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SERVIÇO SOCIAL e SEGURIDADE Previdência THALYTA MABEL NOBRE BARBOSA SERVIÇO SOCIAL e SEGURIDADE Previdência THALYTA MABEL NOBRE BARBOSA Código Logístico 59931 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-65-5821-026-9 9 7 8 6 5 5 8 2 1 0 2 6 9 Serviço Social e Seguridade – Previdência Thalyta Mabel Nobre Barbosa IESDE BRASIL 2021 © 2021 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: gan chaonan/ TimeShops/Shutterstock Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ B213s Barbosa, Thalyta Mabel Nobre Serviço social e seguridade - previdência / Thalyta Mabel Nobre Bar- bosa. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2021. 104 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-65-5821-026-9 1. Serviço social - História - Brasil. 2. Previdência social - Histó- ria - Brasil. 3. Seguridade social - História - Brasil. 4. Direitos sociais - História - Brasil. I. Título. 21-70738 CDD: 361.981 CDU: 364.3(09)(81) Thalyta Mabel Nobre Barbosa Mestre em Serviço Social e graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Graduanda em Educação e Tecnologias pela Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). Possui experiência como docente na graduação e pós-graduação, tanto em instituições públicas quanto privadas, nas disciplinas de Fundamentos Teórico-Metodológicos do Serviço Social, Pesquisa Social e Serviço Social, Previdência Social e Serviço Social e Metodologia Científica. Atua como autora de e-books nas áreas de Serviço Social, metodologia científica, design educacional e consultoria educacional na elaboração, gestão e implementação de materiais didáticos para educação a distância. SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 1 A história da proteção social no mundo e no Brasil 9 1.1 O surgimento da proteção social no mundo 9 1.2 O surgimento da proteção social no mundo 13 1.3 Origem e evolução da proteção social no Brasil 17 1.4 A proteção social após a Constituição Federal de 1988 29 2 Previdência Social no Brasil: modelos, sistemas e regimes 39 2.1 A importância da Previdência Social no Brasil 40 2.2 Modelos previdenciários 45 2.3 Sistemas previdenciários 47 2.4 Regimes previdenciários 55 3 Financiamentos e contribuições da Seguridade Social 61 3.1 Financiamento da Seguridade Social 62 3.2 Sistema contributivo de financiamento 66 3.3 Contribuições sociais 71 3.4 Saúde e segurança do trabalhador 75 4 Atuação do assistente social e as contrarreformas da Previdência 79 4.1 A inserção e o trabalho do assistente social na Previdência Social 80 4.2 As contrarreformas da política de Previdência Social: décadas de 1980 e 1990 85 4.3 As contrarreformas da política de Previdência Social: décadas de 2000 e 2010 91 4.4 Impactos das contrarreformas da Previdência Social para os trabalhadores e assistentes sociais 95 5 Gabarito 102 Olá! Seja bem-vindo à disciplina de Serviço Social e Seguridade Social – Previdência. A tarefa de planejar e elaborar um livro não é uma função das mais simples. Precisamos assumir uma posição de análise e interpretação da realidade social diante das temáticas abordadas. Nesse sentido, nesta obra nos apoiamos em uma perspectiva teórico-metodológica e crítico-dialética, que estuda os fenômenos com base nas suas relações, mediações e contradições. Assim, foram estabelecidas sucessivas aproximações da realidade social, lembrando que a análise da Previdência Social se deu em uma perspectiva crítica e de totalidade. Organizar e sistematizar o conhecimento no caso específico da Previdência Social requer de nós compreender os acontecimentos históricos, construir conceitos, relacioná-los, apresentar exemplos e estabelecer reflexões entre as bases teóricas e empíricas. Porém, nessa direção de organização, sistematização e apresentação do conhecimento, é válido mencionarmos que a escolha de uma perspectiva e um caminho de análise do conteúdo e de temas abordados requer a tomada de decisões, a qual implica a exclusão de algum assunto devido à impossibilidade de se apresentar todas as suas ramificações. Diante disso, fizemos escolhas comprometidas com a aprendizagem. As temáticas relacionadas à Seguridade Social são importantes para que tenhamos a garantia dos direitos fundamentais à vida e, consequentemente, à dignidade humana. Entre os pilares da Seguridade Social estabelecidos por meio da Constituição Federal de 1988 temos a Previdência Social. Ela tem por finalidade conceder benefícios aos seus segurados quando estiverem incapacitados para executarem as suas atividades laborais. Desse modo, o conteúdo é apresentado com o objetivo de que você compreenda a evolução histórica da Previdência Social no mundo e no Brasil, os impactos causados pelas contrarreformas da Previdência Social aos trabalhadores e assistentes sociais e, claro, a atuação do assistente social nessa política. Assim, para APRESENTAÇÃO Vídeo um melhor entendimento do conteúdo abordado, optamos pela escrita dialógica e pela interação ao longo da obra. No Capítulo 1 abordamos a história da proteção social no mundo e no Brasil, enfatizando os aspectos relevantes que ocorreram nessa área com a Constituição Federal de 1988. Nesse momento, é fundamental que você compreenda os acontecimentos históricos da época para que os relacione à construção e à evolução da Previdência Social. No Capítulo 2 tratamos da importância da Previdência Social no Brasil, bem como dos modelos, sistemas e regimes previdenciários. Partimos da importância social e econômica da Previdência Social tanto para a economia dos pequenos municípios quanto para o segurado impossibilitado de exercer a sua atividade laboral. No Capítulo 3 apresentamos como se dá o financiamento da Seguridade Social, as suas contribuições e a relação entre a saúde e a segurança do trabalhador, ressaltando que há diversas fontes de financiamento da Seguridade Social da Previdência Social. No Capítulo 4 discutimos a importância da inserção do assistente social na Previdência Social, o trabalho que ele realiza nesse espaço sócio-ocupacional, além dos pontos importantes das reformas da Previdência no que se refere ao discurso do Estado e das mudanças nos direitos dos trabalhadores. Analisamos de modo crítico os impactos dessas modificações ocasionadas pelas contrarreformas da Previdência Social aos trabalhadores e assistentes sociais que executam o trabalho profissional nessa política. Por fim, este livro foi elaborado para que você perceba a importância de termos uma política de Previdência Social Pública e de acordo com as necessidades dos trabalhadores, e não do mercado. Desejamos uma boa jornada em busca do aprendizado e do conhecimento para que, dessa forma, trilhe uma trajetória acadêmica de sucesso em sua formaçãoprofissional em Serviço Social. Bons estudos! A história da proteção social no mundo e no Brasil 9 1 A história da proteção social no mundo e no Brasil Ao ingressar na universidade, você passa a conhecer tanto o mundo dos conhecimentos científicos como também o dos teórico-metodológicos, para o avanço na sua formação profissional enquanto estudante de Serviço Social. Porém, para tal, é funda- mental que você se instrumentalize. Saiba que a proteção social não nasceu de imediato; ela aconte- ceu de maneira progressiva até se tornar o que é hoje, com as suas primeiras regras surgindo no final do século XX. Desse modo, neste capítulo, será traçada uma linha de evolução da proteção social, que vai desde o Brasil monárquico até os dias atuais. Além disso, iremos retomar alguns conceitos importantes da área da sociologia, como o conceito de Estado e de Revolução Francesa. Iremos, ainda, conceituar a proteção social e identificar como se deu a sua evolução no mundo e no Brasil. Aprenderemos, também, sobre o modelo de Bisrmarck e o modelo de Beveridge, identificaremos as primeiras regras de proteção social em nosso país e, por fim, estudaremos a importância da Constituição Federal de 1988 para ela. Dessa forma, você, aluno em formação, irá refletir, para além do senso comum, sobre as expressões da questão social – objeto de trabalho do assistente social –, no cotidiano profissional, e aprenderá sobre a importância da proteção social para a sociedade brasileira. 