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5 - INDICAÇÃO GEOGRAFICA

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DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
2022© OMPI/INPI 
 
1 
 
Nota: O estudo deste módulo requer cerca de 06 horas. 
 
 MÓDULO 5: INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS - IG 
 
OBJETIVOS 
 
Depois de estudar este módulo, você poderá: 
1. Descrever em poucas palavras a natureza e a função das Indicações 
Geográficas. 
2. Dar exemplos de Indicações Geográficas reconhecidas no Brasil a 
brasileiros e a estrangeiros, e de Indicações Geográficas reconhecidas 
em outros países. 
3. Descrever a diferença entre os termos Indicações Geográficas-IG, 
Denominação de Origem-DO e Indicação de Procedência-IP. 
4. Descrever formas de proteção de produtos ou serviços com 
determinadas características associadas à origem. 
5. Descrever o que deve ser apresentado ao INPI no documento de 
pedido de registro de Indicação de Procedência-IP. 
6. Descrever o que deve ser apresentado ao INPI no documento de 
pedido de registro de Denominação de Origem-DO. 
7. Citar os principais aspectos dos Acordos Internacionais relativos às 
Indicações Geográficas. 
8. Descrever os elementos que regem a proteção legal das Indicações 
Geográficas no Brasil. 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
2022© OMPI/INPI 
 
2 
INTRODUÇÃO 
 
Indicações Geográficas (IGs) são sinais distintivos do comércio que identificam a 
origem geográfica de determinados produtos ou serviços. Tais instrumentos de 
propriedade industrial são capazes de informar atributos como reputação e fatores 
naturais e humanos, proporcionando produtos ou serviços com características próprias, 
que traduzem a identidade e a cultura de um espaço geográfico delimitado. 
 
Abaixo são indicadas algumas das possíveis repercussões positivas que podem advir 
através do reconhecimento das Indicações Geográficas: 
 preservação das particularidades dos produtos ou serviços, agindo ainda como 
manutenção do patrimônio das regiões específicas; 
 estímulo aos investimentos na própria área de produção, com aprimoramento do 
padrão tecnológico e eventual valorização das propriedades; 
 aumento do turismo, e consequentemente da oferta de emprego o que pode 
ajudar a minimizar o êxodo rural em certas regiões; 
 aumento da autoestima da população local e, em determinados casos, até do país; 
 aumento do valor agregado dos produtos ou serviços ao diferenciá-los indicando 
determinada origem geográfica particular; 
 criação de vínculo de confiança com o consumidor, onde o sinal distintivo informa 
tratar-se de produto ou serviço com características típicas regionais; 
 melhoria na comercialização dos produtos ou serviços, facilitando o acesso aos 
mercados através da propriedade coletiva; 
 alcance de maior competitividade no mercado nacional e, em determinados casos, 
no internacional, uma vez que as Indicações Geográficas vinculam uma imagem 
associada à qualidade, exaltando produto ou serviço típico ao promoverem a 
garantia da origem, da reputação e da identidade do produto; 
 propiciar interação entre os membros da cadeia produtiva e entidades de fomento, 
universidades e centros de pesquisas, seja na estruturação do pedido de registro, 
seja no controle da produção ou da prestação de serviços. 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
2022© OMPI/INPI 
 
