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Apostila Unidade 4

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Feridas e Curativos
Unidade 4: Tratamento de Feridas
Unidade 4
Quais são as principais tecnologias empregadas no tratamento de feridas? 
Como escolher o curativo ideal para determinada lesão?
Confira as respostas nesta unidade.
Finalidade
Abordar os principais conceitos e as estratégias para o tratamento de feridas a fim de forne-
cer subsídios ao enfermeiro para realizar o manejo desses tipos de lesão.
Objetivos pedagógicos
Ao final deste módulo, você estará apto a:
• identificar as características de um curativo ideal;
• planejar a assistência no tocante ao tratamento de feridas;
• explorar as opções de tratamento tópico de lesões cutâneas, conhecendo as principais 
tecnologias para manejo dessas lesões;
• empregar as principais terapias adjuvantes que contribuem para a cicatrização de feridas.
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Unidade 4
Planejando o tratamento de feridas
O planejamento do cuidado de pacientes com lesão de pele permeia a avaliação correta, con-
siderando tipo de ferida, tempo de evolução, grau de contaminação/infecção, prognóstico e 
perspectivas, doenças de base, entre outros fatores relacionados ao paciente e à ferida. Com 
base nos dados levantados, caberá ao enfermeiro decidir a terapêutica que será empregada, 
desde o agente de limpeza até a realização ou não de desbridamentos e utilização de terapias 
adjuvantes e tecnologia de ponta.
O planejamento e a execução dos cuidados estão intimamente ligados ao sucesso da tera-
pêutica empregada. Vale reforçar que a escolha dos materiais utilizados, bem como as tera-
pias que serão aplicadas no tratamento, precisa passar pela análise crítica do enfermeiro e 
da equipe multiprofissional e por uma reflexão sobre custo x benefício visando o preço das 
intervenções, o conforto, a qualidade de vida, o controle da dor, a mobilidade, entre outros.
É importante lembrar dos aspectos éticos e legais do tratamento de feridas realizado pela 
equipe de enfermagem. 
Características do curativo ideal
A escolha do curativo/cobertura é um importante passo para manejo da ferida. Desde a déca-
da de 1970 já temos estabelecidos critérios relevantes para a seleção da cobertura ideal10, 
indicados no quadro a seguir. Observe-o com atenção e, em caso de dúvida, converse com o 
seu tutor no fórum de discussão.
De acordo com a resolução COFEN número 0567/2018, compete ao enfermeiro 
avaliar, prescrever e executar curativos em todos os tipos de feridas em pacientes 
sob seus cuidados, além de coordenar e supervisionar a equipe de enfermagem na 
prevenção e no cuidado de pessoas com feridas.9
Compete ao técnico e auxiliar de enfermagem a realização do curativo, utilizando-
se das coberturas/correlatos prescritos pelo enfermeiro, sob sua supervisão e 
orientação, bem como auxiliar o enfermeiro na execução dos curativos.9
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Unidade 4
Limpeza da ferida
A limpeza consiste em uma etapa importante no preparo da ferida, e a escolha da técnica e 
do produto adotado pode interferir direto no processo de reparo tecidual. O procedimento 
de limpeza pode ser realizado por duas técnicas distintas, sendo elas a estéril/asséptica ou 
a técnica limpa:
Quadro 1. Critérios para a seleção do curativo ideal
Fonte: Organizado pelas autoras.
• ter a capacidade de controle da umidade – absorção do exsudato e manutenção do meio úmido;
• permitir troca gasosa e promover isolamento térmico;
• atuar como barreira contra infecções secundárias;
• ser hipoalérgico e isento de substâncias tóxicas;
• permitir remoção atraumática e garantir o conforto do paciente.
Quadro 2. Descrição das técnicas limpa e estéril de limpeza de ferida
Fonte: Organizado pelas autoras.
Técnica estéril
Utilizam-se solução e materiais estéreis para a realização do procedimento. 
Essa técnica é recomendada para procedimentos realizados no hospital, 
em ambulatórios e unidades básicas de saúde por causa da possibilidade de 
microrganismos patogênicos e infecções cruzadas.11
Técnica limpa
Utilizam-se água corrente, luvas de procedimento e gaze estéril. Essa técnica é 
indicada para procedimentos em domicílio, pois a microbiota, nesse ambiente, 
apresenta menos possibilidade de patogenicidade e risco de infecção. Vale 
ressaltar que a água para a realização da técnica limpa deve ser potável e tratada, 
podendo ser substituída por solução ­siológica a 0,9%.11
Estratégias para a limpeza da ferida
A solução de limpeza mais adotada na prática clínica para feridas vem sendo a solução fisio-
lógica 0,9%, com sugestão de aquecimento a 37°C, associada à técnica de irrigação.
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Unidade 4
Uso de antissépticos locais
A utilização de antissépticos rotineiros para a limpeza de feridas vem sendo amplamente 
discutida, pois muitas das substâncias utilizadas podem apresentar ação citotóxicas a células 
humanas.
 Dessa forma, a utilização de polivinilpirrolidona-iodo (PVPI), clorexidina e hipoclorito de sódio, 
utilizadas na prática clínica como antissépticos para o tratamento de feridas, deve ser avaliada 
de forma criteriosa em razão do potencial citotóxico que esses compostos apresentam.4,11
A utilização de antissépticos rotineiros pode contribuir com a não progressão da 
ferida, devendo ser avaliada de forma crítica. Os grandes centros de atenção à 
saúde já consideram como primeira escolha o uso apenas da solução fisiológica 
com a técnica de irrigação para a limpeza do leito da ferida.
Manejo da Ferida Infectada
Uma ferida infectada é definida como a lesão de tecidos moles ou subjacentes nos quais 
organismos patogênicos invadem o tecido viável. A infecção da ferida desencadeia uma res-
posta imune no hospedeiro, causando inflamação e danos aos tecidos, além de retardar o 
processo de cicatrização.
A apresentação clínica das feridas infectadas inclui calor, rubor, dor, presença de tecido ne-
crosado, odor fétido, simples perda da cicatrização, exsudação purulenta, linfangite, rápido 
aumento do tamanho da ferida, demora na cicatrização, além do aparecimento de tecido de 
granulação pálido e friável.5,6 No entanto, os sintomas de infecção em feridas crônicas ou 
pacientes debilitados podem ser mais difíceis de distinguir. Nesses casos, o diagnóstico pode 
depender de sintomas inespecíficos, como perda de apetite, mal-estar, dor e descompensa-
ção glicêmica.
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Unidade 4
Em documento de consenso publicado em 2016 sobre infecção em feridas12, sugere-
se o tratamento de acordo com os sinais clínicos de infecção. Em feridas com sinais 
de contaminação e colonização, a indicação é a vigilância; já as feridas com infecção 
local, infecção disseminada ou infecção sistêmica requerem outras intervenções. 
Nas infecções locais a indicação é a utilização de produtos 
antimicrobianos locais (curativos com prata, PHMB, entre 
outros). Na presença de infecção disseminada ou sistêmica 
indica-se a associação de antibióticos enterais ou parenterais. 
Além disso, contraindica-se a aplicação de antibióticos tópicos sobre feridas, seja para a pre-
venção, seja para o tratamento de infecções locais, visto que seu uso tópico apresenta baixa 
eficácia e está relacionado a maiores índices de resistência microbiana.
A utilização de coberturas antimicrobianas/antibiofilme é uma estratégia amplamente utili-
zada para manejo de feridas com infecção superficial e infecção profunda. Além disso, um 
passo importante a ser considerado no manejo dessas feridas é a realização do desbrida-
mento, técnica que será detalhada a seguir.
Biofilme em feridas crônicas
O biofilme pode ser definido como um aglomerado de comunidades bacterianas complexas 
de múltiplas espécies, revestidas por uma matriz extracelular composta de açúcares, proteí-
nas e glicoproteínas (substância extracelular polimérica – EPS).29-31
Alguns autores afirmam que o biofilme não pode ser visto a olho nu, no entanto reforçam 
que sinais clínicos podem ser sugestivos de sua presença, como o aparecimento de tecido 
desvitalizado, de substância viscosa e brilhante que recobre a superfície da ferida e se des-
prendedela de maneira atraumática, quando removido por forças mecânicas.
