Buscar

Meristemas Vegetais

Prévia do material em texto

Morfologia Vegetal
Meristemas
Após a fecundação a célula ovo ou zigoto divide-se várias vezes para formar o embrião. No início, todas as células do corpo embrionário se dividem, mas com o crescimento e desenvolvimento do vegetal, as divisões celulares vão ficando restritas a determinadas regiões do corpo do vegetal. Assim, no vegetal adulto, algumas células permanecem embrionárias, isto é, conservam sua capacidade de divisão e multiplicação e a estes tecidos que permanecem embrionários, damos o nome de meristemas (do grego meristos = dividir).
Os meristemas caracterizam-se pela intensa divisão celular que apresentam, pelo tamanho reduzido de suas células, parede celular primária, geralmente, delgada e proplastídeos (plastídeos não diferenciados). O núcleo pode ser grande em relação ao tamanho da célula, como nos meristemas apicais, ou não, como nos meristemas laterais; o citoplasma pode ser denso, apresentando apenas vacúolos minúsculos (meristemas apicais) ou pode apresentar vacúolos maiores (meristemas laterais).
A formação de novas células, tecidos e órgãos através da atividade meristemática envolve DIVISÕES celulares. Nos meristemas algumas células dividem-se de tal modo que, uma das células filhas resultante da divisão, cresce e diferencia-se, tornando-se uma nova célula acrescentada no corpo da planta e, a outra, permanece indiferenciada indefinidamente como célula meristemática. As células que permanecem no meristema são denominadas de células iniciais e as que são acrescentadas ao corpo da planta são denominadas de células derivadas.
As iniciais e as derivadas mais recentes compõem os meristemas apicais ou promeristemas. Geralmente, as células derivadas ainda se dividem várias vezes, antes de sofrerem as alterações citológicas que denunciem alguma diferenciação.
Na atividade meristemática a divisão celular combina-se com o CRESCIMENTO das células resultantes da divisão. Este aumento de volume é, na realidade, o maior responsável pelo crescimento em comprimento e largura do vegetal. As células que não estão mais se dividindo e que podem ainda estar em crescimento iniciam o processo de DIFERENCIAÇÃO. A diferenciação envolve alterações químicas, morfológicas e fisiológicas que transforma células meristemáticas semelhantes entre si, em estruturas diversas.
Os tecidos maduros exibem diferentes graus de diferenciação. Elevado grau de diferenciação e especialização é conseguido pelas células de condução do xilema e do floema e também pelas fibras. Mudanças menos profundas são observadas nas células do parênquima, e isto é particularmente importante para o vegetal, pois as células pouco diferenciadas podem voltar a apresentar divisões quando estimuladas. A recuperação de áreas lesadas (cicatrização) e a formação de “callus” na cultura de tecidos, por exemplo, é possível devido à capacidade de divisão das células parenquimáticas.
Classificação dos meristemas
Meristemas apicais:
Estão envolvidos com o crescimento longitudinal da planta (crescimento primário) e ocorrem nos ápices de caules e raízes. São meristemas primários em origem, porque estão presentes na planta desde o embrião.
A atividade destes meristemas resulta na formação do corpo primário ou estrutura primária do vegetal. Os meristemas apicais podem ser vegetativos (quando dão origem a tecidos e órgãos vegetativos) e reprodutivos (quando dão origem a tecidos e órgãos reprodutivos).
O termo meristema não é restrito apenas ao topo do ápice radicular e/ou caulinar, porque as modificações que ocorrem em suas células (divisão, crescimento e diferenciação celular) são graduais e vão acontecendo desde a região apical até aquelas regiões onde estão os tecidos já diferenciados, como na raiz. Usamos os termos meristema apical (promeristema) e zona meristemática, para fazer uma distinção entre o meristema apical propriamente dito e os tecidos meristemáticos logo abaixo. Assim, quanto ao grau de diferenciação das células, podemos reconhecer nos meristemas apicais:
1. Promeristema: conjunto formado pelas células iniciais e suas derivadas mais recentes, ainda indiferenciadas. O promeristema ocupa uma posição distal no ápice do caule ou da raiz.
Nos vegetais inferiores (talófitas, briófitas e pteridófitas) existe apenas uma célula inicial no promeristema, enquanto nas gimnospermas e angiospermas, existem várias células iniciais formando o promeristema, tanto no caule como na raiz.
2. Zona meristemática: células dos tecidos abaixo, ainda meristemáticos, mas parcialmente diferenciados, que já não fazem mais parte do promeristema:
Protoderme: meristema que origina a epiderme;
Procâmbio: meristema que origina os tecidos vasculares do sistema vascular primário: xilema e floema;
Meristema Fundamental: meristema que forma os tecidos primários do sistema fundamental: parênquima, colênquima e esclerênquima.
Ápice de raiz
O meristema responsável pelo crescimento em comprimento da raiz não é terminal, pois está protegido sob um capuz celular chamado de coifa, um tecido primário, parenquimático, originado a partir de uma região especial do meristema apical denominada de caliptrogênio.
