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Metabolismo das proteínas Tutoria 24/05/2022 1. Entender o metabolismo das proteínas. 2. Compreender a desnutrição e sua apresentação clínica. 3. Elucidar fatores de risco e as principais causas de desnutrição. 4. Explicar os exames para o diagnóstico da desnutrição. 5. Conhecer a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) Objetivo 1: Entender o metabolismo das proteínas. Sólidos do corpo: ¾ Tipos de proteínas no corpo: estruturais, enzimas, nucleoproteínas, proteínas que transportam oxigênio, proteínas do músculo que originam a contração muscular e muitos outros tipos que realizam atividades intracelulares e extracelulares com funções específicas em todo o corpo. Propriedades básicas das proteínas Principal constituinte das proteínas: aminoácido 20 estão no nosso corpo em grandes quantidades. Todos os 20 detém de duas características em comum: um grupo carboxila (-COOH) que caracteriza os ácidos carboxílicos e um átomo de nitrogênio ligado a molécula, geralmente é o grupo amina (-NH2). Ligações peptídicas e cadeias peptídicas: Os aminoácidos se unem em grandes cadeias a partir de ligações peptídicas: Nitrogênio do radical amino do aminoácido 1 + carbono do radical carboxila do outro aminoácido 2 Libera H+ do radical amino e o OH- (ion hidroxila) é liberado = no fim libera H2O. Após a ligação o radical amino e o radical carboxila estão nas extremidades opostas que são capazes de formar mais ligações peptídicas com outros aminoácidos para formar uma = cadeia peptídica. Cadeia peptídica = a média é cerca de 400 aminoácidos. Transporte e armazenamento de aminoácidos No sangue ● Concentração normal: 35/65 mg/dl ● Para cada um dos 20 aminoácidos: 2mg/dl (varia). Como os aminoácidos são ácidos relativamente fortes eles estão no sangue na sua forma ionizada (remoção do H+ do radical NH2). Aminoácidos essenciais (10): não podem ser sintetizados em quantidades suficientes no corpo, são obtidos já formados na alimentação. Destino dos aminoácidos absorvidos do trato gastrointestinal Produto da digestão/absorção das proteínas = aminoácidos na maioria e minoria polipeptídios ou proteínas inteiras. Após a alimentação a concentração de aminoácidos aumenta relativamente pouco (alguns miligramas por decilitro) devido a duas razões: 1. Digestão/absorção de proteínas leva cerca de 2 a 3 horas fazendo com que pequenas quantidades de aminoácidos sejam absorvidas de cada vez. 2. Em todo organismo (principalmente no fígado) os aminoácidos adicionais levam de 5 a 10 minutos para serem absorvidos. Grandes concentrações de aminoácidos quase nunca se acumulam no sangue e nos fluidos dos tecidos. Transporte ativo de aminoácidos para as células: Como as moléculas dos aminoácidos são muito grandes elas vão se difundir para dentro das células a partir de difusão facilitada ou transporte ativo. Limiar renal para aminoácidos Os aminoácidos filtrados pelos capilares glomerulares podem ser absorvidos pelo epitélio tubular proximal por transporte ativo secundário para voltar ao sangue. Porém, há um limite de quanto aminoácido pode ser transportado para o sangue, e quando a concentração de um aminoácido fica alta no plasma e no filtrado glomerular seu excesso que não pode ser reabsorvido vai para a urina. Armazenamento de aminoácidos como proteínas nas células Aminoácidos nas células: se combinam por ligações peptídicas sob o comando do RNA mensageiro e o sistema ribossômico lá no citoplasma para formar proteínas celulares. Assim, há pouco aminoácido livre dentro da maioria das células e seu armazenamento não vai ser na forma de aminoácidos, mas sim de proteínas. Porém essas proteínas podem ser digeridas (decompostas) em aminoácidos sob a influência das enzimas lisossômicas intracelulares que podem voltar da célula para o sangue. Não participam dessa digestão reversa e transporte para fora das células: proteínas dos cromossomos do núcleo e as proteínas estruturais, como colágeno e proteínas contráteis musculares. Obs: o fígado pode armazenar grandes quantidades de proteínas. (sistemas especiais para o processamento de aminoácidos). Liberação de aminoácidos das células como meio de regular a concentração de aminoácidos no plasma: Quando as concentrações de aminoácidos no