Buscar

Meningites Bacterianas

Prévia do material em texto

ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
1 
ANATOMIA DO SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso é fortemente protegido de 
acidentes, impactos e infecções. Essa proteção se deve a 
presença de ossos e outras estruturas. Assim, mesmo que 
patógenos estejam circulando na corrente sanguínea, 
geralmente não conseguem entrar no cérebro e na 
medula espinhal devido a barreira hematoencefálica. 
Dura-máter (mais externa), aracnoide 
(intermediária) e pia-máter (mais interna) formam as 
meninges cranianas que revestem o cérebro e a medula 
espinal. Entre a pia-máter e aracnoide encontra-se o 
espaço subaracnóideo, no qual circula o liquor que 
protege o SNC e mantem a homeostasia. 
 
A composição do liquor tem algumas 
semelhanças com a do plasma, como a presença de íons. 
As concentrações de sódio, bicarbonato e o pH são 
semelhantes. Porém, as de potássio, cálcio, glicose, 
aminoácidos e proteínas são menores no liquor em 
relação ao plasma. Isso ajuda na identificação de 
prováveis meningites porque alterações nas 
concentrações de glicose e proteínas podem estar 
relacionadas as manifestações de meningites. 
 
LANGE: Estudos experimentais sugerem que receptores 
para patógenos bacterianos estão presentes em células 
do plexo corioide, o que pode facilitar o movimento desses 
patógenos para dentro do espaço subaracnóideo. O liquor 
na meningite bacteriana geralmente é caracterizado por 
elevações acentuadas na concentração de proteína, um 
nível de glicose extremamente baixo. 
 
Diversos microrganismos podem provocar 
meningites, tais como: bactérias, vírus, fungos e 
parasitas. 
Entres esses microrganismos podemos citar: 
• Bactérias: Neisseria meningitidis, Streptococcus 
pneumoniae, Haemophilus influenzae, 
Mycobacterium tuberculosis, Trepanem palidum, 
Listeria spp., Enterobacterias, Staphylococcus spp.; 
• Vírus: Enterovirus (coxackie, poliovirus), arbovírus, 
vírus da caxumba, vírus do grupo herpes (simples, 
tipo 6, CMV, Epstein-Barr, varicela-zooster), 
sarampo, rubéola, HV, parvovírus, adenovírus, 
rotavírus, coronavirus, entre outros; 
• Fungos: Cryptococcus neoformans, Histoplasma 
capsulatum; 
• Parasitas: Acantamoebas, Naegleria, Toxoplasma 
gondii, Trypanosoma brucei (causador da doença do 
sono na África) e Taenia solium (neurocisticercose). 
 
BACTÉRIAS CAUSADORAS DE MENINGITES 
As principais bactérias são Neisseria meningitidis, 
Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae. 
Cada uma possui um tipo de morfologia e por isso, a 
baciloscopia do liquor ajuda na identificação do 
patógeno. Algumas bactérias liberam toxinas que irritam 
as meninges. 
Poucas espécies de bactérias tem a capacidade de 
invadir a barreira hematoencefálica para invadir as 
meninges. Entres os patógenos extracelulares destacam-
se: 
• No recém-nascido: Escherichia coli K1 e 
Streptococcus agalactiae; 
• Em crianças e adultos: Neisseria meningitidis, 
Haemophilus influenzae do tipo B e Streptococcus 
pneumoniae. 
 
Neisseria meningitidis 
É uma das causadoras de meningites adquiridas 
na comunidade. 
O nome Neisseria foi uma homenagem ao médico 
dermatologista e patologista, Albert Ludwig Sigesmund 
Neisser, que descreveu o microrganismo responsável 
pela gonorreia. 
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO GÊNERO 
• São diplococcus, gram negativo, 
achatados lateralmente; 
 
• Para identificação laboratorial: 
oxidase positivo, catalase positivo 
(exceto N.elongata) e fermentação de açucares; 
 
ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
2 ALINE – MICROBIOLOGIA – BBPM IV 
TORTORA: Catalase: é liberada pelas bactérias como 
forma de sobrevivência, dificultando a resposta imune 
do hospedeiro. Degrada H2O2 liberada pelos 
neutrófilos no processo inflamatório. 
Oxidase: Quando as bactérias são colocadas em papel 
de filtro embebido com cloridrato de 
tetrametilparafenilenodiamina (oxidase), as neissérias 
rapidamente adquirem uma cor púrpura escura. 
 
