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SANTOS - 2011

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.5REVISTA Soc. Bras. Economia Política, São Paulo, nº 30, p. 5-18, outubro 2011 
40 ANOS DA TEORIA DA DEPENDÊNCIA
A estrutura da dependência
Theotonio dos Santosi
Resumoii
Este artigo procura demonstrar que a dependência dos países da América Latina em 
relação a outros países não pode ser superada sem uma mudança qualitativa em suas 
estruturas internas e suas relações externas. Pretendemos mostrar que as relações de 
dependência às quais esses países estão sujeitos conformam-se a um tipo de estrutura 
internacional e interna que os leva ao subdesenvolvimento ou, mais precisamente, a 
uma estrutura dependente que aprofunda e agrava os problemas fundamentais de suas 
populações.
Palavras chaves: teoria da dependência; Theotonio dos Santos; desenvolvimento da 
América Latina; marxismo latino-americano. 
&ODVVL¿FDomR�-(/: B24; B51; O10 
O que é a dependência?
Por dependência nos referimos a uma situação na qual a 
economia de certos países é condicionada pelo desenvolvimento e 
pela expansão de outra economia à qual está subordinada. A relação 
i Em 1970, o autor pertencia à Universidade do Chile. De volta ao Brasil, radicou-se na 
Universidade Federal Fluminense. 
ii Este artigo expande um estudo preliminar desenvolvido em um projeto de pesquisa sobre 
as relações de dependência na América Latina, orientado pelo autor no Centro de Estudos 
6RFLRHFRQ{PLFRV� GD�)DFXOGDGH� GH�&LrQFLD�(FRQ{PLFD� GD�8QLYHUVLGDGH� GR�&KLOH��$�¿P�GH�
abreviar a discussão de diversos aspectos, o autor viu-se forçado a citar algumas de suas obras 
precedentes. O autor expressa sua gratidão aos pesquisadores Orlando Caputo e Roberto Pizarro 
por parte dos dados utilizados e a Sérgio Ramos por seus comentários críticos ao artigo.
Nota do Editor: Tradução do artigo The structure of dependence, originalmente publicado na 
American Economic Review, vol. 60(2), 1970, p. 231-236. A publicação desse texto clássico, em 
SRUWXJXrV��QR�SUHVHQWH�PRPHQWR��MXVWL¿FD�VH�WDQWR�SRU�VXD�UHOHYkQFLD�FRPR�SHOD�FRPHPRUDomR�
dos 40 anos da teoria da dependência.
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6.
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de interdependência entre duas ou m
ais econom
ias, e entre estas e o 
com
ércio internacional, assum
e a form
a de dependência quando alguns 
países (os dom
inantes) podem
 se expandir e ser auto-sustentáveis, 
HQTXDQWR�RXWURV��RV�GHSHQGHQWHV��Vy�SRGHP
�ID]r�OR�FRP
R�XP
�UHÀH[R�
daquela expansão, o que pode ter um
 efeito positivo ou negativo sobre 
seu desenvolvim
ento im
ediato (D
os Santos, 1968, p. 6).
O
 conceito de dependência perm
ite que vejam
os a situação interna 
desses países com
o parte da econom
ia global. N
a tradição m
arxiana, a 
teoria do im
perialism
o foi desenvolvida com
o um
 estudo do processo de 
expansão dos centros im
perialistas e de sua dom
inação m
undial. Em
 um
 