3 
Indicações Geográficas – Histórico e Conceituação 
O conceito da Indicação Geográfica foi construído ao longo da história humana. A 
ideia de sua proteção legal surgiu quando se percebeu que alguns produtos oriundos de 
determinadas áreas geográficas apresentavam características específicas, atribuíveis à 
sua origem. Com isto, certos produtos passaram a ser identificados com o nome 
geográfico de determinadas regiões. Como exemplo, citamos os vinhos de Corínthio, 
Ícaro, Rhodes (séc. 4 a.C., na Grécia), e Falerne (Império Romano). 
A crescente demanda e o melhor preço obtido por esses produtos no mercado 
comercial suscitaram falsificações. Os valorizados nomes dessas regiões distintas, em 
termos de reputação ou de características vinculadas às áreas geográficas, passaram a 
ser utilizados em produtos falsos, que não tinham a dita origem de fato. Por exemplo, 
vinhos franceses, mas produzidos em região diferente de Bordeaux ou de Bourgogne, 
eram declarados como provenientes daquelas regiões. Um dos exemplos mais antigos de 
uso inadequado de evocação de origem é “Porto”, referente ao até hoje famoso vinho 
português produzido na região de Porto. O Marquês de Pombal instituiu, no final dos anos 
de 1700, a Indicação Geográfica “Porto”, para coibir a utilização indevida por ingleses. Há 
relatos que, historicamente, esta seria a primeira Indicação Geográfica reconhecida 
oficialmente no mundo por ser a mais próxima das regras de proteção em vigor 
atualmente (Figura 01). 
 
Figura 01: Garrafa de vinho do porto da Real Companhia Velha. 
Fonte: Site da Real Companhia Velha Vinícola – acesso em 11 de fev. de 2021. 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
2022© OMPI/INPI 
 
4 
 
Fatos como os descritos acima acarretaram a necessidade do criar regramentos para 
o uso de sinais distintivos em produtos visando à comprovação da sua autenticidade e 
verdadeira origem geográfica. No intuito de criar normas legais e sanções para combater 
a contrafação, concorrência desleal e fraude, surgiu o arcabouço jurídico relacionado à 
proteção das Indicações Geográficas. 
MARCOS LEGAIS SOBRE INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS 
A proteção internacional às Indicações Geográficas surgiu com a Convenção da 
União de Paris-CUP para a proteção da propriedade intelectual, em 1883. Até março de 
2021 tinha sido assinada por 177 países, entre eles o Brasil que foi um dos 14 (quatorze) 
países signatários originais. A CUP incluiu as Indicações de Procedência e 
Denominações de Origem (revisões de 1925 e 1967) como objetos separados de 
proteção, mas não definiu claramente esses conceitos, assim como não utilizou em sua 
terminologia o termo Indicação Geográfica. A Convenção estabelece dispositivos 
relacionados ao uso ilegal das indicações de proveniência em bens, no sentido de que 
nenhuma Indicação de Procedência deva ser utilizada quando o produto em questão não 
é de fato originário daquela procedência, ou seja, previne indicação que induza o público 
a erro quanto à verdadeira origem desse bem. 
Posteriormente, o Acordo de Madri sobre Repressão de Indicações de Proveniências 
Falsas ou Falaciosas sobre Produtos, de 1891, disciplina o princípio da interdição falsa ou 
falaciosa em publicações e prevê a interposição direta sobre produto que induza ao erro, 
sobre sua verdadeira origem, o que constitui uma alusão a um diferencial competitivo 
inexistente. Até março de 2021 apenas 36 países assinaram esse acordo e o Brasil não 
se inclui entre eles. 
Indicação de Procedência é um termo utilizado na Convenção da União de Paris 
sendo também utilizado no Acordo de Madrid para a repressão de indicações falsas ou 
enganosas de procedência. Não há definição de Indicação de Procedência em qualquer 
outro tratado internacional, mas o Acordo de Madrid (art. 1°) estabelece a repressão às 
falsas indicações de procedência: 
 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
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5 
“Qualquer produto que contenha uma falsa indicação pela qual 
um dos países a que se aplica o presente Acordo, ou um lugar 
situado em qualquer deles, seja direta ou indiretamente indicado 
como país ou lugar de origem será apreendido no ato da importação 
em cada um dos ditos países." 
O Acordo de Lisboa Relativo à Proteção das Denominações de Origem e seu Registro 
Internacional, de 1958, passa a configurar um sistema específico de proteção da 
Indicação Geográfica. 
No contexto multilateral é o acordo mais conhecido. Administrado pela OMPI, em 
1958 o Acordo de Lisboa passou a configurar um sistema específico de proteção às 
Denominações de Origem,permitindo o reconhecimento das mesmas entre os países 
membros do acordo. Está definido, em seu Artigo 2º: 
“Entende-se por Denominação de Origem, no sentido do presente 
Acordo, a denominação geográfica de um país, de uma região, ou 
de uma localidade que serve para designar um produto dele 
originário cuja qualidade ou características são devidas exclusiva ou 
essencialmente ao meio geográfico, incluindo os fatores naturais 
e/ou fatores humanos”. 
 
