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Anatomia da Orelha e Otites

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SAI III – Otorrinolaringologia Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 
1 
 
OTITES 
ANATOMIA DA ORELHA 
EXTERNA 
PAVILHÃO AURICULAR capta as ondas sonoras e as 
conduz ao meato acústico, além de amplificar o som e 
aumentar sua intensidade. 
CONDUTO AUDITIVO (MEATO ACÚSTICO 
EXTERNO) prolonga a concha (parte côncava do 
pavilhão) até a membrana timpânica. Possui parte 
cartilaginosa (2/3 iniciais) e óssea (1/3 final), sendo a 
divisão dessas parte mais estreita (istmo), que possui 
terminações nervosas, sendo mais dolorosa. 
Revestido por epitélio, tendo pelo e glândulas que 
produzem cerume. 
MEMBRANA AUDITIVA separa o meato acústico 
externo do ouvido médio. 
EXTERNA epitélio, faz parte da orelha externa. 
MÉDIA fibrosa, responsável pela tensão da membrana. 
INTERNA mucosa do tipo respiratória. 
Com a chegada do som, a membrana vibra, passando a 
vibração para o martelo. 
No centro, há o cabo 
(apófise longa), o umbigo e 
a apófise curta do martelo 
e o cone luminoso. 
Cone luminoso existe, pois, 
a membrana não é plana, 
mas sim côncava. 
MÉDIA juntamente com a orelha externa, é responsável 
por captar o som e conduzi-lo até o labirinto anterior ou 
a cóclea (quando o som chega no estribo, este vibra 
causando uma pressão hidráulica que será transmitida 
para dentro da orelha interna). 
CAIXA TIMPÂNICA contém os ossículos: martelo, 
bigorna e estribo. 
TUBA AUDITIVA abre-se na rinofaringe pelo óstio 
faríngeo da tuba auditiva, comunicando a tuba com a 
faringe. Mantém a pressão interna igual a externa, 
promovendo equilíbrio pressórico. 
Possui uma parte óssea (1/3 posterior) e outra 
cartilaginosa (2/3 anteriores, mais próximos à faringe). 
Envolvida por dois músculos: levantador do véu palatino 
e o tensor do véu palatino. Abre-se com o movimento 
do palato mole (mastigação, deglutição ou ao bocejar), 
jogando ar para a orelha média. 
MÚSCULOS TENSOR DO TÍMPANO E ESTAPÉDIO 
controlam a intensidade dos sons que chegam à cavida-
de timpânica. Quando há 
um som muito alto, eles 
se contraem, fazendo 
com que haja menor 
vibração da membrana 
timpânica, protegendo-a 
de possíveis rupturas. A 
rotura desses causa hiperacusia. 
INTERNA estrutura escavada dentro do osso temporal, 
onde se insere a cápsula ótica. 
A criança tem a tuba auditiva mais horizontalizada, o que 
facilita que o conteúdo da faringe passe para a orelha 
média, infeccionando – otite média aguda. Orientar a 
mãe a não alimentar a criança deitada, para que o 
conteúdo inferido não passe para a orelha média. 
 
 
 
 
 
 
 
A diferença de pressão entre as duas faces da membrana 
timpânica provoca tensão para um dos lados, dificultando 
a sua vibração. 
Não é recomendado viajar de avião estando resfriado ou 
gripado, pois há risco de desencadear alterações da tuba 
auditiva, como otalgia e agudização de sinusite. 
Sinus Vacuum é uma condição que ocorre quando indiví-
duos que possuem rinite alérgica entram em ambientes 
pressurizados e sentem uma dor intensa na região 
paranasal acometida no momento da pressurização. 
SAI III – Otorrinolaringologia Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 
2 
 
LABIRINTO ÓSSEO dividido em anterior (cóclea) e 
posterior (aparelho vestibular e canais semicirculares), 
entre eles há o vestíbulo. 
Perilinfa líquido rico em Na+, semelhante ao líquido 
extracelular. 
LABIRINTO MEMBRANOSO localizado dentro do labi-
rinto ósseo, mas não ocupa todo o espaço. A parte 
membranácea da cóclea é chamada ducto coclear. 
Endolinfa líquido rico em K+, semelhante ao líquido 
intracelular. 
