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Processo Eleitoral – Profs. Lucon, Yarshell e Bonício 26.05.2013 Prova no Processo Eleitoral: No que o Direito Material Eleitoral interfere com a prova? Aparentemente, prova é tão prova no processo civil como no processo eleitoral. Os conceitos são os mesmos. O destinatário da prova continua sendo o juiz. O Direito Material é o banco da prova para o Direito Processual. As especificidades do Direito Material interferem de alguma forma com o direito probatório. Quanto à admissibilidade das provas, vigoram as regras gerais do processo civil no processo eleitoral. Não vigora regra que diga que algum meio de prova seja superior a outro. Em princípio, a admissibilidade da prova é ampla. A prova pericial é admissível, mas ocorre pouquíssimas vezes, apesar de não se saber bem quais as razões disso. O professor já viu prova pericial para checar recibos fraudulentos, no processo eleitoral. No mais das vezes, a prova pericial tende a ser escassa, ou pela natureza das relações, ou pelo caráter preclusivo do procedimento. O CPC tem alguma restrição quanto à admissibilidade da prova testemunhal (art. 401, CPC). É possível se invocar, no processo eleitoral, restrições à prova exclusivamente testemunhal, pela natureza das relações envolvidas. O ambiente do conflito eleitoral, naturalmente, reforça o ponto fraco da prova testemunhal. O juiz deve ter um cuidado maior com a prova testemunhal e com o contexto em que se insere. Muitas vezes, esquemas de corrupção são descobertos por conta de um “inadimplemento contratual”. Por vezes, a prova testemunhal é a única forma de se descobrir o esquema. Como o sistema tratará o delator é um assunto polêmico. Assim, precisa haver um cuidado com a prova testemunhal. Obs.: art. 400, CPC. A simples existência de prova pericial e documental não exclui totalmente a prova testemunhal. Falar de admissibilidade de provas é falar também de sua valoração. A prova ilícita não pode ser considerada. Na dúvida sobre a admissibilidade da prova, deve-se admiti-la. Qualquer tipo de prova é admissível, mas o problema é a sua adequação aos fatos. Há uma tendência contemporânea à pré-constituição da prova. Isso se refere, fundamentalmente, à prova documental. Isso tudo se deve ao alargamento de recursos tecnológicos de captação dos fatos e de comunicação. Quanto mais se amplia a pré-constituição da prova, menos necessária é a prova testemunhal. No âmbito eleitoral, acontecem situações nas quais alguém grava conversa sem o conhecimento do interlocutor. Esse tipo de prova tem sido admitida (STF). Apesar disso, essa prova é adequada à boa-fé, o que não afasta a admissibilidade, mas interfere na valoração? Qual a eficácia probatória desse tipo de prova? No âmbito eleitoral, pode haver induzimento a que o político diga alguma coisa (como no flagrante preparado). Outra questão, no processo eleitoral, diz respeito às rodas de pessoas em que apenas alguns são efetivamente interlocutores. A gravação do que apenas estava presente é prova lícita? Há quem faça, aqui, um juízo de proporcionalidade. Mas é ruim estabelecer regras a partir de situações limites. Quanto à produção da prova, o que parece mais relevante no processo eleitoral é relembrar um paradoxo. A distinção entre verdade real e verdade formal já foi superada, embora ainda apareça em concursos. A verdade que inspira o julgamento é a verdade constante nos autos. Qual o paradoxo que existe no Processo Eleitoral? A tendência seria, no processo eleitoral, dizer que prevalece a verdade real. Contudo, o que se extrai da experiência é que o processo eleitoral tem grande ênfase no princípio dispositivo (as partes têm ônus), por mais paradoxal que seja. O processo eleitoral é marcado pela rigidez, ou seja, é calcado por preclusões. Há o escopo social de eliminação rápida da controvérsia. Pela lógica de consolidação do pleito, o processo eleitoral busca a eliminação da controvérsia e a pacificação social, principalmente, apesar de também desejar a justiça. Assim, no processo eleitoral, o escopo social prevalece sobre o escopo jurídico. O processo eleitoral exige soluções rápidas. O prestígio do