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DPC04 - Arbitragem - Carlos Salles e Piva - 2012

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ARBITRAGEM 
(Profº. Associado Carlos Alberto de Salles e Profº. Dr. Walter Piva Rodrigues) 
 
 
08.03.2012 HISTÓRIA DA ARBITRAGEM NO BRASIL e sua NATUREZA JURÍDICA 
(convidado) 
 
 
*História da arbitragem no Brasil 
 A partir de 2001, a arbitragem se tornou mais forte no Brasil. Até então, o 
tema era abordado, em grande parte, por professores de Direito Internacional, em cujo 
âmbito o uso de arbitragem é antigo (há relatos sobre o tema que datam de 3000 a.C. 
na Babilônia e entre o povo hebreu, além de Grécia e Roma Antiga). 
 Em Roma, o pretor era o intermediário escolhido pelas partes para 
resolver seus litígios. O pretor acertava qual era o objeto do litígio e, juntamente com as 
partes, escolhia o judex (quem de fato iria dirimir o conflito). 
 Após o séc. II, durante o governo de Otávio Augusto, o Estado passou a 
angariar o poder de julgar das mãos do pretor. Novos órgãos estatais foram sendo 
instituídos. 
 No Brasil, na Constituição de 1824, havia uma previsão expressa de que 
poderia haver arbitragem para causas civis e penais civilmente intentadas, se assim 
convencionassem as partes1. 
 Em 1831 e 1837 foram promulgadas duas leis que tornaram a arbitragem 
obrigatória em causas sobre seguro e contrato de locação. Nestes casos, portanto, os 
cidadãos estavam proibidos de ir ao Poder Judiciário. 
 Em 1850, a estipulação de arbitragem obrigatória tornou-se mais ampla, 
abrangendo todas as causas sobre direito comercial – e não mais só sobre seguro e 
contrato de locação. 
 
1 “Art. 160, CF/1824 – Nas (causas) cíveis e nas penais civilmente intentadas, poderão as partes nomear 
juizes árbitros. Suas sentenças serão executadas sem recurso, se assim o convencionarem as mesmas 
partes”. 
 Em 1866, a disposição de 1850 foi revogada e a arbitragem assumiu 
caráter facultativo. 
 Existem dois tipos de convenção arbitral, isto é, aos meios para se 
instituir a arbitragem: 
a) cláusula compromissória - prevista no contrato, excluindo o Poder Judiciário de 
qualquer litígio que possa surgir a respeito do acordado. Por isso, possui caráter 
genérico, não sendo designada a arbitragem para um litígio específico. (“todo litígio 
decorrente da execução ou interpretação deste contrato será resolvido por arbitragem, 
segundo as regras da câmara tal...”). 
b) compromisso arbitral – de modo diverso à cláusula compromissória, a arbitragem 
é estabelecida para um litígio específico. Neste caso, o litígio existe antes de ser 
convencionada a arbitragem. Este tipo de convenção arbitral é mais difícil de ocorrer, 
pois havendo um litígio, raramente as partes estão dispostas a conversar e acordar 
sobre o método de solução do conflito (pelo Poder Judiciário ou pela Arbitragem). 
 O Código Civil de 1916 e os Códigos de Processo Civil de 1939 e 1973 
tinham dispositivos sobre arbitragem, logo, a pouca utilização desse método de solução 
de conflito não se deu em razão da falta de previsão legal. A dificuldade de seu 
florescimento estava relacionada a imposições da própria lei. 
 A lei não dava valor nenhum à cláusula compromissória, tratando-a como 
um pré-contrato e condicionando a arbitragem a um posterior compromisso arbitral. Em 
outras palavras, prevista a cláusula compromissória no contrato, quando surgisse o 
litígio, as partes deveriam fazer um compromisso arbitral para haver a arbitragem. No 
entanto, uma vez surgido um conflito, a relação das partes é abalada e muitas vezes 
não estão dispostas a realizar qualquer tipo de acordo, ainda que sobre o método de 
solução. Dessa forma, a cláusula compromissória não surtia efeito, causando um 
entrave à utilização da arbitragem. 
 Além disso, havia a exigência de homologação do “laudo arbitral” (agora 
sentença arbitral) pelo Poder Judiciário e, em âmbito internacional, dupla homologação 
(do país de origem e depois aqui). Com isso, ficavam comprometidas as vantagens da 
arbitragem: 
a) celeridade – com a necessidade de homologação, não havia a celeridade, pois o 
trâmite no judiciário inclui a interposição de recursos. 
b) custo – somar-se-ia ao custo da arbitragem os custos para que o processo de 
homologação tramitasse. 
c) escolha do árbitro – na arbitragem, pode-se escolher o árbitro conforme sua 
especialidade no tema. 
 Com esses entraves, ninguém se sentia atraído por uma arbitragem. Isso 
mudou com a promulgação da Lei nº 9.307/96, a Lei de Arbitragem, que resolveu os 
problemas, dando força para a cláusula compromissória, inclusive a vazia2, tornando-a 
vinculante entre as partes, que ficam impedidas de procurar o Poder Judiciário. 
Ademais, foi dispensada a homologação obrigatória. 
 Desse modo, a arbitragem é um dos meios de solução, ao lado da 
Mediação e do Poder Judiciário: 
 a arbitragem é interessante para demandas com base em legislações 
muito específicas (por ex., direito societário) e para problemas técnicos, 
pois o juiz, muitas vezes, é um generalista, julgando desde a demanda 
revisional de aluguéis até uma questão extremamente complexa sobre 
patentes, com um elevado volume de trabalho. 
 a mediação é interessante para litígios em relações jurídicas 
continuadas, por exemplo, relação fornecedor/comprador. O mediador 
“desarma” as partes, permitindo que uma entenda o lado da outra. Ao 
contrário do árbitro, que resolve o litígio, o mediador ajuda as partes a 
resolver o litígio por conta própria, evitando a sensação de revanchismo 
entre os litigantes. 
 
2 Cláusula vazia - aquela que não determina o modo de indicação do árbitro. 
 o Poder Judiciário é a via principal. É o caminho adequado para diversos 
tipos de litígios, cabendo às partes escolher a via que seja melhor aos 
seus interesses. 
 Houve questionamento sobre a constitucionalidade da Lei nº 9.307/96, 
pois estabelece que, se escolhida a cláusula arbitral, o litígio deve ser resolvido 
conforme o acordo, o que contrariaria o artigo 5º da CF, XXXV (“a lei não excluirá da 
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”). O STF, por sua vez, julgou 
a Lei de Arbitragem constitucional. 
 A declaração de constitucionalidade, a exclusão da homologação 
obrigatória (art. 18, Lei de Arbitragem3) e a independência da cláusula compromissória 
(art. 5º, Lei de Arbitragem4) deram início ao fortalecimento da arbitragem no Brasil. 
 
*Natureza jurídica da arbitragem 
Segundo alguns, é uma jurisdição convencional, em contraposição à jurisdição estatal. 
Mas questão é: tem natureza jurisdicional ou não? 
CC 113260/SP, apreciado no STJ - Em um contrato de compra e venda de 23 glebas 
de terra havia uma cláusula vazia, mas que indicava ao menos a Câmara de 
Arbitragem (“toda e qualquer controvérsia deverá ser resolvida através de processo 
arbitral da FIESP... obrigando-se a parte a este modo de solução, em prejuízo de 
 
