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OTITES E COLESTEATOMA

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Julia Paris Malaco – ambulatório otorrino 
Ambulatório – otites e colesteatoma
 
Anatomia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Orelha externa 
A orelha externa é formada pela orelha (pavilhão 
auricular), pelo meato acústico externo e pela 
membrana timpânica. A sua margem é a hélice; 
a parte inferior é o lóbulo. Ligamentos e músculos 
ligam a orelha à cabeça. 
O meato acústico externo é um tubo curvado 
com cerca de 2,5 cm de comprimento que se 
encontra no temporal e leva à membrana 
timpânica. 
A membrana timpânica ou tímpano é uma divisão 
fina e semitransparente entre o meato acústico 
externo e a orelha média. A membrana timpânica 
é coberta por epiderme e revestida por um 
epitélio cúbico simples. Entre as camadas epiteliais 
encontra-se tecido conjuntivo composto por 
colágeno, fibras elásticas e fibroblastos. O 
rompimento da membrana timpânica é chamado 
de perfuração do tímpano. 
Próximo a sua abertura externa, o meato acústico 
externo contém alguns pelos e glândulas 
sudoríferas especializadas chamadas 
de glândulas ceruminosas, que secretam cera de 
ouvido ou cerume. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Orelha média 
A orelha média é uma pequena cavidade, cheia 
de ar e revestida por epitélio, situada na parte 
petrosa do temporal. Ela é separada da orelha 
externa pela membrana timpânica e da orelha 
interna por uma divisão óssea fina que contém 
duas pequenas aberturas: a janela do vestíbulo 
(oval) e a janela da cóclea (redonda). 
Estendendo-se através da orelha média e ligada 
a ela através de ligamentos encontram-se os três 
menores ossos do corpo, os ossículos da audição, 
que são conectados por articulações sinoviais. 
Os ossos, nomeados por causa de seus formatos, 
são o martelo, a bigorna e o estribo. 
O “cabo” do martelo se liga à face interna da 
membrana timpânica. A “cabeça” do martelo é 
articulada ao corpo da bigorna. A bigorna, o osso 
do meio na série, se articula com a cabeça do 
estribo. A base do estribo se encaixa na janela do 
vestíbulo (oval). Diretamente abaixo dessa janela 
encontra-se outra abertura, a janela da cóclea 
(redonda), que é encapsulada por uma 
membrana chamada de membrana timpânica 
secundária. 
Além dos ligamentos, dois pequenos músculos 
esqueléticos também se ligam aos ossículos. 
O músculo tensor do tímpano, que é inervado pelo 
ramo mandibular do nervo trigêmeo (V), limita o 
movimento e aumenta a tensão da membrana 
timpânica, evitando danos à orelha interna por 
causa de barulhos muito altos. 
O músculo estapédio, que é inervado pelo nervo 
facial (NC VII) é o menor músculo esquelético do 
corpo humano. Ao evitar grandes vibrações no 
estribo decorrentes de sons altos, ele protege a 
janela do vestíbulo (oval), mas também diminui a 
sensibilidade auditiva. Por esse motivo, a paralisia 
do músculo estapédio está associada 
à hiperacusia, que é uma audição anormalmente 
sensível. 
A parede anterior da orelha média contém uma 
abertura que leva diretamente para a tuba 
auditiva, conhecida também pelo 
epônimo trompa de Eustáquio. 
A tuba auditiva, contendo osso e cartilagem 
elástica, conecta a orelha média com a parte 
nasal da faringe ou nasofaringe (porção superior 
da garganta). Ela normalmente encontra-se 
fechada em sua extremidade medial (faríngea). 
Durante a deglutição e ao bocejar, ela se abre, 
permitindo que o ar entre ou saia da orelha média 
até que a pressão nela seja igual à pressão 
atmosférica. 
Julia Paris Malaco – ambulatório otorrino 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Orelha interna 
A orelha interna também é chamada 
de labirinto por causa de sua série complicada de 
canais. Estruturalmente, ela é formada por duas 
divisões principais: um labirinto ósseo externo que 
encapsula um labirinto membranáceo interno. 
O labirinto ósseo é formado por uma série de 
cavidades na parte petrosa do temporal divididas 
em três áreas: (1) os canais semicirculares, (2) o 
vestíbulo e (3) a cóclea. 
O labirinto ósseo é revestido por periósteo e 
contém a perilinfa. Esse líquido, que é 
quimicamente semelhante ao líquido 
cerebrospinal, reveste o labirinto membranáceo, 
uma série de sacos e tubos epiteliais dentro do 
labirinto ósseo que têm o mesmo formato geral do 
labirinto ósseo, abrigando os receptores para a 
audição e o equilíbrio. O labirinto membranáceo 
epitelial contém a endolinfa. O nível de íons 
potássio (K+) na endolinfa é incomumente alto 
para um líquido extracelular e os íons potássio 
