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FILOLOSOFIA AULA 7 OBJETIVOS: O aluno deverá ser capaz de: .Identificar o contexto do ceticismo e a importância da filosofia de Descartes frente às questões levantadas no período. . Compreender a importância do método para Descartes . Identificar o método das quatro regras. . Compreender a distinção entre dedução e indução . Compreender o conceito de racionalismo INTRODUÇÃO: Descartes apontou os caminhos a serem percorridos para a elaboração da ciência partindo dos padrões da modernidade. O racionalismo e o mecanismo subjacente à sua filosofia tornaram-se temas e perspectivas centrais de toda a filosofia posterior. Na Idade Moderna, época de Descartes, ocorre uma inversão do pólo de atenção. Sai de cena o teocentrismo característico da Idade Medieval (toda explicação voltada para o divino), e entra em cena o antropocentrismo, centralizando no sujeito a questão do conhecimento. Descartes é considerado o “pai da filosofia moderna”. Sua filosofia recebe uma colocação crítica e gnosiológia : preocupa-se com o valor do conhecimento humano. Para ele a investigação filosófica deve iniciar-se, não pelo estudo das coisas, mas pelo estudo da mente humana. MATERIAL DIDÁTICO: MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia. - Parte 3. Cap.2: Descartes e a a filosofia do cogito APRENDA MAIS: http://www.scielo.br/pdf/epsic/v2n2/a13v02n2.pdf “A razão das emoções: um ensaio sobre “O erro de Descartes” “ SÍNTESE DA AULA: Nesta aula você: .Identificou o contexto do ceticismo e a importância da filosofia de Descartes frente às questões levantadas no período. . Compreendeu a importância do método para Descartes . Identificou o método das quatro regras. . Compreendeu a distinção entre dedução e indução . Compreendeu o conceito de racionalismo. CONTEÚDO DA AULA 8: René Descartes nasceu na França (1596 / 1650). Com ele a filosofia registra uma verdadeira reviravolta. Na época Medieval, a filosofia era basicamente ontológica ( onto=ser, logia=estudo), procupada com a razão última das coisas ( do homem, do mundo, de Deus). Com Descates a filosofia recebe uma colocação crítca e gnosiológica ( gnose=saber, logia=estudo), ou seja, o filósofo quer saber o valor do conhecimento humano. Segundo Mondin, em seu livro “Curso de Filosofia”, vol.2: “A colocação crítica da pesquisa filosófica justifica-se por motivos não só históricos, como teóricos. De fato, nenhuma construção cientifica ou filosófica pode ter firmeza sem antes deixar estabelecido que o homem tem a capacidade de atingir a verdade mediante suas faculdades cognitivas. Somente depois que se tiver demonstrado que o homem pode atingir com certeza a verdade das coisas é que a pesquisa ontológica pode proceder com segurança.” (pág. 62) Para o filósofo a investigação filosófica deve iniciar-se, não pelo estudo das coisas, mas pelo estudo da mente humana. A pergunta chave que Descartes se faz é: Quais são os critérios, os métodos, dos quais o homem pode se valer para saber se um conhecimento é ou não verdadeiro? Para responder a essa pergunta, o filósofo cria a corrente filosófica denominada racionalismo. O racionalismo cartesiano tem como ponto de partida a busca de uma verdade primeira que não possa ser posta em dúvida. É um método de observar as coisas baseado exclusivamente na razão, considerada como única autoridade quanto à maneira de pensar e/ou agir. É uma doutrina segundo a qual todo conhecimento verdadeiro é consequência necessária de princípios à priori (inatos) e evidentes. É uma crença na razão e na evidência de suas demonstrações. Descartes apontou os caminhos a serem percorridos para a elaboração da ciência partindo dos padrões da modernidade. O racionalismo e o mecanismo subjacente à sua filosofia tornaram-se temas e perspectivas centrais de toda a filosofia posterior. Na Idade Moderna, época de Descartes, ocorre uma inversão do pólo de atenção. Sai de cena o teocentrismo característico da Idade Medieval (toda explicação voltada para o divino), e entra em cena o antropocentrismo, centralizando no sujeito a questão do conhecimento. Descartes é considerado o “pai da filosofia moderna”. Sua filosofia recebe uma colocação crítica e gnosiológia : preocupa-se com o valor do conhecimento humano. Para ele a investigação filosófica deve iniciar-se, não pelo estudo das coisas, mas pelo estudo da mente humana. Segundo Severo Hryniewicz, em seu livro “Para Filosofar”: “No Discurso do Método, considerada por muitos especialistas a principal obra cartesiana, o autor relata, em tom autobiográfico, a trajetória que o levou a elaborar aquele que se tornou o principal fruto de toda sua filosofia: o método da dúvida. … Partindo da convicção da incerteza, e movido por uma ardente vontade de conhecer, Descartes lançou-se em busca da verdade.” (pág. 364) Descartes enfatiza a importância do método para a aquisição da ciência. Para ele é importante aplicar bem o bom-senso e a razão. Segundo Aranha e Martins, em seu livro “Filosofando”: “O ponto de partida é a busca de uma verdade