período de m
ovim
entos revolucionários no Terceiro M
undo, tem
os de 
desenvolver a teoria das leis do desenvolvim
ento interno nos países que 
são o objeto dessa expansão e naqueles que são governados por elas. Esse 
passo teórico transcende a teoria do desenvolvim
ento que busca explicar 
a situação dos países subdesenvolvidos com
o um
 produto de sua lentidão 
RX�GH�VHX�IUDFDVVR�HP
�DGRWDU�RV�SDGU}HV�GH�H¿FLrQFLD�FDUDFWHUtVWLFRV�
dos países desenvolvidos (ou em
 se “m
odernizar” ou se “desenvolver”). 
Em
bora a teoria do desenvolvim
ento capitalista adm
ita a existência de 
um
a dependência “externa”, é incapaz de perceber o subdesenvolvim
ento 
da m
aneira com
o a presente teoria o com
preende, com
o consequência 
e com
o parte do processo de expansão global do capitalism
o – parte 
necessária e intrinsecam
ente vinculada a esse processo.
A
o analisar o processo de constituição de um
a econom
ia global 
que integra as cham
adas “econom
ias nacionais” num
 m
ercado m
undial 
de m
ercadorias, capital e, até m
esm
o, de força de trabalho, vem
os que 
as relações produzidas por esse m
ercado são desiguais e com
binadas – 
desiguais porque o desenvolvim
ento de certas partes do sistem
a ocorre 
em
 detrim
ento de outras partes. A
s relações com
erciais baseiam
-se no 
controle m
onopólico do m
ercado, que leva à transferência do excedente 
gerado nos países dependentes para os países dom
inantes; as relações 
¿QDQFHLUDV��GR�SRQWR�GH�YLVWD�GRV�SRGHUHV�GRP
LQDQWHV��EDVHLDP
�VH�HP
�
em
préstim
os e na exportação de capital, o que lhes perm
ite receber juros 
e lucros, aum
entando assim
 seu excedente dom
éstico e fortalecendo 
seu controle sobre as econom
ias dos outros países. Para os países 
dependentes, essas relações representam
 um
a exportação de lucros e 
juros que leva junto parte do excedente gerado dom
esticam
ente e conduz 
a um
a perda do controle sobre seus próprios recursos produtivos. Para 
perm
itir relações tão desvantajosas, os países dependentes têm
 de gerar 
grandes excedentes, não por m
eio da criação de tecnologias de nível m
ais 
elevado, m
as pela superexploração da força de trabalho. O
 resultado 
disto é a lim
itação do desenvolvim
ento de seu m
ercado interno e de 
sua capacidade técnica e cultural, bem
 com
o da saúde m
oral e física 
de sua população. Isto se denom
ina desenvolvim
ento com
binado, pois 
é a com
binação dessas desigualdades e a transferência de recursos dos 
setores m
ais atrasados e dependentes aos m
ais avançados e dom
inantes 
o que explica e aprofunda a desigualdade, e a transform
a em
 um
 
elem
ento necessário e estrutural da econom
ia global.
Form
as históricas de dependência
A
s form
as históricas de dependência são condicionadas: (1) pelas 
form
as básicas dessa econom
ia m
undial que possui suas próprias leis 
de desenvolvim
ento; (2) pelo tipo de relação econôm
ica dom
inante 
nos centros capitalistas e pelos m
odos com
o estes se expandem
, e (3) 
pelos tipos de relações econôm
icas existentes nos países periféricos 
que são incorporados à situação de dependência no âm
bito da rede de 
relações econôm
icas internacionais gerada pela expansão capitalista. O
 
propósito deste texto não é estudar essas form
as detalhadam
ente, m
as 
som
ente distinguir características gerais de seu desenvolvim
ento.
C
om
 base em
 um
 estudo precedente, podem
os distinguir (1) 
a dependência colonial, a exportação com
ercial in natura, na qual o 
FDSLWDO�FRP
HUFLDO�H�¿QDQFHLUR��HP
�DVVRFLDomR�FRP
�R�(VWDGR�FRORQLDOLVWD��
dom
inava as relações econôm
icas dos europeus e das colônias, por m
eio 
de um
 m
onopólio com
ercial com
plem
entado pelo m
onopólio colonial 
da terra, das jazidas e da força de trabalho (servil ou escrava) nos países 
FRORQL]DGRV������$
�GHSHQGrQFLD�¿QDQFHLUR�LQGXVWULDO��TXH�VH�FRQVROLGRX�
DR�¿QDO�GR�VpFXOR�;
,;
��FDUDFWHUL]DGD�SHOD�GRP
LQDomR�GR�JUDQGH�FDSLWDO�
nos centros hegem
ônicos, e sua expansão no estrangeiro m
ediante o 
investim
ento na produção de m
atérias-prim
as e produtos agropecuários 
para consum
o nos centros hegem
ônicos. D
esenvolveu-se nos países 
dependentes um
a estrutura produtiva dedicada à exportação de tais 
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8.
.9
produtos (Levin denom
inou-os “econom
ias de exportação” (Levin, 
1964); sobre outras análises em
 outras regiões, (M
yrdal, 1968; N
krum
ah, 
�������JHUDQGR�DTXLOR�TXH�D�&
(3$
/�TXDOL¿FRX�GH�³GHVHQYROYLP
HQWR�
voltado para fora” (desarrollo hacia afuera) (C
EPA
L, 1968). (3) N
o 
período pós-guerra, consolidou-se um
 novo tipo de dependência, 
baseado em
 corporações m
ultinacionais que com
eçaram
 a investir em
 
indústrias voltadas ao m
ercado interno dos países subdesenvolvidos. 
Esta form
a de dependênciaé basicam
ente a dependência tecnológico-
industrial (dos Santos, 1968a).
C
ada um
a dessas form
as de dependência corresponde a um
a 
situação que condicionou não apenas as relações internacionais desses 
países, m
as tam
bém
 suas estruturas internas: a orientação da produção, 
as form
as de acum
ulação de capital, a reprodução da econom
ia e, 
sim
ultaneam
ente, sua estrutura social e política.
A
s econom
ias de exportação
N
as form
as de dependência ‘1’ e ‘2’ supracitadas, a produção 
volta-se para os produtos destinados à exportação (ouro, prata e 
produtos tropicais na época colonial; m
atérias-prim
as e produtos 
DJUtFRODV�QD�pSRFD�GD�GHSHQGrQFLD�LQGXVWULDO�¿QDQFHLUD���LVWR�p��D�
produção é determ
inada pela dem
anda dos centros hegem
ônicos. A
 