1.1 O surgimento da proteção social no mundo Vídeo Antes de iniciarmos os nossos estudos sobre a proteção social no mundo, é importante refletirmos sobre o que significa proteção. Va- mos lá! O ato da proteção é relativo não apenas aos seres humanos, mas também aos animais. Você já parou para observar, em seu cotidia- 10 Serviço Social e Seguridade - Previdência no, que nossas atitudes, de modo geral, e as atitudes dos animais são ambas atitudes de proteção? Pois bem, com relação aos animais, você deve ter observado que a proteção se refere ao estoque dos alimentos e até mesmo aos filhotes. Talvez nós, seres humanos, nos diferenciamos deles no grau de com- plexidade do nosso sistema de proteção. Após essa analogia, é válido ressaltarmos que a proteção não se limita ao indivíduo em sua particularidade, mas é um instrumento das relações humanas, já que é fruto da natureza humana e denota traço familiar ou individual. É importante, ainda, mencionarmos que a prote- ção social não atende o indivíduo em sua totalidade e não contempla todas as suas necessidades em sociedade, mas podemos dizer que tem por função mediar e fornecer os mínimos sociais e o básico para a sua sobrevivência. Mas o que seria a proteção social? Vejamos o seu significado, de acordo com Bobbio (1997, p. 5): “que os direitos do homem, por mais fundamentais que sejam, são direitos históricos, ou seja, nascidos em certas circunstâncias, caracterizadas por lutas em defesa de novas li- berdades contra velhos poderes e nascidos de modo gradual, não to- dos de uma vez e nem de uma vez por todas”. Nesse sentido, ao longo dos nossos estudos, iremos perceber que a história da proteção social expressa o reconhecimento dos direitos sociais de todos nós. Ainda assim, é importante destacar que há uma dificuldade no que se refere à concretização de seus avanços na socie- dade e à viabilização dos direitos. Ou seja, a proteção social em nossa sociedade tem por objetivo a redução dos efeitos das adversidades da vida, como fome, velhice e desemprego. Nós sabemos que o Serviço Social surge na sociedade capitalista industrial e, igualmente, as políticas sociais surgem por volta do final do século XIX e início do século XX, mais precisamente entre 1840 e 1910. Porém, esse surgimento irá depender do país e do território, aspecto que iremos estudar posteriormente. De todo modo, por que são criadas as políticas de proteção social? Você já se indagou sobre isso? Vamos discutir um pouco, a partir de agora, os motivos que levaram à criação dessas políticas. Na época apontada, nós tínhamos uma sociedade capitalista pro- dutora de riquezas, as quais não estavam chegando para todos dessa A história da proteção social no mundo e no Brasil 11 comunidade. Lembre-se que o surgimento do capitalismo foi bastan- te influenciado pelos ideais decorrentes da Revolução Francesa – cujo lema foi liberdade, igualdade e fraternidade para todos. Só que esses ideais de igualdade não estavam chegando para todos, como já men- cionamos, e sim apenas para uma classe social. Então, começa a haver uma série de organizações de protestos e de lutas sociais em prol dos direitos. Perceba que cada vez mais se vê a necessidade de o Estado ofe- recer serviços sociais para a população que não conseguia um em- prego e que, assim, não conseguia essa liberdade e essa igualdade. Com base nesse contexto, é consenso na literatura colocar as políticas sociais como um centro para o oferecimento desses serviços sociais. Sendo assim, as políticas sociais aparecem na transição do capitalismo concorrencial para o monopolista, o que significa que elas surgem, na segunda metade do século XVIII, quando o capitalismo começa a se desenvolver, a se industrializar e a produzir mais. Dessa forma, o ca- pitalismo se junta com o sistema por meio do Estado para ofertar as políticas sociais. Foi com o desenvolvimento da sociedade industrial que houve um melhor reconhecimento da proteção social. O surgimento da proteção social foi fortemente propiciado pela sociedade industrial, na qual a classe trabalhadora era dizima- da pelos acidentes do trabalho, a vulnerabilidade da mão de obra infantil, o alcoolismo etc. há uma insegurança econômi- ca excepcional pelo fato de a renda destes trabalhadores ser exclusivamente obtida pelos seus salários. Ademais, a lei da oferta e da procura mostra-se, neste estágio, perversa, haja vista a enorme afluência de pessoas da área rural para as cidades. Daí a importância da participação estatal, por meio de instrumentos legais propiciando uma correção ou, ao menos, minimização das desigualdades sociais. (IBRAHIM, 2010, p. 3) Nesse contexto, sendo elencado que a sociedade deve ser solidária com todos os integrantes que a formam, Duguit (1996) ressalta que o ser humano nasce de modo integrado a uma coletividade, vivendo sempre em sociedade e, sendo assim considerado, só pode viver nela. É válido ressaltar que não há consenso na literatura, inclusive no Serviço Social, no que se refere às primeiras ações relativas à políti- ca social, o que chamamos de protoformas. Há autores que apontam 12 Serviço Social e Seguridade - Previdência que, de fato, as primeiras formas de fazer política social, ou seja, as protoformas, foram as intituladas leis elizabethianas (durante o reinado de Elizabeth I) – por exemplo, a nova Lei dos Pobres 1 , que tinha caráter positivista e de “caso de polícia” 2 . Assim, a proteção social, a um só tempo, é o reflexo e a realidade das práticas sociais individuais e coletivas. O contexto abordado, no que se refere à proteção social, é considerado o pontapé inicial para os seus estudos no mundo. Porém, é válido mencionar que ela ocorre de acordo com as particularidades e os aspectos de cada país. Ao redor do mundo, ela evoluiu de modo semelhante, porém gra- dativo, com caracterização, avanços e especificidades distintas, como uma construção cujas etapas ou alicerces são os princípios de funda- mentação jurídica. Nesse sentido, a proteção social não surge subi- tamente. Vale ressaltar que, de maneira agrupada, as características jurídicas surgem em primeiro plano, com a finalidade de resguardar um sentimento humano intrínseco; no entanto, a preocupação maior não era com as pessoas, mas sim com as cargas e os bens materiais. Na antiga Grécia, deparamo-nos com os primeiros relatos de ele- mentos organizacionais de proteção social. Existiam, ali criadas, insti- tuições, como os collegiae e as solitatis,que prestavam auxílio, seja nas suas atividades diretas seja financiando com os seus membros, em si- tuações de mortandade ou adoecimento. Temos, na civilização grega, o claro e famoso exemplo de mutualidade na formação social, também conhecida como éranoi. Após o exposto, iremos apresentar uma citação de Leite (1978, p. 16), que traz o conceito de proteção social, dispondo que: “ela é o conjunto de medidas de caráter social destinadas a atender certas necessidades individuais; mais especificamente, às necessidades individuais que, não atendidas, repercutem sobre os demais indivíduos e, em última análi- se, sobre a sociedade.” Mesmo sabendo que a concepção de proteção social aos riscos no trabalho é recente, pode-se observar na história que, desde o período da escravidão, em todo o mundo, a sociedade civil sempre teve uma preocupação com relação à insegurança dos seres humanos. Antes do surgimento das primeiras leis referentes à proteção so- cial, os riscos de trabalho e a perda da condição de subsistência do tra- balhador eram defendidas pela assistência caridosa individual ou por Caso de polícia pois, nessa época, em vez de a pobreza ser tratada com ações filantrópicas, era vista como um delito ou crime. O pobre, então, passa a ser visto como um marginal, ameaçando a ordem vigente. 2 Em seu livro A Grande Transformação, Karl Polanyi (2011) prova que a maior transformação não foi uma evolução progressiva e acumu- lativa do econômico. A deslocação social que implicou a implantação de uma economia de mercado fez despregar uma lógica oposta e restringível: o princípio da proteção social. POLANYI, K. A grande transformação: as origens de nossa época. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Livro A Lei dos Pobres, datada de 1834, tornava obrigatório o trabalho em albergue para que dessa forma se conseguisse o auxílio à pobreza. É válido ressal- tar que o auxílio pago era inferior ao salário praticado no mercado de trabalho na época. 1 A história da proteção social no mundo e no Brasil 13 meio da reunião de pessoas, pois não era conferido ao Estado o dever de conceder assistência aos mais necessitados. Portanto, a proteção social, ao longo da história, passou por vários estágios, tendo a sua evolução ligada à consolidação do capitalismo e ao papel do Estado. 