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56 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Unidade II 3 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TEORIA MICROECONÔMICA A microeconomia, a mais antiga forma de produzir análise econômica, fornece um instrumental analítico que é empregado por praticamente todos os ramos do pensamento econômico dominante. O prefixo micro é derivado da palavra grega mikros, que representa “pequeno”. Dessa forma, a microeconomia estuda o comportamento de unidades econômicas muito específicas, por exemplo, um consumidor, um trabalhador, uma empresa, uma família, uma indústria, mercados específicos, dentre outros. De acordo com Vasconcellos e Oliveira (2011), os princípios que caracterizam a elaboração da Teoria Microeconômica apoiam‑se em duas condições: • pressupõe‑se que a economia seja composta por unidades tomadoras de decisão, também chamadas de agentes econômicos, entendidos estes como empresas enquanto produtoras e vendedoras de mercadorias e as famílias enquanto consumidoras das mercadorias produzidas pelas empresas; • cada um desses agentes detém um único objetivo: a maximização de seu bem‑estar, ou a maximização de seus resultados. No caso dos agentes individuais, consumidores ou famílias, seus objetivos são de melhorar seu padrão de consumo diante das oportunidades de consumo que lhes são oferecidas e diante de sua capacidade de consumo, ou seja, de sua restrição orçamentária. Ao agente econômico empresa, cabe cumprir seu objetivo de obtenção de lucro, bem como maximizá‑lo, também, diante de restrições que lhe são impostas pelo ambiente econômico. 3.1 Questionamentos centrais da Teoria Microeconômica A Teoria Microeconômica, ou análise de equilíbrio parcial, preocupa‑se em dar respostas às seguintes questões: • O que determina o preço dos diversos tipos de bens e serviços? • O que determina a remuneração de um trabalhador? • O que determina quanto de cada mercadoria será produzido? • O que determina a maneira pela qual um indivíduo gasta sua renda entre os mais diversos tipos de bens e serviços? 57 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA Em sentido mais amplo, a Teoria Microeconômica, ao presumir que o sistema econômico oferece limites para a obtenção dos objetivos a serem atingidos pelos agentes econômicos, e que esses limites são relativamente determinados pela escassez de recursos, procura descobrir quais são os melhores resultados alcançados em um sistema econômico, diante das restrições que este impõe aos agentes. Para responder a esses questionamentos, construindo modelos que representem de forma simplificada a realidade, a Teoria Microeconômica lança mão de algumas técnicas empregadas na construção dos modelos, a exemplo da Teoria do Consumidor e da Teoria da Firma, bem como dos estudos das diferentes estruturas de mercado em que as mais diversas empresas estão inseridas. Passemos ao conhecimento dessas teorias e de seus desdobramentos. 3.2 Teoria do Consumidor A Teoria do Consumidor trata do estudo de como a demanda se fundamenta no comportamento dos consumidores. Essa teoria: • serve de guia para a elaboração e a interpretação de pesquisas de mercado, principalmente as relacionadas com o lançamento de novo produto; • fornece métodos para comparar a eficácia de diferentes políticas de incentivo ao consumidor; • fornece elementos à avaliação da eficiência dos sistemas econômicos. 3.2.1 Utilidade e escolha A Teoria do Consumidor divide‑se em duas outras teorias: a Teoria da Utilidade e a Teoria de Escolha. A Teoria da Utilidade pode ser entendida como uma medida de satisfação, ao explicar a diferença entre utilidade total e utilidade marginal. Para entendermos essas duas teorias, da utilidade e de escolha, vamos efetuar um simples raciocínio: se as pessoas demandam mercadorias, ou seja, se consomem determinadas mercadorias, isso ocorre porque as mercadorias são necessárias à manutenção da vida, e, portanto, o consumo deve promover algum tipo de prazer ou satisfação. Lembrete Tratamos disso na unidade anterior, com o exemplo dos sorvetes na praia, ao falarmos do consumo para o atendimento às necessidades. Como vimos em definições anteriores, necessitamos efetuar escolhas para melhor alocação de nossos esforços. Em se tratando do consumo de mercadorias, dado que nossa renda não é o bastante para consumir tudo aquilo que desejamos, o agente econômico, de forma racional, procurará empregar seus recursos limitados entre as melhores alternativas de uso possíveis. 58 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Abstraindo essa ideia para a noção de consumo, se devemos, agindo racionalmente e pensando na maximização de nosso bem‑estar, despender parte de nossa renda no consumo de mercadorias necessárias à manutenção de nossa vida, fica estabelecido que as mercadorias que desejamos são úteis e raras. Observação Observe que consumo de necessidade é diferente de consumo de desejo. Sabe diferenciar um do outro? Imaginando que o prazer ou a satisfação percebidos pelo consumidor ao adquirir uma mercadoria possam ser medidos, teríamos então uma medida de satisfação traduzida em utilidade. Conforme Silva e Luiz (2010), A utilidade de um bem ou de um serviço é sua capacidade de satisfazer às necessidades das pessoas. Assim, a utilidade da água é saciar a sede, de um automóvel é sua capacidade de transportar pessoas, objetos etc. Podemos dizer, então, que um consumidor, agindo racionalmente, procurará obter a maior utilidade possível a partir de sua renda, que recebe o nome de orçamento. Para obter essa utilidade, sua renda será usada na aquisição de bens e serviços, que chamamos de cesta de mercadorias. Assim sendo, é razoável pensar que, quanto maior o orçamento do consumidor, maiores serão suas possibilidades de obter maior quantidade de utilidade, ou seja, de melhor satisfazer às necessidades. Para maximizar sua utilidade, isto é, obter o maior grau possível de satisfação, o consumidor deve escolher quais bens e serviços vai adquirir e também em que quantidade, pois seu orçamento já apresenta, por si só, uma limitação (SILVA; LUIZ, 2010, p. 153‑4). Como as pessoas deveriam alocar seus recursos escassos de modo que obtenham o maior valor? Para um economista responder a tal questionamento, utilizará a análise marginal: “a análise dos benefícios e custos da unidade marginal de um bem” (WESSELS, 2003, p.10). Um exemplo bastante simples, o paradoxo da água e do diamante, utilizado por uma grande quantidade de autores, ilustra o que estamos dizendo. Por que a água, mais necessária à vida humana, é relativamente barata, e o diamante, supérfluo, tem preço tão elevado? Ocorre que a água tem grande utilidade total, mas, como é encontrada em abundância, tem baixa utilidade marginal, enquanto o diamante, por ser escasso, tem grande utilidade marginal. Traduzindo: o que tem de muito, valoriza‑se pouco; o que tem de pouco, valoriza‑se muito. Outro exemplo, agora pensando em uma barra de chocolate e em uma criançaque nunca havia experimentado tal produto. A primeira barra de chocolate apresentada a uma criança deve resultar num elevado grau de satisfação quando consumida. Portanto, terá um elevado grau de utilidade, tanto total quanto marginal. Se uma segunda barra for dada à mesma criança, o grau de satisfação também será 59 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA elevado, assim como serão as utilidades totais e marginais. À medida que formos aduzindo unidades crescentes de barras de chocolate à mesma criança, chegará um momento em que o grau de satisfação já não será tão elevado quanto o da primeira, e, portanto, sua utilidade marginal será decrescente. Vejamos a curva de utilidade total e o que ela demonstra. Utilidade total Consumo Figura 11 – Curva de utilidade total Observando a curva de utilidade total, notamos que ela mostra que, à medida que aumentamos as quantidades consumidas de uma mesma mercadoria, há elevação no grau de satisfação, ou seja, em sua utilidade total, até um ponto em que acréscimos no consumo resultam em utilidades constantes e, deste ponto em diante, decrescentes. Esse fenômeno é resultado de outro conceito de satisfação: o conceito de utilidade marginal. Vejamos a curva. Utilidade total Consumo Figura 