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Livro Geologia

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ser 
educacional 
gente criando o futuro 
Presidente do Conselho de Administração Janguiê Diniz 
Diretor-presidente Jânyo Diniz 
Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo 
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Diniz 
Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira 
Autoria Raisa Fagundes de Figueiredo 
Projeto Gráfico e Capa DP Content 
DADOS DO FORNECEDOR 
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design lnstrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. 
© Ser Educacional 2020 
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE - CEP 50100-160 
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. 
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do 
Código Penal. 
Imagens de ícones/capa:© Shutterstock 
© 
F7\ 
~ 
1 
ASSISTA 
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. 
1 
CITANDO 
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado. 
1 
CONTEXTUALIZANDO 
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; 
demonstra-se a situação histórica do assunto. 
1 
CURIOSIDADE 
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado. 
1 
DICA 
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. 
1 
EXEMPLIFICANDO 
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. 
1 
EXPLICANDO 
Expllcaçao, eluc1daçao sobre uma palavra ou expressao espec1f1ca da 
área de conhecimento trabalhada. 
Unidade 1 - Tempo geológico, minerais e ciclo das rochas 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12 
Tempo geológico .................................................................................................................. 13 
Escala do tempo geológico ............................................................................................ 16 
Os principais métodos de datação absoluta .............................................................. 21 
Minerais e definições básicas de mineralogia .............................................................. 23 
Características físicas dos minerais ............................................................................ 26 
Classificação dos minerais ............................................................................................ 31 
O ciclo das rochas ............................................................................................................... 32 
Processos do ciclo das rochas .................................................................................... 36 
Sintetizando ........................................................................................................................... 40 
Referências bibliográficas ................................................................................................. 42 
Unidade 2 - Estudo e intemperismo das rochas, formação dos solos e característi-
cas das águas 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 44 
Estudo das rochas (petrologia) .......................................................................................... 45 
Rochas ígneas ou magmáticas ..................................................................................... 45 
Rochas sedimentares ......... .. .. .... .. .. .... .. ... ... .. .. .... .. ... ... .. .. .... .. ... ... .. .. .... .. ... ... .. .. .... .. ... ....... 49 
Rochas metamórficas ..................................................................................................... 54 
lntemperismo das rochas e formação dos solos ............................................................ 57 
lntemperismo físico ......................................................................................................... 58 
lntemperismo químico ........ .. ... ... .. .. .... .. ... ... .. .. .... .. ... ... .. .. .... .. ... ... .. .. .... .. ... ... .. .. .... .. ... ....... 59 
lntemperismo biológico .................................................................................................. 61 
Solos .................................................................................................................................. 62 
Águas superficiais e águas subterrâneas ....................................................................... 65 
Ciclo hidrológico .............................................................................................................. 65 
Hidrologia da água superficial ...................................................................................... 68 
Hidrologia da água subterrânea ................................................................................... 68 
Sintetizando ........................................................................................................................... 74 
Referências bibliográficas ................................................................................................. 76 
Unidade 3 - Análise do subsolo: métodos diretos, indiretos e aplicação de rochas 
e solos em obras de engenharia 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 78 
Investigação do subsolo: métodos diretos ...................................................................... 79 
Poços e trincheiras ......................................................................................................... 80 
Sondagem a trado ........................................................................................................... 81 
Sondagem a percussão - SPT ...................................................................................... 82 
Sondagem rotativa ............................. ... ... .. .. .... .. ... ... .. .. .... .. ... ... .. .. .... .. ... ... .. .. .... .. ... ... ....... 84 
Sondagem a rotopercussão .......................................................................................... 86 
Investigação do subsolo: métodos indiretos .................................................................. 86 
Reflexão e refração sísmica .......................................................................................... 88 
Resistividade elétrica ..................................................................................................... 91 
GPR .................................................................................................................................... 93 
Aplicação das rochas e solos em obras de engenharia .............................................. 95 
Agregados ........................................................................................................................ 97 
Rochas ornamentais ..................................................................................................... 100 
Sintetizando ......................................................................................................................... 103 
Referências bibliográficas ............................................................................................... 105 
Unidade 4 - Geologia estrutural, escavação de rocha a céu aberto, geologia de 
túneis e de barragens 
Objetivos da unidade ......................................................................................................... 107 
Geologia estrutural ............................................................................................................108 
Deformação das rochas ............................................................................................... 108 
Falhas e fraturas ...... .... .. .. .... .. ... ... ... ..... .. ... ... ... ..... .. ... ... ... ..... .. ... ... ... ..... .. ... ... ... ..... .. ........ 111 
Dobras ............................................................................................................................. 114 
Escavação de rocha a céu aberto ................................................................................... 116 
Escavação mecanizada ................................................................................................ 118 
Escavação com uso de explosivos ...... .. ... ... ..... .. ... ... ... ..... .. ... ... ... ..... .. ... ... ... ..... .. ........ 119 
Geologia de túneis ............................................................................................................. 121 
Aspectos geológicos relacionados a túneis ...... .. ... ... ..... .. ... ... ... ..... .. ... ... ... ..... .. ........ 122 
Investigações para construção de túneis ................................................................. 125 
Geologia de barragens ...................................................................................................... 126 
Tipos de barragens ........................................................................................................ 127 
Aspectos geológicos relacionados a barragens ........ .. ... ... ... ..... .. ... ... ... ..... .. ... ........ 129 
Investigações para obras de barragens ................................................................... 132 
Sintetizando ......................................................................................................................... 135 
Referências bibliográficas ............................................................................................... 136 
Olá, alunas(os)! 
A geologia é a ciência que estuda a origem da Terra, os materiais que a com-
põem, a estrutura destes materiais, os processos que agem sobre eles e as 
transformações que ocorreram no planeta ao longo do tempo. Além disso, a 
geologia é uma ciência multidisciplinar e interage com outras áreas do conheci-
mento, como química, física, biologia e engenharias. 
Assim, esta é uma disciplina básica que aborda os principais conceitos e 
processos geológicos, bem como suas aplicações nas obras que engenharia. 
Portanto, tem como intuito dar embasamento aos alunos, no sentido que os 
mesmos sejam capazes de resolver os problemas de engenharia que estejam 
relacionados à área de geologia. 
Neste material, apresentaremos a geologia de forma integrada, abordan-
do temas como o tempo geológico; as principais características dos minerais 
constituintes das rochas; o ciclo das rochas; os tipos de rocha e o papel de seu 
intemperismo na formação de solos; águas subterrâneas e superficiais; inves-
tigação do subsolo e aplicação das rochas e solos em obras de engenharia; es-
truturas geológicas; escavação de rochas a céu aberto e, finalmente, a geologia 
aplicada à construção de túneis e barragens. 
A partir de todo esse conhecimento que será adquirido, o objetivo é que 
você conquiste uma ampla visão dos processos geológicos e de como eles afe-
tam a nossa vida. Ademais, há a possibilidade de que você comece a enxergar 
tudo ao seu redor de forma diferente. 
Bem-vindas(os) e bons estudos! 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
Raisa Fagundes de Figueiredo é ba-
charel em Geologia pela UFRR (2013) 
e mestre em Geociências com ênfase 
em Geologia e Recursos Naturais pela 
UNICAMP (2016). 
Atua nas áreas de mineralogia, petro-
logia ígnea, geoquímica, geofísica e 
geocronologia. É revisora do periódico 
Arabian Journal of Geosciences. Traba-
lhou com projetos de iniciação cien-
tífica ligados a hidrogeologia e sedi-
mentologia. Trabalhou também como 
consultora na área de geofísica ligada 
a prospecção mineral. 
Currículo Lattes: 
http://lattes.cnpq.br/6712137084816477 
Este material é dedicado a todos que contribuíram para a minha formação 
como professora: tanto meus professores e família, quanto aqueles que 
dedicaram sua vida ao avanço dessa ciência tão apaixonante que é a geologia. 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
UNIDADE 
ser 
educacional 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
O Tempo geológico 
Com os avanços científicos e tec-
nológicos dos últimos séculos, a idade 
presumida da Terra passou de alguns 
milhares para cerca de 4,6 bilhões de 
anos. Na segunda metade do século 
XVIII, época em que James Hutton, que 
•• 
é considerado o pai da Geologia, começava suas pesquisas, acreditava-se que 
a Terra havia sido formada por influência divina há cerca de 7 mil anos atrás. Já 
em meados do século XIX, diversas estimativas da idade da Terra haviam sido 
realizadas em diferentes modelos que, no geral, eram bem precários. 
Entretanto, as discussões quanto à idade da Terra mudaram de rumo devi-
do a três grandes progressos: a descoberta do elemento rádio, por Marie Curie; 
a descoberta, pelo marido de Curie, de que o rádio irradia calor constantemen-
te; e, por fim, a descoberta de Lord Rayleigh, que o rádio é amplamente distri-
buído através de todas as rochas. Assim, descobria-se a radioatividade, que foi 
decisiva para o avanço das estimativas sobre a idade da Terra. 
Para conseguir compreender e explicar as características de rochas que têm 
milhões ou até bilhões de anos, os cientistas analisam o que está acontecendo 
atualmente no planeta. Embora a intensidade dos processos geológicos tenha 
sido modificada ao longo da história da Terra, as leis da natureza permanecem 
as mesmas. Por exemplo, no início da formação da Terra, o planeta era uma 
grande massa incandescente, repleto de oceanos de lava devido às intensas e 
constantes erupções vulcânicas. Atualmente os vulcões ativos são bem mais 
raros e, todavia, os mecanismos das erupções vulcânicas permanecem. 
