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Doutrina/Homologação de Sentença Estrangeira Meramente Declaratória do Estado das Pessoas (A 
Propósito do Art. 15, parágrafo único da Lei de Introdução ao Código Civil) /Carlos Augusto de 
Assis
Homologação de Sentença Estrangeira Meramente Declaratória do 
Estado das Pessoas (A Propósito do Art. 15, parágrafo único da Lei de
Introdução ao Código Civil)
Carlos Augusto de Assis
Mestre e Doutor em Direito
Aurea Christine Tanaka
Advogada
SUMÁRIO: Introdução - Parte I - Aspectos gerais - 1. Histórico legislativo da homologação de 
sentenças estrangeiras - 2. Homologação de sentença estrangeira na Teoria Geral do Processo - 
Parte II - As sentenças estrangeiras meramente declaratórias do estado das pessoas - 3. Histórico 
legislativo das sentenças estrangeiras meramente declaratórias do estado das pessoas - 4. A 
necessidade de prévia homologação das sentenças estrangeiras meramente declaratórias do 
estado das pessoas - 5. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal - Conclusões - Bibliografia.
Introdução
Atualmente se assiste a uma intensificação cada vez maior das relações internacionais e embora se 
enfatize sua vertente econômica, as relações humanas em geral acabam sendo amplamente afetadas.
A migração de empresas e de pessoas no âmbito internacional enseja uma cooperação judiciária entre os 
Estados e também um aperfeiçoamento dos mecanismos jurídicos colocados à disposição do operador do 
direito que lida com questões que possuem algum elemento de estraneidade.
Neste sentido, embora não haja estritamente uma cooperação judiciária internacional no caso do 
reconhecimento de sentenças proferidas alhures, mas tão-somente a possibilidade delas serem eficazes 
em território diferente daquele em que foram prolatadas, é importante atentar para o procedimento que 
confere essa eficácia, especialmente quando seu pedido no órgão brasileiro competente para tanto, o 
Supremo Tribunal Federal, tem aumentado com o correr dos anos. 1
De se ressaltar, desde logo, que nossa Corte Suprema realiza um juízo de delibação, 2 ou seja, não há 
uma revisão do mérito ou das chamadas questões de fundo, mas se verifica se a sentença estrangeira 
preenche os requisitos exigidos pela lei para que lhe seja conferida a eficácia no território brasileiro.
Neste trabalho, abordaremos a problemática da homologação das sentenças estrangeiras meramente 
declaratórias do estado das pessoas, tendo em vista a existência do parágrafo único do art. 15 da Lei de 
Introdução ao Código Civil.
À primeira vista, este tipo de sentença estrangeira prescindiria de homologação, o que, de acordo com a 
legislação em vigor, a doutrina e a jurisprudência, não subsiste mais, conforme se verá.
O que acontece é que por causa de uma certa confusão legislativa, posições doutrinárias divergentes e 
uma jurisprudência um tanto que oscilante, dúvidas pairavam sobre a necessidade ou não de se 
homologar as sentenças estrangeiras meramente declaratórias do estado das pessoas.
Daí a importância e atualidade do tema, o que nos motiva a tentar sistematizar o tratamento da questão, a 
fim de que um leitor da Lei de Introdução ao Código Civil tenha subsídios para visualizar o problema de 
uma forma mais clara.
Para atingir este escopo, o trabalho foi dividido em duas partes. A primeira, contendo aspectos gerais da 
homologação de sentenças estrangeiras, traz um histórico sobre as legislações anteriores que versaram 
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sobre o tema, além de discutir alguns de seus aspectos processuais, no intuito de definir a natureza 
jurídica do instituto, a legitimidade para ser parte e os elementos da ação de homologação.
A segunda parte trata especificamente das sentenças estrangeiras meramente declaratórias do estado 
das pessoas. Novamente se realiza um histórico das leis que dispuseram ou não sobre a questão 
específica das sentenças meramente declaratórias, para depois discutir, com base na legislação em vigor 
e na doutrina, a necessidade ou não do reconhecimento deste tipo de sentença. O último item desta parte 
procura resgatar alguns julgados do Supremo Tribunal Federal que tiveram por objeto a matéria, seguido 
das conclusões a que chegamos na análise da questão.
Parte I - Aspectos gerais
1. Histórico legislativo da homologação de sentenças estrangeiras 3
A primeira lei a se referir sobre a questão das decisões judiciais estrangeiras foi a Lei nº 2615 de 4 de 
agosto de 1875, que no art. 6º, § 2º, autorizou a regulamentação da execução das sentenças estrangeiras. 
Isto foi feito pelos Decretos nº 6982 de 27 de julho de 1878 e nº 7777 de 27 de julho de 1880, que 
estabeleceram a competência do juiz da execução para o reconhecimento da eficácia da sentença 
estrangeira. Vigorava, então, o sistema do cumpra-se ou exequatur de caráter incidental à execução.