12 – Curva de utilidade marginal De acordo com a curva de utilidade marginal, percebemos que o grau de satisfação diminui à medida que são aumentadas as quantidades de consumo de determinada mercadoria. Isso pode refletir aquele exemplo envolvendo as barras de chocolates e a criança. Ou seja, a última unidade de chocolate oferecida para consumo acrescenta menos satisfação, produz menor utilidade marginal, portanto fazendo diminuir a utilidade total. Tome como exemplo o bem H2OH: aquele bem que nem é refrigerante, nem é água. É um misto dos dois; assim, o fabricante diz não ser refrigerante por conter menor quantidade de gases em relação aos conhecidos. Quando o bem foi lançado, a empresa efetuou grande campanha de marketing para 60 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II fazer‑se conhecida. E o consumidor? Insatisfeito por natureza, como vimos na unidade I, apresenta desejo de conhecer o novo produto. Pois bem: conhece ao comprar e beber. E depois? Se gostou, volta a comprar, e assim por diante. Há como medir o grau de satisfação desse consumidor ao beber o primeiro gole do bem H2OH? E o segundo gole? Há como medir? É disso que estamos tratando ao apresentar as noções de utilidade total e utilidade marginal. Nesse exemplo, a utilidade total surgirá quando o consumidor conseguir “matar a curiosidade”, quando experimentar o bem. Depois, continuando a consumir o bem, já não é mais novidade, “vira costume”, rotina, podemos dizer, e, portanto, há um decréscimo em sua utilidade marginal: a cada nova unidade do bem que for consumido, menos satisfação terá o consumidor. Por isso as empresas devem sempre inovar, inventar coisas novas ou novas formas de fazer o consumidor sentir utilidade total novamente: troca de embalagem, mudança na formulação, campanhas publicitárias e promocionais são alguns exemplos de chamada do consumidor. Outra forma é retirar momentaneamente o bem de circulação, de forma que o consumidor “sinta falta daquele bem” e, quando este retornar, o consumidor volte a adquiri‑lo, às vezes, a preços maiores. Exemplo de aplicação Se alguém está com sede, o que satisfaz à necessidade: água ou algum outro bem que possa exercer a função da água? O que é consumo de necessidade e o que é consumo de desejo? Procure responder: por qual deles pagamos mais? O entendimento tanto da utilidade total quanto da utilidade marginal nos permite compreender como a Ciência Econômica investiga o comportamento do consumidor, assumido como racional. Partindo do princípio de que o consumidor adquira somente produtos que lhe gerem satisfação combinada com seu nível de renda, é interessante inserir na análise o papel desempenhado pelos preços dos produtos. Vejamos agora como se dá o comportamento do consumidor a partir da Teoria da Demanda. 3.2.2 Teoria da Demanda A Teoria da Demanda preocupa‑se com o comportamento do consumidor em relação ao consumo de mercadorias. Entende‑se por demanda a procura de um indivíduo por um determinado bem ou serviço. Demanda refere‑se, então, à quantidade de um bem ou serviço que o consumidor está disposto e capacitado a comprar, em um determinado período de tempo. Observação A expressão demanda remete a uma condição de vontade de consumo, o que difere do ato da compra. Está ligada à necessidade ou mesmo ao desejo de consumir. 61 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA A demanda, diferentemente da compra, representa uma intenção de compra, por conta, principalmente, da restrição orçamentária e de outros determinantes da demanda. Vejamos então alguns determinantes de demanda: • preço do bem ou serviço; • renda ou riqueza do consumidor; • gostos e preferências do consumidor; • preços de bens relacionados (substitutos ou complementares) na demanda; • demais determinantes. Com os determinantes da demanda, podemos obter uma função demanda: Qdx = ƒ (P, R, PBR, G, E) Onde: Qdx = quantidade demandada do bem x. P = preço do bem x. R = renda ou orçamento do consumidor. PBR = preço de bens relacionados no consumo do bem x, a exemplo dos substitutos e/ou complementares. G = gosto e preferência do consumidor. E = expectativa do consumidor sobre o mercado do bem x. Veja o seguinte: quando o preço dos televisores está mais baixo nas lojas de venda especializada nesse tipo de bem durável, o que ocorre com o comportamento do consumidor? Podemos desenhar uma função demanda para esse caso: Qdt = ƒ (Pt) Onde: Qdt = quantidade demandada de televisores. (Pt) = preço do televisor. 62 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Como sugerimos queda de preços, então a função pode ser representada da seguinte forma: Qdt = ƒ (↓Pt) O que ela demonstra? Que o consumidor apresenta uma tendência de demandar mais televisores quando os preços desse tipo de bem estão mais baixos. Mais: que o consumidor apresenta tendência a aumentar as quantidades demandadas de televisores. Pode ser que já exista um na residência do consumidor e que ele deseje mais um. Portanto, o que influenciou a quantidade demandada de televisores foi o preço do bem, e não a renda do consumidor, por exemplo. E se a renda fosse a grande influenciadora da demanda por televisores? Como seria a função? Qdt = ƒ (R) Onde: Qdt = quantidade demandada de televisores. (R) = renda. Pois bem: se a renda do consumidor aumentar, o que ocorrerá? E se diminuir? O efeitoserá o mesmo? Não poderá ser. Em caso de aumento na renda, o consumidor agora tem mais condições de adquirir mais televisores e, portanto, a demanda por televisores aumentará. Qdt = ƒ (↓R) Observação Você já é capaz de entender o efeito de diminuição de renda. Exemplo de aplicação Você se lembra de como surge a renda de uma sociedade? Lembra‑se dos tipos de renda existentes? Outro determinante da demanda é o PBR: preço de bens relacionados na demanda, chamados de complementares ou substitutos. Bens complementares são tipos de bens em que o consumo de um enseja, necessariamente, o consumo de outro. Exemplos: pão e manteiga, CD players e CDs, máquinas fotográficas e cartão de memória, impressoras e papel, impressoras e cartuchos de tinta, DVD players e aparelhos de TV. Imagine que, em determinado tempo, tenha aumentado muito o preço das impressoras. Como será a função demanda por impressoras? 63 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA Qdi = ƒ (Pi) Onde: Qdi = quantidade demandada de impressoras. (Pi) = preço da impressora. Qual será o efeito? Queda de demanda de impressoras, conforme função a seguir. ↓↓Qdi = ƒ (↑ Pi) Reflita um pouco: parágrafos atrás, falamos existir um bem complementar à impressora. Lembra qual é? Sim, muito bem: os cartuchos de tinta. Haverá influência no mercado de cartuchos de tinta caso haja queda de demanda por impressoras? Resposta: sim! Qual a função demanda de cartuchos de tinta em função do preço das impressoras? Qdct = ƒ (Pi) Onde: Qdct = quantidade demandada de cartuchos de impressora. (Pi) = preço da impressora. Se haverá queda na demanda por impressoras, pois seu preço está mais elevado, menor quantidade de impressoras será adquirida, de forma que menor quantidade de cartuchos de tinta também será adquirida para colocar nas impressoras. O efeito será: ↓ Qdct = ƒ (↑ Pi) Figura 13 – Automóvel e combustível: bens complementares 64 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Em contrapartida, bens substitutos são aqueles que o consumidor tem condições de escolher entre um ou outro. Exemplo: manteiga ou margarina, pão francês ou pão de forma, maçã ou pera, feijão‑carioca ou feijão‑preto. Os dois atendem às necessidades de consumo. Em outras palavras, o consumo de um pode substituir o consumo do outro. Se a ida ao supermercado mostra que os preços do feijão‑carioca estão exorbitantemente mais elevados em relação aos preços do feijão‑preto, qual adquirir? Como são substitutos, o preço de cada um deles exercerá influência sobre o consumidor. Lembrando que este é tratado na microeconomia como racional: comparará os preços dos dois bens e, entendendo estar diante de bens substitutos entre si, levará aquele que estiver com preço mais baixo. Demonstrando em função, teríamos: Qdfp = ƒ (Pfc) Em que o preço do feijão‑carioca (Pfc) influencia a demanda de feijão‑preto Qdfp ou Qdfc = ƒ (Pfp) Em que o preço do feijão‑preto (Pfp) influencia