Direito Eleitoral sugere uma busca ampla da verdade, mas, por outro lado, também se busca a consolidação do pleito. Esse é o grande paradoxo. Possivelmente, os fraudadores levam essas questões todas em consideração. O grande problema é a investigação ineficiente e demorada. A persecução deveria ser mais eficiente. Como fica o poder instrutório do juiz no Processo Eleitoral? A tendência seria a maior ênfase dos poderes instrutórios do juiz. Mas, como há grande ênfase no princípio dispositivo, é difícil o juiz se dar ao luxo de exercer muito os poderes de instrução. A preclusão é muito marcada. Os próprios protagonistas jogam na cara do juiz que o processo eleitoral é um processo preclusivo. Obs.: Na prestação de contas, o juiz fica muito dependente do parecer técnico. Talvez um dos pontos mais complicados seja a compra de votos, a captação ilícita de sufrágio (art. 41-A, caput e parágrafos, da Lei nº 9.504). Não se sabe se a regra é material ou processual. Alguns dizem que “quem compra voto não passa recibo”. Isso é um drama. Indício é suficiente para processar, mas não para condenar. Isso para não falar nas formas institucionalizadas de compra de voto. 03.05.2013 Competência no Processo Eleitoral: Aqui, interessa a competência em razão da matéria. Quando a competência é em relação à matéria, é muito nítida, é verificada de plano. Assim, no processo eleitoral discute-se a competência logo no início do processo. A discussão sobre competência tem sido admitida por nossos Tribunais já no início do processo (Tribunais admitem agravo de instrumento contra a decisão de exceção de competência). Isso é importante, pois fixando a competência logo no começo, evita-se dualidade de decisões. A competência da justiça eleitoral pode ser vista como transitória, como excepcional. Ela é sui generis, pois ela não existe: nasce na época das eleições, vigora durante, e depois se extingue. Assim, juiz eleitoral só existe na época de eleições. Esse período começa com o início do procedimento eleitoral, que é marcado pelo registro das candidaturas (momento solene a partir do qual a justiça eleitoral fica formalmente instaurada). Termina com a diplomação dos candidatos, sumindo a competência da justiça eleitoral; isto é, após a diplomação dos candidatos, a competência volta a ser comum. Na justiça eleitoral vigora o Princípio da Celeridade: tudo o que é julgado pela justiça eleitoral, é julgado rapidamente. Isso para que, com o término do período eleitoral, tudo que era de sua competência já esteja julgado terminado. Assim, consegue dar conta de todos os seus recursos durante o período de sua existência. Competência fora do período de Eleições: antes do registro e depois da diplomação, a competência é da Justiça Comum. Assim, a competência da justiça eleitoral é transitória. Antes das eleições, os juízes eleitorais expedem as chamadas Instruções à Execução da Lei Eleitoral, que fazem parte do chamado Poder Normativo da Justiça Eleitoral. Exemplos: Resolução 20.132/98 (alistamento eleitoral) e Resolução 20.655/2000 (apuração dos votos no dia da contagem). Fixaram-se regras muito valorizadas. Antes das eleições também existe a Função Consultiva da Justiça Eleitoral (art. 30, VIII do Código Eleitoral). A princípio, o Judiciário não é órgão de consulta, mas a partir dessa função a Justiça Eleitoral emite respostas a consultas. Não é qualquer pessoa que pode fazer essa consulta, mas sim o partido político. Durante as eleições, também pode haver exercício do Poder Normativo (instruções) e da Função Consultiva, mas é mais comum anteriormente às eleições. De acordo com a CF, a competência da Justiça Eleitoralserá regulada por Lei Complementar (art. 121, CF), que até hoje não foi regulada. Isso leva a uma fragmentação da competência por diversos diplomas legais, presente em várias leis esparsas: A principal delas é a Lei Complementar 64/90 (Lei de Inelegibilidade). Quando se tratar de inelegibilidade de candidato a Presidente ou Vice, a competência é do TSE; por sua vez, a competência é do TRE para os casos de Senador, Governador e Vice, Deputado Estadual e Federal; por fim, justiça estadual (juiz eleitoral) para Prefeitos