Estudos apontam que o biofilme está presente em pelo menos 78% das feridas crônicas e 
apresentam frequentemente tolerância aos agentes antibióticos.
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Unidade 4
Dessa forma, sabendo do papel crítico que o biofilme e a infecção provoca no processo cicatricial, 
abaixo temos algumas estratégias para gerenciamento de feridas com suspeita de biofilme.
Tabela 1. Recomendações clínicas para tratamento de feridas com suspeita de biofilme
Recomendações Clínicas Fonte
1. Abordar as feridas crônicas com sistemática multimodal de diagnóstico 
precoce e tratamento, que inclua o uso simultâneo de várias terapias contra 
o bio�lme, com otimização dos fatores contribuidores para o atraso na 
cicatrização (edema, doenças de base, nutrição, infecção de tecidos moles e 
osso, pressão)43. Só interromper gradativamente as intervenções quando a 
ferida apresentar ritmo estável de cicatrização.4,40
Schultz, 20174
Snyder, 201740
HSE-Nolan, 201843
2. Usar algoritmo de diagnóstico da presença de bio�lme5 que inclui os 
seguintes indicadores clínicos: falha terapêutica (tópica e sistêmica), atraso 
na cicatrização, presença de tecido de granulação de baixa qualidade 
(friável, hipergranulação), sinais de infecção > 30 dias, in�amação, material 
gelatinoso na superfície da ferida que se forma rapidamente apesar da 
limpeza/desbridamento, exsudato em grandes volumes. Na ausência de sinais 
clássicos de infecção, considerar o eritema de baixo grau como indicador.4,41
WUWHS-Bjarnsholt, 
20165 
Schultz, 2017
Keast, 201441
3. Não usar o teste de cultura microbiológica para diagnóstico de presença 
de bio�lme, pois é apenas indicador de bactérias planctônicas presentes no 
exsudato/superfície da lesão5,40. Realizar biópsia do tecido é considerado 
padrão ouro para identi�cação do bio�lme,4 pois técnicas mais especí�cas 
são necessárias para sua identi�cação (métodos moleculares baseados 
no reconhecimento de material genético e técnicas de ruptura da matriz 
polimérica). Na ausência da tecnologia, usar algoritmo de sinais clínicos de 
suspeita para diagnóstico.4
WUWHS-Bjarnsholt, 
20165 
Snyder, 201740 
Schultz, 20174
4. Seguir modelo de preparo do leito, priorizando a limpeza constante, a 
remoção de tecido desvitalizado e o controle do exsudato, pois estes 
favorecem adesão e proliferação do bio�lme na superfície da ferida. Dar 
preferência a coberturas que favoreçam o constante desbridamento 
autolítico, gerenciando o exsudato.
WUWHS-Bjarnsholt, 
20165 
Schultz, 20174 
Bianchi, 20166
5. Remover o bio�lme aplicando alguma técnica seriada de desbridamento. Essa 
é uma das estratégias mais importantes do manejo do bio�lme, porém não 
deve ser realizada isoladamente, pois pode não remover 100% do bio�lme e 
não previne nova formação.5,6,40
Seguir o algoritmo44 que considera o uso das técnicas na seguinte ordem 
de importância: desbridamento mecânico, instrumental, biológico-larval, 
autolítico ou enzimático, hidrocirurgia ou ultrassom e cirúrgico.
Os desbridamentos cirúrgico e instrumental têm fortes evidências de 
remoção do bio�lme; os desbridamentos autolítico, mecânico e enzimático 
dependem da técnica ou produto; e o desbridamento biológico tem boas 
evidências in vitro.2
A escolha da técnica deve ser guiada pela avaliação do paciente e 
consideração das vantagens e desvantagens. Há controvérsias a respeito 
das evidências cientí�cas disponíveis na comparação das técnicas.43 O uso 
simultâneo de mais de uma técnica pode melhorar o resultado. 
WUWHS-Bjarnsholt, 
20165 Bianchi, 20166 
Snyder, 201740 
EWMA-Strohal, 
201344 
Schultz, 20174
IWII-Swanson, 20162
HSE-Nolan, 201843
6. Usar soluções antissépticas e coberturas antimicrobianas para a diminuição 
da carga microbiana (planctônica, principalmente) e prevenir nova formação 
do bio�lme, após o desbridamento.2,4–6 
As soluções antissépticas devem ser utilizadas para preparar o leito da 
ferida antes do desbridamento e, assim, minimizar o risco de translocação 
microbiana a tecidos profundos.
WUWHS-Bjarnsholt, 
20164
Bianchi, 20166
Schultz, 20174
IWII-Swanson, 20162
7. Usar instrumentos de avaliação de risco de infecção em feridas pode ser 
de grande relevância para a tomada de decisão sobre o uso de soluções 
antissépticas e antimicrobianas.3,5 Exemplo: W.A.R. (“Wounds at Risk” tool 
– ainda não traduzido e validado ao português do Brasil), que considera 
a presença de comorbidades, o uso de imunossupressores, a etiologia, a 
localização, a extensão e a duração da ferida, o estado de contaminação, 
a idade e a higiene do paciente como fatores de risco para a colonização 
microbiana e a justi�cativa para uso de antissépticos e antimicrobianos.45 
WUWHS-Bjarnsholt, 
20165 
Kramer, 20173 
Dissemond, 201145
8. Usar antimicrobianos sistêmicos na presença de sinais clínicos de infecção 
profunda ou disseminada para diminuir a concentração de bactérias 
planctônicas nos tecidos profundos da ferida e prevenir infecções 
sistêmicas.5 Não há evidências de que o tratamento sistêmico possa prevenir 
ou tratar o bio�lme em feridas.4,40
Iniciar tratamento empírico com o antibiótico mais especí�co possível para o 
caso, após identi�cação de sinais de infecção.46
A antibioticoterapia de�nitiva deve ser guiada por análise quantitativa 
microbiológica com teste de susceptibilidade, cujo diagnóstico de infecção 
é conferido à presença de ≥ 105 ufc/g de tecido profundo da ferida e não 
super�cial (biópsia). A duração do antibiótico deve ser a menor necessária 
para controle de sintomas (uma a duas semanas para infecção de tecidos 
moles e seis semanas para osteomielite).46 Se for realizada coleta de material 
por Swab, usar técnica de Levine2.