3 Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a 
homologação pelo Poder Judiciário. 
4 Havendo cláusula compromissória, o compromisso arbitral só está previsto em caso de cláusula vazia 
(para se estabelecer a forma de instituir a arbitragem) e em caso de uma das partes resistir à instituição 
da arbitragem (art. 6º e 7º). 
 “Art. 5º Reportando-se as partes, na cláusula compromissória, às regras de algum órgão arbitral 
institucional ou entidade especializada, a arbitragem será instituída e processada de acordo com tais 
regras, podendo, igualmente, as partes estabelecer na própria cláusula, ou em outro documento, a forma 
convencionada para a instituição da arbitragem”. 
 “Art. 6º Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a arbitragem, a parte interessada 
manifestará à outra parte sua intenção de dar início à arbitragem, por via postal ou por outro meio 
qualquer de comunicação, mediante comprovação de recebimento, convocando-apara, em dia, hora e 
local certos, firmar o compromisso arbitral.” 
 “Art. 7º Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à instituição da arbitragem, 
poderá a parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer em juízo a fim de lavrar-se 
o compromisso, designando o juiz audiência especial para tal fim.” 
qualquer outra”). A despeito disso, quando surgiu um litígio (não pagamento das 
custas), uma das partes instaurou o processo arbitral em outra Câmara. 
 Se o árbitro é equiparado ao juiz, é possível se falar em conflitos de 
câmara de arbitragem? O conflito de competência é estudado do ponto de vista dos 
órgãos estatais. Isso poderia ser transportado para o conflito entre duas câmaras de 
arbitragem? 
 Naquele caso concreto, ambas as Câmaras de Arbitragem assumiram a 
competência para julgar o litígio. Diante disso, o conflito de competência entre as 
câmaras foi suscitado no STJ. 
 Pela interpretação literal, o STJ tem competência para dirimir conflitos de 
competência entre tribunais, o que afastaria o conhecimento do conflito entre câmaras 
arbitrais. Contudo, houve duas correntes no STJ, uma conhecendo e outra não, porém 
ambas entendendo ser o conflito de natureza jurisdicional: 
I) corrente minoritária - entendia ser jurisdicional a natureza do conflito e deu-lhe 
conhecimento no âmbito do STJ. 
II) corrente majoritária – também entendeu ser o conflito de natureza jurisdicional, 
mas que deveria, em um primeiro momento, ser dirimido por um juiz de primeiro 
grau. 
 
15.03.2012 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À ARBITRAGEM 
(convidado) 
 
 Ordem pública – conjunto de normas e princípios que, num momento 
histórico determinado, reflete o conjunto de valores essenciais cuja tutela atende de 
maneira especial cada ordenamento jurídico. 
 Princípios da arbitragem expressos em lei (art. 21, §2º, Lei de Arbitragem5) 
 
5 Art. 21, § 2º - Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da 
igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento. 
1) Princípio do Contraditório – informação e possibilidade de reação, podendo influir no 
livre convencimento do juiz. 
2) Princípio da Igualdade das partes – deve-se respeitar a igualdade entre as partes. 
Em regra, no início do processo de arbitragem, as partes já estão em pé de igualdade, 
diferentemente da jurisdição estatal. Portanto, este princípio não é tão importante na 
arbitragem quanto no processo judicial. 
3) Princípio da Imparcialidade do árbitro – só existe arbitragem justa e válida se houver 
árbitro imparcial (também o art. 13, §6º, Lei de Arbitragem6). 
4) Princípio do Livre Convencimento do árbitro – a apreciação das provas e alegações 
das partes é livre, mas a sentença deve ser motivada, conforme art. 26, II, da Lei de 
Arbitragem7. 
 Princípios não expressos 
1) Princípio da Publicidade – No Poder Judiciário, há casos de segredo de justiça em 
que a sentença é só para as partes. Na Lei de Arbitragem, não há previsão sobre a 
publicação da decisão arbitral para pessoas além das partes, mas algumas Câmaras 
de Arbitragem já a preveem em seu regimento interno. 
 A não publicidade implica em (i) dificuldades para computar o número de 
casos resolvidos por arbitragem; (ii) pedido judicial para se ter acesso à sentença 
arbitral. 
 No caso da arbitragem, pode haver grande interesse das partes em não 
publicar a decisão. 
2) Princípio do Duplo Grau – Não existe para a arbitragem, mas alguns órgãos 
preveem alguns tipos de recursos (o que vai contra a própria lógica da arbitragem = 
celeridade) 
 
6 Art. 13, § 6º - No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade, 
independência, competência, diligência e discrição. 
7 Art. 26. São requisitos obrigatórios da sentença arbitral: 
 II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de fato e de direito, mencionan-
do-se, expressamente, se os árbitros julgaram por eqüidade; 
3) Princípio do Prazo Razoável – não faz sentido para a arbitragem, pois a celeridade é 
uma de suas características. 
 
22.03.2012 (Salles) ARBITRABILIDADE DAS CONTROVÉRSIAS e 
 ARBITRAGEM E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
*Arbitrabilidade das controvérsias 
1. Noção geral 
 A arbitragem não pode ser contaminada pelas ingerências do Poder 
judiciário. Assim, o controle judiciário é secundário e há um “isolamento da arbitragem”, 
proporcionado pelo princípio da autonomia da cláusula arbitral e pelo princípio da 
competência. 
2. Disciplina legal 
 O artigo 1º da Lei de Arbitragem estabelece a arbitrabilidade subjetiva, 
relativa às partes (exercício do direito de contratar), e a arbitrabilidade objetiva, cujos 
requisitos são a patrimonialidade, a disponibilidade e o objeto determinado ou 
determinável (objeto não necessariamente material, pode ser jurídico)8. 
 A arbitrabilidade está intimamente ligada à possibilidade jurídica lato 
sensu. Se não houvesse esse requisito, seria possível discutir dívida de jogo, por 
exemplo, o que não é possível no judiciário. Do mesmo modo, há temas no âmbito 
administrativo que não são passíveis de arbitragem, como o ato administrativo. 
 Nos EUA, há grande tradição de arbitragem. A cláusula arbitral é modulada. 
Chamam de arbitrability o quanto se foi convencionado. 
 No Brasil é mais tradicional a cláusula compromissória do que o compromisso 
arbitral. 
 Há tendência do árbitro em ser sempre meio-termo. 
 
8 Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a 
direitos patrimoniais disponíveis. 
3. Situações especiais 
a) Relação de consumo – o artigo 51, VII, do CDC, estabelece que são nulas as 
cláusulas abusivas que determinem a aplicação compulsória da arbitragem9 (devido à 
presunção de vulnerabilidade do consumidor). 
 No artigo 4º, §2º, da Lei de Arbitragem, é disposto que a cláusula 
compromissória em contrato de adesão terá eficácia se a iniciativa for do aderente ou 
se houver sua concordância expressa. 
“§ 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só 
terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a 
arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua 
instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em 
negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa 
cláusula.” 
 Para alguns consumeristas, sem ser compulsório não tem como haver 
arbitragem. Para o professor, se der para corrigir a assimetria na relação de consumo, 
não precisa ser compulsória, porque o consumidor pode querer esse método de 
solução. Poderia haver, nesse caso, um certificado de concordância. 
b) Relação de trabalho – é permitida arbitragem na relação trabalhista no art. 114, §2º, 
da CF10. O TST faz confusão11. Para professor, o problema é a assimetria das partes, 
 
9 Art. 51, CDC. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao 
fornecimento de produtos e serviços que: 
 VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem 
10CF, art. 114 
 § 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. 
 § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às 
mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça 
do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem 
como as convencionadas anteriormente. 
11Dei uma pesquisada e, pelo que entendi, o TST possui diversas vertentes (i) sobre a arbitragem ser 
válida tanto para casos coletivos quanto individuais e (ii) sobre a disponibilidade ou não dos direitos 
trabalhistas em relação ao momento da convenção arbitral (antes da formação do vínculo ouapós o 
rompimento do vínculo). 
*http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI128021,71043-ST+aceita+arbitragem+para+resolver+conflito 
+trabalhista 
*http://www.relacoesdotrabalho.com.br/profiles/blogs/no-dci-online-tst-aceita 
*http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20110603085737146&mode=print 
correndo o risco, por exemplo, da “pessoa executiva” escolher uma Câmara em lugar 
ao qual o trabalhador não tem acesso. 
 