Os estudos do tempo geológico permitem compreender, cada vez mais, a 
origem da vida e do homem. Além disso, propiciaram diversos avanços na ciên-
cia, como auxiliar Charles Darwin na formulação de sua teoria da evolução, 
levando a muitas outras observações sobre o funcionamento do planeta, do 
sistema solar e de todo o universo. Todos esses avanços só foram possíveis 
porque a geologia possibilita investigar a extensa história da Terra, decifrando 
o que foi "escrito em pedras". Dessa forma, o registro geológico é a informa-
ção preservada das rochas originadas em vários tempos da história da Terra. 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
As primeiras observações geológicas relacionadas ao tempo vieram com o 
estudo dos fósseis . Formas de vida, datadas desde o início da formação da Terra, 
foram preservadas por processos físico-químicos específicos e impressas em ro-
chas. Assim, ao correlacionar rochas com determinados tipos de fósseis, a histó-
ria geológica de uma região pode ser reconstruída. Contudo, alguns organismos 
viveram por um longo tempo geológico, o que torna trabalhoso determinar em 
qual intervalo de tempo a rocha foi formada. Portanto, os fósseis-índices são os 
melhores indicadores, uma vez que foram seres vivos que viveram durante um 
intervalo de tempo muito curto. 
EXPLICANDO 
O termo "fóssil" refere-se a qualquer traço de vida no registro geológico. Os 
fósseis podem ser restos de animais, plantas, conchas, ossos ou dentes, mas 
também podem ser apenas o registro de qualquer atividade de organismos, 
como pegadas, tocas ou fezes. Os fósseis podem ser formados de diferentes 
maneiras, mas a maioria é concebida quando uma planta ou animal morre em 
um ambiente aquoso e é soterrado por material argiloso. Os tecidos moles 
se decompõem rapidamente, sobrando apenas os ossos ou conchas. Com o 
tempo, os sedimentos se acumulam e transformam-se em rocha. 
A composição dos fósseis é totalmente inorgânica, posto que toda a matéria 
orgânica é substituídapor minerais ao longo do tempo. Dessa forma, os seres 
ficam preservados nas rochas por milhares, milhões e até bilhões de anos, sen-
do utilizados como "pistas" para a reconstrução dos eventos geológicos que 
mudaram a Terra. Entretanto, é importante ressaltar que nem todas as rochas 
contém fósseis, apenas algumas do tipo sedimentar, que serão estudadas mais 
adiante. 
A determinação do tempo da formação das rochas e das formas de vida ne-
las registradas pode ser realizada a partir de datações absolutas ou relativas. 
A idade absoluta fornece a idade numérica de uma rocha, e pode ser obtida 
através de métodos radiométricos ou outras técnicas que indiquem o intervalo 
de tempo com exatidão. Antes do século XX, quando não se sabia muito a res-
peito das idades absolutas, os geólogos somente conseguiam determinar se 
um elemento era anterior ou posterior a outro, ou seja, suas idades relativas. 
Por conseguinte, a idade relativa apenas informa se uma rocha é mais jovem 
ou mais antiga que outra. 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
Para compreender a sequência de eventos geoló-
gicos ao longo do tempo e chegar a uma idade rela-
tiva, alguns princípios precisam ser respeitados. 
Esses princípios foram definidos por Nicolaus 
Steno e James Hutton, nos séculos XVII e XVIII, e 
permitem ordenar as camadas de rochas no tempo 
a partir de suas relações laterais e verticais em uma 
determinada área: 
• O princípio da horizontalidade original estabelece que 
os sedimentos são depositados, sob a influência da gravidade, 
em camadas quase horizontais. Se as camadas estiverem do-
bradas ou inclinadas, pode-se inferir que foram deformadas por 
esforços tectônicos após seus sedimentos terem sido depositados. 
• O princípio da superposição estipula que, em uma sequência não per-
turbada tectonicamente, cada camada de rocha sedimentar é mais nova que 
aquela sotoposta e mais antiga que a sobreposta. Uma camada mais nova não 
pode se alojar embaixo de uma camada já depositada. 
• O princípio da continuidade lateral determina que uma sequência de ro-
chas idênticas, expostas em lados opostos de um vale, deve ser interpretada como 
resquícios de camadas que já foram contínuas na região em que o vale foi aberto. 
• O princípio das relações de interseção estabelece que qualquer feição 
geológica cortada ou afetada por outra é mais jovem que a rocha que a corta 
ou a estrutura que a afeta. Por exemplo, uma falha ou veio que corta uma ro-
cha é mais jovem que a rocha. 
Figura 1. Fóssil de lagarto do lago Crato encontrado na 
Bacia do Ara ripe, estado do Ceará. Fonte: Museu Nacio-
nal, s.d. Acesso em: 23/12/2019. 
Segundo esses princípios, uma 
sequência não deformada de rochas 
sedimentares, formada a partir da de-
posição de sedimentos (areia, argila), 
será horizontal, e as camadas superio-
res serão mais novas que as camadas 
inferiores. Ademais, os fósseis encon-
trados em cada camada evidenciam os 
organismos que ali viviam quando ela 
foi depositada. 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
•• 
Escala do tempo geológico 
O tempo geológico corresponde ao tempo transcorrido desde a forma-
ção da Terra até os dias atuais. Ele é representado na forma de uma escala 
de tempo geológico e funciona como um calendário para os eventos que 
ocorreram ao longo da história do planeta. Esse longo período foi dividido 
em intervalos menores, a fim de facilitar a compreensão da evolução do 
planeta. Esses intervalos são chamados de unidades cronoestratigráfi-
cas e correspondem, em ordem decrescente de duração, aos éons, eras, 
períodos, épocas e idades. 
ASSISTA 
Assista ao vídeo ABC da astronomia, produzido pela TV 
Escola, que discorre sobre a estrutura da Terra e seu 
desenvolvimento ao longo do tempo. 
Dessa forma, o tempo pode ser compreendido desde os intervalos, ou uni-
dades, mais longos e gerais até aqueles mais curtos e específicos. A escala do 
tempo geológico foi obtida a partir da datação relativa das rochas, ou seja, pe-
los eventos nelas registrados através da superposição das camadas sedimen-
tares ou dos fósseis nelas contidos. Com a introdução das datações absolutas, 
ou geocronológicas, foi possível estabelecer limites numéricos entre os inter-
valos. Esses limites são marcados por mudanças abruptas no registro fóssil, 
muitas vezes correspondendo a grandes extinções em massa. 
Os éons correspondem aos intervalos mais longos da escala, possuindo 
centenas de milhões de anos de duração. Existem quatro deles, a saber: Ha-
deano, Arqueano, Proterozoico e Fanerozoico, sendo que os três primeiros nor-
malmente são agrupados e denominados de Pré-Cambriano. Ademais, os éons 
correspondem às quatro grandes mudanças físicas e biológicas que a Terra 
experimentou durante sua história, descritas a seguir: 
• O Éon Hadeano é o intervalo mais antigo da escala, e sua datação corres-
ponde ao período compreendido entre 4,6 e 3,9 bilhões de anos atrás. Conside-
rado a infância da Terra, neste éon a superfície do planeta foi constantemente 
bombardeada por toda matéria de sobra do processo de formação do Sol e dos 
planetas. 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
• O Éon Arqueano é o intervalo entre 3,9 e 2,5 bilhões de anos e é o momen-
to em que se tem os primeiros registros de vida unicelular. As rochas sedimen-
tares formadas nos oceanos durante o Éon Arqueano continham formas de 
vida microscópicas com características de bactéria, e esses organismos foram 
por muito tempo (bilhões de anos) a única forma de vida da Terra. Os estroma-
tólitos, formados por colônias de bactérias fotossintetizantes conhecidas como 
cianobactérias ou algas azuis, viviam em águas rasas. 
Durante esse éon, a atmosfera da Terra era composta por metano, amô-
nia, hidrogênio e monóxido de carbono, sendo, portanto, considerada inóspita 
para as formas de vida atuais. Além disso, o clima durante o Éon Arqueano era 
muito quente e úmido, e mesmo os oceanos também eram muito quentes. 
Erupções vulcânicas constantes ao redor do mundo emanavam enormes volu-
mes de cinza e poeira para a atmosfera, causando violetas tempestades com 
raios e chuvas contínuas. 
• O Éon Proterozoico corresponde ao intervalo compreendido entre 2,5 
bilhões e 542 milhões de anos, sendo este o éon mais longo da escala de tempo 
geológico. As rochas depositadas nesse intervalo apresentam os primeiros re-
gistros de organismos multicelulares, e os estromatólitos ainda eram comuns 
nas águas rasas dos oceanos proterozoicos. Entretanto, outras formas de vida 
surgiram e, assim como no Arqueano, viviam em condições extremas de águas 
muito quentes e extremamente salgadas. No final do Éon Proterozoico, as cé-
lulas eucariontes (que contém núcleo) apareceram e tornaram-se as ancestrais 
de todas as formas de vida moderna. 
Uma das principais extinções ocorreu neste éon, no qual o oxigênio 
acumulado na atmosfera causou a morte das bactérias que estavam adap-
tadas às condições inóspitas da atmosfera arqueana. Ademais, durante 
esse éon, tem-se registro de duas Eras do Gelo, momento em que o gelo 
polar passou a ter quilômetros de profundidade e cobrir uma área que se 
estendia até o Equador. 