AUDIÇÃO o labirinto ósseo tem duas aberturas: a 
janela oval (vestíbulo) e a redonda (cóclea). O estribo se 
encaixa na janela oval, fechando-a e quando há uma 
onda sonora, ele vibra como um pistão, transmitindo a 
vibração para a perilinfa, que a conduz para o labirinto 
coclear. Quando chega ao final do labirinto coclear 
(helicotrema), a vibração retorna, tomando o caminho 
contrário, em direção à janela redonda. A janela 
redonda é obliterada pela membrana timpânica 
secundária, onde há dissipação do “som”. 
A vibração da perilinfa provoca, por contiguidade, 
vibração da endolinfa, o que leva à movimentação de 
cílios das células ciliadas presentes no assoalho do 
labirinto membranoso (essas células estão na 
membrana basilar e formam o órgão espiral ou de 
coorte). Essa vibração dos cílios é captada pela parte 
coclear do nervo vestíbulo-coclear. 
PATOLOGIAS DA ORELHA EXTERNA 
MALFORMAÇÕES 
MICROATIA orelha pequena. 
AGENESIA/ATRESIA DA ORELHA OU DO CONDUTO 
AUDITIVO EXTERNO causa perda da audição condutora. 
ORELHAS DE STAHL formato pontudo e maior 
quantidade de cartilagem no pavilhão auricular. 
CRIPTOTIA parte superior retraída e encoberta por pele. 
BAIXA IMPLANTAÇÃO DA ORELHA relacionada a várias 
síndromes genéticas. 
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS 
Manchas e verrugas – devem ser reportadas e 
investigadas. 
CÂNCER DE PELE 
Pode se desenvolver no pavilhão auricular, 
principalmente em indivíduos que trabalham expostos 
ao sol, sem uso de protetor solar ou chapéu. Pessoas de 
pele clara são mais afetadas. A região mais afetada é a 
parte superior do pavilhão auricular. 
Suspeitar de câncer de pele ao se deparar com “feridas 
que não saram”. O tipo histológico mais comum é o 
carcinoma basocelular. O tratamento é a retirada 
cirúrgica da lesão. 
PERICONDRITE DO PAVILHÃO AURICULAR 
Embaixo da pele do pavilhão auricular há cartilagem que 
pode infeccionar facilmente por traumas, picadas de 
inseto, brincos ou piercing. 
Processo inflamatório difuso do pericôndrio (camada de 
tecido conjuntivo que envolve as cartilagens) do 
pavilhão auricular, que pode ou não ser infeccioso. Há 
acúmulo de pus entre a cartilagem e o pericôndrio, 
resultando em edema, hiperemia e dor. 
Quando infecciosas são causadas por Protheus ou 
Pseudomonas aeruginosas, para o tratamento utiliza-se 
antibióticos (amoxicilina com clavulanato). 
Quando causada pelo trauma constante sofrido nas 
lutas marciais leva à falta de vascularização no pavilhão 
auricular, provocando morte do tecido. Essa necrose 
leva à uma forte reação fibrosa, resultando na formação 
de nova cartilagem para preencher o espaço lesionado 
e, consequentemente, deformações (orelha de lutador 
ou orelha em couve-flor). 
ABCESSOS 
Abaulamento devido ao acúmulo de secreção purulenta 
entre a pele e a cartilagem do pavilhão auricular. Pode 
ser complicação de pericondrite, que leva à necrose da 
cartilagem e formação do abcesso. 
TRATAMENTO 
DRENAGEM incisão com bisturi nº 15, respeitando as 
linhas naturais do pavilhão auricular (dobras e 
saliências), para minimizar a cicatriz. 
DEBRIDAMENTO retirada de tecido necrosado, 
geralmente necessário em pericondrites. 
CURATIVO COMPRESSIVO feito com gaze na frente e 
atrás da orelha, de forma que ela fique esticada sobre o 
osso mastoide. 
ANTIBIÓTICO 
ANTI-INFLAMATÓRIOS AINEs ou corticoides podem 
ser ocasionados ao tratamento. 
SAI III – Otorrinolaringologia Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 
3 
 
Se o processo não for feito, com ênfase no curativo 
compressivo para a orelha não dobrar, há grande 
chance de desenvolver deformidades da orelha. A 
ausência do tratamento pode levar a atrofia da orelha 
(orelha de lutador). 
OTOHEMATOMA abaulamento devido ao acúmulo de 
sangue entre a pele e a cartilagem do pavilhão auricular, 
sem processo infeccioso. Associada à traumas e 
acidentes, e o tratamento é feito com drenagem. 