Evitar o uso de antibióticos tópicos por não serem adequados para tratar 
�ora polimicrobiana, por ser difícil ajustar sua concentração e pelo risco de 
indução de resistência antibiótica.2
WUWHS-Bjarnsholt, 
20165 Snyder, 
201740 Schultz, 
20174 Lipsky, 201646 
IWII-Swanson, 20162
9. Utilizar produtos com tecnologia capaz de romper a matriz extracelular 
polimérica, que dá estrutura e protege os microrganismos presentes 
no bio�lme, quebrar a ligação entre eles e a matriz e/ou interromper a 
comunicação entre os diversos microrganismos, expondo-os, para, assim, 
aplicar tratamento microbicida efetivo.40,47 Exemplo: PHMB, gel de cloreto de 
benzetônio (surfactante de alta osmolaridade)40, hipoclorito, cadexômero 
iodado, hidro�bra com prata, EDTA e cloreto de benzetônio.48 
Snyder, 201740
Wolcott, 201547 
Parsons, 201648
10. Tratar tópica e sistematicamente a in�amação crônica da ferida. WUWHS-Bjarnsholt, 
20165
11. Melhorar a competência imunológica do paciente. WUWHS-Bjarnsholt, 
20165
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Unidade 4
Recomendações Clínicas Fonte
1. Abordar as feridas crônicas com sistemática multimodal de diagnóstico 
precoce e tratamento, que inclua o uso simultâneo de várias terapias contra 
o bio�lme, com otimização dos fatores contribuidores para o atraso na 
cicatrização (edema, doenças de base, nutrição, infecção de tecidos moles e 
osso, pressão)43. Só interromper gradativamente as intervenções quando a 
ferida apresentar ritmo estável de cicatrização.4,40
Schultz, 20174
Snyder, 201740
HSE-Nolan, 201843
2. Usar algoritmo de diagnóstico da presença de bio�lme5 que inclui os 
seguintes indicadores clínicos: falha terapêutica (tópica e sistêmica), atraso 
na cicatrização, presença de tecido de granulação de baixa qualidade 
(friável, hipergranulação), sinais de infecção > 30 dias, in�amação, material 
gelatinoso na superfície da ferida que se forma rapidamente apesar da 
limpeza/desbridamento, exsudato em grandes volumes. Na ausência de sinais 
clássicos de infecção, considerar o eritema de baixo grau como indicador.4,41
WUWHS-Bjarnsholt, 
20165 
Schultz, 2017
Keast, 201441
3. Não usar o teste de cultura microbiológica para diagnóstico de presença 
de bio�lme, pois é apenas indicador de bactérias planctônicas presentes no 
exsudato/superfície dalesão5,40. Realizar biópsia do tecido é considerado 
padrão ouro para identi�cação do bio�lme,4 pois técnicas mais especí�cas 
são necessárias para sua identi�cação (métodos moleculares baseados 
no reconhecimento de material genético e técnicas de ruptura da matriz 
polimérica). Na ausência da tecnologia, usar algoritmo de sinais clínicos de 
suspeita para diagnóstico.4
WUWHS-Bjarnsholt, 
20165 
Snyder, 201740 
Schultz, 20174
4. Seguir modelo de preparo do leito, priorizando a limpeza constante, a 
remoção de tecido desvitalizado e o controle do exsudato, pois estes 
favorecem adesão e proliferação do bio�lme na superfície da ferida. Dar 
preferência a coberturas que favoreçam o constante desbridamento 
autolítico, gerenciando o exsudato.
WUWHS-Bjarnsholt, 
20165 
Schultz, 20174 
Bianchi, 20166
5. Remover o bio�lme aplicando alguma técnica seriada de desbridamento. Essa 
é uma das estratégias mais importantes do manejo do bio�lme, porém não 
deve ser realizada isoladamente, pois pode não remover 100% do bio�lme e 
não previne nova formação.5,6,40
Seguir o algoritmo44 que considera o uso das técnicas na seguinte ordem 
de importância: desbridamento mecânico, instrumental, biológico-larval, 
autolítico ou enzimático, hidrocirurgia ou ultrassom e cirúrgico.
Os desbridamentos cirúrgico e instrumental têm fortes evidências de 
remoção do bio�lme; os desbridamentos autolítico, mecânico e enzimático 
dependem da técnica ou produto; e o desbridamento biológico tem boas 
evidências in vitro.2
A escolha da técnica deve ser guiada pela avaliação do paciente e 
consideração das vantagens e desvantagens. Há controvérsias a respeito 
das evidências cientí�cas disponíveis na comparação das técnicas.43 O uso 
simultâneo de mais de uma técnica pode melhorar o resultado. 
WUWHS-Bjarnsholt, 
20165 Bianchi, 20166 
Snyder, 201740 
EWMA-Strohal, 
201344 
Schultz, 20174
IWII-Swanson, 20162
HSE-Nolan, 201843
6. Usar soluções antissépticas e coberturas antimicrobianas para a diminuição 
da carga microbiana (planctônica, principalmente) e prevenir nova formação 
do bio�lme, após o desbridamento.2,4–6 
As soluções antissépticas devem ser utilizadas para preparar o leito da 
ferida antes do desbridamento e, assim, minimizar o risco de translocação 
microbiana a tecidos profundos.
WUWHS-Bjarnsholt, 
20164
Bianchi, 20166
Schultz, 20174
IWII-Swanson, 20162
7. Usar instrumentos de avaliação de risco de infecção em feridas pode ser 
de grande relevância para a tomada de decisão sobre o uso de soluções 
antissépticas e antimicrobianas.3,5 Exemplo: W.A.R. (“Wounds at Risk” tool 
– ainda não traduzido e validado ao português do Brasil), que considera 
a presença de comorbidades, o uso de imunossupressores, a etiologia, a 
localização, a extensão e a duração da ferida, o estado de contaminação, 
a idade e a higiene do paciente como fatores de risco para a colonização 
microbiana e a justi�cativa para uso de antissépticos e antimicrobianos.45 
WUWHS-Bjarnsholt, 
20165 
Kramer, 20173 
Dissemond, 201145
8. Usar antimicrobianos sistêmicos na presença de sinais clínicos de infecção 
profunda ou disseminada para diminuir a concentração de bactérias 
planctônicas nos tecidos profundos da ferida e prevenir infecções 
sistêmicas.5 Não há evidências de que o tratamento sistêmico possa prevenir 
ou tratar o bio�lme em feridas.4,40
Iniciar tratamento empírico com o antibiótico mais especí�co possível para o 
caso, após identi�cação de sinais de infecção.46
A antibioticoterapia de�nitiva deve ser guiada por análise quantitativa 
microbiológica com teste de susceptibilidade, cujo diagnóstico de infecção 
é conferido à presença de ≥ 105 ufc/g de tecido profundo da ferida e não 
super�cial (biópsia). A duração do antibiótico deve ser a menor necessária 
para controle de sintomas (uma a duas semanas para infecção de tecidos 
moles e seis semanas para osteomielite).46 Se for realizada coleta de material 
por Swab, usar técnica de Levine2.
Evitar o uso de antibióticos tópicos por não serem adequados para tratar 
�ora polimicrobiana, por ser difícil ajustar sua concentração e pelo risco de 
indução de resistência antibiótica.2
WUWHS-Bjarnsholt, 
20165 Snyder, 
201740 Schultz, 
20174 Lipsky, 201646 
IWII-Swanson, 20162
9. Utilizar produtos com tecnologia capaz de romper a matriz extracelular 
polimérica, que dá estrutura e protege os microrganismos presentes 
no bio�lme, quebrar a ligação entre eles e a matriz e/ou interromper a 
comunicação entre os diversos microrganismos, expondo-os, para, assim, 
aplicar tratamento microbicida efetivo.40,47 Exemplo: PHMB, gel de cloreto de 
benzetônio (surfactante de alta osmolaridade)40, hipoclorito, cadexômero 
iodado, hidro�bra com prata, EDTA e cloreto de benzetônio.48 
Snyder, 201740
Wolcott, 201547 
Parsons, 201648
10. Tratar tópica e sistematicamente a in�amação crônica da ferida. WUWHS-Bjarnsholt, 
20165
11. Melhorar a competência imunológica do paciente. WUWHS-Bjarnsholt, 
20165
Fonte: Adaptada de ESTIMA, Braz. J. Enterostomal Ther., São Paulo, v17, e1819, 2019.
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Unidade 4
Você sabia?
O desbridamento mecânico é considerado a estratégia mais importante para 
gerenciamento do biofilme.
Lembre-se sempre do gerenciamento sistemático da feridas utilizando a 
ferramenta TIME ou similares.
Desbridamento
É definido como o processo de remoção de tecido necrótico ou inviável/morto, bem como a 
retirada de corpos estranhos e tecidos infectados da ferida.13
Sabe-se que o tecido inviável é um impedimento para a cicatrização de feridas, pois promove 
inflamação e infecção, causa odor e é considerado uma barreira física para a cicatrização.
Os métodos de remoção de tecidos inviáveis são diversos, porém os mais utilizados atual-
mente são os debridamentos autolítico, enzimático, mecânico/instrumental e cirúrgico.15
Considerações sobre o desbridamento
Embora os tecidos inviáveis no leito da ferida precisem ser removidos para o seguimento do 
processo de cicatrização, é importante destacar que a avaliação holística do paciente pelo 
enfermeiro é fundamental para a escolha do método de desbridamento, bem como sobre a 
real indicação de realizá-lo no momento.