• A classificação do gênero Neisseria engloba várias 
espécies. Muitas não causam infecções e estão 
presentes na microbiota normal como Neisseria 
mucosa e Neisseria elongata; 
• Duas espécies são patógenos humanos de grande 
importância clínica: 
→ Neisseria gonorrhoaea (gonococo): causa a 
gonorreia (IST), pode causar ofltamia neonatal 
no recém-nascido (ao passar pelo canal do parto, 
ele adquire a bactéria da mãe contaminada) e 
infecções orais; 
→ Neisseria meningitis (meningococo): causadora 
de meningites; 
Neisseria meningitidis pode colonizar orofaringe 
de indivíduos saudáveis (20-50%) e migrar para as 
meninges (fatores de virulência). Essa parcela de 20-50% 
portadora da bactéria pode ser assintomática e com isso, 
ocorre transmissão da bactéria para outros pacientes, por 
gotículas (fala, espirros e tosse) e contato direto. 
Essa espécie tem grande importância clinica 
devido sua rápida progressão e tendência em causar 
surtos, epidemias e ocasionar eventos invasivos como a 
doença meningocócica (meningite e/ou 
meningococcemia). Pode ainda provocar outras 
alterações em decorrência da disseminação 
hematogênica (osteomielite, artrite, pericardite e 
peritonite). 
Para o desenvolvimento da doença invasiva, há 
alguns fatores que devem ser considerados: 
1. Fatores microbianos que influenciam a virulência 
das cepas: 
• Presença de capsula: enquanto se multiplica, a 
capsula protege a bactéria da fagocitose e do 
sistema complemento (formação do MAC); 
• Presença de pili e proteínas de adesão: facilitam a 
adesão, invasão e passagem da bactéria entre o 
epitélio; 
• Proteínas e fosfolipídios de membrana; 
• Lipo-oligossacarídeo (LOS): é uma endotoxina que 
tem efeitos tóxicos na doença meningocócica. 
Mimetiza estruturas da membrana celular, o que 
facilita a entrada da Neisseria nas células 
hospedeiras. Após a entrada, a resposta 
imunológica ocorre pela liberação de IL-6, TNF-
alfa, espécies reativas de oxigênio e oxido nítrico, 
provocando dano endotelial e aumentando a 
permeabilidade vascular. Isso impacta na 
passagem da bactéria pela barreira 
hematoencefálica; 
JAWETZ: o lipopolissacarídeo (LPS) não apresenta 
cadeias laterais de antígeno O longas, sendo 
denominado lipo-oligossacarídeo (LOS). 
 
OBS: a diferença na sequência da capsula, das 
proteínas de membrana e da LOS possibilita a existência 
de 13 sorogrupos de bactérias 
(A,B,C,D,H,I,K,L,W135,X,Y,Z,29E). Esses sorotipos causam 
diferentes manifestações clinicas. Os mais frequentes são 
A,B,C,Y e W135 que são responsáveis por 90% dos casos 
de meningites/meningococcemia no mundo. Na 
Austrália, Europa e Canadá predominam o sorotipo B. Já 
na África, o sorogrupo A. Nos EUA, é distribuído entre B, 
C e Y. No Brasil, predomina o sorogrupo C. 
 
2. Condições ambientais que facilitam a exposição e 
aquisição: maior incidência nos meses secos e frios; 
3. Fatores de suscetibilidade do hospedeiro que 
favorecem a aquisição bacteriana, colonização, 
invasão e sobrevivência: imunossupressão, 
doenças crônicas. 
 
PATOGÊNESE – parte 1 
1. Adesão e Colonização: após o contato com a 
bactéria por gotículas ou 
contato direto, a 
bactéria adere e 
coloniza o epitélio da 
nasofaringe mediada 
por várias adesinas. A 
Neisseria pode 
permanecer nesse epitélio por dias ou meses, 
tornando essa pessoa portador sintomático ou 
assintomático; 
 
LANGE: A bactéria secreta uma protease IgA que 
inativa anticorpos do hospedeiro e facilita aderência à 
mucosa. N. meningitidis prende-se a células epiteliais 
não ciliadas por projeções semelhantes a dedos 
conhecidas como pili. 
 
 
ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
3 ALINE – MICROBIOLOGIA – BBPM IV 
2. Endocitose bacteriana pelas células epiteliais: é a 
entrada da bactéria pela célula epitelial. Após 
adesão, as bactérias atravessam a mucosa nasal, 
atingindo o 
tecido 
subepitelial. 
Além da 
endocitose 
bacteriana, pode 
ocorrer a 
invasão via vacúolos fagocíticos. Apósessa invasão, 
a bactéria começa a se dividir por divisão binaria 
simples; 
3. Adesão à camada submucosa; 
4. Atinge a corrente sanguínea; 
 
LANGE: Uma vez que a 
barreira mucosa seja violada, 
as bactérias ganham acesso 
à corrente sanguínea, onde 
precisam superar os 
mecanismos de defesa do 
hospedeiro para sobreviver e 
invadir o SNC. A cápsula 
bacteriana, uma característica comum a N. 
meningitidis, H. influenzae e S. pneumoniae, é o fator 
de virulência mais importante nesse aspecto. 
 