estrutura produtiva interna se caracteriza por um
a rígida especialização 
e pela m
onocultura em
 regiões inteiras (o C
aribe, o nordeste brasileiro 
etc.). Junto com
 esses setores de exportação, surgiram
 determ
inadas 
atividades econôm
icas com
plem
entares (a criação de gado e certas 
m
anufaturas, por exem
plo) que eram
 dependentes, em
 geral, do setor 
de exportação ao qual vendiam
 seus produtos. H
avia um
a terceira 
econom
ia, de subsistência, que fornecia força de trabalho para o setor de 
exportação sob condições favoráveis e para a qual a população excedente 
se transferia em
 períodos desfavoráveis ao com
ércio internacional.
Em
 tais condições, o m
ercado interno existente era restrito por quatro 
fatores: (1) a m
aior parte da renda nacional derivava-se da exportação, e 
era usada para adquirir os insum
os necessários para a m
esm
a (escravos, 
por exem
plo) ou artigos de luxo consum
idos pelos proprietários das 
haciendas e das m
inas e pelos funcionários m
ais abastados. (2) A
 
força de trabalho disponível estava sujeita a form
as m
uito severas de 
superexploração, o que lim
itava sua capacidade de consum
o. (3) Parte do 
consum
o desses trabalhadores era suprida pela econom
ia de subsistência, 
que funcionava com
o um
 com
plem
ento de sua renda e com
o um
 refúgio 
em
 períodos de depressão econôm
ica. (4) H
avia um
 quarto fator nos 
países em
 que as terras e as jazidas estavam
 nas m
ãos de estrangeiros 
(casos de econom
ia de enclave): um
a grande parte do excedente 
acum
ulado destinava-se a ser rem
etida ao exterior sob a form
a de lucros, 
lim
itando não apenas o consum
o interno com
o tam
bém
 as possibilidades 
de reinvestim
ento (B
aran, 1967). N
o caso das econom
ias de enclave, as 
relações das com
panhias estrangeiras com
 o centro hegem
ônico eram
 até 
m
ais exploratórias, acrescentando-se o fato de que as aquisições eram
 
feitas pelos enclaves diretam
ente no estrangeiro.
A nova dependência
A
 nova form
a de dependência – form
a ‘3’ acim
a citada – está em
 