Houve baixa adesão ao Acordo de Lisboa e os países signatários eram 
predominantemente europeus concentrando a maior parte dos registros. Por isso em 
2015 foi atualizado com o Ato de Genebra do Acordo de Lisboa relativo às Denominações 
de Origem e Indicações Geográficas. Ou seja, houve a extensão da proteção às 
Indicações Geográficas além da inicial proteção às Denominações de Origem na intenção 
de aumentar o número de países signatários. Em 2020 o Acordo entrou em vigor, mas o 
Brasil ainda não é parte. Mesmo com a alteração do Ato de Genebra ele ainda possuía 
um número pouco expressivo de 30 participantes até março de 2021. 
Por fim, o tratado internacional que aborda questões relativas às Indicações 
Geográficas aplicadas ao comércio é o TRIPS (Trade-Related Aspects of Intellectual 
Property Rights em inglês ou ADPIC - Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade 
Intelectual Relacionados ao Comércio). Por ser no âmbito da Organização Mundial do 
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2022© OMPI/INPI 
 
6 
Comércio, esse é um importante acordo para a propriedade intelectual, pois a associou 
diretamente as transações comerciais e determinou critérios mínimos de proteção a cada 
país signatário. TRIPS foi o primeiro acordo que definiu internacionalmente a expressão 
Indicação Geográfica, sendo esse o conceito atual mais comum. Com sua entrada em 
vigor em 1995, os membros signatários, entre os quais o Brasil se inclui, devem 
internalizar em suas legislações nacionais as disposições do artigo 22.1: 
“Indicações Geográficas são, para os efeitos deste Acordo, 
indicações que identifiquem um bem como originário do 
território de um Membro, ou região ou localidade deste 
território, quando determinada qualidade, reputação ou outra 
característica do bem seja essencialmente atribuída à sua 
origem geográfica.” 
 
O termo Indicação Geográfica na legislação internacional está hoje relacionado à 
definição estabelecida no acordo de TRIPS de 1995 em geral. 
 
Como as Indicações Geográficas e Denominações de Origem são protegidas no 
exterior? 
 Atualmente, existe no mundo uma diversidade de definições e nomenclaturas 
relacionadas ao conceito de Indicações Geográficas que variam de país para país. Na 
definição da Comunidade Europeia, por exemplo, a “Denominação de Origem Protegida” 
equivale à “Apelação de Origem” na França. A Comunidade Europeia ainda possui os 
termos “Indicação geográfica protegida (IGP)” e “Indicação geográfica para bebidas 
espirituosas e vinhos aromatizados (IG)”. 
 Embora alguns países como França e Portugal estejam protegendo como 
Indicações Geográficas produtos não agroalimentares, na Comunidade Europeia apenas 
produtos agrícolas, alimentícios, vinhos e bebidas espirituosas com Indicação Geográfica 
protegida no país de origem podem buscar proteção. 
 
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7 
 A Comunidade Europeia prevê também a proteção de Indicações Geográficas de 
países terceiros através de procedimentos específicos estabelecidos no Regulamento CE 
nº 1151/2012, relativo aos regimes de qualidade dos produtos agrícolas e alimentícios e 
nos Regulamentos CE nº 1234/2007 e 607/2009 para bebidas espirituosas, vinhos 
aromatizados e produtos vitivinícolas. 
“(13) A proteção mediante um registro conferida pelo presente 
regulamento deverá estar aberta às indicações geográficas de 
países terceiros sempre que estas estejam protegidas no seu 
país de origem.” 
 
