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Aula 02 O NASCIMENTO DA LITERATURA COMPARADA

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LITERATURA COMPARADA
O NASCIMENTO DA LITERATURA 
COMPARADA
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Conhecer a história da Literatura Comparada, com ênfase nas etapas iniciais de sua existência, desde os
tempos antigos, quando o comparatismo dava seus primeiros passos, até o período de afirmação da disciplina
nos meios acadêmicos;
2. Reconhecer as relações necessárias entre a Literatura Comparada e a Teoria da Literatura, de onde são
colhidos os instrumentos indispensáveis para as análises comparatistas.
Na aula anterior, tivemos a oportunidade de observar que nossa disciplina está ligada diretamente aos rumos da
História do Pensamento, de um modo geral.
Nela se refletem sempre tendências importantes das Ciências Humanas, em cada época. Nesta aula, estudaremos
com mais detalhes alguns dos momentos decisivos do longo percurso histórico de surgimento e afirmação da
Literatura Comparada.
Desta forma, não será novidade afirmar que a história da Literatura Comparada vem acompanhando os rumos
da história social, política e cultural do Ocidente ao longo do tempo. Desta forma, acontecimentos marcantes,
como as duas guerras mundiais do século XX, para ficar num exemplo bem marcante, tiveram um impacto
decisivo nos rumos da disciplina.
Propor questionamentos, formular hipóteses e, por fim, construir argumentos para confirmar ou não as
hipóteses levantadas.
O domínio sobre um método fará com que ele tenha mais segurança em suas conclusões, levando-as para além
de um puro e simples “eu acho que”, ou de julgamentos de valor superficiais. Esta necessidade faz com que a
história da Literatura Comparada acompanhe sempre de perto a história da Teoria Literária. Em consequência
disso, vamos lidar com uma certa diversidade metodológica. Um mesmo trabalho terá sempre a possibilidade de
ser conduzido de várias maneiras, dependendo da escolha teórica que fizermos.
Portanto, para um melhor aproveitamento de nosso conteúdo, será útil para o aluno revisar em linhas gerais o
que já estudou nas aulas de Teoria. Mas vamos por partes. Não precisa ser tudo de uma vez. Por enquanto, não
vamos nos ocupar ainda das correntes de pensamento mais recentes do comparatismo, que se caracterizam por
um manejo mais sólido dos instrumentos teóricos na condução de seus estudos. Por enquanto, de todo o longo
trajeto de consolidação da disciplina, estudaremos apenas suas etapas iniciais:
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Manifestações ancestrais
Tempos de afirmação
Este é o longo período que antecede ao processo de afirmação da Literatura Comparada como disciplina
acadêmica. A expressão “manifestações primitivas” foi evitada, com o propósito de se prevenir a possibilidade de
interpretações errôneas e apressadas. O hábito de comparar textos oriundos de diferentes tradições culturais é
muito antigo.
Já era praticado na Antiguidade, por exemplo, quando os intelectuais romanos se curvavam diante dos tesouros
poéticos da Grécia. Neste contexto, o verbo reflexivo “curvavam-se” deve ser entendido com duplo sentido, pois
os romanos não somente se debruçaram para analisar os escritos da cultura grega, como também tinham grande
apreço por esta tradição.
Muito tempo depois, no período renascentista, o empenho em compreender os clássicos levou estudiosos da
Europa a realizar estudos comparativos. Entretanto, tais iniciativas ainda não tinham um caráter de estudo
sistemático. Além disso, algumas vezes elas tendiam a uma avaliação hierarquizante.
Ou seja, comparavam-se textos de nações e de épocas diferentes mais para buscar a afirmação da superioridade
de uma cultura sobre a outra, propósito que hoje não se considera mais como digno de atenção.
A respeito das comparações entre textos de nações e de épocas diferentes, a professora Sandra Nitrini tece
interessantes considerações, que merecem nossa atenção:
"A produção do conhecimento histórico deveria limitar-se a reproduzir a informação tal como estava
registrada nas fontes, que para eles eram representadas apenas pelos documentos oficiais emitidos
pelo Estado ou, no máximo, pela Igreja, embora as de maior confiabilidade fossem as relacionadas
apenas ao Estado que possuíam o real caráter de fonte primária. Os historiadores positivistas
trataram especialmente da história dos fatos políticos e ideológicos."
