível separar em grupos de acordo com a gravidade da doença, tornando possível a identificação também de fatores de risco associados à infecção. E não só isso, é possível classificar de acordo com a exposição, tendo então grande utilidade para investigar a influência da exposição e se o tipo de microrganismo tem relação com a progressão e com o prognóstico da doença apresentada e até mesmo avaliar pequenas diferenças entre microrganismos da mesma família. A epidemiologia e controle das infecções hospitalares Neste vídeo, o mestre Helver Dias irá apresentar a importância da epidemiologia para o controle das infecções hospitalares. O que podemos ver até aqui são grandes vantagens da aplicação da epidemiologia molecular na promoção da saúde, mas, como todo método, existem limitações. Um fator limitante é a amostra coletada, não adianta termos um teste muito bom se não tivermos uma amostra bem coletada ou uma amostra que possa ser utilizada com o método escolhido. Na maior parte das vezes, são coletadas Amostras de sangue. amostras de sangue, de urina, de fezes ou até mesmo swabs, dependendo da suspeita clínica em questão. Para a aplicação dessas técnicas moleculares é necessário um laboratório que esteja equipado com equipamentos, reagentes e mão de obra qualificada. Porém, nem sempre há um método molecular validado para responder o problema epidemiológico que se enfrenta. Outro ramo da Epidemiologia que vamos discutir é Epidemiologia genética, que visa desvendar o papel dos determinantes genéticos na saúde e na doença, e sua interação complexa com fatores ambientais. O início da Epidemiologia genética é marcado pela identificação de doenças relacionadas com alteração em um único gene, conhecidas também como doenças mendelianas, uma vez que elas seguem o padrão de herança genética descrito por Gregor Mendel, em 1866. Atualmente, já se sabe que, dificilmente, a variação genética de um único gene (monogênicas), sem a influência ambiental, vai determinar o aparecimento da maior parte das doenças. Visualização da análise genômica. Curiosidade Você sabe quais doenças genéticas são caracterizadas pela mudança em um único gene e que levam a produção de um fenótipo característico? Essas doenças também recebem a denominação de fenótipos ou “traços”, sendo que já foram descritos mais de 1.200 traços, entre eles estão a doença de Huntington, fibrose cística, hemofilia A e B, intolerância à lactose e anemia falciforme. Atualmente, com o avanço tecnológico, a Epidemiologia tem sido particularmente bem-sucedida no mapeamento de genes e no entendimento de doenças complexas comuns, que são causadas por alterações em muitos genes, que apresentam efeitos leves a moderados. A interação com os fatores ambientais é complexa e requer a interação de pelo menos dois genes. Nesse caso, não existe um gene específico da doença, mas sim fortes influências genéticas, principalmente hereditárias, que estão sendo expressas a partir do estímulo ambiental. Alguns exemplos de doenças complexas são diabetes, hipertensão, asma e câncer. Portanto, trata-se de identificar, descrever e analisar características e fatores relacionados ao agente, hospedeiro, meio em que o hospedeiro está inserido, tempo e espaço. Cada ponto a ser analisado pode ser subdividido, conferindo uma camada maior de complexidade. No caso de o hospedeiro ser o homem, podemos estratificar de acordo com a idade, grupo sanguíneo, sexo, profissão etc. Pode-se estratificar também o lugar de acordo com o nível de industrialização, poluição do ar, radiação UV etc. Assim, percebemos que a análise multifatorial é bem complexa. Epidemiologia clínica e nutricional A Medicina praticada no início do século XX, em especial, a clínica médica, baseava-se em experiências e observações particulares de médicos e do pouco conhecimento da fisiopatologia das doenças que se tinha à época. Os trabalhos publicados eram baseados em observações não sistematizadas, com número amostral pequeno de pacientes e, deste modo, com pouco ou nenhum rigor científico e epidemiológico. Hoje, temos a aplicação da Epidemiologia