• Por fim, o Éon Fanerozoico corresponde ao intervalo compreendido entre 
542 milhões de anos atrás e o presente, sendo este o momento em que ocorre 
a grande diversificação das formas de vida. O nome Fanerozoico, derivado de 
phaneros (visível) e zoicos (vida), é bem adequado, uma vez que representa o 
intervalo conhecido por seu abundante e diversificado registro fóssil. 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
Os éons são subdivididos em intervalos de tempo menores, denomi-
nados de eras, em que eventos da história da Terra são utilizados para 
determinar seus limites. Essas divisões refletem uma profunda mudança 
no registro fóssil, incluindo a extinção e o aparecimento de novas formas 
de vida. Na escala do tempo geológico, o Éon Fanerozoico é dividido em 
três eras: Cenozoica, Mesozoica e Paleozoica, ao passoque eras são subdi-
vididas em períodos. Os eventos que limitam os períodos são amplos em 
relação a sua extensão, mas não são tão significativos quanto aqueles que 
delimitam as eras. 
A Era Paleozoica começa com o Período Cambriano e termina com o Perío-
do Permiano. Esta era é marcada pela maior extinção em massa que já aconte-
ceu na Terra e é dividida em seis períodos: 
• Cambriano: momento no qual ocorreu uma grande diversificação das for-
mas de vida nos oceanos, conhecida como "explosão cambriana"; 
• Ordoviciano: período no qual aparecem os primeiros vertebrados, ances-
trais dos peixes atuais; 
• Siluriano: momento no qual aparecem as primeiras plantas terrestres e 
os primeiros artrópodes terrestres; 
• Devoniano: período no qual tem-se os primeiros registros de insetos voa-
dores, assim como os verdadeiros peixes (com mandíbula). Este foi o período 
em que os anfíbios ocuparam a Terra; 
• Carbonífero: momento em que predominavam grandes florestas que 
deram origem ao carvão mineral. Também foi quando surgiram os primeiros 
répteis; 
• Permiano: período no qual ocorreu a maior extinção 
em massa já encontrada nos registros geológicos, mar-
cando o limite entre as Eras Paleozoica e Mesozoica. Es-
tima-se que em torna de 80% das espécies existentes 
desapareceram em alguns milhões de anos. 
A Era Mesozoica, conhecida como a Era dos Répteis, foi 
o momento no qual viveram os dinossauros. Ela divide-se em 
três períodos: 
• Triássico: período em que os vertebrados evoluíram a pon-
to de diferenciarem-se em répteis e mamíferos; 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
• Jurássico: momento em que surgiu a primeira ave, originada dos dinos-
sauros. Aqui surgiram também as primeiras plantas com flores; 
• Cretáceo: esse período é marca-
do por uma grande extinção, na qual 
praticamente metade das espécies 
existentes desapareceu. Dos répteis 
restaram crocodilos, lagartos, tarta-
rugas e cobras, mas as grandes espé-
cies, como dinossauros e outros rép-
teis de grande porte, vanesceram. A 
hipótese mais aceita para explicar o 
motivo dessas grandes extinções é 
que um meteorito, com aproximada-
mente 1 O km de diâmetro, tenha caí-
do na Terra. 
A Era Cenozoica corresponde à era com as subdivisões mais detalha-
das da escala de tempo geológico. Além de ser dividida em períodos, seus 
períodos são divididos em épocas, subdivisão que só pode ser realizada 
na porção mais recente da escala. Isso se deve ao fato de as rochas mais 
velhas terem sido destruídas, intensamente deformadas e/ou modificadas 
ao longo dos processos geológicos da Terra, o que torna a interpretação do 
registro geológico mais antigo muito difícil. Posto isso, os períodos da Era 
Cenozoica são: 
• Paleógeno: nesse período, os nichos que eram ocupados pelos extintos 
dinossauros passaram a ser ocupados por pequenos mamíferos; 
• Neógeno: foi o momento no qual o clima passou a ser mais frio e seco. 
É quando acontece o início da formação das grandes montanhas como Hi-
malaia e Alpes, e também, quando ocorre a evolução da espécie humana; 
• Quaternário: esse período começou há apenas 2 milhões de anos e se 
estende até o presente. É marcado pela grande era do gelo que começou há 
2 milhões de anos e perdurou até 10 mil anos atrás. Além disso, foi quando 
ocorreu a extinção dos grandes mamíferos como os mamutes, as preguiças 
gigantes e os tigres-dentes-de-sabre. É também quando aparece o homem 
moderno. 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
TABELA 1. ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO COM A EVOLUÇÃO DA VIDA NA TERRA 
Unidades de tempo 
111111111111 
Terciár io 
Cretácio 
Jurássico 
Triásico 
Permiano 
Carbonífero 
Devoniano 
Siluriano 
Ordoviciano 
Hadeano 
1,8 
65,5 
145,5 
199,6 
245 
299 
359 
416 
443 
488 
542 
2500 
4000 
4566 
-Holoceno 
Pleistoceno 
Plioceno 
Mioceno 
Oligoceno 
Eoceno 
Paleoceno 
" Idade dos 
répteis" 
"Idade dos 
anfíbios" 
"Idade dos 
invertebrados" 
Fonte: CARNEIRO; MIZUSAKI; ALMEIDA, 2005, p. 16. (Adaptado). 
Desenvolvimento de plantas e 
animais 
Desenvolvimento do homem 
" Idade dos mamíferos" 
Extinção dos dinossa,u~os e muitas 
Primeiras plantas com flores 
Primeiros pássaros 
Dinossauros dominantes 
Extinção de trilobitas e muitos animais 
marinhos 
Primeiros répteis 
Grandes pântanos de carvão 
Anfíbios abundantes 
Primeiros insetos fósseis 
Primeiras plantas terrestres 
Primeiros peixes 
Trilobitas 
Primeiros organismos com conchas 
Primeira fauna de metazoários 
grandes 
Primeiros organismos multicelulares 
Primeiros organismos unicelulares 
Idade mínima da crosta 
Origem do Sistema Solar 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
•• 
Os principais métodos de datação absoluta 
A descoberta da radioatividade foi um grande avanço para que ocorresse, 
de maneira confiável, a medição das idades absolutas. Em 1905, Rutherford 
sugeriu que a radioatividade poderia ser utilizada para medir a idade exata de 
uma rocha. Ele chegou a esta conclusão após conseguir calcular a idade de uma 
rocha a partir de medições do seu teor de urânio. Foi neste momento que se 
deu início a datação isotópica ou radiométrica, que consiste em usar elemen-
tos radioativos naturais, aprisionados nos minerais, para determinar a idade 
numérica da rocha. Em 1956, o geólogo Clair Patterson mediu o decaimento 
radioativo do urânio em rochas terrestres e lunares, além de meteoritos, para 
determinar que o Sistema Solar, e consequentemente a Terra, havia se forma-
do há 4,56 bilhões de anos atrás. 
Para compreender os princípios que regem a datação isotópica, é impor-
tante lembrar que o núcleo de um átomo é composto por prótons e nêutrons. 
O número de nêutrons de um mesmo elemento químico pode variar, mas o 
número de prótons permanece constante. A estes elementos dá-se o nome de 
isótopos. A maioria deles é estável, mas existem isótopos que são instáveis 
(radioativos) e, por isso, seu núcleo pode decair ou desintegrar-se espontanea-
mente, liberando partículas e formando um átomo de um elemento diferente. 
Ao átomo original dá-se o nome de pai e ao átomo gerado como produto do 
decaimento dá-se o nome de filho. 
A datação isotópica é baseada no decaimento de isótopos radioativos 
quando os átomos-pais instáveis são transformados em isótopos filhos está-
veis. Esse decaimento ocorre a uma taxa constante. Ao medir a quantidade 
de isótopos pais e filhos em uma amostra, é possível calcular a idade abso-
luta de uma rocha e, consequentemente, dos eventos geológicos envolvidos. 
Esses isótopos são aprisionados em minerais específicos durante a cristaliza-
ção das rochas ou durante seu metamorfismo. O mineral mais comumente 
utilizado para esse fim é o zircão (ZrSiO4), encontrado em uma ampla varie-
dade de rochas. O zircão mais antigo do mundo foi encontrado em Jack Hills, 
na Austrália, com idade de aproximadamente 4,4 bilhões de anos. Já a rocha 
mais antiga da América do Sul, localizada no estado do Piauí, apresenta idade 
de 3,5 bilhões de anos. 
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Entretanto, a datação absoluta a partir de isótopos radioativos só é possível 
se uma quantidade mensurável de átomos-pai e átomos-filho permanecer na ro-
cha. Dessa forma, se a rocha é muito antiga e a taxa de decaimento do elemento 
analisado é muito rápida, quase todos os elementos-pai já foram transformados. 
Os elementos que possuem taxa de decaimento muito longa, de bilhões de anos, 
por exemplo, são usados para medir a idade absoluta de rochas muito antigas; 
ao passo que os que decaem rapidamente, como o carbono-14, podem ser utili-
zados apenas para datar rochas muito jovens. 
Os métodos de datação isotópica permitem datar diferentes materiais para 
diversos propósitos, como, por exemplo, corpos rochosos na busca de minério e 
petróleo; núcleos de gelo para criar gráficos de variações climáticas; amostras de 
água para compreender a circulação dos oceanos e até bolhas de ar presas em 
minerais e gelo para medir mudanças nacomposição da atmosfera. 