Entre as palavras-chave do fragmento apresentado, pode-se destacar “apreciar” e “mérito”. Os antigos estudiosos
tinham por meta, basicamente, avaliar a qualidade dos textos, quando se dedicavam a trabalhos de comparação.
Em geral, partia-se do pressuposto de que os grandes mestres do passado eram modelares, enquanto os textos
mais recentes deviam ser submetidos a um acurado exame, a fim de se constatar em que medida mostravam-se
capazes de se “comparar”, ou seja, de repetir o nível de excelência alcançado pelos mais antigos.
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Um aspecto para o qual a autora nos chama a atenção é a ausência do que ela chama de “projeto de
comparatismo elaborado”, que podemos traduzir por parâmetros teóricos que pudessem ser usados pelos
estudiosos para alcançar resultados efetivos em seus esforços de compreensão do material pesquisado. O nível
de excelência dos antigos não era submetido a um exame mais atento, por faltarem instrumentos de análise.
Um exemplo de obra de cunho comparatista elaborada no final do século XVI é dado por Tânia Carvalhal, no
primeiro capítulo de nosso material didático. Trata-se de um texto de Francis Meres, o Discurso comparado de
 Nota-se pelo título o apreço que osnossos poetas ingleses com os poetas gregos, latinos e italianos (1598).
intelectuais ingleses tinham não somente pelos tesouros da antiguidade clássica, como também pelas obras da
Itália renascentista.
Foi assim que a cultura europeia que emergiu do final da Idade Média se construiu a partir da revalorização das
grandes obras da Antiguidade. Foi com base neste material que as novas literaturas europeias se afirmaram.
É preciso muito cuidado ao avaliar de que modo a influência dos antigos se fez presente. Se tomarmos como
exemplo a obra épica de Camões, marco de afirmação de maturidade da Literatura Portuguesa,Os Lusíadas, 
veremos a presença de elementos tomados de empréstimo dos antigos textos épicos da Grécia e de Roma: a
Ilíada e a , de Homero e a Eneida, de Virgílio. Mas não se trata de copiar o que os antigos deixaram.Odisseia
Afinal, o texto camoniano responde aos anseios de seu próprio tempo. Busca uma expressão singular para cantar
as glórias do povo lusitano.
Assim, podemos afirmar que a Europa renascentista assimilou o legado da tradição clássica, mas retrabalhou
esta herança. Estamos muito distantes da cópia pura e simples dos modelos. A cópia pura e simples não
resultaria na criação de obras literárias dignas de responder às inquietações da sociedade europeia. Portanto,
estamos muito distante de um processo de simples cópia dos modelos consagrados.
Camões escreve um texto capaz de se comparar às obras épicas de Homero e Virgílio, mas de modo algum ele se
limita a copiar os procedimentos da poética do classicismo antigo. Pelo contrário: pelo fato de ser escrito em
português, e não em latim, como ainda era corrente na época, Camões atende à necessidade de afirmar a
identidade cultural de seu povo por meio da expressão literária.
Uma das marcas peculiares de é o fato de não afirmar o heroísmo de modo individualizado. Isso oOs Lusíadas
torna diferente de seus modelos vindos da Grécia ou Roma antigos. Enquanto nas obras homéricas a atenção
recai sobre as atitudes grandiosas de homens especiais, Aquiles, Heitor e Ulisses, na obra de Camões todo o povo
português é cantado, sendo reconhecido em sua contribuição à grande aventura coletiva das grandes
navegações.
A etapa seguinte da história da Literatura Comparada remonta ao início do século XIX e corresponde ao período
em que a Europa ensaiava seu processo de industrialização. Nesta época, o interesse por comparações era
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comum a outros campos do conhecimento humano, comoas ciências naturais. Aplicada aos estudos literários,
fez surgir uma perspectiva de cunho cosmopolita, ou seja, uma atenção à contribuição que cada povo dava ao
patrimônio cultural de toda a humanidade.
Uma nova mentalidade surgia então. Já na última década do século XVIII, impunha-se a necessidade de superar a
visão de que os modelos consagrados pela tradição eram infalíveis. Poetas e pensadores começavam a alimentar
um interesse maior pelo presente e pelo futuro do que pelas glórias do passado.