clínica que trouxe maior segurança, ética e confiabilidade aos ensaios clínicos que suportam a prática da medicina. A Epidemiologia clínica, como você deve imaginar, é um ramo que tem como objetivo auxiliar as decisões clínicas a serem tomadas. Essa área de estudo leva em consideração as evidências geradas nos estudos clínico-epidemiológicos, que são suportados pela complexidade das novas metodologias para diagnóstico, terapia e prevenção. É a Medicina baseada em evidências científicas, que apresenta uma análise mais criteriosa com melhor avaliação de riscos, benefícios e custos ao paciente. Dentro da Epidemiologia clínica, utiliza-se muito a Epidemiologia descritiva para avaliação da frequência ou distribuição das doenças, e a Epidemiologia analítica para o estudo dos fatores e causas que explicam essa distribuição. Por se basear em evidências cientificas, é importante saber onde procurar e ter análise crítica do conteúdo que se está lendo. Veja a seguir dois tipos de fonte de informações: Ensaios clínicos randomizados Uma boa fonte de informações são os artigos científicos, de preferência os grandes ensaios clínicos randomizados. Esses ensaios podem ser estudos observacionais que apresentem boa qualidade metodológica e analítica, além de um bom embasamento teórico. Hoje, existem à disposição muitos ensaios clínicos de qualidade que podem ser consultados. Revisões sistemáticas Uma outra forma de se obter informações confiáveis é a partir das chamadas revisões sistemáticas. Nesse tipo de estudo, são identificadas e reunidas diversas pesquisas originais e os dados são compilados com o objetivo de sistematizar os resultados, buscando sempre extrair as informações mais consistentes. A estatística é uma grande aliada nas revisões sistemáticas, sendo usada para estimar, por exemplo, o risco relativo a partir de dados obtidos em diferentes estudos. Por reunir um grupo de pesquisas diferentes, a revisão sistemática é capaz de dar maior robustez estatística ao dado e maior confiança para a tomada de decisão na abordagem clínica. Os livros-texto e as chamadas diretrizes (também conhecidas como guidelines) são até hoje a forma mais utilizada para consulta. As diretrizes são formuladas geralmente por órgãos federais ou por sociedades médicas que tomam como base trabalhos originais, ensaios clínicos e estudos observacionais. Uma das grandes vantagens das diretrizes é sua constante avaliação e atualização de acordo com novas informações. Já os livros-texto, apesar de apresentarem a vantagem de terem as informações de forma mais condensada e organizada, apresentam grande desvantagem em relação à atualização do conteúdo. A todo momento novas informações são publicadas, em velocidade e volume que impede até mesmos os especialistas da área em se atualizar. Portanto, durante o tempo de produção e liberação desses livros, novas informações já foram publicadas. Atenção! Assim como em todas as áreas, aqui não seria diferente, é sempre importante fazer uma análise crítica do conteúdo que se está lendo. Buscando sempre analisar se os objetivos do estudo foram mostrados de forma clara nos resultados obtidos e qual a relevância daquela informação. A partir da análise do estado clínico do paciente e da relação entre evidência clínica e efetividade (benefício de se usar determinada conduta clínica na prática),pode-se traçar abordagens para avaliação da necessidade e da qualidade da intervenção para cada paciente. Claro, espera-se sempre que o benefício seja superior ao dano ou que este seja nulo. Nesse sentido, diferentes elementos são avaliados, como a gravidade do caso, as alternativas disponíveis, os valores e a vontade do paciente, entre outros. No esquema a seguir, vemos um paralelo da avaliação da necessidade e da qualidade da intervenção para cada paciente. Abordagens para avaliação da necessidade e da qualidade da intervenção para cada paciente. Uma grande aliada da Epidemiologia clínica é a Epidemiologia nutricional. Essa área visa estudar a contribuição alimentar (consumo e uso de diferentes alimentos) para o estado nutricional