Contraindica-se o desbridamento em caso de doença em fase terminal, necrose estável no 
calcanhar, necrose seca em membros isquêmicos e distúrbios hemorrágicos.
9
Unidade 4
É fundamental que o enfermeiro realize uma boa anamnese e um bom exame físico 
para decidir quais intervenções serão direcionadas ao seu paciente.
Para decisão sobre o método de desbridamento, não esqueça de analisar os 
resultados de exames laboratorias, tais como: fatores de coagulação, hemograma, 
albumina, proteína C-reativa, entre outros.
Desbridamento autolítico
Consiste na degradação seletiva dos tecidos desvitalizados por meio de enzimas endógenas, 
em virtude de um meio úmido adequado, causado pela aplicação de uma cobertura que per-
mita a hidratação da ferida.13,14,15
Coberturas que propiciam manutenção do meio úmido: Hidrogel, hidrocoloide, espuma de 
poliuretano, hidrofibra, gel de PHMB, entre outros.
Outros fatores que podem interferir na tomada de decisão pelo método de desbridamento 
são aspectos relacionados ao paciente, sendo fundamental considerar as condições clínicas 
e hemodinâmicas, doenças de base, perfusão do tecido, condição física, mental e emocional 
do indivíduo, bem como o grau de cooperação para realização do procedimento.
10
Unidade 4
Utilizam-se as próprias ações e os efeitos de células fagocitárias e enzimas proteolíticas pre-
sentes na ferida, dando as condições ideais para degradar o tecido necrosado.13,14,15
Observe no quadro a seguir, algumas considerações sobre o desbridamento autolítico.
Desbridamento enzimático
Envolve o uso tópico de enzimas comercialmente produzidas, como a papaína e a colagenase, 
que degradam os tecidos inviáveis.13,14,15
Observe no quadro as características dessas enzimas.
Quadro 3. Considerações do desbridamento autolítico
Fonte: Organizado pelas autoras.
•indicado para pacientes que não podem ser submetidos a desbridamento mecânico 
(alterações de coagulação, agitação, dor etc.);
• pode ser utilizado para preparar o local para o desbridamento mecânico de forma 
mais suave;
• também é indicado para feridas com pouca quantidade de tecido desvitalizado – 
esfacelos �nos e frouxos.
Papaína
• uma das substâncias mais utilizadas para desbridamento enzimático;
• é uma enzima derivada do mamão papaia, que causa proteólise através de 
quimiopapaínas A e B e papayna peptidase;
• promove o desbridamento enzimático por meio da proteólise, com rápida 
remoção do material proteico não desejável nas lesões.
Colagenase
• é uma enzima amplamente utilizada e obtida por meio da bactéria Clostridium 
Hilstolyticum;
• decompõe as �bras de colágeno, responsáveis pela adesão do tecido necrótico 
no leito da lesão;
• de fácil acesso por ser apresentada pronta, em pomada;
• deve-se ter atenção à utilização de versões com Cloranfenicol, pois atualmente 
temos uma grande contraindicação do uso de antibióticos tópicos.
Fonte: Organizado pelas autoras.
Quadro 4. Enzimas utilizadas no desbridamento enzimático
11
Unidade 4
Considerações sobre o desbridamento enzimático
Recomenda-se a utilização da papaína com apresentação em gel para feridas com tecidos 
desvitalizados. Sua concentração pode variar de 2% a 10%, sendo que as porcentagens de 8 
a 10 apresentam boa indicação para tecido necrótico e esfacelos.
A papaína necessita de manipulação mediante receita médica ou do enfermeiro 
conforme protocolo institucional ou da própria farmácia.
A colagenase convencional não necessita de receituário, com exceção da apresentação com 
Clorafenicol, que precisa de receituário médico.
A aplicação da papaína e da colagenase deve ser realizada em um intervalo máximo de 24h.
Desbridamento mecânico
Trata-se de um método de desbridamento que pode ser realizado através de técnicas como: 
fricção, úmido-seco, irrigação, hidroterapia, instrumental conservador e cirúrgico.13,14,15
Você sabia?
Entre estas, as técnicas mais utilizadas e com melhores indicações são o 
desbridamento instrumental conservador e o mecânico, que serão aqui detalhados.
O desbridamento instrumental conservador é realizado através de instrumentos 
cortantes como bisturi, cureta, pinças e tesouras. Deve ser realizado 
exclusivamente pelo enfermeiro (que necessita ter uma habilitação específica para 
realização do procedimento) ou pelo médico.
12
Unidade 4
O desbridamento instrumental pode ser realizado para a remoção de necrose de coagulação 
e liquefação, mas também para a remoção de hiperqueratose, retirada de pontos de sutura 
que estejam impedindo o processo cicatricial, entre outros.
Imagem esquemática da técnica desbridamento mecânico.
Fonte: acervo de imagens das autoras.
Remoção de hiperqueratose 
com cureta descartável
Materiais de desbridamento
O desbridamento mecânico somente deve ser realizado por enfermeiro capacitado 
e seguro para o procedimento.
Já o cirúrgico é um tipo de desbridamento mais rápido, realizado por profissional médico, 
preferencialmente cirurgião, com capacidade de remover todo o tecido inviável de forma 
rápida. Por outro lado, tecidos viáveis podem ser removidos, e o paciente pode precisar de 
anestesia, por isso essa técnica possui risco cirúrgico, sangramentos e custo elevado.14,15
Vale ressaltar que o desbridamento pode ser doloroso, sendo imprescindível a avaliação 
holística do paciente para a indicação do método mais adequado para cada tipo de paciente. 
Além disso, a avaliação e o manejo da dor é fundamental, a fim de garantir a adesão do pa-
ciente ao tratamento, promover conforto e bem-estar.13,14,15
13
Unidade 4
Para concluir
Como vimos nesta seção, após avaliação adequada da ferida, cabe ao enfermeiro o planeja-
mento das intervenções, de acordo com a meta traçada.
É fundamental que o profissional seja capaz de decidir qual intervenção deve ser direcionada 
a cada paciente com ferida, lembrando sempre o princípio de que na presença de tecidos 
viáveis a escolha da cobertura deve ter o enfoque na proliferação de tecido cicatricial, livre 
de microrganismos, e na manutenção do meio úmido. Já na presença de tecido inviável é fun-
damental que o enfermeiro saiba decidir qual método de desbridamento é o mais indicado. 
Nas próximas seções discutiremos estratégias de tratamento de feridas e indicações de co-
berturas e terapias adjuvantes.
E lembre-se: utilize ferramentas para avaliação e manejo da dor no paciente com 
feridas – submetidos ou não a desbridamentos. Caso ache necessário, releia 
novamente o item Avaliação e manejo da dor em feridas disponível na unidade 3.
Sugerimos a leitura do Manual de Desbridamento SOBEST disponível no endereço 
abaixo para ampliar o seu conhecimento sobre o tema abordado nessa seção.
Endereço: https://82721500-4ad7-4e03-84fb-41a0aefba7a4.filesusr.com/
ugd/78b27d_565938ac508a40f68e6ebad03ad65cfa.pdf 
14
Unidade 4
Coberturas para Tratamento de Feridas
Ao considerar todos os passos citados anteriormente como critérios para avaliação das feri-
das, é importante conhecer as características dos produtos disponíveis para planejar o tra-
tamento dessas lesões, visando a otimização da cicatrização, o conforto do paciente, o custo 
x efetividade, entre outros.10
As coberturas podem ser classificadas de acordo com seu desempenho, conforme trazemos 
a seguir. 
Coberturas passivas Coberturas interativas 
São consideradas coberturas passivas aquelas nas quais não acontece interação com o leito da 
ferida, servindo para proteção e oclusão, como por exemplo as gazes. 