e Vereadores (art. 2º, LC 64/90). Lei Complementar 86/96: alterou o Código Eleitoral apenas para admitir a Ação Rescisória (art. 22, inciso I, J, do Código Eleitoral). O princípio que impera na Justiça Eleitoral é o da irrescindibilidade, não cabendo ação rescisória (princípio da impossibilidade de impugnação via rescisório). No entanto, veio a LC 86/96 para admitir a ação rescisória no TSE em casos de inelegibilidade, devendo ser proposta no prazo de 120 dias da decisão. A última parte do art. 22, I, J do CE foi suspensa por decisão do STF ao julgar ADIN, ou seja, a propositura da ação rescisória não possibilita o exercício de mandato eletivo até seu trânsito em julgado. Competência Geral (art. 22, Código Eleitoral): Onde se lê conflito de Jurisdição, deve se ler conflito de Competência, pois a jurisdição é una. A decisão do TRE admite recurso para o TSE, mesmo que verse sobre matéria administrativa (art. 276, CE), o que exige conhecer a competência recursal do TSE. Há possibilidade de entrar com RESp perante o TSE contra decisão do TRE em apenas duas hipóteses (RESp é recurso que trata apenas de direito – Súmula 7, STJ). O TSE é órgão de superposição e só é acessível apenas para matéria de direito, através de RESp, se a decisão do TRE: (i) violar texto expresso de lei ou (ii) houver divergência com outro TRE (deve ser feito um controle analítico, devendo haver fatos idênticos e diversidade de decisões ou de entendimento e mostrar os pontos de divergência). Função Nomofilácica: significa dizer que os Tribunais Superiores em Brasília têm a função de manter a integridade do ordenamento jurídico nacional, corrigindo as distorções do sistema. Isso porque juízes e tribunais ao longo do território nacional possuem poderes para dizer o que é constitucional e o que é inconstitucional, o que gera tal distorção no sistema. O sistema que, em tese, era íntegro, acaba distorcido. Obs.: Tribunais Superiores não são de 3º grau. Também cabe Recurso Ordinário contra decisão do TRE, o que excepciona tudo que falamos sobre os Tribunais Superiores. O Recurso Ordinário é como que uma apelação para o TSE, pois trata de matéria de fato e de direito. Cabe Recurso Ordinário quando o TRE denegar Habeas Corpus ou Mandado de Segurança, ou quando versar sobre expedição de diploma. No caso de RO contra denegação de HC ou MS, fala-se em recurso “secundum eventum litis”. O TRE terá competência para julgar HC e MS segundo a competência sob a qual se submete a autoridade (pessoa coatora). O TSE não dá a última palavra em matéria constitucional (art. 281, CE). Art. 22, parágrafo único, Código Eleitoral: as decisões do Tribunal Superior são irrecorríveis, salvo nos casos do art. 281. Só vai caber RE contra decisão do TSE para o STF quando este entender que uma lei ou ato normativo é contrário à CF, quando se entender inconstitucional uma lei ou ato normativo. Deve-se encontrar na fundamentação do Acórdão lei inaplicável por ser contrária à CF; caso contrário, deve-se entrar com Embargos de Declaração (art. 535, CPC e Súmula 98, STJ) contra o Acórdão. Trata-se do requisito do pré-questionamento (existe quando a Turma no Acórdão adota uma posição explícita quanto à matéria a ser discutida em RE). Além disso, o STF só aceita RE se houver repercussão geral, o que é reforçado pela Jurisprudência Defensiva. Ainda, cabe recurso “secundum eventus litis” contra decisão do TSE, quando se pode interpor Recurso Ordinário perante o STF (HC e MS, de competência originária do TSE, denegado). O prazo de interposição do Recurso é de 03 (três) dias. Em suma, em princípio, as decisões do TSE e do TRE são irrecorríveis. Mas quando se tratar de decisão do TRE em matéria de direito caberá RESp. Irrecorribilidade é a regra. Quando se admitir a recorribilidade, trata-se apenas dos casos previstos em lei. Competências Administrativas (art. 30 do Código Eleitoral): competências para decidir questões não eleitorais. Compete privativamente aos TREs a elaboração de seu Regimento Interno, constituição de juntas eleitorais, indicação das zonas eleitorais, etc. Há, aqui, um pouco de função normativa; há uma carga de normatividade. Poder de Polícia: é o