Além da datação isotópica, as idades absolutas podem ser obtidas com base 
na análise de ciclos de crescimento de árvores, nos quais o aumento de suas di-
mensões ocorre em determinado intervalo de tempo. Todavia, 
este é um método muito limitado e restrito a materiais muito 
recentes. Já a análise de estratos argilosos pode ser utilizada em 
caso de depósitos de geleiras, no qual as camadas mais finas são 
depositadas nos meses mais frios e as camadas mais grossas nos 
meses mais quentes. Entretanto, este é um método de baixa precisão. • TABELA 2. LIMITES USUAIS DE ALGUNS MÉTODOS DE DATAÇÃO 
Método 
Análise de ciclos de 
crescimento de árvores 
Análise de estratos 
argilosos 
Carbono-14 
Métodos geológicos 
Datação por U-Pb e 
outros 
Baseia-se em 
Ciclos anuais e das manchas solares 
Ciclos anuais, das manchas solares e 
de precessão de equinócios 
Matéria orgânica morta 
Velocidades admitidas de processos, 
como intemperismo, erosão etc. 
Decaimento radioativo de elementos 
encontrados em rochas e minerais 
Fonte: CARNEIRO; MIZUSAKI; ALMEIDA, 2005, p. 27. (Adaptado). 
Aplica-se a intervalos da 
ordem de (anos) 
3.000 
15.000 
30.000-50.000 
Sob restrições, a todos os 
períodos geológicos 
Todos os períodos geológicos 
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O Minerais e definições básicas de mineralogia •• 
A mineralogia é a ciência que estuda as características, além das proprieda-
des físicas e químicas, dos minerais, assim como sua identificação e classifica-
ção. Posto isso, é possível afirmar que os minerais e seus derivados estão em 
todos os lugares. Todas as pessoas já tiveram contato com os minerais, uma 
vez que eles estão presentes, por exemplo, nos solos dos jardins, nas areias de 
praia, nas rochas das cachoeiras e das montanhas. 
Além disso, os produtos inorgânicos utilizados pelo homem em seu cotidia-
no ou são minerais bruto ou são derivados de substâncias minerais. O sal de 
cozinha comum, por exemplo, é constituído por um mineral de sódio e cloro 
conhecido como halita. 
Os minerais são elementos ou compostos químicos em estado sólido, com 
composição homogênea/definida dentro de certos limites e formados natural-
mente por meio de processos geralmente inorgânicos. Mais de 5 mil minerais são 
conhecidos e aprovados pela Associação Internacional de Mineralogia (IMA), mas, 
para que uma substância seja considerada um mineral, é necessário que ela: 
1 
CURIOSIDADE 
Acesse o site http://rruff.info/ima/ para conhecer todos os minerais catalo-
gados pela Associação Internacional de Mineralogia. 
• Seja de ocorrência natural: um mineral deve ter sido formado por proces-
sos naturais e, portanto, cristais fabricados em laboratório não podem ser con-
siderados minerais. Muitos laboratórios industriais e de pesquisa produzem 
equivalentes sintéticos de materiais com ocorrência na natureza, incluindo-se 
aqui pedras preciosas como diamante, rubi e esmeralda. Embora não sejam 
minerais, a similaridade com os elementos naturais permite que os materiais 
sintéticos sejam referidos pelos nomes mineralógicos e qualificados pelo ter-
mo sintético (como o diamante sintético, por exemplo). 
• Seja sólido: os minerais são substâncias sólidas, o que significa que eles 
não podem ser líquidos ou gases. Logo, o gelo formado naturalmente (aquele 
presente nas calotas polares, por exemplo) é considerado mineral, mas a água 
em estado líquido, não. 
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• Tenha arranjo atômico altamente ordenado: a estrutura interna dos 
átomos ou íons que constituem os minerais está distribuída ordenadamen-
te, formando uma rede tridimensional denominada de retículo cristalino. Os 
materiais sólidos que não têm arranjo atômico ordenado são considerados ví-
treos ou amorfos (sem forma) e, logo, não podem ser considerados minerais. 
Os cristais sintéticos, embora apresentem arranjo atômico ordenado, não tem 
ocorrência natural e por isso não podem ser considerados minerais. 
• Tenha composição química homogênea e definida: a maioria dos mi-
nerais são formados por compostos químicos que resultam da combinação de 
diferentes elementos químicos, e sua composição pode ser fixa ou variar, des-
de que dentro de limites bem definidos. Poucos minerais têm uma composição 
química muito simples, ou seja, dada por átomos de um mesmo elemento quí-
mico. Como exemplo destes minerais, há o diamante (formado por átomos de 
carbono) e o ouro (formado por átomos de ouro). 
• Por fim, de acordo com as definições mais tradicionais, os minerais são for-
mados por processos inorgânicos. Todavia, há uma tendência em aceitar que 
os minerais podem também ser produzidos organicamente. Embora a maioria 
dos minerais sejam de origem inorgânica, ou seja, formados normalmente por 
processos inorgânicos, existem compostos orgânicos naturais que satisfazem 
todos os outros pontos da definição de mineral. Um exemplo é o carbonato 
de cálcio das conchas dos moluscos, a calcita, cujo material é idêntico à calcita 
formada por processos inorgânicos. 
A origem dos minerais está diretamente relacionada aos compostos quí-
micos e as condições físicas, como temperatura e pressão, predominantes em 
seu ambiente de formação. Um fenômeno responsável por esta origem é o 
resfriamento de magmas, no qual vão se formando cristais que crescerão con-
forme o resfriamento. Outro fenômeno existente é a cristalização de substân-
cias a partir de soluções aquosas saturadas em determinados 
elementos, como, por exemplo a halita (cloreto de sódio) e a 
calcita (carbonato de cálcio). Além disso, devido a mudanças 
de pressão e temperatura sobre as rochas, os minerais 
podem tornar-se instáveis e recristalizarem-se em uma 
nova estrutura cristalina mais estável, adequada para 
as novas condições. 
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Posto isso, temos os mineraloides e as gemas. Os primeiros são uma subs-
tância química natural, semelhante aos minerais, mas que divergem desta de-
finição em dois aspectos: em sua estrutura interna e/ou composição química. 
Exemplos de mineraloides são o vidro vulcânico (que é amorfo) e o mercúrio 
(que é líquido). Já a gema é um mineral, mineraloide ou rocha que possui valor 
econômico e que pode ser utilizado como artigo de ornamentação ou joia. São 
conhecidas popularmente como "pedras preciosas" e se destacam por algumas 
propriedades físicas e ópticas, atrativas economicamente. Por fim, a gemologia 
é a ciência que tem como objetivo identificar e classificar as gemas. 
O principal processo de formação dos minerais é a partir do resfriamento 
de um magma, que é uma rocha derretida e quente que pode variar bastan-
te em sua composição química. Quando a temperatura do magma cai abaixo 
do seu ponto de fusão, minerais começam a se cristalizar, como é o caso da 
olivina e do feldspato. O tamanho dos cristais está diretamente relacionado à 
taxa de resfriamento do magma; portanto, quando mais lentamente um mag-
ma resfria, maiores serão os cristais da rocha resultante. Entretanto, quando 
o resfriamento é extremamente rápido, como, por exemplo, quando a lava do 
vulcão entra em contato com a superfície, não há tempo para a formação de 
um arranjo cristalino ordenado, gerando os produtos conhecidos como obsi-
diana e vidro vulcânico. 
A cristalização também pode ocorrer quando os líquidos de uma solução 
evaporam. À medida que a água evapora de uma solução salina, o líquido tor-
na-se tão saturado que não pode mais conter sais. Dessa forma, se a evapo-
ração continuar, a sal começa a se precipitar na forma de cristais. É a situação 
que ocorre na formação do sal de cozinha, um mineral 
conhecido como halita, quando a água do mar evapora 
até atingir o ponto de saturação. 
Outra situação que propicia a formação de mine-
rais ocorre a partir de eventos geológicos que 
deformam as rochas pré-existentes, culminando 
em pressões e temperaturas que desestabili-
zam os minerais e, assim, ocasionama recris-
talização de novos minerais mais estáveis sob 
as novas condições. 
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•• 
Características físicas dos minerais 
Os minerais muitas vezes podem, também, ser identificados a partir de algu-
mas propriedades físicas relacionadas a sua composição química e estrutura cris-
talina. As principais propriedades físicas utilizadas para identificação rápida dos 
minerais são: 
Cor: é conferida a partir da luz refletida ou transmitida através dos cristais e está 
diretamente relacionada com a química e estrutura dos minerais. Embora seja uma 
característica importante, não pode ser utilizada como uma propriedade distintiva, 
uma vez que alguns minerais podem apresentar diversas cores. Além disso, alguns 
minerais variam levemente de cor, dependendo do ângulo de incidência da luz. To-
davia, quando o elemento químico causador da cor é essencial ao mineral, a cor 
pode ser utilizada como característica diagnóstica. A cor também é determinada por 
alguns elementos-traço (aqueles que perfazem menos de 0,1%) no mineral, conside-
rados como impurezas. Por exemplo, a esmeralda deve sua cor verde ao cromo, ao 
passo que a cor azul da safira está relacionada à presença de ferro e titânio. 