5. Resiste à fagocitose e à ação do sistema 
complemento: devido a presença da capsula, a 
bactéria escapa da fagocitose e do sistema 
complemento e desencadeia a reação inflamatória; 
 
LANGE: A ativação do complexo de ataque à 
membrana do sistema do complemento é um 
mecanismo de defesa do hospedeiro essencial contra 
doença invasiva por N. meningitidis, e pacientes com 
deficiências dos componentes tardios do complemento 
(CS a C9) têm um risco aumentado para meningite 
meningocócica. A invasão do líquido cerebrospinal por 
um patógeno meníngeo resulta em permeabilidade 
aumentada da barreira hematencefálica, onde 
mecanismos locais de defesa do hospedeiro são 
inadequados para controlar a infecção. Normalmente, 
os componentes do complemento são mínimos ou 
ausentes no líquido cerebrospinal. 
6. Intensa reação inflamatória: devido a capsula, LOS 
e proteínas de adesão; 
 
OBS: a Neisseria meningitidis para escapar da 
resposta imune no sistema respiratório, além da capsula, 
ela apresenta o pili (adesão da bactéria ao epitélio), ácido 
siálico (mimetiza o ácido siálico das células hospedeiras) 
e IgA proteases que clivam a IgA. 
 
DEFESA DO TRATO RESPIRATÓRIO 
A mucosa respiratória tem uma reposta imune 
diferenciada que promove síntese e liberação de IgA. 
Além disso, há presença de grande quantidade de 
macrófagos alveolares prontos para fagocitar, vasos 
sanguíneos próximos aos alvéolos que facilitam a 
diapedese de neutrófilos prontos para fagocitar e liberar 
EROS e óxido nítrico. 
As células epiteliais que compõem o trato 
respiratório possuem cílios. O batimento ciliar junto com 
a liberação de muco promove o clearance, isto é, expulsa 
para fora o parasita preso ao muco. 
A presença de reativos de oxigênio ativa 
macrófagos. Já a presença de oxido nítrico ativa 
neutrófilos. 
 
MECANISMOS MOLECULARES ENVOLVIDOS NA 
PASSAGEM PELA BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA 
Existem pelo menos quatro estratégias para um 
patógeno cruzar 
uma monocamada 
de células 
endoteliais do 
cérebro (barreira 
hematoencefálica). 
 
 
 
 
 
1. Transporte transcelular por transcitose passiva ou 
induzida por adesão (número 3 da imagem): o 
microrganismo sai da corrente sanguínea, adere a 
célula e consegue passar pelo interior das células 
epiteliais; 
2. Passagem paracelular através das junções aderentes 
rompidas ou abertas (número 2 da imagem): 
passagem entre as células, através de junções 
aderentes destruídas pelo microrganismo na parte 
apical das células; 
 
ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
4 ALINE – MICROBIOLOGIA – BBPM IV 
3. Ruptura da barreira endotelial devido a um efeito 
citotóxico direto: microrganismo produz substância 
citotóxica que destrói a barreira hematoencefálica; 
4. Transporte facilitado por leucócitos por fagócitos 
infectados (número 4 da imagem): denominado 
“cavalo de Troia”, é um processo comum para vírus. 
O vírus sobrevive dentro do fagócito, que infectado 
acaba por levar o vírus para o SNC. 
É provável que Neisseria meningitidis utilize os 
mecanismos 1 ou 2. É improvável que ela use o 
mecanismo 3 porque lesões no tecido e hemorragias no 
espaço subaracnóideo, decorrente de apoptose ou 
citotoxidade bacteriana, são incomuns durante 
meningite. O mecanismo 4 é improvável já que essa 
bactéria é patógeno extracelular e eles não usam 
leucócitos como veículos para cruzar a barreira. 
 
• Mecanismos na interação da Neisseria 
meningitidis com as células da barreira 
hematoencefálica humana 
1. Fixação da bactéria na superfície, ligando-se nos 
receptores transmembranas principalmente o 
CD147. Essa ligação desencadeia uma sinalização 
no interior das células endoteliais da barreira. 
Essa sinalização complexa, provoca um rearranjo 
das proteínas do citoesqueleto; 
2. Entres as células da barreira, há proteínas de 
junções de oclusão, de junções aderentes e 
desmossomos. A sinalização intracelular induz a 
clivagem da proteína ocludina da junção de 
oclusão, formando um poro entres as células, 
permitindo a passagem da bactéria para o SNC. 
 
OBS: a clivagem da ocludina também foi 
verificada nas bactérias S.pneumoniae, E.coli, 
S.agalactiae. 
 
 
 
 
PATOGÊNESE – parte 2 
1. Ultrapassagem da barreira hematoencefálica e 
entrada no espaço subaracnóide; 
2. Liberação da LOS: provoca intensa reação 
inflamatória local; 
3. Ativação dos sistemas MONÓCITO-MACRÓFAGO; 
4. Liberação de mediadores inflamatórios IL-1b, IL-6 
e TNF-alfa: IL-1 induz a febre, IL-6 induz proteínas 
da fase aguda e TNF-alfa induz a inflamação; 
5. Ativação da cascata de prostaglandinas 
(degradação ácido araquidônico); 
6. Liberação de substancias ativas no processo 
inflamatório: liberação de leucotrienos (fator 
quimiotático para recrutamento leucocitário), 
prostaglandinas (responsável pela dor) e 
tromboxanos (responsável pela alteração 
plaquetária); 
7. Morte celular: devido a lesão celular causada por 
grânulos do neutrófilos, presença do TNF, EROS e 
oxido nítrico; 
LANGE: apoptose, é causada tanto pela resposta 
inflamatória imune quanto por toxicidade direta de 
componentes bacterianos, e, clinicamente, pode 
estar associada com deficiência cognitiva como uma 
sequela de longo prazo da meningite. 
 