desempenham um papel na geração dos sinais 
auditivos (descritos a seguir). 
O vestíbulo é a parte central oval do labirinto 
ósseo. O labirinto membranáceo no vestíbulo é 
formado por dois sacos chamados 
de utrículo e sáculo, que são conectados por um 
pequeno ducto. Projetando-se superior e 
posteriormente ao vestíbulo encontram-se 
três canais semicirculares ósseos, cada um deles 
localizado em ângulos aproximadamente retos 
um em relação aos outros dois. Com base em suas 
posições, eles são nomeados como canais 
semicirculares anterior, posterior e lateral. Os 
canais semicirculares anterior e posterior são 
orientados verticalmente; o canal lateral é 
orientado horizontalmente. Em uma extremidade 
de cada canal encontra-se um alargamento 
redondo chamado de ampola. As partes do 
labirinto membranáceo que se encontram dentro 
dos canais semicirculares ósseos são chamados 
de ductos semicirculares. Essas estruturas se 
conectam ao utrículo do vestíbulo. 
O nervo vestibular, parte do nervo 
vestibulococlear (VIII) consiste nos nervos 
ampular, utricular e sacular. Esses nervos contêm 
neurônios sensitivos de primeira ordem e neurônios 
motores que formam sinapses com os receptores 
de equilíbrio. Os neurônios sensitivos de primeira 
ordem carregam a informação sensorial 
proveniente dos receptores e os neurônios 
motores carregam sinais de retroalimentação 
para os receptores, aparentemente para 
modificar sua sensibilidade. Os corpos celulares 
dos neurônios sensitivos encontram-se localizados 
nos gânglios vestibulares. 
Anteriormente ao vestíbulo encontra-se a cóclea, 
um canal espiral ósseo que lembra a casca de um 
caracol e realiza quase três voltas ao redor de um 
núcleo ósseo central chamado de modíolo. 
Cortes histológicos através da cóclea revelam que 
ela é dividida em três canais: o ducto coclear, a 
rampa do vestíbulo e a rampa do tímpano. 
O ducto coclear é uma continuação do labirinto 
membranáceo em direção à cóclea; ele é 
preenchido por endolinfa. O canal acima do 
ducto coclear é a rampa do vestíbulo, que 
termina na janela do vestíbulo (oval). O canal 
abaixo é a rampa do tímpano, que termina na 
janela da cóclea (redonda). Tanto a rampa do 
vestíbulo quanto a rampa do tímpano são partes 
do labirinto ósseo da cóclea; portanto, essas 
câmaras são preenchidas por perilinfa. A rampa 
do vestíbulo e a rampa do tímpano são separadas 
completamente pelo ducto coclear, exceto por 
uma abertura no ápice da cóclea, o helicotrema. 
A cóclea é adjacente à parede do vestíbulo, na 
qual a rampa do vestíbulo se abre. A perilinfa no 
vestíbulo é contínua com aquela da rampa do 
vestíbulo. 
A membrana (parede) vestibular separa o ducto 
coclear da rampa do vestíbulo e a lâmina 
basilar separa o ducto coclear da rampa do 
tímpano. 
Localizada sobre a lâmina basilar encontra-se 
o órgão espiral ou órgão de Corti. O órgão espiral 
é uma lâmina espiral de células epiteliais, incluindo 
células epiteliais de sustentação e cerca de 
16.000 células ciliadas, que são os receptores da 
audição. Existem dois grupos de células ciliadas: 
as células ciliadas internas estão organizadas em 
uma única fileira, enquanto as células ciliadas 
externas estão organizadas em três fileiras. Na 
porção apical de cada célula ciliada encontram-
se entre 40 e 80 estereocílios, que se estendem 
para a endolinfa do ducto coclear. Apesar de seu 
nome,os estereocílios são microvilosidades longas 
e semelhantes a pelos organizadas em várias 
fileiras de comprimento graduado. 
Em suas extremidades basais, as células ciliadas 
formam sinapses com os neurônios sensitivos de 
primeira ordem e com os neurônios motores da 
parte coclear do nervo vestibulococlear (VIII). Os 
Julia Paris Malaco – ambulatório otorrino 
corpos celulares dos neurônios sensitivos estão 
localizados no gânglio espiral. Embora as células 
ciliadas externas superem em quantidade as 
células ciliadas internas em uma proporção de três 
para um, as células ciliadas internas formam 
sinapses com 90 a 95% dos neurônios sensitivos de 
primeira ordem no nervo coclear, que transmite a 
informação auditiva para o encéfalo. Em 
comparação, 90% dos neurônios motores no nervo 
coclear formam sinapses com as células ciliadas 
externas. 
A membrana tectória é uma membrana 
gelatinosa flexível que cobre as células ciliadas do 
órgão espiral. Na realidade, as extremidades dos 
estereocílios das células ciliadas estão em contato 
com a membrana tectória enquanto os corpos 
das células ciliadas se encontram sobre a lâmina 
basilar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Otites 
 