Sob a égide do Decreto nº 6982, era exigido, no entanto, a reciprocidade, ou seja, o país de onde provinha 
a sentença deveria também reconhecer uma sentença brasileira. O Decreto nº 7777, entretanto, veio 
abrandar o critério da reciprocidade, podendo a falta ser suprida por exequatur do governo, conforme 
critério de oportunidade e conveniência: o chamado exequatur administrativo.
A Lei nº 221 de 20 de novembro de 1894, que tinha por intuito completar a organização da Justiça Federal 
instituiu a homologação de sentença estrangeira, atribuindo a competência para o Supremo Tribunal 
Federal (STF). Entretanto, como a lei era silente em alguns aspectos, continuaram a vigorar os decretos 
anteriores, não mais se exigindo, porém, a reciprocidade.
Depois de sua promulgação, foi levantado o problema da constitucionalidade desta lei, já que teria 
ampliado a competência do STF para homologar sentenças estrangeiras, não prevista na Constituição de 
1891. O problema só foi resolvido na Constituição de 1934, que trouxe no seu art. 76, I, "g", a competência 
do STF para conhecer da "extradição de criminosos requisitada por outras nações e a homologação de 
sentenças estrangeiras".4
Nesse meio tempo, a Consolidação das Leis referentes à Justiça Federal, realizada através do Decreto nº 
3084 de 5 de novembro de 1898 trouxe no capítulo II, título I, da parte quinta, disposições sobre a matéria, 
abarcando no mesmo diploma a Lei nº 221 e o Decreto 6982.
O art. 7º do Decreto nº 3084 trazia disposição estabelecendo a necessidade de homologação das 
sentenças provenientes de tribunais estrangeiros pelo STF para que fossem exeqüíveis, e o art. 8º do 
referido Decreto, que dispunha sobre os requisitos, estava assim redigido:
"As sentenças estrangeiras, cíveis ou comerciaes, só poderão ser homologadas, concorrendo os 
seguintes requisitos:
1º Que venham revestidas das formalidades externas necessarias para tornal-as executórias, 
segundo a legislação do respectivo Estado.
2º Que tenham sido proferidas por juiz competente, citadas as partes ou legalmente verificada a 
sua revelia, segundo a mesma legislação.
3º Que tenham passado em julgado.
4º Que estejam devidamente authenticadas pelo consul brazileiro.
5º Que sejam acompanhadas da traducção em vulgar pelo interprete." 5
Pode-se dizer que, de uma maneira geral, os requisitos estabelecidos por esse decreto continuam os 
mesmos. A Lei de Introdução ao Código Civil de 1916 manteve o decreto em vigor, pois simplesmente 
dispunha no art. 16 que:
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"As sentenças dos tribunais estrangeiros serão exeqüíveis no Brasil, mediante as condições que a 
lei brasileira fixar."
O Código de Processo Civil de 1939, consolidando a unificação da competência para a legislação 
processual, manteve o sistema da delibação nos arts. 785 a 796. O Decreto-lei nº 4657 de 4 de setembro 
de 1942, a nova Lei de Introduçãoao Código Civil (LICC), repetiu no art. 15 os requisitos para a 
homologação de sentença estrangeira:
"Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no 
lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal."
Atualmente a competência originária do STF para a homologação de sentenças estrangeiras está 
estabelecida na Constituição Federal de 1988, em seu art. 102, I, "h". O Código de Processo Civil de 1973, 
nos arts. 483 e 484 faz remissão ao Regimento Interno do STF (RISTF) que, por sua vez, disciplina a 
matéria nos arts. 215 a 224, basicamente repetindo os requisitos constantes do art. 15 da LICC acima 
mencionado, além de estabelecer o procedimento que deve ser seguido.
É de se reiterar que, embora não esteja entre os requisitos constantes exigíveis para o reconhecimento de 
decisões estrangeiras, a observância da ordem pública é imprescindível, motivo pelo qual o art. 17 da 
LICC e o art. 216 do RISTF dispõem, respectivamente, que:
"Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, 
não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons 
costumes.
Art. 216. Não será homologada sentença que ofenda a soberania nacional, a ordem pública e os 
bons costumes."
No que se refere, portanto, à homologação de sentenças estrangeiras, temos a Lei de Introdução ao 
Código Civil, o Código de Processo Civil e o Regimento Interno do STF para regular a matéria. 
Oportunamente será analisada a relação existente entre estes três diplomas legais.
2. Homologação de sentença estrangeira na Teoria Geral do Processo
Como foi visto acima, adotamos o Sistema de Controle Limitado (ou Delibação), pelo qual a sentença 
estrangeira, para ter eficácia no Brasil, precisa - como regra - ser homologada pelo Supremo Tribunal 
Federal.