poder de fiscalizar e manter a ordem. É um poder inerente a toda a justiça (comum e eleitoral). Na justiça eleitoral, ganha importância especial por conta do art. 249 do Código Eleitoral: “direito de propaganda não importa restrição ao poder de polícia quando este deva ser exercido em benefício da ordem pública”. Assim, há o poder do TRE de vetar propaganda política, ou seja, a Justiça Eleitoral exerce o controle sobre a propaganda eleitoral (ver art. 41, Lei nº 9.504/97). Porém, a alegação de agressão à ordem pública não pode suprimir a possibilidade de propaganda eleitoral. Dentre as competências jurisdicionais e administrativas, existe o chamado Poder de Polícia. Ele é algo contundente no Processo Eleitoral. Significa dize que um juiz eleitoral está constantemente exercendo esse poder. É uma das competências mais extraordinárias que a justiça eleitoral tem (mais poder normativo e consultivo). Tudo isso gera um ambiente diferenciado, pois seus princípios e regras são diferentes do Processo Civil clássico. Conflitos de competência só podem basicamente existir entre dos TREs; quem julga esse conflito é o TSE, o que é feito bem rapidamente. 10.05.2013 Recursos Eleitorais: Recurso é um meio de impugnação no seio de uma mesma relação processual. Já o Recurso contra expedição de diploma (art. 262, Código Eleitoral) não é propriamente um recurso; é uma ação autônoma de impugnação, na qual o questionamento incide contra a diplomação do candidato eleito. Assim, há uma impugnação contra o diploma. O prazo para se interpor esse recurso é o mesmo para a interposição dos recursos eleitorais (esses sim recursos contra decisões judiciais), que está previsto no art. 264 do Código Eleitoral: 03 dias. No art. 262 do CE, há várias causas de pedir para o RCED, como: a inelegibilidade; a incompatibilidade; erro na interpretação da na aplicação do sistema proporcional; erro de direito ou de fato na apuração final; etc. No inciso IV o RCED assume quase um caráter rescisório da concessão ou denegação de diploma em manifesta contradição com a prova dos autos. Obs.: as impugnações intentadas pelo MP são formadas por AIJE, AIME e RCED, todas com a mesma causa de pedir. A competência para julgar RCED é dos Tribunais Eleitorais. O procedimento é enxuto; o contraditório é mitigado. Possui limitação no campo probatório, uma vez que só se admite prova pré-constituída (ação autônoma de cognição horizontal limitada). Mas há Recursos Eleitorais propriamente ditos contra decisões judiciais, que seguem o regramento do CPC. O recurso em matéria eleitoral tem como prazo de interposição, via de regra, 03 (três) dias (art. 258, CE), sendo encaminhado ao TRE. Os recursos eleitorais não possuem efeito suspensivo. O art. 26-C da LC64 fala na possibilidade de se suspender a inelegibilidade ao se interpor recurso contra a decisão colegiada que a estabelecer. Aqui, é necessário uma cautelar para se obter o efeito suspensivo. Esse pedido de cautelar é feito no Tribunal “a quo”. O prazo para interposição do RCED é de 03 (três) dias do término da apuração (art. 264, CE).A AIJE, a AIME e o RCED são ações concorrentes, pois têm a mesma causa de pedir. Possuem conexão, o que tem por finalidade evitar decisões diversas. O recurso eleitoral segue as regras do CPC. A tempestividade é, em regras, de 03 (três) dias. excepcionalmente, o prazo é de 24 horas. Da decisão colegiada proferida em RCED, cabe RESp Eleitoral. Se envolvida matéria constitucional, pode ser que caiba interposição de RE para o STF. Normalmente, primeiro se interpõe RESp Eleitoral e, só quando obtém decisão desfavorável, se interpõe RE. Mas, em tese, é possível interposição direta de RE para o STF. Há recursos interpostos perante o TER, o TSE e o STF. Não há preparo em recurso eleitoral. Há requisitos de forma da peça de interposição. É preciso ter interesse em recorrer. Normalmente, o candidato e o partido o têm. Discute-se se a coligação tem interesse. Também se discute quando terceiro pode recorrer. Também há a questão do vice, que, para a Jurisprudência, é litisconsorte passivo necessário do cabeça de chapa. Há questões atinentes ao mérito do recurso. Há recursos com