*Arbitragem e Administração Pública 
 A arbitragem não pode ser aplicada em todos os casos que envolvam a 
participação da Administração Pública. Segundo o professor, é utilizada em contratos 
administrativos, principalmente, para atrair empreendedores. 
Ex.: Lei das Concessões, Lei das PPP. 
 Há duas correntes quanto à aplicação da Lei de Arbitragem nos contratos 
administrativos: 
Corrente I – é válida para qualquer contrato administrativo, pois a Lei de Arbitragem (lei 
geral) não veta esse método de solução aos contratos administrativos. 
Corrente II – Embora a Lei de Arbitragem não preveja impedimentos quanto ao uso de 
arbitragem pela Administração Pública, baseado no princípio da legalidade ao qual a 
Administração Pública está atrelada, deve haver autorização legislativa específica. 
Assim, também os Estados e Municípios devem indicar a arbitragem em lei específica. 
 Para o professor, a falta de previsão da proibição não implica em 
arbitragem permitida, pois o cânone da Administração Pública é a legalidade (atuação 
regulada por lei): o Poder Público é norteado por legislações específicas. 
 “O que move a Administração no sistema não é a autorização geral, mas 
a autorização específica.” (professor) 
 Quanto à arbitrabilidade objetiva (“direitos patrimoniais disponíveis”), para 
o professor, a disponibilidade não é um conceito aplicável à arbitragem em que a 
Administração Pública é parte. Não há impedimento em razão do interesse dos bens 
envolvidos. (ex. “as controvérsias derivadas de contratos de compra e venda podem 
ser submetidas à arbitragem”). Se há uma autorização legislativa para aplicação da 
arbitragem, a questão de indisponibilidade está superada. 
 A convenção de arbitragem não significa uma disponibilidade do bem 
material, até porque a Administração poderá sair vencedora. Na verdade, a disposição 
é a respeito da tutela jurisdicional estatal. Também não há processo necessário em 
caso de direito administrativo. 
 No que concerne à Administração Pública, a ideia de arbitrabilidade 
enquanto possibilidade jurídica lato sensu é importante porque há limites: nem tudo 
pode ser objeto de arbitragem, por exemplo, o mérito do contrato (“se nem o juiz pode 
invadir o mérito do ato administrativo, nem mesmo o árbitro pode fazê-lo. Decisão por 
equidade e escolha de legislação não podem ser aplicadas à Administração, que está 
vinculada ao princípio de legalidade. O poder de polícia também não está abrangido 
pelo âmbito da arbitragem.”). 
 Para produzir efeito a um ato administrativo, a sentença judicial só é 
necessária em caso de desapropriação litigiosa. 
 Não há reserva de jurisdição ao Poder Judiciário no âmbito administrativo. 
 
29.03.12 CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM 
(convidado) 
 
 Os métodos alternativos e a arbitragem existem há muito tempo (leis do 
Império já reconheciam a arbitragem), porém o instituto da arbitragem não conseguia 
ter sucesso, pois ninguém era obrigado a se vincular à convenção arbitral. Com a Lei 
de Arbitragem (Lei nº 9.307/96), houve uma alteração do mecanismo, ampliando sua 
utilização. 
 A Convenção de Arbitragem é um negócio jurídico processual (categoria 
polêmica) no âmbito de uma relação de direito privado. A convenção permite que o 
tema seja tratado pela arbitragem, impedindo a posterior análise judiciária. 
 Trata-se de um gênero, dividido em duas espécies: 
a) Claúsula compromissória, inserida no contrato e, portanto, anterior ao litígio; e 
b) Compromisso arbitral, posterior ao litígio, sem necessidade de contrato anterior 
ex. acidente de trânsito. 
*Obs.: Em termos de objetivo, não há diferença: instaurar o procedimento arbitral para 
resolver um conflito. 
 Como as cláusulas compromissórias são genéricas, alguns doutrinadores 
diziam que quando surgisse o litígio deveria haver um compromisso arbitral, que é 
específico. No entanto, hoje essa questão já está pacífica, sendo as espécies 
equiparadas. 
 A cláusula compromissória se subdivide em cláusula vazia e cláusula 
cheia, em que esta é aquela que indica a forma de indicação dos árbitros 
(normalmente, nomeiam câmara arbitral), enquanto a outra não. Se a cláusula for 
vazia, observa-se o art. 6º da Lei de Arbitragem12 e caso uma das partes resista à 
arbitragem ou houver qualquer controvérsia, quem tiver interesse pode se valer do art. 
7º da Lei de Arbitragem13. 
 O compromisso arbitral possui como requisitos obrigatórios o disposto no 
art. 10 da Lei de Arbitragem14 e requisitos facultativos, no art. 11 da mesma lei15. 
 
12 Art. 6º. Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a arbitragem, a parte interessada 
manifestará à outra parte sua intenção de dar início à arbitragem, por via postal ou por outro meio 
qualquer de comunicação, mediante comprovação de recebimento, convocando-a para, em dia, hora e 
local certos, firmar o compromisso arbitral. 
13 Art. 7º. Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à instituição da arbitragem, 
poderá a parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer em juízo a fim de lavrar-se 
o compromisso, designando o juiz audiência especial para tal fim. 
14 Art. 10. Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral: 
 I - o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes; 
 II - o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o caso, a identificação da enti-
dade à qual as partes delegaram a indicação de árbitros; 
 III - a matéria que será objeto da arbitragem; e 
 IV - o lugar em que será proferida a sentença arbitral. 
15 Art. 11. Poderá, ainda, o compromisso arbitral conter: 
 I - local, ou locais, onde se desenvolverá a arbitragem; 
 II - a autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem por eqüidade, se assim for convencionado 
pelas partes; 
 III - o prazo para apresentação da sentença arbitral; 
 IV - a indicação da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à arbitragem, quando assim 
convencionarem as partes; 
 V - a declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das despesas com a arbitra-
gem; 
 VI - a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros. 
 Se a questão em debate estiver relacionada à nulidade do contrato, 
mantém-se a arbitragem com base no Princípio da Autonomia da Convenção de 
Arbitragem: mesmo que todo o contrato seja nulo, a convenção não necessariamente o 
será, conforme o art. 8º da Lei de Arbitragem16. Nesse caso, o próprio árbitro verificará. 
Se for alegado que o contrato não foi assinado ou que é desconhecido o negócio 
firmado, o árbitro decidirá sobre isso e, em caso de comprovação, mandará para o 
Poder Judiciário. 
*Obs.: o risco do sistema arbitral é a irrecorribilidade, portanto se o árbitro não 
conhecer a nulidade/ineficácia/inexistência das questões acerca da convenção arbitral 
e do contrato, não haverá recurso. 
 O art. 1º da Lei de Arbitragem estabelece arbitrabilidade subjetiva 
(pessoas com capacidade de contratar) e arbitrabilidade objetiva (direitos patrimoniais 
disponíveis). Com estes critérios, resolve-se a maioria dos problemas práticos. 
*Obs.1: É comum dizerem que a arbitrabilidade objetiva abrange também “transação de 
direitos”. No âmbito civil, os conceitos de “transação de direitos” e “direitos patrimoniais 
disponíveis” se confundem, mas, via de regra, não há relação de sinônimo entre eles. 
*Obs.2: No âmbito do direito do consumidor, o contrato de adesão que contiver uma 
cláusula compromissóriadeve colocá-la em destaque no corpo do texto e deve constar 
um visto específico das partes na cláusula. Além disso, nenhuma vantagem do 
consumidor em âmbito judiciário pode ser suprimida. 
*Obs.3: No âmbito do direito societário, não vale regra da maioria, pois a convenção de 
arbitragem é estabelecida pelo consenso e vontade unânime. 
 
12.04.12 - PROVA 
 
 
 
16 Art. 8º. A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que estiver inserta, de tal 
sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória. 
 Parágrafo único. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões 
acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláu-
sula compromissória. 
19.04.12 AS PARTES E OS ÁRBITROS 
(convidado) 
 
 Segundo o artigo 13, da Lei de Arbitragem, o árbitro deve ser capaz e ter 
confiança das partes17. 
*Obs.1: O juiz estatal pode ser árbitro a partir do momento em que não pertencer mais à 
magistratura, isto é, quando o juiz estiver aposentado. 
*Obs.2: Árbitro deve ser pessoa física, não se admitindo pessoa jurídica. Para o profº, 
funcionalmente não tem problema, mas como na Lei de Arbitragem há previsão de 
responsabilidade pessoal, então não cabe PJ (art.17 diz que há equiparação do árbitro 
à funcionário público, para efeito da legislação penal). 
 Considera-se instituída a arbitragem no momento em que o(s) 
árbitro(s) aceita(m) a nomeação (art. 19 da Lei de Arbitragem18). 
 Número de árbitros 
 Conforme o § 1º do art. 1319, podem ser escolhidos um ou mais árbitros. 
Como não pode haver empate, o número de árbitros deve ser sempre ímpar (regime de 
painel ímpar ou árbitro único). Por uma questão econômica, a nomeação de mais de 
um árbitro convém para causas superiores à R$1 mi, devido aos honorários (custo da 
hora é em torno de R$500,00). Em geral, são escolhidos três árbitros. 
 O § 2º, do mesmo artigo 20 , estabelece que se as partes nomearem 
número par de árbitros, estes podem nomear mais um. Se não houver acordo entre 
eles, o Poder Judiciário será acionado, aplicando, no que for possível, o disposto no 
artigo 7º da Lei de Arbitragem. 
 