Considerando-se que a apreciação pelo Judiciário está condicionada ao exercício da ação ("Princípio da 
Demanda"), temos que o pedido para que o STF efetue o controle limitado sobre a sentença estrangeira 
terá a natureza jurídica de ação. É, portanto, ação, que exercitada, naturalmente dará origem a um 
processo, cujo rito está previsto no Regimento Interno do STF. 6
Tal ação, segundo nos parece, é de natureza contenciosa. Nesse sentido, cabe lembrar a lição de 
Frederico Marques no sentido de que há, com efeito, a ser resolvida pela sentença de homologação, uma 
lide de pretensão insatisfeita, pois a parte interessada na produção de eficácia no país só terá atendido o 
seu intento mediante o proferimento de tal decisão pelo STF. 7 O caráter contencioso da ação de 
homologação de sentença estrangeira costuma ser reconhecido pela maioria da doutrina. 8
Definido que tal pedido tem natureza de ação, no âmbito da jurisdição contenciosa, cabe precisar qual a 
eficácia predominante da sentença de procedência da homologação. Dentro da classificação quíntupla das 
ações 9 os dois tipos de que se pode cogitar para enquadrar a homologatória de sentença estrangeira são 
a meramente declaratória e a constitutiva. Na doutrina brasileira, há praticamente consenso no sentido de 
que se trata de constitutiva. 10 Assim também nos parece, uma vez que, efetivamente, há uma mudança 
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na situação jurídica, consistente no acréscimo à sentença homologada da aptidão de produzir efeitos no 
Brasil.
Estabelecido que a homologação se opera através de exercício do direito de ação, cumpre agora, para 
melhor entendimento e inserção dentro da Teoria Geral do Processo, apontar seus elementos e fixar 
critérios que permitam a verificação da presença ou não das condições da ação, em cada caso concreto.
Com relação ao elemento subjetivo, ou seja, quem é parte, nada há que se acrescentar à clássica 
definição de Chiovenda:
"aquele que demanda em seu próprio nome (ou em cujo nome é demandada) a atuação duma 
vontade da lei, e aquele em face de quem essa atuação é demandada". 11
Refere-se à simples constatação, no caso concreto, de quem está figurando como autor ou como réu. O 
que demanda outras considerações, a serem feitas oportunamente, é a definição de quem é parte legítima
no processo oriundo da ação de homologação.
Quanto aos elementos objetivos, temos, em primeiro lugar a causa de pedir (composta dos fatos e 
fundamentos jurídicos do pedido), que deverá ser a existência de uma sentença estrangeira (ou 
equivalente, como veremos) e a previsão no ordenamento jurídico de que a mesma pode vir a ter eficácia 
no país, desde que homologada pelo STF. Já o pedido, o objeto da ação, é um provimento jurisdicional 
que conceda eficácia, no Brasil, à sentença estrangeira homologanda. 12
Um pouco mais complexa é a aferição das condições da ação. Antes de enfrentarmos tema tão espinhoso, 
julgamos oportuno estabelecer algumas premissas conceituais. Qual é o significado de cada uma das 
condições da ação?
Comecemos pela legitimidade de parte (legitimatio ad causam). Liebman para caracterizá-la fala em 
"pertinência subjetiva da ação". Moacyr Amaral Santos asseverava serem
"legitimados para agir, ativa e passivamente, os titulares dos interesses em conflito: legitimação 
ativa terá o titular do interesse afirmado na pretensão, passiva terá o titular do interesse que se 
opõe ao afirmado na pretensão". 13
Para afastar qualquer vezo concretista na definição acima, preferimos ressalvar que os legitimados são 
reputados como tal segundo a narrativa dos fatos feita pelo autor na inicial. Se a afirmativa corresponde ou 
não à realidade, já é matéria pertinente ao mérito da causa. 14
De qualquer forma, esta definição só serve para a legitimação ordinária. Deve ser considerado, também, 
que o legislador, às vezes, concede autorização para que uma pessoa ou ente atue judicialmente em 
nome próprio na defesa de interesse alheio. É a legitimação extraordinária, que provoca fenômeno 
conhecido como substituição processual.
A outra das condições da ação é o interesse processual, ou interesse de agir. Segundo a melhor doutrina, 
o interesse de agir é representado pela utilidade que o provimento poderá ter para o requerente, que se 
deflui pela existência de necessidade e adequação. 15 A necessidade refere-se à obtenção de um bem da 
vida (que não logrou atingir fora do processo pelo não cumprimento espontâneo da outra parte ou porque 
o direito sujeita necessariamente ao Judiciário). 16 Já a adequação prende-se à escolha correta dos meios 
postos à disposição pelo direito. 17
Finalmente, a possibilidade jurídica do pedido. Esta condição da ação é entendida como sendo a 
admissibilidade, em abstrato, do pedido, 18 com base no ordenamento jurídico. Esta admissibilidade pode 
ser verificada, conforme o caso, pela previsão no ordenamento jurídico ou pela não proibição expressa. 19
Aplicando esses conceitos à ação de homologação de sentença estrangeira, teríamos, basicamente, o 
seguinte:
a) legitimidade ad causam: Teriam legitimidade as partes 20 no processo que gerou a sentença estrangeira 
homologanda, como reconhece a maioria dos autores. Vicente Greco Filho 21 vai mais além, admitindo 
que qualquer pessoa que tenha interesse jurídico na produção de efeitos da sentença estrangeira no país. 