LACERAÇÃO DA PAVILHÃO AURICULAR 
Pode ocorrer a laceração do lóbulo por uso de brincos 
muito pesados ou alargadores. O uso de piercings tam-
bém pode levar a lacerações em outras regiões do pavi-
lhão auricular. A laceração do pavilhão por mordeduras 
ocorre, geralmente, em brigas ou por animais. 
A correção pode ser feita por um médico 
otorrinolaringologista ou um cirurgião plástico. 
OTITE EXTERNA DIFUSA AGUDA (OEDA) 
Otite mais frequente. 
Caracterizadapor inflamação da pele do conduto auditi-
vo externo. Ocorre quando há permanência de água no 
conduto (após banho de piscina, mar) ou manipulação 
da orelha externa com cotonete ou outros objetos. 
No terço anterior/externo do conduto auditivo tem-se 
uma quantidade muito grande de cerúmen. 
CERÚMEN produzido pela união da secreção das 
glândulas ceruminosas com suor das glândulas 
sudoríparas e a secreção das glândulas sebáceas. Têm 
função de repelente natural, antibiótico e protege o 
epitélio do contato com a água. 
A água no conduto auditivo favorece a solução de 
continuidade, deixando a pele local mais fragilizada. 
QUADRO CLÍNICO hiperemia, otalgia (muita dor – 
sintoma importante), edema, hipoacusia (diminuição da 
audição pela diminuição da luz do conduto auditivo), 
prurido (raro), otorreia (rara). 
TRATAMENTO as bactérias envolvidas são geralmente 
Protheus sp. e Pseudomona aeruginosas, mas pode ser 
causada por estafilococos e estreptococos. Quando o 
edema da OEDA não é tão volumoso ao ponto de que 
ainda se tenha espaço para pingar uma medicação, 
pode-se utilizar gotas otológicas (antibióticos tópicos) 
para o tratamento. Porém às vezes o conduto está tão 
fechado que se utiliza antibióticos sistêmicos, 
geralmente amoxicilina com clavulanato. 
OTITE EXTERNA LOCALIZADA OU FURÚNCULO 
DO CONDUTO AUDITIVO EXTERNO 
Somente no aparelho píleo-sebáceo, caracterizada pela 
formação de um furúnculo (micro abcesso como se 
fosse uma espinha). Causado geralmente por S. aureus 
que inflama os pelos do local e causa muita dor. 
Se o furúnculo estiver “flutuando”, ou seja, maduro e 
com área amarelada, prestes a romper realiza-se a 
drenagem – por meio de um corte feito com um bisturi 
nº 15, retira-se a secreção purulenta. 
TRATAMENTO antibióticos (amoxicilina com 
clavulanato). 
Quando há muita recorrência desta situação, pesquisa-
se se o paciente possui DM ou outra situação que leva à 
queda da imunidade, porque é uma ocorrência rara de 
forma geral. 
OTITE EXTERNA ECZEMATOSA (OEE) 
Caracterizada por prurido na orelha externa devido à 
alergia geralmente alimentar. Pode haver eritema, 
hiperemia e descamação da pele do conduto externo, e 
às vezes uma otorreia clara/transparente. 
TRATAMENTO corticoide tópico em forma de pomada 
ou colírio otológico (gotas). 
OTOMICOSES 
Infecção de origem fúngica no conduto auditivo exter-
no, causa muito prurido. Ocorre geralmente em indiví-
duos que tem o costume de coçar a orelha com objetos. 
Na maioria das vezes é causada pelo Aspergillus niger 
(mais escuro) ou A. fumigatus (mais escuro), porém 
também pode ser causada por outros fungos, como a 
Cândida. 
Na otoscopia percebe-se micelos. 
TRATAMENTO limpeza com remoção das placas fúngi-
cas e o uso de substância antimicótica local (Fungirox) 
em gotas tópicas (3 ou 4 a cada 12h), por média de 2 
semanas. 
Outra opção é acidificar a orelha, utilizando uma 
substância que modifique o pH, assim o fungo não 
sobrevive nesse ambiente. 
Em casos de recorrência deve-se investigar causas de 
imunodeficiência. 
SAI III – Otorrinolaringologia Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 
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CORPOS ESTRANHOS 
Mais frequente em crianças e em pessoas com 
deficiência mental. Se o corpo estranho estiver antes do 
istmo, o indivíduo não irá sentir nada, porém se se 
localizar no istmo ou para frente, em direção à orelha 
média, o indivíduo passa a sentir muita dor. 
