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BIOÉTICA - Sigilo médico

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Ana Laura Octávio - TXXII 
 
SIGILO MÉDICO 
 
INFORMAÇÃO, PRIVACIDADE E CONFIDENCIALIDADE 
 
CONFIDENCIALIDADE 
- É a garantia da preservação das informações dadas em confiança e a proteção contra a sua 
revelação não autorizada. 
- Exceções a confidencialidade legalmente justificadas: 
✓ Comunicação de doença de informação compulsória (dever legal). 
✓ Comunicação de abuso em crianças, adolescentes e idosos (dever legal). 
 
- Exceções a confidencialidade eticamente justificadas: 
✓ Alta probabilidade de que um sério dano físico a uma pessoa identificável e específica venha 
a ocorrer. 
✓ Um benefício real resultara da quebra de confidencialidade. 
✓ Último recurso após ter sido utilizada a persuasão ou outras abordagens. 
✓ É um procedimento generalizável, que pode ser novamente utilizado em situações com as 
mesmas características, independente das pessoas envolvidas. 
OBS.: Todas as 4 condições devem ser preenchidas. 
 
PRIVACIDADE 
- É a limitação do acesso as informações de uma dada pessoa, ao acesso a própria pessoa, a sua 
intimidade, anonimato, sigilo, afastamento ou solidão. Não ser observado sem autorização. 
- Quebra de privacidade: 
✓ Ocorre quando se usam informações ou se observar um paciente sem a sua devida 
autorização. 
✓ É a ação de revelar ou deixar revelar informações fornecidas pessoalmente em confiança. 
 
1. MORAL (NORMAS): 
- Juramento Hipocrático: “qualquer coisa que eu veja ou ouça, profissional ou privadamente, que não 
deva ser divulgada, eu conservarei em segredo e a ninguém contarei”. 
 
- Declaração universal dos direitos do homem (1948): Art. 12 – Ninguém será sujeito a interferência 
na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem ataques a sua honra 
e reputação. Todo homem tem direito a proteção da lei contra tais interferências ou ataques. 
 
- Declaração de Genebra (AMM): “EU respeitarei os segredos confiados a mim, mesmo depois que o 
paciente tenha morrido”. 
 
2. LEGAL (LEGISLAÇÃO): 
- Constituição Federal (1988): Art. 5º - Todos são iguais perante a lei: X – São invioláveis a intimidade, 
a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (assegurado o direito a indenização pelo dano 
material ou moral decorrente de sua violação). 
 
Ana Laura Octávio - TXXII 
 
- Código Penal Brasileiro (1941): Violação do segredo profissional: 
Art. 154 – Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão da função, 
ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem. 
 
Art. 229 – Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato: I. a cujo respeito, por estado ou profissão, 
deva guardar segredo. 
Estas duas leis resguardam o profissional de eventuais constrangimentos que possam sofrer no 
sentido de terem que revelar informações que tiveram acesso privilegiado em função de sua 
atividade. 
 
- Código de Ética Médica (2009): Art. 73 – (É vedado ao médico): Revelar fato que tenha 
conhecimento em virtude do exercício de sua provisão, salvo por: 
▪ Motivo justo. 
▪ Dever legal. 
▪ Consentimento, por escrito, do paciente. 
 
Permanece essa proibição: 
a) Mesmo que o fato seja de conhecimento público ou que o paciente tenha falecido. 
b) Quando do depoimento como testemunha. Nessa hipótese, o método comparecera perante a 
autoridade e declarará seu impedimento. 
c) Na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa 
expor o paciente a processo penal. 
 
- Resolução CFM nº 1665/2003: AIDS 
Art. 10 – O sigilo profissional deve ser rigorosamente respeitado em relação aos pacientes portadores 
do vírus da AIDS, salvo nos casos determinados por lei, por justa causa ou por autorização expressa 
do paciente. 
▪ Por dever legal – ex. notificação as autoridades sanitárias e preenchimento de atestado de 
óbito. 
▪ Por causa justa – proteção a vida de terceiros: comunicantes sexuais ou membros de grupos 
de uso de drogas endovenosas, quando o próprio paciente se recusa a fornecer-lhes a 
informação quanto a sua condição de infectado. 
▪ Autorização expressa do paciente. 
 