plasma caem as células liberam seus aminoácidos essenciais para repor o suprimento no plasma. = A concentração plasmática de aminoácidos do plasma é mantida razoavelmente constante. Hormônios capazes de alterar o equilíbrio entre proteínas do tecido e os aminoácidos circulantes: GH e insulina (aumentam a sua formação de proteínas do tecido) e os glicocorticóides e adrenocorticais aumentam a concentração de aminoácidos plasmáticos. Equilíbrio reversível entre as proteínas e as diferentes partes do corpo. Intercâmbio e equilíbrio constantes entre os aminoácidos plasmático e as proteínas: Devido a facilidade do fígado (e em menor quantidade nos outros tecidos) em sintetizar rápidamente proteínas a partir de aminoácidos plasmáticos e que essas proteínas podem sofrer o processo inverso de serem degradadas e retornar ao plasma. Por exemplo, se um tecido em particular requer proteínas, ele pode sintetizar novas proteínas a partir de aminoácidos do sangue; por sua vez, os aminoácidos do sangue são reabastecidos pela degradação de proteínas de outras células do corpo, especialmente das células do fígado. Limite superior para o armazenamento de proteínas: Cada célula tem um limite de quantidade de proteínas que pode armazenar. E que caso haja excesso de aminoácido eles vão ser degradados para serem utilizados como energia. Papéis funcionais das proteínas plasmáticas: Proteínas presentes no plasma: ● albumina, ● globulina ● fibrinogênio Albumina: impede a perda de plasma dos capilares a partir da pressão coloidosmótica do plasma. Globulinas: funções enzimáticas, transportam substâncias, imunidade natural e adquirida. Fibrinogênio: longos filamentos de fibrina na coagulação do sangue, forma coágulos para reparar sangramentos. Formação das proteínas no plasma: O fígado: forma toda a albumina, fibrinogênio e cerca de 50 a 80% das globulinas, o resto é por tecido linfóide (gamaglobulinas da imunidade humoral). Proteínas do plasma como fonte de aminoácidos para os tecidos. Quando os tecidos ficam sem proteínas, as proteínas plasmáticas (fora) podem atuar como uma fonte de reposição rápida. Processo de pinocitose: proteínas plasmáticas inteiras são englobadas por macrofagos do tecido e quando adentram são divididas em aminoácidos para voltarem ao sangue para todo o corpo e produzir novas proteínas caso necessário. Equilíbrio reversível entre as proteínas plasmáticas e as proteínas teciduais. Troca reversível de aminoácidos entre diferentes partes do corpo: 400 gramas de proteína corporal são sintetizados e degradados diariamente no fluxo de aminoácidos Aminoácidos essenciais e não essenciais No total existem 20 aminoácidos presentes no nosso corpo: Não essenciais (10): aminoácidos das proteínas animais são sintetizados nas células. Sua síntese depende da formação de um precursor: a-cetoácidos apropriados. Essenciais (10): Não podem ser sintetizados nas células ou são em pouca quantidade para as necessidades do corpo. Devem ser ingeridos pelos alimentos. Processo de transaminação: Ácido pirúvico (quebra glicolítica da glicose) > (precursor do) Cetoácido > Alanina 1. Radical amina transferido para o cetoácido. 2. Oxigênio ceto é transferido para o doador do radical amino. 3. Radical amino é transferido do ácido glutâmico para o ácido pirúvico e forma a alanina. Uso de proteínas para energia: Quando as células já armazenavam seu limite máximo de proteínas, qualquer aminoácido que entrar vai ser degradado e utilizado como energia ou vai ser armazenado como gordura ou (secundariamente) como glicogênio. Degradação é quase toda no fígado e inicia com desaminação Desanimação: remoção do grupo amino dos aminoácidos. Início do processo: excesso de aminoácidos (principalmente no fígado) induz aativação de aminotransferases para iniciar a maior parte da desaminação: Ocorre principalmente por transaminação: transferência do grupo amino para outra substância para recebê-la (inverso da síntese de aminoácidos). Grupo amino do aminoácido é transferido para o ácido a-cetoglutárico que vira ácido glutâmico. Esse ácido pode ou transferir esse grupo amino para outra substância ou liberar na forma de amônia (nh3). E caso esse ácido glutâmico perca esse grupo amino ele volta a virar ácido a-cetoglutárico. (ciclo). Objetivo 2: Compreender