e, consequentemente, para a saúde da população. Por tratar-se de uma área focada na alimentação, a Epidemiologia nutricional se preocupa com o tipo de alimentação e com a qualidade do alimento. O foco é voltado para a segurança do alimento, com avaliações microbiológicas, químicas (investigação de substâncias químicas como pesticidas) ou físicas, sempre visando garantir um alimento livre de contaminações e que não acarretem prejuízos, seja em curto ou longo prazo, para a saúde da população. Considerando que todos os alimentos estão em condições ideais para consumo, passamos para uma fase de avaliação da quantidade ingerida. É importante haver equilíbrio na ingestão dos diversos nutrientes na alimentação. Então, nesse momento, se torna crucial a avaliação de possíveis excessos ou deficiências de nutrientes no dia a dia. Alimentação balanceada Uma alimentação balanceada considera a ingestão Prevenção de doenças Com um acompanhamento adequado do estado necessária de alimentos para atender às necessidades nutricionais do indivíduo, não prevendo excessos ou carências. nutricional, independentemente da idade ou sexo, é possível prevenir o aparecimento de certas doenças a curto e longo prazo. Com os avanços da ciência, foi possível compreender melhor a influência da dieta no desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como por exemplo, alguns tipos de câncer. Doenças como asma e de origem alérgica, ainda estão sob investigação da sua relação com o suporte nutricional do portador, mas ainda é um caminho bem longo que precisa de mais investigações. No entanto, algumas certezas vêm sendo reforçadas pelos estudos epidemiológicos. Cada vez mais, a ciência enfatiza a necessidade de mudança nos padrões dietéticos atuais: precisamos reduzir fortemente o consumo de alimentos altamente processados, com alta densidade energética, muito gordurosos e cheios de açúcar, aumentando cada vez mais o consumo de frutas, fibras e vegetais de boa qualidade. O que evitar e o que comer para ter uma boa saúde. Com uma alimentação mais saudável e balanceada é possível prevenir e reduzir a incidência e mortalidade de muitas doenças crônicas de alta prevalência na população, como a obesidade, diabetes e a hipertensão arterial. E como são desenhados os estudos em Epidemiologia nutricional? Por ser um ramo da Epidemiologia, pode-se utilizar os mesmos tipos de estudos realizados neste setor em geral. São utilizadas as mesmas ferramentas, porém, de forma ampla, os estudos observacionais, transversais, comunitários aleatorizados e controlados são os tipos mais utilizados. Entenda melhor sobre eles a seguir: Estudos observacionais Nos estudos observacionais, quando bem estruturados, são realizados estudos caso-controle ou coorte. Nesse tipo de estudo, temos um grupo controle, grupo que está em condições normais e não sofre de nenhuma doença ou privação de nutriente e o grupo foco do estudo, que são justamente os indivíduos doentes, ou seja, aqueles tiveram a doença em questão e tiveram, ou não, a privação de algum nutriente. Para verificar se existe correlação entre a privação do nutriente e o desenvolvimento da doença, deve-se comparar os resultados dos dois grupos. Para isso, utiliza-se a estatística, testando-se a hipótese de associações de fatores causais ou até mesmo se a intervenção realizada tem algum impacto. Estudos transversais No caso de estudos transversais, busca-se identificar associações relevantes para as questões levantadas, estabelecendo hipóteses causais. Nesse tipo de estudo, são feitas análises de dados coletados em um momento definido, não tendo acompanhamento a longo prazo da população estudada. Por exemplo, pode-se selecionar uma população de estudantes do último ano do ensino médio de determinada escola e aplicar questionários para avaliar os hábitos alimentares dessa população. O objetivo é coletar dados para estudar o grupo em um único ponto no tempo. A partir dos resultados, a nutricionista da unidade escolar pode inserir determinados alimentos na merenda para suprir as carências nutricionais dos jovens. Ensaios