Na legislação internacional, em geral, Indicações Geográficas são indicações que 
identificam produtos ou serviços em razão de sua origem geográfica, e que incorporam 
atributos como reputação e fatores naturais e humanos, proporcionando produtos ou 
serviços com características próprias. 
 
 Já a Indicação de Procedência pode significar, em algumas definições, qualquer 
expressão ou sinal distintivo utilizado indicando que um produto ou serviço é originário de 
um país, uma região, um lugar específico. Como será visto posteriormente, no Brasil a 
Indicação de Procedência é interpretada de forma diferente. Um exemplo do 
entendimento internacional seria: 
Exemplo: Fabricado no Japão (Made in Japan). 
 Por sua vez, a Denominação de Origem especifica que o produto em questão tem 
certas qualidades ou características que se devem exclusiva ou essencialmente ao meio 
geográfico. A ideia latente é que certos produtos devem suas qualidades especiais ao 
meio de onde provieram, ou seja, são os que têm ligações mais fortes com o local em que 
são fabricados. Isso é muito comum no caso de produtos agrícolas, como o queijo 
Roquefort. Os produtores de Roquefort afirmam que o gosto desse queijo provém de sua 
maturação nas caves da região de Roquefort. E somente porque é maturado nesse local 
especial ele finalmente adquire o sabor característico pelo qual é famoso. Outro exemplo 
famoso e a denominação de Origem Champagne, nome da região francesa que produz 
vinhos espumantes. 
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2022© OMPI/INPI 
 
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Cabe ressaltar que a maioria das denominações de origem existentes faz evocação do 
produto atrelado ao nome do local ou termos designativos de sua origem. 
 
Exemplos: Região dos Vinhos Verdes, Queijo Roquefort, Scotch Whisky. 
 
Nesse cenário, o termo Indicação Geográfica era utilizado, antes do TRIPS, em 
negociações internacionais para designar tanto Indicação de Procedência quanto 
Denominação de Origem. Hoje, conforme mencionado, o significado atualmente aceito de 
Indicação Geográfica está no artigo 22.1 do TRIPS. 
 
Segmento de áudio no 1: 
 
Agora que você já sabe as definições de Denominações de Origem e de Indicações 
Geográficas, você poderia falar sobre os sistemas internacionais de proteção? 
Dentre os vários sistemas, a CUP estabelece que os países membros devem criar 
condições para a repressão às falsas indicações de procedência. O Acordo de Madrid 
reforça essa necessidade. O Acordo de Lisboa após o Ato de Genebra define e cria 
formas de proteção para as Denominações de Origem e as Indicações Geográficas. 
TRIPS estabelece as condições mínimas de proteção da propriedade intelectual 
aplicada ao comércio criando a definição estrita do conceito de Indicação Geográfica. 
 
Outras formas de proteção das Indicações Geográficas no exterior: Marcas 
Coletivas e Marcas de Certificação 
Ao contrário das Marcas e das Patentes, as Indicações Geográficas podem ser 
protegidas por legislação sui generis, decretos, ou por registro próprio. O Acordo TRIPS 
determinou requisitos mínimos de proteção e ficou a critério do país determinar o tipo de 
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2022© OMPI/INPI 
 