Parece-nos acertada a lição de Greco, uma vez que o processo original não se confunde com o derivado 
do pedido de homologação de sentença estrangeira. Tal posicionamento coaduna-se perfeitamente aos 
amplos termos do art. 218 do RISTF: "parte interessada".Ou seja, qualquer pessoa que tenha interesse, 
não necessariamente as partes no processo original.
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b) interesse de agir: É verificado pela utilidade que um provimento admitindo a produção de efeitos no país 
de uma sentença estrangeira possa ter. Útil, na medida em que necessário e adequado para que o 
requerente possa ter acesso a um determinado bem da vida. Por exemplo, se foi reconhecida a dívida por 
uma sentença condenatória produzida no exterior, mas o devedor tem bens no Brasil, a forma de o credor 
exigir o pagamento seria através de execução forçada. Para tanto, deverá portar um título executivo (que a 
sentença estrangeira só será se tiver sido homologada pelo STF - art. 584, IV, CPC).
c) possibilidade jurídica do pedido: nosso ordenamento jurídico prevê, expressamente, em abstrato, a 
possibilidade de se requerer a homologação de sentença estrangeira. 22 Essa possibilidade existe ainda 
que não se trate de sentença jurisdicional. Para efeito do juízo de delibação, considera-se sentença 
mesmo aquelas não estritamente jurisdicionais, como as proferidas em contencioso administrativo e as de 
jurisdição voluntária, incluindo atos notariais de divórcio. A idéia é a de que tenham conteúdo de sentença 
(mesmo que, formalmente, não o sejam naquele país). É preciso, também, que esta sentença tenha 
transitado em julgado (Súmula 420 do STF). Mas, aqui, também, devem ser admitidos institutos que - 
embora não sejam chamados de coisa julgada - tenham função semelhante.
Finalmente, considerando que, como ocorre em todo processo, segundo a doutrina dominante no Brasil, o 
juiz terá de apreciar três ordens de questões (o chamado "trinômio de questões" 23), cabe, aqui, também, 
uma breve menção aos pressupostos processuais e ao mérito no processo de homologação.
Quanto aos pressupostos processuais, devem ser verificados aqueles normalmente apontados pela 
doutrina. 24 É oportuno, porém, fazer menção especial a dois deles, que apresentam certas peculiaridades.
Um é a competência, que, se não houver impugnação, será do Presidente do STF (art. 222, caput, do 
Regimento Interno). Trata-se de competência absoluta, definida pelo critério funcional. Se houver 
impugnação à homologação, "o processo será distribuído para julgamento pelo Plenário" (art. 223, caput, 
do Regimento Interno). No caso de haver decisão negativa proferida pelo Presidente, caberá recurso de 
agravo regimental (art. 222, p. único, do Regimento Interno).
O outro é a inexistência de fatores impeditivos, mais precisamente a litispendência e a coisa julgada. O 
artigo 90, do Código de Processo Civil permite a litispendência entre processos correndo no Brasil e no 
exterior, 25 desde que se trate de competência concorrente (art. 89, CPC). Considerando essa 
possibilidade, indaga-se qual deles irá prevalecer. 26
Já na análise do mérito do pedido de homologação deverá o juiz examinar os requisitos previstos no art. 
15, letras "a" e "b" e art. 17, ambos da Lei de Introdução ao Código Civil (que os arts. 217, I e II e 216 do 
Regimento Interno do STF basicamente reproduzem). 27
Parte II - As sentenças estrangeiras meramente declaratórias do estado das pessoas
3. Histórico legislativo das sentenças estrangeiras meramente declaratórias do estado das pessoas 
28
O Decreto nº 6982 trazia, em seu art. 11, disposição que estendia o exequatur às "sentenças meramente 
declaratórias, como são as que julgam questões de estado das pessoas". 29 Portanto, essa categoria de 
sentenças necessitava do cumpra-se do juiz brasileiro.
A Lei nº 221, que conferiu a competência originária para conhecer das sentenças estrangeiras ao STF, 
como acima mencionado, nada dispôs a respeito, continuando a vigorar o Decreto supra referido.