ANIMADOS moscas de frutas, borboletinhas, 
mosquitos, aranhas, formigas e baratas. 
O cerúmen possui grande importância na proteção do 
conduto auditivo, funcionando como repelente natural 
devido ao seu cheiro. 
Pode ocorrer também aparecimento de miíase no 
conduto audito, se houver deposição de larvas das 
moscas do gênero Cochliomyia nesse local. Se o 
paciente tiver uma perfuração na membrana timpânica, 
as larvas podem migrar para a região da orelha média. 
TRATAMENTO 
1. Jogar substância oleosa no conduto auditivo (óleo mi-
neral ou vegetal), afoga o inseto e diminui o seu atrito 
com a membrana timpânica, facilitando sua remoção. 
Antes de jogar o óleo, deve-se analisar se o paciente não 
apresenta perfuração timpânica. Se ele tiver, o óleo vai 
cair na orelha média, podendo provocar uma otite mé-
dia no paciente, sendo necessário o uso de antibióticos. 
2. Lavagem joga-se soro fisiológico morno na orelha, 
com a ajuda de uma seringa de plástico de 10-20 ml com 
uma sonda adaptada para dar pressão. O soro entra no 
conduto auditivo, bate na membrana timpânica e volta, 
trazendo todo o conteúdo. 
3. Remoção com pinça jacaré ou cureta remove os 
insetos aos pedaços. 
4. Após a retirada, realiza-se uma limpeza e, caso haja 
alguma laceração, utiliza-se antibiótico tópico (pele) ou 
oral (membrana). 
INANIMADOS na maioria das vezes estão localizados no 
istmo, pois é nessa região de estreitamento fisiológico 
que a criança passa a sentir dor, e por isso não irá 
empurrar mais o objeto. 
Não se deve tentar retirar corpos estranhos com objetos 
inapropriados, pois podem empurrar ainda mais, cau-
sando mais dor e tornado sua retirada mais difícil. É ne-
cessário retirar com uma pinça apropriada, a de jacaré 
não permite retirar objetos esféricos, ou lavagem. 
Se o corpo estranho for uma semente, irá absorver a 
água e crescer, recomenda-se não fazer lavagem. 
A simples presença do objeto no conduto auditivo não 
levará a inflamação, na maioria dos casos, logo não será 
necessária a prescrição de fármacos após a retirada. 
ROLHA DE CERA 
Forma-se em indivíduos que utilizam demais o cotonete, 
empurrando a cera, que se acumula no conduto auditivo 
externo e pode causar hipoacusia. Funciona como corpo 
estranho natural. 
Em um paciente com rolha de cera, ao mergulhar ou 
mesmo tomar banho, pode entrar água na orelha e não 
sair, devido ao depósito de cera. 
O cerúmen humano é claro em bebês e escurece com a 
idade. Além disso, a quantidade produzida é pessoal, 
variando para cada pessoa, por isso a indicação de 
retirada de cerúmen é individual. 
PEQUENA pode ser removida no consultório com auxílio 
de uma cureta. 
MAIOR pinga-se substância cerolítica, Cerumin, 4 gotas, 
4x/dia ou outra solução emoliente (óleos) por 4 dias. 
Após esse período, o paciente retorna ao consultório 
para fazer a lavagem que se faz com soro morno, igual à 
do corpo estranho. 
Em pacientes que apresentam solução timpânica evita-
se jogar água, dando preferência à retirada com cureta. 
MIRINGITE BOLHOSA 
Inflamação na pele da camada externa da membrana 
timpânica. Causada geralmente por vírus, mas pode 
resultar de infecção bacteriana (S. pneumoniae ou 
micoplasma). 
Se desenvolve em geral após um resfriado, em adultos 
jovens, e é caracterizada por otalgia. Hipoacusia e febre 
sugerem origem bacteriana. 
Na otoscopia observa-se a presença de várias bolhas/ve-
sículas, que são dolorosas. 
TRATAMENTO AINEs e analgésicos para dor. 
As orelhas de indivíduos com má higiene começam a chei-
rar a necrose, atraindo baratas. Insetos entram na orelha 
e não conseguem sair, pois são incapazes de dar ré. Como 
o conduto auditivo é estreito, elas ficam paradas, 
causando grande incômodo. Quando estão vivas, ficam 
mexendo as patas e antenas, causando barulhos. 