Transparência: os minerais que absorvem pouca ou nenhuma luz são denomi-
nados transparentes, enquanto que os elementos que absorvem totalmente a luz 
são considerados opacos. Já aqueles que absorvem a luz consideravelmente, são 
chamados de translúcidos, o que significa que é possível reconhecer parcialmente 
uma imagem através deles. 
Brilho: corresponde à quantidade de luz refletida pela superfície de um mineral. 
Os que refletem a maior parte da luz (> 75%) apresentam brilho metálico, o que 
ocorre com a maioria dos minerais opacos. Entretanto, é importante ressaltar que 
alguns minerais podem sofrer leve oxidação superficial, acarretando na perda par-
cial do brilho metálico.Já os minerais que refletem menos luz apresentam brilho não 
metálico, que pode ser dividido em: 
• Vítreo: brilho do vidro, é o brilho não metálico mais comum (quartzo, fluorita, 
feldspato, calcita); 
• Resinoso: brilho da resina (esfalerita); 
• Sedoso: é o brilho da seda e normalmente é observado nos minerais fibrosos 
(serpentinita, gipso fibroso); 
• Nacarado: brilho da pérola, é observado normalmente nas superfícies parale-
las à clivagem (talco, pirofilita); 
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• Gorduroso: brilho que assemelha-se a uma fina camada de óleo sobre o 
mineral (nefelina, quartzo leitoso); 
• Adamantino: é um brilho caracterizado por alta cintilância da luz (diaman-
te, rutilo). 
Traço: é a cor do pó do mineral, obtida ao riscar o mineral contra uma placa 
de porcelana de cor branca. Esta é uma propriedade útil para a identificação de 
minerais opacos ou ferrosos, que apresentam traço colorido. 
Figura 2. Teste da cor do traço do mineral em porcelana branca. Fonte: PRESS; GROTZINGER; SIEVER; JORDAN, 2006, p. 73. 
Dureza: é a resistência que o mineral apresenta ao ser riscado. Essa pro-
priedade pode ser classificada de acordo com a escala de Mohs (Tabela 3), 
com padrões que variam de 1 a 1 O em ordem crescente de dureza. Em um 
extremo encontra-se o mineral mais mole, o talco, e no outro o mineral mais 
resistente, o diamante. Alguns objetos, como moedas, estiletes, facas, vidros 
e mesmo outros minerais, são utilizados para tentar identificar onde o mine-
ral se situa na escala de dureza. Por exemplo, se um mineral puder ser riscado 
por um pedaço de quartzo, mas não pela faca, sua dureza estará entre 5 e 7 
na escala de Mohs. 
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Mineral 
Talco 
Gipso/Gesso 
Calcita 
Fluorita 
Apatita 
Ortoclásio 
Quartzo 
Topázio 
Coríndon 
Diamante 
TABELA 3. ESCALA DE DUREZA DE MOHS 
Número na escala Objetos comuns 
Riscados pela unha 
Riscado por uma moeda de cobre 
Riscados por uma faca ou vidro 
Clivagem: é a tendência que o mineral apresenta de partir-se em superfícies 
planas definidas, em que o rompimento ocorre, preferencialmente, ao longo de pla-
nos atômicos de fraqueza em sua estrutura cristalina, ou seja, aqueles com ligações 
químicas mais fracas. O termo clivagem também é utilizado para descrever o padrão 
geométrico produzido pela quebra, e os minerais normalmente apresentam mais 
de uma direção de clivagem. Além disso, a qualidade da clivagem pode ser perfeita 
ou excelente, como nas micas e na calcita; boa, como na maioria dos piroxênios; 
regular ou imperfeita, como na aragonita; ou má, como na apatita. Todavia, muitos 
minerais não apresentam clivagem, como é o caso do quartzo e da pirita. 
Figura 3. Fotografias mostrando a clivagem mineral. A primeira evidencia uma calcita com duas direções de clivagem, 
ao passo que a segunda apresenta uma mica com uma direção de clivagem. Fonte: PRESS; GROTZINGER; SIEVER; 
JORDAN, 2006, p. 70. 
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Fratura: é a tendência que o mineral tem de quebrar-se ao longo de superfícies 
irregulares, em vez de quebrar segundo os planos de clivagem. A fratura sem cliva-
gem aparece geralmente em minerais com apenas um tipo de ligação química, cuja 
intensidade é aproximadamente igual em todas as direções. As fraturas podem ser 
conchoidais, as quais possuem superfícies lisas encurvadas, com textura de concha 
e, normalmente, aparecem em peças de vidro espessas; já as fraturas que apresen-
tam aspecto de madeira rachada são denominadas de fraturas fibrosas. 
Figura 4. Obsidiana com fratura conchoidal. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2020. 
Figura 5. Gipso com fratura fibrosa. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2020. 
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Densidade relativa: é o número que indica quantas vezes certo volume 
do mineral é mais pesado que o mesmo volume de água a 4 ºC. Posto isso, 
pode-se afirmar que a densidade dos minerais varia em um amplo espectro, 
sendo que minerais metálicos geralmente são mais densos que minerais 
não-metálicos. A determinação precisa desse valor é realizada com o uso 
de uma balança específica. Todavia, com a prática, é possível determiná-lo 
manualmente de forma qualitativa. 
Hábito cristalino: é a forma geométrica externa exibida por cristais ou 
agregados de cristais responsável por refletir sua estrutura cristalina. Co-
mumente chamado apenas de hábito, corresponde a uma das caraterísticas 
mais expressivas dos minerais, posto que estes geralmente possuem maior 
ocorrência de formas geométricas regulares. Portanto, os hábitos frequen-
temente têm nomes de forma geométrica, como lâminas, placas e agulhas. 
Além disso, alguns minerais têm o hábito cristalino tão característico que 
podem ser facilmente identificados por esta propriedade. Entretanto, é im-
portante distinguir se os hábitos ocorrem em cristais isolados ou agregados 
de cristais. Os hábitos mais comuns de cristais isolados são: prismático, la-
minar e tabular. Já os hábitos mais comuns de agregados cristalinos são: 
fibroso, acicular, botrioidal e radial. 
Figura 6. Cristal de quartzo com hábito prismático. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2020. 
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Figura 7. Hábito botrioidal característico da malaquita. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2020. 
•• 
Classificação dos minerais 
Todos os minerais conhecidos são agrupados em classes minerais basea-
das no ânion ou radical aniônico dominante em sua fórmula química. Os prin-
cipais minerais formadores de rocha correspondem a cinco grupos, a saber: 
• Silicatos: são os minerais mais abundantes da Terra e correspondem a 
97% do volume da crosta. São formados pela combinação de átomos de oxi-
gênio e silício com outros elementos. São exemplos desses minerais o quartzo 
(Si O 
4
) e a olivina [(MgFe)
2
SiO 
4
]; 
• Carbonatos: são aqueles constituídos de carbono e oxigênio e combina-
dos com cálcio e magnésio. São exemplos desses minerais a calcita (CaCO
3
) e a 
dolomita [CaMg (CO)
2
]; 
• Óxidos: são compostos de ânion oxigênio(02·) e cátions metálicos, como a he-
matita (Fep) e a cassiterita (SnO
2
); 
• Sulfetos: são os minerais constituídos de ânion sulfeto (S2·) e cátions metálicos. 
Um exemplo de sulfeto é a pirita (FeS
2
); 
• Sulfatos: são constituídos de ânion sulfato (SO/) e cátions metálicos, como a 
anidrita (Caso 4), por exemplo. 
Elementos nativos, hidróxidos e haletos são menos comuns que os minerais 
formadores de rocha citados anteriormente. Os elementos nativos são aqueles 
minerais que ocorrem naturalmente como elementos puros, sendo o caso do cobre 
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e do ouro. Os hidróxidos são minerais compostos de hidroxila (OH-), ao passo que 
cátions metálicos e haletos possuem como ânion principal os halogênicos (CI-, F-J_ 
CURIOSIDADE 
Yanomamita é um mineral que possui arsênio e índio em sua composição 
(lnAs0
4
.2H
2
0), além de apresentar uma coloração que pode ir do verde 
ao amarelo esverdeado. Embora o nome do mineral seja em homenagem 
aos índios Yanomami, que habitam os estados de Roraima e Amazonas, 
a yanomamita foi descoberta em uma mina de estanho e índio em Monte 
Alegre de Goiás - GO. Minerais de índio são muito raros, contando com 
apenas sete tipos descritos em todo o mundo. 
Já os minerais polimorfos são aqueles que têm praticamente a mesma compo-
sição química, mas com estruturas cristalinas diferentes, o que reverbera em suas 
propriedades físicas e morfológicas. Por exemplo, diamante e grafita são polimor-
fos de carbono, uma vez que ambos apresentam a mesma composição química. To-
davia, suas estruturas cristalinas são bem diferentes e, portanto, são considerados 
espécies distintas. O diamante natural é formado nas altas pressões e temperaturas 
do interior da Terra, enquanto que a grafita forma-se em pressões 
e temperaturas mais baixas. 