1.2 A evolução da proteção social no mundo Vídeo A proteção social se tornou importante no cenário mundial somen- te no final do século XIX, após a construção de uma visão de uma socie- dade igualitária, com menos injustiças sociais. Assim, foi evoluindo no mundo do modelo de proteção social es- tabelecido por Bismarck até o modelo de Beveridge; essa evolução se deu por meio de três fases, sendo a primeira a fase experimental, passando pela fase de consolidação e, por fim, chegando à fase de expansão. O modelo de proteção social conhecido como bismarckiano retrata que só tem direito à Previdência quem contribuiu; já no modelo intitulado beveridgiano, todas as pessoas têm direito à assistência e à saúde. Ao estudar o seu progresso, é importante ressaltarmos que, durante a história, temos vários sistemas de proteção social que compõem a sua gênese e que são marcos para a sua evolução. Então, para entender- mos a evolução do sistema de proteção social ao redor do mundo na atualidade, e até mesmo em nosso país, é necessário que conheçamos o modelo de Bismarck e o modelo de Beveridge. Há autores que corroboram que as primeiras ações do Seguro Social ocorreram na Alemanha, no governo de Bismarck. Para eles, as formas iniciais no âmbito da assistência social e Previdência Social são as ações realizadas no governo do chanceler alemão. Você sabia que, após a Segunda Guerra Mundial, existiam dois mo- delos fundamentais de proteção social? Ambos eram baseados no ideal de solidariedade e na intervenção do Estado no domínio econômico. Mas em que consiste a principal diferença entre esses dois modelos? Vamos descobrir! A evolução da Previdência Social é traçada desde o modelo de Bismarck até o de Beveridge. De acordo com Luizetti e Papassidero 14 Serviço Social e Seguridade - Previdência Neto (2012), existem três fases evolutivas da proteção social ao traba- lhador, sendo elas: • Na fase dita experimental, encontra-se a política social de Otto Von Bismarck, que durante os anos de 1889 faz viger um conjunto de normas que serão o embrião do que hoje é conhecida como Pre- vidência Social (LUIZETTI; PAPASSIDERO NETO; 2012), em respos- ta às greves e pressões dos trabalhadores. Assim, foi assegurado aos trabalhadores o seguro-doença, a aposentadoria e a prote- ção às vítimas de acidentes de trabalho. Além disso, “em 1907 foi promulgada lei de reparação de aciden- tes de trabalho e em 1911 outra lei tratou da cobertura à invalidez, à doença, à aposentadoria voluntária e à previsão de desemprego” (LEITE, 1978). Dessa forma, a Inglaterra se tornou o país mais avançado em relação à legislação previdenciária. Nessa fase, foi formado o sistema conhecido como bismarckiano, que foi considerado um sistema de seguros sociais, porque suas ca- racterísticas possuem semelhança às de seguros privados no que diz respeito aos direitos. Os benefícios cobrem, principalmente, e muitas vezes exclusivamente, os trabalhadores, em que o acesso é dependen- te de uma contribuição direta anterior, e o valor das prestações é pro- porcional à contribuição efetuada. • Já a fase de consolidação é destacada pela constitucionalização dos direitos sociais e políticos. No ano de 1917, temos o surgimen- to da Organização Internacional do Trabalho; dez anos depois, em 1927, temos a Associação Internacional de Seguridade Social. • Por último, temos a fase de expansão, que tem início após a Segunda Guerra Mundial, por meio dos ideais de John Maynard Keynes, economista inglês, que propagava, de modo sintético, o crescimento econômico em um contexto de intervenção estatal, no sentido de melhor distribuir a renda nacional. Para os auto- res Castro e Lazzari (2018), os planos previdenciários obedeciam a um sistema chamado de capitalização. E o que isso significa? Significa que os contribuintes eram os trabalhadores que man- tinham um vínculo empregatício e os empregadores eram quem direcionava as suas contribuições para uma poupança compulsó- ria, na qual apenas os empregados eram protegidos. A história da proteção social no mundo e no Brasil 15 É no modelo do alemão Otto von Bismarck que surge o Serviço Social enquanto profissão, inserida na divisão sociotécnica do trabalho, que irá operar e pensar as políticas sociais no decorrer do século XX. Posteriormente, tivemos um aprofundamento das propostas de Keynes por Lord William Beveridge, em 1941, o qual tinha por função reexaminar os sistemas previdenciários da Inglaterra. Assim, em 1944, esse sistema foi alterado, sendo chamado de Plano Beveridge, no qual foi criado um sistema universal com base na revisão das experiências que, até então, haviam sido praticadas pelos Estados que tinham adotado regimes de Previdência, contendo a participação compulsória de toda a população. O sistema de proteção social, ela- borado por Beveridge, abrangeu todas as eventualidades de perda de renda, sendo elas: desemprego, doença, velhice, morte, acidente, nas- cimento e invalidez. Assim, no modelo beveridgiano, os direitos possuíam um caráter universal, sendo destinados a todos os cidadãos, de modo incondicio- nal, ou submetidos a condições de recursos, sendo garantidos mínimos sociais a todos em condições de necessidade. É nesse momento que surge o modelo de repartição, no qual toda a sociedade deveria contri- buir para a criação de fundo previdenciário. Os dois modelos estão, por fim, apresentados na figura a seguir. Figura 1 Modelos de proteção social Modelo de proteção social • Modelo alemão – 1883. • Seguro Social. • (Somente para contribuintes). • Modelo inglês – 1942. • Seguridade Social (incluía assistência social não contributiva). BismarckianoBeveridgiano Fonte: Elaborada pela autora com base em Rocha, 2015. 16 Serviço Social e Seguridade - Previdência Como vimos, o sistema de proteção social de Beveridge trouxe a abrangência de todas as eventualidades de perda de renda. De modo exemplificativo, como acontece mais tarde no Brasil, existem planos de ajuda às pessoas que nunca contribuíram, com a finalidade de erradicação da pobreza no país. O Welfare State (Estado de Bem-Estar Social) teve os princípios apon- tados no Plano Beveridge, sendo eles a responsabilidade estatal, a uni- versalidade e a implantação. Após os estudos sobre a evolução da proteção social no mundo, é vá- lido pensar que, para que esta seja executada em forma de política so- cial, é preciso de agentes. É nessa linha que surge o Serviço Social, como uma das profissões entre tantas outras, para intervir nesse processo que chamamos de questão social. O que seria, então, a questão social? Ela é justamente essa desigualdade social e econômica no âmbito da sociedade capitalista, que é objeto de trabalho do Serviço Social. É com base nesse contexto que o Estado é chamado para dar res- postas e, consequentemente, intervir nessa situação – intervenção que se dará por meio das políticas de proteção social. Nisso, temos o sur- gimento das políticas sociais, que são respostas para as demandas da classe trabalhadora (BOSCHETTI; BEHRING, 2003). Dessa maneira, Netto (1992, p. 21) discorre sobre o papel do Estado: o cioso guardião das condições externas da produção capitalista. Ultrapassava a fronteira de garantidor da propriedade privada dos meios de produção burgueses somente em situações precisas – donde um intervencionismo emergencial, episódico, pontual. Na idade do monopólio, ademais da preservação das condições exter- nas da produção capitalista, a intervenção estatal incide na organi- zação e na dinâmica econômica desde dentro, e de forma contínua e sistemática. Mais exatamente, no capitalismo monopolista, as fun- ções políticas do Estado imbricam-se organicamente com as suas funções econômicas. A necessidade de uma nova modalidade de intervenção do Estado decorre primariamente, como aludimos, da demanda que o capitalismo monopolista tem de um vetor extra-e- conômico para assegurar seus objetivos estritamente econômicos. O eixo da intervenção estatal na idade do monopólio é direcionado para garantir os superlucros dos monopólios – e, para tanto, como poder político e econômico, o Estado desempenha uma multiplici- dade de funções. A história da proteção social no mundo e no Brasil 17 Na visão de Netto (1992), o Estado passa a cumprir um papel no processo de reprodução social, atuando com a produção de riqueza. Só que o Estado não vai atuar diretamente na produção, ele vai apenas colaborar por meio das políticas sociais. Então, o Estado vai cooperar com o sistema capitalista para que a produção alcance o seu objetivo, que é obter cada vez mais lucro. No entanto, não foi de uma forma repentina que ele resolveu fazer política social; houve todo um processo social, histórico, cultural e político para que isso ocorresse. Assim sendo, ao longo da sua evolução, a proteção social passa a ser um conjunto de iniciativas públicas para a provisão de serviços e benefícios sociais, de modo a identificar possíveis cami- nhos de melhorias e mudanças nas relações sociais. 