a demanda de feijão‑carioca (Qdfc). Do nosso exemplo, haverá aumento na demanda de feijão‑preto em função da elevação no preço do feijão‑carioca. ↑ Qdfp = ƒ (↑ Pfc) A) B) Figura 14 – Bovinos e suínos: sua carne são bens substitutos Mas e se o consumidor não gostar de forma alguma de feijão‑preto? Mesmo com o preço mais baixo em relação ao feijão‑carioca, o consumidor não foi tocado a adquirir feijão‑preto. Não gosta desse tipo de produto! Entra em cena mais um determinante da demanda, qual seja, G, gosto e preferência do consumidor. Gosto ou preferência do consumidor apresenta‑se como um elemento subjetivo que influencia a demanda. Como medir o gosto do consumidor por feijão‑preto em relação ao feijão carioca? Se seu consumo, digamos, mensal não inclui feijão‑preto ou pouco inclui em relação ao outro, dizemos que 65 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA feijão‑carioca é preferível ao feijão‑preto. Por ser preferível, coloca‑se com certa subjetividade e pode influenciar a demanda de bens. O mesmo ocorre com outros determinantes da demanda, a exemplo das expectativas de mercado. Os consumidores costumam tomar conhecimento dos preços dos bens que consomem, bem como ficar atentos às informações acerca dos setores que produzem tais bens. A formação de expectativas também influencia a demanda. Basta lembrar o período recente em que o governo federal anunciou que, por determinado período de tempo, alguns bens de consumo durável, a exemplo de automóveis e eletrodomésticos da linha branca, estariam isentos de determinados impostos. O que fez boa parte da sociedade? Na expectativa de que o governo, findo o período de isenção, não mais adotasse a mesma medida, acabou por antecipar compras, independentemente de suas formas de pagamento. Como todos os determinantes da demanda sofrem variações simultaneamente, de consumidor para consumidor, e como pode haver modificação de influenciadores da demanda para um mesmo consumidor, a Teoria Microeconômica lança mão da utilização da condição coeteris paribus. O que vem a ser tal condição? Imagine a primeira situação que colocamos anteriormente: que o preço dos televisores tenha diminuído e, ao mesmo tempo, tenha aumentado a renda da sociedade e diminuído o preço dos DVD players e aumentado o custo da energia elétrica consumida pelos lares. Quatro ocorrências acontecendo ao mesmo tempo. Como estimar a demanda de televisores diante desse quadro? A condição coeteris paribus permite à microeconomia analisar o que ocorre em um determinado mercado diante da modificação de alguma condição isolada, mantendo os demais influenciadores constantes. Exemplificando, caso queiramos saber o que ocorre com o mercado de leite diante do crescimento da renda de uma população, a Teoria Microeconômica analisa os impactos nesse mercado somente diante da modificação da renda, para, num segundo momento, analisar o que ocorrerá com esse mercado quando houver modificação em alguma outra relação da demanda. Caso desejemos saber o que ocorre no mercado de televisores, primeiro verificamos a influência que os preços exercem sobre a demanda desse tipo de bem. Depois, verificamos a influência da renda do consumidor na demanda desse produto, desconsiderando a influência do preço. Pela expressão economicamente correta, a pergunta seria: o que ocorre com o mercado de DVD player diante da elevação da renda do consumidor, coeteris paribus? Como se deve ler tal pergunta: o que ocorre com o mercado de DVD player diante elevação da renda do consumidor, permanecendo tudo o mais constante? A mesma pergunta pode ser feita desta forma: o que ocorre com o mercado de DVD player, coeteris paribus, diante da elevação na renda do consumidor? Como ler? O que ocorre com o mercado de DVD player, permanecendo tudo o mais constante, diante elevação na renda do consumidor? Vejamos outro exemplo. Considerando apenas a diminuição no preço da manteiga, qual o impacto na demanda por margarina? Utilizando aexpressão: coeteris paribus, qual o comportamento do mercado de margarina diante diminuição no preço da manteiga? 66 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Exercício de aplicação Sobre o exemplo anterior complete a frase. Esquecendo, ou não considerando, demais fatores,... ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ A condição coeteris paribus permite simplificar a realidade e, dessa forma, consegue dar respostas de comportamento de mercados a curto prazo. A condição coeteris paribus significa “iguais às demais coisas”, isto é, sem que haja modificação de outras características ou circunstâncias além daquelas supostas na análise. Consiste, essencialmente, em compartilhar a economia de modo que os principais efeitos de uma mudança de parâmetro num determinado minimercado possam ser ressaltados sem considerar os efeitos colaterais em outros mercados, inclusive as reações, ou o feedback destes. Saiba mais Para conhecimento da aplicação inicial da condição coeteris paribus na análise econômica, vale o contato com a obra: MARSHALL, A. Princípios de economia. São Paulo: Abril Cultural, 1982. (Coleção Os Economistas). A concepção geral da obra de Marshall baseia‑se numa visão microeconômica neoclássica do regime capitalista de produção, supondo‑se uma tendência natural para o equilíbrio na qual as forças do mercado distribuíam os recursos da melhor maneira possível entre os diversos usos alternativos. Seu método de análise enfatiza as chamadas análises de equilíbrio parcial, com amplo uso da abordagem coeteris paribus, uma das mais famosas contribuições de Marshall. Na Teoria da Demanda, o comportamento do consumidor representativo é demonstrado por uma relação entre preços dos bens que esse consumidor está interessado em adquirir e suas respectivas quantidades. Tal relação é demonstrada pela curva de demanda. Esta é formada pela combinação de pontos de preços de uma mercadoria (P) no eixo vertical com suas quantidades demandadas (Q) no eixo horizontal. Demonstra a Lei Geral da Demanda. Vejamos a curva de demanda. 67 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA P D Q Figura 15 – Curva de demanda A Lei Geral da Demanda diz que as quantidades demandadas de um bem qualquer caminham em sentido contrário aos preços deste. De forma análoga, a curva de demanda mostra a relação inversa entre preços e quantidades demandadas. Quando o preço de uma mercadoria é elevado, as quantidades demandadas dessa mercadoria são baixas, e quando os preços de uma mercadoria são baixos, as quantidades demandadas dessa mercadoria são elevadas. Vejamos a seguinte escala de demanda: Tabela 3 – Escala de demanda Preço Quantidade demandada Ponto 10,00 20 A 8,00 25 B 6,00 30 C 4,00 35 D Com as informações dessa escala, podemos construir a curva de demanda individual. P 10 A 8 B 6 C 4 20 25 30 35 Q D Figura 16 – Curva de demanda individual 68 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Observação Tanto pela escala de demanda quanto pela curva de demanda é possível perceber a ocorrência da Lei Geral da Demanda. Analisando as informações da tabela, bem como da curva de demanda, percebe‑se que, à medida que o preço apresenta queda, as quantidades demandadas são maiores. Quando o preço dessa mercadoria qualquer é R$ 10,00, a quantidade demandada é de 20 unidades. Quando o preço é de R$ 8,00, a quantidade demandada é de 25 unidades. Quando o preço é de R$ 6,00, há aumento de cinco unidades na quantidade demandada, que passa a ser de 30 unidades. Por fim, quando o preço é de R$ 4,00, a quantidade demandada é de 35 unidades. Observação Observe que demanda é diferente de quantidade demandada. Demanda é intenção de compra, enquanto quantidade demandada representa, de fato, o quanto se consome a determinado nível de preço. Lembrete Como a demanda representa relação inversa entre preços e quantidades, você poderia pensar no exemplo apresentado para o caso de os preços subirem, quando as quantidades demandadas apresentariam queda. Chamamos de curva de demanda individual as combinações das quantidades de uma mesma mercadoria que um consumidor isolado está apto a adquirir, por unidade de tempo, em relação aos comportamentos dos preços dessa mercadoria. Chamaremos de curva de demanda de mercado quando uma escala de demanda