8. Hipertensão intracraniana (histamina) associado 
com aumento da permeabilidade da barreira 
hematoencefálica: histamina é liberada pelos 
mastócitos e está associada com aumento da 
permeabilidade da barreira, aumentando a pressão 
intracraniana. 
 
LANGE: A liberação de citocinas e enzimas 
proteolíticas leva à perda de integridade da 
membrana, com resultante tumefação celular. O 
desenvolvimento de edema encefálico contribui para 
um aumento da pressão intracraniana, resultando 
potencialmente em herniação encefálica 
ameaçadora para a vida. Edema encefálico 
vasogênico é causado principalmente pelo aumento 
 
ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
5 ALINE – MICROBIOLOGIA – BBPM IV 
da permeabilidade da barreira hematencefálica. 
Edema encefálico citotóxico resulta de tumefação 
dos elementos celulares do encéfalo devido a fatores 
tóxicos provenientes de bactérias ou de neutrófilos. 
Edema encefálico intersticial reflete obstrução do 
fluxo do líquido cerebrospinal, como na hidrocefalia. 
 
PATOGENICIDADE 
Os sorotipos da Neisseria meningitidis são 
responsáveis pelas manifestação de três formas clinicas 
distintas da doença. 
1. Meningite meningocócica 
• Forma mais comum. Meningite sem 
meningococcemia (bacteremia que provoca 
alterações sistêmicas como problemas de 
coagulação, dano a suprarrenal e outros órgãos), 
ou seja, infecção restrita a meninge que 
apresenta a famosa tríade – cefaleia, febre e 
rigidez da nuca e vômitos em jato; 
• O início da febre é abrupto. A tríade pode estar 
acompanhada de náusea, vômitos, fotofobia e 
estado mental alterado; 
• Em crianças, os sintomas podem ter um inicio 
mais lento, os sinais podem ser inespecíficos e a 
rigidez da nuca pode estar ausente. Isso torna o 
diagnostico difícil. 
2. Meningococcemia 
• É uma invasão sistêmica da bactéria, 
provocando: hipotensão, hemorragia 
suprarrenal aguda, insuficiência de múltiplos 
órgãos, choque e morte; 
• Não é frequente. As pessoas que sobrevivem a 
meningococcemia, cerca de 10-20% apresentam 
sequelas, como perda de membros, cicatrizes 
externas da pele, perda auditiva ou retardo 
mental;• A meningite associada a septicemia 
(meningococcemia) provoca o colapso 
circulatório com coagulação intracelular 
disseminada, formando hemorragias e 
petequeias (denominada de Síndrome 
Waterhouse-Friderichsen, caracterizada 
também por insuficiência da suprarrenal, 
retração de células endoteliais, ruptura capilar, 
hemorragias em diferentes órgãos, adesão de 
leucócitos tentando combater a infecção e 
formação de pequenos trombos); 
• Pela liberação de endotoxinas da Neisseria 
meningitidis, ocorre coagulação desregulada, 
diminuindo a quantidade de plaquetas (se ligam 
a vasos e órgãos), provocando coagulação 
intracelular disseminada e falência de órgãos; 
 
3. Meningococcemia sem meningite 
• Ocorre infecção disseminada mas a Neisseria 
não atinge as meninges. Por isso, não é possível 
visualizar o microrganismo no liquor; 
• Os sintomas são relacionados a sepse: presença 
de purpura. 
4. Outras manifestações 
• Pneumonia: relacionada a pacientes que já te 
uma doença pulmonar de base ou algum fator 
que contribui como fumantes. É a complicação 
menos grave da doença: após a nasofaringe, a 
bactéria não atinge a corrente sanguínea e migra 
para o trato respiratório inferior; 
• Endocardite; 
• Artrite; 
• Conjuntivite; 
• Faringite. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
• O homem é o único hospedeiro natural; 
• Período de incubação é variável: pode variar de 
2 a 10 dias, entretanto a média é de 3 a 4 dias 
após contato inicial. Então, é uma doença de 
progressão rápida; 
• Os neonatos raramente adoecem devido a 
proteção dos anticorpos maternos até os 3 
primeiros meses de vida; 
• Transmissão: pessoa a pessoa (gotículas e 
aerossol) através de secreções da nasofaringe, 
que acaba sendo a porta de entrada do 
patógeno; 
• Sintomas: febre, dor de cabeça, rigidez de nuca, 
vômitos em jato, confusão mental e alterações 
no liquor; 
• Incidência é maior em crianças < 5 anos 
(predomínio no Brasil), pacientes com 
deficiência dos componentes C5, C6, C7 ou C8 
do sistema complemento (característica 
congênita que favorece a proliferação da 
bactéria), pacientes com imunodeficiências e 
pacientes com asplenia (ausência de baço); 
• Letalidade varia de 10 a 20% e até 20% poderão 
evoluir com sequelas como surdez e déficit 
neurológico; 
• Meningite e meningococcemia mais 
comumente relacionadas aos sorogrupos B e C; 
 
ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
6 ALINE – MICROBIOLOGIA – BBPM IV 
• Algumas pessoas podem desenvolver imunidade 
cruzada devido contato com Neisseria não 
patogênicas, infecções com E.coli e alguns tipos 
de bacilos gram positivos; 
• Pneumonia mais relacionada aos sorogrupos Y e 
W135; 
• Sorogrupos A: doenças nos países 
subdesenvolvidos; 
• Doença é mais comum nos meses secos e frios 
do ano; 
 
DIAGNÓSTICO 
O principal material de analise é o liquor. Pode-se 
também analisar o sangue (hemocultura), secreção de 
nasofaringe e material das petéquias. Não se deve colocar 
o material na geladeira até semeadura porque a Neisseria 
é muito sensível a diminuição de temperatura. 
Realiza-se a baciloscopia e coloração de gram. O 
liquor recém coletado apresenta-se turvo e com aumento 
do número de leucócitos que é visível na baciloscopia. 
Predomina os leucócitos polimorfonucleares, 
concentração alta de proteínas e baixa de glicose. 
Pode-se realizar cultura do microrganismo em 
ágar chocolate a 37°C e atmosfera de 5% CO2 (utiliza a 
jarra de anaerobiose). Para a amostra de nasofaringe, 
utiliza-se o meio de cultura Tayer-
Martin. 
Identificação: diplococos 
gram negativos, oxidase positiva, 
glicose +, maltose + e sacarose – 
Com modificação = amarelo 
Sem modificação = vermelho 
 
CARACTERÍSTICAS NA AVALIAÇÃO DO LIQUOR 
Na meningite bacteriana, há presença grande de 
células devido ao recrutamento leucocitário, com 
predomínio de polimorfonucleares e uma diminuição de 
linfócitos. Toda essa quantidade de células é que torna o 
liquor turvo. Esse aumento de proteínas está relacionado 
a albumina e imunoglobulinas devido aumento da 
permeabilidade da barreira hematoencefálica e produção 
de imunoglobulinas. 
Valores baixos de proteínas ocorrem quando há 
perda de fluido no SNC. Já valores aumentados, quando 
ocorrem infecções, hemorragias intracranianas, esclerose 
múltipla, Guillain-Barré, malignidade, algumas 
anormalidades endócrinas, uso de alguns fármacos e 
condições inflamatórias. 
Outro parâmetro importante é a quantidade de 
glicose. É usado para diferenciar meningite bacteriana 
de viral. A hipoglicemia no liquor é causada por 
alterações nos mecanismos de transporte de glicose 
através da barreira hematoencefálica (já está 
comprometida) e por sua grande utilização pelas células 
encefálicas frente a infecção. 
A bacterioscopia e a cultura são positivas porque 
têm o microrganismo no liquor. 
Deve-se coletar o liquor antes de realizar a 
administração de antibióticos. Se coletar depois, a 
bacterioscopia e cultura possivelmente serão negativas. 
Outro marcador que está sendo utilizado é o 
lactato. Níveis aumentados de lactato indicam destruição 
do tecido dentro do SNC, causado pela privação de 
oxigênio. 
 
OUTRA FORMAS DE DIAGNÓSTICOS LABORATORIAIS 
• Detecção direta dos antígenos por aglutinação em 
látex a partir do liquor 
coletado: as partículas 
de látex são 
sensibilizadas com 
anticorpos 
específicos, com 
metodologia baseada na reação de contato 
antígeno/anticorpo que permite uma visualização 
de aglutinação positiva na presença de antígenos 
específicos. Hoje, já é possível fazer identificação do 
patógeno por esse teste do látex (H.influenzae tipo 
b, Streptococcus pneumoniae, Streptococcus grupo 
B, E.coli e sorogrupos de N.meningitidis); 
• Detecção molecular dos antígenos pelo teste de 
reação em cadeia da polimerase (PCR): após 
extração, realiza-se amplificação do material 
genético e a partir de 18-22 ciclos já começa a 
aparecer positivo. Alguns laboratórios já 
conseguem identificar qual patógeno está presente 
de acordo com a temperatura de amplificação e 
combinação de sequência de bases nitrogenadas. 
 
 
 
 
 
 
ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
7 ALINE – MICROBIOLOGIA – BBPM IV 
SINAIS INDIRETOS DE IRRITAÇÃO MENÍNGEA 
• Sinal de Kernig: fletir a coxa sob o quadril e realizar 
a extensão da 
perna. Se houver 
sinal de Kernig, 
no momento da 
extensão, haverá flexão do pescoço e paciente irá 
referir dor; 
• Sinal de Brudzinski: colocar a mão sob o tórax do 
paciente e realizar flexão do pescoço. Se o sinal de 
Brudzinski estiver presente, ao realizar essa 
manobra, o paciente flexiona as coxas e referi dor. 
 
 
TRATAMENTO 
O fármaco de escolha é a penicilina G. Pode ser 
usado cefalosporina (7 a 14 dias) e reposição de líquidos. 
A Neisseria meningitidis apresenta resistência 
cromossômica às sulfas. 
 
