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AULA 5 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E COMPETITIVIDADE Prof. Glavio Leal Paura 2 TEMA 1 – NOVOS NEGÓCIOS O Brasil, nas últimas décadas, tem experimentado uma cultura de empreendedorismo nunca vista antes. Isso porque, desde nosso primeiro governo eleito, depois de décadas de regime militar, o país, desde o início da década 1990, vem desenvolvendo seu comércio exterior e sua economia, chegando ao que podemos chamar de controle da inflação em 1994 com o plano real, possivelmente nossa moeda mais duradoura. Os governos de lá para cá entenderam que o cenário era irreversível e isso foi um terreno fértil, não somente para a cultura empreendedora, como para o surgimento de inovações nos modelos de negócios. Porém, mais recentemente, segundo Chiavenato (2020), dois modelos vêm recebendo uma aceitação maior: • Business Model Canvas (BMC); • Organização Exponencial. O modelo BMC, desenvolvido por Alexander Osterwalder, é uma ferramenta baseada em questões visuais. Se você trabalha com administração de empresas, possivelmente já ouviu falar ou lidou com a ferramenta, que consiste basicamente em colocar em uma folha questões que envolvem a empresa ou a futura empresa, para que se possa ter uma noção mais ampla de diversos pontos. Chiavenato (2020) diz que a ferramenta pode ser considerada um mapa visual, que realmente mostra o caminho para o empreendedor, facilitando o modelo de negócio de um empreendimento. Como isso acontece? Alexander propõe dividir o negócio em nove blocos para detalhamento do negócio: • Segmentos de clientes; • Proposta de valor; • Canais; • Relacionamento com clientes; • Fluxo de receitas; • Recursos-chave; • Parceiros chave; • Estrutura de custos. Vale lembrar que esse modelo é indicado tanto para empresas recém- nascidas quanto para que estão estabelecidas no mercado. Cada ponto desse 3 deve entrar nesse mapa visual, que construirá, como um primeiro passo, o segmento de clientes. Elas são as pessoas ou grupo de pessoas que a empresa pretende alcançar e atender, ou seja, o primeiro ponto é a determinação do público-alvo. Serão pessoas? Que tipo de pessoas? Serão organizações? Que tipo? Isso tudo deverá em seu mapa entrar no campo Segmentos de clientes. No quadrante reservado à proposta de valor, é importante que ali tenhamos elencados, segundo Chiavenato (2020), os produtos e serviços que criam valor para determinado segmento de clientes, ou seja, com base nas escolhas que fez do público que pretende atender, o que criaria valor para esse cliente em seu produto, ou seja, o que ele veria como um diferencial no seu produto em relação aos demais que o faria optar pelo seu e não pela concorrência. A questão dos canais envolve de que forma comunicará seu novo produto, como seu produto ficará disponível ao consumidor e como será o pós-venda. Enfim, as questões em torno de ter o produto disponível e atender às necessidades do pós-venda. O próximo ponto é o relacionamento com os clientes: que tipo de relacionamento desejará ter com seus clientes? Um tratamento personalizado, um tratamento padrão. Veja que isso tudo é o que deve colocar em um papel para que tenhamos o visual do que pretende. O fluxo de receita é quanto acredita que será gerado por cada segmento de clientes e os recursos-chave são os itens tangíveis e intangíveis que precisa para a entrega da proposta de valor. Já a atividade-chave está relacionado com as atividades mais importantes que uma empresa deve realizar para o sucesso do seu negócio. Os parceiros- chave são a rede de fornecedores e parceiros que fazem o modelo de negócio da empresa funcionar. E, por último, a estrutura de custo que são os custos mais importantes para que o modelo de negócio seja eficiente. Veja que o primeiro passo desse modelo proposto por Alexander está diretamente relacionado às suas percepções, em cada um dos pontos apresentados, e isso em um papel te dá uma visão mais ampla do que pensa, permitindo uma análise mais interessante do negócio e a formulação de estratégias para ele. Chiavenato (2020) fala que todos esses elementos são colocados em uma só folha, que possibilitará uma visão bem clara do negócio. 