processo de desenvolvim
ento e é condicionada pelas exigências dos 
m
ercados internacionais de produtos e capitais. A
 possibilidade de gerar 
QRYRV�LQYHVWLP
HQWRV�GHSHQGH�GD�H[LVWrQFLD�GH�UHFXUVRV�¿QDQFHLURV�HP
�
m
oeda estrangeira para a aquisição de m
aquinário e m
atérias-prim
as 
processadas não produzidas dom
esticam
ente. Tais aquisições estão 
sujeitas a duas lim
itações: a lim
itação dos recursos gerados pelo setor 
H[SRUWDGRU��UHÀHWLGD�QD�EDODQoD�GH�SDJDP
HQWRV��TXH�LQFOXL�QmR�DSHQDV�
o com
ércio, m
as tam
bém
 relações de serviços) e as lim
itações do 
m
onopólio de patentes que levam
 as em
presas m
onopolistas a preferir 
transferir seus m
aquinários na form
a de capital do que com
o m
ercadorias 
para a venda. É necessário analisar essas relações de dependência para 
com
preenderm
os os lim
ites estruturais fundam
entais que im
põem
 ao 
desenvolvim
ento dessas econom
ias.
1. O
 desenvolvim
ento industrial depende de um
 setor de exportação 
para obter m
oeda estrangeira para adquirir insum
os utilizados pelo setor 
industrial. A
 prim
eira consequência dessa dependência é a necessidade de 
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10.
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preservar o setor exportador tradicional, o que lim
ita econom
icam
ente o 
desenvolvim
ento do m
ercado interno ao conservar relações retrógradas 
GH�SURGXomR�H�TXH�VLJQL¿FD��SROLWLFDP
HQWH��D�P
DQXWHQomR�GR�SRGHU�
nas m
ãos de oligarquias decadentes tradicionais. N
os países em
 que 
HVVHV�VHWRUHV�VmR�FRQWURODGRV�SHOR�FDSLWDO�HVWUDQJHLUR��LVVR�VLJQL¿FD�
a rem
essa de altos lucros para o estrangeiro e a dependência política 
de tais interesses. Som
ente em
 casos raros o capital estrangeiro não 
controla ao m
enos a com
ercialização desses produtos. Em
 resposta a 
essas lim
itações, os países dependentes nas décadas de 1930 e 1940 
desenvolveram
 um
a política de restrições cam
biais e taxação do setor 
exportador nacional e estrangeiro; hoje, tendem
 à gradual nacionalização 
da produção e à im
posição de algum
as tím
idas restrições ao controle 
estrangeiro da com
ercialização de produtos exportados. A
lém
 disso, de 
m
odo ainda um
 tanto acanhado, procuram
 obter m
elhores condições para 
a venda de seus produtos. Em
 décadas recentes, criaram
 m
ecanism
os 
para acordos internacionais de preços, e hoje a U
N
C
TA
D
 e a C
EPA
L 
pressionam
 para obter condições tarifárias m
ais favoráveis para esses 
produtos por parte dos centros hegem
ônicos. É im
portante destacar 
que o desenvolvim
ento industrial desses países depende da situação do 
setor de exportação, cuja existência perm
anente são forçados a aceitar.
2. O
 desenvolvim
ento industrial é, portanto, fortem
ente condicionado 
SRU�ÀXWXDo}HV�QD�EDODQoD�GH�SDJDP
HQWRV��,VVR�FRQGX]�D�XP
�Gp¿FLW�GHYLGR�
jV�SUySULDV�UHODo}HV�GH�GHSHQGrQFLD��$
V�FDXVDV�GR�Gp¿FLW�VmR�WUrV�
a) A
s relações com
erciais ocorrem
 em
 um
 m
ercado internacional 
altam
ente m
onopolizado, o que tende a reduzir o preço das m
atérias-
prim
as e a elevar o preço de produtos industriais, especialm
ente 
insum
os. Em
 segundo lugar, há um
a tendência, na tecnologia m
oderna, 
a substituir diversos produtos prim
ários por m
atérias-prim
as sintéticas. 
C
onsequentem
ente, a balança com
ercial nesses países tende a ser m
enos 
favorável (ainda que exibam
 um
 excedente geral). A
 balança com
ercial 
geral da A
m
érica Latina de 1946 a 1968 m
ostra um
 excedente em
 todos 
os anos. O
 m
esm
o ocorre em
 quase todos os países subdesenvolvidos. 
C
ontudo, as perdas em
 virtude da deterioração dos term
os de troca 
(com
 base em
 dados da C
EPA
L e do Fundo M
onetário Internacional), 
excluindo-se C
uba, foram
 de 26.383 m
ilhões de dólares no período de 
1951 a 1966, tom
ando-se com
o base os preços de 1950. Se excluirm
os 
C
uba e Venezuela, o total é de 15.925 m
ilhões.
b) Pelas razões citadas, o capital estrangeiro m
antém
 o controle dos 
setores m
ais dinâm
icos da econom
ia e repatria um
 grande volum
e dos 
OXFURV��SRU�FRQVHJXLQWH��RV�ÀX[RV�GH�FDSLWDLV�VmR�DOWDP
HQWH�GHVIDYRUiYHLV�
para os países dependentes. O
s dados revelam
 que o volum
e de capital 
que deixa o país é m
uito m
aior que a quantia que entra. Isto gera um
 
Gp¿FLW�QRV�ÀX[RV�GH�FDSLWDLV�TXH�p�HVFUDYL]DQWH��'
HYH�VH�DFUHVFHQWDU�
DLQGD�R�Gp¿FLW�HP
�GHWHUP
LQDGRV�VHUYLoRV�TXH�HVWmR�SUDWLFDP
HQWH�VRE�
total controle estrangeiro, com
o transporte de m
ercadorias, pagam
entos 
de royalties, apoio técnico etc. C
onsequentem
ente, produz-se um
 