1.3 Origem e evolução da proteção social no Brasil Vídeo Nesta seção, continuaremos a estudar a origem e a evolução da prote- ção social em nosso país, o que ocorreu de uma forma que não abrangeu toda a população nem todos os trabalhadores. Assim, sua evolução no Brasil se deu por meio do assistencialismo, passando pelo Seguro Social e, por fim, formando a Seguridade Social a partir de 1988. Podemos considerar que é após 1910, principalmente no Brasil, que a proteção social ganha mais forma. Vamos estudar um pouco da sua história? As primeiras regras referentes à proteção social no País surgiram no século XX. Nesse sentido, Castro e Lazzari (2018, p. 37) apontam indícios da proteção social na Constituição de 1824. A Constituição de 1824 – art. 179, XXXI – mencionava a garan- tia dos socorros públicos, em norma meramente programática; o Código Comercial, de 1850, em seu art. 79, garantia por três meses a percepção de salários do preposto acidentado, sendo que desde 1835 já existia o Montepio Geral da Economia dos Ser- vidores do Estado (MONGERAL) – primeira entidade de previdên- cia privada no Brasil. No período colonial, houve a criação das Santas Casas de Misericórdia, sendo a primeira delas instalada em Santos, em 1543, 18 Serviço Social e Seguridade - Previdência com caráter beneficente e assistencial, e sendo, assim, consideradas uma das primeiras formas de proteção social em nosso país. As primeiras formas de política social foram para socorrer a buro- cracia pública entre os anos de 1885 e 1889, mas como isso ocorreu? Primeiramente, tivemos a imprensa e os funcionários do Estado da União. Naquela época, a imprensa burguesa era formadora de opinião. Só depois disso é que setores, como marinheiros e ferroviários, conse- guiram o seu seguro nessas caixas de aposentadoria e pensões. Porém, antes disso, já havia, em 1888 e 1887, esse socorro à bu- rocracia pública de modo muito tímido e precário; sistematicamente, ocorreu com o período de industrialização. No entanto, era preciso que o Estado desse retaguarda ao processo de produção, criando po- líticas sociais de seguro, como as caixas de pensão, e depois algumas formas bem tímidas de assistência social à saúde, ainda no âmbito do seguro. Logo, a pessoa só podia ter acesso à saúde se fosse um trabalhador formal. Já em 29 de novembro de 1892, foi promulgada a Lei n. 217, que le- gislava sobre a aposentadoria por invalidez e a pensão por morte dos operários do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (CASTRO; LAZZA- RI, 2020). Até então, não havia lei de proteção ao trabalhador contra acidentes de trabalho; foi somente em 1919, por meio do Decreto n. 3.724, que o trabalhador obteve essa proteção (BRASIL, 1919). Entretanto, é considerada como marco inicial da Previdência Social no Brasil a lei conhecida como Lei Eloy Chaves, tendo sido um decreto publicado em 24 de janeiro de 1923. A lei possibilitou a criação das Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAP) nas empresas de estradas de ferro existentes, por meio das contribuições dos trabalhadores, das empresas do ramo e do Estado, sendo assegurada a aposentado- ria aos trabalhadores e a pensão aos seus dependentes em caso de morte do assegurado, assim como a garantia de assistência médica e diminuição do custo de medicamentos em caso de doença ou invali- dez (CASTRO; LAZZARI, 2020). A Lei Eloy Chaves destaca que: Art. 2º São considerados empregados, para os fins da presente lei, não só os que prestarem os seus serviços mediante orde- nado mensal, como os operários diaristas, de qualquer nature- za, que executem serviço de caracter permanente. Paragrapho A Santa Casa da Misericórdia foi criada em diversos estados do Brasil, com a missão de tratar e dar sustento aos enfermos e inválidos, bem como de cuidar dos recém-nascidos que passaram a ser abandonados na instituição. Saiba mais As aposentadorias que foram concedidas por meio dessas leis e decretos citados até aqui não eram iguais às atuais. Esses tipos de aposentadoria, que até 1892 foram concedidos por meio de decretos e leis, não tinham contribuição do traba- lhador durante o seu período de atividade, sendo concedidos de forma dada pelo Estado. Desse modo, ainda não se falava em Previdência Social no Brasil. Curiosidade A história da proteção social no mundo e no Brasil 19 unico. Consideram-se empregados ou operários permanentes os que tenham mais de seis mezes de serviços contínuos em uma mesma empreza. (BRASIL, 1923) Esses empregados, mencionados no artigo 2º da lei comentada, que contribuíssem com a CAP, tinham direito, de acordo com o artigo 9ºdessa mesma lei: • a socorros médicos em caso de doença sua ou de alguém da sua família, que resida na mesma casa e faça uso da mesma economia; • a medicamentos obtidos por preço especial, determinado pelo Conselho de Administração; • à aposentadoria; • à pensão para seus herdeiros em caso de morte. Sendo assim, é possível perceber que o artigo trouxe inovações importantes para a sua época. O modelo elaborado pela Lei Eloy Chaves possui semelhança com o modelo alemão de 1883. Nesse, são identificadas três característi- cas fundamentais, nos moldes de Castro e Lazzari (2018), sendo elas: 1. a obrigatoriedade de participação dos trabalhadores no sistema, pois sem ela não seria atingido o fim para o qual foi criado, tendo em vista que, sendo mantida a faculdade, seria uma mera alternativa ao seguro privado; 2. a contribuição para o sistema, devida pelo trabalhador, da mesma maneira que pelo empregador, ficando o Estado responsável pela regulamentação e supervisão do sistema; 3. por último, um rol de prestações que são definidas em lei, habituadas a proteger o trabalhador em situações de incapacidade temporária, ou em caso de sua morte, assegurando-lhe a subsistência. Nos termos da Lei Eloy Chaves, para que o empregado pudesse se aposentar, ele deveria ter no mínimo 50 anos de idade, como também 30 anos de serviço na área ferroviária. Porém, é válido chamarmos atenção para um aspecto importante. Por muitas vezes, estudiosos da área colocam que as primeiras polí- ticas sociais no Brasil foram as CAP, constituídas pela Lei Eloy Chaves de 1923, mas não é bem assim. Esse é um erro que vem sendo repro- duzido ao longo dos anos. O livro 70 anos de previdência social: Lei Eloy Chaves, publicado pelo Ministério do Trabalho e da Previdência social de 1965, retrata quem foi Eloy Chaves e como era formada a Lei de Caixas de Aposentado- rias e Pensões (CAP), trazendo na íntegra o Decreto n. 4.682 de 1923. Disponível em: http://www2.anfip. org.br/publicacoes/livros/includes/ livros/arqs-pdfs/70_anos_de_ previdencia_socal.PDF. Acesso em: 25 mar. 2021. Leitura http://www2.anfip.org.br/publicacoes/livros/includes/livros/arqs-pdfs/70_anos_de_previdencia_socal.PDF http://www2.anfip.org.br/publicacoes/livros/includes/livros/arqs-pdfs/70_anos_de_previdencia_socal.PDF http://www2.anfip.org.br/publicacoes/livros/includes/livros/arqs-pdfs/70_anos_de_previdencia_socal.PDF http://www2.anfip.org.br/publicacoes/livros/includes/livros/arqs-pdfs/70_anos_de_previdencia_socal.PDF 20 Serviço Social e Seguridade - Previdência Após a instituição da lei em comento, foram promulgadas novas leis e decretos que foram importantes nesse processo de formação da Previdência Social, até chegar no modelo que temos hoje. Nessa linha histórica, Castro (2018) traz as seguintes legislações: • Lei n. 5.109/1926: disciplinou a extensão aos portuários e marí- timos dos direitos concedidos pela Lei Eloy Chaves. • Decreto n. 5.128/1926: criou o Instituto da Previdência dos Funcionários Públicos da União. • Lei n. 5.485/1928: elencou também como trabalhadores com direito à CAP os profissionais dos serviços telegráficos e radiotelegráficos. • Decreto n. 19.433/1930: criou o Ministério do Trabalho, In- dústria e Comércio, que tinha como uma das suas funções a de orientar e supervisionar a Previdência Social, inclusive como órgão de recursos das decisões das CAP. Por volta do ano de 1929, tivemos uma grande crise do capital. Lembra-se da crise do crédito em Nova York? Os Estados Unidos implementaram o New Deal, o qual tinha a pro- posta de ampliar o Estado. Então, o Brasil, inspirado nesse contexto, adere a essa ampliação do Estado. Isso significou a implantação das leis trabalhistas no sentido de assistência à população. Mas é somente a partir dos anos 1940 e 1950 que temos, de fato, a