a desnutrição e sua apresentação clínica. Consumo inadequado principalmente de proteínas, mas também por carboidratos, lipídios e micronutrientes. Grau de desnutrição: peso da pessoa x peso considerado normal. ● Desnutrição leve: 85 a 90% do peso esperado. ● Moderada: 75 a 85% ● Desnutrição grave: <75%. IMC: abaixo de 16kg/m2 é considerado desnutrido. Desnutrição primária: um ou todos os componentes estão faltando na alimentação. Desnutrição secundária: resulta da má absorção, falha na utilização ou armazenamento, perda excessiva ou aumento da necessidade de nutrientes. Marasmo: Desnutrição grave por dieta pobre em calorias e proteínas. Magreza acentuada e ausência de tecido adiposo subcutâneo, atrofia muscular e retardo de crescimento. Sem edema. Aspecto de envelhecimento com olhos fundos e grandes. Desnutrição kwashiorkor ● Magreza acentuada, ● Ausência de tecido gorduroso. ● Edema generalizado ● Manifestações clínicas de carência de micronutrientes (anemia, dermatose, estomatite angular). ● Hepatomegalia com esteatose (fígado grande e com gordura). Cabelos finos e avermelhados e infecções repetidas. Causa do edema (edema carencial): hipoalbuminemia. A falta extrema de proteínas provoca um desequilíbrio osmótico no sistema gastrointestinal causando edema e retenção de água. A retenção de fluidos observada em indivíduos que sofrem de Kwashiorkor é resultado direto de mau funcionamento do sistema linfático e das trocas capilares. Desnutrição proteico calórica engloba 3 síndromes distintas: Nanismo nutricional: todas as regiões em desenvolvimento, deficiência crônica de macro e micronutrientes no pré-natal e durante a primeira infância. Baixo peso ao nascer e deficiências físicas e cognitivas irreversíveis, peso inferior ao normal e baixa estatura. Janela critica de ‘’1000’’ dias entre a concepção e os 2 anos de idade; Desnutrição materna: baixo peso ao nascer, primeira infancia aparece como baixo peso, baixa estatura e atraso cognitivo. Põe em risco para a desnutrição aguda em caso de carencia alimentar ou infecções agudas. Desnutrição aguda: Deficiência de principalmente macronutrientes, incluindo kwashiorkor, marasmo e kwashiorkor marasmo. Estado de baixo peso para estatura: secundário a doenças agudas ou crônicas, como insuficiência renal ou hepática… Objetivo 3: Elucidar fatores de risco e as principais causas de desnutrição. Fatores de risco Fatores da desnutrição protéico calórico em crianças: DEA (disfunção enterica ambiental) Endêmica em crianças e adultos em países em desenvolvimento. ● Vilosidades intestinais diminuídas e atrofiadas. ● Hiperplasia das criptas. ● Infiltração linfocítica da lâmina própria. Parece ser uma resposta mediada por células T a insultos ambientais repetidos, como infecções gastrointestinais com padrão de transmissão fecal oral. Efeito final: aumento da permeabilidade intestinal com translocação bacteriana e de toxinas devido a perda da integridade das junções de oclusão. Distúrbio no microbioma intestinal Não se desenvolve de forma apropriada para a idade em comparação às crianças não afetadas. Causas Condições sócio-econômicas e educacionais inadequadas: a causa mais importante para a instalação da desnutrição primária por ingestão alimentar insuficiente é a pobreza, ou seja, quando o orçamento pessoal ou familiar é insuficiente para a aquisição de alimentos. Por outro lado, a falta de condições educacionais satisfatórias pode prejudicar a capacidade de escolha dos alimentos adequados – educação alimentar ineficiente, tabus alimentares, dietas inadequadas para emagrecimento, etc. -, como também colabora para a manutenção do indivíduo no estado de pobreza pela desqualificação profissional. Alterações do psiquismo como depressão, a baixa estima, a ansiedade, o medo, o estresse, a solidão, entre outras pode provocar anorexia, impedindo a nutrição adequada. Objetivo 4: Explicar os exames para o diagnóstico da desnutrição. Deficiências nutricionais afetam o funcionamento do sistema imune que por sua vez pode alterar a suscetibilidade do indivíduo a infecções parasitárias e/ou a desordens imunológicas. Exames físicos 1) Peso corporal Valor relativo para a avaliação do paciente em relação à população geral. Embora a desnutrição protéico-calórica grave, muitas vezes, se