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proteção mais adequado para internalizar os acordos internacionais ao seu ordenamento 
próprio. Por isso em diversos países as Indicações Geográficas são protegidas por 
legislação sui generis ou decretos. Em alguns países as Indicações Geográficas podem 
ser protegidas apenas pelo registro de Marcas Coletivas ou Marcas de Certificação. Esse 
é o caso dos Estados Unidos da América (EUA) e da Coréia do Sul, entre outros. 
As Marcas Coletivas, ao contrário das marcas de produtos ou serviços, pertencem a 
um grupo de comerciantes ou produtores congregados em uma determinada entidade 
coletiva. Elas visam identificar os produtos ou serviços provenientes dos membros dessa 
determinadaentidade coletiva. As Marcas de Certificação, por outro lado, atestam a 
conformidade de produtos ou serviços a determinadas normas ou especificações 
técnicas. 
Já em alguns países como a França e a Itália em casos específicos é possível 
registrar como Marca Coletiva ou Marca de Certificação nomes protegidos como 
Indicação Geográfica. Na Georgia é possível registrar Indicação Geográfica apenas como 
Marca Coletiva, já que o país não possui Marca de Certificação. 
Um exemplo desse tipo de proteção conjunta entre marca e Indicação Geográfica é 
o sinal distintivo do carneiro vermelho da Denominação de Origem “Roquefort”. Ele é uma 
marca coletiva registrada da Confederation Generale des Producteurs de Lait de Brebis et 
des Industriels de Roquefort, no Institut National de la Propriété Industrielle (INPI francês). 
Já a Apelação de Origem Controlada Roquefort foi definida pela Lei de 26/07/1925 e 
depois por Decreto em 1979 na França. A base de proteção do produto Roquefort em 
1996, no âmbito da Comunidade Europeia foi estabelecida pelo Institut National de 
l’Origine et de la Qualité (INAO) que é o responsável, na França, pela demanda de 
reconhecimento de identificação de origem e de qualidade de produtos agroalimentares. 
As marcas e os demais produtos não agroalimentares são registrados no INPI francês. 
Vejamos o exemplo da Denominação de Origem protegida na Comunidade Europeia 
em 1996, White Stilton Cheese. A The Stilton Cheese Makers Association, que é também 
o organismo de controle da Denominação de Origem protegeu no INPI do Reino Unido as 
duas Marcas de Certificação abaixo discriminadas (Figuras 02 e 03): 
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10 
 
 Figuras 02 e 03 – Marcas de Certificação registradas no exterior. 
 
 
Outra possibilidade consiste em apoiar-se na lei contra a concorrência desleal, ou na 
noção do ilícito do passing off, ou seja, fazer produtos ou serviços se ‘passarem por’ 
outros, que basicamente preveem práticas comerciais desleais que não devem ser 
usadas. O uso de Indicação Geográfica para um produto ou serviço que não é de fato 
proveniente da área geográfica indicada é um exemplo da prática da concorrência 
desleal. Se a parte lesada quiser buscar proteção contra o ato ilícito, não é necessária 
nenhuma formalidade, como o registro de promulgação de uma decisão administrativa; a 
parte pode recorrer diretamente aos tribunais. 
 
INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS NO BRASIL 
 
O Brasil protege suas Indicações Geográficas por meio da Lei 9.279 de 14 de maio 
de 1996, Lei da Propriedade Industrial (LPI), que regula direitos e obrigações relativos à 
propriedade industrial e dispõe sobre as Indicações Geográficas em seu Título IV. 
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), órgão federal subordinado ao 
Ministério da Economia é a entidade governamental responsável pelo registro das 
Indicações Geográficas. Nos termos do art. 182 da LPI, o INPI é o responsável por 
estabelecer as condições de registro no país. Visando cumprir tal determinação a 
autarquia publicou em 2018 a Instrução Normativa INPI nº 95/2018 e em 2020 a Portaria 
INPI/PR nº 415 que estabeleceu a primeira edição do Manual de IG produzido pelo INPI. 
Em 2022, a Portaria INPI/PR n° 04 consolidou ambas as diretrizes reunindo ainda outros 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
2022© OMPI/INPI 
 