LP
SRUWDQWH�Gp¿FLW�QD�EDODQoD�GH�SDJDP
HQWRV�WRWDO��OLP
LWDQGR�DVVLP
�D�
possibilidade de im
portação de insum
os para a industrialização.
F��2
�UHVXOWDGR�GLVVR�p�TXH�VH�WRUQD�QHFHVViULR�R�³¿QDQFLDP
HQWR�
HVWUDQJHLUR´��GH�GXDV�IRUP
DV��SDUD�FREULU�R�Gp¿FLW�H[LVWHQWH�H�WDP
EpP
�
SDUD�³¿QDQFLDU´�R�GHVHQYROYLP
HQWR�SRU�P
HLR�GH�HP
SUpVWLP
RV�SDUD�R�
estím
ulo de investim
entos e para “suprir” um
 excedenteeconôm
ico 
interno que foi em
 grande m
edida descapitalizado pela rem
essa, com
o 
lucro, de parte do excedente gerado dom
esticam
ente.
D
esse m
odo, o capital estrangeiro e o “auxílio” estrangeiro 
preenchem
 as lacunas que eles próprios criaram
. O
 valor real desse auxílio 
é, porém
, duvidoso. Se os ônus resultantes das condições restritivas 
GD�DMXGD�IRUHP
�VXEWUDtGRV�GR�P
RQWDQWH�WRWDO��R�ÀX[R�OtTXLGR�P
pGLR��
segundo os cálculos do C
onselho Econôm
ico e Social Interam
ericano, 
p�GH�DSUR[LP
DGDP
HQWH����
�GR�ÀX[R�EUXWR��&
,(6���������
Se levarm
os em
 conta ainda os fatos de que um
a alta proporção 
desse auxílio é pago em
 m
oedas locais, de que os países latino-am
ericanos 
ID]HP
�FRQWULEXLo}HV�D�LQVWLWXLo}HV�¿QDQFHLUDV�LQWHUQDFLRQDLV�H�GH�TXH�RV�
créditos são m
uitas vezes “vinculados”, encontram
os um
 “com
ponente 
real de auxílio estrangeiro” de 42,2%
, num
a hipótese m
uito favorável, 
e de 38,3%
, num
a avaliação m
ais realista (C
IES, 1969, II-33). A
 
JUDYLGDGH�GD�VLWXDomR�¿FD�DLQGD�P
DLV�FODUD�TXDQGR�FRQVLGHUDP
RV�TXH�
HVVHV�FUpGLWRV�VmR�XVDGRV��HP
�JUDQGH�SDUWH��SDUD�¿QDQFLDU�LQYHVWLP
HQWRV�
norte-am
ericanos, 
para 
subsidiar 
im
portações 
estrangeiras 
que 
com
petem
 com
 os produtos nacionais, para introduzir tecnologias não 
adaptadas às necessidades dos países subdesenvolvidos e para investir 
em
 setores de baixa prioridade das econom
ias nacionais. Em
 últim
a 
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análise, a verdade é que os países subdesenvolvidos têm
 de pagar por 
todo o “auxílio” que recebem
. A
 situação está gerando um
 enorm
e 
m
ovim
ento de protesto por parte dos governos latino-am
ericanos, que 
buscam
 ao m
enos um
a liberação parcial dessas relações negativas.
���3RU�¿P
��R�GHVHQYROYLP
HQWR�LQGXVWULDO�p�IRUWHP
HQWH�FRQGLFLRQDGR�
pelo m
onopólio tecnológico exercido pelos centros im
perialistas. Vim
os 
que os países subdesenvolvidos dependem
 da im
portação de m
aquinário 
e de m
atérias-prim
as para o desenvolvim
ento de suas indústrias. C
ontudo, 
esses bens não estão livrem
ente disponíveis no m
ercado internacional; 
eles são patenteados e, usualm
ente, pertencem
 às grandes com
panhias. 
Estas não vendem
 m
aquinários e m
atérias-prim
as processadas com
o 
m
ercadorias sim
ples: elas exigem
 o pagam
ento de royalties etc. para 
essa utilização ou, na m
aioria dos casos, convertem
 tais bens em
 capital, 
introduzindo-os sob a form
a de seus próprios investim
entos. D
esse 
m
odo o m
aquinário que é substituído nos centros hegem
ônicos por 
tecnologias m
ais avançadas é enviado a países dependentes com
o capital 
SDUD�D�LQVWDODomR�GH�D¿OLDGDV��'
HWHQKDP
R�QRV�HQWmR�SDUD�H[DP
LQDU�HVVDV�
UHODo}HV��D�¿P
�GH�FRP
SUHHQGHU�VHX�FDUiWHU�RSUHVVRU�H�H[SORUDWyULR�
2
V�SDtVHV�GHSHQGHQWHV�QmR�WrP
�P
RHGD�HVWUDQJHLUD�VX¿FLHQWH��
SHODV�UD]}HV�FLWDGDV��2
V�HP
SUHViULRV�ORFDLV�HQIUHQWDP
�GL¿FXOGDGHV�GH�
¿QDQFLDP
HQWR��H�WrP
�GH�SDJDU�SHOD�XWLOL]DomR�GH�GHWHUP
LQDGDV�WHFQRORJLDV�
patenteadas. Esses fatores obrigam
 os governos burgueses nacionais a 
facilitar a entrada de capital estrangeiro para suprir o m
ercado nacional 
restrito, que é fortem
ente protegido por altas tarifas com
 o objetivo de 
prom
over a industrialização. A
ssim
, o capital estrangeiro ingressa com
 