17 Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes. 
18 Art. 19. Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se for único, ou 
por todos, se forem vários. 
19 Art. 13, § 1º. As partes nomearão um ou mais árbitros, sempre em número ímpar, podendo nomear, 
também, os respectivos suplentes. 
20 Art. 13, § 2º. Quando as partes nomearem árbitros em número par, estes estão autorizados, desde 
logo, a nomear mais um árbitro. Não havendo acordo, requererão as partes ao órgão do Poder Judiciário 
a que tocaria, originariamente, o julgamento da causa a nomeação do árbitro, aplicável, no que couber, o 
procedimento previsto no art. 7º desta Lei. 
*Obs.1: A maioria das Câmaras de Arbitragem possui uma cláusula em que se 
determina que, em caso de impasse quanto ao árbitro ímpar, cabe ao presidente da 
Câmara Arbitral escolher, dentro de uma lista de árbitros membros da Câmara. 
*Obs.2: A fim de evitar os impasses gerados pela dificuldade de consenso entre pólos 
com vários membros, a CCBC (Câmara de Comércio Brasil Canadá) e a CCI (Câmara 
de Comércio Internacional) reformularam seus regulamentos, dispondo que, em caso 
de múltiplas partes, se não houver consenso sobre a indicação do(s) árbitro(s), o 
Presidente da Câmara escolherá o Tribunal Arbitral (seja um ou mais árbitros)21. Assim, 
por exemplo, se o autor tiver escolhido seu árbitro, mas os réus não tiverem encontrado 
um consenso sobre sua escolha, para manter a igualdade, serão escolhidos pelo 
Presidente da Câmara todos os árbitros, desconsiderando a escolha feita pelo autor. 
*Obs.3: Em caso de vários árbitros nomeados, o árbitro presidente do tribunal arbitral 
será eleito pela maioria destes ou, não havendo consenso, será o árbitro mais idoso. 
(art. 13, §4º)22 
 O § 3º23 prevê que as partes podem, de comum acordo, determinar o 
processo de escolha dos árbitros - por exemplo, pedindo que o árbitro tenha 
determinada formação, seja mais técnico ou não, etc. – ou podem adotar as regras da 
instituição em que ocorrerá a arbitragem. 
 Procedimentos 
 As partes decidem, em comum acordo, os procedimentos para a 
arbitragem (art. 21). Caberá ao árbitro presidente decidir os procedimentos que não 
foram regulados. Ex. delação de prazo (§1º)24. 
 
21 Item 4.16, Instituição da arbitragem, do Regulamento da CCBC - No caso de arbitragem com 
múltiplas partes, como requerentes e/ou requeridas, não havendo consenso sobre a forma de 
indicação de árbitro pelas partes, o Presidente do CAM/CCBC deverá nomear todos os membros do 
Tribunal Arbitral, indicando um deles para atuar como presidente, observados os requisitos do artigo 4.12 
deste Regulamento. 
22 Art. 13, § 4º. Sendo nomeados vários árbitros, estes, por maioria, elegerão o presidente do tribunal 
arbitral. Não havendo consenso, será designado presidente o mais idoso. 
23 Art. 13, § 3º. As partes poderão, de comum acordo, estabelecer o processo de escolha dos árbitros, 
ou adotar as regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada. 
24 Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de 
arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade 
 Julgamento 
Em caso de votos quantitativos, se cada árbitro julgar valores diferentes 
de indenização, por exemplo, pode-se adotar: 
1- Critério de média aritmética (x+y+.../nº de árbitros); 
2- Critério da continência = Supondo que sejam três árbitros e decidam 400, 500 e 400. 
Como 400 está dentro de 500 (400+100), esse será o valor (maioria - art. 24, §1º25). 
 No caso de votos qualitativos, o voto de minerva é do presidente do 
tribunal arbitral, prevalecendo sua decisão (art. 24, §1º). Por ex., se um vota 
procedente, outro improcedente e ele vota procedente parcial, essa que valerá. 
 Em princípio, as partes não podem clausular uma convenção estabele-
cendo veto, pois é comum que se evite este tipo de medida tendo-se em vistas situa-
ções hipotéticas, como no caso de as partes rejeitarem árbitros. O acordo pode melar 
se houver previsão de veto. 
Obs.: 
 Deveres do árbitro (art. 13, §6º26) 
1- Imparcialidade – não pode julgar conforme as partes, devendo decidir de acordo 
 com seu livre convencimento. 
2- Independência – quanto à interferência do Poder Judiciário 
3- Competência – técnica (subjetivamente) 
4- Diligência – evitar realizar reuniões desnecessárias. 
5- Discrição 
 
especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o 
procedimento. 
§ 1º Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbitro ou ao tribunal arbitral 
discipliná-lo. 
25 Art. 24, § 1º. Quando forem vários os árbitros, a decisão será tomada por maioria. Se não houver 
acordo majoritário, prevalecerá o voto do presidente do tribunal arbitral. 
26 Art. 13, § 6º. No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade, 
independência, competência, diligência e discrição. 
Obs.: “árbitro neutro” – em alguns países, neutro possui o mesmo significado de 
“presidente do tribunal arbitral” no Brasil (não confundir presidente do tribunal arbitral 
com presidente da Câmara Arbitral, que atua apenas no momento da instituição da 
arbitragem, se necessário – vide obs 1 e obs 2, pág 14). 
 Impedimentos (art. 1427) 
Não pode ser árbitro qualquer pessoa que tenhacom as partes ou com o 
litígio alguma relação elencada nas hipóteses de impedimento e suspeição de juiz 
previstas no CPC, respectivamente art. 134 e 135 (equiparação de juiz e árbitro). A 
parte é obrigada a se manifestar na primeira oportunidade (art. 20) 
A diferença entre a arbitragem e o judiciário é que para JUIZ impedido, 
cabe ação rescisória, pois a gravidade do vício é maior. 
Na arbitragem, a sentença é anulada se foi emanada de quem não podia 
ser árbitro (art. 32, inc.II, e art. 3328). Há ação anulatória e não rescisória. 
 Recusa do árbitro 
 Quando houver recusa do árbitro por ele próprio ou pelas partes ou se 
vier a falecer após a aceitação, salvo se as partes tiverem disposto que não aceitam 
substituição, hipótese em que não ocorre a arbitragem, haverá substituição: 
(a) pela pessoa indicada no compromisso; 
(b) Se não houver indicação, serão adotadas as regras do órgão arbitral ou entidade 
em que ocorre a arbitragem, se tais regras tiverem sido invocadas na convenção; 
(c) Por fim, se nada tiver sido mencionado na convenção e as partes não acordarem 
sobre a nomeação do substituto, poderá ser invocado o art. 7º da Lei de Arbitragem, 
isto é, recorrer ao Poder Judiciário (art. 1629). 
 
27 Art. 14. Estão impedidos de funcionar como árbitros as pessoas que tenham, com as partes ou com o 
litígio que lhes for submetido, algumas das relações que caracterizam os casos de impedimento ou 
suspeição de juízes, aplicando-se-lhes, no que couber, os mesmos deveres e responsabilidades, 
conforme previsto no Código de Processo Civil. 
28 Art. 32. É nula a sentença arbitral se: 
II - emanou de quem não podia ser árbitro; 
Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a decretação da 
nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei. 
Segundo o §2º do art. 1430, o árbitro só poderá ser recusado por motivo 
posterior a sua nomeação, salvo se não for nomeado diretamente pela parte ou se o 
motivo tiver sido conhecido após a nomeação. 
 