4 O modelo proposto por Ismail, chamado de Organização exponencial, nasce de um pensamento interessante de seu autor que analisa que a produtividade humana. O fator que limitava essa produtividade passou da quantidade de pessoas para o número de máquinas e a despesa de capital empregada. Portanto, é simples acompanhar o pensamento de dobrar o número de fábricas significa dobrar produção. Chiavenato (2020) fala que, para alguns autores, essa não é uma situação defensável nem aceitável, especialmente quando os desafios enfrentados pela humanidade envolvem muito o conceito de sustentabilidade. Então, o modelo Organização Exponencial é aquele que tem um impacto muito maior do que o comparado aos seus pares no mercado, pois, em vez de usar um batalhão de empregados, maximiza sua capacidade com base em tecnologia da informação e meios para que o trabalhador possa desenvolver seu trabalho de forma mais eficiente. TEMA 2 – FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO Os fatores críticos de sucesso são aqueles que balizarão suas decisões para, segundo Chiavenato (2020), superar suas ameaças e contingências do ambiente, do mesmo modo que permitirão maximizar as oportunidades do ambiente, associando-se às forças da organização. Em outras palavras, estamos falando de situações que, quando frágeis ou mesmo inexistentes, impedem o sucesso de uma empresa, o que torna prioridades para o sucesso da organização. Como identificar os fatores críticos de sucesso? Chiavenato (2020) levanta a necessidade de fazer a seguinte pergunta: o que deve ser feito para ser bem-sucedido? O primeiro passo é entender o que vem a ser bem-sucedido quando falamos de organização. Possivelmente, a conclusão é mais simples que parece, que podemos resumir em uma palavra: Lucro. Uma empresa bem-sucedida é aquela que gera lucro. Vamos pegar um exemplo. Imaginemos uma fábrica de roupas. Em um negócio como esse, o foco é em operações com o menor custo possível e um elevado volume de vendas. Chiavenato (2020) traz outro exemplo sobre uma produção de roupas de luxo. Nesse caso, o foco está na alta qualidade dos materiais e da confecção aprimorada e desenho criativo. O que esse 5 comparativo nos mostra? Que, dependendo do objetivo e do foco da empresa, podemos ter fatores críticos de sucesso distintos dentro de um mesmo segmento. O objetivo, nesse ponto, é apresentar uma lista de fatores críticos de sucesso, segundo Chiavenato (2020), que servirá para que possamos desenvolver nossa compreensão sobre esses fatores para que assim sejamos capazes de lidar com as diferentes variáveis na preparação de diagnóstico dos ambientes. É importante que o gestor tenha em mente que a escolha de quais serão os fatores críticos de sucesso para atuar em cada cenário é de fundamental importância, pois permitirão a empresa o foco em sua atividade principal. Depois da escolha feita, o momento seguinte é para definição das políticas organizacionais. Segundo Chiavenato (2020), essas serão a base para a direção necessária a uma atuação competitiva da organização. Nesse momento, é importante chamar atenção de que os fatores críticos de sua empresa nortearão as suas tomadas de decisões e inclusive de que forma sua empresa será competitiva. Por exemplo, suponhamos que seu negócio seja altamente dependente de questões que envolvam Recursos Naturais. Isso significará que sua organização dependerá do potencial dos recursos acessíveis, como água, energia e matéria-prima. Com isso, sabemos que, para a empresa ter um nível de sucesso desejável, essas situações naturais devem transcorrer sem maiores problemas, pois pode significar um período sem matéria-prima oucom essa em padrões de qualidade abaixo do desejado. Como assim? Uma organização, por exemplo, que tem como matéria-prima laranja tem como um fator crítico de sucesso, que são os recursos naturais disponíveis, para que o fornecedor possa desenvolver frutos com o padrão de qualidade pré- determinado. Vamos imaginar em um caso de seca, por exemplo, ou de falta de chuvas e água. Essa empresa terá problemas para encontrar fruto com a qualidade necessária para desenvolver