Já o Decreto nº 3084 que, como visto anteriormente, abarcou os dispositivos do Decreto nº 6982 e da Lei 
nº 221, previu no art. 14, "b", o seguinte, verbis:
"Art. 14. Carecem de homologação para serem executadas:
b) as sentenças extrangeiras meramente declaratorias, como são as que julgam questões de 
estado das pessoas;"
A Lei de Introdução ao Código Civil de 1917 não trouxe uma previsão específica para o reconhecimento 
das sentenças estrangeiras, devendo somente, segundo seu art. 16, obedecer "as condições que a lei 
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brasileira fixar". Desta feita, como observado no item anterior, o Decreto nº 3084 continuava a regular a 
matéria.
O diploma processual de 1939 silenciou acerca da necessidade ou não da homologação das sentenças 
estrangeiras meramente declaratórias, o que não ocorreu com a Lei de Introdução ao Código Civil de 
1942, que expressamente dispôs no parágrafo único do art. 15 que:
"Art. 15 (...)
Parágrafo único. Não dependem de homologação as sentenças meramente declaratórias do 
estado das pessoas."
O Código de Processo Civil de 1973 remeteu o tratamento da matéria ao Regimento Interno do STF 30
que, antes da Emenda Regimental de 25 de novembro de 1981, repetiu o parágrafo único do art. 15 da 
LICC, dispensando de homologação as sentenças estrangeiras meramente declaratórias.
No entanto, a referida Emenda Regimental revogou a disposição que estabelecia a dispensa do 
reconhecimento de tal tipo de sentença estrangeira.
Este é o quadro, a respeito do qual se discutirá nas próximas linhas. Dentre as regras que regeriam 
atualmente a homologação de sentenças estrangeiras, a saber, a Lei de Introdução ao Código Civil de 
1942, que dispensa da homologação as meramente declaratórias do estado das pessoas, o Código de 
Processo Civil de 1973 e o Regimento Interno do STF, que não mais trazem disposição a respeito, quais 
estariam em vigor, ou mesmo qual delas prevalece sobre as outras?
4. A necessidade de prévia homologação das sentenças estrangeiras meramente declaratórias do estado 
das pessoas
A doutrina e a jurisprudência, segundo José Carlos Barbosa Moreira, afirma que:
"(...) a homologação seria necessária quando o cumprimento da decisão estrangeira impusesse 'a 
prestação de qualquer atividade às autoridades judiciárias ou administrativas brasileiras' - quer a 
execução em sentido técnico, quer outros atos, como os de registro (...)" 31
A necessidade de homologar toda e qualquer sentença estrangeira advinha já da mudança do art. 101, I, 
"g", da Constituição de 1946, que modificou a redação dos dispositivos anteriores que conferiam a 
competência do STF para homologar sentenças estrangeiras (v. nota 4 supra).
Diante disso, como destaca o referido processualista:
"(...) o parágrafo único do art. 15 da Lei de Introdução ao Código Civil, na melhor hipótese, ter-se-
ia ao menos de considerar revogado por aquela Carta." 32
Porém, como regra especial, o parágrafo único do art. 15 da LICC poderia, no entender de alguns, 
subsistir à regra constitucional ou, por outro lado, ser considerada inconstitucional, por restringir a 
competência do STF, como entendia Haroldo Valladão. 33
A questão, todavia, não se limita ao art. 15, parágrafo único da LICC. O Regimento Interno do STF datado 
de 1970, também regulando a matéria, trazia um dispositivo dispensando a homologação das sentenças 
estrangeiras meramente declaratórias do estado das pessoas.
Daí porque Vicente Greco Filho entendia que as sentenças meramente declaratórias do estado das 
pessoas não dependiam de homologação. Para este autor, a matéria passou a ser regulada pelo 
Regimento Interno do STF, cujas normas prevaleciam sobre as regras existentes até aquele momento, 
inclusive sobre o Código de Processo Civil de 1939, que nada dispunha a respeito. 34
Ocorre que embora a Constituição de 1967 tenha delegado poderes para o STF estabelecer no seu 
Regimento Interno "o processoe o julgamento dos feitos de sua competência originária", não está aí 
incluído o poder de legislar e por conseguinte estatuir que tipos de sentença estrangeira podem ou não ser 
homologadas. Mesmo a repetição dos requisitos que a sentença estrangeira deve preencher para ser 
reconhecida era ou ainda é, além de desnecessária, uma vez que a Lei de Introdução já dispunha a 
respeito, desbordante dos limites da delegação. 35
Neste sentido, Barbosa Moreira bem observou que:
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"Ora, parece-nos haver aí excedido o Supremo Tribunal Federal os limites constitucionais de sua 
competência normativa. O texto da Carta da República (...) apenas se referia ao 'processo e 
julgamento': cabia ao Regimento Interno da Corte disciplinar o rito da homologação, não, porém, 
os requisitos necessários para tornar homologável a sentença estrangeira." 36
Também Haroldo Valladão:
"Ora, é evidente que fixar 'os requisitos' e os efeitos para 'a execução no Brasil de sentença 
proferida no estrangeiro' (...) é matéria que escapa à esfera processual. O Regimento Interno do 
STF não podia, pois, tratar dos requisitos e efeitos da homologação." 37
Diante disso, tem-se por certo que não poderia ser dado valor a uma disposição do RISTF que viesse a 
dispensar as sentenças estrangeiras meramente declaratórias do estado das pessoas da homologação. 
