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Família Enterobacteriaceae Generalidades: • Ordem Enterobacteriaceae • Grande diversidade com 176 espécies • Bactérias GRAM – • As bactérias dessa família são microrganismos ubiquitários • Fazem parte da microbiota normal • Existem os microrganismos que sempre estão relacionados com o desenvolvimento de doenças (como a Salmonella, sorotipo Typhi e espécies de Shigella), outros estão presentes na microbiota como comensais, causando apensa infecções oportunistas (Escheria coli, Proteus mirabilis) e ainda, outros, que só se tornam patogênicos a partir do momento que adquirem determinados fatores de virulência advindos de plasmídeos, bacteriófagos ou ilhas de patogenicidade • Móveis, com flagelos ou ainda, imóveis • Não formam esporos • Crescem aeróbicamente e anaerobicamente – anaeróbios facultativos • São catalase-positivo e oxidase-negativas > isso ajuda por meio de um teste a distinguir essa família de outros bacilos GRAM negativos • Muitas possuem fimbrias (também chamadas de pili), subdivididas em comuns e sexuais, as comuns ajudam na aderência bacteriana e as sexuais facilitam a transferência genética entre as bactérias Características antigênicas: • Características antigênicas: filamento flagelar (AgH); cápsula (AgK) e LPS (com o AgO – polissacarídeo O presente no LPS) • A classificação epidemiológica (sorológica) dessa família se baseia nesses 3 principais antígenos citados acima • Os membros dessa família compartilham um antígeno comum, o antígeno comum de enterobactérias • O LPS vai ser o principal antígeno da parede celular dessas bactérias, ele é composto por 3 componentes: ➢ Polissacarídeo O – AgO ➢ Um polissacarídeo central – é o antígeno comum de enterobactéria – o que caracteriza elas ➢ Lipídio A – endotoxina verdadeira Fatores de virulência comuns a todos os membros da família Enterobacteriaceae: • As bactérias dessa família vão ter alguns fatores de virulência que são comuns e outros que são específicos • Comuns: ➢ Endotoxina o Depende do lipídio A presente no LPS o Ativa o sistema complemento, libera citocinas, leucocitose, trombocitopenia, coagulação intravascular disseminada, febre, choque e morte ➢ Cápsula o Protegem contra a fagocitose por ter antígenos capsulares hidrofílicos > repelem a superfície hidrofóbica da célula fagocitária o Interferem na ligação do anticorpo na bactéria ➢ Variação da fase antigênica o As expressões dos antígenos somático O, capsular K e flagelar H estão sob controle genético do microrganismo. Cada um desses antígenos pode ser alternadamente expresso ou não (variação de fase), uma característica que protege a bactéria da morte mediada por anticorpo – ou seja, dependendo do anticorpo, a bactéria é capaz de expressar um antígeno que a livra da morte mediada via anticorpo ➢ Sistemas de secreção tipo III o Sistema para levar seus fatores de virulência para a célula-alvo > é um mecanismo de injeção desses fatores na célula que vai ser afetado ➢ Sequestro de fatores de crescimento o A bactéria produz sideróforos para capturar ferro de proteínas como a lactoferrina, grupo heme ➢ Resistencia aos efeitos bactericidas do soro o Cápsula impede a ligação do complemento à bactéria > logo, impede a morte do microrganismo pelo sistema complemento ➢ Resistencia aos antimicrobianos o Esses microrganismos são bons em adquirir resistência aos antimicrobianos por meio de plasmídeos que são trocados entre as espécies, contendo fatores de resistência Escheria Coli • Presente na microbiota intestinal desde o nascimento • Associado a varias doenças, como gastroenterite, sepse, infecções extra-intestinais como o ITU e meningites • Infecções intestinais: EPEC, ETEC, EIEC, EHEC/STEC, EAEC; • Infecções extraintestinais: ExPEC - UPEC, NMEC, SEPEC • A E.coli vai ter os fatores de virulência geral dessa família, mais alguns específicos que se dividem adesinas e exotoxinas • E. coli está presente no trato gastrointestinal em grande número. Embora esses microrganismos possam ser patógenos oportunistas quando os intestinos são perfurados e a bactéria entra no peritônio, a maioria das cepas de E. coli que causam doenças gastrointestinais e extraintestinais adquiriu fatores de virulência específicos codificados nos plasmídeos ou