SAI III – Otorrinolaringologia Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 
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Com o tempo as bolhas se rompem sozinhas e o 
paciente melhora. 
Frequentemente a miringite bolhosa é confundida com 
otite média aguda. Em caso de dúvida pode-se 
prescrever antibiótico. 
PATOLOGIAS DA ORELHA MÉDIA 
Têm relação íntima com o funcionamento da tuba audi-
tiva, crucial para o bom estado da cavidade timpânica. 
Em um indivíduo com resfriado comum, hipertrofia de 
adenoides (tonsilas faríngeas), ou rinite alérgica, pode 
haver obstrução da tuba auditiva, impedindo a 
passagem de ar para a orelha média e ocorre absorção, 
pela mucosa respiratória, do nitrogênio restante no ar 
da cavidade. Sem adevida renovação do ar, cria-se um 
ambiente propício para a proliferação de bactérias. 
A migração de conteúdo da nasofaringe para a orelha 
média, proliferando bactérias da faringe na cavidade 
timpânica. 
OTITE MÉDIA AGUDA (OMA) 
Complicação de um problema faríngeo, mas pode 
ocorrer sem história pregressa. 
É mais frequente em crianças entre 3 meses e 3 anos, 
devido à horizontalidade da tuba auditiva. O conteúdo 
da faringe passa pela tuba e contamina a região da caixa 
timpânica. 
Pode ser causada por vírus ou bactérias, principalmente 
pneumococos. Quando de causa viral está relacionada a 
clima frio, pela sazonalidade desses patógenos. 
Condição caracterizada por um processo inflamatório 
infeccioso na cavidade timpânica, com otalgia intensa, 
hipoacusia e formação de secreções que deixam a 
membrana timpânica abaulada e hiperemiada. Esse 
abaulamento aumenta com a evolução da doença e, se 
não tratada, pode ocorrer rompimento da membrana 
timpânica. 
Nas crianças pode haver também febre, vômitos e 
diarreia. 
TRATAMENTO 
ANTIBIOTICOTERPIA ORAL amoxicilina + clavulanato, 
principalmente na criança pela maior ocorrência de 
bactérias como Moraxella catharralis. 
Criança 40-80 mg/kg/peso por dia de 8-8h, durante 10 
dias. 
Adulto comprimido de 500 mg de 8-8h ou comprimido 
de 875 mg de 12-12h, durante 10 dias. 
ANALGESIA analgésicos, AINEs ou corticoides 
(Prednisona 20-40, 3x/dia). 
REESTABELECER A FUNCIONALIDADE DA TUBA 
AUDITIVA lavagem nasal e/ou descongestionante. 
A melhora dos sintomas geralmente ocorre em 24-48 h 
após o início do tratamento. Se a membrana timpânica 
romper, a dor é aliviada, porém o indivíduo passa a 
apresentar otorreia amarelada (secreção mucopurulen-
ta) e as vezes otorragia (sangue). Ocasionalmente essas 
secreções podem contaminar o conduto auditivo 
externo, evoluindo para uma otite externa. 
Se o indivíduo não tiver hipertrofia de adenoide, não 
mergulhar na água, tiver a função do parênquima nor-
malizada, a membrana se regenera espontaneamente. 
Se o paciente tiver alguma alteração ou mergulhar em 
água até 2 semanas após o fim da otorreia não haverá 
cicatrização adequada da membrana, permanecendo a 
perfuração timpânica como sequela, e na maioria das 
vezes, a perfuração evolui para uma otite média crônica. 
Se a perfuração timpânica for central, o prognóstico é 
melhor para o paciente. A membrana é composta de 3 
camadas, porém na região superior (epitímpano) há 
somente pele e mucosa, pois, as fibras da camada média 
(fibrosa) terminam nas pregas maleolares do martelo. 
OTITE MÉDIA CRÔNICA SIMPLES 
Geralmente consequência de uma OMA não tratada, 
com destruição da membrana timpânica e/ou dos 
ossículos. 
Pacientes apresentam hipoacusia e otorreia 
intermitente, com longos períodos de remissão, porém 
sem dor. À otosocopia, observa-se perfuração da 
membrana timpânica de tamanho variável. Se houve 
infecção ativa, a região apresenta-se com hiperemia, 
edema e secreção. 