todas as vantagens: em
 m
uitos casos, ganha isenção de controles de câm
bio 
SDUD�D�LP
SRUWDomR�GH�P
DTXLQiULR��FRQFHGH�VH�¿QDQFLDP
HQWR�SDUD�RV�ORFDLV�
GH�LQVWDODomR�GDV�LQG~VWULDV��DV�DJrQFLDV�¿QDQFLDGRUDV�GR�JRYHUQR�IDFLOLWDP
�
a industrialização, bancos estrangeiros e dom
ésticos, que têm
 preferência 
por esses clientes, disponibilizam
 em
préstim
os, auxílios estrangeiros 
P
XLWDV�YH]HV�VXEVLGLDP
�WDLV�LQYHVWLP
HQWRV�H�¿QDQFLDP
�LQYHVWLP
HQWRV�
públicos com
plem
entares, e, após a instalação, altos lucros obtidos em
 
circunstâncias tão favoráveis podem
 ser livrem
ente reinvestidos. D
esse 
m
odo, não é de surpreender que os dados do D
epartam
ento de C
om
ércio 
dos Estados U
nidos revelem
 que a percentagem
 de ingresso de capital 
trazido de fora por tais com
panhias é apenas um
a parcela da quantia total 
do capital investido. O
s dados m
ostram
 que, no período entre 1946 e 
1967, os novos ingressos de capital na A
m
érica Latina para investim
ento 
direto chegaram
 a 5.415 m
ilhões de dólares, enquanto a som
a dos lucros 
reinvestidos foi de 4.424 m
ilhões. Por outro lado, as transferências de 
lucros da A
m
érica Latina aos Estados U
nidos chegaram
 a 14.775 m
ilhões 
de dólares. Se estim
arm
os os lucros totais com
o aproxim
adam
ente iguais 
às transferências som
adas aos reinvestim
entos, tem
os a som
a de 18.983 
m
ilhões. A
 despeito das im
ensas transferências de lucros aos Estados 
U
nidos, o valor contábil do investim
ento direto dos Estados U
nidos 
na A
m
érica Latina passou de 3.045 m
ilhões de dólares, em
 1946, para 
�������P
LOK}HV��HP
�������&
RP
�EDVH�QHVVHV�GDGRV��¿FD�FODUR�TXH������GRV�
investim
entos feitos por com
panhias norte-am
ericanas na A
m
érica Latina 
no período entre 1946 e 1967, 55%
 correspondem
 a novos ingressos 
de capital, e 45%
 correspondem
 a reinvestim
ento dos lucros; em
 anos 
recentes, a tendência está m
ais acentuada, com
 os reinvestim
entos entre 
1960 e 1966 representando m
ais de 60%
 dos novos investim
entos; (2) 
as rem
essas perm
aneceram
 em
 torno de 10%
 do valor contábil durante 
todo o período; (3) a razão entre capital rem
etido e novos ingressos gira 
em
 torno de 2,7 no período entre 1946 e 1967 – ou seja, para cada dólar 
que entra, 2,7 dólares saem
. N
a década de 1960, essa razão praticam
ente 
dobrou, e, em
 certos anos, foi consideravelm
ente m
aior.
O
s dados do levantam
ento Survey of Current Business acerca 
das fontes e usos dos fundos para investim
ento direto norte-am
ericano 
na A
m
érica Latina entre 1957 e 1964 m
ostram
 que, de todas as fontes 
de investim
ento direto na A
m
érica Latina, som
ente 11,8%
 vieram
 dos 
Estados U
nidos. O
 restante é, em
 grande m
edida, resultado das atividades 
GDV�¿UP
DV�QRUWH�DP
HULFDQDV�QD�$
P
pULFD�/DWLQD�������
�GH�UHQGD�OtTXLGD��
27,7%
 a título de depreciação), e de “fontes situadas no exterior” 
������
���e�VLJQL¿FDWLYR�TXH�RV�IXQGRV�REWLGRV�QR�HVWUDQJHLUR�H[WHUQRV�jV�
com
panhias sejam
 m
aiores que os fundos originários dos Estados U
nidos.
Efeitos sobre a estrutura produtiva