26.04.12 ARBITRAGEM E O PODER JUDICIÁRIO 
(Salles) 
 
 O objetivo da aula é analisar como se dá a relação entre o Poder Judiciá-
rio e a Arbitragem, campos aparentemente contraditórios. 
 Isolamento do processo arbitral em relação às medidas judiciais 
 A arbitragem não pode sofrer interferências do Poder Judiciário ou 
se deixar contaminar por ele. As medidas judiciais não podem afetar a arbitragem. 
 - Favor arbitralis = uma vez escolhido o mecanismo arbitral, deve 
ser respeitada a autonomia das partes e afastar a interferência do Poder Judiciário. 
 O isolamento é desejável, embora alguns procedimentos possam 
ser objeto de decisão judicial após haver uma decisão arbitral. 
 Os instrumentos judiciais, por sua vez, são importantes para pro-
porcionar um anteparo à arbitragem. Em outras palavras, não obstante o isolamento 
característico da arbitragem, o Poder Judiciário e suas medidas aplicáveis ao procedi-
mento arbitral são relevantes para a solução de controvérsias. Por exemplo, em caso 
 
29 Art. 16. Se o árbitro escusar-se antes da aceitação da nomeação, ou, após a aceitação, vier a falecer, 
tornar-se impossibilitado para o exercício da função, ou for recusado, assumirá seu lugar o substituto 
indicado no compromisso, se houver. 
§ 1º Não havendo substituto indicado para o árbitro, aplicar-se-ão as regras do órgão arbitral instituci-
onal ou entidade especializada, se as partes as tiverem invocado na convenção de arbitragem. 
§ 2º Nada dispondo a convenção de arbitragem e não chegando as partes a um acordo sobre a no-
meação do árbitro a ser substituído, procederá a parte interessada da forma prevista no art. 7º desta Lei, 
a menos que as partes tenham declarado, expressamente, na convenção de arbitragem, não aceitar 
substituto. 
30 Art. 14, § 2º. O árbitro somente poderá ser recusado por motivo ocorrido após sua nomeação. Poderá, 
entretanto, ser recusado por motivo anterior à sua nomeação, quando: 
a) não for nomeado, diretamente, pela parte; ou 
b) o motivo para a recusa do árbitro for conhecido posteriormente à sua nomeação. 
de anulação da sentença arbitral é prevista a necessidade de se recorrer ao Poder Ju-
diciário (art. 33, LA). 
 A Lei de Arbitragem prevê em sua redação quais são as hipóteses 
de atuação do juízo estatal. 
 A ideia de isolamento da arbitragem foi construída fundamental-
mente com base no princípio da autonomia da cláusula arbitral (se nulo o contrato, não 
se presume nula a cláusula arbitral) e no princípio da competência (árbitro competen-
te). 
 Medidas contra a arbitragem 
 “Medida anti-arbitragem” – trata-se de uma tentativa de impedir a arbi-
tragem. Deve ser residual. 
 Ex. Mandado de Segurança – adotado em situações “monstruosas” no 
âmbito judicial, como atentado a direitos. Caberia à arbitragem se houvesse a mesma 
situação. 
 Instituição da arbitragem 
 É considerada instituída no momento em que os árbitros indicados pelas 
partes aceitam a nomeação (art. 19). 
 O papel das partes na instituição é variável, porque depende do acordo 
feito, isto é, podem nomear diretamente ou escolher as regras da Câmara/ entidade em 
que a arbitragem será realizada. 
 As Câmaras Arbitrais possuem regulações diferentes, mas, em geral, ca-
da parte escolhe um árbitro e os escolhidos indicam um terceiro árbitro, que será o pre-
sidente do tribunal arbitral. 
Se houver resistência de uma das partes na instituição da arbitragem apli-
ca-se o art. 7º, LA. Trata-se de uma tutela específica da cláusula arbitral mediante pro-
cedimento especial. 
É importante a cláusula arbitral ser cheia, isto é, indicar a forma de insti-
tuição da arbitragem. Se for vazia, aplica-se o art. 6º, LA. 
O árbitro é competente para discutir a validade de cláusula, pagando-se 
as custas do mesmo modo. Se custas for algo desproporcional, cabe discutir a cláusula 
fora da Câmara Arbitral. 
 Nulidade da sentença arbitral 
 A desconstituição do processo arbitral está previsto nos artigos 32 e 33, 
LA. O art. 3231 prevê as hipóteses em que a sentença é nula e o art. 3332 estabelece o 
meio de alegar a anulabilidade/nulabilidade, podendo ser arguida no processo comum 
previsto no CPC, com prazo decadencial de 90 dias (§1º), ou por embargos, como ex-
ceção de execução da sentença arbitral (§3º). 
 Quanto à possibilidade de ação rescisória (art. 485, CPC) ser aplicada na 
arbitragem é uma questão polêmica. Na doutrina de arbitragem, não cabe ação resci-
sória, pois o regime é diferente do CPC, por exemplo, existem hipóteses previstas para 
ação rescisória que não estão previstas no rol estabelecido para a nulabilidade da sen-
tença arbitral. 
 *Para o profº, ou se enquadra nas hipóteses do art. 32, LA, ou não se 
propõe ação. 
 Execução da sentença arbitral 
 
31 Art. 32. É nula a sentença arbitral se: 
I - for nulo o compromisso; 
II - emanou de quem não podia ser árbitro; 
III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei; 
IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem; 
V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; 
VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva; 
VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e 
VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei. 
32 Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a decretação da 
nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei. 
§ 1º A demanda para a decretação de nulidade da sentença arbitral seguirá o procedimento co-
mum, previsto no Código de Processo Civil, e deverá ser proposta no prazode até noventa dias após o 
recebimento da notificação da sentença arbitral ou de seu aditamento. 
 § 2º A sentença que julgar procedente o pedido: 
I - decretará a nulidade da sentença arbitral, nos casos do art. 32, incisos I, II, VI, VII e VIII; 
II - determinará que o árbitro ou o tribunal arbitral profira novo laudo, nas demais hipóteses. 
§ 3º A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser argüida mediante ação de 
embargos do devedor, conforme o art. 741 e seguintes do Código de Processo Civil, se houver execução 
judicial. 
 A sentença arbitral é um título executivo judicial, conforme o art. 475-N, 
inc. IV, do CPC33, e, portanto, após a decisão ser proferida, a sentença arbitral pode 
ser levada ao Poder Judiciário para ser promovida a execução. É, assim, uma equipa-
ração à sentença judicial para efeitos de execução em juízo, isto é, o Estado com poder 
coercitivo, o qual o árbitro não possui. 
 O árbitro pode determinar medida de urgência, mas não vai executar, isto 
é, não pode compelir a parte a realizá-la. 
 Medidas coercitivas são sempre determinadas por juiz. 
 Para o profº, o juiz funciona na arbitragem como um auxiliar do árbitro, 
então as precatórias judiciais são medidas de cooperação judicial. No novo CPC, há 
previsão para precatória arbitral. 
 
03.05.12 PROCEDIMENTO ARBITRAL 
(convidado) 
 
 A flexibilidade é uma característica do processo arbitral, decorrente da 
autonomia da vontade, liberdade das partes. (“autonomia com responsabilidade = 
quem assina se vincula de forma definitiva”) 
Obs.: Lembrar que a autonomia das partes é limitada pela ordem pública e bons 
costumes (art. 2º) 
 O meio alternativo de solução de controvérsias foi projetado para 
solucionar o litígio sozinho, sem necessidade de intervenção/colaboração. O legislador, 
por sua vez, não foi ingênuo e previu casos em que o Poder Judiciário participará do 
processo arbitral. 
 
33 Art. 475-N, CPC. São títulos executivos judiciais: 
IV – a sentença arbitral; 
Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de 
citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso. 
 A Lei de Arbitragem só traz os procedimentos básicos (art. 19 a 22), 
dando autonomia para as partes estipularem as cláusulas das regras de direito, 
envolvendo tanto aspecto material quanto processual. 
 Convém diferenciar flexibilidade de flexibilização. Esta diz respeito à 
alteração do ato e aquela, à maleabilidade do ato em se moldar sem alterar a 
substância. A flexibilidade é uma vantagem da arbitragem, que pode ser moldada para 
a situação específica, por exemplo, em uma demanda que necessite ser resolvida 
dentro de 15 dias, as partes estabelecerão procedimentos com prazos acelerados e 
limites suficientes para permitir a rapidez do processo. 
 A flexibilidade no procedimento arbitral se manifesta no momento da 
criação (escolha do método), e na adaptação (modificação do que já foi estabelecido). 
Um exemplo deste último é quando uma arbitragem foi estabelecida para ser realizada 
em francês e a sentença ser proferida na França, mas, depois de ocorrido o litígio, as 
partes decidem modificar o procedimento, estabelecendo sede no Brasil e sentença em 
português. Desse modo, a autonomia é exercida durante toda a arbitragem, desde a 
convenção. 
 A autonomia pode ser encontrada nos artigos 2º, §2º, 11 e 2134 , por 
exemplo. 
 