Coberturas passivas Coberturas interativas 
Coberturas interativas são aquelas que interagem com o leito da ferida, garantindo o meio ideal 
para cicatrização, como por exemplo os hidrocoloides e a espuma. 
A seguir serão detalhados os tipos de coberturas mais utilizadas para o tratamento de feridas.
Coberturas não aderentes
São curativos primários que têm em sua composição propriedades não aderentes ao leito 
da ferida. Atualmente o mercado possui diversas versões, sendo algumas delas: gaze com 
emulsão de petrolato, camadas de contato não aderente com silicone, ataduras de rayon, 
gaze rayon impregnada com ácido graxo essencial, compressa de tule impregnado com pra-
ta, entre outras. 
15
Unidade 4
Essas coberturas são indicadas como curativo primário, podendo ser aplicadas em diversos 
tipos de feridas a depender do objetivo terapêutico, da versão disponível, do tipo de curativo 
secundário, bem como da rotina de troca.16
16
Unidade 4
Essa cobertura, quando em contato com o exsudato da ferida, gelifica, e o gel formado con-
tribui com o desbridamento autolítico e a migração de células epiteliais, auxiliando no pro-
cesso de cicatrização.4,10,16
Quanto à indicação desse tipo de cobertura, observe atentamente o quadro a seguir.
Fonte: Organizado pelas autoras.
Quadro 5. Indicações do hidrocoloide
Indicação 
mais comum
Feridas com baixo a moderado exsudato.
Atenção deve ser dada à saturação do curativo (excesso de umidade), pois sua 
capacidade de absorção é limitada, podendo promover maceração de bordas.4,10,16
Outras 
indicações
Pode ser indicado em algumas situações para a prevenção de lesões de pele, como 
lesões relacionadas à fricção e lesões por pressão relacionadas a dispositivos 
médicos. Atenção especial deve ser dada para essas indicações, pois o hidrocoloide 
pode contribuir com a umidade do local, fragilizando o tecido e expondo a maior 
risco de lesões.
Contraindicação
O hidrocoloide não deve ser indicado para feridas infectadas, com alto volume de 
exsudação. Além disso deve-se estar atento à condição da pele, pois pacientes com 
pele frágil podem apresentar lesões relacionadas a insumos adesivos durante sua 
remoção.4,10,16
Hidrocoloide
Pode apresentar-se no formato de pasta, placa, pó e gel, sendo comumente utilizado no tra-
tamento de feridas o formato em placa. Suaformulação contém, em geral, pectina, gelatina 
e carboximetilcelulose.
17
Unidade 4
Hidrogel
Os hidrogeis amorfos são produtos direcionados à manutenção no meio úmido no local da 
ferida, tendo apresentações com carboximetilcelulose, alginato, glicerina, entre outros. 
São utilizados como coberturas primárias para feridas de espessura parcial ou total, poden-
do ser utilizado em conjunto com outras coberturas, como por exemplo as hidrofibras, gaze 
de rayon, entre outras.4,10,16
Hidrogel
Hidrogel
em placa
18
Unidade 4
Observe com atenção no quadro a indicação desse tipo de cobertura:
Fonte: Organizado pelas autoras.
Quadro 6. Indicação e contraindicação do hidrogel
Indicação Para feridas em crostas, secas e com baixo a moderado volume de exsudato. 
Contraindicação Contraindicado para feridas com alto volume de exsudação. 
Filmes transparentes
Os filmes vêm sendo amplamente utilizados na atualidade, pois são coberturas compostas 
de membrana polimérica, com espessuras variáveis e indicações diversas, podendo apre-
sentar-se estéril, em placa, em rolo, como coberturas para cateter central, periférico, e em 
diversos tamanhos e formatos.
19
Unidade 4
Sua indicação é diversa conforme detalhado no quadro a seguir:
Quadro 7. Indicação e contraindicação dos filmes transparentes
Fonte: Organizado pelas autoras.
Indicação
É amplamente utilizado no tratamento de feridas como curativo secundário, 
mas também pode ser utilizado como curativo primário em feridas com baixo ou 
nenhum exsudato e também na prevenção de lesões por fricção. Vale reforçar 
que, por causa de sua boa performance em adesividade, o uso em peles friáveis 
deve ser criteriosamente indicado devido ao risco de lesões de pele relacionadas a 
insumos adesivos.4,10,16
Contraindicação Não deve ser utilizado como curativo primário em feridas exsudativas e em feridas infectadas.16
Coberturas de espumas de poliuretano
Os curativos de espuma vêm sendo cada dia mais utilizados no tratamento de feridas. Isso 
porque talvez exista uma infinidade de modos como esses curativos se apresentam. Eles 
podem ser indicados tanto para a prevenção quanto para o tratamento de feridas e compli-
cações cutâneas de diversas etiologias.
20
Unidade 4
Atualmente temos espumas multicamadas, sendo indicadas para prevenção de lesões por 
pressão por atuarem na pressão, na fricção, na umidade e no cisalhamento, fatores que 
estão diretamente relacionados com o desenvolvimento dessas lesões. Também podem ser 
utilizadas como curativo primário em feridas de diversas etiologias por causa de sua capaci-
dade de absorção, gestão da umidade e de conformabilidade com o leito da ferida.16
Figura ilustrativa de exemplos de coberturas de espumas de poliuretano.
Fonte: acervo de imagens das autoras.
Figura ilustrativa de exemplos de coberturas de espumas de poliuretano.
Fonte: acervo de imagens das autoras.
21
Unidade 4
Figura ilustrativa de exemplos de coberturas de espumas de poliuretano.
Fonte: acervo de imagens das autoras.
Quadro 8. Indicação e contraindicação do curativo de espuma
Fonte: Organizado pelas autoras.
Indicação
A indicação do curativo de espuma está relacionada com seu objetivo e com a 
apresentação disponível. Além das múltiplas camadas, há opções com prata, 
com ibuprofeno, com PHMB, entre outras diversas substâncias. A variedade de 
apresentações do curativo de espuma inclui diversos tamanhos disponíveis e 
formatos que se adequam a regiões especí cas do corpo, como calcanhares e 
região sacral. Esses curativos podem ser utilizados para proteção de pele em 
regiões de dispositivos médicos, como traqueostomias e gastrostomias.
Contraindicação Não possui contraindicação absoluta, cabendo ao enfermeiro entender suas potencialidades e a relação custo x benefício.
Alginato
É uma cobertura absorvente, composta de fibras derivadas de algas marinhas, e pode estar 
associada a carboximeticelulose sódica, com ou sem íons de prata. Possui diversas formas 
de apresentação para se adequar ao tipo de ferida. As mais comuns são as fibras de alginato 
de cálcio e sódio em placa e as em formato de tira (utilizado para preencher cavidades).4,16
22
Unidade 4
Figura ilustrativa de cobertura de alginato.
Fonte: acervo de imagens das autoras.
Essas fibras podem ser recortadas de acordo com o tamanho da ferida e o grau de exsuda-
ção. A periodicidade de troca estará relacionada com o volume de exsudato, tipo de curativo 
secundário e presença ou não de prata em sua composição.
Esse tipo de cobertura é indicada conforme descrito no quadro abaixo, leia com atenção.
Quadro 9. Indicação e contraindicação do alginato
Fonte: Organizado pelas autoras.
Indicação Para feridas com exsudato moderado a alto. Possui ação hemostática, podendo ser indicada para feridas sangrantes.
Contraindicação Contraindicado para feridas secas e com pequena quantidade de exsudato.
23
Unidade 4
Hidrofibra
As coberturas de hidrofibra são compostas de fibras de carboximetilcelulose, com alta 
capacidade de absorção que, quando em contato com o exsudato da ferida, forma um gel, 
mantendo o meio úmido e permitindo trocas atraumáticas. Possuem apresentações em 
placas com ou sem prata, podendo estar associadas à presença de agentes antibiofilme, 
como o EDTA.
Figura ilustrativa de cobertura de hidrofibra.
Fonte: acervo de imagens das autoras.