apresenta as intenções de mais de um consumidor. Vejamos uma nova escala de demanda. Tabela 4 – Escala de demanda para vários consumidores Preço Consumidor 1 Consumidor 2 Consumidor 3 Consumo total Ponto 10,00 10 7 13 30 A 8,00 12 8 16 36 B 7,00 13 8 17 38 C 6,00 14 9 19 42 D 4,00 16 10 28 54 E 69 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA A escala apresentada relaciona, para cada nível de preço, quantidades demandadas diferentes para cada um dos consumidores, demonstrando, dessa forma, a demanda total de mercado por um produto qualquer. Podemos proceder ao conhecimento da curva de demanda de mercado, que nada mais será do que demonstrar a relação entre os níveis de preços dessa mercadoria e suas respectivas quantidades demandadas por todos os consumidores. Exemplo de aplicação Você pode construir a curva de demanda individual para cada um dos consumidores. Construa a curva de demanda para o consumidor 1, relacionando o preço do bem como as quantidades que ele demanda. Construa a curva de demanda para o consumidor 2 relacionando, agora, o preço do bem com as quantidades que esse consumidor demanda. Faça o mesmo com o consumidor 3. P 10 8 7 6 4 30 36 38 42 54 Q E D C B A Figura 17 – Curva de demanda de vários consumidores Observe que a curva de demanda para vários consumidores reflete a mesma Lei Geral de Demanda, e a análise pode ser feita por meio da queda de preços ou de sua elevação. Quando o preço do bem é de R$ 10,00, preço comum para todos os consumidores, o consumidor 1 adquire 10 unidades, o consumidor 2 adquire 7 unidades e o consumidor 3 adquire 13 unidades. Assim, cada consumidor contribui um uma parcela do consumo total, que é de 30 unidades nesse nível de preços. Quando o preço cai para R$ 8,00, o que ocorre? O consumo total de mercado sobe para 36 unidades. Vejamos o comportamento de cada consumidor: o consumidor 1 adquire mais duas unidades, o Consumidor 2 adquire somente mais uma unidade e o consumidor 3 adquire mais trêsunidades. Mesmo que o preço seja idêntico para todos os consumidores, o comportamento de cada um deles é diferente. E quando o preço passa a ser de R$ 7,00? O consumidor 1 adquire mais uma unidade; agora, seu consumo 70 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II individual passa a ser de 13 unidades, e o consumidor 2 não adquire unidades adicionais, permanecendo no mesmo nível de consumo de quando o preço era de R$ 8,00. Ele continua consumindo apenas 8 unidades, enquanto o consumidor 3 aumenta em mais uma unidade seu consumo, adquirindo agora 17 unidades. Você pode continuar o raciocínio quando os preços são R$ 6,00 e R$ 4,00. O que explica comportamentos diferentes de consumo de um mesmo bem a diferentes preços? Várias podem ser as respostas. Podemos pensar em algumas: • a renda do consumidor influencia o consumo; • trata‑se de um bem de consumo saciado; • o produto é novo no mercado e os consumidores o adquirirem, inicialmente, para conhecimento; alguns continuam consumindo, enquanto outros se mostram indiferentes; • pode ser um produto sazonal, a exemplo daquele consumo que acontece nos períodos de Páscoa, Natal e em outras datas comemorativas; • o bem proporciona elevado ou baixo grau de utilidade. Exemplo de aplicação As respostas anteriores correspondem à análise positiva ou à normativa? Reflita, responda e procure apresentar outras hipóteses. Da mesma forma que quantidades demandadas são influenciadas pelo preço do bem, a curva de demanda também sofre influência. Nesse caso, dependendo do determinante da demanda (renda do consumidor, preço de bens relacionados, gosto ou preferência do consumidor), a curva de demanda sofre deslocamentos positivos ou negativos. Aqui, necessitamos efetuar uma distinção entre o que sejam movimentos da curva, também chamado de deslocamentos da curva, e movimentos ao longo da curva. Movimentos ao longo da curva são percebidos quando o influenciador da demanda é o preço do bem. Pense no seguinte: coeteris paribus, o que ocorre com a quantidade demandada de carne de frango diante da diminuição de seus preços? Qual sua resposta? Aumento ou diminuição nas quantidades demandadas? Aumento, muito bem. Como representar a curva de demanda por carne de frango? Mais: como representar a curva de demanda por carne de frango e o efeito das quantidades demandadas diante da diminuição de preço? Vamos lá. Suponha que o preço da carne de frango esteja em R$ 9,00 o kg e que, nesse nível de preços, os consumidores, em conjunto, adquiram 1.200 kg. O preço cai para R$ 7,20 o kg, e o consumo de mercado passa a ser de 2.200 kg. Temos aqui uma escala de demanda. 71 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA Tabela 5 – Escala de demanda por carne de frango Ponto Preço (R$) Quantidade demandada (kg) A 9,00 1.200 B 7,20 2.200 Vejamos a representação da curva de demanda por carne de frango e o efeito das quantidades demandadas diante da diminuição de preço. P 9,00 A 7,20 1.200 2.200 Qdcf B D Figura 18 – Curva de demanda por carne de frango Como houve diminuição no preço (P) da carne de frango e os consumidores passaram a adquirir maior quantidade do bem (Qdcf), há um deslocamento de pontos ao longo da curva. O ponto inicial está em A, correspondendo ao preço de R$ 9,00 e à quantidade de 1.200 kg. A queda de preços para R$ 7,20 faz a quantidade demandada do bem ser de 2.200 kg, o que é representado pelo ponto B. Assim, a modificação no preço provocou movimento de pontos ao longo da curva de demanda (D). Se o preço aumentar, o efeito será o contrário: deslocamento de ponto ao longo da curva de B para A. Lembrete Você pode dizer deslocamento de pontos ao longo da curva ou simplesmente movimento ao longo da curva. De forma diferente, deslocamentos da curva de demanda ocorrerão quando a renda do consumidor, o preço de bens relacionados ou gosto ou preferência do consumidor apresentarem alteração, individual ou conjunta. 72 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Observação Em virtude da condição coeteris paribus, admite‑se que a alteração seja individual: um determinante de cada vez exercendo influência sobre a demanda. Volte ao exemplo em que a renda do consumidor influencia a demanda por televisores. Qdt = ƒ (R) Onde: Qdt = quantidade demandada de televisores. (R) = renda. Admita, coeteris paribus, crescimento da renda: o que ocorre? Você deve ter respondido que se elevará a demanda por televisores. Mais: deve ter imaginado rapidamente a função demanda para o caso proposto: ↑ Qdt = ƒ (↑ R) Qual o impacto na curva de demanda? P P A Q1 Q2 D D’ Qdt B Figura 19 – Demanda por televisores 73 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA Com a elevação na renda do consumidor, será maior a demanda por televisores, coeteris paribus. Dessa forma, a curva de demanda original (D) combina o preço dos televisores com determinada quantidade (Q1) antes da alteração da renda (ponto A). Com a alteração da renda, a curva de demanda por televisores sofre deslocamento positivo e agora é chamada de D´. O ponto B demonstra novas, e maiores, quantidades demandadas de televisores (Q2) tendo o preço permanecido constante. Observação O fato de o preço ter permanecido constante deve‑se à alteração somente da função demanda influenciada pelo determinante renda. Como tudo o mais permaneceu constante, também permaneceu assim a influência da oferta e do comportamento do mercado. Outro exemplo. Estamos agora preocupados em investigar o que acontecerá com o mercado de margarina se houver uma diminuição do preço da manteiga. Em se tratando de bens substitutos, o consumidor racional tomará qual atitude? Se você está pensando que nosso agente racional demandará mais manteiga e menos margarina, acertou! Parabéns. Representação gráfica: Dmant (a) Demanda por manteiga (b) Demanda por margarina Dmarg’ Dmarg CAP1 P2 Q1 Q2 Q1 B Figura 20 – Demanda de manteiga e de margarina Em (a), temos a representação da demanda por manteiga, Dmant. Em (b), a representação da demanda por margarina, Dmarg. No início, a demanda por manteiga, Dmant, está no ponto A, em que P1 corresponde a Q1. A demanda por margarina está no ponto C. Com a queda de preço da manteiga, a nova quantidade demandada passa a ser B: P2, Q2. A diminuição no preço força a queda de demanda por margarina, e a curva de demanda desse produto sofre deslocamento negativo ou para a esquerda e agora é representada por Dmarg`. No gráfico (b), a quantidade demandada de margarina permanece constante em Q1, mas, na prática, diminuirá. Por quê? Porque no momento estamos trabalhandosomente com a demanda. 