Por fim, os minerais isomorfos são aqueles que pos-
suem estrutura cristalina muito semelhante, mas com-
posição química diferente. É o caso dos carbonatos calcita, 
magnesita e siderita, cuja composição é CaCO3, MgCO3 e FeCO3, 
respectivamente. 
o • •• 
As rochas são materiais constituídos por agregados de minerais, de um ou 
mais tipos, que compõem a crosta terrestre e o interior do planeta. Dependendo 
do processo de formação sua consistência e rigidez podem variar, o que resulta 
em rochas duras ou friáveis. Assim sendo, é importante não confundir rocha com 
sedimentos, uma vez que sedimentos são um conjunto de partículas ou grãos mi-
nerais soltos como a areia da praia, ao passo que as rochas, ao contrário, têm seus 
minerais ou grãos constituintes bem unidos. 
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Quando os minerais constituintes são da mesma espécie, a rocha é con-
siderada monominerálica, como o calcário, que é constituído de calcita, e 
o quartzito, que é constituído de quartzo, por exemplo. Todavia, quando a 
rocha é constituída por minerais de diferentes espécies, ela é considerada 
poliminerálica. Essas rochas são muito mais comuns, e alguns exemplos 
são granito, basalto e gnaisse. As rochas podem ser classificadas, quanto ao 
seu processo de formação, em três grandes grupos: rochas ígneas ou mag-
máticas, sedimentares e metamórficas. 
• As rochas ígneas ou magmáticas são formadas a partir da consoli-
dação do magma e podem ocorrer em profundidade (plutonismo) ou em 
superfície (vulcanismo); 
• As rochas sedimentares são o produto de uma cadeia de processos 
que ocorrem na superfície do planeta. Essa cadeia inicia-se no intemperis-
mo de rochas pré-existentes, que as transforma em sedimentos que serão 
depositados novamente e compactados até formarem outra rocha; 
• As rochas metamórficas são formadas pelas transformações mine-
ralógicas e texturais causadas por mudanças das condições de pressão e 
temperatura de outras rochas. Essas transformações ocorrem sempre em 
estado sólido. 
Em termos de distribuição das rochas na crosta terrestre, 95% de seu vo-
lume é constituído por rochas ígneas ou metamórficas (rochas cristalinas), 
enquanto apenas 5% é constituído por rochas sedimentares. Entretanto, ao 
considerar apenas a área de exposição de rochas superficiais, esse volume 
muda para 75% de rochas sedimentares e 25% de rochas ígneas ou meta-
mórficas. Essa mudança evidencia que as rochas sedimentares constituem 
uma fina camada rochosa que sobrepõe as rochas ígneas e metamórficas, 
consideradas maioria quando se trata da constituição da crosta. 
Embora os processos de formação dessas classes de rochas sejam dis-
tintos, eles se relacionam e resultam em um ciclo chamado de ciclo das 
rochas. Esse ciclo existe desde o início da história do planeta, posto que a 
Terra é geologicamente ativa e está em constante transformação. A partir 
da interação do sistema de placas tectônicas e do clima, materiais e energia 
são trocados entre o interior da Terra, a superfície terrestre, os oceanos e 
a atmosfera. 
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O sistema do clima envolve todos os componentes do sistema Terra que 
determinam não apenas o clima em escala global mas também como ele muda 
com o tempo. Dessa forma, o sistema do clima não envolve apenas o compor-
tamento da atmosfera, mas inclui também suas interações com a hidrosfera, 
biofera, criosfera (calotas polares e geleiras), crosta e manto terrestre. 
Já em relação ao sistema de placas tectônicas, a parte rígida da crosta ter-
restre está fragmentada em 12 grandes placas que se movem alguns centíme-
tros por ano na superfície terrestre, cujas forças que as empurram e arrastam 
têm sua origem no interior da Terra. O material quente do interior da Terra 
ascende onde as placas se separam, formando uma nova crosta, e, à medida 
que essa nova crosta é formada, ela torna-se mais rígida e pode eventualmente 
afundar, arrastando material de volta para o interior da Terra. Essa dinâmica 
das placas constitui o sistema de placas tectônicas. 
Posto isso, pode-se afirmar que a fusão das placas tectônicas leva à for-
mação de magma no interior da Terra. Quando esse magma transborda pelos 
vulcões até a superfície e resfria-se, as rochas recém-formadas são submetidas 
ao processo conhecido como intemperismo, que é condicionado pelo clima. 
O intemperismo é um processo que altera física e quimicamente as rochas, 
transformando-as novamente em sedimentos. Além disso, o vulcanismo injeta 
enormes volumes de cinzas (piroclastos) e gases de efeito estufa na atmosfe-
ra, podendo afetar todo o clima global. À medida que o clima muda, também 
muda a taxa de intemperismo das rochas e a taxa de produção dos sedimen-
tos. Muitos dos detritos e materiais dissolvidos produzidos pelo intemperismo 
são erodidos e transportados pela água ou vento e depositados em rios, lagos 
e oceanos. 
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Com o passar do tempo, os sedimentos que são depositados no mar e 
no continente são sucessivamente soterrados em camadas nas bacias sedi-
mentares, além de serem compactados até que rochas sedimentares sejam 
formadas. Essas rochas aprofundam-se na crosta e são submetidas ao peso 
das rochas sobrejacentes, ocasionando aumento progressivo da temperatu-
ra. Quando a profundidade excede 1 O km e as temperaturas tornam-se maio-
res que 250 ºC, as rochas sedimentares começam a se transformar em rochas 
metamórficas. Com o contínuo aumento da temperatura, as rochas podem 
fundir-se e formar um novo magma a partir do qual as rochas ígneas irão 
cristalizar, recomeçando o ciclo. 
O exemplo citado é apenas uma das maneiras com a qual o ciclo das ro-
chas pode ocorrer. Outra situação possível é quando a fusão das placas gera 
magma em profundidade e assim ele permanece. A dissipação do calor do 
magma para as rochas adjacentes faz com que a cristalização de minerais 
aconteça lentamente, até que a solidificação ocorra por completo e o magma 
se transforme em rocha. Essa rocha em profundidade pode ser levada até 
a superfície através da movimentação de falhas da crosta, denominada de 
soerguimento tectônico.Ao aflorarem na superfície, as rochas ficam expostas à ação da água da 
chuva, dos rios, do vento e do gelo. Com a ação do intemperismo, ocorre a 
desagregação das rochas e a transformação de solos, os quais são transpor-
tados por diversos agentes até as regiões mais baixas e ocasionam a com-
pactação desses sedimentos até se transformarem em rocha sedimentar. 
Esta rocha pode atingir grandes profundidades e, consequentemente, sofrer 
aumento da temperatura e mudanças em suas características texturais e mi-
neralógicas, transformando-se em uma rocha metamórfica. Movimentos tec-
tônicos podem soerguer essa rocha para a superfície, expondo-a à ação do 
intemperismo e recomeçando outro ciclo. 
Nesse contexto, a compreensão da dinâmica do ciclo das 
rochas permite até a realização de previsões a respeito 
das mudanças climáticas, da agricultura, das correntes 
oceânicas e da disponibilidade de recursos naturais, como 
minério e petróleo, além de tantas outras relacionadas a as-
pectos fundamentais da vida moderna. • 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
.,,,,.-- .... 1 ~-S~o-lo~___.I~ 
~------"'C.~ + + + ~ l~nt~em_ p_e-ris_m_o~ 
1 1 1 
1 1 1 ' \ \ 
Figura 8. Ilustração esquemática do ciclo das rochas. Fonte: CARNEIRO; GONÇALVES; LOPES, 2009, p. 56. 
Processos do ciclo das rochas 
•• 
Cristalização: o magma gerado por diversos processos no interior da crosta 
pode transbordar para a superfície por meio dos vulcões ou, então, permanecer 
em profundidade. Quando o magma extravasa, o seu resfriamento pode ser tão 
rápido que praticamente não haverá a cristalização dos minerais, o que irá gerar 
vidro vulcânico e ocasionar a consolidação das rochas magmáticas extrusivas. 
Quando o magma permanece em profundidade, a taxa de resfriamento é mais 
lenta, o que permite que os cristais se desenvolvam e atinjam tamanhos maiores 
que aqueles das rochas extrusivas. As rochas formadas em profundidade são 
denominadas de rochas ígneas intrusivas (ou plutônicas) e podem atingir a su-
perfície por meio do soerguimento tectônico. 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
EXPLICANDO 
O soerguimento tectônico é o soerguimento de massas rochosas que 
ocorre devido à movimentação de zonas de fraqueza na crosta terrestre, 
conhecidas como falhas. Este fenômeno pode causar grandes terremotos. 
Figura 9. A) Amostra de rocha extrusiva com cristais tão pequenos que não são vistos a olho nu. B) Amostra de rocha 
intrusiva, com cristais bem desenvolvidos. 
lntemperismo: quando expostas à superfície, as rochas passam a ser sub-
metidas a fenômenos físicos de desagregação e fraturamento, assim como a 
fenômenos químicos de dissolução e oxidação, entre outros, o que forma um 
manto de alteração sobre elas. A esse processo dá-se o nome de intemperis-
mo. As rochas deixam de ser duras e coesas e transformam-se em materiais 
desagregados, fragmentados e dissolvidos. O intemperismo pode ser físico, 
químico ou biológico. 
O intemperismo físico é a desagregação física da rocha e a separação 
dos grãos minerais, antes coesos, originando partículas de minerais ou frag-
mentos de rocha. Uma das causas do intemperismo físico é a expansão e 
contração térmica das rochas submetidas a variações de temperatura ao 
longo dos dias e noites. Também ocorre quando corpos rochosos que estão 
em profundidade ascendem a níveis mais rasos, por soerguimento tectônico 
ou pela ação erosiva de sua superfície, gerando fraturas ocasionadas pelo 
alívio de pressão. 