um produto final como planejado. Com isso, podemos perceber que, se os recursos naturais falharem, teremos o sucesso da organização em um nível difícil de se alcançar. Ainda entendendo quais fatores podem ser escolhidos como crítico de sucesso, temos os fatores políticos-legais, que, segundo Chiavenato (2020), correspondem ao comportamento da organização quando ela respeita e age em conformidade com as leis. E posso acrescentar quando empresas dependem de 6 questões de importação de materiais, por exemplo, está muito mais propenso as alterações das leis. Como assim? Vou pegar um exemplo meu de alguns anos atrás, mas que serve para ilustrar bem. Muitos produtos importados podem, em algum momento, para resguardar o mercado local, sofrer com imposições de cotas de importação ou mesmo com sobretaxas. Já aconteceu, quando trabalhava com importações da China, de criarem cotas para importação de seda chinesa. Isso significava que, a partir daquele momento, só entraria x quantidades desse produto em solo brasileiro. Não é muito difícil de imaginar como isso pode comprometer todo um planejamento logístico e de produção ou mesmo inviabilizar as operações da empresa. Outro exemplo de algo que pode ser um fator crítico de sucesso são as variáveis tecnológicas. Essas podem afetar empresas de algumas formas. Por exemplo, suponhamos que uma empresa dependa de uma determinada tecnologia em sua linha de produção ou mesmo de uma determinada tecnologia como matéria-prima do produto, o que acontece muito com aparelhos eletrônicos e indústria automotiva. Dependendo da velocidade do avanço da tecnologia usada, seja produção ou como matéria-prima de produto, sua empresa pode estar operando com algo já obsoleto ou mesmo com um custo alto de produção em relação ao concorrente. Nesse momento, deve estar pensando que, acontecendo isso, basta adquirir a tecnologia que torne as operações mais acessíveis. Porém, não é tão simples, pois envolverá certamente um investimento, desde a tecnologia em si até treinamentos. Às vezes, a tecnologia pode ser de uso exclusivo de um fabricante, tornando a questão tecnologia como um dos fatores críticos de sucesso. Outro ponto que podemos mencionar são as forças competitivas como um dos fatores de sucesso. Segundo Chiavenato (2020), o posicionamento competitivo representa a posição de uma organização em relação a seus concorrentes. Um dos objetivos organizacionais deve indicar a posição que a organização está tentando alcançar em relação aos concorrentes. Talvez possa causar estranheza decidir por um posicionamento em relação ao concorrente. Porém, quando uma empresa entra no mercado, mesmo que a longo prazo, seu objetivo é ser o número um em vendas ou arrecadação, os primeiros passos devem ser muito dentro da realidade, evitando assim erros que possam levar a 7 organização em fechar as portas. Desse ponto, vem a importância em entender seu posicionamento perante os seus concorrentes. Chiavenato (2020) fala que o posicionamento competitivo envolve uma questão de desenvolvimento organizacional, pois está diretamente relacionado à qualidade do desempenho administrativo e do desempenho das pessoas da organização e seus sentimentos em relação ao trabalho e à organização. Entendendo, o posicionamento que queremos da organização envolve questões de treinamento e envolvimento de seus colaboradores para que seja atingida a posição desejada. TEMA 3 – TOMADA DE DECISÃO Quando estamos estudando planejamento estratégico e nos deparamos com a análise de um cenário competitivo que, atualmente, é algo amplo e complexo em que as organizações querem se fazer presentes, ocupar seu espaço, construir seu domínio e alcançar seus objetivos. A tomada de decisão é algo tão importante e ao mesmo tempo complexo que possui uma teoria e é alvo de estudos constantes. A essa teoria, chamamos de Teoria de Jogos, que foi formulada pelo matemático John Forbes Nash, prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 1994. A teoria de jogos, que ressalto apesar do nome é a teoria de tomada de decisões, é hoje um ramo da matemática que estuda questões estratégicas em quee os agentes, ou seja, quem pode decidir