ampliação do Estado brasileiro, com a ideologia desenvolvimentista do governo do Presidente Getúlio Vargas. Nessa época, o país rompe com a dependência norte-a- mericana – lembre-se de que havia, nessa época, um sentimento latino-americano de ser independente dos Estados Unidos. Após a promulgação dessas leis e decretos cita- dos anteriormente, no ano de 1930, o presidente do Brasil da época, Getúlio Vargas, suspendeu a conces- são de aposentadoria porque houve várias denún- cias de fraudes e de corrupção, sendo alegado que diversas aposentadorias haviam sido concedidas irregularmente. Depois da suspensão feita por Vargas, surgiram pouco a pouco institutos que reuniam as categorias Ja nu sz P ie nk ow sk i/S hu tte rs to ck Figura 2 Retrato de Getúlio Vargas O New Deal, segundo Braga (1999), foi uma política que tratou dos problemas sociais norte-americanos, trazendo como melhorias para a situação social do país o sistema de Seguridade Social, o salário mínimo, uma legislação que beneficiava os trabalhadores como um coletivo, entre outras. Saiba mais A história da proteção social no mundo e no Brasil 21 profissionais, sempre levando em consideração que o benefício sur- gia em uma categoria para depois ir para a coletividade, devendo se iniciar pelo serviço público para, em seguida, estender-se para os tra- balhadores das instituições privadas. De acordo com Castro e Lazzari (2020), alguns institutos de classe foram criados, os quais estão indicados no quadro a seguir. Quadro 1 Ano de criação dos institutos de classe Ano de criação Institutos de classe 1933 Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM). 1934 Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC) e Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB). 1936 Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI). 1938 Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas (IAPETC) e Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (IPASE). Fonte: Elaborado pela autora com base em Castro e Lazzari, 2020. Vendo isso, podemos constatar que, com a criação desses insti- tutos, somada à criação da CAP dos ferroviários e empregados em serviços públicos, todos os trabalhadores urbanos tinham a garantia da Previdência Social. No entanto, foi deixada de lado grande par- te dos trabalhadores autônomos, bem como dos empregados do- mésticos e rurais. Mesmo com todo esse avanço com relação à Previdência Social brasileira e com a criação dos institutos e das caixas, ainda não havia uma uniformização legislativa referente ao assunto, o que ocasio- nou uma desigualdade de direitos dos trabalhadores, pelo fato de cada instituto e cada CAP possuírem normas próprias, que diversas vezes eram divergentes ou conflitantes. Em meio a esses conflitos, em 1934, foi promulgada uma nova Constituição Federal, sendo a primeira a conter um capítulo tratan- do da ordem econômica e social, assim como a trazer as responsa- bilidades sociais do Estado (BRASIL, 1934). No texto constitucional, veio contida a forma tripartida de custeio: contribuição dos traba- lhadores, dos empregadores e do Poder Público. Depois disso, há, em 1945, o final da Segunda Grande Guerra Mundial, sendo um marco para as políticas sociais. Por quê? Por- 22 Serviço Social e Seguridade - Previdência que nós tivemos uma crise em 1929 e passamos por uma Primei- ra Guerra Mundial um pouco antes disso e, em seguida, tivemos uma Segunda Guerra Mundial, que devastou o continente europeu, o qual precisou ser totalmente reconstruído. Logo, era preciso dar uma resposta para aquele caos e para a situação de desigualdade, miséria e vulnerabilidade. Assim, em 1946, o governo publica uma nova Constituição. De acordo com Castro e Lazzari (2020), essa nova norma prescrevia so- bre a Previdência, no capítulo referente aos direitos sociais, o qual apresentava a obrigação de, após aquele momento, o empregador manter o seguro de acidentes de trabalho. Essa foi considerada a primeira tentativa de sistematização constitucional de normas de âmbito social. Interessante mencionarmosque foi na Constituição de 1946 a primeira menção à expressão Previdência Social em uma Constitui- ção brasileira, em seu artigo 157, dispondo: Art. 157 – A legislação do trabalho e a da previdência social obedecerão nos seguintes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos trabalhadores: I – salário–mínimo capaz de satisfazer, conforme as condições de cada região, as necessidades normais do trabalhador e de sua família; II – Proibição de diferença de salário para um mesmo trabalho por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil; III – salário do trabalho noturno superior ao do diurno; IV – Participação obrigatória e direta do trabalhador nos lucros da empresa, nos termos e pela forma que a lei determinar; V – Duração diária do trabalho não excedente a oito horas, exceto nos casos e condições previstos em lei; VI – Repouso semanal remunerado, preferentemente aos do- mingos e, no limite das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local; VII – férias anuais remuneradas; VIII – higiene e segurança do trabalho; IX – Proibição de trabalho a menores de quatorze anos; em in- dústrias insalubres, a mulheres e a menores, de dezoito anos; e de trabalho noturno a menores de dezoito anos, respeita- das, em qualquer caso, as condições estabelecidas em lei e as exceções admitidas pelo Juiz competente; X – Direito da gestante a descanso antes e depois do parto, sem prejuízo do emprego nem do salário; A história da proteção social no mundo e no Brasil 23 XI – fixação das percentagens de empregados brasileiros nos serviços públicos dados em concessão e nos estabelecimentos de determinados ramos do comércio e da indústria; XII – estabilidade, na empresa ou na exploração rural, e inde- nização ao trabalhador despedido, nos casos e nas condições que a lei estatuir; XIII – reconhecimento das convenções coletivas de trabalho; XIV – assistência sanitária, inclusive hospitalar e médica pre- ventiva, ao trabalhador e à gestante; XV – Assistência aos desempregados; XVI – previdência, mediante contribuição da União, do empre- gador e do empregado, em favor da maternidade e contra as consequências da doença, da velhice, da invalidez e da morte; XVII – obrigatoriedade da instituição do seguro pelo emprega- dor contra os acidentes do trabalho. (BRASIL, 1946) Entretanto, mesmo com essa nova regulamentação disposta na lei maior do país, ela não supriu a necessidade de uniformização legislativa no plano infraconstitucional, continuando cada instituição e caixa com suas próprias regras, uma vez que foram unificadas as normas, e não as instituições. No entanto, as inovações do ano de 1946 não se limitaram ape- nas à nova Constituição. Nesse ano, houve a instituição da Fundação Leão XIII, sendo considerada a primeira grande instituição assisten- cial e tendo como principal objetivo atuar junto aos moradores das grandes favelas. Iamamoto e Carvalho (2007) relatam que essa fundação se inte- grava em um projeto tutelar, no qual a educação aparece como uma compensação e uma possibilidade de promoção social por meio do esforço continuado da ação individual. O seu fundamento se consti- tui na existência de uma sociedade essencialmente justa e na neces- sidade de preparar as pessoas para usufruir de suas possibilidades. No ano de 1949, foi editado pelo Poder Executivo um Regula- mento Geral das Caixas de Aposentadorias e Pensões, por meio do Decreto n. 26.778/1949, em que foi padronizada a concessão de be- nefícios. Mesmo após essa uniformização, a fusão de todas as caixas demorou quatro anos para ser concluída, acontecendo pelo Decreto n. 34.586/1953 e surgindo, assim, a Caixa Nacional, que em 1960 se transformou no Instituto pela Lei Orgânica da Previdência Social. 