34 Art. 2º, § 2º. Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos 
princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio. 
 Art. 11. Poderá, ainda, o compromisso arbitral conter: 
I - local, ou locais, onde se desenvolverá a arbitragem; 
II - a autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem por eqüidade, se assim for convencionado 
pelas partes; 
III - o prazo para apresentação da sentença arbitral; 
IV - a indicação da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à arbitragem, quando assim con-
vencionarem as partes; 
V - a declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das despesas com a arbitragem; 
VI - a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros. 
 Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de 
arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade 
especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o 
procedimento. 
§ 1º Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbitro ou ao tribunal arbitral disci-
pliná-lo. 
§ 2º Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade 
das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento. 
 Didaticamente, existem três fases: 
1) Pré-arbitral = antes da aceitação do árbitro 
2) Arbitral = após a aceitação do árbitro 
3) Pós-arbitral = execução da sentença e homologação, se necessário. 
Para o profº, o árbitro tem poder jurisdicional, pois declara direito que será 
vinculante. O árbitro resolve a lide da mesma forma que o juiz, havendo uma relação 
jurídica processual semelhante a do Judiciário. 
I. Quanto à criação 
No aspecto subjetivo (quem cria os procedimentos), existe criação: 
a) pelas partes (art. 21); 
b) pelo árbitro (art. 21); 
c) pelo órgão institucional; 
d) pelo juiz (at. 7º) – em caso de cláusula vazia 
Obs.1: É comum ser indicado um regulamento de Câmara Arbitral. 
Obs.2: O juiz só pode interferir no procedimento para a anulação da sentença 
arbitral (art. 32). 
 No aspecto objetivo (em que se pode criar): 
a) Na cláusula compromissória (antes do litígio existir) 
Obs.: regra robusta possui muitos detalhes. Aspecto negativo disso é o engessamento 
e o aspecto positivo é que não permite o árbitro disciplinar determinados pontos. 
X regra enxuta possui pouco detalhamento e é escolhida por quem prefere que 
árbitro decida a maior parte do procedimento. 
A escolha entre as duas modalidades (robusta x enxuta) depende do caso. 
b) No compromisso arbitral (após a existência do litígio) 
 
§ 3º As partes poderão postular por intermédio de advogado, respeitada, sempre, a faculdade de de-
signar quem as represente ou assista no procedimento arbitral. 
§ 4º Competirá ao árbitro ou ao tribunal arbitral, no início do procedimento, tentar a conciliação das 
partes, aplicando-se, no que couber, o art. 28 desta Lei. 
c) No adendo da convenção arbitral – complementam ou modificam a convenção 
d) No termo de arbitragem (“termos de referência”, “ata de missão) 35 - é o 
documento assinado pelas partes que estabelece o cronograma de trabalho. 
e) No regulamento arbitral 
f) Nas regras de ordem processual do árbitro/ juiz/ instituição 
Obs.1: Quanto à aplicabilidade do CPC como fonte subsidiária - não é obrigatoriamente 
subsidiária. Se as partes não decidirem, cabe ao árbitro fazê-lo e ele não está adstrito 
ao CPC (art. 21, § 1°). 
“Mais atrapalha do que ajuda”, porque é muito formalista. 
II. Quanto à adaptação 
 A adaptação do procedimento é uma nova forma de autonomia da 
vontade das partes, para caso de lacuna e modificação das regras após a instituição da 
arbitragem. Pode haver modificação: 
a) pelas partes; 
b) pela colaboração entre partes e árbitro – a colaboração é boa alternativa, pois 
evita que o árbitro renuncie à nomeação caso haja alguma alteração que discorde. 
c) pelo árbitro – problema = contra a vontade das partes pode ser complicado. 
d) pelo juiz (at. 7º) – se tiver controvérsia sobre o procedimento, pode-se pleitear 
intervenção judicial? NÃO. Ele não pode interferirno procedimento. 
 Há quatro limites à criação e modificação: 
1) art. 2º, §1° - bons costumes e ordem pública; 
2) art. 21, §2º - princípios (contraditório, igualdade, imparcialidade e livre 
convencimento) 
3) regras cogentes 
4) princípios constitucionais 
 
35 Termo de Arbitragem (TODA) é instrumento processual organizador da arbitragem que fornece às 
partes e aos árbitros a oportunidade de acordarem a respeito do procedimento, prazos, documentos e, 
principalmente, para identificar e delimitar a matéria objeto da arbitragem, que repercute no mister dos 
árbitros, garantido que a sentença arbitral decida nos limites do pedido. 
 
 Aplicação da flexibilidade em algumas situações específicas 
a) Provocação para instituir a arbitragem – tem elementos de Petição Inicial, mas 
não é necessário todos os argumentos de fato e de direito. As Câmaras Arbitrais pos-
suem regulamentos diferentes – podem pedir algo genérico como um resumo rápido, 
uma explicação, ou solicitar alguns requisitos próximos aos previstos para PI. 
 Convém lembrar que nesse momento ainda não houve aceitação dos árbitros. 
 O início da arbitragem se dá com o prazo para as alegações iniciais (contesta-
ção ordinária 15 dias). Na arbitragem, o prazo pode variar ou ainda pode se determinar 
simultaneidade (prazo comum) das alegações iniciais, impugnação, réplica. 
b) Regras específicas – art. 10 e 11, LA36 - determina-se, por exemplo, a indica-
ção do local, para se saber a nacionalidade da sentença e se será ou não rele-
vante a homologação. 
Obs.1: “Sede da arbitragem” é uma expressão perigosa, pois para alguns trata-se do 
local em que será proferida a sentença, para os outros, o local em que os fatos são 
desenvolvidos. 
Obs.2: Será brasileira a arbitragem realizada no Brasil, independentemente da língua 
escolhida. 
c) Instrução probatória – por exemplo, o testemunho pessoal não é admitido no 
CPC, mas é na arbitragem. 
d) Medida de urgência 
e) Sentença parcial. 
 
 
 
36 Art. 10. Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral: 
I - o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes; 
II - o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o caso, a identificação da entidade 
à qual as partes delegaram a indicação de árbitros; 
III - a matéria que será objeto da arbitragem; e 
IV - o lugar em que será proferida a sentença arbitral. 
 Art. 11. – nota 34 
10.05.12 (faltei) SENTENÇA ARBITRAL: requisitos e efeitos 
(Salles) 
 
Antes da Lei de Arbitragem, a sentença arbitral era tratada como laudo, o qual 
se sujeitava à homologação judicial, dificultando o desenvolvimento da arbitragem. 
Com o advento da LA, a sentença arbitral foi equiparada à sentença proferida pelo Po-
der Judiciário (art. 3137). 
 Modalidades de sentença arbitral 
a) Terminativa: ao árbitro é dado realizar juízo preliminar quanto a sua própria 
competência e à arbitrabilidade da matéria. 
b) Definitiva: julga o mérito da causa. Caráter final da sentença arbitral não se su-
jeita a recurso nem à homologação (art. 1838) 
Tese I - não cabe recurso nem que as partes requeiram. Para Carmona, existe o receio 
da existência de muitos recursos, retirando a celeridade própria da arbitragem. 
Tese II - O profº discorda: se as partes quiserem é válido, sendo possível a impetração 
de embargos infringentes para o painel arbitral. 
 Conceito de sentença 
O que põe fim à fase de conhecimento. Na arbitragem, sentença é ato pelo 
qual o árbitro presta ou esgota a sua função jurisdicional. 
Na esfera arbitral é possível que se profira sentença parcial. No CPC, não há 
vedação mesmo que indireta à sentença parcial, o problema é a possibilidade de que-
bra do sistema recursal. 
Na arbitragem é preferível que decida por sentença parcial. Ex. dano, sem 
condições de apreciar o quantum deabetur, então a sentença condena a pagar, mas 
 
