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FAHESP – Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí IESVAP-NSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO VALE DO PARNAÍBA LTDA. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba-PI CNPJ – 13.783.222/0001-70 www.iesvap.com.br • Por qual motivo o paciente diabético apresenta cetoacidose diabética e hiperpotassemia? Como é o hálito destes pacientes? Definição A Cetoacidose diabética (CAD) é um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemia, cetonemia e acidose metabólica com ânion gap elevado e representa uma das complicações agudas do diabetes mellitus tipo 1 (DM1). Ocorre em até 30% dos adultos e entre 15 e 67% das crianças e adolescentes no momento do diagnóstico e é a principal causa de óbito em diabéticos com menos de 24 anos de idade (AZEVEDO, 2012). Fisiopatologia A CAD resulta da deficiência profunda de insulina, seja ela absoluta ou relativa, e do excesso de hormônios contrarreguladores, como glucagon, cortisol e catecolaminas. Nesta circunstância, tecidos sensíveis à insulina passam a metabolizar principalmente gorduras ao invés de carboidratos. Como a insulina é um hormônio anabólico, sua deficiência favorece processos catabólicos, como lipólise, proteólise e glicogenólise. A lipólise resulta em liberação de ácidos graxos livres (AGL), que são oxidados no sistema microssomal hepático. O processo de oxidação de AGL é favorecido não só pelo excesso de substrato, como também por estímulo às vias metabólicas que oxidam ácidos graxos. A insulinopenia e o excesso de glucagon são capazes de ativar de forma indireta o sistema enzimático carnitina-acil-transferase, responsável pelo carreamento de AGL presentes no citossol dos hepatócitos para o sistema microssomal, onde serão oxidados. Isso ocorre, ao menos em parte, através da inibição da enzima acetil-CoA-carboxilase, que leva a uma redução da concentração plasmática de malonil-CoA, um intermediário da lipogênese que atua como inibidor da atividade desse sistema enzimático (CASHEN K, 2019). Através da oxidação, os ácidos graxos são convertidos em acetil-CoA. Quando a produção de acetil-CoA ultrapassa a capacidade de utilização hepática, a substância passa a ser convertida em corpos cetônicos (CC): acetoacetato, beta-hidroxibutirato (BHB, que corresponde ao acetoacetato reduzido e é o principal CC da CAD) e acetona. Normalmente a relação entre BHB e acetoacetato é de 1:1 a 3:1. Na CAD, essa relação pode chegar a 10:1, pois a oxidação de ácidos graxos provoca redução do NAD em Curso de Medicina Semestre: 2022.2 Turma: 10 Disciplina: Sistemas Orgânicos Integrados V (TIC’s) Professora: Ana Rachel Aluna: Kamilla da Silva de Galiza FAHESP – Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí IESVAP-NSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO VALE DO PARNAÍBA LTDA. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba-PI CNPJ – 13.783.222/0001-70 www.iesvap.com.br NADH+ e a regeneração do NAD depende da redução do acetoacetato com consequente formação BHB. A retenção dos CC no plasma provoca acidose metabólica com ânion gap elevado (AZEVEDO, 2012). A hiperglicemia presente na CAD é causada por diminuição da utilização periférica de insulina, aumento da secreção hepática de glicose e diminuição de sua excreção. A secreção hepática exacerbada de glicose ocorre tanto por aumento da gliconeogênese (utilizando como principal substrato aminoácidos liberados na circulação sistêmica em decorrência da proteólise excessiva) quanto da glicogenólise. A consequência é o aumento da osmolaridade plasmática, o que leva a um deslocamento de fluidos do espaço intra para o extracelular, com desenvolvimento de desidratação celular. Além disso, ultrapassando o limiar renal, surgem a glicosúria e a diurese osmótica, induzindo também perda de volume extracelular. Essa diurese osmótica é a principal causa de perda de fluidos na CAD, embora outros fatores como vômito e hiperventilação também estejam envolvidos (Wolfsdore, 2006). Imagem 1. Wolfsdore, J. et al. Diebetic Ketoacidosis in infants, Children, and Adolescents (2006). FAHESP – Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí IESVAP-NSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO VALE DO PARNAÍBA LTDA. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba-PI CNPJ – 13.783.222/0001-70 www.iesvap.com.br Distúrbios hidroeletrolíticos A elevação da osmolaridade sérica provoca a saída de fluido do compartimento intra para extracelular, carreando eletrólitos como potássio, cloro e fosfato. Na cetoacidose, apesar de uma grande perda urinária e grave espoliação corporal de potássio e fosfato, os seus níveis séricos mantêm-se normais ou elevados. São basicamente três motivos: (1) depleção de insulina predispõe à saída de potássio e fosfato das células, (2) a hiperosmolaridade extrai água e potássio das células e (3) acidemia promove a entrada de H+ nas células em troca de potássio (LONG B, 2021). Quadro clínico O quadro clínico apresenta evolução lenta e progressiva dos sinais e sintomas de DM descompensado: poliúria, polidipsia, perda de peso, náuseas, vômitos, sonolência, torpor e coma. Ao exame físico, na presença de acidose, podem-se observar hiperpneia e, em situação mais graves, respiração de Kussmaul (respiração rápida e profunda) (CASHEN K, 2019). Desidratação com pele seca e fria, língua seca, acetona (essa última, por ser volátil, é eliminada na hipotonia dos globos oculares, extremidades frias, respiração - hálito cetônico) agitação, face hiperemiada, hipotonia muscular, pulso rápido e pressão arterial variando do normal até o choque hipovolêmico podem ocorrer. Em alguns casos, são verificadas dilatação, atonia e estase gástrica, o que agrava o quadro de vômitos. O atraso no início do tratamento da acidose e da desidratação pode evoluir com choque hipovolêmico e morte (CASHEN K, 2019). Dor abdominal, principalmente em crianças, por atrito entre os folhetos do peritônio desidratado e por distensão e estase gástrica, pode estar presente e ser intensa a ponto de simular um abdome cirúrgico. O hálito cetônico ("cheiro de maçã podre") é característico. A leucocitose é a regra, entre I0.000 - 25.000/ mm° com ou sem desvio à esquerda, devido à intensa atividade do córtex adrenal, com aumento dos glicocorticoides. É comum encontrarmos normocalemia e hipercalemia. O mesmo vale para o fosfato. A ureia e creatinina podem se elevar pela desidratação (azotemia pré-renal) (LONG B, 2021). FAHESP – Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí IESVAP-NSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO VALE DO PARNAÍBA LTDA. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba-PI CNPJ – 13.783.222/0001-70 www.iesvap.com.br Referências: AZEVEDO, Eliza Gehlen; SCHWAN, Betina Luiza; SCHREINER, Luciana Roesch. Revisão sobre cetoacidose diabética. Acta méd. (Porto Alegre), p. [7]-[7], 2012. WOLFSDORE, J. et al. Diabetic Ketoacidosis in Infants, Children, and Adolescents (2006). Cashen K, Petersen T. Diabetic Ketoacidosis. Pediatr Rev. 2019 Aug;40(8):412-420. Long B, Lentz S, Koyfman A, Gottlieb M. Euglycemic diabetic ketoacidosis: Etiologies, evaluation, and management. Am J Emerg Med. 2021 Jun;44:157-160.
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