PROFILAXIA 
Evitar contato próximo ao doente de familiares, 
residentes do mesmo ambiente. Pode ser usado a 
rifampicina ou sulfonamidas. 
A imunoprofilaxia é realizada por vacinas para os 
sorogrupos A, C, Y E W135 para crianças com idade >2 
anos. Estão disponíveis quatro tipos de vacinas baseadas 
em diferentes polissacarídeos capsulares purificados: A, 
C, A+C e A+C+W+Y. 
 
CALENDÁRIO NACIONAL DE VACINAÇÃO INFANTIL 
No calendário nacional de vacinação infantil está 
disponível a vacina BCG ao nascer. Essa vacina contém o 
bacilo de Calmette-Guérin, isto é, Mycobacterium bovis 
atenuado. Não confere 100% de imunização, mas previne 
as formas mais graves da meningite tuberculosa e a 
tuberculose miliar. 
A vacina DTP/DTPa (primeira dose aos 2 meses) é 
uma combinação de difteria (Corynebacterium 
diphiteria), tétano (Clostridium tetani) e pertussis 
(Bordela pertusis). Chamada de vacina tríplice bacteriana. 
A vacina Hib é uma combinação contra difteria, 
tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenza 
tipo B (conjugada).Em clinicas privadas, essa vacina é 
combinada com outros componentes. 
A vacina VIP é a vacina da pólio inativada e VOP é 
a vacina pólio oral atenuada para os tipos 1 e 3 do 
poliovírus. 
A vacina SCR que é a tríplice viral para imunização 
contra sarampo, caxumba e rubéola. 
Destaque para as vacinas pneumocócica 
conjugada (imunização contra o Streptococcus 
pneumoniae), meningocócica C e A,C,W,Y conjugadas e 
meningocócica B recombinante. 
 
IMUNIZAÇÃO CONTRA MENINGITES 
• Vacina contra difteria, tétano, coqueluche e 
H.influenza tipo B (DTP + Hib tetravalente); 
• Vacina contra H.influenzae tipo B (Hib); 
• Vacina polissacarídica contra Neisseria meningitidis 
dos sorotipos A, C,Y e W135 (tetravalente); 
• Vacina polissacarídica contra Neisseria meningitidis 
dos sorotipos A e C (bivalente); 
• Vacina polissacarídica contra Neisseria meningitidis 
do sorotipo B; 
• Vacina conjugada (proteína CRM 197 do 
Corybacterium diphteriae) contra o meningococo 
do sorogrupo C. 
 
Haemophilus influenzae 
Adquirida na comunidade. 
Possui vacina – Hib. 
Haemophilus influenzae, assim denominada 
devido a uma crença errônea, muito antiga, de que ela 
fosse a responsável pela influenza. 
São incapazes de sintetizar partes importantes do 
sistema de citocromo necessárias para a respiração, 
obtendo essas substâncias da fração heme, denominada 
fator X, da hemoglobina sanguínea. 
É causador de pneumonias e traqueobronquite. 
É o segundo agente etiológico mais importante causador 
de pneumonias adquiridas na comunidade em adultos (o 
primeiro é o S.pneumoniae). 
Pode causar meningite e sepse. É a causa mais 
comum de meningite em criança com idade entre 2 
meses e 2 anos, sendo responsável por 95% dos casos, 
principalmente em crianças não vacinadas. 
Pode causar também otite media e sinusite em 
crianças entre 6 meses e 2 anos de idade. Sendo que 90% 
das cepas isoladas dos casos de otite media não são 
encapsuladas. 
Pode ainda causar epiglotite, podendo bloquear 
a traqueia e ser fatal. 
Além disso, há outras manifestações como 
pericardite, osteomielite, endocardite, infecção intra-
abdominal e infecção do trato urinário. Essas infecções 
podem ocorrer através da disseminação do Haemophilus 
na corrente sanguínea. 
 
ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
8 ALINE – MICROBIOLOGIA – BBPM IV 
Algumas espécies podem apresentar capsula 
polissacarídica e outras não. A diferença na sequência da 
capsula e de outras proteínas como a PRP (polirribose-
ribitolfosfato) presentes na membrana, gerem 6 
sorotipos (a-f). Sendo que 95% das doenças invasivas são 
causadas pelo sorotipo B. 
Principais fatores de virulência: 
• LPS (lipopolissacarídeos); 
• LOS (lipooligosacarídeos); 
• IgA protease: cliva a IgA da mucosa nasal; 
• Pili: adesão no epitélio. 
Haemophilus influenzae pode colonizar a mucosa 
nasal e a cavidade oral, provocando doença invasiva 
(presença de capsula) ou não invasiva (ausência de 
capsula). 
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO GÊNERO 
• São cocobacilo, gram negativo, 
oxidase positivo e pleomórfico 
(podem se apresentar como 
bacilos curtos também); 
• Algumas cepas podem 
apresentar capsula e outras não. Isso é um fator de 
virulência relacionado ao Haemophilus influenzae e 
ativação da resposta imune; 
• Algumas espécies de Haemophilus estão associadas 
a conjuntivite, otites, sinusites e pneumonias; 
• Espécies de Haemophilus patogênicos de 
importância clínica: 
→ Haemophilus influenzae: sorotipos B; 
→ Haemophilus ducreyi: causa IST conhecida como 
cancro mole; 
→ Haemophilus parainflenzae e Haemophilus 
aphrophilus: pneumonias e endocardite. 
• Outros Haemophilus fazem parte da microbiota 
natural da pele e dos olhos e podem causar 
doenças: 
→ Haemophilus aegyptius: pode causar 
conjuntivite purulenta; 
• Algumas espécies requerem hemoglobina para o 
crescimento devido fator X e fator V (NAD). 
 