O promeristema e constituído por um corpo de células iniciais centrais quiescentes (centro quiescente) e pelas camadas celulares periféricas que se dividem ativamente. Os tecidos meristemáticos primários - protoderme, meristema fundamental e procâmbio - dão origem, respectivamente, a epiderme, ao córtex e ao cilindro vascular, constituindo a estrutura primária da raiz.
Ápice de caule
Região de iniciação e organização primária do caule, onde ocorre o processo de crescimento, além da produção dos primórdios foliares (que se diferenciarão em folhas) e dos primórdios das gemas, que aparecem na axila de cada folha. São terminais e não há estrutura protetora, porém, são comumente circundados por folhas jovens. Localizado no polo distal, possui distinção pelos planos de divisão organização do tipo túnica–corpo. Essas duas regiões são reconhecidas pelos planos de divisão celular que nelas ocorrem. 
túnica - com uma ou mais camadas, cujas células se dividem perpendicularmente à superfície do meristema (divisões anticlinais), o que permite o crescimento em superfície do meristema. 
corpo - logo abaixo da(s) camada(s) da túnica está o corpo e é formado por um grupo de células que se dividem em vários planos, promovendo crescimento em volume do meristema. Assim esse grupo de células centrais acrescenta massa à porção apical do caule pelo aumento do volume e as derivadas da túnica dão uma cobertura contínua sobre o conjunto central (corpo). 
A maior parte do corpo é constituída pela zona de células-mães centrais (células vacuoladas com baixa atividade mitótica). Esta zona é circundada pelo meristema periférico (alta atividade mitótica), que se origina parcialmente da túnica e parcialmente do corpo. Abaixo da zona de células-mães centrais está localizado o meristema da medula. Quando a túnica é bisseriada, as suas camadas são denominadas LI e L2.
O meristema periférico origina o procâmbio e parte do meristema fundamental (córtex e, às vezes, parte da medula), e o meristema medular dá origem à medula.
Meristema intercalar:
Ocorre apenas em algumas monocotiledôneas. É formado por uma parte do meristema apical que se separou do ápice durante o desenvolvimento da planta. Promove o alongamento dos entrenós.
Meristemas laterais:
São aqueles que se localizam em posição paralela ao maior eixo do órgão da planta onde ocorrem e suas células se dividem periclinalmente, ou seja, paralelamente à superfície do órgão.
Ocorrem em plantas com crescimento secundário, isto é, com crescimento em espessura. Esse crescimento ocorre por adição de tecidos vasculares ao corpo primário da planta. O câmbio e o felogênio são conhecidos como meristemas laterais, devido à posição que ocupam (paralela aos lados do caule e raiz), portanto, formam o corpo secundário da planta.
O câmbio vascular origina os tecidos condutores secundários e o felogênio produz os tecidos de revestimentosecundários.
Câmbio
O câmbio se instala entre o xilema e floema primário e produz os tecidos vasculares secundários. As células cambiais, ao contrário células dos meristemas apicais são intensamente vacuoladas, possuem paredes levemente espessadas e o núcleo da célula não é tão grande, como o visto nas células dos meristemas apicais. Além dessas diferenças, existem ainda, dois tipos de iniciais cambiais quanto ao seu formato: as iniciais fusiformes, geralmente alongadas, cujas derivadas darão origem o sistema axial de células dos tecidos vasculares secundários, e as iniciais radiais, aproximadamente, isodiamétricas, cujas derivadas originarão as células do sistema radial (raios parenquimáticos) dos tecidos vasculares secundários.
Para produzir o xilema e floema secundário as células do câmbio se dividem periclinalmente. Uma mesma inicial produz células derivadas tanto em direção ao xilema como em direção ao floema. Dessa maneira, cada inicial produz uma fileira radial de células para dentro e outra para fora.
Felogênio
O felogênio é o meristema que forma a periderme, um tecido secundário que substitui a epiderme em muitas dicotiledôneas e gimnospermas lenhosas. Divisões periclinais de suas células iniciais produzem: o felema, súber ou cortiça em direção à periferia do órgão e o feloderma ou córtex secundário em direção ao centro do órgão. 
O felogênio é formado por apenas um tipo de células iniciais. Em corte transversal, este meristema aparece, como o câmbio vascular, formando uma faixa estratificada, mais ou menos contínua, na circunferência do órgão. Esta faixa é formada por fileiras radiais de células, sendo que em cada fileira radial, apenas uma célula é a inicial do felogênio (a célula mais estreita) e as demais já são as suas derivadas imediatas. 
	 
	Tipo de tecidos
	Características
	Origem
	primários
	formados a partir de meristemas primários
	
	secundários
	formados a partir de meristemas secundários
	Constituição Celular
	simples
	com um único tipo de célula
	
	complexos
	com vários tipos de células
	Função
	dérmicos
	tecidos de revestimento e proteção
	
	vasculares
	tecidos de transporte de água e/ou solutos
	
	fundamentais 
	tecidos de preenchimento, fotossintéticos ou de armazenamento

Continue navegando