Observe a sua indicação no quadro a seguir:
Quadro 10. Indicação da hidrofibra
Fonte: Organizado pelas autoras.
Indicação
Para tratamento de feridas com moderado a alto volume de exsudato, sendo 
utilizada também em feridas secas associada a um hidrogel ou a uma fonte 
de umidade. 
Contraindicação
Contraindicada para feridas secas e com pequena quantidade de exsudato. 
Nesses casos, pode ser utilizada em associação com hidrogel ou comoutra fonte 
de umidade.
24
Unidade 4
Sua periodicidade de troca está relacionada ao nível de exsudato, à presença ou ausência de 
íons de prata e a características específicas do paciente e da ferida. Costumam permanecer 
de 3 a 7 dias, sendo possível a realização de troca do curativo secundário, se necessário.
Carvão ativado
Cobertura composta de tecido envolto em nylon não aderente, semipermeável e absorvente 
impregnado de carvão ativado. Em algumas apresentações, o carvão ativado pode vir asso-
ciado com íons de prata.4
Quanto à sua indicação, observe atentamente o quadro abaixo:
Fonte: Organizado pelas autoras.
Quadro 11. Indicação do cartão ativado
Indicação
O curativo de carvão ativado é indicado para feridas de moderado a alto volume 
de exsudação, sendo um bom aliado no manejo de feridas com odor fétido por sua 
capacidade de neutralização do odor. 
Esse tipo de cobertura é comumente utilizado em feridas infectadas e em feridas 
neoplásicas malignas. 
Contraindicação O carvão ativado é contraindicado para feridas secas e pouco exsudativas, também deve ser utilizado com cautela em feridas sangrantes.
25
Unidade 4
Sua periodicidade de troca está relacionada ao volume de exsudação, tipo de curativo secun-
dário, odor e presença de infecção. Porém em geral, a troca deverá acontecer em 24h e 72h.
Coberturas antimicrobianas
Conforme descrito anteriormente, a utilização de antibióticos tópicos na ferida é controver-
sa, e os últimos consensos internacionais contraindicam seu uso. Dessa forma, em feridas 
com infecção local ou sistêmica, a utilização de coberturas com potencial antimicrobiano 
está relacionada ao melhor desfecho clínico. 
Entre as opções de coberturas antimicrobianas, destacam-se a prata e o PHMB, que detalha-
remos a seguir. 
Prata iônica e nanocristalina
Coberturas com prata iônica e com prata nanocristalina têm sido utilizadas amplamente no 
tratamento de feridas porque impregnam diversas coberturas como hidrofibra, alginato, 
carvão ativado, espumas, entre outras.
A rotina de troca varia de acordo com a apresentação da cobertura, a recomendação do fa-
bricante e o nível de saturação.
Confira no quadroa seguir as recomendações quanto ao uso desse tipo de cobertura.
26
Unidade 4
Quadro 12. Recomendações para o uso de coberturas com prata iônica e nanocristalina
Fonte: Organizado pelas autoras.
• Coberturas com prata podem ser indicadas para a prevenção de infecção em 
pacientes com alto risco.
• Trace uma meta de utilização da prata por no máximo 15 dias e reavalie a real 
necessidade de manter seu uso.
• Use coberturas com prata no contexto de gerenciamento completo da ferida e 
utilize como apoio ferramentas como o TIME.
• Siga as recomendações do fabricante com relação à peridiocidade de troca, à 
aplicação e ao procedimento de limpeza da ferida.
• Use coberturas com prata com cautela em crianças e feridas muito extensas.
Sugerimos a leitura do artigo International consensus: Appropriate use of silver 
dressings in wounds disponível no endereço abaixo para ampliar o seu conhecimento 
sobre o tema abordado nessa seção.
Endereço: https://www.woundsinternational.com/resources/details/international-
consensus-appropriate-use-silver-dressings-wounds-english-en 
Polihexanida – PHMB
PHMB é um antisséptico indicado para tratar feridas, considerado não citotóxico, de amplo 
espectro e que age contra bactérias gram-positivas, gram-negativas, fungos, leveduras, es-
poros, Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) e Pseudomonas aeruginosa.
Você sabia?
Atualmente que o PHMB possui diversas apresentações: em gel, solução para 
limpeza de feridas, espumas e gazes impregnadas. 
A rotina de troca varia de acordo com a apresentação da cobertura, a recomendação do fa-
bricante e o nível de saturação.
27
Unidade 4
Protetores cutâneos
Os protetores cutâneos são substâncias que, quando aplicadas à pele, formam uma película 
protetora transparente, tornando-se uma barreira contra a umidade e exercendo um papel 
protetor em áreas que serão submetidas a coberturas adesivas. 
Também podem ser indicados, conforme o quadro:
A composição desses produtos é variável, sendo mais comumente encontrados os políme-
ros e os produtos compostos de silicone. As apresentações dos protetores cutâneos variam 
entre creme, película em spray, swab e haste. Existem disponíveis versões estéreis e não 
estéreis, sendo que a esterilidade é primordial quando o uso for direcionado para a fixação 
de coberturas em áreas de cateter central ou periférico. 
A aplicação deve ser realizada em pele íntegra, para prevenção de complicações, e sua rotina 
de aplicação depende do protocolo adotado e das orientações do fabricante.4 
Quadro 13. Indicação dos protetores cutâneos
Fonte: Organizado pelas autoras.
Indicação Para pacientes com risco de lesões por fricção, na área perilesional, para prevenção de dermatite associada à incontinência, entre outros. 
Contraindicação Alguns protetores cutâneos são contraindicados para neonatos e em áreas de perda de epiderme. Consulte o fabricante para checar as contraindicações. 
São exemplos de protetores cutâneos: Cavilon creme 
barreira, Comfeel creme barreira, Cavilon película protetora 
em spray, SensiCare Spray barreira, entre outros.
28
Unidade 4
Para concluir
Nesta seção discorremos sobre as principais classes de terapias tópicas para tratamento de 
feridas e suas principais indicações e contraindicações.
É importante lembrar que a escolha adequada da cobertura deve ser embasada nas ca-
racterísticas e preferências do paciente, no tipo de ferida, na quantidade de exsudato, dor, 
odor e outros sinais clínicos que serão importantes para direcionar a escolha para o trata-
mento clínico.
Além disso, aspectos relacionados à durabilidade da cobertura e à rotina de troca também 
são fatores que podem influenciar o enfermeiro para a tomada de decisão.
Lembre-se de que a avaliação criteriosa da ferida e do paciente, bem como o conhecimento 
sobre as terapias tópicas existentes, são fundamentais para o cuidado do paciente com le-
sões de pele.
29
Unidade 4
Terapias Adjuvantes para Tratamento 
de Feridas
Mesmo com os avanços nos cuidados em saúde, as feridas ainda são importantes causas 
de morbimortalidade. Os impactos das feridas na saúde são diretos e interferem na vida do 
paciente e de seus familiares/cuidadores, gerando problemas de ordem social e econômica. 
Além disso, feridas podem acarretar gastos anuais altos para os sistemas de saúde, pois so-
mam-se aos gastos hospitalares os custos indiretos, relacionados à perda de produtividade 
e aos impactos psicológicos para o paciente e seu núcleo familiar.
Especialmente em pacientes com feridas crônicas e complexas, além da terapia tópica tradi-
cional, podem ser associadas terapias adjuvantes, como a laserterapia de baixa intensidade, 
terapia por pressão negativa, terapia compressiva, entre outras.
Terapias compressivas 
São consideradas padrão ouro para manejo de úlceras de perna de origem vasculogênicas e 
fazem parte do modelo ABC de boas práticas de manejo da úlcera de perna, que inclui:
Imagem esquemática do modelo ABC de boas práticas de manejo da úlcera de perna.
Fonte: Organizada pelas autoras.