PATOGÊNESE – parte 1 
1. Entrada do Haemophilus influenzae pela via 
respiratória: por gotículas e aerossóis, a bactéria 
adentra o corpo humano; 
2. Adesão e colonização bacteriana na nasofaringe e 
orofaringe; 
3. O LPS inibe a função ciliar e ocorre liberação de IgA 
protease: LPS e outras proteínas inibem a função 
ciliar das células epiteliais do trato respiratório 
superior para aumentar o tempo de contato da 
bactéria com o tecido; 
4. Danos na mucosa respiratória; 
5. Liberação de TNF-alfa: é importante para o 
recrutamento leucocitário e modificação da 
permeabilidade das membranas; 
TORTORA: A barreira enfraquecida permite a 
entrada de mais fagócitos, mas também permite que 
mais bactérias penetrem na região, vindas da 
corrente sanguínea. 
6. Invasão da mucosa até atingir a corrente 
sanguínea. 
 
OBS: as ações dos anticorpos, do sistema 
complemento e dos fagócitos (principalmente 
macrófagos), juntamente com o movimento ciliar, 
produção de muco e presença de IgA, promovem um 
clearance bacteriano. Entretanto, isso ocorre com as 
formas não capsuladas. As formas capsuladas tem a 
capacidade para a corrente sanguínea, principalmente o 
sorotipo B. 
 
PATOGÊNESE – parte 2 
1. Bactéria associada à maior virulência da cepa 
ocorre devido a presença de capsula, o que 
favorece a disseminação; 
2. Dependendo do tipo da cepa do Haemophilus 
influenza do tipo B: 
• Capsulado: atinge vários sítios com graves 
manifestações clinicas (meninges, tecidos 
subcutâneos, pleura, pericárdio, etc.); 
• Sem capsula: pode desencadear sinusite e otite 
média. 
OBS: ausência de anticorpos anti-PRP (provocada 
pela falta de imunização) contribui para a infecção 
bacteriana. 
3. Disseminação do Haemophilus influenzae tipo B 
pela barreira hematoencefálica: pode passar entre 
as células através das junções rompidas ou abertas 
(clivagem da ocludina) ou por meio de transporte 
facilitado por fagócitos infectados. 
• A liberação de TNF-alfa, desencadeado pela 
infecção pulmonar do Haemophilus influenzae 
tipo B capsulada, diminui as proteínas do 
citoesqueleto das células da barreira 
hematoencefálica (como a proteína zyxina que 
é essencial para a junção de oclusão). Isso 
aumenta a permeabilidade da barreira e facilita 
a invasão da bactéria. 
 
 
ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
9 ALINE – MICROBIOLOGIA – BBPM IV 
EPIDEMIOLOGIA 
• É patógeno humano. A maioria das cepas são 
patógenos oportunistas e geralmente vivem no 
hospedeiro sem causar doença (formas sem 
capsula podem fazer parte da microbiota normal 
do trato respiratório superior); 
• Grupos de risco: crianças <5anos e não 
imunizadas, presença de doenças crônicas, 
anemia falciforme e asplenia (o baço é 
responsável pela produção de anticorpos, 
maturação de linfócitos B e remoção de 
partículas não desejadas); 
• A transmissão da bactéria se dá pelo contato 
com pessoas infectadas (aerossol, gotículas, 
secreção e contato); 
• O período de incubação é desconhecido. Alguns 
estudos apontam o período de 2 a 4 dias; 
• Cerca de 3 a 5% dos sobreviventes de meningite 
por Haemophilus influenzae possuem sequelas 
graves, tais como: déficit auditivo grave e lesões 
cerebrais permanentes; 
• Se não for tratada, possui alta mortalidade 
(cerca de 90%); 
• A vacinação é a única forma de se prevenir 
contra a doença e a sua eficácia é de 95-100% 
após a aplicação do esquema completo de 
imunização (2, 4 e 6 meses de vida). 
 
DIAGNÓSTICO 
 Realiza-se a baciloscopia do liquor e identifica-se 
bacilos curtos ou cocobacilos gram negativos. 
Pode-se realizar a cultura de sangue quando há 
suspeita de disseminação da bactéria. Pode-se utilizar 
secreção da orofaringe e aspirado traqueal também. 
Há exames bioquímicos a partir da cultura do 
microrganismo: glicose +, xilose +, lactose -, sucrose -, 
manitol -. Essa espécie também reduz nitritos. 
Pode-se ainda realizar o teste de aglutinação em 
látex (pesquisa do antígeno PRP presentena capsula da 
bactéria). Além disso, realizar imunofluorescência para a 
detecção do agente etiológico: é um preparo de 
anticorpos específicos ligados a fluoróforo. Se houver a 
presença do antígeno, o anticorpo liga e ocorre a 
fluorescência. 
Pode-se realizar a reação em cadeia da 
polimerase (PCR). Alguns genes são amplamente 
pesquisados, tais como: gene lytA – produção de 
autolisina, gene ply – produção de pneumolisina, gene 
bexA – proteína envolvida no transporte de material 
capsular e gene cap b – especifico para o sorotipo B de 
Haemophilus. 
TRATAMENTO 
É recomendado a hospitalização e a utilização de 
cefalosporina de 3ª geração (ceftriaxone, azitromicina, 
cloranfenicol + ampicilina). 
 