algo, escolhem caminhos na tentativa de melhorar seu retorno. A teoria é tão importante que muitas vezes é tema de disciplinas inteiras. Porém, como nosso objetivo é o estudo do planejamento estratégico, prenderem-nos aos pontos principais para tal finalidade. Se você, ao longo desse tema, desenvolver um interesse especial sobre a Teoria de Jogos, vale a pena assistir, se é que não já assistiu, ao filme intitulado em português como Uma Mente Brilhante, que é a história de John Nash, o criador da teoria, que sofria de esquizofrenia e mostra o momento em que teve a iluminação para a criação e a lógica que envolveu esse momento. Vale a pena conferir. Uma máxima em torno de um processo de tomada de decisão e de que você nunca poderá se esquecer é: uma decisão nunca deve ser tomada pensando no agora, pois ela sempre terá uma consequência futura e na continuidade da 8 empresa. Por exemplo, uma decisão para solucionar um problema atual, levando em conta somente o cenário do momento, poderá ter consequências graves mais para frente. Por isso, no processo, devemos considerar o que e como poderá afetar a empresa mais adiante. Chiavenato (2020) fala que a maioria das decisões necessita considerar vários fatores inter-relacionados simultaneamente, obrigando a uma escolha daquilo que é crítico e envolvendo uma enorme incerteza e riscos sobre as consequências dos resultados. Vamos entender isso melhor. Por exemplo, suponhamos que caiba a você a decisão de expandir a área de demanda ofertando um produto em novas regiões onde, teoricamente, seu produto não chega. Essa questão surgiu pois entenderam que, por ter produto em estoque, cabia desenvolver mais essa demanda, oferendo em outros mercados. Se a decisão for tomada com base somente nesses dados que passei, não será levado em conta que a demanda pode ser maior que sua capacidade produtiva e todo o investimento para desenvolver essa demanda pode ser em vão. Obviamente, esse meu exemplo é simples, mas acredito que sirva para entender que uma decisão deva sempre considerar o cenário futuro e tudo que está inter-relacionados com a decisão em si. Chiavenato (2020) fala que, no processo de tomada de decisão com o propósito de definição dos fatores críticos sucesso e ligado à decisão das políticas organizacionais, dois conjuntos de variáveis determinam os contornos que as estratégias tomarão: • Conjunto de fatores externos; • Conjunto de fatores internos. Os primeiros moldam as configurações da organização industrial ou setorial, sendo que o segundo conjunto moldará a configuração de recursos e competências organizacionais. Chiavenato (2020) mostra que, desse conjunto, nasceram dois modelos de concepção das estratégias organizacionais: • Modelo estruturalista de organização setorial; • Modelo reconstrutivista dos recursos organizacionais. O modelo estruturalista de organização setorial, uma vez que temos a meta de setor estabelecida por fatores estruturais do setor, a organização deve 9 posicionar-se competitivamente de um modo a permitir vantagens competitivas e poder de barganha. O modelo reconstrutivista se baseia, segundo Chiavenato (2020), no paradigma de que todaempresa é um conjunto único de recursos, capacidades e habilidades e que esse cria condições para um crescimento potencializado pelas estratégias adotadas pela empresa. Um processo de tomada de decisões pode ser baseado em procedimentos. Segundo Chiavenato (2020), pode ser a melhor escolha quando aplicada a problemas que aparecem de maneira continuada, reiterada e sistemática. É um método muitas vezes aplicado em fase de execução do plano estratégico, pois torna previsível e uniforme de maneira pela qual a organização gerencia os problemas comuns e recorrentes e isso aumenta a coerência e o foco da empresa. É como se antes da decisão tivesse um checklist a seguir, como um piloto de avião antes de ligar a aeronave. A tomada de decisão também pode ser baseada na experiência. Quando se tem um problema, mesmo que inédito, a experiência da organização poderá auxiliar e muito, encontrando semelhanças a situações enfrentadas anteriormente. Esta abordagem possui uma possibilidade de êxito interessante, uma