As reinfecções ocorrem por rinofaringites ou banhos de 
piscina e mar. Deve-se aspirar e limpar a otorreia, e por 
vezes é necessário o uso de antibiótico para cessar a 
secreção. 
Se houver perfuração marginal, a pele e a mucosa irão 
tentar fechar ao mesmo tempo – se conseguirem, há a 
cura. Se a pele for mais rápida que a mucosa, e passar 
para dentro do conduto alcançando a cavidade timpânica, 
ela começa a crescer e formar um cisto – colesteatoma. 
SAI III – Otorrinolaringologia Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 
6 
 
O tratamento definitivo é cirúrgico, por meio da 
timpanoplastia – reconstrução da membrana timpânica 
com um enxerto. 
COLESTEATOMA 
Cisto formado pela proliferação de pele dentro do 
conduto da membrana timpânica devido ao processo de 
fechamento da membrana timpânica pela porção 
cutânea do conduto após uma OMA. 
Tem-se otite médica crônica e otorreia fétida (muito 
característica), que ocorre pela descamação (branco 
nacarada) com a presença de bactérias gram negativas. 
Não é maligno, mas cresce e destrói os ossículos, poden-
do atingir o teto do tímpano, mastoide e evoluir até para 
complicações neurológica, como fístulas liquória e me-
ningite. Em um paciente com otorreia fétida, a conduta 
é encaminhar ao especialista e/ou solicitar uma TC das 
mastoides para afastar a presença de colesteatoma. O 
tratamento é cirúrgico: abre a orelha do paciente e 
remove o colesteatoma raspando toda a mucosa. 
OTITE MÉDIA SECRETORA OU SEROSA (OMS) 
Acontece quando a tuba auditiva não funciona bem, 
como por exemplo em criança que não mastiga os 
alimentos. 
Se não houver o mecanismo de abertura, surge uma 
pressão negativa na cavidade timpânica, com 
modificação do muco e formação de uma secreção 
conhecida como glue tea (substância espessa e 
transparente parecida com cola, que na otoscopia 
aparece com um aspecto de bolhas devido ao ar preso). 
Acontece, pois, dentro da caixa timpânica tem-se a 
secreção a um dado pH, e quando o ar deixa de passar, 
há uma baixa concentração de oxigênio e a secreção 
começa a ser muito espessa. 
O paciente apresenta hipoacusia por má condução do 
som, visto que a membrana timpânica fica cheia de 
secreção e não consegue vibrar. 
Antes de iniciar o tratamento, deve-se investigar qual a 
causa da otite e corrigi-la. Algumas causas são tabagis-
mo passivo, alergia alimentar, pouca mastigação (ali-
mentação pastosa) e hipertrofia de adenoide. A radio-
grafia do cavum (rinofaringe) ou videolaringoscopia 
podem ser solicitadas para avaliar a adenoide. 
Se mesmo após a correção da causa não houver 
melhora, ou ainda se a causa não tiver sido identificada, 
inicia-se o tratamento medicamentoso. 
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO corticoide nasal em 
spray para crianças acima de 2 anos ou oral, sempre em 
doses baixas e por pouco tempo, utilizado para 
melhorar a função tubária, diminuindo o edema para 
desobstrui-la. 
Recomenda-se também o uso de descongestionantes 
nasais e lavagem nasal com soro fisiológico. Em países 
frios e no sul do Brasil pode ser necessário o uso de 
antibiótico, devido à prevalência de otite média 
secretora por Moraxella catharralis. 
Caso não melhore com o tratamento medicamentoso, 
ou se houver cronificação (tímpano retraído, sem 
retorno), deve-se fazer uma cirurgia para colocar um 
tubo de ventilação, que vai funcionar como a tuba 
auditiva arejando a membrana timpânica. Em 
aproximadamente 6 meses esse dreno vai ser expulso, e 
durante esse período deve-se descobrir a causa do 
problema tubário e resolvê-la. 
TRAUMA PERFURATIVO NA MEMBRANA 
TIMPÂNICA 
O paciente sente um dor súbita e intensa, e pode haver 
sangramento (otorragia) e hipoacusia. A perfuração 
pode ocorrer também devido à pressão. 
Se não houver infecção, essa membrana regenera 
naturalmente (com resultados perceptíveis a partir de 3 
semanas), não havendo a necessidade de utilizar 
nenhum medicamento. O único cuidado necessário é 
orientar o paciente a não molhar a orelha por 3 meses.

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