apresenta com níveis de peso maiores do que 85% do peso desejável, a condição geralmente é detectada pela antropometria do braço. Índice de massa corporal: Peso em quilogramas dividido pelo quadrado da altura (em metros). Preferência como medida nutricional devido a: ● Relativamente independente da altura ● Os mesmos padrões aplicam-se a homens e mulheres. Dados do IMC: ● Nutrição normal: 20 até 30 ● Desnutrição proteico-calórico significativa: abaixo de 18,5. Subnutrição de primeiro grau: IMC entre 18,5 e 17 kg/m²; Subnutrição de segundo grau: IMC entre 16 e 17 kg/m² e, Subnutrição de terceiro grau: IMC abaixo de 16 kg/m². Antropometria do braço Medir a espessura da prega cutânea do tríceps para estimar a gordura corporal. CMB: circunferência muscular do braço PCT: Prega cutânea do tríceps Medida específica da desnutrição protéico calórica se o 5 ou 10 percentil for o escolhido como ponto de corte. Usado em pacientes com edema ou amputados em que os pesos são imprecisos. Proteínas séricas Nível sérico de albumina = muito utilizado devido a sua longa história e de seu emprego contínuo para separar as formas principais de desnutrição proteico calórica. Concentrações: ● Menores que 3,5g/dL Resposta inflamatória sistêmica branca. ● Menores que 2,4g/dL: Respostas inflamatórias sistêmicas graves Reflete a inflamação sistêmica que produz anorexia (ingestão limitada de alimentos) que aumenta o catabolismo proteico e acelera o desenvolvimento da desnutrição protéico-calórica. Sendo a meia vida da albumina de 18 a 20 dias e com taxa de reposição de 10% para que seus níveis voltem ao normal é necessário cerca de 2 semanas de alimentação adequada. Objetivo 5: Conhecer a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) A nova versão da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) foi aprovada na 9ª Reunião Ordinária da Comissão Intergestores Tripartite do SUS em 27 de outubro de 2011. Desde seu lançamento em 1999, a PNAN é reconhecida como importante marco legal e referência técnica e política dentre os esforços do Estado brasileiro para garantia dos direitos humanos à saúde e à alimentação. . Ela tem como propósito a melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição. Ao completar dez anos de sua publicação teve início o processo de atualização e aprimoramento das suas bases e diretrizes, na busca de uma resposta oportuna e específica do Sistema Único de Saúde (SUS) na reorganização, qualificação e aperfeiçoamento das ações de Alimentação e Nutrição para o enfrentamento da complexa situação alimentar e nutricional da população brasileira. A nova versão da PNAN apresenta‐se articulada com o Plano Nacional de Saúde e Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, representando o elo entre o SUS e o Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN). Ela reafirma os princípios doutrinários e organizativos do Sistema Único de Saúde (universalidade, integralidade,equidade, descentralização, regionalização, hierarquização e participação e controle popular), aos quais se somam os princípios a seguir: 1. alimentação como elemento de humanização das práticas de saúde; 2. respeito à diversidade e à cultura alimentar; 3. fortalecimento da autonomia dos indivíduos as escolhas e práticas alimentares; 4. determinação social e a natureza interdisciplinar e intersetorial da alimentação e nutrição 5. e a segurança alimentar e nutricional com soberania. A PNAN tem como propósito a melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição. Em sua nova versão, está organizada em nove diretrizes que indicam as linhas de ações para o alcance do seu propósito, que devem estar integradas às demais ações da Rede de Atenção à Saúde, tendo a atenção básica como ordenadora da rede e coordenadora do cuidado. Sendo consolidadas em: 1. Organização da Atenção Nutricional; 2. Promoção da Alimentação Adequada e Saudável; 3. Vigilância Alimentar e Nutricional; 4. Gestão das Ações de Alimentação e Nutrição; 5. Participação e Controle Social; 6. Qualificação da Força de Trabalho; 7. Controle e Regulação dos Alimentos; 8. Pesquisa, Inovação e Conhecimento em Alimentação e Nutrição; 9. Cooperação e articulação para a Segurança Alimentar e Nutricional.
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