vez que quem toma as decisões tem ampla gama de experiências relevantes e não há muito tempo para decidir. A tomada de decisão pode ser baseada na análise no contexto. Segundo Chiavenato (2020), nesse caso, é necessário fazer uma análise do problema e das opções de ação, passando por etapas como • Definição do problema; • Seleção dos aspectos mais importantes do problema; • Identificação das alternativas para resolver o problema; • Identificação das consequências de cada alternativa; • Avaliação dos riscos e incertezas que acarretam estas consequências; • Identificação as alternativas mais adequadas dentro de recursos disponíveis. Reparem que o processo de tomada de decisões é complexo e exige atenção e vale a máxima, citada no início deste tema: a decisão não é para o agora; ela sempre terá consequências mais adiante. 10 TEMA 4 – INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Para que possamos começar a entrar no entendimento de uma questão mais competitiva, vamos entender o que vem a ser inteligência competitiva. A primeira questão que pode surgir é até que ponto isso está ligado às questões de planejamento estratégico. À medida em que estamos planejando os rumos da empresa para que essa dê lucro, estamos na verdade desenvolvendo caminhos para seduzir cada vez mais o consumidor e consequentemente tentando vencer a concorrência no que diz respeito a essa sedução. Porém, para que possamos compreender a inteligência competitiva, vamos compreender a inteligência de negócios, que também podemos encontrar em livros e artigos como BI – Business Inteligence. Chiavenato (2020) o define como um processo abrangente de coleta de dados e informações relevantes. Portanto, quando estamos falando de BI, estamos falando de dados como objetivos, estratégias, recursos e competências da organização e dos concorrentes, se valendo desses para análise, compreensão e direcionamento do desempenho dos negócios. A inteligência competitiva é considerada um subconjunto, segundo Chiavenato (2020), da inteligência de negócios, sendo um conjunto de tecnologias e processos que utilizam dados para compreender e analisar o desempenho da empresa com os do concorrente no mercado. Portanto, quando estamos estudando questões que envolvem a inteligência competitiva, estamos tratando dados, que temos com a inteligência de negócios, para compreender nossa empresa com o que está acontecendo com o mercado, mais precisamente com nossos concorrentes. Esse tipo de análise deve se focar nos concorrentes direto da organização e buscará, segundo Chiavenato (2020), reconhecer os seguintes aspectos: • Quais são os objetivos futuros do concorrente; • Quais são suas estratégias atuais; • Quais são as suposições da organização concorrente; • Qual é a capacidade do concorrente. Se reparar bem aos aspectos que estamos buscando com a inteligência competitiva, não será difícil perceber que praticamente estamos dando suporte para um processo de tomada de decisões, até porque qualquer movimentação 11 sua gerará uma reação do seu concorrente e, portanto, você deve ser capaz de entender as possíveis reações para saber quais decisões tomar. Vamos entender melhor isso. Reparem quando alguma loja de algum segmento lança uma liquidação, por exemplo, uma loja de móveis está liquidando guarda-roupas. Se ele fizer um marketing massivo sobre isso em um final de semana, ao longo da semana ou do final de semana seguinte, teremos alguma ação nesse sentido por parte dos concorrentes. Por que isso ocorre? Para entender, precisamos analisar e se questionar: para que serve uma liquidação? Possivelmente, a primeira coisa que deve ter vindo a sua cabeça é reduzir ou zerar o estoque para receber e comercializar uma nova coleção. Quem pensou assim, está correto. Porém, com uma análise incompleta, mesmo que essa seja a meta principal em uma liquidação, está uma importante oportunidade de levar para dentro de sua loja, como um consumidor que as vezes nem considerava comprar lá, com isso podendo desenvolver ainda mais a demanda sobre seu comércio. Em outras palavras, quando fazemos uma liquidação, além de zerar o estoque, estamos paralelamente querendo atingir