comunitários Por fim, os ensaios comunitários são aleatorizados e controlados. Esses estudos investigam o papel da intervenção no grupo pesquisado, ou seja, será testada a hipótese da redução do desfecho principal frente a uma intervenção programada e direcionada. Vamos para um exemplo. Estudos de caso-controle mostraram a relação da deficiência da vitamina A com a ocorrência de diarreias e infecções respiratórias. Um fato interessante observado é que a vitamina A aparenta ter efeito protetor nas mucosas. Então, querendo investigar mais a fundo, estudos são feitos para investigar se a suplementação alimentar de vitamina A diminuiria os casos de diarreia e infecções respiratórias. Os estudos sugerem que, no caso de diarreias, uma redução de casos foi observada, mas em relação às infecções respiratórias a hipótese não pôde ser comprovada. No início, a Epidemiologia clínica se deparava principalmente com doenças transmissíveis, visto que a incidência dessas doenças era muito alta na população em geral. Após a Segunda Guerra Mundial, o rápido desenvolvimento industrial de produtos farmacêuticos e médicos, impulsionou a mudança no perfil de morbimortalidade. Desta vez, as doenças crônicas não transmissíveis assumiram o primeiro lugar em número de casos. Ao longo dos anos, os estudos foram auxiliando cada vez mais no entendimento, tratamento e prevenção dessas doenças. A Epidemiologia nutricional foi ganhando mais espaço e importância ao mostrar seu impacto positivo na saúde da população. A conscientização de uma vida com hábitos mais saudáveis, alimentação balanceada e prática de exercícios físicos, integra as principais perspectivas da Epidemiologia contemporânea. No entanto, inúmeros desafios são postos à mesa para a ampliação de um estilo de vida mais saudável e que reduza a carga de doenças na população. Vitaminas são essenciais para nossa saúde. Epidemiologia ambiental A Epidemiologia ambiental tem como objetivo estudar as causas ambientais, sejam elas físicas, químicas, biológicas, mecânicas, ergonômicas e/ou psicossociais, bem como a distribuição desses eventos relacionados com a saúde do homem. Discute-se na Epidemiologia ambiental que quantificar a exposição a determinado fator ambiental é sempre um desafio. Leva-se em consideração diversos agentes causais, que podem ser formados por apenas um ou diferentes compostos químicos. A presença desse(s) composto(s) em mais de um alimento, por exemplo, traz(em) grandes dificuldades na investigação e comprovação da hipótese científica. Além disso, outros fatores podem influenciar no desfecho final, como hábitos e comportamentos particulares da população estudada, alimentação, origem da água e tipo de ocupação profissional. Deve-se ainda levar em Diversos fatores impactam na nossa saúde e na saúde coletiva. consideração as diferenças individuais e populacionais (idade, gênero, susceptibilidade etc.). E como minimizar esses problemas? Para isso, é necessário que sejam montados questionários completos captando informações e parâmetros direcionados para o perfil da populaçãoestudada. Pode-se também, em situações específicas, realizar coletas de água, solo, alimentos e de material biológico das pessoas expostas. E como avaliar os dados obtidos? As análises estatísticas utilizadas são as mesmas empregadas nos outros estudos epidemiológicos que vimos. Porém, são de extrema importância a aplicação de análise de dados agregados e análise espacial, devido as suas características amostrais. Como é possível entender, esse ramo da Epidemiologia tem papel principal na avaliação dos possíveis poluentes da água, do ar e do solo que afetam a saúde humana, podendo também avaliar as mudanças climáticas e seus impactos no ambiente e na saúde do homem. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Vimos que em função do tipo de aplicação e do objeto de análise, a Epidemiologia pode ser dividida em diferentes tipos: social, genética, ambiental e clínica e nutricional. Sobre a Epidemiologia genética é correto o que ser afirma em: A Estuda somente os aspectos sociais do indivíduo, sem levar em consideração nenhuma outra área. B Identifica o gene ou os genes responsáveis pela doença, que muitas vezes estão ligados a influências ambientais. Parabéns! A alternativa B está correta. A Epidemiologia genética, assim como outras áreas dentro da Epidemiologia tenta considerar os diversos fatores aos quais o indivíduo está exposto. Sua exposição ambiental, alimentação, ocorrência de infecções e tendências ao desenvolvimento de certas doenças genéticas são fatores importantes para o entendimento e a identificação de possíveis genes ligados a certas doenças. Hoje, como sabemos, muitas doenças que apresentamos ao longo do tempo são as chamadas doenças complexas comuns, nas quais há influência de 2 ou mais genes somados à exposição ambiental e não apenas um, por isso não seguem a lei da herança mendeliana, que avalia um único gene. C Identifica doenças complexas comuns que são as que apresentam alteração em um único gene. D Estuda todas as alterações genéticas das populações, independente se essa alteração causa ou não doença. E Estuda somente doenças que seguem a lei da herança mendeliana. Questão 2 O termo “Epidemiologia clínica” foi introduzido pela primeira vez por John R. Paul, em seu discurso presidencial na Sociedade Americana de Investigação Clínica, em 1938. Sobre a Epidemiologia clínica, é correto afirmar que: I. É um ramo da Epidemiologia que auxilia nas decisões clínicas. II. Essa área leva em consideração as evidências geradas nos estudos clínico- epidemiológicos que são suportados pelas metodologias de diagnóstico, terapia e prevenção. III. Nos dias atuais, se baseia somente na experiência e no dia a dia do médico, sem considerar novos estudos, visto que muitos contêm erros e são difíceis de confiar. Estão corretas as afirmativas: A Somente a III. B I e III. Parabéns! A alternativa D está correta. Nos dias de hoje, os estudos médicos, ao traçarem um curso de tratamento, não levam somente em consideração suas experiências profissionais. Diversos estudos dentro da Epidemiologia e da Epidemiologia clínica trazem cada vez mais informação de qualidade e auxiliam os médicos nas tomadas de decisões. Hoje, as pesquisas conseguem ser realizadas com um número maior de indivíduos participantes, o que dá robustez e confiança aos resultados apresentados, auxiliando os médicos nas tomadas de decisão. C II e III. D I e II. E Somente a I. Considerações �nais Ao longo deste conteúdo, aprendemos conceitos associados à Epidemiologia social, em especial aqueles relacionados aos determinantes sociais, aos novos paradigmas da saúde e aos aspectos que levam à persistência das iniquidades da saúde no Brasil. Além disso, estudamos os diferentes níveis de determinação da Epidemiologia e sua aplicação na saúde. Assim, com posse dos assuntos abordados, conseguimos entender com maior clareza as condições de saúde no Brasil e no mundo, e o que deve ser feito para melhorar a situação atual. Podcast Neste bate-papo, o mestre Helver Dias fala sobre os determinantes sociais da saúde no idoso. Explore + Para ampliar seus conhecimentos sobre o conteúdo: Leia: Iniquidades em saúde no Brasil sob as lentes da sociedade civil, de M.S.Q. Escoda, na Revista de Saúde Pública, da editora Fiocruz (2008). Os artigos que relacionam os determinantes sociais da saúde e a epidemiologia crítica disponibilizados no website da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. O artigo A saúde e seus determinantes, de Buss e Filho (2007). Disponível na plataforma Scielo. Assista: Ao vídeo Colóquios SNCT 2018 - Determinantes sociais da saúde, do canal Fiocruz, no YouTube. Ao vídeo As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil, do canal Fiocruz, no YouTube. Referências ARAÚJO, J. D. Polarização epidemiológica no Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 21, n.4, p.533-538, 2012. BRASIL. DATA SUS. Consultado na internet em: 10 out. 2021. BRASIL. IBGE. Conheça o Brasil – população. Consultado na internet em: 13 out. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. 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