Até então, quase toda a literatura clássica tendia a valorizar o Antigo, os bons tempos que já havia passado, a
Idade do Ouro na qual somente os heróis e alguns afortunados viveram, e para a qual todos os homens
sonhavam voltar assim que o pesadelo do presente passasse.
Mas a revolução industrial trouxe o triunfo da mentalidade capitalista, com um olhar mais voltado para o agora e
o futuro. O classicismo perdia força, dando espaço ao surgimento do período romântico, no qual o conceito de
evolução terá um papel decisivo.
Um olhar voltado para a frente, para o potencial humano de construir um novo destino, passou a dominar as
almas a partir de então. Os burgueses possuíam capacidade de empreendimento e buscavam ampliar seus
negócios. Para tanto, precisavam livrar-se das amarras da tradição, fundando um novo modo de enxergar o
mundo, segundo o qual haveria mais liberdade para a criação e a imaginação.
Não demorou muito para que poetas e pensadores percebessem que a lógica burguesa atrelava este liberalismo
a seus propósitos de enriquecimento. Daí a visão romântica se articular em torno de uma visão de repulsa à
racionalidade do capitalista.
Mesmo assim, não houve um retorno aos padrões de pensamento do classicismo. Pelo contrário, os românticos
opunham-se à racionalidade burguesa afirmando a imaginação como capacidade suprema do cérebro humano.
Sua recusa em compartilhar dos princípios que norteavam os projetos de vida burgueses não foi completa, na
medida em que também valorizavam mais a invenção do que o cultivo à tradição.
Além disso, há uma outra característica do romantismo de extrema importância para a consolidação da
Literatura Comparada: o gosto pelo exótico, que levará estudiosos a se interessar pelo estudo da produção
literária de povos distantes, para além das fronteiras das nações mais ricas da Europa.
Em 1816, dois intelectuais franceses, Noél e Laplace, publicam antologias de textos de literários de diversos
países, sob o nome de Curso de , não mais do que coletâneas de trechos escolhidos, semliteratura comparada
nenhuma preocupação em confrontá-los ou de estabelecer paralelos. Os responsáveis pelo volume deixavam por
conta dos leitores a tarefa de chegar a qualquer conclusão.
Pode parecer muito pouco, mas se consideramos o contexto histórico em que tal iniciativa se deu, temos que
concordar que foi um avanço. No começo do século XIX, a Europa assistia a um processo de afirmação das
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nacionalidades e passava por um momento de intensa rivalidade e ressentimentos entre os diferentes povos do
continente. Como resultado disso, eram constantes os conflitos armados, comprometendo os princípios
fundamentais da suposta fraternidade que deveria existir entre os povos de tradição cristã.
A Literatura Comparada se propunha então como a disciplina disposta a estudar os fatos literários numa
perspectiva , para além das fronteiras políticas ou mesmo culturais. Estava aberto o caminho paratransnacional
que o conjunto da produção literária da espécie humana pudesse ser considerado objeto de estudo de uma só
disciplina.
Contudo, as limitações ideológicas da época impediam que os estudiosos enxergassem os fatos para além da
Europa. Um passo havia sido dado, mas ainda um passo pequeno.
Bem, diante de uma situação como esta, o simples fato de se organizar antologias já assumia um caráter de
tomada de posição diante das contradições da época.
Desta forma, a Literatura Comparada nasceu com vínculos bem fortes com a política, na medida em que servia de
veículo à proposição de um ideal de paz e concórdia. Ou seja, a expressão nasceu antes deLiteratura Comparada
qualquer método de análise comparativo em si. Mas, desde o início, existe o propósito de se contrapor à
mentalidade da época, de nacionalismo exagerado e clima geral de guerra a qualquer momento.
Era como se o comparatismo funcionasse como um necessário contraponto ao espírito de afirmação das
identidades nacionais. Assim, por exemplo, se França e Inglaterra se mantiveram num clima de rivalidade
armada nas primeiras décadas do século XIX, os estudos comparatistas forneciam uma medida do quanto a
literatura inglesa devia à francesa em termos de influência, de tal modo que ambos os povos possuíam um
patrimônio em comum que não podia ser desprezado. O mesmo raciocínio poderia ser estendido às relações
entre franceses e alemães, ainda mais tensas durante todo o século.