 
 
 
 
 
 
A otite média é definida como um processo de 
natureza inflamatória, infecciosa ou não que 
ocupa focal ou generalizadamente a fenda 
auditiva. O osso temporal apresenta espaços 
pneumatizados contíguos e, portanto, a 
inflamação da orelha média pode envolver 
também a mastóide, o ápice petroso e as células 
perilabirínticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Otoscopia (exame físico): Na avaliação da 
membrana timpânica devemos observar a 
posição (retrações e abaulamentos), mobilidade 
e cor. Uma membrana anormal freqüentemente 
está opaca e pode parecer amarela ou azul 
Julia Paris Malaco – ambulatório otorrino 
(indicando efusão na orelha média). Podem ser 
vistas, em alguns casos, bolhas de ar na orelha 
média, que se movem com a manobra de 
Valsalva, ou mesmo nível hidroaéreo. Mobilidade 
apenas com pressão negativa sugere disfunção 
tubária, enquanto movimentos pequenos com 
pressão negativa e positiva sugerem a presença 
de líquido na orelha média, e a imobilidade da MT 
à pressão, sugere perfuração timpânica. Bolsas de 
retração podem ser observadas em qualquer 
ponto na MT, representando uma área de 
atelectasia, cicatriz de tubo de ventilação, sítio de 
perfuração ou o efeito da pressão negativa. 
 
 
Otites externas 
 
 Otite externa difusa: 
 Otite externa é a inflamação aguda da pele 
que recobre o conduto auditivo externo. 
 Na sua etiopatogênese, são importantes 
fatores predisponentes locais, como 
traumatismo por manipulação doconduto, 
umidade e calor, tanto que essa inflamação é 
mais frequente em nadadores, no verão, nos 
países tropicais e nas otorreias crônicas. 
 O agente etiológico mais isolado é 
Pseudomonas aeruginosa- é uma bactéria 
gram-negativa, baciliforme (característica 
morfotintorial) e aeróbia. 
 A pele do conduto apresenta hiperemia e 
edema de intensidade variável e, nos casos 
mais graves, pode estar recoberta por 
exsudato purulento. 
 Quando as glândulas ceruminosas são 
afetadas pela inflamação, ocorre diminuição 
na produção do cerume, predispondo a 
novas infecções. 
Quadro clinico: otalgia moderada a intensa, 
geralmente unilateral, que piora à compressão do 
tragus ou manipulação do pavilhão auricular. 
Nãose observam alterações sistêmicas como 
febre e queda do estado geral. A otoscopia é 
dolorosa, e observam-se edema difuso do CAE, 
chegando a ocluí-lo, hiperemia, descamação e 
secreção. 
Diagnóstico: eminentemente clínico; quando 
possível, deve-se realizar cultura de secreção; 
Tratamento: de acordo com a gravidade da 
doença: 
o Casos leves: gotas tópicas contendo 
antibióticos e corticoides; 
o Casos intensos: associar antibióticos orais 
(cefalexina, cefadroxila ou ciprofloxacino).. 
 
 
 
 
 Otite externa necrosante ou maligna 
 Definição: infecção originária do CAE que se 
estende para as estruturas adjacentes – 
articulação temporomandibular, pavilhão 
auricular, orelha média, mastoide, base do 
crânio, orelha interna e osso temporal. 
Tem caráter bastante invasivo, gerando 
destruição tissular e intenso processo 
inflamatório; 
 Etiologia: Pseudomonas aeruginosa; 
 Fatores de risco: diabetes não controlado 
(90%), idosos e imunossupressão como AIDS, 
doenças linfoproliferativas e quimioterapias; 
Quadro clínico: inicia-se como otite externa 
aguda refratária ao tratamento clínico. A dor é de 
moderada a intensa, prurido, otorreia. Sintomas 
sistêmicos como queda do estado geral, 
descompensação diabética, febre e cefaleia. 
Hipoacusia com plenitude auricular e otorreia são 
típicos. Com a evolução, pode acometer regiões 
adjacentes, gerando dor à movimentação da 
articulação temporomandibular, restrição à 
abertura oral – acometimento de masseter –, 
adenopatia cervical e necrose dos tecidos 
adjacentes. A invasão do osso temporal gera 
sinais de complicações secundárias, como 
paralisia facial periférica – acometimento do 
nervo facial – e formação de abscessos 
intracranianos ou intratemporais. Os nervos 
cranianos mais comumente envolvidos são o VII, X, 
XI; 
Exame físico: intenso edema e hiperemia no 
pavilhão auricular e no CAE, secreção purulenta 
no CAE, ulcerações na derme, granulações 
locais e dor intensa ao toque; paralisia facial 
pode ocorrer 
Tratamento: Antibioticoterapia parenteral - 
ciprofloxacino como o antibiótico mais 
comumente utilizado, porém outros agentes anti-
Pseudomonas devem ser considerados; 
 