Atualmente, porém, à luz do RISTF com a Emenda Regimental de 25 de novembro de 1981, não há mais 
que se falar no assunto, haja vista a revogação de tal dispositivo.
Resta saber, portanto, se a regra do parágrafo único do art. 15 da LICC subsiste em face do Código de 
Processo Civil (CPC). 38
O art. 483 do CPC de 1973 modificou a redação dos dispositivos que se referiam à homologação de 
sentença estrangeira. Se antes se falava em exeqüibilidade, o CPC tratou da eficácia.
A utilização do termo eficácia enseja uma abrangência maior que exeqüibilidade. Se para serem 
exeqüíveis no Brasil as sentenças estrangeiras precisam ser homologadas, não é de todo ilógico se 
pensar que as sentenças estrangeiras que prescindem de execução não necessitam ser homologadas. 39
Desse raciocínio se pode aferir as razões por que se elaborou regra como a do Código Bustamante, que 
previa em seu art. 431, o seguinte, in fine:
"Art. 431. As sentenças definitivas proferidas por um Estado contratante, e cujas disposições não 
sejam exeqüíveis, produzirão, nos demais, os efeitos de coisa julgada caso reúnam as condições 
que para esse fim determina este Código, salvo as relativas à sua execução."
Também dali se pode retirar o motivo pelo qual se dispensou de homologação as sentenças meramente 
declaratórias: não se cogita de sua exeqüibilidade. 40 Valendo como coisa julgada, deve-se respeitar os 
direitos adquiridos:
"(...) é princípio de direito internacional privado, universalmente proclamado, que os direitos, 
adquiridos num Estado, devem ser reconhecidos em todos os outros.
O Código Bustamante, no art. 8º , declara, que - os direitos, adquiridos de acordo com as suas 
disposições têm plena eficácia extraterritorial nos Estados contratantes, salvo se a algum dos seus 
efeitos, ou conseqüências, se opõe uma regra de ordem pública internacional." 41
Contudo, é de se ressaltar a diferença entre direito adquirido advindo de um ato jurídico validamente 
constituído em um país, apto a produzir efeitos extraterritoriais, como é o caso do casamento, e uma 
sentença judicial. O segundo, sendo ato de soberania de um Estado, seus efeitos extraterritoriais podem 
não ser reconhecidos imediatamente no território de outros países. Por isso estabelece-se um 
procedimento próprio para a eficácia extraterritorial das sentenças judiciais.
A mudança no foco dos efeitos conferidos pela sentença estrangeira, deixando de se concentrar na 
necessidade de execução para privilegiar sua eficácia, fez com que, a partir de então, a homologação se 
tornasse indispensável, em havendo a necessidade dela produzir quaisquer efeitos, seja na esfera judicial 
ou administrativa.
Portanto, o entendimento que se extrai é o de que as sentenças meramente declaratórias, inclusive as 
relativas ao estado das pessoas, precisam ser reconhecidas pelo STF para produzirem efeitos no Brasil.
Esta é, inclusive, a orientação jurisprudencial de nossa Corte Suprema que, embora tenha pendido para 
um ou outro entendimento no passado, tem-se firmado neste sentido. Tendo sido a matéria debatida no 
STF, será realizado no item a seguir um breve apanhado de sua jurisprudência.
5. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
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Segundo Haroldo Valladão, o leading case do STF a respeito da necessidade ou não da homologação de 
sentenças estrangeiras meramente declaratórias do estado das pessoas foi a Sentença Estrangeira nº 
1297, proveniente da Itália.