74 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Para que o consumidor possa exercer sua demanda por bens, alguém tem de ofertá‑los. Nesse sentido, passamos a considerar a Teoria da Oferta. 3.3 Teoria da Oferta A Teoria da Oferta preocupa‑se com o comportamento dos empresários em relação à oferta de mercadorias. A oferta refere‑se à quantidade de um bem ou serviço que o produtor ou vendedor está disposto e capacitado a ofertar em determinado período de tempo. De forma análoga à da demanda, a oferta será diferente da venda, porque representa uma intenção de venda, conforme, principalmente, alguns determinantes da oferta. Vejamos alguns desses determinantes. • preço do bem ou serviço; • preço dos fatores de produção; • tecnologia; • preço de bens relacionados (substitutos ou complementares) na oferta; • clima; • demais determinantes. Com os determinantes da oferta, podemos obter uma função oferta: Qox = ƒ (P, PFP, T, PBR, C, E) Onde: Qox = quantidade ofertada do bem x. P = preço do bem x. PFP = preço dos fatores de produção (custo dos fatores). T = tecnologia de produção. PBR = preço de bens relacionados na produção do bem x, a exemplo dos substitutos e/ou complementares. C = condições climáticas e de solo. E = expectativa do ofertante sobre o mercado do bem x. 75 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA Na oferta, o preço do bem impacta positivamente o crescimento de quantidades. Por qual motivo? Se um empresário qualquer percebe que o mercado está pagando um preço elevado pelo produto que vende, terá maior incentivo em aumentar a produção. Suponha um agricultor do setor de soja. Ao perceber que o consumo de soja mostra elevação, terá maior incentivo em continuar em tal produção, pois há demanda. Diante disso, pode praticar uma política de crescimento de preços, uma vez que os consumidores mostram‑se favoráveis a tal produto. Se eles continuarem consumindo após o crescimento do preço, mais incentivado estará nosso agricultor a continuar com sua produção. Entretanto, se o mercado apresentar saturação e não valorizar o bem ofertado, o empresário de qualquer setor se sentirá desmotivado e poderá procurar por outra atividade. Portanto, preços elevados influenciam positivamente quantidades ofertadas, e preços baixos influenciam negativamente essas quantidades. Utilizando os termos da função oferta: ↑ Qo = ƒ (↑ P) e ↓ Qo = ƒ (↓ P) Onde: Qo = quantidade ofertada. P = preço do bem. Acompanhe outro exemplo: suponha que em determinado momento o preço dos tecidos tenha sofrido elevação em virtude de uma queda de produção. O que deve ocorrer com a oferta de calças? Observação Estamos supondo que o tecido seja um fator de produção de calças. Se tiver ocorrido diminuição na oferta de tecidos, as indústrias produtoras de calças terão menos fator de produção à sua disposição e, portanto, deverão produzir menor quantidade de calças. Dessa forma, haverá diminuição na oferta de calças. Vejamos a função que representa tal situação. Qo = ƒ (PFP) Onde: Qo = quantidade ofertada. PFP = preço dos fatores de produção. Essa função seleciona apenas um determinante da oferta, qual seja, o preço dos fatores de produção. Aplicada ao exemplo, a função será: 76 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II ↓ Qoc = ƒ (↑ Pt), Onde: Qoc = quantidade ofertada de calças. Pt = preço do tecido. A função representa exatamente a conclusão a que chegamos: aumento do preço do tecido em virtude da diminuição da oferta desse fator de produção impacta negativamente o mercado de calças, acarretando uma diminuição da oferta. Observação Percebeu que, novamente, para os exemplos, utilizamos um determinante da oferta de cada vez? É a condição coeteris paribus também presente na Teoria da Oferta. Outro exemplo. Vamos utilizar a tecnologia como determinante da oferta. Lembrete Lembra‑se da definição de tecnologia que utilizamos na unidade I? Precisamos dela agora. Suponha uma indústria de bebidas que produza refrigerantes. Seu processo de produção é por esteira rolante, por onde os recipientes são transportados até o local em que receberão o líquido. Depois, o processo continua, até o recebimento da tampa de metal. Estamos pensando numa indústria que produza refrigerantes acondicionados em garrafas do tipo PET. Figura 21 – Garrafas PET 77 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA Há um mecanismo específico que fecha a garrafa após esta ser completada com o líquido correspondente. Trata‑se de uma máquina que coloca a tampa e fecha a garrafa. A empresa pensa em modernizar tal mecanismo, inserindo nova tecnologia que fará tal processo em menos tempo, o que resultará em maior rapidez no fechamento de cada garrafa, de forma que maior quantidade de garrafas estará pronta em menos tempo. A função que representa a situação descrita será: Qor = ƒ (↓T), Em que: Qor = quantidade ofertada de refrigerantes. T = tecnologia. Saiba mais Você poderá obter mais conhecimento sobre a produção de refrigerantes acessando o site a seguir: AFEBRAS. Associação dos fabricantes de refrigerantes do Brasil. Produção. Guarapuava, [s.d.]. Disponível em: <http://afrebras.org.br/setor/refrigerante/ producao/>. Acesso em: 13 fev. 2014. Como todos os determinantes da oferta variam simultaneamente, de produtor para produtor, e como pode haver modificação no comportamento dos influenciadores da oferta para um mesmo produtor, a Teoria microeconômica, assim como a Teoria da Demanda, lança mão da condição coeteris paribus. Esta permite à Microeconomia analisar o que ocorre em um determinado mercado diante da modificação de alguma condição isolada, mantendo os demais influenciadores constantes. Exemplificando: se nosso interesse é saber o que ocorre com o mercado de alfaces diante de um clima frio extremamente rigoroso, a Teoria Microeconômica analisa os impactos nesse mercado somente diante da condição do clima, para, num segundo momento, analisar o que ocorrerá com esse mercado quando houver modificação em algum outro determinante da oferta. Observação No exemplo anterior, considerando a função oferta, o determinante utilizado foi a condição climática. 78 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Exemplo de aplicação Você pode investigar como os bens relacionadosna oferta, os chamados substitutos ou complementares, são tratados na teoria. Basta olhar livros de Microeconomia para encontrar situações interessantes. Na Teoria da Oferta, o comportamento do produtor representativo é demonstrado por uma relação entre os preços dos bens que esse produtor está interessado em ofertar e suas respectivas quantidades. Tal relação é demonstrada pela curva da oferta. Esta é formada pela combinação de pontos de preços de uma mercadoria (P) no eixo vertical com suas quantidades ofertadas (Q) no eixo horizontal. Demonstra a Lei Geral da Oferta. Vejamos a curva de oferta. P Q O Figura 22 – Curva de oferta A Lei Geral da Oferta diz que as quantidades ofertadas de uma mercadoria qualquer caminham no mesmo sentido dos preços dessa mercadoria. De forma análoga, a curva de oferta mostra a relação direta entre preços e quantidades ofertadas. Quando o preço de uma mercadoria é elevado, as quantidades ofertadas dessa mercadoria são também elevadas, e quando os preços de uma mercadoria são baixos, as quantidades ofertadas dessa mercadoria são baixas. Vejamos a seguinte escala de oferta: Tabela 6 – Escala de oferta Preço Quantidade ofertada Ponto 4,00 20 A 6,00 25 B 8,00 30 C 10,00 35 D 79 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA Com as informações dessa escala, podemos construir a curva de oferta individual. P 10 8 6 4 Q35302520 O Figura 23 – Curva de oferta individual Observação Tanto pela escala de oferta quanto pela curva de oferta, é possível perceber a ocorrência da Lei Geral da Oferta. Analisando as informações da tabela, bem como as da curva de oferta, percebemos que, à medida que o preço apresenta queda, as quantidades ofertadas são menores. Quando o preço dessa mercadoria qualquer é de R$ 10,00, a quantidade ofertada é de 35 unidades. Quando o preço é de R$ 8,00, a quantidade ofertada é de 30 unidades. Quando o preço é de R$ 6,00, há diminuição de cinco unidades na quantidade ofertada, que passa a ser de 25 unidades. Por fim, quando o preço é de R$ 4,00, a quantidade ofertada é de 20 unidades. Observação Oferta é diferente de quantidade ofertada. Oferta é intenção de produção ou de venda, enquanto quantidade ofertada representa, de fato, quanto se oferece a determinado nível de preços. Lembrete Como a oferta representa relação direta entre preços e quantidades, você poderia pensar no exemplo apresentado para o caso de os preços subirem. Nesse caso, as quantidades ofertadas apresentariam elevação. 