 Otite externa circunscrita 
 Definição: infecção em complexo 
pilossebáceo do CAE, de localização bem 
definida e circunscrita (furúnculo); 
 Etiologia: causada principalmente por 
Staphylococcus aureus; 
Quadro clínico: dor intensa local, evolução 
rápida, algumas vezes com febre. À otoscopia, 
observa-se edema localizado com sinais 
flogísticos, muito doloroso ao toque. 
Tratamento: antibióticos com cobertura para 
Gram positivos, como cefalexina; analgésicos e 
anti-inflamatórios também devem ser utilizados 
 
 
 
 
Julia Paris Malaco – ambulatório otorrino 
 
Otite media aguda 
 
Comumente, o paciente relata história de otalgia 
súbita após estado gripal. A otalgia piora com a 
deglutição ou o assoar do nariz, podendo ocorrer 
também hipoacusia, sensação de plenitude 
auricular e ruídos subjetivos e, ainda, pulsações 
auriculares sincrônicas com os batimentos 
cardíacos (sinal de Scheibe) e equivale a um 
empiema da caixa do tímpano. Algumas vezes 
acompanha-se de microperfuração pulsátil e a 
dor diminui à medida que se diminui a pressão na 
orelha média após perfuração da membrana 
timpânica (otorreia). 
 
A OMA é, na maioria das vezes, secundária a IVAS 
e processos inflamatórios-alérgicos das vias aéreas 
superiores. Nessas situações, há edema mucoso e 
disfunção na tuba auditiva, favorecendo a 
estase de secreção na orelha média; 
 
O principal pico de incidência de OMA é entre 6 
e 11 meses de idade; com um segundo pico entre 
4 e 5 anos de idade. Até 2 anos de idade, tanto 
OMA quanto otite média secretora (OMS) são 
bilaterais em sua maioria. Após os 2 anos, a 
maioria dos episódios de OMA e OMS é unilateral. 
No quadro 1 observamos alguns fatores de risco 
para o desenvolvimento das otites médias. Dentre 
os fatores de proteção encontramos o 
aleitamento materno, rico em imunoglobulinas, 
diminuindo do risco de OMA no primeiro ano de 
vida. 
 
A OMA inicia-se com edema, engurgitamento 
capilar e infiltrado polimorfonuclear na lâmina 
própria da mucosa da orelha média formandoum 
exsudato purulento. Ulceração epitelial pode 
ocorrer, resultando em proliferação de tecido de 
granulação, que pode manter a infecção, obstruir 
a drenagem e a ventilação da orelha média e 
levar à destruição óssea através da ação de 
enzimas. Com a evolução da inflamação, o 
edema é substituído por fibrose e as células 
inflamatórias inicialmente polimorfonucleares 
serão suplantadas pelos linfócitos. Na evolução de 
uma OMA, podemos encontrar a OMS e, se 
houver perfuração crônica da membrana 
timpânica, a apresentação será de uma otite 
média crônica (OMC) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tratamento: Antibioticoterapia - a primeira opção 
é a amoxicilina via oral por 10 dias. Espera-se 
melhora clínica e remissão da febre após 48 a 72 
horas do uso da medicação. Se não houver, 
pode-se utilizar outros antibióticos como 
amoxicilina-ácido clavulânico, cloranfenicol, 
cefaclor e outras cefalosporinas de segunda 
geração. 
 Primeira escolha: amoxicilina 
 Segunda escolha: amoxicilina + ácido 
clavulânico ou axetilcefuroxima 
 Sintomáticos: Sempre devem ser utilizados 
(analgésicos, antitérmicos e antiinflamatórios 
não-hormonais). 
 