Compressão para otimização do tratamento da úlcera e 
prevenção de recidivaC
Boas práticas para manejo da pele e da feridaB
Avaliação e diagnóstico adequadoA
A indicação da terapia compressiva é dependente de uma avaliação holística do 
paciente, de preferência realizado por uma equipe multiprofissional, capacitada 
para indicação da terapia.17,18
30
Unidade 4
Terapia compressiva inelástica ou terapia de contenção 
(Bota de Unna) 
A bota de Unna é uma das formas de compressão/contenção que atuam na hipertensão ve-
nosa e na redução do edema, o que melhora a drenagem e o suporte venoso e colabora com a 
cicatrização da úlcera. Pode ser aplicada de forma artesanal ou industrial, que já vem pronta 
para o uso. Sua composição varia de acordo com o fabricante, contendo em geral óxido de 
zinco e agentes hidratantes.17,18
Bota de Unna
A aplicação da bota de Unna deve ser realizada por médico ou enfermeiro capacitado, 
sendo a rotina de troca variando de 3 a 7 dias, a depender do volume de exsudato e 
do edema do membro. Além disso, essa terapia deve ser aplicada em conjunto com 
as terapias específicas para manejo da ferida, que incluem o controle de infecção, a 
utilização de recursos tópicos, o desbridamento quando necessário etc.
31
Unidade 4
Terapia compressiva elástica
Essa terapia é feita com fibras elásticas que fornecem compressão durante a realização 
do movimento e do repouso. São utilizadas ataduras que possuem diversas apresentações, 
exercendo valores de pressão no membro variáveis de acordo com o produto escolhido.19
Existem atualmente apresentações em única camada, em múltiplas camadas e as meias com-
pressivas para uso doméstico. A escolha de cada uma delas deve ser pautada na avaliação 
clínica e na necessidade do paciente e da ferida.
Você sabia?
A terapia compressiva é um importante adjuvante no manejo de úlceras de origem 
vasculogênica. É fundamental a avaliação criteriosa do enfermeiro e da equipe 
multiprofissional para a realização de diagnóstico diferencial para úlceras de 
outras etiologias.
32
Unidade 4
Terapia por pressão negativa (TPN)
A TPN é um tipo de tratamento ativo da ferida que estimula a cicatrização em ambiente úmi-
do por meio de uma pressão subatmosférica controlada e aplicada localmente. Essa terapia 
está relacionada à melhora da cicatrização em razão de sua capacidade de microdeforma-
ção, que estimula a proliferação celular e a neoangiogênese (formação de novos vasos) e 
ajuda na proliferação do tecido de granulação e na redução da resposta inflamatória local.20
Além disso, ao utilizá-la, observa-se aumento do suprimento sanguíneo ao leito da ferida, 
redução do edema, controle do exsudato, redução das dimensões da ferida e diminuição da 
carga microbiana no local.20
Entre as principais indicações da TPN, temos:
Quadro 14. Principais indicações da TPN
Fonte: Organizado pelas autoras.
a.feridas complexas: lesões por pressão, feridas traumáticas, feridas cirúrgicas 
(deiscências), queimaduras, feridas necrotizantes, feridas diabéticas, úlceras 
venosas, feridas in�amatórias, feridas por radiação, e outras; 
b. enxertos de pele: para otimizar a integração do enxerto ao leito; 
c. abdome aberto; 
d. prevenção de complicações: em incisões fechadas; 
e. instilação de soluções: em feridas contaminadas ou infectadas.20
33
Unidade 4
Figura ilustrativa sobre o exemplo de TPN convencional.
Fonte: acervo de imagens das autoras.
Figura ilustrativa sobre o exemplo de TPN convencional.
Fonte: acervo de imagens das autoras.
Terapia por pressão negativa convencional
É constituída por uma interface em espuma ou gaze, podendo possuir prata em sua compo-
sição, e fica conectada a um equipamento que mantém a pressão subatmosférica, conforme 
programação determinada pelo profissional. Além disso, acoplado ao equipamento fica o 
reservatório, que é responsável por captar o excesso de exsudato da ferida. 
34
Unidade 4
Figura ilustrativa de exemplo de TPNi.
Legenda: Deiscência de ferida operatória abdominal:
A) Retorno no 13º PO com evolução do quadro; B) Desbridamento e colocação de TPN com instilação; 
C) Resultado após dois desbridamentos. Ferida limpa; D) 19º PO de fechamento primário.
Fonte: Adaptada de MILCHESKI, Dimas André et al. Experiência inicial com terapia por pressão negativa 
por instilação em feridas complexas. 
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-69912017000400348&script= 
sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 20 jan. 2020.
Além dessas modalidades, outro tipo de TPN vem sendo utilizada nos últimos anos, que é a 
terapia por pressão negativa portátil. Essa modalidade é composta por aparelho de uso indi-
vidual, com interface projetada para feridas de baixo a moderado volume de exsudato. 
Você sabia?
Essa terapia também vem sendo indicada para feridas cirúrgicas com risco de 
deiscência, como opção de prevenção de complicações de sítio cirúrgico. 
Terapia por pressão negativa com instilação
A terapia por pressão negativa com instilação (TPNi) é outra opção do uso da TPN, na qual 
uma solução fisiológica, ringer ou antimicrobianos, é instilada ao leito da ferida, conforme 
programação prévia. O uso da TPNi está relacionado na literatura com o aumento na taxa de 
granulação e com indicação relevante para manejo de feridas complexas infectadas.21
35
Unidade 4
Figura ilustrativa de exemplo de terapia por pressão negativa portátil.
Fonte: acervo de imagens das autoras.
Figura ilustrativa de exemplo de terapia por pressão negativa portátil.
Fonte: acervo de imagens das autoras.
A (TPN) favorece o processo de cicatrização, podendo reduzir o tempo de hospitalização e o 
custo final do tratamento, aumentando o conforto e a qualidade de vida do paciente. Cabe ao 
enfermeiro, juntamente com a equipe multiprofissional, a inserção dessas inovações, assim 
como o domínio quanto à sua indicação, à sua aplicação e à sua utilização adequada. 
36
Unidade 4
Laserterapia
A aplicação de laser de baixa potência (LBI) tem se mostrado efetivo na prevenção e trata-
mento de diversas lesões de pele.
“Sabe-se que a Laserterapia de baixa potência pode gerar aumento da atividade 
mitocondrial, com consequente aumento de adenosina trifosfato (ATP), 
vasodilatação, síntese proteica, decréscimo nos níveis de prostaglandinas, 
presença de mitose celular, migração e proliferação de queratinócitos e 
ocorrência do fenômeno de neoangiogênese.” Andrade, 2014.
A LBI, quando aplicada no tratamento de feridas, atua nas três fases da cicatrização, confor-
me você pode observar no quadro.22,23
A laserterapia de baixa intensidade vem sendo utilizada para tratamento de diversas feridas, 
entre elas destacam-se as lesões por pressão, úlceras vasculogênicas, úlceras diabéticas, 
deiscência de ferida operatória, queimaduras, mucosite, entre outras.
Quadro 15. Atuação da LBI na cicatrização de feridas
Fonte: Organizado pelas autoras.
Fase in�amatória Ocorre a diminuição do número de células in
amatórias e a estimulação da produção de fatores de crescimento, dando início à fase de proliferação.
Fase proliferativa
Ocorre neoformação de vasos sanguíneos, estimulação das células 
endoteliais e proliferação de �broblastos, com consequente depósito de 
colágeno, colaborando para a formação de tecido de granulação e para a 
contração da ferida.
Fase de remodelação 
do tecido
Nessa fase, a laserterapia auxilia na reorganização dos vasos sanguíneos e 
das �bras de colágeno – auxiliando no melhor aspecto da cicatriz.
37
Unidade 4
Figura ilustrativa de exemplo de laserterapia de baixa intensidade.
Fonte: imagem cedida por André Lopes. 
Figura ilustrativa de exemplo de laserterapia de baixa intensidade.
Fonte: acervo de imagens das autoras.