e�IiFLO�FRP
SUHHQGHU��DLQGD�TXH�DSHQDV�VXSHU¿FLDOP
HQWH��RV�HIHLWRV�
que essa estrutura de dependência tem
 sobre o próprio sistem
a produtivo 
R
E
V
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oc. B
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conom
ia P
olítica, S
ão P
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ia P
olítica, S
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.15
QHVVHV�SDtVHV�H�R�SDSHO�GHVVD�HVWUXWXUD�QD�GHWHUP
LQDomR�GH�XP
�WLSR�HVSHFt¿FR�
de desenvolvim
ento, caracterizado por sua natureza dependente.
O
 sistem
a produtivo nos países subdesenvolvidos é essencialm
ente 
dom
inado por essas relações internacionais. Em
 prim
eiro lugar, a 
necessidade de conservar a estrutura agrária ou de exportação de m
inérios 
gera um
a com
binação entre centros econôm
icos m
ais avançados que 
extraem
 valor excedente dos setores m
ais atrasados, e tam
bém
 entre centros 
internos “m
etropolitanos” e centros internos “coloniais” interdependentes 
(Frank, 1968). O
 caráter desigual e com
binado do desenvolvim
ento 
capitalista no nível internacional é reproduzido internam
ente de form
a 
aguda. Em
 segundo lugar, a estrutura industrial e tecnológica responde 
m
ais diretam
ente aos interesses das corporações m
ultinacionais que 
às necessidades internas de desenvolvim
ento (concebidas não apenas 
em
 term
os dosinteresses globais da população, m
as tam
bém
 do ponto 
de vista dos interesses de um
 desenvolvim
ento capitalista nacional). 
Em
 terceiro lugar, a m
esm
a concentração tecnológica e econôm
ico-
¿QDQFHLUD�GDV�HFRQRP
LDV�KHJHP
{QLFDV�p�WUDQVIHULGD�VHP
�XP
D�DOWHUDomR�
substancial a diferentes econom
ias e sociedades, dando origem
 a um
a 
estrutura produtiva altam
ente desigual, um
a alta concentração da renda, 
o subaproveitam
ento da capacidade instalada, intensa exploração dos 
m
ercados existentes concentrados nas grandes cidades etc.
A
 acum
ulação de capital em
 tais circunstâncias assum
e suas 
próprias características. Em
 prim
eiro lugar, caracteriza-se por profundas 
diferenças entre os níveis salariais dom
ésticos, no contexto de um
 m
ercado 
de trabalho local de baixo custo, com
binado com
 um
a tecnologia de 
capital intensivo. O
 resultado disso, do ponto de vista do valor excedente 
relativo, é um
 alto grau de exploração da força de trabalho. (Sobre a 
m
edição das form
as de exploração (C
asanova, 1969)).
Essa exploração é ainda m
ais agravada pelos altos preços dos 
produtos industrializados, im
postos pelo protecionism
o, pelas isenções 
e pelos subsídios concedidos pelos governos nacionais, e pelo “auxílio” 
fornecido pelos centros hegem
ônicos. A
lém
 disso, um
a vez que a 
acum
ulação dependente está necessariam
ente vinculada à econom
ia 
internacional, é profundam
ente condicionada pelo caráter desigual e 
com
binado das relações econôm
icas capitalistas internacionais, pelo 
FRQWUROH�WHFQROyJLFR�H�¿QDQFHLUR�GRV�FHQWURV�LP
SHULDOLVWDV��SHODV�UHDOLGDGHV�
da balança de pagam
entos, pelas políticas econôm
icas do Estado etc. O
 