 
 
 
 
 
 
Muitos pacientes com OMA tratada 
adequadamente persistem com efusão na orelha 
média que vai se resolver espontaneamente em 
até 3 meses (tempo médio é de 40 dias). Na 
tentativa de abreviar este período pode-se usar: 
novo tratamento com antibiótico diferente, novo 
tratamento com o mesmo antibiótico por mais 
tempo, descongestionantes sistêmicos ou tópicos, 
corticóide sistêmico e observação. Não há 
comprovação experimental de que o tratamento 
medicamentoso é melhor que a observação. 
Caso a secreção se torne crônica, o paciente 
deve ser encarado como portador de OMS. Na 
otite média aguda supurada (quadro 6), a 
membrana timpânica do paciente com OMA 
sofre uma perfuração com extravasamento de 
secreção mucopurulenta acompanhada de alívio 
da dor. Se for constatada a presença de otite 
externa associada, deve-se introduzir gotas 
otológicas tópicas. Caso contrário, deve-se 
manter o tratamento com antibiótico oral e 
proteger a orelha da entrada de água. 
 
 
 
 
Julia Paris Malaco – ambulatório otorrino 
 
 Otite média purulenta 
É a mais frequente de todas as otites, acomete 
principalmente crianças. 
 As bactérias mais encontradas são 
Streptococcus pneumoniae e Haemophilus 
influenzae. Na maioria das vezes, a infecção 
bacteriana do ouvido médio é precedida de 
infecções virais das vias respiratórias, as quais 
alteram a função da tuba auditiva. 
 Disfunção tubária diminui a drenagem das 
secreções do ouvido médio e aumenta a 
pressão negativa na cavidade timpânica, 
predispondo a aspiração de secreções 
nasofaríngeas contaminadas responsáveis 
pela infecção bacteriana. 
 Morfologicamente, a mucosa do ouvido 
médio apresenta hiperemia, edema, áreas 
hemorrágicas e infiltração de neutrófilos. Em 
pouco tempo, forma-se exsudato purulento 
que preenche a cavidade timpânica e as 
células da mastoide. Algumas vezes, a 
inflamação causa necrose da mucosa. 
 Clinicamente, manifesta-se tipicamente por 
otalgia. 
 Em alguns casos, a membrana timpânica se 
rompe espontaneamente devido à necrose e 
permite a saída de secreção purulenta no 
canal auditivo. 
 Outras complicações mais graves são necrose 
dos ossículos, granuloma de colesterol, 
meningite, tromboflebite cerebral, 
osteomielite do osso temporal, labirintite e 
mastoidite aguda. Esta deve ser diferenciada 
da inflamação da mucosa mastóidea, que é 
comum no decurso de otite média aguda. Na 
mastoidite aguda verdadeira, ocorrem osteíte 
e destruição das trabéculas ósseas das células 
aéreas da mastoide, com formação de 
empiema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Tratamento: 
o Consiste em antibioticoterapia, por um 
período de tempo de 10 a 15 dias. 
o As droga de eleição é a amoxicilina, 
podendo ser usadas penicilina e outros 
antibióticos de largo espectro. 
o Devem ser associadas medidas 
sintomáticas de alivio da dor e da febre, 
como calor local e 
analgésicos/antitérmicos. Nos casos de 
recorrência ou dificuldade de resolução, 
está indicada a realização de 
miringotomia ou paracentese para alivio 
da dor, drenagem da secreção e 
arejamento do ouvido médio. 
 
 Otite media aguda recorrente 
A otite média aguda recorrente (OMAR) é 
definida como 3 ou mais episódios de OMA em 6 
meses ou 4 ou mais episódios de OMA em 1 ano 
 Tratamento: 
o quimioprofilaxia com antibióticos: em 
desuso por sua baixa eficácia e por induzir 
resistência bacteriana (aumenta a 
possibilidade de colonização de S. 
pneumoniae resistente) 
o miringotomia e colocação de tubo de 
ventilação (TV): eficaz enquanto o tubo 
estiver funcionando e se forem tomados 
cuidados locais para evitar entrada de 
água na orelha média. 
o adenoidectomia: para pacientes com 
obstrução tubária, associada à 
miringotomia e TV. 
o vacinas: antipneumocócica e 
antiinfluenza (vírus). 
 
 Otite media secretora 
Otite média serosa é inflamação frequente 
caracterizada por acúmulo de líquido seroso ou 
mucoso no ouvido médio, com membrana 
timpânica íntegra; sobretudo a do tipo mucoso, 
essa inflamação é uma das causas mais comum 
de hipoacusia em crianças. 
 
Definida como a presença de líquido na cavidade 
da orelha média, sem evidências de infecção, 
estando a membrana timpânica íntegra. Também 
denominada de otite média efusional (OME), otite 
média serosa, otite média mucóide, entre outros. 
Os diferentes nomes da mesma doença tentam 
expressar as variações nas características do 
líquido encontrado na fenda auditiva. 
 