no DNA de bacteriófagos Escheria coli enteropatogênica (EPEC) • Mais comum na infância, sendo típica em crianças menores de dois anos e atípicas em crianças e adultos • Transmissão ocorre de pessoa a pessoa • Caracterizada por diarreia aquosa principalmente, mas pode ocorrer ainda febre, vômito e dores abdominais • Patogênese: ➢ Bactéria se liga as células do epitélio do intestino delgado – processo mediado pelos pili formadores de feixe (PFF) – sigla BFP também é válida - que promove uma ligação inicial, com uma adesão localizada ➢ Em EPEC’s atípicas, há a adesão mediada pelo flagelo ➢ Depois disso, a bactéria secreta proteínas bacterianas dentro da célula epitelial hospedeira por meio dos seus sistemas de secreção tipo III (comum a todos dessa família – funcionam como uma injeção) ➢ Entre essas proteínas injetadas está o receptor de translocação de intimina (Tir) > esse receptor vai ser inserido na membrana da célula epitelial e lá vai passar a atuar como um receptor para a intimina (uma adesina de membrana externa) > A ligação da intimina à proteína Tir resulta na polimerização da actina e no acúmulo de elementos do citoesqueleto logo abaixo da bactéria aderida ➢ Gera perda da integridade da superfície celular e morte celular Escheria coli enteroinvasiva (EIEC): • Maior incidência em crianças maiores de 2 anos e adultos • Transmissão fecal-oral • Existem formas assintomáticas e sintomáticas • Nas formas sintomáticas: diarreia ou formas graves de disenteria bacilar: fezes mucopurulentas e sanguinolentas, cólicas abdominais, mal estar e febre > a disenteria ocorre quando há cerca de 10 a sexta bactérias • Biossorotipo definido: AgO, com ausência quase constante de antígeno H (flagelar) • Patogênese semelhante a da Shigella • Patogenese: ➢ EIEC no íleo terminal e cólon > invasão, lesão e disseminação ➢ Na patogênese a bactéria consegue invadir e destruir o epitélio do colon produzindo inicialmente diarreia aquosa > ➢ Para invadir, ela entra no enterócito por meio das células M > para isso, um complexo de proteínas de invasão vai possibilitar que o sistema de transferência III injete IpaA e outras proteínas de invasão > induzem fagocitose > entram no enterócito ➢ Após essa invasão, há a lise de vacúolos fagocíticos > por meio da interação entre a IcsB (plasmídeo) e IcsA que impedem a ligação de uma proteína autofágica > evitando assim a degradação bacteriana ➢ Essas bactérias se multiplicam no citoplasma da célula > vão em direção as células epiteliais adjacentes por filamentos de actina (IcsA – proteína de membrana externa)> ➢ Vai havendo destruição com infiltração inflamatória (as bactérias na lamina do enterócito, após sua destruição, entram em contato com macrófagos e neutrófilos gerando resposta inflamatória) Escheria coli enterotoxigenica (ETEC) • Em adultos: causam a chamada diarreia do viajante, visto que as pessoas que vivem em zonas endêmicas são resistentes a essas bactérias • Responsável por 20% das diarreias em crianças menores de 5 anos • Encontrada principalmente em países em desenvolvimento • As infecções são basicamente adquiridas pelo consumo de água e alimentos contaminados com fezes. A transmissão pessoa a pessoa não ocorre • Sintomas: diarreia e cólicas abdominais (devido à defeitos na absorção), febre baixa, náuseas e vômitos (são mais raros) • A diarreia pode ser mais persistente (mais que 10 dias) devido à formação de biofilme e hipersecreção de muco • Atua no intestino delgado • Patogênese: ➢ Dividida em 3 estágios: 1- Adesãono intestino delgado ➢ Adesão mediada pelos fatores de colonização (principalmente as fímbrias na E.coli típica) ➢ Formam um biofilme que impede a entrada de nutrientes, sal (diminuição da absorção de sódio – ocorre pela toxina termolábil LT-1), entre outros fatores, o que deixa o lúmen hiperosmótico > faz com que a produção de muco seja aumentada, além disso esse aumento de secreção de fluidos é mediado pela toxina STa 2- Lesão ➢ Visto os fatores acima, a lesão é mediada por enterotoxinas, por isso é conhecida como E.coli enterotoxigenica, essas toxinas podem ser as toxinas termolaveis (LT) ou termoestáveis (ST) > elas atuam na alteração da permeabilidade celular, inibindo a absorção de sódio e aumentando a secreção de fluidos, como foi descrito