papel do Estado no crescim
ento do capital nacional e estrangeiro m
erece 
um
a análise m
ais com
pleta do que se poderia realizar aqui.
Tendo com
o ponto de partida a análise aqui apresentada, é 
possível com
preender os lim
ites que esse sistem
a produtivo im
põe ao 
crescim
ento dos m
ercados internos desses países. A
 sobrevivência das 
relações tradicionais na região rural é um
a séria lim
itação ao tam
anho 
do m
ercado, um
a vez que a industrialização não oferece perspectivas 
prom
issoras. 
A
 
estrutura 
produtiva 
criada 
pela 
industrialização 
dependente lim
ita o crescim
ento do m
ercado interno.
Em
 prim
eiro lugar, essa estrutura subm
ete a força de trabalho a 
relações altam
ente exploratórias que restringem
 seu poder aquisitivo. 
Em
 segundo lugar, ao adotar um
a tecnologia de uso intensivo do 
capital, cria m
uito poucos em
pregos em
 com
paração com
 o crescim
ento 
da população e lim
ita a geração de novas fontes de renda. Essas duas 
lim
itações afetam
 o crescim
ento do m
ercado de bens de consum
o. Em
 
terceiro lugar, a rem
essa de lucros ao estrangeiro leva em
bora parte 
do excedente econôm
ico gerado no país. D
e todas essas m
aneiras são 
im
postos lim
ites à possível criação de indústrias de base nacionais que 
possam
 suprir o m
ercado com
 os bens de capital que tal excedente 
possibilitaria se não fosse rem
etido ao exterior.
C
om
 base nessa breve análise, vem
os que o suposto atraso dessas 
econom
ias não se deve a um
a falta de integração com
 o capitalism
o, 
m
as que, pelo contrário, os m
ais poderosos obstáculos ao seu pleno 
desenvolvim
ento provêm
 da m
aneira com
o estão inseridas nesse 
sistem
a internacional e das leis de desenvolvim
ento desse sistem
a.
A
lgum
as conclusões: a reprodução dependente
$
�¿P
�GH�FRP
SUHHQGHU�R�VLVWHP
D�GH�UHSURGXomR�GHSHQGHQWH�H�D�
instituições socioeconôm
icas criadas por ele, é preciso entendê-lo com
o 
parte de um
 sistem
a de relações econôm
icas globais baseado no controle 
m
onopolista do capital de grande escala, no controle de determ
inados 
FHQWURV�HFRQ{P
LFRV�H�¿QDQFHLURV�VREUH�RXWURV��QR�P
RQRSyOLR�GH�XP
D�
tecnologia com
plexa que conduz a um
 desenvolvim
ento desigual e 
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com
binado nos níveis nacional e internacional. Tentativas de analisar 
o atraso com
o um
a falha em
 assim
ilar m
odelos m
ais avançados de 
produção ou em
 m
odernizar-se não são m
ais que ideologia disfarçada 
de ciência. O
 m
esm
o é verdade acerca das tentativas de analisar essa 
econom
ia internacional em
 term
os das relações entre elem
entos em
 
livre com
petição, com
o a teoria dos custos com
parativos, que procura 
MXVWL¿FDU�DV�GHVLJXDOGDGHV�GR�VLVWHP
D�HFRQ{P
LFR�P
XQGLDO�H�RFXOWDU�DV�
relações de exploração nas quais se baseia (Palloix, 1969).
N
a verdade, só podem
os entender o que está ocorrendo nos países 
subdesenvolvidos quando percebem
os que se desenvolvem
 dentro 
do esquem
a de um
 processo de produção e reprodução dependente. 
Esse sistem
a é dependente porque reproduz um
 sistem
a produtivo 
cujo desenvolvim
ento é restringido por aquelas relações m
undiais que 
necessariam
ente conduzem
 ao desenvolvim
ento de apenas alguns setores 
econôm
icos, ao com
ércio sob condições desiguais (Em
m
anuel, 1969), 
à com
petição dom
éstica com
 o capital internacional sob condições 
desiguais, à im
posição de relações de superexploração da força de trabalho 
dom
éstica, visando dividir o excedente econôm
ico assim
 gerado entre as 
forças de dom
inação internas e externas. (Sobre o excedente econôm
ico 
e sua utilização nos países dependentes (Levin, 1964)).
A
o 
reproduzir 
esse 
sistem
a 
produtivo 
e 
essas 
relações 
internacionais, o desenvolvim
ento do capitalism
o dependente reproduz 
os fatores que o im
pedem
 de alcançar um
a situação vantajosa nacional 
e internacionalm
ente, e, assim
, reproduz o atraso, a m
iséria e a 
m
arginalização social em
 seu território. O
 desenvolvim
ento que ele 
SURGX]�EHQH¿FLD�VHWRUHV�P
XLWR�UHVWULWRV��HQIUHQWD�LP
SODFiYHLV�REVWiFXORV�
internos ao crescim
ento econôm
ico constante (com
 referência aos 
P
HUFDGRV�LQWHUQR�H�H[WHUQR��H�FRQGX]�DR�SURJUHVVLYR�DF~P
XOR�GH�Gp¿FLWV�
na balança de pagam
entos, o que, por sua vez, gera m
ais dependência e 
m
ais superexploração.
A
s providências políticas propostas pelos desenvolvim
entistas da 
CEPA
L, U
N
CTA
D
, BID
 etc. não parecem
 perm
itir a destruição desses 
terríveis grilhões im
postos pelo desenvolvim
ento dependente. Exam
inam
os 
as form
as alternativas de desenvolvim
ento apresentadas para a A
m
érica 
Latina e os países dependentes em
 condições sim
ilares alhures (D
os Santos, 
1969). Tudo agora indica que o que se pode esperar é um
 longo processo 
de intensos confrontos políticos e m
ilitares e de profunda radicalização 
social que levarão esses países a um
 dilem
a: governos da força que abram
 
cam
inho para o fascism
o ou governos revolucionários populares que 
abram
 cam
inho para o socialism
o. A
s soluções interm
ediárias m
ostraram
-
se, nessa realidade tão contraditória, vazias e utópicas.
Tradução de Luciana Pudenzi
A
bstract
This paper attem
pts to dem
onstrate that the dependence of Latin A
m
erican countries 
on other countries cannot be overcom
e w
ithout a qualitative change in their internal 
structures and external relations. W
e shall attem
pt to show
 that the relations of 
dependence to w
hich these countries are subjected conform
 to a type of international 
and internal structure w
hich leads them
 to under-developm
ent or m
ore precisely to a 
dependent structure that deepens and aggravates the fundam
ental problem
s of their 
peoples. 
.
H\�Z
RUGV��D
ependency theory; Theotonio dos Santos; Latin-am
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ent; 
Latin-A
m
erican m
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