80 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Chamamos de curva de oferta individual as combinações das quantidades de uma mesma mercadoria que um produtor está apto a ofertar por unidade de tempo, em relação aos comportamentos dos preços dessa mercadoria. Chamaremos de curva de oferta de mercado quando, em uma escala de oferta, estiverem demonstradas as informações de mais de um produtor em relação a um mesmo produto. Vejamos uma nova escala de oferta, desta vez, para vários produtores. Tabela 7 – Escala de oferta para vários produtores Preço Produtor 1 Produtor 2 Produtor 3 Oferta total Ponto 4,00 10 7 13 30 A 6,00 12 8 16 36 B 7,00 13 9 16 38 C 8,00 14 9 19 42 D 10,00 16 10 28 54 E A escala apresentada relaciona, para cada nível de preço, quantidades ofertadas diferentes para cada um dos produtores, demonstrando, dessa forma, a oferta total de mercado referente a um produto qualquer. Podemos proceder ao conhecimento da curva de oferta de mercado, que nada mais será do que demonstrar a relação entre os níveis de preços dessa mercadoria e as respectivas quantidades ofertadas por todos os produtores. Exemplo de aplicação Você pode construir a curva de oferta individual para cada um dos produtores. Construa a curva de oferta para o produtor 1 relacionando o preço do bem como as quantidades que ele oferta. Construa a curva de oferta para o produtor 2 relacionando, agora, o preço do bem com as quantidades que esse produtor oferece. Faça o mesmo com o produtor 3. P 10 7 8 6 4 Q42 54383630 A B C D E O Figura 24 – Curva de oferta para vários produtores 81 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA Observe que a curva de oferta para vários produtores reflete a mesma Lei Geral da Oferta, e a análise pode ser feita por meio da queda de preços ou de sua elevação. Quando o preço do bem é de R$ 10,00, preço comum para todos os produtores, o produtor 1 está disposto a oferecer 16 unidades, o produtor 2 oferece 10 unidades e o produtor 3 está apto a ofertar 28 unidades. Assim, cada produtor contribui com uma parcela da oferta total, que é de 54 unidades, nesse nível de preços. Quando o preço cai para R$ 8,00, o que ocorre? A produção total de mercado cai para 42 unidades. Vejamos o comportamento de cada produtor: o produtor 1 oferece duas unidades a menos, o produtor 2 diminui a oferta em uma unidade e o produtor 3 diminui em nove unidades sua oferta. Mesmo que o preço seja idêntico para todos os produtores, o comportamento de cada um deles é diferente. E quando o preço passa a ser de R$ 7,00? O produtor 1 oferta uma unidade a menos (agora sua oferta individual passa a ser de 13 unidades), e o produtor 2 não altera seu padrão de oferta, permanecendo no mesmo nível de oferta de quando o preço era de R$ 8,00. Ele continua ofertando apenas 9 unidades, enquanto o produtor 3 diminui em mais três unidades sua oferta, oferecendo agora 16 unidades, apenas. Você pode continuar o raciocínio quando os preços são de R$ 6,00 e de R$ 4,00. O que explica comportamentos diferentes de produção (oferta) de um mesmo bem a diferentes preços? Várias podem ser as respostas. Uma delas: a queda de preços não cobre os custos de produção, de forma que o produtor poderá incorrer em lucros menores. Exemplo de aplicação Para a indagação apresentada, oferecemos apenas uma provável resposta. Você poderia sugerir algumas outras? Saiba mais Para que bem possa efetuar o exemplo de aplicação indicado, consulte a obra: TAYLOR, J. B. Princípios de microeconomia. São Paulo: Ática, 2007. 586 p. Cap. 3. O capítulo 3 é dedicado à discussão do modelo de oferta e demanda. Da mesma forma que quantidades ofertadas são influenciadas pelo preço do bem, a curva de oferta também sofre influência. Nesse caso, dependendo do determinante da oferta (preço dos fatores de produção, preço dos bens relacionados, tecnologia, condições climáticas), a curva de oferta sofrerá deslocamentos positivos ou negativos. Aqui vale a mesma distinção apresentada quando do tratamento da Teoria da Demanda: entre o que sejam movimentos da curva, também chamados de deslocamentos da curva, e movimentos ao longo da curva. 82 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as tilho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Movimentos ao longo da curva são percebidos quando o influenciador da oferta é o preço do bem. Pense no seguinte: coeteris paribus, o que ocorre com a quantidade ofertada de leite diante da diminuição de seus preços? Qual sua resposta? Aumento ou diminuição nas quantidades ofertadas? Diminuição, pois se trata de relação direta entre preços e quantidades. Como representar a curva de oferta de leite? Mais: como representar a curva de oferta de leite e o efeito das quantidades ofertadas diante da diminuição de preço? Vejamos. A) B) Figura 25 – O leite e sua fonte Suponha que o preço do leite esteja em R$ 3,00 o litro e que, nesse nível de preços, os vendedores, em conjunto, ofertem 12 mil litros. O preço cai para R$ 2,80 o litro, e a oferta de mercado passa a ser de 10.700 litros. Temos aqui uma escala de oferta. Tabela 8 – Escala de oferta de leite Ponto Preço (R$) Quantidade ofertada (litros) A 3,00 12.000 B 2,80 10.700 Vejamos a representação da curva de oferta de leite e o efeito das quantidades ofertadas diante da diminuição de preço. 3,00 OP A B2,80 10.700 12.000 Qol Figura 26 – Curva de oferta de leite 83 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA Como houve diminuição no preço do leite (P) e os produtores passaram a ofertar menor quantidade do bem (Qol), há um deslocamento de pontos ao longo da curva. O ponto inicial está em A, correspondendo ao preço de R$ 3,00 e à quantidade de 12 mil litros. A queda de preços para R$ 2,80 faz a quantidade ofertada do bem ser de 10.700 litros, o que é representado pelo ponto B. Assim, a modificação no preço provocou movimento de pontos ao longo da curva de oferta (O). Se o preço aumentar, o efeito será o contrário: deslocamento de ponto ao longo da curva de B para A. De forma diferente, deslocamentos da curva de oferta ocorrem quando o preço dos fatores de produção, o preço dos bens relacionados, a tecnologia ou as condições climáticas apresentam alteração, individual ou conjunta. Observação Em virtude da condição coeteris paribus, admite‑se que a alteração seja individual: um determinante de cada vez exercendo influência sobre a oferta. Volte ao exemplo da oferta de calças em função do tecido: Qoc = ƒ (PFP) Onde: Qoc = quantidade ofertada de calças. PFP = preço de fator de produção. Figura 27 – Indústria têxtil 84 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Admita, coeteris paribus, diminuição da oferta de tecido e, portanto, crescimento no preço desse material: o que ocorre? Você deve ter respondido que diminuirá a oferta de calças. E mais: deve ter imaginado rapidamente a função oferta para o caso proposto: ↓ Qoc = ƒ (↑ Pt) Qual o impacto na curva de oferta? P P B A Q2 Q1 Qoc O O` Figura 28 – Oferta de calças Com a queda na oferta de tecidos, será menor a oferta de calças, coeteris paribus. Dessa forma, a curva de oferta original (O) combina o preço das calças com determinada quantidade (Q1) antes da alteração do preço e da queda de oferta de tecidos (ponto A). Com a alteração no mercado de tecidos, a curva de oferta de calças sofre deslocamento negativo e agora é chamada de O´. O ponto B demonstra novas, e menores, quantidades ofertadas de calças (Q2), tendo o preço permanecido constante. Observação O fato de o preço ter permanecido constante deve‑se à alteração somente da função oferta influenciada pelo determinante preço de fatores de produção. Como tudo o mais permaneceu constante, também permaneceu assim a influência da demanda e do comportamento do mercado. Outro exemplo. Analisando um agricultor, estamos agora preocupados em investigar o que acontecerá com o mercado de soja se houver uma diminuição do preço do milho. 