primeira que não possa ser posta em dúvida. Por isso, converte a dúvida em método. Começa duvidando de tudo, das afirmações do senso comum, dos argumentos da autoridade, do testemunhodos sentidos, das informações da consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do mundo exterior e da realidade de seu próprio corpo.” (pág. 104) Duvidar de tudo caracteriza uma postura cética. Ceticismo, é a doutrina segundo a qual o homem não pode chegar a nenhum conhecimento digno de certeza, quer no nos domínios das verdades, quer nos domínios dos conhecimentos das coisas. Os céticos são descrentes, duvidam de tudo. Descartes queria achar um método de investigação filosófica que não deixasse margem para nenhuma dúvida. A dúvida é, para o filósofo, o melhor caminho para se estabelecer o valor do conhecimento e o método mais adequado para a descoberta da verdade. Mondin, em seu livro “Curso de Filosofia”, vol 2, citando o próprio filósofo no que se refere ao seu método cartesiano, escreve: “... Descartes sublinha a importância capital do método para a aquisição da ciência. De fato, argumenta ele, do ponto de vista da inteligência, os homens são todos iguais: “A faculdade de julgar retamente e de distinguir o verdadeiro do falso, que é o que propriamente se chama bom- senso ou razão, é naturalmente igual em todos os homens. Assim, a diversidade de nossas opiniões não procede de serem uns mais inteligentes do quer outros, mas somente de conduzirmos nossos pensamentos por caminhos diferentes e de não considerarmos as mesmas coisas: o que é mais importante é aplicá-las bem.” (pág. 65) Para o filósofo só existem dois métodos possíveis de conhecimento: o indutivo e o dedutivo. O primeiro parte da experiência sensível e o segundo de princípios universais. Para Descartes, somente o segundo pode levar-nos ao progresso do saber e à descoberta da verdade. Uma vez justificada a escolha do método dedutivo, Descartes fixa as quatro regras básicas deste método. Mondin, no livro já citado acima, citando o filósofo, descreve assim as quatro regras: “. Primeira regra: “ Não incluir em meus juízos nada além daquilo que se apresenta à minha inteligência tão clara e distintamente que exclua qualquer possibilidade de dúvida.” . Segunda regra: “Dividir todo o problema que se tem de estudar em tantas partes menores quantas forem possível e necessárias para melhor resolvê-los.” . Terceira regra: “Conduzir meus pensamentos com ordem, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir aos poucos, como por degraus, ao conhecimento dos mais complexos, e supondo uma ordem também entre aqueles dos quais uns não procedem dos outros.” . Quarta regra: “fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais que se tenha a segurança de não ter omitido nada.” (págs,66 / 67 . Grifo meu) Para Descartes o critério da verdade baseia-se na clareza e na distinção. Por clara, o filósofo entende toda percepção que está presente e é aberta à mente atenta. Por distinta entende aquela percepção que, sendo clara, é tão disjunta,diferente e separada de todas as outras, que não há margem para confusão. Mondin, no livro acima mencionado, citando a obra “Discurso sobre o método”, IV de Descartes , transscreve: “Refleti então que, enquanto queria pensar que tudo era falso, era necessário que eu, que o pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade “penso, logo existo” era tão firme e certa que não seriam capazes de abalá-la nem as mais extravagantes suposições dos cépticos, julguei que poderia aceitá-la sem receio como o princípio de filosofia que eu procurava.” (pág.69) Para Descartes a essência do homem consiste no pensamento. Segundo ele, o corpo é constituído pela res extensa (coisa extensa), ao passo que a alma é constituída pela res cogitans (coisa pensante). Ao dividir o homem em dois gêneros de substâncias res extensa e res cogitans , totalmente diferentes uma da outra, e, por isso, sem nenhuma relação mútua, ele cria o dualismo psicofísico. No que se refere ao dualismo psicofísico de Descartes, Aranha e Martins, em seu livro “Filosofando”, escrevem: “Considera então que o homem é constituído por duas substâncias distintas: a substância pensante, de natureza espiritual – o pensamento; e a substância extensa, de natureza material – o corpo. Eis aí o dualismo psicofísico. Tal posicionamento determina a nova visão do corpo, diferente da posição de Platão, pois agora ele é corpo-objeto, associado à ideia mecanicista do homem-máquina. É Descartes que afirma: “Deus fabricou nosso corpo como máquina e quis que ele funcionasse como instrumento universal, operando sempre da mesma maneira, segundo suas próprias leis.” Com isso Descartes torna o corpo autônomo, alheio ao homem.” (pág.313) Até hoje vivenciamos, na área da saúde, esta separação entre mente e corpo. Atualmente a psicologia vem tentando trabalhar com uma visão mais integrada do ser humano, vem tentando superar esta dicotomia, através de uma análiseholística do funcionamento humano.
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