37 Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença 
proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo. 
38 Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a 
homologação pelo Poder Judiciário. 
não especifica. Depois julga o restante. Reconhecer esta parte do direito pode pacificar 
a questão. 
 Problema: o art. 32, inc. V, diz que será nula a sentença arbitral que “não 
decidir todo o litígio submetido à arbitragem”. Em uma leitura literal, a sentença parcial 
seria nula, mas tem-se entendido que as sentenças parciais são proferidas de acordo 
com o que foi estabelecido pelas partes. 
 As partes podem modificar o prazo de notificação para pedir anulação da 
sentença. O prazo para notificação do árbitro é decadencial de 90 dias (art. 33, §1º). Se 
a sentença for parcial, não poderá haver modificação do prazo. 
Obs.1: No CC/02, as partes não podem transacionar quanto ao prazo prescricional, 
mas podem sobre o decadencial. Para a arbitragem depende da natureza que se dê ao 
prazo da arbitragem, isto é, sentença parcial ou final. 
Obs.2: Para fins de contagem dos 90 dias, o prazo se inicia a partir da ratificação final 
da sentença parcial na sentença final. 
 Requisitos da sentença 
1) Externos (art. 24, LA39) 
a) Escrita; 
b) Majoritária, ou unânime (§1°) – Se não houver acordo majoritário, o voto do 
presidente prevalecerá. 
c) Possibilidade de voto vencido (§ 2°) 
Obs.: Alguns não concordam com essa previsão, pois enfraqueceria a sentença e seu 
mérito. Para o profº, pelo contrário, permite verificar a seriedade do juízo arbitral. 
2) Internos (art. 26, LA40) – relatório, fundamentos, dispositivos, data (relevante em 
decorrência do controle do prazo para prolação da sentença, pois se a sentença 
 
39 Art. 24. A decisão do árbitro ou dos árbitros será expressa em documento escrito. 
§ 1º Quando forem vários os árbitros, a decisão será tomada por maioria. Se não houver acordo majori-
tário, prevalecerá o voto do presidente do tribunal arbitral. 
§ 2º O árbitro que divergir da maioria poderá, querendo, declarar seu voto em separado. 
for proferida extrapolando o prazo, poderá ser anulada) e lugar (relevante por-
que o local de prolação da sentença é que determina se a sentença é estrangei-
ra, importante para saber se necessitará de homologação ou não). 
 Prazo para a prolação da sentença 
 O prazo será o estabelecido na convenção (art. 11, inc. III). 
 Se ultrapassado o prazo, as partes devem notificar o árbitro do prazo ex-
cedido e haverá prazo de 10 dias para a prolação da sentença (art. 12, III41). Se passa-
do esses 10 dias, será nula a sentença (art. 32, inc. VII). 
 Se não houver prazo estabelecido para a sentença, o prazo é de seis me-
ses. A possibilidade de prorrogação convencional pode ser determinada pelas partes e 
árbitros (art. 23)42. 
 Análise das questões incidentais 
Questões incidentais são aquelas que precisam ser resolvidas antes que se re-
solva o mérito, mas diferentemente do mérito, decisão sobre questões incidentais não 
faz coisa julgada. 
 *Ponto relevante: quando a questão prejudicial exacerba a arbitragem, recorre-
se ao Poder Judiciário e a arbitragem fica suspensa (o prazo para proferir a sentença 
não interrompe, mas é suspenso, isto é, o prazo retoma de onde parou) (art. 25). 
 
40 Art. 26. São requisitos obrigatórios da sentença arbitral: 
I - o relatório, que conterá os nomes das partes e um resumo do litígio; 
II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de fato e de direito, mencio-
nando-se, expressamente, se os árbitros julgaram por eqüidade;III - o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões que lhes forem submetidas e estabe-
lecerão o prazo para o cumprimento da decisão, se for o caso; e 
IV - a data e o lugar em que foi proferida. 
Parágrafo único. A sentença arbitral será assinada pelo árbitro ou por todos os árbitros. Caberá ao 
presidente do tribunal arbitral, na hipótese de um ou alguns dos árbitros não poder ou não querer assinar 
a sentença, certificar tal fato. 
41 Art. 12, inc. III - tendo expirado o prazo a que se refere o art. 11, inciso III, desde que a parte 
interessada tenha notificado o árbitro, ou o presidente do tribunal arbitral, concedendo-lhe o prazo de dez 
dias para a prolação e apresentação da sentença arbitral. 
42 Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo sido convenci-
onado, o prazo para a apresentação da sentença é de seis meses, contado da instituição da arbitragem 
ou da substituição do árbitro. 
 Parágrafo único. As partes e os árbitros, de comum acordo, poderão prorrogar o prazo estipulado. 
 Segundo o art. 2743, a sentença arbitral decidirá sobre custas e demais 
despesas com a arbitragem, as quais recaem sobre o sucumbente e sobre a verba de-
corrente de litigância de má-fé, que é um ato ilícito processual que pode ser verificado 
de ofício (juiz e árbitro exercem poder de polícia). 
 Há responsabilidade objetiva por dano processual. 
 O parâmetro é o estabelecido pelas partes ou regulamento da instituição 
arbitral, podendo ser aplicado o CPC subsidiariamente. 
 *Os danos processuais estariam abrangidos pela convenção arbitral? Se 
as partes pactuarem, o professor acha que seja sustentável, mas há quem diga que o 
erro cabe ao árbitro. A LA não fala exatamente dos danos processuais decorrentes da 
própria ordem do árbitro. 
 Efeitos da sentença 
 Os efeitos da sentença arbitral são parecidos com os da sentença judicial 
(art. 31). É título executivo judicial (art. 475-N, IV, CPC). 
*Quando a sentença arbitral transita em julgado? Quando os árbitros notificam 
as partes sobre o prazo para embargos de declaração - partes têm 5 dias para interpor 
os embargos e árbitros decidem em 10 dias (art. 3044). 
 
17.05.12 SENTENÇA ARBITRAL: nulidade e meios de impugnação 
(Salles) 
 
43 Art. 27. A sentença arbitral decidirá sobre a responsabilidade das partes acerca das custas e despesas 
com a arbitragem, bem como sobre verba decorrente de litigância de má-fé, se for o caso, respeitadas as 
disposições da convenção de arbitragem, se houver. 
44 Art. 30. No prazo de cinco dias, a contar do recebimento da notificação ou da ciência pessoal da sen-
tença arbitral, a parte interessada, mediante comunicação à outra parte, poderá solicitar ao árbitro ou ao 
tribunal arbitral que: 
I - corrija qualquer erro material da sentença arbitral; 
II - esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença arbitral, ou se pronuncie sobre 
ponto omitido a respeito do qual devia manifestar-se a decisão. 
Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá, no prazo de dez dias, aditando a sentença arbi-
tral e notificando as partes na forma do art. 29. 
Princípios gerais – isolamento do processo arbitral (evitar interferência 
do Poder Judiciário) e favor arbitralis (que a escolha das partes e a competência do 
árbitro sejam respeitadas). 
Há taxatividade das hipóteses de impugnação? Para profº, a matéria é 
controversa. Como regra, o art. 32 especifica um rol taxativo, mas deve haver uma vál-
vula de escape para algumas decisões, de modo residual. 
Caberia ação rescisória contra sentença arbitral? 
Tese I – sim, pois foi equiparada a decisão judicial. 
Tese II – parcial. A Lei de Arbitragem fala de ação de nulidade e não rescisória. 
Para o profº, há parcial coincidência entre o rol de hipóteses da rescisória e da nulidade 
(inc. III a IX do art. 485, em que não há citação expressa da palavra “juiz”). Assim, a 
rescisória poderia ser aplicada se fosse verificada a hipótese de um desses incisos. 
Tese III – não. Doutrina majoritária. As hipóteses já estão previstas na Lei de Arbi-
tragem. 
Obs.: Importância na diferenciação entre ação rescisória e ação de nulidade é o prazo 
para sua interposição. A de nulidade é 90 dias, enquanto a rescisória é 2 anos. Outra 
diferença é quanto aos pedidos: a rescisória pode abranger pedido rescindente (cassar 
efeitos) ou rescisório (obter novo julgamento), enquanto a de nulidade só cabe rescin-
dente. 
 Anulabilidade ou nulabilidade? A decisão arbitral permanece íntegra até a 
declaração judicial. Como gera efeito até declaração, seria anulável e não nula. 
 Sentenças arbitrais proferidas fora do prazo ou fora da convenção arbitral 
seriam nulas? Para profº, seriam também anuláveis. 
 Hipóteses de impugnação da sentença arbitral (art. 32) 
1) Inc. I – se for nulo o compromisso – entende-se “compromisso” como 
“convenção arbitral”. 
2) Inc. II – se proferida por quem não podia ser árbitro: 
a) Modo de nomeação contrário à convenção 
b) Causas de suspeição/impedimento (art. 14) – a parte é obrigada a se manifestar 
na primeira oportunidade, conforme art. 2045. 
Obs.: A capacidade (art. 13) considerada é a do momento em que o cargo foi 
assumido. Para o profº, deverá ser a capacidade no momento da instituição da 
arbitragem. 
3) Inc. III – se não contiver os requisitos obrigatórios (art. 26) – relatório, 
fundamentação, localização, data e dispositivo. 
Obs.1: Tem países que não pedem fundamentação. 
Obs.2: Para anular a sentença é necessário entrar com embargos de declaração antes? 
Não é necessário opor embargos de declaração à sentença que não atenda todos os 
requisitos. No CPC também não é obrigatório, só para Recurso Especial e Extraodiná-
rio. Contudo, há quem diga que se não embargar pode gerar perda de direito. 
4) Inc. IV – se for proferida fora dos limites estabelecidos na convenção de 
arbitragem – hipótese de extra e ultra petita. 
Obs: poderia haver anulação parcial? Para profº, só no que for extra ou ultra-petita, 
embora pelo teor literal do art. 33 não poderia, pois não existe essa previsão. 
5) Inc. V – se não for decidido todo o litígio submetido à arbitragem – citra petita 
6) Inc. VI – se confirmado que foi proferida por prevaricação, concussão ou 
corrupção passiva – há equiparação do árbitro a funcionário público (art. 
1746). 
* prevaricação: não tem fim econômico 
* concussão: obriga alguém a pagar 
* corrupção passiva: aceita pagamento 
 