85 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA Figura 29 – Milho Em se tratando‑se de bens substitutos na produção, o produtor racional tomará qual atitude? Se você está pensando que nosso agente racional mudará a produção para o cultivo de soja, acertou! Parabéns. Por qual motivo? Simplesmente pelo fato de a queda do preço do milho desencorajar a continuidade na produção, estimulando a mudança para o cultivo de soja. Representação gráfica: P (a) Oferta de milho (b) Oferta de soja P1 P2 B A C D Om QOmQ1 Q1Q2 Q2 QOs Os’ Os Figura 30 – Oferta de milho e de soja Em (a), temos a representação da oferta de milho, Om. Em (b), a representação da oferta de soja, Os. No início, a oferta de milho, Om, está no ponto A, em que P1 corresponde a Q1. A oferta de soja está no ponto C. Com a queda do preço do milho, a nova quantidade ofertada passa a ser B: P2, Q2. A diminuição no preço força o aumento da oferta de soja, e a curva de oferta desse produto sofre deslocamento positivo ou para a direita e agora é representada por Os`. No gráfico (b), a quantidade ofertada de soja passa a ser Q2. 86 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Figura 31 – Soja Pois bem, até o momento, olhamos as duas teorias em separado: a da demanda, com seus determinantes e deslocamentos, e a da oferta, também com seus determinantes e deslocamentos. Passamos agora a examinar como se comportam juntas. 3.4 Funcionamento do mercado Efetuadas as apresentações, tanto da demanda quanto da oferta, devemos passar a outro ponto, que é o local em que as relações da demanda se defrontam com as da oferta. Nesse ponto, quem quer comprar uma mercadoria relaciona‑se com quem quer vendê‑la, e vice‑versa. Chamamos esse local de mercado. No mercado, por meio da determinação de preços de mercadorias e de suas respectivas quantidades, são realizadas todas as transações entre os agentes, e, dessa forma, todas as relações da demanda são postas em ação, assim como acontece com as relações da oferta. Então, se num mercado existe o encontro de demandantes de mercadorias com os ofertantes de mercadorias, podemos representá‑los da seguinte forma: P O D Q Figura 32 – Representação do funcionamento do mercado 87 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA Assim, o mercado de uma mercadoria qualquer é representado posicionando‑se as curvas de demanda e de oferta num mesmo gráfico. Aqui, a curva de demanda demonstrará as quantidades demandadas de umamercadoria em relação aos seus preços, e a curva de oferta, por sua vez, também demonstrará as quantidades ofertadas de uma mercadoria em relação ao comportamento de seus preços. Mas lembre‑se: os determinantes da demanda e da oferta também estão representados nas curvas específicas. Lembrete Nesse ponto da discussão, vale lembrar as definições efetuadas quando das teorias da demanda e da oferta. 3.5 Equilíbrio de mercado Segundo a Teoria da Demanda, as quantidades que os consumidores estão interessados em adquirir reagem de forma inversa aos preços, ou seja, para preços maiores, as quantidades demandadas serão menores, e também vale o inverso. Já a Teoria da Oferta demonstra que as quantidades que os produtores estão interessados em oferecer reagem de forma direta aos preços, ou seja, para preços maiores, as quantidades ofertadas serão maiores, e, para preços menores, as quantidades ofertadas também serão menores. Parece haver desencontro de interesses entre os que ofertam e os que demandam mercadorias. Esse desencontro é resolvido a partir do momento em que os demandantes passam a aceitar pagar os preços que os ofertantes desejam receber, e, de forma análoga, o desencontro também passa a ser resolvido a partir do momento em que os produtores ofertam mercadorias na real quantidade em que os consumidores desejam adquirir. Estamos aqui nos referindo a um ponto de equilíbrio. No ponto de equilíbrio, que no próximo gráfico está representado pela letra E, serão harmonizados os interesses conflitantes de demandantes e ofertantes de mercadorias. Se os ofertantes desejarem cobrar preços mais elevados do que aqueles que os demandantes aceitam pagar, haverá quantidades ofertadas a mais do que aquelas que serão consumidas. Existirá, portanto, um excesso de oferta. De outra forma, se os consumidores desejarem adquirir maiores quantidades do que aquelas ofertadas pelos produtores, haverá escassez. Representando o ponto de equilíbrio: P O D Q E Figura 33 – Representação do equilíbrio de mercado 88 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Vamos representar numericamente as relações do equilíbrio de mercado, recordando tanto a escala de demanda de mercado quanto a escala de oferta de mercado apresentadas nas teorias tanto da demanda quanto da oferta. A escala de demanda de mercado apresentada é a que segue: Tabela 9 – Escala de demanda para vários consumidores Preço Consumidor 1 Consumidor 2 Consumidor 3 Consumo total Ponto 10,00 10 7 13 30 A 8,00 12 8 16 36 B 7,00 13 8 17 38 C 6,00 14 9 19 42 D 4,00 16 10 28 54 E Quanto à escala de oferta de mercado, a apresentada foi a seguinte: Tabela 10 – Escala de oferta para vários produtores Preço Produtor 1 Produtor 2 Produtor 3 Oferta total Ponto 4,00 10 7 13 30 A 6,00 12 8 16 36 B 7,00 13 9 16 38 C 8,00 14 9 19 42 D 10,00 16 10 28 54 E Lembrete Como estamos tratando do assunto equilíbrio de mercado, trouxemos aqui novamente as informações acerca dos participantes do mercado: todos demandantes e todos ofertantes de um mesmo bem. A partir das duas escalas separadas é possível construir uma escala que represente, para um mesmo nível de preços, as quantidades demandadas e as quantidades ofertadas de determinada mercadoria. É o que apresenta a próxima tabela. Tabela 11 – Escala de mercado Preço Quantidades demandadas Quantidades ofertadas Ponto 4,00 54 30 A 6,00 42 36 B 7,00 38 38 C 8,00 36 42 D 10,00 30 54 E 89 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA Construída a escala de mercado, que combina quantidades demandadas e quantidades ofertadas de uma mesma mercadoria para diferentes níveis de preços, poderemos representar o ponto de equilíbrio para esse mercado. Antes disso, veja os números da tabela: ao preço de R$ 4,00, quantidades demandadas e ofertadas são diferentes; ao preço de R$ 6,00, idem. O mesmo ocorre para os preços de R$ 8,00 e de R$ 10,00, mas e ao preço de R$ 7,00? As quantidades demandadas são idênticas às ofertadas. Portanto, ao preço de R$ 7,00, as quantidades demandadas e as ofertadas são de 38, e esse será o ponto de equilíbrio nesse mercado. Observação Observe o que ocorre quando o preço é superior ao de equilíbrio, bem como quando é inferior ao de equilíbrio. Precisaremos disso adiante. Lembrete Na tabela anterior estão representadas as leis gerais tanto da demanda quanto da oferta, cada uma delas com suas relações específicas: na demanda, relação inversa, e, na oferta, direta. A figura 34 representa numericamente o equilíbrio de mercado. P O D Q E 7,00 38 Figura 34 – Equilíbrio de mercado Com a representação, vemos que ao preço de R$ 7,00 as quantidades demandadas e as ofertadas são as mesmas, ou seja, 38 unidades. Para qualquer preço superior a R$ 7,00, as quantidades ofertadas serão maiores que as quantidades demandadas, gerando excesso de oferta. De outra forma, para preços menores que R$ 7,00, as quantidades demandadas serão maiores do que as quantidades ofertadas, gerando excesso de demanda, chamada escassez. 