24 Serviço Social e Seguridade - Previdência Nesse sentido, é apontado por Castro e Lazzari (2020, p. 102): Paralelamente aos regramentos de Previdência dos trabalha- dores de iniciativa privada, o Estatuto dos Funcionários Públi- cos Civis da União – Lei n. 1.711/1952, regulava, em separado, o direito à aposentadoria dos ocupantes de cargos públicos federais, e o instituto da pensão por morte a seus dependen- tes, diploma que se manteve vigente até 1990. Também em 1953 o profissional liberal de qualquer espécie foi autorizado, pelo Decreto n. 32.667, a se inscrever na condi- ção de segurado na categoria de trabalhador autônomo. Nesse contexto, podemos notar que a preocupação que se deu desde o ano de 1930 foi tanto de uniformizar o sistema previden- ciário quanto de realizar a unificação institucional. Assim, em 1960, houve a criação do Ministério do Trabalho e Previdência Social e foi promulgada a Lei n. 3.807, que ficou conhecida como a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), sendo considerada um novo marco na evolução da proteção social brasileira (BRASIL, 1960). Entre 1963 e 1965, podemos elencar como pontos importantes para a evolução da proteção social a Lei n. 4.296/1963, que criou o salário-família, o décimo terceiro salário e, com a promulgação da Lei n. 4.281/1963, o abono anual. Por meio da Emenda Constitucio- nal n. 11, de 1965, foi estabelecido o princípio da precedência da fonte de custeio em relação à criação ou majoração de benefícios (CASTRO; LAZZARI, 2020). No ano de 1966, foi publicado o Decreto-Lei n. 72, que instituiu o Instituto Nacional de Previdência Social, ficando conhecido como INPS, tendo a responsabilidade de unificar os Institutos de Aposenta- doria e Pensões. Devido a essa unificação, foi inaugurada uma nova fase no sistema de proteção social no Brasil. Em 1967, houve a promulgação de uma nova Constituição, com a finalidade de legalizar o regime militar. Esse novo diploma legal não trouxe inovações com relação à proteção social; podemos citar, no entanto, uma criação importante: o seguro-desemprego (BRASIL, 1967). Houve, posteriormente, a substituição do Plano Básico de Previdência Social Rural pelo Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (PRORURAL), por meio da Lei Complementar n. 11/1971, não constando a previsão de que o trabalhador deveria A Lei Orgânica da Previ- dência Social foi conside- rada um marco histórico. Para saber todos os seus artigos e, assim, poder observar as contribui- ções gerais que ela trou- xe, leia sua descrição por completo, acessando-a no site a seguir. Disponível em: https://www2. camara.leg.br/legin/fed/lei/1960- 1969/lei-3807-26-agosto-1960- 354492-norma-pl.html. Acesso em: 25 mar. 2021. Saiba mais https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-3807-26-agosto-1960-354492-norma-pl.html https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-3807-26-agosto-1960-354492-norma-pl.html https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-3807-26-agosto-1960-354492-norma-pl.html https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-3807-26-agosto-1960-354492-norma-pl.html A história da proteção social no mundo e no Brasil 25 contribuir. Essa lei também criou o Fundo de Assistência ao Traba- lhador Rural (FUNRURAL), sendo essa instituição subordinada ao mi- nistro do Trabalho e Previdência Social e responsável pela execução do Programa de Assistência ao Trabalhador Rural. Essa Lei Comple- mentar n. 11/1971, em seu artigo 2º, instituiu que o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural conteria os seguintes benefícios: I – aposentadoria por velhice; II – aposentadoria por invalidez; III – pensão; IV – auxílio-funeral; V – serviço de saúde; VI – serviço social. (BRASIL, 1971) Esses benefícios eram concedidos aos trabalhadores rurais e aos seus dependentes. Além disso, o artigo 13 da lei em comento retrata que o Serviço Social objetiva: propiciar aos beneficiários melhoria de seus hábitos e de suas condições de existência, por meio da ajuda pessoal, nos de- sajustamentos individuais e da unidade familiar e, de forma predominante, em suas diversas necessidades ligadas à as- sistência que dispõe a Lei Complementarnº 11/1971, e será prestado com a amplitude que permitirem os recursos orça- mentários do FUNRURAL, e segundo as possibilidades locais. (BRASIL, 1971) De modo a ampliar o campo subjetivo da proteção social, hou- ve a promulgação da Lei n. 5.859/1972, trazendo a inclusão dos empregados domésticos como segurados obrigatórios da Previ- dência Social (BRASIL, 1972). Em sequência, as Leis n. 6.136/1974 e n. 6.179/1974 incluíram o salário-maternidade entre os benefícios previdenciários e criaram o amparo previdenciário para as pessoas maiores de 70 anos ou inválidas, respectivamente (BRASIL, 1974a; 1974b). Castro e Lazzari (2020) relatam que, em 1977, foi promulgada a Lei n. 6.435, regulamentando a possibilidade de criação de institui- ções de Previdência complementar (BRASIL, 1977a), matéria regula- mentada pelos Decretos n. 81.240/1978 e 81.402/1978, quanto às entidades de caráter fechado e aberto, respectivamente (BRASIL, 1978a; 1978b). 26 Serviço Social e Seguridade - Previdência Também no ano de 1977, houve a criação do Sistema Nacio- nal de Previdência e Assistência Social (SINPAS), por meio da Lei n. 6.439 (BRASIL, 1977b). Sua principal função era de reorganizar a Previdência, por meio da incorporação das atividades de Previdên- cia Social, de assistência social e médica, também relativas à gestão patrimonial, administrativa e financeira das entidades que eram vin- culadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social. Araújo (2004) relata que o SINPAS era composto por diversos ór- gãos, os quais estão descritos no quadro a seguir. Quadro 2 Função de órgãos do SINPAS Órgão Função Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) Concessão e pagamento das prestações previdenciárias. Instituto Nacional de Assistência Médica da Previ- dência Social (INAMPS) Serviço de assistência médica. Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) Execução da política do bem-estar do menor. Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA) Assistência social à população carente (termo designado na época para as pessoas pobres e miseráveis). Empresa de Processamento de Dados da Previdên- cia Social (DATAPREV) Função é indicada pelo próprio nome. Instituto de Administração Financeira da Previdên- cia Social (IAPAS) Arrecadação, fiscalização e cobrança das contribui- ções e de outros recursos destinados à Previdência e assistência social. Central de Medicamentos (CEME) Distribuição de medicamentos, gratuitamente ou a baixo custo. Fonte: Elaborado pela autora com base em Araújo, 2004. Nesse sentido, Oliveira (1996, p. 124) aponta que: a Lei n. 6439, que instituiu o SINPAS, alterou, portanto, apenas estruturalmente a previdência social brasileira, racionalizando e simplificando o funcionamento dos órgãos. Promoveu uma reorganização administrativa, sem modificar nada no que tange a direitos e obrigações, natureza e conteúdo, condições das prestações, valor das contribuições etc. Então, perceba que o SINPAS aglutina diversas áreas com o objetivo de fazer a integração das atividades da assistência social, Previdência e médica. A história da proteção social no mundo e no Brasil 27 No ano de 1986, por meio do Decreto-Lei n. 2.283 (BRASIL, 1986), foi instituído o seguro-desemprego, como a Constituição já havia previsto, que teve como finalidade o provimento de assistência fi- nanceira temporária ao trabalhador que estivesse desempregado devido à demissão sem justa causa ou em função de paralisação, total ou parcial, das atividades do empregador. Para ter direito ao seguro-desemprego, o trabalhador deveria preencher a três requi- sitos, sendo eles: • ter contribuído com a Previdência Social, durante, pelo menos, 36 meses, nos quatros anos antecedentes; • ter comprovado a condição de assalariado, junto ao emprega- dor, nos últimos seis meses, mediante registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social; • ter sido dispensado há mais de 30 dias. O valor pago de seguro-desemprego dependia do valor do salário que recebia em seu antigo emprego, podendo ser de 50%, no caso de pessoas que ganhavam até três salários mínimos mensais, e de um salário mínimo e meio para aqueles que recebiam mais de três salários mínimos mensais, pagos por quatro meses. Logo em seguida, no ano de 1987, foi publicado o Decreto n. 94.657/1987 e, em conjunto com a Portaria n. 4.370/1988, foi cria- do o Programa de Desenvolvimento de Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde dos Estados (SUDS), com a finalidade de cooperar para a consolidação e o avanço qualitativo das ações integradas de saúde (MELO, 2009). Então, perceba que a resposta para esse processo que vimos, de maneira histórica, foi a criação do chamado Estado de Bem-Estar So- cial (Welfare State). É certo afirmar que este teve várias conforma- ções a depender do país; ou seja, ele não foi único na Europa, e em cada país seu desenvolvimento foi diferente. Podemos considerar que o mais amplo foi o Plano Beveridge, em 1942, na Inglaterra. Em suma, ele procurou ampliar a produção, bem como os salários dos trabalhadores, o que foi uma forma de criar resistência contra as ideias socialistas que avançavam ali perto da Europa, mais precisamente na União