11 
atos normativos sobre as Indicações Geográficas em um único diploma legal1. A Portaria 
INPI/PR n° 04/2022 é o instrumento legal normativo vigente que estabelece as condições 
de registro para as Indicações Geográficas. 
No Brasil, a Indicação Geográfica é considerada de natureza declaratória, isto é, o 
direito é preexistente à concessão do registro. Entretanto, para ser formalizada e ser 
reconhecida pelo INPI, é necessário haver uma solicitação de reconhecimento do nome 
geográfico associado a determinado produto ou serviço. 
O Art. 176 da LPI divide as IGs em duas espécies: Indicação de Procedência e 
Denominação de Origem. 
Conforme o Art. 177 e 178 da LPI: 
 Art. 177. Considera-se Indicação de Procedência o nome geográfico de país, 
cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido 
como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou 
de prestação de determinado serviço. 
 Art. 178. Considera-se Denominação de Origem o nome geográfico de 
país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou 
serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou 
essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. 
 
 O registro de uma Indicação de Procedência é feito após a comprovação através 
de documentos de que o nome geográfico que se deseja proteger se tornou conhecido 
como centro de extração, produção ou fabricação do produto ou de prestação do serviço. 
Na legislação brasileira, a Indicação de Procedência significa mais do que 
simplesmente uma indicação de que o produto ou serviço originou de uma determinada 
localidade. É necessário que o nome geográfico ou o gentílico2 de tal localidade tenha se 
tornado conhecido como pólo de extração, produção, fabricação de determinado produto 
ou a prestação de um serviço específico devido à determinada característica. Ou seja, é 
 
1
O Manual de IG encontra-se disponível no Portal do INI em https://manualdeig.inpi.gov.br/projects/manual-
de-indicacoes-geograficas/wiki 
2
 A previsão de proteção aos gentílicos encontra-se normatizada da Portaria INPI/PR n°04/2022. 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
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preciso que a região tenha algum histórico com relação à produção de determinado 
produto ou prestação de determinado serviço. 
Ao se tratar de pedido de registro de uma Denominação de Origem, devem ser 
apresentados documentos que comprovem que as características distintivas do produto 
ou serviço estão intimamente relacionadas à sua região geográfica de origem. Não há 
necessidade de comprovar que o local possui reputação e sim que o nome geográfico a 
ser protegido possui fatores ambientais e humanos que influenciam diretamente na 
qualidade ou característica de determinado produto ou serviço. Ou seja, é necessário 
estar explícito que os fatores naturais da região, tais como a composição do solo, altitude, 
temperatura e umidade do ar, entre outros, em conjunto com a intervenção humana 
relacionada a métodos de cultivo, manejo, fabricação e armazenamento, por exemplo, 
afetam o produto ou serviço de maneira a conferir forte tipicidade. 
 
 
QAA 1: Diferencie o que é uma Indicação de Procedência do que é uma 
Denominação de Origem, de acordo com a legislação brasileira. 
 
Resposta QAA 1: 
É só recordar o que estudamos. Pela Lei brasileira (Lei 9.279/96 de 14 de maio 
de 1996, a LPI), é considerada Indicação Geográfica, a Indicação de Procedência ou 
a Denominação de Origem. Indicação de Procedência é o nome geográfico, de um 
país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tornou conhecido como 
centro de produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de 
determinado serviço. Denominação de Origem é o nome geográfico de país, 
cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas 
qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio 
geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. 
 
 
 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
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13 
O Art. 180 da LPI estabelece que, quando o nome geográfico tiver se tornado de uso 
comum, designando produto ou serviço, ele não será considerado Indicação Geográfica. 
Isso porque há percepção do público em relação ao nome geográfico como tipo, como 
uma espécie do produto,e não mais à região de proveniência de tal produto. 
 