Tratava-se de uma sentença concessiva de adoção, cuja homologação tinha sido negada por se ter 
entendido tratar-se de uma sentença meramente declaratória do estado da pessoa. Os requerentes 
recorreram e a decisão foi modificada, acolhendo o relator, Ministro Ribeiro da Costa, o parecer do 
Curador, Prof. Matos Peixoto, o qual observa que:
"mesmo que fosse meramente declaratória a sentença em questão, penso que ainda assim devia 
ser homologada, em obediência do [sic] art. 101, I, g, da Constituição, que submete à 
homologação do Supremo Tribunal as sentenças estrangeiras sem fazer qualquer distinção; a lei 
ordinária não pode, pois destacar dentre estas sentenças uma classe (as meramente 
declaratórias) para dispensá-las de homologação (...)" 42
No mencionado parecer o professor faz referência ao fato de que a Constituição de 1937 falava em 
homologação de sentenças estrangeiras e não das sentenças estrangeiras, o que faria com que algumas 
categorias de sentenças pudessem ser dispensadas da homologação, como entendia Eduardo Espínola:
"Da circunstância de dar o preceito constitucional competência privativa e originária ao Supremo 
Tribunal, para homologar sentenças estrangeiras, que resulte a conseqüência de estarem sujeitas 
a homologação todas as sentenças estrangeiras, seria argumento forçado. Pelo texto 
constitucional, onde até se refere - homologação de sentenças estrangeiras -, e não - 
homologação das sentenças estrangeiras -, o que se infere é que ficou firmada a competência da 
mais alta Corte de justiça, para processar e julgar a homologação de sentenças estrangeiras, 
quando, pela lei brasileira for necessária essa homologação." 43
Matos Peixoto, no entanto, observa que a mudança da preposição foi realizada na Constituição de 1946, 
sob a égide da qual estava sendo julgada a homologação e pela qual, toda e qualquer sentença 
estrangeira deveria ser homologada.
Todavia, Haroldo Valladão, ao que consta, antes da mudança na Constituição já ensinava que em face do 
dispositivo legal determinando a homologação de sentenças estrangeiras e não havendo discriminação 
entre as sentenças meramente declaratórias do estado das pessoas e outras, o dispositivo do parágrafo 
único do art. 15 da LICC deveria ser considerado inconstitucional. 44
A despeito dessa discussão, Matos Peixoto faz uma observação interessante em seu parecer quando 
escreve:
"Recusando-se o Supremo Tribunal a homologar tais sentenças, a sua legalidade terá de ser 
apreciada por outros tribunais e juízes, quando exibidas em causas dos interessados (deliberação 
[sic] incidente); mas isso é exatamente o que a Constituição não quer, pois o seu pensamento é 
centralizar no Supremo Tribunal essa atribuição importantíssima (...)". 45
Eduardo Espínola admite que uma sentença estrangeira não homologada deverá sofrer uma delibação 
incidente, através da qual severificará se a dita sentença está de acordo com a ordem pública brasileira. 
Ocorre que tal delibação é de competência exclusiva do STF, motivo pelo qual a questão se apresenta 
extremamente problemática. Se levada ao extremo, poder-se-á chegar à conclusão de que até mesmo as 
sentenças estrangeiras apresentadas como prova ou documento vão necessitar da chancela do STF, idéia 
que se repele, considerando-se acertada a posição de Moacyr Amaral Santos através da qual o juiz dará à 
sentença estrangeira não homologada apresentada como prova ou documento o valor que lhe aprouver. 46
Para Barbosa Moreira, no que tange à delibação incidental, seu entendimento é cristalino:
"Excluída fica, em qualquer caso, a admissibilidade de delibação incidental: o controle dos 
requisitos indispensáveis ao reconhecimento não pode ser feito senão em processo a tal fim 
especialmente ordenado." 47
Pode-se dizer que até o advento deste leading case, no dizer de Haroldo Valladão, a necessidade ou não 
de homologar as sentenças estrangeiras meramente declaratórias do estado das pessoas foi bastante 
debatida no STF, pendendo esta Corte para um ou outro lado.
Um pouco antes deste julgado, por exemplo, na SE nº 1343 - França, lê-se na Ementa:
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"Sentença estrangeira; não depende de homologação quando meramente declaratória do estado 
das pessoas". 48
No entanto, parece que a jurisprudência do STF tem adotado a orientação de que, tendo o CPC adotado o 
termo eficácia e não mais exeqüibilidade, para que uma sentença estrangeira produza quaisquer efeitos 
em território brasileiro, é preciso que ela receba a chancela do STF.
Assim, em julgado mais recente, a SE nº 3742 - República Portuguesa, 49 foi homologada pelo STF. A 
referida sentença havia julgado improcedente a ação. A ré, empresa brasileira, tendo interesse em que a 
sentença produzisse efeitos no Brasil requereu a homologação, no que foi atendida.
O Procurador-Geral da República, Dr. Mauro Leite Soares fez referência a Barbosa Moreira:
"Não é preciso tratar-se de sentença que comporte execução forçada no Brasil, ou que dê lugar à 
chamada execução imprópria (...). O art. 483 fala em 'eficácia', termo genérico, que não pode ser 
restritivamente interpretado como alusivo só ao efeito executório". 50
O relator, Ministro Moreira Alves asseverou que:
"As sentenças que julgam improcedente a ação são meramente declaratórias, produzindo, como 
atos decisórios que são, efeitos. É certo que não têm elas, por sua própria natureza, efeito 
executivo, mas este é apenas um dos aspectos da eficácia da sentença." 51
No entanto, apesar dos argumentos expendidos, é curioso que não se tratava de uma ação meramente 
declaratória do estado das pessoas, caso em que não se aplicaria o art. 15, parágrafo único da LICC. É 
fato que o acórdão do STF nada dispôs a esse respeito, mesmo porque não se tratava de sentença 
meramente declaratória do estado das pessoas. Ocorre que, ao menos à luz dos dispositivos legais 
existentes e numa análise a priori, toda sentença estrangeira precisa ser homologada, à exceção das 
meramente declaratórias do estado das pessoas. Teoricamente, portanto, não se encaixando a sentença 
que julgou improcedente a ação nas meramente declaratórias do estado das pessoas, pertence à 
categoria daquelas que necessitam de homologação, daí a desnecessidade de discutir se precisam ou 
não ser homologadas.