acima > o que causa a diarreia Escheria coli produtora da toxina shiga (EHEC-STEC) • Também chamada de E.coli enterohemorrágica (EHEC) • Necessário menos que 100 bactérias para que haja dano e sintomatologia; também há transmissão de pessoa a pessoa • A doença causada por essa bactéria pode variar de uma diarreia branda sem complicações até uma colite hemorrágica >>>> • Afeta o intestino grosso gerando colite hemorrágica, síndrome urêmica hemolítica, púrpura trombocitopênica trombótica, apendicite, cistite hemorrágica • Sintomatologia envolve diarreia de 1 ou 2 dias, seguida de diarreia sanguinolenta por até 10 dias, cólicas abdominais severas (2 a 9 dias) e ausência de febre • EHEC coloniza principalmente o trato dos bovinos (reservatório) • Aquecimento no fogão ou forno em temperatura acima de 70º C, e que atinja todo o alimento, mata essas bactérias • As cepas mais comuns causadoras dessa doença representam clones que evoluíram da EPEC e também que adquiriram a toxina Shiga codificados por bacteriófagos lisogênicos • Patogênese: 3- STEC no intestino grosso (com uma carga infecciosa baixa já causa toda a patogênese) 4- Adesinas fimbriais e não fimbriais, flagelo e intimina OMP que se liga a um receptor Tir provocam a adesão 5- Para provocar a lesão, atuam: o Intimina: produzem lesões A/E assim como as EPEC > o mecanismo da patogênese de EPEC é a lesão A/E (attaching and effacing) que envolve genes localizados em uma ilha de patogenicidade, onde são encontrados proteínas do sistema de secreção do tipo III, tir - receptor de intimina e a adesina intimina. Três estágios de interação entre EPEC e a célula podem ser observados: 1) aderência localizada (AL) mediada pela fímbria BPF e codificada por um gene plasmidial, sinais de transdução e aderência íntima promovida pela intimina (lembrar que > o sistema tipo II vai injetar o receptor Tir na célula infectada > passa a ser um receptor de membrana > recebe intimina > citoesqueleto > lesão o Toxinas Shiga (Stx1 e Stx2) - inibe a síntese proteica e estimulam a expressão de citocinas inflamatórias (TNF e IL6) o Cólon: rompimento dos vasos o Rins: obstrução dos vasos do glomérulo – insuficiência renal E.coli enteroagregativa (EAEC): • Tem um período de incubação curto • Pode ser assintomática ou sintomática com uma diarreia aguda (secretória, mucoide e aquosa), acompanhada de febre baixa e eventualmente vômitos – sintomas duram de 1 a 9 dias, ainda pode haver uma diarreia persistente • Assim, as cepas de E. coli enteroagregativa (EAEC) estão envolvidas nos casos de diarreia aquosa persistente com desidratação, em crianças de países em desenvolvimento e em viajantes que visitam esses países • Esta é uma das poucas bactérias associadas a diarreia crônica e retardo do crescimento em crianças • Patogênese: 1- Adesão: ➢ Por fimbrias de aderência agregativa (AAF), pili e Ecp-AA > formam um biofilme - as bactérias são caracterizadas pela autoaglutinação, como em um arranjo de “tijolos empilhados”. Este processo é mediado pela fímbria de aderência agregativa I (AAF/I) ➢ Também há hipersecreção de muco que auxilia nessa formação de biofilme 2- Lesão: ➢ Após a adesão a superfície do intestino, a secreção de muco é estimulada, por todos esses fatores que serão vistos abaixo >>>> acarretam na formação de um biofilme espesso, que protege a bactéria de antibióticos e células fagocíticas ➢ EAST1 e ShET1: desequilíbrio hidrossalino ➢ Toxinas Pet: estimula a secreção de fluidos no intestino ➢ Dispersina: atua na dispersão da bactéria ➢ Ainda, produz IL-8 > bactéria induz a liberação dessa IL que atrai neutrófilos, rompendo os tecidos e agravando a secreção de fluídos Escheria coli patogênica extraintestinal • Deve ter no mínimo 2 dentro desses 5 fatores de virulência, se não, são considerados E.coli de microbiota: ➢ Fimbria P ➢ Fimbria S ➢ Adesinas da família AFA-DR ➢ Cápsula ➢ Sistema de captação de ferro • As principais doenças associadas com essa E.coli são: ➢ Infecção do trato urinário – UPEC ➢ Meningite neonatal – NMEC ➢ Sepse – SEPEC UPEC- INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO • A patogênese ocorre via ascendente, a E.coli coloniza a uretra, provocando uretrite, depois bexiga (cistite), ascendendo para os rins – colonização renal (pielonefrite) > que é o que predispões a septicemia • Responsável por 80% das infecções do trato urinário • 90% das infecções adquiridas na comunidade • 20 a 30% da população tem ExPEC - microbiota intestinal, principalmente mulheres • Maior risco: o Mulheres sexualmente ativas: espermicida; maior risco de infecção o Mulheres grávidas o Menopausa • Em idosos sadios – 25 % das bacteriúrias assintomáticas • A maioria das cepas de E. coli pode produzir ITU, entretanto a doença é mais comum em alguns sorogrupos específicos > pois essas bactérias são particularmente virulentas, pois possuem a capacidade de produzir adesinas (basicamente, pili P, AAF/I, AAF/III e Dr), que se ligam às células que revestem a bexiga e o trato urinário superior (a aderência impede a eliminação da bactéria durante a micção) e produzem a hemolisina HlyA, que lisa os eritrócitos e outros tipos celulares (levando à liberação de citocinas e estimulando uma resposta inflamatória) • Patogênese: 1- Evasão da resposta imune pelas hemolisinas HlyA que lisam alguns tipos celulares, sendo citotóxicas contra as células de defesa > ascendem na uretra 2- Depois há aderência, invasão e lesão da bexiga por meio de: ➢ Fimbrias tipo I: aderem ao uroepitélio, responsáveis pela colonização da bexiga, trato urinário inferior e vagina ➢ Ainda, outras adesinas que não são fimbrias, as AFA I, AFAIII e Dr ➢ CNF1: invasão do uroepitélio e encistamento (o que gera infecções recorrentes, já que a bactéria fica encistada e pode voltar para o lúmen – infecções de repetição) ➢ Alfa hemolisina: gera dano tecidual, apoptose e esfoliação das células da bexiga > iniciam- se os sintomas característicos das infecções 3- Se não houver tratamento inicia-se a ascensão para os rins, que envolve principalmente a diminuição de fimbrias tipo I e aumento de flagelos e fimbria P 4- Ascensão e lesão nos rins: ➢ Para que haja a ascensão há diminuição da quantidade de fimbria tipo 1 e aumento de motilidade por flagelos > as bactérias vão para os rins ➢ Aumento de fimbria tipo P > para se aderir especificamente ao epitélio do rim ➢ Alfa-hemolisina para dano tecidual ➢ Estimulo para produção de citocinas > inflamação ➢ Toxina-sat > formação de vacúolos nas células epiteliais e consequente danos glomerulares NMEC – MENINGITE NEONATAL • As cepas de E. coli e estreptococos do grupo B causam a maioria das infecções do sistema nervoso central (SNC) em crianças com menos de um mês de idade. Aproximadamente 75% das cepas de E. coli possuem o antígeno capsular K1. Esse sorogrupo também está presente no trato gastrointestinal de mulheres grávidas e crianças recém-nascidas > É UM SOROTIPO QUE TEM PREDILEÇÃO PARA CAUSAR DOENÇAS EM RECÉM-NASCIDOS • Cerca de 30% das mulheres tem EXPEC na microbiota • Assim,o principal antígeno associado as E.coli causadoras de meningite neonatal é o AgK • Fontes de contaminação ➢ canal do parto ➢ infecções umbilicais ➢ feridas de circuncisão ➢ colonização intestinal do recém-nascido • Patogênese: ➢ Bactéria tem que cair na corrente sanguínea e resistir a resposta imune >>>> 1- Escape a resposta imune por meio da Cápsula e OmpA (proteína A - resistência ao sistema complemento) 2- Multiplicação da bactéria no sangue 3- Elas invadem fagócitos e se multiplicam 4- Alcançam a barreira hematoencefálica 5- Adesão e invasão à barreira mediada por componentes que ficam em um vacúolo endocítico da bactéria, na cápsula K1 ➢ Fimbrias tipo I ➢ OmpA ➢ Invasina IbeA ➢ CNF1 6- Transicitose > alcançam o SNC > liberação de cirocinas pró inflamatórias > geram inflamação aguda das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal > dano neuronal naqueles que sobrevivem > vão ter problemas em relação ao desenvolvimento SEPEC - SEPSE • Tipicamente, a septicemia causada pelos bacilos Gram-negativos, como E. coli, tem como origem as infecções dos tratos urinário e gastrointestinal (p. ex., a perfuração do intestino leva a uma infecção intra-abdominal) • Mas todas as fontes são: pele (celulite), trato urinário, cavidade peritoneal (peritonite) e pulmão (pneumonia) • Fatores de virulência: ➢ Adesinas – fimbrias tipo 1 e P ➢ OmpT ➢ Sistemas de captação de ferro – para sobreviver e reproduzir na circulação – retiram ferro da Hb
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