requisitos específicos, como o pré-questionamento no RESp eleitoral. Os requisitos são menos rígidos nos recursos eleitorais. Obs.: Um tema que vem sendo discutido é o da substituição em candidaturas. Nas eleições municipais, as ações são propostas nas zonas eleitorais, perante o juiz eleitoral (art. 265, CE). Da decisão do juiz eleitoral, cabe recurso no prazo de 03 (três) dias para o TRE (Recurso Eleitoral em Sentido Estrito). Da decisão do TRE, cabe RESp para o TSE (art. 276). Para o professor, só cabe interposição de RE após a decisão do TSE, ou seja, não cabe RE direto. Nas eleições estaduais, da decisão do TER cabe Recurso Ordinário para o TSE (art. 276, II, CE). A regra é o recurso eleitoral não ter efeito suspensivo. Isso pode, eventualmente, ser fonte de injustiça. É o que ocorre numa impugnação de registro de candidatura. A ação rescisória, no processo eleitoral, não cabe em segundo grau, pois não se aplica subsidiariamente o CPC. A ação rescisória cabe em hipóteses excepcionalíssimas apenas perante o TSE. O art. 263 do CE diz que o TSE deveria observar o que já foi decidido anteriormente na mesma eleição. É possível reverter o entendimento em poucas hipóteses, mas entende-se que esse dispositivo não teria sido recepcionado pela CF88. Assim, esse artigo não tem sido aplicado. 17.05.2013 Ações e Procedimentos Eleitorais: Obs.: Quando se tem o crime de compra de votos, gera-se uma ação cível eleitoral também (art. 41-A, Lei nº 9.504). Obs.: Normalmente, são os ministros da categoria jurista que elaboram, na prática, as Resoluções, que em boa parte repetem a lei, mas que também inovam. Obs.: No caso de substituição de candidato, a Lei não prevê um prazo. Obs.: Não se discute o Poder Normativo do TSE de editar normas por Resoluções. O que se discute é o limite disso. O que é do Legislativo e o que é do TSE? A Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) tem fundamento constitucional (art. 14, parágrafos 10 e 11, CF). Trata-se de ação eleitoral tipicamente constitucional. Procura-se defender com a AIME um interesse difuso, não identificável (difuso, pois não há como identificar os eleitores). É uma tutela dos direitos do eleitor, do exercício do voto, quando se verificar que o processo eleitoral foi contaminado por abusos de poder econômico, fraudes ou corrupção. Em suma, tutela-se a legitimidade das eleições. Discute-se a contraposição entre abuso de poder econômico e abuso de poder político, especialmente por conta do instituto da reeleição. Abuso do poder econômico é o uso indevido do dinheiro para fins eleitorais. Abuso de poder político é o uso da estrutura do poder político, por aquele que já está no poder, para fins eleitorais. Há doutrinadores, porém, que falam que se trata da mesa figura de abuso, aplicando-se a ambos a AIME. Outros autores entendem que a AIME aplica-se apenas ao abuso de poder econômico. Obs.: Não importa se a compra afetou ou não a eleição. Constatada, leva à perda do mandato. Quando ocorre abuso de poder econômico ou político nas hipóteses que envolvem programas institucionais e políticas públicas? Quais os critérios para isso? Programas assistenciais, propaganda institucional, etc., tocam à discussão sobre abuso de poder. Algumas situações, como propaganda institucional, têm previsão legal. O abuso de poder político não é fundamento da AIME. Obs.: Jurisprudencialmente, no último ano do mandato (ano da eleição), não se pode instituir programa. Quanto ao procedimento da AIME, é o mesmo da Lei nas Inelegibilidades (art. 22, LC64). O CPC é aplicado apenas supletivamente. O objeto do processo é a desconstituição do mandato. Se houver compra de votos, incide inelegibilidade, que será declarada. Então, pode ser que se declare a inelegibilidade ao fim da AIME, se for o caso. A competência é do juiz eleitoral, para eleições municipais; do TSE, para eleições presidenciais; e do TRE, para os demais cargos, no que tange à AIME. Os legitimados ativos para propor a AIME são Procurador Gral da República, Procuradores Regionais da República ou Ministério Público Estadual (MP, em geral); ainda, partidos políticos e candidatos. E há quem defenda que haveria legitimidade até do cidadão, associações e sindicatos (não é o entendimento da jurisprudência), mas é uma posição minoritária. O prazo para propor AIME é de 15 (quinze) dias da diplomação. O RCED é de 03 (três) dias da diplomação. Haveria segredo de Justiça até o segundo grau (até a decisão de primeiro grau), na AIME. Não há litispendência entre AIME e o RCED. Não se juntam os processos, mas, na prática, acaba-se julgando igual. Em RCED, pode-se alegar abuso de poder político. Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) é prevista no art. 22 da LC64. As causas de pedir são mais amplas. Partido, MP, candidato e coligação são legitimados ativos. Arbitra-se a infração conforme o caso. Se não altera o resultado das eleições, sanciona-se de outra forma que não a cassação. O art. 73 da Lei nº 9.504 prevê uma série de condutas com aptidão de afetar a igualdade de condições dos candidatos, situação que dá ensejo à representação. A representação pode ser feita até a realização do pleito, por perda de interesse processual. Os arts. 74-76 da Lei nº 9.504 falam do abuso de poder político, o que também enseja representação. A representação de captação ilícita de sufrágio está no art. 41-A, Lei nº 9.504. Há ainda a representação por propaganda eleitoral irregular. O procedimento das representações é o do art. 22, LC64. Como se percebe, basicamente, é o art. 22 da LC64 que vai regular o procedimento. Obs.: No caso de imposição de multa eleitoral, quem executa? Antes, executava o Executivo Fiscal. Hoje, parece que decidiu-se que a própria Justiça Eleitoral deverá executar, porém não tem estrutura. 24.05.2013 Obs.: Por não haver lei, o TSE entende que pode haver substituição dentro das 24 horas. Obs.: Há uma tendência da Justiça Eleitoral de restringir a propaganda eleitoral. Nesse sentido, prevalece a lei eleitoral sobre as portarias municipais. Advocacia Eleitoral: No âmbito municipal, a advocacia eleitoral é muito sazonal, especialmente em pequenos municípios. Por outro lado, o MP costuma ser muito rígido, como, por exemplo, na fiscalização do processo eleitoral. O Promotor de Justiça é o Promotor Eleitoral atuante na primeira instância. O Procurador Regional Eleitoral atuante na segunda instância é um Procurador Regional da República. Nos TREs, há juízes substitutos. A remuneração dos membros do TRE é feita pelo comparecimento às sessões. No TRE, há sete julgadores. Para funcionamento, é necessário o quórum de cinco julgadores.As decisões são por maioria. O presidente vota em caso de desempate. Os servidores dos TREs e do TSE são importantíssimos. Os juízes passam, mas eles ficam. Os assessores são indispensáveis. No TSE, o juiz-presidente é o presidente do TSE, há outros dois ministros do STF, há dois advogados, o corregedor do TSE (ministro do STJ) e outro ministro do STJ. Os advogados eleitorais costumam ser especializados nos TREs e no TSE. Ficam acompanhando toda a progressão jurisprudencial. Os advogados eleitorais fazem um acompanhamento diário das decisões. É muito difícil ocorrer recurso para o STF das decisões do TSE. Reforma Política: Em seu texto, José Afonso faz uma proposta de Reforma Política, ou melhor, várias propostas pontuais sobre o sistema eleitoral, o sistema de governo, etc. A questão da reforma política envolve grande dificuldade. José Afonso aborda sistema eleitoral, financiamento de campanha, fidelidade partidária, suplentes, coligações, liberdade partidária, reforma da legislação eleitoral, etc. Obs.: A formação de novo partido caracteriza justa causa para a mudança partidária. Fusão é criação de novo partido? Os processos internos ao partido deveriam ser mais transparentes e reguladas e democráticas. A estrutura do partido deveria ser melhor disciplinada em lei, respeitando-se os direitos da minoria. Uma temática interessante é a discussão em torno da regulamentação da profissão de lobista. Há necessidade de elaborar novas leis, especialmente que digam respeito à estrutura dos partidos políticos. O voto em urna eletrônica também não está imune a discussões. Os partidos políticos também deveriam prestar constas à população.
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