45 Art. 20. A parte que pretender argüir questões relativas à competência, suspeição ou impedimento do 
árbitro ou dos árbitros, bem como nulidade, invalidade ou ineficácia da convenção de arbitragem, deverá 
fazê-lo na primeira oportunidade que tiver de se manifestar, após a instituição da arbitragem. 
46 Art. 17. Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos 
funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal. 
7) Inc. VII – se proferida fora do prazo – notificação ao árbitro após o vencimento 
do prazo e determinação de um prazo de dez dias para a sentença arbitral ser 
proferida. Para Carmona, se uma das partes não notificar, ela não pode pedir a 
nulidade da sentença arbitral, pois a legitimidade é conferida com a notificação. O profº 
discorda, pois o art. 12, inc. III (nota 41), diz “parte interessada” e não “as partes”. 
8) Inc. VIII – se forem desrespeitados os princípios do art. 21, §2º. 
Obs.: Em nenhum dos incisos está escrito “ordem pública”. 
 Prazo para impugnação 
90 dias contados da notificação do juiz às partes sobre a sentença arbitral 
(art. 33, §1º). 
Obs.1: Prazo processual (se inicia no dia seguinte à notificação) ou material (conta a 
partir do primeiro dia)? Como a maior parte da jurisprudência entende que prazo de 
ação rescisória é processual, é razoável interpretar o prazode nulidade também como 
prazo processual. 
Obs.2: As partes podem renunciar ao prazo? Para profº, por autonomia da vontade, 
sim, mas se houver renúncia prévia na convenção arbitral, poderia ferir a previsão 
constitucional da inafastabilidade jurisdicional. Se proferida a sentença, pode. 
 Objeto da ação anulatória 
- anula-se apenas a sentença arbitral 
Segundo o artigo 33, §2º47, poderá ser: 
a) (inc. I) decretada a nulidade nos casos dos incisos I, II, VI, VII e VIII do 
art. 32. 
b) (inc. 2) remetida novamente ao árbitro ou tribunal arbitral se houver 
incidências dos incisos III (sem requisitos obrigatórios), IV (extra ou 
ultra petita) e V (não decidido todo o litígio). 
 
47 Art. 33, § 2º. A sentença que julgar procedente o pedido: 
I - decretará a nulidade da sentença arbitral, nos casos do art. 32, incisos I, II, VI, VII e VIII; 
II - determinará que o árbitro ou o tribunal arbitral profira novo laudo, nas demais hipóteses. 
Assim, não há pedido rescisório (novo julgamento). Na ação de nulidade 
o pedido é rescindente, isto é, só se cassa efeitos da sentença. 
 Procedimento da ação anulatória 
Segundo o art. 33, §1º, o procedimento seguirá o procedimento comum 
previsto no CPC = há possibilidade de conciliação (art. 475-N) e antecipação de tutela 
para impedir execução. 
O Art. 33, §3º48 prevê que a nulidade também pode ser arguida mediante 
ação de embargos do devedor, se houver execução judicial. Há duas interpretações 
possíveis: 
1) Possibilidade de se alegar só no prazo de 90 dias – majoritória – se 
não, não teria sentido o prazo estabelecido. 
2) Possibilidade de se alegar o art. 32 a qualquer tempo. 
 
 24.05.12 EXECUÇÃO DE SENTENÇA ARBITRAL e 
 SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA 
 
Art. 31, LA49 – equipara a sentença arbitral à judicial e é título executivo 
extrajudicial. Sendo assim, segue-se o procedimento do CPC (art. 475-J e ss). 
 Processo de execução 
O foro competente é aquele escolhido pelas partes. Se não tiver sido 
indicado o foro, será o do executado. 
 
48Art. 33, § 3º. A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser argüida mediante ação 
de embargos do devedor, conforme o art. 741 e seguintes do Código de Processo Civil, se houver 
execução judicial. 
49 Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença 
proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo. 
A execução envolve a prática de atos materiais, os quais o árbitro não tem 
competência para praticar, pois para a execução é necessário exercício do poder de 
império, que só pertence ao Estado. 
O árbitro não pode invadir esfera patrimonial como o juiz. Por exemplo, se 
a coisa em litígio estiver em posse de terceiro, o árbitro não pode requerer, devendo o 
interessado na apreensão ir ao Judiciário. Neste caso, o árbitro pode enviar uma carta 
arbitral, análoga a uma precatória e tem natureza de medida cautelar. 
O árbitro também não tem poder em âmbito de atos materiais, por 
exemplo, para conduzir testemunha para depor. 
Na arbitragem, a execução se dá nos mesmos autos do processo de 
conhecimento. 
 Impugnação 
A impugnação da execução pode ser baseada nas hipóteses do art. 475-L 
do CPC50 e art. 32 e 33, §3º (sobre ação de nulidade), da LA. Após o vencimento do 
prazo de noventa dias para a impugnação da sentença, previsto na Lei de Arbitragem, 
a impugnação da execução só poderá ser baseada no rol do CPC. Por isso, na prática, 
tende-se a esperar o prazo de 90 dias para impedir que o executado possa se valer 
também do art. 33. 
Obs.1: embora no §3º do art. 33 esteja escrito “embargos”, entende-se “impugnação”. 
Obs.2: antes, tanto o título executivo judicial quanto o extrajudicial era defendido por 
embargos. 
 
50 Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: 
 I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; 
 II – inexigibilidade do título; 
 III – penhora incorreta ou avaliação errônea; 
 IV – ilegitimidade das partes; 
 V – excesso de execução; 
 VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, 
compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença. 
As diferenças com a execução civil se dá, portanto, (i) na quantidade 
maior de hipóteses para impugnação e (ii) no fato de ter começado por jurisdição 
diferente, o que demanda preocupação para distribuir. 
 Modo de execução 
a) Obrigação de fazer 
b) Obrigação personalíssima 
 Limites de execução 
1) Quando inexiste patrimônio para saldar a dívida. Neste caso, o executado 
não sentirá o efeito de sentença. 
Todavia, quando o executado tiver recursos e estiver apenas protelando o pa-
gamento, a incidência de multas surtirá efeito. Neste caso, a jurisprudência limita o va-
lor da multa até o valor da obrigação principal. 
2) Quando a própria obrigação principal já não é mais factível. Neste caso, a 
obrigação será transformada em perdas e danos. 
Há a previsão do art. 461, CPC, que prevê a possibilidade de outras medidas 
de apoio, caso se perceba não ser suficiente a medida já adotada. 
Obs.1: a própria execução jurisdicional também enfrenta limites na sua efetividade. Ex. 
pai/mãe que rejeite qualquer tipo de relação afetiva com filho. 
Obs.2: se houver título judicial/extrajudicial, o autor deve ir direto para processo de exe-
cução. 
 A sentença estrangeira é homologada pelo STJ e a competência originá-
ria absoluta para o cumprimento da sentença é a justiça federal.

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