Streptococcus pneumoniae 
Também esta associada as meningites adquiridas 
na comunidade. 
É conhecido como pneumococo, são cocos gram 
positivos aos pares ou em cadeias curtas. 
São alfa hemolíticos. 
Possuem capsula: fator de virulência que protege 
contra fagocitose e sistema complemento. 
Tem crescimento em meio de cultura enriquecido 
e colônias convexas. 
Com base na variação polissacarídica da capsula, 
são identificados mais de 90 sorotipos, além dos 20 
sorotipos do devido o carboidrato C. 
São residentes do trato respiratório superior e 
podem causar: pneumonia, sinusite, otite, bronquite, 
meningite e bacteremia. 
Fatores de virulência: ajudam na proliferação e 
instalação da doença 
• Presença de neuraminidase, hialuronidase; 
Hialuronidase: degrada o ácido hialurônico da MEC, 
desintegrando o epitélio e facilitando a infecção. 
• Presença de capsula; 
• Presença de pneumolisina; 
• Ligantes de fibronectina. 
É o principal microrganismo causador de 
pneumonia, sendo responsável por 80% do casos. 
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO GÊNERO 
• São cocos em cadeias curtas ou 
pares, gram positivos e catalase 
negativos; 
• É um grupo heterogêneo: 
classificação sorológica de 20 grupos (A-H e K-V) de 
acordo com a classificação de Lancefield, baseada 
na modificação do carboidrato C, presente na 
parece celular; 
• As principais espécies são: S.pneumoniae, 
S.pyogenes, S.agalactiae e S.mutans. 
 
RESPOSTA IMUNOLÓGICA 
 Está associada a resposta imune de mucosa: 
liberação de muco para capturar a bactéria, células 
ciliadas que fazem movimento ciliar para promover o 
clearance bacteriano e presença de IgA. 
 
 
ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
10 ALINE – MICROBIOLOGIA – BBPM IV 
PATOGÊNESE 
 
1. Colonização: Streptococcus pneumoniae coloniza o 
epitélio nasal. Pode ocorrer sinergismo ou 
antagonismo com a microbiota natural ou com 
outros vírus, que podem favorecer a colonização 
bacteriana; 
2. Atravessam o epitélio e atingem a corrente 
sanguínea; 
3. Atravessam a barreira hematoencefálica: entre o 
endotélio ou dentro das células endoteliais. Pode 
passar pela barreira por transcitose passiva ou 
induzida por adesão ou através das junções 
rompidas e abertas; 
• Streptococcus pneumoniae se liga a receptores 
da barreira hematoencefálica: receptor do 
fator ativador de plaquetas, proteína A se liga 
ao receptor de laminina via adesina do pilus-1, 
provocando a transcitose da bactéria; 
• A presença da Streptococcus pneumoniae 
provoca um aumento dos marcadores pró-
inflamatórios e da permeabilidade endotelial. 
4. Replicação bacteriana no SNC: a liberação de 
produtos bacterianos causa toxicidade direta aos 
neurônios e estimulação da resposta imune 
inflamatória, o que contribui para uma 
neurotoxicidade adicional; 
 
 
 
DIAGNÓSTICO 
Realiza-se a baciloscopia do liquor. 
Pode-se realizar a hemocultura caso tenha-se 
suspeita de disseminação da doença. Pode-se também 
fazer cultura e analisar a secreção da orofaringe e 
aspirado traqueal. São utilizados o ágar chocolate e 
atmosfera de CO2 (utiliza-se jarra de anaerobiose). 
Tanto a baciloscopia, como a hemocultura devem 
ser realizadas antes da administração do antibiótico. 
Pode-se realizar a aglutinação em látex: os 
antígenos buscados são os da capsula, da pneumolisina 
e do pilus. Além disso, pode-se realizar a 
imunofluorescência para a detecção do agente 
etiológico. 
 
PROFILAXIA 
Vacinação: vacina polissacarídica para 23 
sorotipos, para crianças acima de 2 anos. O SUS 
disponibiliza para os sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 
18C, 19F e 23F. A vacina é contraindicada em casos de 
linfomas e crianças abaixo de 2 anos. 
 
TRATAMENTO 
A penicilina é a droga de escolha. Mas algumas 
cepas podem apresentar resistência (cerca de 10-15%). 
Pode-se administrar também cefalosporinas, 
eritromicina, cloranfenicol e vancomicina (para cepas 
altamente resistentes).

Continue navegando