Soviética. Lembre-se de que havia o Muro de Berlim até 1990, que dividia a Europa Ocidental da 28 Serviço Social e Seguridade - Previdência Europa Oriental socialista, então foi também uma maneira de não dar voz e força à ideologia e às ideias socialistas. Podemos dizer que o Estado de Bem-Estar Social inspirou muito a Seguridade Social brasileira e a Constituição de 1988. Então, é con- senso na literatura que, após a Segunda Guerra Mundial, tivemos uma generalização da política social, ocorrida devido às políticas keynesianas, que são os pilares para o Walfare State europeu. E, no Brasil, o que acontecia nessa época? Nesse momento, o País estava vivenciando uma ditadura militar, que surgiu após um golpe, que ocorreu em 1964. Netto (1992) vai chamar esse período de autocracia burguesa. Para ele, falar de autocracia burguesa quer dizer que esse Estado só tinha as funções militares; porém, ele também teve um papel e foi financiado pela burguesia nacional e internacional. Com isso, ocor- reu uma certa ampliação do Estado, e várias estatais foram criadas; muitas delas foram vendidas na década de 1990, em um processo de privatização. Sendo assim, a década de 1970 é um período em que se teve uma expansão do mercado de trabalho para o Serviço Social. Isso ocorreu por meio da ampliação do Estado, que crescia devido à ideologia desenvolvimentista da época, por mais que ele fosse autocrático, tecnocrático e, claro, perverso, ao matar e torturar as pessoas. Dessa forma, nesse momento da história, temos uma expansão certa do mercado de trabalho para o Serviço Social, por meio da ex- pansão das políticas sociais de proteção social. Essa perspectiva co- meça a decair no final da década de 1970 e 1980, porque houve uma implementação das ideias neoliberais, ou seja, o neoliberalismo vai ser contraposto à intervenção do Estado. Mas quais foram os representantes internacionais do neolibera- lismo? Nós tivemos a Primeira-Ministra Margareth Thatcher na Ingla- terra, Ronald Reagan nos Estados Unidos e, aqui na América Latina, Pinochet foi um ditador. Então, é possível perceber que damos uma guinada de um suposto Estado de Bem-Estar Social para um Estado neoliberal, que não intervém e que deixa para o mercado a função de resolver aquelas contradições, que são as desigualdades sociais no Brasil. A história da proteção social no mundo e no Brasil 29 Agora, iremos estudar os aspectos importantes referentes à pro- teção social em nosso país após a Constituição Federal de 1988. 1.4 A proteção social após a Constituição Federal de 1988 Vídeo Vimos, até então, que a proteção social tinha uma relação com o exercício de uma atividade laboral. Ou seja, para ter acesso aos direitos sociais, era um dever trabalhar. Sendo assim, nos debates que antecederama Constituição de 1988, começou uma inquietação para que a assistência social fosse incluída como uma política que fizesse parte da Seguridade Social. Nessa época fundamental para o estabelecimento dos direitos sociais em nosso país, os assistentes sociais tiveram atuação de suma importância, já que auxiliaram na construção das políticas so- ciais com viés democrático. Vejamos o que Sposati (2007), estudiosa das políticas de pro- teção social e a atuação do Serviço Social, tem a nos dizer sobre Seguridade Social: “o conceito de Seguridade Social envolve a ideia de cobertura da população inteira em relação aos direitos sociais, considerados dever do Estado, independentemente da capacidade contributiva do indivíduo” (SPOSATI, 2007, p. 39). De acordo com os nossos entendimentos, referentes à citação anterior, a Seguridade Social tem como tripé a saúde, a assistência e a Previdência Social. Esse tripé em nosso país, constituído por meio da Constituição Fede- ral de 1988, é apresentado na figura a seguir. Figura 3 Tripé da Seguridade Social Seguridade Social Assistência social Saúde Previdência Social Fonte: Elaborada pela autora. 30 Serviço Social e Seguridade - Previdência Por fim, no dia 5 de outubro de 1988, foi promulgada a nova Constituição do Brasil, vigente até os dias de hoje, sendo chamada de Constituição cidadã. Ela traz uma disciplina totalmente inovadora com relação à proteção social e é considerada o marco inicial de uma nova fase evolutiva no sistema brasileiro de proteção social. Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assem- bleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrá- tico, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desen- volvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, funda- da na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, pro- mulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (BRASIL, 1988) Conforme podemos notar na citação anterior, preâmbulo da Constituição de 1988, os direitos sociais, por meio desse texto, tornam-se um dos valores supremos da sociedade. O artigo 1º, II, da Constituição Federal, estabelece a cidadania como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, obje- tivando, ainda, a estruturação de uma sociedade justa, livre e soli- dária, como também a aniquilação da marginalização da pobreza e a redução da desigualdade social, presente em larga escala no país. O texto constitucional, em seu Título VIII, Da Ordem Social, dedicou um capítulo inteiro para tratar da Seguridade Social, abor- dando os direitos sociais e estabelecendo um sistema de proteção social. O artigo 194 desse diploma legal retira o caráter subsidiário da assistência, trazendo-a como parte do tripé da Seguridade Social: Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto inte- grado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da socie- dade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I – Universalidade da cobertura e do atendimento; II – Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; A história da proteção social no mundo e no Brasil 31 IV – Irredutibilidade do valor dos benefícios; V – Equidade na forma de participação no custeio; VI – Diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assis- tência social, preservado o caráter contributivo da previdência social; VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos traba- lhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (BRASIL, 1988) Primeiro, devemos lembrar que essa nova Constituição, em seu artigo 201, relata que o Regime de Previdência Social não abrange a totalidade da população economicamente ativa, só faz jus ao regi- me os contribuintes nos termos da lei. Segundo, no que tange à saúde, a Constituição considera que as ações e os serviços públicos de saúde compõem uma rede de cará- ter descentralizado. Nesses termos, Castro e Lazzari (2020) relatam que o direito à saúde deve ser entendido como um direito à assis- tência e tratamento gratuitos no campo da medicina. Assim, ele é assegurado a todos os indivíduos, independentemente de ter reali- zado contribuição social, para que recebam o devido atendimento, tendo atribuições no âmbito da repressão e prevenção de doenças, produção de medicamento e outros insumos básicos, bem como determinando a formação de recursos humanos na área da saú- de, participando da política e execução das ações de saneamento básico, incrementando o desenvolvimento científico e tecnológico, exercendo a vigilância sanitária e as políticas de saúde pública e, ainda, prestando auxílio na proteção do meio ambiente (artigo 200 da Constituição Federal de 1988). Além disso, devemos ressaltar que a Constituição de 1988 traz a previsão de prestação de serviços de saúde pela iniciativa priva- da, sem qualquer restrição, podendo participar do Sistema Único de Saúde (SUS) de modo complementar, por meio de contrato de direito público ou convênio, sendo inclusive vedada a destinação de recursos públicos para auxílio ou subvenção de instituições privadas com fins lucrativos (artigo 199 da Constituição Federal). Por fim, com relação à assistência social, o artigo 203 da Consti- tuição Federal de 1988 dispõe que deverá ser “prestada a quem dela 32 Serviço Social e Seguridade - Previdência necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social” (BRASIL, 1988). O artigo em questão ainda aborda os objetivos dessa assistência, quais sejam: I – A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescên- cia e à velhice; II – o amparo às crianças e adolescentes carentes; III – a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV – a habilitação e reabilitação das pessoas portadores de defi- ciência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V – a garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que