O acórdão, todavia, serviu para reafirmar o que já havia demonstrado Barbosa Moreira:
"À luz do Código [de Processo Civil] em vigor, não pode haver dúvida sobre a necessidade da 
homologação para que a decisão alienígena surta, no território brasileiro, quaisquer efeitos 
sentenciais, sejam principais ou secundários. É toda a eficácia da sentença como ato decisório, e 
não apenas o efeito executivo (ao qual especificamente se refere o art. 584, nº IV), que depende 
da homologação. Sem esta, pois, em vão se invocará, a propósito de alguma causa ajuizada 
perante órgão nacional, a autoridade de coisa julgada que a sentença haja assumido no Estado de 
origem." 52
O trecho acima citado também foi fundamento de outra decisão, a SE nº 4944 - Peru, mais recente, 53 na 
qual foi homologada uma sentença estrangeira declaratória que reconheceu os requerentes como 
legítimos herdeiros.
Fica demonstrado, então, a partir da análise destes julgados, uma certa uniformização no entendimento do 
STF no sentido de que para que a sentença produza efeitos no Brasil, necessita ela da homologação 
daquele órgão.
Conclusões
De tudo quanto foi exposto, podemos extrair algumas conclusões básicas, que ora procuramos alinhar.
A primeira delas é a de que a orientação atual do Direito Brasileiro em matéria de eficácia de sentença 
estrangeira no território nacional é firme no sentido da exigência de procedimento de delibação, realizado 
exclusivamente pelo Supremo Tribunal Federal.
A retrospectiva histórica mostra que nem sempre o tratamento legislativo foi assim tão cristalino, nem a 
orientação pela homologação foi tão abrangente. Ao contrário, percebe-se, de um lado, que, ao longo do 
tempo, o legislador dispensou da exigência de homologação pelo STF, expressa ou implicitamente, certos 
tipos de sentença. De outro, em certos momentos, a coexistência de vários tipos de normas disciplinando 
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a matéria, sem a expressa revogação de uma delas, gerou grandes dúvidas, em prejuízo à clareza e 
uniformidade de interpretação.
Tudo isso gerou - e, de certa forma, continua gerando um pouco - várias dúvidas e controvérsias na 
doutrina e na jurisprudência. Essas exceções (expressas ou implícitas, condicionada, nesse caso, a 
interpretações doutrinárias) atingiram as sentenças que não continham efeito condenatório puro e, 
especialmente, as meramente declaratórias.
Dentre estas últimas, particular tratamento legislativo (excepcionando a regra da exigência de 
homologação pelo STF) receberam as meramente declaratórias do estado das pessoas, cuja face mais 
visível é o parágrafo único do artigo 15, da LICC, que não foi objeto de expressa revogação.
A inexistência de revogação expressa, porém, não deve iludir o intérprete. A dispensa de homologação 
para este tipo de sentença não mais vigora. As razões para este entendimento são várias.
Em nível constitucional, temos a mudança (operada desde 1946) na redação do dispositivo que trata da 
competência do STF para a homologação das sentenças estrangeiras, e não apenas de sentenças 
estrangeiras, apontando, portanto, para todo e qualquer tipo de sentença.
Não bastasse tal fato, o próprio Código de Processo Civil de 1973, art. 483, deixou claro que a eficácia (e 
não apenas a exeqüibilidade) da sentença estrangeira (qualquer que seja seu conteúdo, portanto) está 
condicionada à homologação pelo STF.
Finalmente, o Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (atual, datado de 1980), que outrora 
(anterior, de 1970) repetia a exceção prevista no parágrafo único do art. 15, da LICC, deixou de fazê-lo.
Como conseqüência prática de toda essa evolução, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que já 
foi oscilante sobre o tema, inclinou-se no sentido da necessidade de homologação de sentença 
estrangeira meramente declaratória do estado das pessoas.
Hoje, portanto, mais do que nunca, temos as bases legislativas, doutrinárias e jurisprudenciais para firmar 
uma orientação mais sistemática, coerente e segura, sobre o tema. As controvérsias, embora existentes, a 
nosso ver tendem a desaparecer.
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