90 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Exemplo de aplicação Procure retomar as informações da Tabela 11 – Escala de mercado. Estabeleça, para cada nível de preços, se há excesso de demanda ou excesso de oferta, e quais as quantidades de tais excessos. Para não ocorrer excesso nem de oferta, nem de demanda, o comportamento dos consumidores e dos vendedores deverá ser adaptativo às condições do próprio mercado, em que um exercerá pressão sobre o comportamento do outro. Da mesma forma que o comportamento dos consumidores em relação aos preços praticados pelos vendedores modifica as relações de mercado destes, qualquer modificação em cada um daqueles influenciadores da demanda ou influenciadores da oferta também afeta o equilíbrio de mercado. Por exemplo, dada a ocorrência de elevação na renda dos consumidores, a tendência é a de que maiores quantidades de mercadorias sejam consumidas. Da mesma forma, se existir, por exemplo, uma melhoria no clima, tornando mais propícia a produção de bens agrícolas, a tendência será de existir maior oferta desses bens. Assim, as quantidades demandadas e as ofertadas de determinada mercadoria, bem como seus preços, sofrem modificações de acordo com o comportamento dos componentes da demanda e/ou da oferta. Portanto, a cada modificação da demanda ou da oferta, desloca‑se o ponto de equilíbrio. Exemplificando: vamos supor que variações na renda dos consumidores influenciem a demanda por automóveis. Se a renda dos consumidores aumentar, a procura por automóveis também deverá aumentar, e, se a renda dos consumidores diminuir, a procura por automóveis deverá caminhar na mesma direção. Observação Estamos nos utilizando da condição coeteris paribus, nesse caso, com um único bem (automóvel) e um único influenciador da demanda (renda do consumidor). Representaremos o deslocamento do ponto de equilíbrio diante de umaprocura maior por automóveis. Quando há maior procura por automóveis, a curva de demanda desloca‑se para a direita, agora representada por D`, mostrando que maiores quantidades dessa mercadoria são procuradas pelos consumidores. Mantendo‑se constantes as relações de oferta, o deslocamento positivo da curva de demanda estabelece um novo ponto de equilíbrio demonstrado por E`.Nesse novo ponto de equilíbrio, percebe‑se que maiores quantidades desse bem são transacionadas, mas a preços maiores. Vejamos a representação gráfica. 91 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA P O D D’ E’ Q E Figura 35 – Modificações do equilíbrio a partir de crescimento de demanda Nesse caso, o preço do bem sofre elevação, pois, já que os consumidores aumentaram a demanda na proporção de suas rendas, os ofertantes deverão aumentar as quantidades de automóveis produzidos, cobrando mais por isso. Vejamos outro exemplo. Sabemos que, para uma máquina fotográfica exercer sua função, deve ser utilizada conjuntamente a seus componentes, a exemplo de baterias ou cartões de memória. Vamos supor, por simplificação, que o uso desde tipo de aparelho – máquinas fotográficas – requeira a utilização de baterias e que os fornecedores de máquinas fotográficas tenham provocado uma elevação nos preços de venda desse tipo de produto. O que deve ocorrer com a quantidade demandada de baterias? Como já sabemos pelo estudo da Teoria da Demanda, sempre que o preço de um bem aumenta, a quantidade demandada desse bem tende a diminuir. Portanto, a resposta à nossa pergunta deverá ser que a quantidade demandada de máquinas fotográficas deverá diminuir, mas qual a relação disso com o mercado de baterias? Se menos máquinas fotográficas forem vendidas, menores quantidades de baterias serão utilizadas, diminuindo a demanda por baterias. Representando o que ocorre no mercado de baterias, teremos um deslocamento para a esquerda na curva de demanda, agora chamada de D`. O deslocamento da curva de demanda para a esquerda exercerá pressão para a queda de preços das baterias. O novo ponto de equilíbrio nesse mercado estará em E`. P O D D’ E’ Q E Figura 36 – Modificações do equilíbrio a partir de diminuição da demanda 92 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II De outra forma, os influenciadores da oferta também alteram o equilíbrio dos diversos mercados. Vamos verificar como operam alguns desses influenciadores. Vamos supor que para a produção de pneus seja necessária a utilização da borracha enquanto fator de produção, que os vendedores de borracha estejam com uma produção muito elevada e que isso tenha diminuído o preço desse material no seu mercado. Logo, os demandantes de borracha, que nesse caso serão os produtores de pneus, desejarão consumir mais borracha para poderem produzir mais pneus e, assim, ofertar maiores quantidades de sua produção. Dessa forma, como se comporta o mercado de pneus? Vejamos graficamente antes da explicação. P O’ O D E’ Q E Figura 37 – Modificações do equilíbrio a partir do aumento da oferta Como a produção de pneus foi beneficiada pela grande quantidade de borracha, melhoraram as condições de oferta e, dessa forma, maiores quantidades de pneus serão ofertadas, o que é demonstrado pelo deslocamento positivo da curva de oferta, agora representada por O`. Como nada ocorreu com relação à demanda, esta permanece constante, e um novo ponto de equilíbrio será estabelecido nesse mercado, representado agora por E`, demonstrando que maiores quantidades de pneus serão transacionadas a preços menores. Pensemos agora no mercado de beterrabas. Sabemos que as beterrabas são produtos da agricultura, que depende, dentre outros fatores, de um clima propício para a produção. Vamos supor que uma geada tenha provocado dificuldade muito grande no cultivo desse tipo de produto, ocasionando perda de produção. Dessa forma, os produtores de beterrabas ofertarão menores quantidades. Como demonstrar esse evento? Vejamos. 93 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 ELEMENTOS DE ECONOMIA P O’ O D E’ Q E Figura 38 – Modificações do equilíbrio a partir de queda na oferta Verificamos que, nesse caso, houve deslocamento negativo (para a esquerda) da curva de oferta, representada agora por O`, demonstrando que menores quantidades de beterrabas estão sendo oferecidas. Como em nosso exemplo não houve modificação nas relações de demanda desse produto, o deslocamento para a esquerda da curva de oferta original, de O para O`, estabelece um novo equilíbrio para esse mercado demonstrado pelo ponto E`, no qual menores quantidades de beterrabas são transacionadas a preços maiores. Nesse ponto vale destacar o que recomenda Wessels (2003): Lembre‑se: uma mudança no preço nunca elevará a curva de demanda ou de oferta. As curvas mostram todos os efeitos da mudança de preço. Use os procedimentos abaixo para evitar erros ao analisar como os eventos afetam a oferta e a demanda. [...] 1. equilíbrio inicial. Desenhe o diagrama de oferta e demanda. Dê um nome ao preço e ao produto inicial de equilíbrio; 2. evento e deslocamento. Algum evento ocorre. Pergunte‑se como a demanda e a oferta se alterariam se o preço não mudasse de seu nível inicial. Desenhe a nova curva de oferta ou demanda; 3. permita que o preço mude. Ao preço antigo, uma falta ou um excesso do bem ocorreria. Uma falta resultará em um preço mais alto. Um excesso resultará em um preço mais baixo. Como uma mudança no preço nunca desloca as curvas, não desenhe nenhuma curva mais; 4. novo equilíbrio. O novo preço e a nova quantidade de equilíbrio estarão no ponto no qual as novas curvas de oferta e demanda se cruzem (WESSELS, 2003, p. 48‑9). 94 CE CO _G EO _H IS - R ev isã o: C ris tin a Fr ar ac io , G io va nn a Ol iv ei ra , J ul ia na M en de s, Ro se C as til ho - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 21 -0 2- 20 14 Unidade II Saiba mais Para maior aprofundamento acerca dos deslocamentos das curvas de demanda e de oferta, veja a obra: PASSOS, C. R.; NOGAMI, O. Princípios de economia. 5. ed. São Paulo: Thomson Pioneira, 2005. Nesse livro há um capítulo dedicado inteiramente ao assunto e com muitos exemplos de aplicação. Não deixe de consultar. Até agora mostramos que as quantidades demandadas e ofertadas das mercadorias aumentam ou diminuem de acordo com o comportamento de cada um dos influenciadores da demanda ou da oferta. Conforme anunciamos em exemplo anterior, diante de elevação na renda do consumidor, verificamos que houve elevação na demanda por automóveis e, de outra forma, verificamos que, dada a elevação nos preços de máquinas fotográficas, houve diminuição na demanda por baterias, mas não conseguimos quantificar, ou seja, dizer de quanto será a elevação no consumo de automóveis, nem quanto
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