Várias condições favorecem obstrução ou 
disfunção da tuba auditiva: resfriados, adenoides 
hipertrofiadas, fenda palatina, tumores da 
nasofaringe, alergia, processos inflamatórios 
agudos e crônicos da mucosa sinonasal e sequela 
de otite média aguda purulenta. 
 
Julia Paris Malaco – ambulatório otorrino 
No início, ocorre congestão venosa da mucosa e 
exsudação serosa; quando a hipoventilação 
persiste por período prolongado, o epitélio do 
ouvido médio torna-se progressivamente rico em 
células caliciformes produtoras de muco. Nesse 
estágio, o líquido que preenche a cavidade 
timpânica é denso e viscoso, como cola. 
Morfologicamente, trata-se de otite média 
crônica sem perfuração da membrana timpânica. 
 
Quadro clinico: Caracteriza-se pelo histórico de 
otites recorrentes e queixa de hipoacusia. Ao 
exame físico, encontram-se diminuição da 
transparência da MT, aumento de sua 
vascularização radial, coloração variável e áreas 
de retração; 
 
 
Em crianças, o quadro pode ser assintomático. 
Pode haver perda auditiva condutiva, 
normalmente percebida pelos pais ou professores, 
podendo ser o único sintoma. Pode haver otalgia, 
história de IVAS recorrentes ou OMAR. Em adultos, 
a queixa normalmente é de hipoacusia e 
plenitude auricular. Pode haver autofonia e 
zumbido. O paciente geralmente relaciona o 
início da doença com um quadro de IVAS. 
 Na fase inicial, em que o derrame é seroso, a 
mucosa do ouvido médio apresenta 
alterações discretas, como edema e infiltrado 
inflamatório. 
 Na fase crônica, o epitélio simples ou ciliado 
transforma-se em epitélio secretor com células 
caliciformes, e na lâmina própria surgem 
glândulas mucosas. Clinicamente, a otite 
média - secretora geralmente é indolor, mas 
causa hipoacusia. As principais sequelas são 
modificações na membrana do tímpano 
(timpanosclerose e bolsas de 
retração),colesteatoma e predisposição a 
surtos recorrentes de otite média purulenta 
 Tratamento: A OMS pode se desenvolver após 
um quadro de IVAS, durar de 1 a 2 meses e se 
resolver espontaneamente. Logo, o 
tratamento nesses casos não se faz necessário. 
O tratamento da OMS deve ser considerado 
em criançascom secreção na orelha média 
por 2 meses ou mais. 
A decisão de quando iniciar um tratamento ou 
somente observar o paciente dependerá de: 
o hipoacusia prejudicando o 
desenvolvimento da fala e linguagem. 
Perda condutiva em paciente que já 
apresenta algum grau de perda 
neurossensorial deve ser tratada mais 
agressivamente; 
o Desconforto (acordar à noite, 
irritabilidade, coçar as orelhas ou a 
cabeça); 
o Episódios freqüentes de OMS que, 
somados, representam vários meses em 1 
ano; 
o Vertigens ou instabilidade; • alterações da 
MT (atelectasia ou bolsas de retração); 
o Patologia da orelha média (otite adesiva 
ou acometimento ossicular); 
o Doença respiratória alta associada 
(sinusite, adenoidite ou amigdalite). O 
objetivo do tratamento da OMS é reverter 
o grau de perda auditiva e prevenir a 
perpetuação das alterações na orelha 
média, que podem levar ao 
desenvolvimento da OMC. 
 
 Otite media aguda necrosante 
Constitui uma forma mais grave de otite média 
aguda bacteriana, na qual ocorre necrose 
extensa do ouvido médio, deixando sequelas. A 
inflamação atinge mais comumente crianças 
pequenas com doenças infecciosas (p. ex., 
sarampo, escarlatina) que provocam queda do 
estado geral. O agente etiológico mais 
encontrado é o estreptococo β-hemolítico. 
 
Otite media crônica 
 
A Otite Média Crônica (OMC) pode ser definida 
como um processo inflamatório crônico da orelha 
média associado à perfuração da MT. 
 
Quadro clínico: otorreia recorrente, 
principalmente ao molhar o ouvido, hipoacusia e 
zumbido; sintomas menos comuns são plenitude 
auricular, otalgia e otorragia; 
 
Divide-se em 3 subtipos: simples, supurativa e 
colesteatomatosa. 
 