a uma fatia de mercado que muitas vezes não é a nossa e por isso será praticamente certo que a concorrência não ficará de braços cruzados esperando que roube a fatia de mercado pertencente a ela. Por isso, até a decisão em torno de fazer ou não uma liquidação envolve uma análise do que pode acontecer depois, com a concorrência, pois dependendo da reação do mercado a estratégia pode não ser a melhor no momento. Por isso, a análise das informações relacionadas com os aspectos apontados anteriormente ajuda a esboçar um perfil antecipado de resposta ou reação para cada concorrente. Os resultados da análise permitem entender, interpretar e prever, segundo Chiavenato (2020), as possíveis ações e iniciativas dos concorrentes. Chiavenato (2020) também nos fala que a análise da concorrência envolve uma série de círculos concêntricos de competidores, ou seja, imaginando a sua organização, temos em uma proximidade o que esse autor chama de concorrentes diretos em um grupo estratégico, que são os concorrentes imediatos a sua empresa; o próximo nível seriam as organizações de um setor motivadas a superar as barreiras à entrada no grupo estratégico, que são aquelas empresas que desejam entrar naquele habitat do mercado que você pertence; e o último 12 nível desses círculos seriam as organizações participantes potenciais e substitutas, que são aquelas que possuem potencial de entrar no seu habitat com um produto similar ou mesmo um produto substituto. A verdade é que, quando falamos de concorrência, o ambiente é extremamente dinâmico, em constante mudanças, até porque a todo instante aparecem novas estratégias e com elas estratégias que rebatam essas. Podemos pegar a indústria automobilística. No momento em que escrevo esse material, passamos por uma grande crise devido à pandemia e o mais recente acontecimento da indústria automobilística é a saída da Ford do Brasil. Mas não é esse o alvo da análise. Quando pedi atenção às indústrias desse segmento, é para que observem no dia a dia de vocês, principalmente quem se interessa por carros, a guerra de estratégias que é travada entre as montadoras. Quando uma lança um produto para determinado segmento, imediatamente todas as que estãoe nesse segmento irão fazer um lançamento para não perder parte do mercado. Podemos dar um exemplo antigo, porém que serve para ilustrar bem essa guerra. No início dos anos 2000, era recente o lançamento do Volkswagen Fox. A, montadora alemã na época tinha como objetivo atingir um público que antes não tinha uma linha específica, que eram pessoas na casa dos 24 a 32 anos, obviamente seguindo a lógica da época. Uma das montadorasprimeiras a reagir foi a Citröen lançando o C3, que tinha como objetivo esse mesmo segmento. O mais interessante das questões que envolvem a inteligência de competitiva e as decisões em torno desse tema é que muitas vezes conseguimos ver essa batalha ser travada entre as empresas no nosso dia a dia. TEMA 5 – REORGANIZANDO AS ESTRATÉGIAS Em todo o mundo, os gestores hoje estão enfrentando um grande problema que é evitar a concorrência com base no preço, o que se complica ainda mais quando se está comercializando commodities. Chiavenato (2020) nos diz que, para evitar esse tipo de coisa, estão aderindo a estratégias mais antigas, como, em vez de vender para mercados, a ideia é vender para clientes. Vamos analisar: se formos vender para um mercado, estamos pensando em maximizar o volume de vendas, conseguindo oferecer descontos e aumentando receitas. Se o foco passa a ser o cliente, conseguimos criar uma ligação mais forte, desenvolvendo uma fidelidade e aumentando a receita. 