Outros momentos de afirmação da disciplina no mesmo século e ainda na França: Abel-François Villemain deu
maior divulgação à expressão “literatura comparada” em seus cursos sobre literatura do século XVIII que
ministrou na Sorbonne em 1828-1829, como também em seu livro Panorama da literatura francesa do século
XVIII. Também J.-J. Ampère, em seu Discurso sobre a história da poesia (1830), refere-se à "história comparativa
das artes e da literatura. A primeira cátedra de literatura comparada surgiu na França, em Lyon, em 1887.
Nos primeiros tempos, a disciplina foi dominada por pesquisas que punham em diálogo autores de
nacionalidades diferentes. O objetivo era traçar paralelos, em busca de um saber capaz de ultrapassar fronteiras.
A Literatura Comparada funcionaria, então, como uma instância intermediária entre cada literatura nacional,
estudada em separado, e a literatura geral, objeto de estudo bem mais ambicioso, no qual poucos se
aventuravam.
Entretanto, o comparativismo de então tinha sérias limitações:
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Uma delas era a tendência a hierarquizar as literaturas, tendo como ponto de honra a
superioridade das literaturas europeias sobre as demais e da francesa, em particular,
sobre as outras do continente.
Do ponto de vista da atitude crítica, a disciplina era tributária do atraso em que se
encontrava a Teoria da Literatura até então. Havia pouca profundidade teórica em tais
estudos.
Além disso, tudo, nas obras, tendia a ser explicado como resultado da influência do meio,
da raça ou do clima. É nítida a presença de um ideário marcado pela presença da corrente
filosófica positivista no comparatismo francês, e tal situação perdura até o início do século
XX, período em que a disciplina vai se instalar como uma cadeira regular em uma
quantidade cada vez maior de universidades.
Deste modo, a visão evolucionista esbarrava na visão etnocêntrica, ou mais precisamente eurocêntrica, que
apontava a civilização europeia como modelo ideal a ser copiado por todos os demais povos do mundo. Devemos
considerar que antes, na primeira leva de colonialismo europeu (séculos XV a XVII), os mercadores ibéricos
haviam imposto aos povos americanos a visão de que Deus os escolhera para levar ao resto do mundo a verdade
cristã. No século XIX, o capitalismo industrial levou a uma nova onda colonialista, na qual a ciência era usada
para justificar a superioridade e o predomínio dos novos donos do mundo, os franceses e ingleses.
Ou seja, o discurso científico substituía o religioso como justificativa para a exploração dos outros povos. Porém,
não se abandonava a perspectiva de que a Europa é o centro do mundo, o continente cuja cultura deveria ser
copiada por todos os demais povos do mundo, se estes melhorar, chegar a um nível de civilização superior. Para
tanto, seria necessário esperar o avançar do século XX, a fim de assistir ao início de superação desta mentalidade.
A história das ideias mostra como foi difícil romper barreiras, ultrapassar preconceitos.
O mundo em que vivemos, marcado pelas consequências da descolonização,não mais comporta uma visão
eurocêntrica. Entretanto, ainda é grande o esforço dos estudiosos no sentido de livrar-se desta herança, quando
se propõem a análises que confrontam textos e autores oriundos de diferentes partes do mundo, de diferentes
tradições culturais.
Um aspecto desta problemática é representado pelos estudos de poesia oral, algo extremamente importante se
levarmos em conta que em grande parte das nações do mundo a população possui um índice de letramento
incipiente, onde a escrita não é uma prática universalizada. Em tais países, o uso artístico da palavra se vale da
oralidade como instrumento primordial.
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É o que acontece com a poesia de grande parte da África, ou mesmo aqui no Brasil, com a produção das classes
desfavorecidas. Para os estudiosos informados numa visão eurocêntrica, por mais criativa e interessante que
seja a poesia oral, ela deve despertar a atenção apenas dos folcloristas, nunca dos estudiosos de literatura.
Os conflitos, contradições e mudanças trazidos pelo advento do novo século marcaram profundamente os
estudos comparatistas. Ao longo das próximas aulas estudaremos algumas destas mudanças. Por ora,
concentramos nossa atenção em alguns tópicos. Um deles é a consolidação de uma cultura do audiovisual, que
veicula conteúdos os mais diversos, como é o caso dos filmes. Resultado da aplicação de avanços tecnológicos
proporcionados por descobertas científicas que já estavam em curso desde o século XIX, como a fotografia, o
cinema e a gravação dos sons, permite o desenvolvimento da produção em série de artigos de consumo cultural.