 Otite media crônica simples 
Definição: caracteriza-se por perfuração da MT, 
associada a pouca ou nenhuma alteração na 
mucosa da orelha média. Em geral, a perfuração 
acontece após OMA supurada, ou perfuração 
traumática; 
Quadro clínico: hipoacusia e otorreias em crises, 
principalmente ao molhar o ouvido e em vigência 
de IVAS. A otoscopia mostra perfuração na MT 
sem alterações significativas na caixa timpânica; 
Diagnóstico: basicamente clínico; na audiometria, 
o paciente apresenta gap aéreo-ósseo pelo 
comprometimento da condução sonora. Os casos 
de OMC simples dispensam exames de imagem. 
Quando realizada, a TC de mastoide em geral 
não apresenta alterações; 
Julia Paris Malaco – ambulatório otorrino 
Tratamento: a proteção auricular contra água 
deve ser realizada diariamente; 
o Crises de otorreias: reagudizações: gotas 
tópicas com ciprofloxacino. 
Antibioticoterapia por via oral (amoxicilina 
e ácido clavulânico) pode ser utilizada nos 
casos mais intensos; 
o Tratamento em longo prazo: pode ser feito 
com acompanhamento clínico-
audiométrico periódico sem abordagem 
cirúrgica ou por meio de timpanoplastia 
para a reconstrução da perfuração da 
MT 
 
 Otite media crônica supurativa 
Definição: processo inflamatório persistente da 
mucosa da orelha média, associado a perfuração 
da MT, sem lamelas de colesteatoma; 
Quadro clínico: hipoacusia e otorreia fétida 
persistente, refratária ao tratamento clínico com 
gotas e antibioticoterapia oral. Ao exame físico, 
há perfuração parcial ou total da MT e mucosa 
com aspecto inflamatório, além de eventual 
presença de pólipos na orelha média. 
Tratamento: em geral, é cirúrgico, com 
mastoidectomia simples e reconstrução da MT 
 
 Otite média crônica não coleteatomatosa 
Dependendo da gravidade, a otite média não 
colesteatomatosa pode ser simples ou supurada. 
A otite média crônica simples caracteriza-se por 
crises intermitentes de supuração não fétida 
(geralmente mucosa ou mucopurulenta), com 
tendência a cura espontânea. 
 
A inflamação surge em consequência de 
perfuração do tímpano, geralmente na porção 
central, por otitemédia aguda necrosante, 
quando a mucosa do ouvido médio torna-se 
exposta a agressões do meio exterior, perde seus 
mecanismos de defesa e fica predisposta a 
infecções repetidas. 
 
A inflamação é restrita à mucosa do ouvido 
médio, que se apresenta infiltrada por linfócitos, 
plasmócitos e neutrófilos. Com o tempo, surge 
fibrose progressiva, que pode comprometer a 
motilidade da cadeia ossicular. 
Clinicamente, manifesta-se por otorreia não fétida 
intermitente e, eventualmente, perda auditiva 
discreta e do tipo condutivo. Na otite média 
crônica supurada, há comprometimento das 
estruturas ósseas e formação eventual de 
sequestros. Otorreia através do tímpano perfurado 
é constante e, na maioria das vezes, fétida. 
 
 Pseudomonas, colibacilos e Staphylococcus 
aureus são as bactérias mais encontradas. 
Morfologicamente, tanto a mucosa quanto o 
tecido ósseo do ouvido médio apresentam 
alterações. A mucosa tem espessura variada, 
sofre ulcerações e fica revestida por epitélio 
colunar ciliado com hiperplasia de células 
mucosas. A lâmina própria torna-se fibrótica e 
espessada, contendo infiltrado 
linfoplasmocitário; muitas vezes, formam-se 
massas polipoides de tecido de granulação 
que podem exteriorizar-se através da 
membrana timpânica perfurada (pólipo aural) 
 Além disso, surgem glândulas tubulares na 
mucosa. As lesões ósseas também são 
acentuadas pela alternância de reabsorção e 
deposição, modificando a estrutura interna do 
osso mastóideo; a cadeia ossicular apresenta 
grau variado de destruição. 
 Clinicamente, a perfuração timpânica tem 
tamanho e localização variados, a otorreia é 
fétida e contínua e a perda de audição 
depende do grau de comprometimento da 
cadeia ossicular 
 Na fase de supuração o tratamento é clínico, 
e deve ser realizado com o uso de gotas 
auriculares que contenham associação de 
antibióticos e corticóides e, também, 
descongestionantes. Só nos casos mais 
resitentes é aconselhado o uso da 
antibioticoterapia sistêmica. Normalmente o 
quadro regride só com o uso de gotas locais. 
Cuidados de higiene local são 
recomendados, principalmente a não 
permissão de entrada de água nos ouvidos. 
 