O intemperismo químico é o resultado da ação da água, que infiltra e per-
cola as rochas através das fissuras geradas pelo intemperismo físico, pro-
vocando transformações mineralógicas nas rochas. A água meteórica, ou 
água da chuva, é oxidante e, ao entrar em contato com o CO2 da atmosfera, 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
adquire caráter ácido e causa dissolução e/ou oxidação das rochas. Dessa 
forma, o intemperismo químico produz novos minerais (minerais secundá-
rios) a partir da alteração dos minerais primários. 
Por fim, o intemperismo biológico, que ocorre devido a ação de organis-
mos vivos sobre as rochas, atua conjuntamente com o intemperismo físico 
e químico. O crescimento das raízes das árvores, por exemplo, gera pressão 
suficiente para causar fraturamento e desagregação das rochas. Já a decom-
posição da matéria orgânica dá origem a ácidos orgânicos que, ao serem as-
similados pela água, a tornam ainda mais ácida e intensificam os efeitos do 
intemperismo químico. 
Erosão, transporte e deposição dos sedimentos: a erosão ou denuda-
ção é o conjunto de processos que mobiliza e remove os fragmentos e partí-
culas geradas pelo intemperismo das rochas. A erosão é classificada de acor-
do com o seu agente atuante: 
• Pluvial: é aquela produzida pela ação da chuva. Embora seja lenta, a ero-
são pluvial pode ser acelerada caso haja ausência de vegetação, visto que as 
raízes dão mais resistência ao solo, além de favorecer a infiltração da água. O 
fluxo de água pode desenvolver grandes ravinas nos solos; 
• Fluvial: é causada pela ação dos rios. A erosão fluvial é semelhante à 
erosão pluvial, porém ocorre em maior escala e em regime permanente ou 
mais prolongado; 
• Eólica: é causada pela ação dos ventos e costuma ocorrer em regiões 
mais áridas; 
• Glacial: é aquela provocada pela ação do gelo. As massas de gelo deslo-
cam-se muito lentamente, mas possuem grande capacidade de transporte, 
podendo carregar enormes blocos de rochas; 
• Marinha: é aquela causada pela ação das ondas do mar e das marés. 
A falta de vegetação contribui bastante para o processo de erosão, que 
pode trazer graves consequências, como desmoronamento de terra e remo-
ção de solos férteis. Os materiais fragmentados e dissolvidos são transpor-
tados por diferentes agentes, como água, gelo, vento e gravidade, até zonas 
mais baixas, as bacias de sedimentação. O transporte desses materiais pode 
ser muito longo, estendendo-se por milhares de quilômetros até desembocar 
em alguma bacia sedimentar que pode ser um lago, mar ou oceano. 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
Figura 10. Ravinas provocadas pela erosão pluvial. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 18/02/2020. 
Compactação e formação das rochas sedimentares: à medida que as 
camadas de sedimentos se acumulam, o material depositado é soterrado e, 
assim, compactado nas bacias de deposição pelas camadas de sedimentos 
sobrejacentes. A partir disto, as camadas de sedimentos soterrados sofrem 
mudanças físicas de pressão e temperatura, bem como reações químicas que 
promovem a litificação dos sedimentos, processo de endurecimento pelo 
qual os sedimentos se transformam em rocha sedimentar. 
Metamorfismo: compreende o conjunto de processos pelos quais uma 
rocha é transformada em outra através de reações que se processam no es-
tado sólido. Essas reações promovem modificações texturais e mineralógi-
cas, ou até mesmo químicas, na rocha original. No ambiente metamórfico, as 
rochas são submetidas a condições de temperatura e pressão diferentes da-
quelas em que se formaram, ou seja, maiores se a rocha original for sedimen-
tar, menores se for uma rocha magmática. Em qualquer situação, as rochas 
pré-existentes ficam em desequilíbrio em seu novo ambiente e é justamente 
esse estado de instabilidade que provoca as transformações e reações me-
tamórficas. 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
Sintetizando • 
Nessa unidade, tratamos dos aspectos básicos relacionados ao tempo geo-
lógico e como ele está impresso nas rochas, das características e classificações 
dos minerais, bem como da interação entre rochas e clima que define o ciclo 
das rochas. Vimos que o tempo geológico é um intervalo de tempo muito além 
do qual o ser humano está acostumado a lidar. Afinal, são quase 4,6 bilhões 
de anos que a Terra vem passando por intensas transformações que permiti-
ram a evolução da vida e o surgimento da espécie humana. Todo esse tempo 
é representado na forma de uma escala do tempo geológico e funciona como 
umcalendário para os eventos que ocorreram ao longo da história do planeta. 
Assim como se divide o ano em meses, semanas e dias, o tempo geológico é di-
vido em intervalos menores, chamados de unidades cronoestratigráficas, que 
correspondem aos éons, eras, períodos, épocas e idades. 
A determinação do tempo em que ocorreu a formação das rochas e formas 
de vida nelas registradas pode ser feita a partir de datações relativas ou abso-
lutas. A datação relativa indica a sequência de eventos geológicos e, para isso, 
é necessário levar em consideração os princípios da horizontalidade original, 
da superposição, da continuidade lateral e das relações de intersecção. Para lo-
calizar essa sequência no tempo, utilizam-se vestígios de vida preservados nas 
rochas: os fósseis. Outra forma de se determinar o tempo é através da datação 
absoluta, que indica numericamente a idade das rochas e pode ser feita com 
base no ciclo de crescimento de árvores, nos ciclos de estratos argilosos ou por 
datação isotópica. 
Em relação aos minerais, estudamos suas definições básicas, as caracte-
rísticas utilizadas em sua identificação, os processos de geração e a classifica-
ção dos minerais de acordo com sua composição química. Além disso, vimos 
que os minerais são substâncias sólidas, geralmente de origem inorgânica, de 
ocorrência natural, com arranjo atômico bem ordenado e composição química 
definida. Quanto aos processos de formação dos minerais, o principal deles é 
o resfriamento de um magma. Todavia, a cristalização pode ocorrer, também, 
por precipitação em um líquido saturado ou pelo metamorfismo de rochas pré-
-existentes. As principais características físicas dos minerais utilizadas para a 
sua rápida identificação são: cor, transparência, brilho, traço, dureza, clivagem, 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
fratura, densidade relativa e hábito cristalino. Ademais, os principais minerais 
são agrupados em classes baseadas em sua fórmula química, a saber: silicatos, 
carbonatos, óxidos, sulfetos e sulfatos. 
Além disso, destacamos os conceitos básicos sobre os tipos de rocha e sua 
formação, a fim de tratar do ciclo das rochas e dos processos que o constituem. 
As rochas podem ser classificadas, quanto ao seu processo de formação, em 
três grandes grupos: rochas ígneas, sedimentares e metamórficas. As rochas 
ígneas ou metamórficas constituem boa parte da crosta, ao passo que as ro-
chas sedimentares correspondem à maioria das rochas expostas na superfície. 
Abordamos, ainda, o ciclo das rochas como um produto da interação entre os 
sistemas climático e de placas tectônicas. A partir dessa interação, ocorre a 
troca de materiais e energia entre o interior da Terra, a superfície terrestre, a 
atmosfera e os oceanos. Os principais processos que fazem parte desse ciclo 
são: cristalização, intemperismo, erosão, transporte, deposição e compactação 
dos sedimentos para a geração das rochas sedimentares, assim como o meta-
morfismo das rochas. 
FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
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FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA. 
UNIDADE 
ser 
educacional 
FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA. 
O Estudo das rochas (petrologia) •• 
A petrologia é o estudo de todos os tipos de rochas existentes na natureza, 
que podem ser ígneas, sedimentares ou metamórficas. As rochas ígneas são 
aquelas originadas a partir de material fundido no interior da crosta, que pode 
ascender ou não à superfície. 
As rochas sedimentares são formadas na superfície terrestre, pela ação de 
agentes ambientais sobre rochas preexistentes. Já as rochas metamórficas for-
mam-se quando outras rochas, até mesmo metamórficas, passam por trans-
formações em virtude de condições de pressão e/ou temperaturas diferentes 
daquelas em que foram originalmente formadas. 
Portanto, a partir do estudo das rochas é possível compreender os proces-
sos de dinâmica interna e externa do planeta. Isso se deve ao fato de que cada 
tipo de rocha é formado em um ambiente específico, fornecendo "pistas" sobre 
as condições do planeta na época de formação das rochas. 
Muitos desses processos acontecem no interior da crosta e são impossíveis 
de serem visualizados. Assim, a petrologia experimental, que simula as condi-
ções do interior da crosta, contribuiu muito para a compreensão dos processos 
de formação das rochas. 
As rochas sempre foram utilizadas pelo homem para diversas funções, des-
de a época da pedra lascada, quando os homens começaram a produzir os 
primeiros artefatos a partir de rochas ígneas. 
As técnicas de aproveitamento foram sendo aperfeiçoadas ao 
longo do tempo, e hoje as rochas são utilizadas para extração de 
minério, de agregados para construção civil, como reservatórios 
de água subterrânea, e de petróleo, além de outros inúmeros usos. 
Rochas ígneas ou magmáticas 
•• 
O termo "ígneo" tem sua raiz no latim ignis, e refere-se àquilo que tem 
sua origem no fogo, ou seja, as rochas ígneas são aquelas geradas a partir 
da fusão de material do interior da Terra. Trata-se de rochas formadas a 
partir do resfriamento e solidificação do magma, por isso também são de-
nominadas magmáticas. 
FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA. 
Magma é o termo mais geral para qualquer material rochoso fundido, de 
consistência pastosa, que descreve a mistura de líquido, gases e cristais que esse 
líquido contenha em suspensão. 
O magma pode deslocar-se no interior da crosta em direção a regiões menos 
quentes, no qual perde calor e se consolida, cristalizando os minerais que cons-
tituirão as rochas ígneas. 
Os magmas apresentam alta temperatura, da ordem de 700 ºC a 1200 ºC. 
Quando extravasa à superfície, por meio dos vulcões, passa a receber a denomi-
nação mais específica de lava. Isso porque, durante o processo vulcânico, o ma-
terial fundido sofre modificações físico-químicas que o diferenciam do magma 
retido e cristalizado em profundidade. 
Ao solidificar, essa lava forma uma rocha ígnea extrusiva (ou vulcânica), 
constituída por mineralóides e cristais muito pequenos, às vezes impossíveis de 
serem reconhecidos. Um exemplo de rocha vulcânica é o basalto, que quando 
intemperizado forma solosmuito férteis para agricultura, conhecidos popular-
mente como terra roxa. 
A mobilidade do magma é em função de alguns parâmetros como composi-
ção química, grau de cristalinidade (proporção de material já cristalizado), teor 
de voláteis dissolvidos e a temperatura que se encontra. Essa consistência física, 
que implica em maior ou menor facilidade para fluir, é definida pela viscosidade. 
Magmas menos viscosos, ou seja, aqueles mais fluidos como os basálticos, ex-
travasam com maior facilidade, formando corridas de lavas que chegam a atingir 
dezenas de quilômetros de extensão. Já magmas mais viscosos, como os riolíticos, 
têm dificuldade para extravasar e "entopem" os condutos vulcânicos, acumulando 
magma e gases a altas pressões que provocam vulcanismo explosivo. 
Os produtos gerados numa erupção vulcânica podem ser líquidos, gasosos 
ou sólidos. A lava é constituída pelo material fundido, predominantemente líqui-
do, e bolhas de gases. Durante a erupção, gases e vapores dissolvidos no magma 
são lançados para a atmosfera. 
O mais abundante é o vapor d'água, mas também são emitidos compostos de 
S, CI e F que, quando reagem com a água, originam ácidos nocivos para a saúde 
e que chegam a destruir a vegetação. Nas erupções explosivas, materiais sólidos 
são lançados na atmosfera, desde poeiras até blocos de rochas com mais de 50 
cm de comprimento. 
FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA. 
Quando o magma permanece em subsuperfície, a solidificação ocorre a par-
tir da dissipação do calor para as rochas adjacentes, formando uma rocha ígnea 
intrusiva (ou plutônica). 
O granito é o tipo de rocha intrusiva mais abundante e é amplamente empre-
gado para revestimentos de pisos e bancadas na construção civil. O processo de 
resfriamento dessas rochas é muito mais lento que nas rochas extrusivas, sendo 
capaz de formar cristais bem desenvolvidos que muitas vezes são usados como 
ornamentação ou pedras preciosas. 
O magma fica contido na câmara magmática em profundidade, na qual a 
pressão dos voláteis é capaz de gerar fraturamento e assimilação das rochas 
encaixantes, podendo até modificar a composição do magma. 
Figura 1. Representação esquemática dos corpos ígneos intrusivos e extrusivos. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 
18/02/2020. 
As rochas ígneas são classificadas de acordo com a textura, composição quí-
mica ou composição mineralógica. A textura é referente ao tamanho dos cristais 
da rocha (granulação), que por sua vez está diretamente relacionado com a velo-
cidade de resfriamento do magma. 
FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA. 
Quando o resfriamento da lava é muito rápido, ocorre apenas a solidifica-
ção de vidro vulcânico (amorfo) ou de cristais muito pequenos. Quando os cris-
tais não se desenvolvem a ponto de serem vistos a olho nu, a rocha é denomi-
nada afanítica. 
Por outro lado, quando o resfriamento do magma é mais lento, há tempo sufi-
ciente para que os cristais se desenvolvam, sendo possível visualizar os minerais 
em uma amostra de mão. Nesse caso, a rocha é classificada como fanerítica. 
Figura 2. Rocha máfica afanítica (basalto). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2020. 
Figura 3. Rocha félsica fanerítica (granito). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2020. 
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A classificação mineralógica das rochas ígneas diz respeito às proporções re-
lativas de minerais escuros e claros presentes. Os termos "claro" ou "escuro" são 
referentes à aparência dos minerais na amostra de mão. 
Os minerais escuros são chamados de máficos ou ferromagnesianos, en-
quanto os minerais claros são denominados félsicos. Dessa forma, as rochas 
ígneas faneríticas e afaníticas podem ser: félsicas, quando até 50% dos minerais 
são máficos; máficas, quando os minerais máficos perfazem entre 50 e 90% da 
rocha, e ultramáficas, quando a rocha é constituída praticamente por minerais 
máficos (>90%). 
A categorização das rochas ígneas também pode ser feita com base na com-
posição química delas, no teor de SiO
2 
(sílica) presente nas rochas. A sílica é 
abundante na maioria das rochas ígneas e representa geralmente entre 40 e 
70% do seu peso total. Segundo esse parâmetro, as rochas ígneas podem ser: 
ácidas, com teor de sílica superior a 66%; intermediárias, com teor de sílica entre 
66 e 52%; básicas, com teor de sílica entre 52 e 45% e ultrabásicas, com teor de 
sílica inferior a 45%. 
A composição química de uma rocha reflete diretamente na composição mi-
neralógica. Nas rochas ácidas e intermediárias, a abundância de sílica resulta na 
cristalização do quartzo, que representa o excesso de sílica não incorporada nos 
demais minerais silicáticos. 
Nessas rochas predominam minerais félsicos, de cores claras e com alto teo-
re de Si, AI, K e Na, como os feldspatos. Por outro lado, nas rochas básicas e 
ultra básicas, o conteúdo reduzido de sílica implica em elevados teores de Mg, Fe 
e Ca que são incorporados nos minerais máficos, como olivina e piroxênio, e dão 
coloração escura a rocha. 
• 
Rochas sedimentares 
A maior parte da superfície da Terra é recoberta por rochas sedimentares 
ou sedimentos inconsolidados de diversas origens. Os sedimentos normalmente 
têm origem a partir do intemperismo dos continentes, mas alguns resultam de 
restos de organismos com conchas. 
Ainda existem aqueles constituídos de cristais inorgânicos que se precipitam 
quando elementos químicos dissolvidos nos mares e lagos se combinam para 
formar outros minerais. Assim, as rochas sedimentares foram sedimentos n. 
FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA · · 
passado e, portanto, as condições da superfície terrestre da época ficam regis-
tradas nas rochas. 
A partir de uma rocha sedimentar é possível voltar no tempo e inferir as áreas 
(rochas) fonte dos sedimentos e os tipos de ambientes em que foram deposita-
dos, tais como rios, lagos e desertos. 
Os sedimentos e rochas sedimentares são produzidos durantes os estágios 
superficiais do ciclo das rochas. Trata-se de processos que atuam sobre as ro-
chas assim que elas são expostas à superfície. 
Eles se iniciam com o intemperis-
mo e erosão das rochas ou área fonte, 
onde são criados e removidos os sedi-
mentos, e são transportados até uma 
área de acumulação, onde são depo-
sitados em camadas. Os processos se-
dimentares também funcionam como 
ciclo, uma vez que as rochas sedimen-
tares, quando expostas à superfície, 
sofrem os efeitos do intemperismo, ini-
ciando um novo ciclo. 
Após a desagregação mecânica e al-
teração das rochas pelo intemperismo 
e a remoção pela erosão, as partículas 
e fragmentos são transportados pelas 
correntes de água, ar, gelo e gravidade 
para regiões mais baixas. 
Esse transporte pode ocorrer por centenas de quilômetros e fica registra-
do nas rochas pelo tamanho (granulometria) e grau de arredondamento dos 
grãos que a constituem. 
Ao analisar a granulometria de uma rocha sedimentar é possível inferir se ela 
foi formada próxima à área fonte, pois o processo de transporte causa abrasão 
dos grãos, reduzindo o tamanho e angulosidade deles. 
Portanto, quanto maiores e mais angulosos forem os grãos de uma rocha 
sedimentar, menor a distância de transporte desde a área fonte até a bacia de 
sedimentação. 
FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA. 
Distância de transporte 
Pequeno Moderado Longo 
Maior, mais angular Menor, mais arredondada 
Figura 4. Representação entre o grau de arredondamento dos grãos e a distância do transporte. Fonte: PRESS et ai., 
2006, p. 126. 
Os sedimentos transportados tendem a se acumular em depressões na 
crosta terrestre, ou seja, nas bacias sedimentares. Uma vez depositado, o ma-
terial sedimentar começa a ser soterrado sobre novas camadas de sedimentos 
e passa a sofrer diagênese. 
Diagênese é um conjunto de mudanças físicas e químicas que transformam 
os sedimentos em rochas. Essas mudanças resultam do aumento das tempe-
raturas e pressões na medida em que são soterrados, uma vez que a tempe-
ratura aumenta cerca

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