Desta forma, atendia-se a um público que não parava de crescer, já que a população mundial aumentava devido
aos avanços da ciência médica.
Um dos exemplos disso é o cinema. A velha arte de narrar histórias ganha, assim, novos contornos. A literatura
de ficção passa a conviver com a emergência desta nova realidade: a palavra escrita vai deixando de reinar
soberana e precisa aprender a dividir seu espaço com as novas modalidades de narrativa. Para os comparatistas,
os novos tempos se oferecem como um fértil campo de estudos.
É bem verdade que a cultura do audiovisual se articula com os interesses do capitalismo, constituindo um novo
ramo de negócios, a indústria cultural. Assim, sofre das pressões inevitáveis no sentido de apresentar baixo grau
de invenção e predomínio de mensagens já consagradas, os clichês de consumo fácil. Um filme custa caro e os
investidores não revelam interesse em assumir os riscos de um eventual prejuízo provocado pelo recusa do
grande público em consumir seu produto. Assim, sempre dão preferência à repetição de fórmulas consagradas
de sucesso garantido.
Portanto, sempre é preciso cuidado ao analisar as relações da Literatura, arte que se alimenta na inovação
estética e no primado da imaginação, com as novas modalidades. Felizmente, a despeito de se constituir como
indústria, o cinema ganha contornos de arte, na medida em que também passa a ser usado como veículo para
experiências estéticas. O que veio a ser conhecido como “cinema de arte” afirma-se como um importante veículo
para a expressão da sensibilidade humana ao longo do século.
O mesmo se pode afirmar com relação à canção.
A tecnologia das transmissões radiofônicas vem a se constituir como fundamental para a difusão de um gênero
que, a despeito de ser muito antigo, não atraía a atenção dos pesquisadores.
No Brasil, conhecemos esta realidade de perto, uma vez que uma parte considerável de nossa produção poética
de qualidade é criada para ser interpretada no palco, antes de ser lida em livros.
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Bem, o confronto entre a produção literária e as outras artes, particularmente as novas modalidades da era do
audiovisual passa, cada vez mais, a ser incorporado como um campo de pesquisas para a Literatura Comparada.
Sendo assim, a disciplina precisa repensar seus rumos, deixando de lado uma atenção voltada unicamente ao
confronto entre diferentes literaturas nacionais.
Outra importante alteração de rumos se dará na medida em que as contribuições das novas correntes de Teoria
da Literatura, como o formalismo ou o estruturalismo, passam a ser consideradas nos estudos comparatistas.
A perspectiva de cunho positivista ainda resiste nas primeiras décadas do século, mas vão perdendo o terreno
até que em 1958, o crítico estruturalista tcheco René Wellek, durante um congresso internacional da disciplina,
ponha em cheque os fundamentos da visão antiga, e proponha um realinhamento de rumos. Os aspectos centrais
deste debate serão abordados em nossa próxima aula, destinada a explicar melhor os fundamentos teóricos
trabalhados por nossa disciplina nos dias atuais.
O que vem na próxima aula
• Tomaremos contato mais aprofundado com alguns dos debates teóricos mais importantes para a 
construção do método em Literatura Comparada, como as questões de influência, derivação, fonte, 
origem e originalidade, que dominaram a cena nas primeiras décadas de história da Literatura 
Comparada como disciplina devidamente constituída;
• Será possível fazer uma avaliação crítica da importância de se dar atenção a estas questões, por meio de 
exemplos práticos retirados da leitura de textos literários;
• A seguir, verificaremos de que modo a crítica a estes aspectos levou os pesquisadores a abrir novos 
caminhos para a disciplina, na segunda metade do século XX.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Verificará que a história da Literatura Comparada liga-se sempre a outros aspectos da história humana, 
em cada época, em particular a história do pensamento em geral;
• Irá compreender como as ferramentas de análise trabalhadas pela Teoria da Literatura são 
indispensáveis para o sucesso de qualquer pesquisa em Literatura Comparada.
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	Olá!
	
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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