 
Colesteatoma 
 
Também conhecido como otite média 
colesteatomatosa, consiste em cisto não 
neoplásico revestido por epitélio escamoso que 
descama e tem crescimento ativo no interior do 
ouvido médio. 
Processo inflamatório persistente da mucosa da 
orelha média, associado à perfuração da MT e à 
presença de colesteatoma na orelha média. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Julia Paris Malaco – ambulatório otorrino 
O colesteatoma é uma estrutura lamelar que 
histologicamente apresenta estrutura epitelial do 
tipo escamoso estratificado queratinizado que 
cresce descontroladamente (formando lamelas) 
e apresenta comportamento lítico em relação 
às estruturas adjacentes, destruindo o ouvido 
progressivamente. Esse comportamento é 
denominado pseudotumoral. 
As lamelas podem infectar-se por diversas 
bactérias, como S. aureus e Pseudomonas, 
produzindo otorreia de odor muito fétido e 
característico, com grande prejuízo psicossocial. 
 
Os colesteatomas podem ser classificados em: 
 Congênitos: podem ocorrer em diversos locais 
do osso temporal. Têm crescimento lento e, 
quando sintomáticos, geralmente já atingiram 
grandes proporções. À otoscopia, 
caracterizam-se por manterem a MT intacta, 
crescendo na cavidade timpânica. Com a 
progressão, podem, também, destruir a MT e 
as estruturas da orelha média; 
 Adquiridos: podem ser classificados em 
primários e secundários. Os primários 
decorrem de retração crônica da MT na sua 
porção flácida. Os secundários originam-se 
por OMA de repetição, com perfuração da 
MT, que permite a migração de tecido 
epitelial do CAE para o interior do ouvido 
médio 
 
A patogênese do colesteatoma é controversa, 
sendo propostos vários mecanismos para explicar 
a presença de epitélio escamoso ceratinizanteno 
ouvido médio: 
 Metaplasia do epitélio do ouvido médio 
resultante de inflamação crônica (atualmente 
esta hipótese é considerada improvável); 
 Migração do epitélio escamoso da membrana 
timpânica para o ouvido médio através de 
perfuração crônica; 
 Invaginação de parte da membrana 
timpânica para o interior da cavidade do 
ouvido médio, formando uma bolsa de 
retração revestida pelo epitélio escamoso da 
face externa da membrana do tímpano. 
 
Nas duas últimas hipóteses, é proposto que a otite 
média crônica, além de levar à perfuração da 
membrana timpânica ou à formação de bolsa de 
retração, também alteraria os mecanismos de 
controle da proliferação do epitélio escamoso. 
A alteração desses mecanismos afetaria o 
processo normal de migração epitelial de certas 
regiões da face externa da membrana timpânica, 
que tem por finalidade evitar o acúmulo de 
ceratina. Consequentemente, haveria entrada 
aberrante de epitélio com grande capacidade 
de crescimento no ouvido médio. 
 
Histologicamente, o colesteatoma é uma lesão 
cística revestida por epitélio escamoso 
ceratinizado, cuja cavidade fica preenchida por 
escamas córneas. 
No estroma fibroso, abaixo do epitélio encontram-
se infiltrado de mononucleares e, não raro, cristais 
de colesterol associados a reação granulomatosa 
do tipo corpo estranho (granuloma de colesterol). 
Esses granulomas correspondem a reação 
macrofágica do tipo corpo estranho a cristais de 
colesterol, provenientes hemorragias prévias. 
 
O colesteatoma surge em qualquer idade, porém 
é mais comum na terceira e quarta décadas de 
vida. 
Os sintomas são semelhantes aos da otite média 
crônica supurada, com otorreia espessa e fétida, 
associada a deficiência auditiva causada por 
destruição dos ossículos. Na mastoide, o 
colesteatoma destrói progressivamente as suas 
estruturas. 
As principais complicações são labirintite, fístula 
labiríntica, paralisia do nervo facial, petrosite e 
meningite. Pólipo aural e granuloma de colesterol 
são secundários a otite média crônica, 
colesteatomatosa ou não. O pólipo aural é uma 
massa polipoide de tecido de granulação 
cronicamente inflamado. 
 
Diagnóstico: à otoscopia, pode-se observar 
secreção muito fétida, de coloração var iável, 
com perfuração da MT geralmente em sua 
porção flácida, formando bolsas de retração com 
secreção e descamação epitelial no seu interior. 
A TC de osso temporal – cortes axiais e coronais – 
mostra uma massa de tecido mole 
posterossuperior na caixa timpânica, homogênea, 
não calcificada, de contornos lobulados, com 
efeito de massa com deslocamento medial da 
cadeia ossicular, osteólise de estruturas finas, 
como os ossículos, e retração da MT; 
Tratamento: é cirúrgico, por meio de 
mastoidectomia subtotal ou radical. Muitas vezes 
é necessário mais de 1 procedimento além do 
acompanhamento periódico ambulatorial.

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