38
Unidade 4
A aplicação da LBI é um processo tecnicamente simples, mas que necessita de 
conhecimentos específicos pela alta complexidade relacionada à física do laser, 
assim como pelo entendimento da dosimetria adequada para cada situação. 
Dessa forma, o enfermeiro possui respaldo técnico e legal do COREN, através de 
diversos pareceres24,25,26, para indicar e aplicar o laser de baixa intensidade. 
Entretanto, são requeridos ao enfermeiro capacitação teórica por entidade 
reconhecida e conhecimentos específicos que suportem a tomada de decisão 
clínica e a promoção de resultados assistenciais efetivos e positivos com a 
especificidade da terapia.
Sugerimos a leitura do artigo Skin: Anatomy, Physiology and Wound Healing 
disponível no endereço abaixo para ampliar o seu conhecimento sobre o tema 
abordado nessa seção.
Endereço: https://www.woundscanada.ca/docman/public/health-care-
professional/bpr-workshop/166-wc-bpr-skin-physiology/file 
Para concluir
As feridas crônicas e complexas são um problema de saúde pública mundial. O conhecimento 
do enfermeiro a respeito de tecnologias avançadas para o gerenciamento de feridas que não 
respondem ao tratamento convencional ou a otimização da utilização dos recursos disponí-
veis podem contribuir com o processo cicatricial.
Além disso, é importante ressaltar que terapias avançadas podem reduzir o tempo de cicatri-
zação e, como consequência, contribuir com a redução dos custos hospitalares e do uso de 
medicamentos, bem como colaborar com a melhoria da qualidade de vida e com a reinserção 
do indivíduo em seu meio social, de forma produtiva.
39
Unidade 4
Considerações Finais
O conhecimento sobre as principais tecnologias disponíveis para tratamento de feridas, des-
de as coberturas avançadas até as terapias adjuvantes, e o domínio para a indicação e a 
utilização delas são fundamentais para o enfermeiro na sistematização da assistência de 
enfermagem ao paciente portador de lesões cutâneas.
Vale ressaltar que capacitações, cursos e leituras adicionais são fundamentais para imple-
mentação dessas terapias de forma efetiva. Além disso, considere sempre a discussão do 
caso com os demais membros da equipe, pois uma visão global facilitará a decisão sobre a 
indicação da terapia e a relação custo x benefício dela.
40
Unidade 4
Exercícios de Fixação
Você finalizou o conteúdo multimídia. Que tal testar seu conhecimento sobre os 
assuntos discutidos nesta unidade?
Responda aos exercícios a seguir e, caso julgue necessário, releia o conteúdo.
1. Sobre as características do curativo ideal, selecione as alternativas corretas:
I. Ter a capacidade de controle da umidade.
II. Permitir troca gasosa e promover isolamento térmico.
III. Atuar como barreira contra infecções secundárias.
IV. Permitir remoção atraumática e garantir o conforto do paciente.
Assinale a alternativa correta:
A. I, II e IV.
B. II, III e IV.
C. I, II e III.
D. I, II, III e IV.
2. Sobre o manejo de feridas infectadas, assinale a alternativa correta.
A. É indicada a aplicação de antibióticos tópicos sobre feridas, seja para prevenção, seja 
para o tratamento de infecçõeslocais.
B. Contraindica-se a utilização de antibióticos tópicos no leito da ferida, recomendando 
o uso de coberturas antimicrobianas, como a prata e o PHMB.
C. Em pacientes com feridas, orienta-se a utilização de antibióticos profiláticos, tendo 
em vista o risco do aparecimento de infecção.
D. Contraindica-se a realização de desbridamento em feridas infectadas devido ao risco 
de disseminação da infecção.
41
Unidade 4
3. O desbridamento de feridas consiste em uma etapa importante no gerenciamento de 
feridas. Sobre isso, assinale a alternativa correta.
A. O método mais utilizado e considerado o mais eficaz de desbridamento é o enzimáti-
co, sendo comumente utilizada a papaína para esse fim.
B. O desbridamento autolítico é indicado para feridas com grande quantidade de tecido 
necrótico, sendo considerado o método mais rápido.
C. O desbridamento instrumental conservador é realizado com instrumentos cortantes, 
como bisturi, cureta, pinças e tesouras. Deve ser realizado exclusivamente pelo en-
fermeiro capacitado ou pelo médico.
D. O desbridamento não tem relação com dor, sendo dispensável a avaliação sistemáti-
ca dessa queixa durante sua realização.
4. Sobre as terapias tópicas para tratamento de feridas, é correto afirmar:
A. Coberturas não aderentes, quando entram em contato com o exsudato da ferida, 
gelificam, e o gel contribui para o desbridamento autolítico e a migração de células 
epiteliais, auxiliando no processo de cicatrização.
B. Os hidrocoloides são indicados para feridas infectadas, com alto volume de exsuda-
ção, sendo de fácil remoção e de baixo custo.
C. As coberturas de hidrofibra são compostas de fibras de carboximetilcelulose, com 
alta capacidade de absorção, que, quando em contato com o exsudato da ferida, for-
mam um gel, mantendo o meio úmido e permitindo trocas atraumáticas. 
D. O carvão ativado é composto de fibras derivadas de algas marinhas, podendo estar 
associado a carboximeticelulose sódica com ou sem íons de prata. 
42
Unidade 4
5. Sobre as terapias adjuvantes para tratamento de feridas, podemos afirmar que:
A. A terapia compressiva é indicada para todos os pacientes com úlceras em membros 
inferiores, sendo fundamental para a cicatrização da úlcera tanto de origem venosa, 
quanto de origem arterial.
B. A terapia por pressão negativa está relacionada à melhora da cicatrização por sua 
capacidade de microdeformação, pois estimula a proliferação celular e a neoangio-
gênese (formação de novos vasos) e ajuda na proliferação do tecido de granulação e 
na redução da resposta inflamatória local.
C. A terapia por pressão negativa convencional é composta de aparelho de uso indivi-
dual, com interface projetada para feridas de baixo a moderado volume de exsudato, 
além de indicação para prevenção de deiscência de sutura.
D. O enfermeiro é um dos profissionais que podem realizar a laserterapia de baixa in-
tensidade para tratamento de feridas, pois é um procedimento simples e não precisa 
de capacitação prévia para sua aplicação.
43
Unidade 4
Gabarito
Questão 1:
Alternativa Correta: D
Comentário: 
O curativo ideal deve ser capaz de realizar gerenciamento da umidade, permitir a troca gasosa 
e promover o controle da temperatura, além de atuar como barreira contra microrganismos, 
ser hipoalérgico e permitir a remoção de maneira atraumática, promovendo conforto ao 
paciente.
Alternativa Correta: B
Comentário: 
As recomendações atuais contraindicam a utilização rotineira de antibióticos tópicos em 
feridas para prevenção e tratamento de infecções locais. As recomendações incluem preparo 
adequado da ferida, limpeza do leito e curativos antimicrobianos (prata/PHMB).
Questão 2:
Alternativa Correta: C
Comentário: 
O desbridamento é uma etapa importante no tratamento de feridas, sendo que o método 
instrumental pode ser realizado por enfermeiros capacitados ou médicos, sendo 
imprescindível a avaliação holística do doente.
Questão 3:
44
Unidade 4
Alternativa Correta: C
Comentário: 
A hidrofibra é composta por carboximetilcelulose, com alta capacidade de absorção do 
exsudato. Além disso, tem a capacidede de manter o meio úmido, promovendo desbridamento 
autolítico e pode estar associada a íons de prata.
Questão 4:
Alternativa Correta: B
Comentário: 
A TPN é um tipo de tratamento ativo da ferida que estimula a cicatrização em ambiente 
úmido, por meio de uma pressão subatmosférica controlada e aplicada localmente. Ela está 
relacionada à melhora da cicatrização por sua capacidade de microdeformação, pois estimula 
a proliferação celular e a neoangiogênese (formação de novos vasos) e ajuda na proliferação 
do tecido de granulação e na redução da resposta inflamatória local.
Questão 5:
45
Unidade 4
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