13 Quando uma organização adota diferentes políticas de negócios, Chiavenato (2020) diz que essa deve considerar diferentes restruturações estratégicas para a mudança e obtenção de vantagem competitiva frente aos clientes. Com isso, a instituição pode enfrentar seis escolhas de reestruturação estratégica básicas: • Tornar a concorrência irrelevante; • Inovar as regras com as quais concorre; • Reinventar a si mesma; • Substituir a si mesma na concorrência; • Colaborar com a concorrência; • Sair da competição. Os itens levantados por Chiavenato (2020) são no mínimo desafiadores para uma organização que necessita se reestruturar. Ele diz que é possível que se adote uma combinação dessas escolhas para compor uma abordagem de portfólio para criar renovação estratégica. Porém, para cada decisão do caminho que devemos percorrer, haverá algumas implicações. Por exemplo, se uma das estratégias adotadas é tornar a concorrência irrelevante, deve-se ter em mente que quem opta por esse caminho como base para competir estabelece o objetivo estratégico de ser líder em termos de desempenho. Podemos observar vários exemplos se olharmos para o mercado. A Coca-Cola sempre tenta fazer isso em algumas regiões em que sente que sua liderança não está consolidada. Veja quantas marcas começaram a crescer e a incomodar a posição absoluta da empresa e de repente vira uma marca do grupo Coca-Cola? Del Vale é um exemplo. No Nordeste, sempre existiu uma marca de guaraná com uma liderança em vendas de uma marca chamada Jesus. Conseguem imaginar a quem essa marca pertence hoje? Acertou quem respondeu Coca-Cola. Com isso, ela tenta deixar os concorrentes com uma fatia de mercado pequena, a ponto de que para ela é irrelevante. Quando uma empresa opta por inovar as regras com as quais concorre, segundo Chiavenato (2020), significa que ela investirá seus esforços na inovação e criam categorias inteiramente novas de produtos, enquanto as mais tradicionais investem em esforços para racionalizar sua cadeia de suprimentos. Quando Chiavenato (2020) fala que uma das estratégias é reinventar-se a si mesma, é típico de organizações que sempre estão reinventando a sua cultura 14 coorporativa. Trata-se de continuamente ajustar-se e reajustar-se tendo em vista as exigências do contexto ambiental. Quando uma empresa seleciona a substituição como estratégia, ela está mostrando que competirá em uma frente ampla com vários fatores, entre eles: preço, qualidade, serviço, distribuição e processo. São empresas que estão concorrendo por novas porções de mercado. Colaborar com a concorrência é uma estratégia que pode soar como algo estranho. Porém, é quando a organização procura colaborar com as empresas líderes oferecendo produtos e ou serviços que complementem o produto do concorrente. Sair da competição seria a mais passiva das estratégias, segundo Chiavenato (2020), pois a empresa sai do mercado retirando seus produtos, podendo esperar até um momento oportuno de retornar. É interessante essas estratégias de reestruturação que podem ser motivadas por diversos fatores que podem até refletir o momento de um produto no mercado. Até porque, dependendo da fase do ciclo de vida que esse produto esteja, pode ser necessário repensar as estratégias. Se me permitem um parênteses, o ciclo de vida de um produto é o tempo que esse produto durará no mercado e possui fases muito distintas e com necessidades estratégicas diferentes. Quando um produto é lançado no mercado, ele está na fase que chamamos de lançamento e, nessa fase, a principal característica da produção é em quantidades menores do que sua capacidade, pois o mercado ainda está sendo testado. A fase seguinte este produto está passando pelo desenvolvimento, que é quando sua demanda começa a crescer. A principal característica da produção é um volume maior do que a anterior, porém ainda distante da capacidade máxima de produção. Posteriormente, temos a fase da maturação, quando o produto atinge a demanda esperada e a característica principal da produção é a capacidade total da produção barateando o processo produtivo. As fases finais são o declínio, quando a demanda do produto começa a decair, e, na fase final, a empresa deve escolher entre descontinuar esse produto, ou seja, retirar do mercado ou relançar esse produto, reinventar esse produto. Notem alguma semelhança entre as estratégias apontadas anteriormente. 15 REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Planejamento Estratégico: da intenção aos resultados. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2020. NOGUEIRA, C. S. Planejamento Estratégico. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
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