compro- vem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. (BRASIL, 1988) De acordo com Silva (2000, p. 286), os direitos sociais são como dimensões dos direitos fundamentais do homem: “prestações positi- vas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais”. As discussões sobre os direitos sociais e as políticas sociais vol- tadas à população mais vulnerável ocorreram na década de 1990. Aqui, no Brasil, nós tivemos os governos de Fernando Henrique Car- doso, cuja proposta era muito dialogada com a perspectiva norte- -americana e europeia neoliberal de minimizar o Estado o máximo possível. Então, quando falamos de Estado mínimo, é um Estado que vai prover mínimos sociais; é o neoliberalismo, uma discussão já mais atualizada, no qual ele vai se modificando conforme a nação. Por último, há a regulamentação da assistência social, que trouxe muitas controvérsias, como aponta Zucco (1997, p. 43): seu processo de regulamentação demonstrou o movimento de afirmação e negação que permeia a assistência. Ao ser en- caminhado o Projeto de Lei n. 48 de 1990, que dispunha sobre a Lei Orgânica de Assistência Social, à Câmara Federal sofreu vários embates ecríticas, o que o levou a ser vetado pelo Pre- sidente Fernando Collor de Mello, em 17 de setembro de 1990, com a alegação de vícios de inconstitucionalidade e de susten- tação financeira para sua implantação. A história da proteção social no mundo e no Brasil 33 Além disso, foi no ano de 1993 que foi aprovada a Lei n. 8.742, co- nhecida como a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), encar- regada de regulamentar os artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 1988. Ainda, seu artigo 2º dispõe: Art. 2º A assistência social tem por objetivos I – A proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescên- cia e à velhice; b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; e e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não pos- suir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provi- da por sua família; II – A vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorial- mente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; III – A defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões socioassistenciais. Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistên- cia social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos sociais. (BRASIL, 1993) A LOAS foi um grande avanço para a proteção social da população, mas os avanços não pararam por aí. No ano de 1998, foi promulgada a Emenda n. 20, o que ocasio- nou uma grande mudança na Previdência Social do Bra- sil (BRASIL, 1998). Entre as inovações trazidas por essa emenda, podemos citar a idade mínima para o ingresso na condição de trabalhador. Vejamos a citação a seguir, que apresenta algumas dessas modificações: Para a concessão da aposentadoria integral daque- les que já pertenciam ao RGPS, em 16.12.1998, mas não tinham o tempo suficiente para a concessão do benefício, foi prevista exigência de cumprimento dos li- mites mínimos de idade, 53 anos para os homens e 48 anos para as mulheres, mais 20% do período que faltava xm 4t hx /S hu tte rs to ck 34 Serviço Social e Seguridade - Previdência (pedágio) para os respectivos tempos de contribuição míni- mos exigidos (trinta anos de contribuição, no caso de mu- lheres, e trinta e cinco anos, no caso dos homens). Sendo facultado aos segurados optar pelo critério mais vantajoso (art. 9º, caput, da EC n. 20/1998) o requisito desta norma de transição perdeu sua razão de ser. A exigência do pedágio e da idade mínima não teve aplicabilidade, pois as regras per- manentes do art. 201, § 7º, I da Constituição exigem apenas a prova do tempo de contribuição de 35 anos para o homem e de 30 anos para a mulher. (CASTRO; LAZZARI, 2020, p. 112) A Emenda n. 20/1998 extinguiu a aposentadoria proporcional para quem começou a trabalhar após a sua promulgação. Em 2003, houve a promulgação da Emenda n. 41, que trouxe uma reforma da Previdência, afetando os regimes próprios e, em alguns pontos, o regi- me do INSS (BRASIL, 2003). Em 2005, a Emenda n. 47 apresentou novas modificações na Emenda n. 41, sendo chamada de PEC paralela da Previdência, dispondo sobre os regimes próprios desta (BRASIL, 2005). Por fim, no ano de 2019, foi publicada a Emenda n. 103. Como ponto de destaque dessa emenda, Castro e Lazzari (2020) apontam a criação de uma idade mínima para as aposentadorias voluntárias do Regime Geral de Previdência Social. Nesse período, temos no Brasil o desenvolvimentismo, chama- do assim nos governos Lula e Dilma, que foca uma política social e, ao mesmo tempo, econômica, no âmbito do desenvolvimento, bem como uma política social de assistência. É por isso que chamamos o desenvolvimentismo de neoliberalismo, já que as ações dos governos são pautadas também na esfera econô- mica. De fato, não é aquele liberalismo que quer privatizar o petróleo e a Saúde e incentivar os planos de saúde, que diminui o recurso da assis- tência social, mas sim aquele que faz a contrarreforma da Previdência. Então, em paralelo a todo esse contexto, é um período de contrarreformas das políticas sociais e de proteção social. É claro que isso atinge a profissão de Serviço Social, pois somos profissio- nais que atuam na intervenção e na operacionalização das políticas sociais e de proteção social. Desse modo, uma conjuntura de Estado mínimo, de um Estado que se retrai, coloca para nós o desemprego, além da precarização do trabalho, uma vez que as políticas sociais estão subfinanciadas e sem financiamentos. Leia a Emenda n. 20/1998 em sua ínte- gra, para saber todas as inovações que ela trouxe no campo da proteção social e da Previdência, acessando o link a seguir. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/emendas/emc/emc20. htm. Acesso em: 25 mar. 2021. Saiba mais http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm A história da proteção social no mundo e no Brasil 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final deste capítulo, desejamos que você tenha compreendido a importância da proteção social no que se refere à história tanto das políticas sociais como também do Serviço Social. Neste capítulo, realizamos um percurso histórico sobre a origem e a evolução da proteção social no mundo e no Brasil. Vimos que, do século XIX ao início do século XX, foi estabelecido um sistema jurídico assegurador de normas de proteção aos trabalhadores, mediante con- tribuições. Otto von Bismarck, entre os anos de 1883 a 1889, originou o conjunto de normas que deu origem à Previdência Social. Com relação ao marco histórico na construção da Previdência no Brasil, ocorreu com a Lei Eloy Chaves, publicada em 1923, muito embo- ra alguns autores estudiosos da área tenham nos afirmado que a pro- teção social em nosso país remonta às Santas Casas de Misericórdia. Em 1944, Beveridge criou um sistema universal, no qual todos os indivíduos deveriam contribuir para a Seguridade Social de modo com- pulsório. Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, os direitos sociais se tornaram um direito fundamental. Você deve ter percebido que a evolução da Previdência brasileira aconteceu progressivamente, atingindo seu ápice com a Constituição Federal em 1988. Também deve ter se atentado para a relação que existe entre o trabalho e a proteção social. Assim, a Constituição Federal de 1988 trouxe o sistema de Seguri- dade Social como um objetivo que o Estado brasileiro precisa alcançar, devendo atuar simultaneamente nas áreas da saúde, assistência social e Previdência Social. Por fim, é válido mencionar a importância das políticas de proteção social para quem está em atividade laboral e, até mesmo, para aqueles que delas necessitam. ATIVIDADES 1. Qual seria a relação da profissão de assistente social com a proteção social no mundo capitalista? 2. Diferencie o modelo bismarckiano do modelo beveridgiano. Vídeo 36 Serviço Social e Seguridade - Previdência 3. Como era vista a pobreza no Brasil nos anos de 1930? 4. Com a Constituição Federal de 1988, as contribuições sociais passaram a custear as ações nas áreas da saúde, assistência social e Previdência Social, não se destinando unicamente a esta última. Isso quer dizer que, até então, não havia lei determinando a transferência dos recursos da Previdência Social?Justifique sua resposta. REFERÊNCIAS ARAÚJO, O. S. de. A reforma da previdência social brasileira no contexto das reformas do Estado: 1988 a 1998. Natal: EDUFRN, 2004. BOBBIO, N. Estado, governo, sociedade: por uma teoria geral da política. 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