Art. 9º - O sigilo profissional que liga os médicos entre si e cada médico a seu paciente deve ser 
absoluto, nos termos da lei, e notadamente resguardado em relação aos empregadores e aos serviços 
públicos. 
O médico não poderá transmitir informações sobre a condição do portador do vírus da SIDA (AIDS), 
mesmo quando submetido a normas de trabalho em serviço público ou privado, salvo nos casos 
previstos em lei, especialmente quando disto resultar a proibição da internação, a interrupção ou 
limitação do tratamento ou a transferência dos custos para o paciente ou sua família. 
Art. 4º - “É vedada a realização compulsória de sorologia para HIV”. 
 
Ana Laura Octávio - TXXII 
 
Art. 5 º - “É dever do médico solicitar a gestante, durante o acompanhamento pré-natal, a realização 
de exame para detecção de infecção por HIV, com aconselhamento pré e pós-teste, resguardado o 
sigilo profissional”. 
 
Art. 6º - “É dever do médico fazer constar no prontuário médico a informação de que o exame para 
detecção de anti-HIV foi solicitado, bem como o consentimento ou a negativa da mulher em realizar 
o exame”. 
 
DEVER PRIMA FACIE 
 
- É uma obrigação que se deve cumprir, a menos que ela entre em conflito, numa situação particular, 
com um outro dever de igual ou maior porte (David Ross, 1930). 
- Um dever prima facie é obrigatório, salvo quando for sobrepujado por outras obrigações morais 
simultâneas (Tribunal Constitucional Alemão). 
- Os deveres prima faceis são validos, geralmente, de maneira relativa quando ocorre um conflito 
entre os deveres deve ser tomada a decisão de qual deve ser tomado como prioritário, nesta 
circunstância (Cattorini). 
- A melhor denominação: deveres prioritários, isto é, aqueles que, quando comparados entre si, 
podem ser priorizados de acordo com as circunstâncias. 
 
CATEGORIAS DOS DEVERES PRIMA FACIE (ROSS) 
1. Deveres para com os outros devido a atos prévios de você mesmo 
- Fidelidade: manter as promessas. 
- Reparação: compensar as pessoas por danos ou lesões causadas. 
- Gratidão: agradecer as pessoas pelos benefícios que conferiram a você. 
 
2. Deveres para com os outros não baseados em ações previas 
- Beneficência: ajudas aos outros em necessidade. 
- Não maleficência: não causar danos a outros sem uma razão poderosa. 
- Justiça: tratar os outros de forma justa. 
 
3. Deveres para consigo mesmo 
- Aprimorar-se física, intelectual e moralmente para alcançar o seu pleno potencial. 
 
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA 
 
Capítulo IX – Sigilo profissional: 
Art. 73 – parágrafo único: c) na suspeita de crime, impedimento de denunciar paciente 
criminalmente. 
OBS.: Disque denúncia (Min mulher, família... 2021). 
 
Capítulo X – Documentos médicos: 
Art. 87 (prontuário legível) e § 1º e 2º e 3º (elaborar sumário de alta e entregar ao paciente). 
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Art. 88: 
Art. 89 Liberação de cópias do prontuário § 1º e § 2º Quando requisitado judicialmente, o prontuário 
será encaminhado ao juízo requisitante. 
 
SIGILO E ADOLESCENTE 
 
- Os princípios éticos no atendimento a adolescentes nos serviços de saúde se referem especialmente 
à: 
✓ Privacidade: caracterizada pela não permissão de outrem no espaço da consulta. 
✓ Confidencialidade: no sentido de um acordo entre profissional da saúde e cliente de que as 
informações discutidas durante e após a consulta não podem ser passadas aos responsáveis 
sem a permissão do adolescente. 
✓ Sigilo: baseado do Cód. Ética Médica e na autonomia contida no Capítulo II, art. 17, do ECA 
(Lei nº 8069/90). 
 
- EXCEÇÕES: Nos casos em que o menor de idade não possua capacidade de discernimento ou 
quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente, autoriza-se ao médico revelar o sigilo aos 
pais ou aos representantes legais, em caráter excepcional. 
Situações em que o profissionalpercebe que o adolescente não tem condições de arcar sozinho com 
sua saúde ou se conduz de forma a causar danos a si ou a outras pessoas. Nesse caso, justifica-se a 
quebra do sigilo. 
Exemplos: gravidez, AIDS, percepção da ideia de suicídio ou homicídio, drogadição e recusa ao 
tratamento. 
OBS.: Essas mesmas orientações cabem ao estudante de medicina, que deverá apoiar-se na 
orientação do seu preceptor.

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