Por exemplo, no Brasil há um queijo chamado ‘queijo minas’. Ele é produzido em 
todo o país e vendido no varejo como queijo com determinadas características de 
composição técnica. E, embora ‘Minas’ evoque “Minas Gerais”, ou seja, o nome 
geográfico de um estado brasileiro que tem como tradição a fabricação de queijos, ele se 
tornou de uso comum, designando o próprio produto em si. Nesse caso o nome 
geográfico “minas” ao ser percebido pelo público como tipo de produto não pode ser 
protegido como Indicação Geográfica, pois perdeu a relação direta com a sua região de 
origem. Já os nomes geográficos do estado de Minas Gerais “Serro” e “Canastra” podem 
ser protegidos. E, de fato, essas são duas Indicações de Procedências reconhecidas para 
queijo artesanal. 
Entretanto, não se pode admitir qualquer falsa referência de origem, como ‘queijo de 
Minas Gerais’ ou ‘produto do estado de Minas Gerais’. A referência para se fixar o que é 
ou não genérico3 depende basicamente do ambiente legislativo de cada país e da 
percepção da sociedade em relação ao uso do termo, ou seja, se ele evoca a região ou 
se ele remete ao tipo de produto ou serviço. 
O Art. 182 da citada norma estabelece que o uso da Indicação Geográfica é restrito 
aos produtores e prestadores de serviço estabelecidos no local, exigindo-se, ainda, em 
relação às Denominações de Origem, o atendimento de requisitos de qualidade. Essa 
disposição foi complementada no artigo 15 da Portaria/INPI/PR Nº 04/2022 que estipula 
que todos os produtores ou prestadores de serviço da região delimitada, que sigam as 
condições presentes no Caderno de Especificações Técnicas e que submetam ao 
controle estipulado na Indicação Geográfica podem utilizar a indicação. 
 
3Cabe ressaltar que o Acordo de Madrid, vigente no Brasil em função do Decreto 19.056 de 31/12/29 , em 
seu art. 4º, não permite que seus membros signatários considerem genéricas “as denominações regionais 
de proveniência dos produtos vinícolas”. Disponível em https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-
1929/decreto-19056-31-dezembro-1929-561043-norma-pe.html 
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14 
Aqueles que utilizarem a IG sem serem legítimos para tal são considerados 
infratores e estarão sujeitos às penalidades previstas na LPI, conforme estabelecidas nos 
Art. 192 e Art. 193, referentes aos crimes contra as Indicações Geográficas. 
A Portaria/INPI/PR Nº 04/2022 em seu art. 14 estipula que são legalmente 
autorizados a solicitar o registro no INPI os produtores ou prestadores de serviço 
estabelecidos na área delimitada através de uma entidade representativa da coletividade 
local, tal como uma associação, consórcio ou sindicato, entre outros. 
Há exceção prevista em seu parágrafo 3° exclusivamente no caso de haver um 
único produtor ou prestador de serviço, seja ele, pessoa física ou jurídica, estabelecido na 
área delimitada. 
Alguns dos elementos importantes que devem ser apresentados para fins do 
reconhecimento da Indicação Geográfica para ambas as espécies são: 
 documento que comprove a legitimidade do solicitante; 
 nome geográfico e a descrição do produto; 
 delimitação da área geográfica, para garantir o uso devido do sinal distintivo da 
Indicação Geográfica pelos produtores ou prestadores de serviço localizados nesta 
área delimitada; 
 Caderno de Especificações Técnicas4, onde deverão estar estabelecidas as regras 
de produção, disciplina e sanções ao não cumprimento das ditas regras; 
 estrutura de controle, que vai garantir a observância ao estabelecido no Caderno 
de Especificações Técnicas; 
 comprovação de que os produtores ou prestadores de serviço estão estabelecidos 
na área geográfica delimitada e exercendo efetivamente suas atividades. 
Mais detalhes sobre os documentos obrigatórios serão apresentados em tópico 
específico. 
 
4
Até a entrada em vigor da IN 095/2018, o Caderno de Especificações Técnicas era denominado 
Regulamento de Uso. 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
2022© OMPI/INPI 
 
15 
 
A possibilidade de solicitar alterações após o registro da IG também foi uma 
importante novidade apresentada na IN 095/2018 e mantida na Portaria/INPI/PR Nº 
04/2022. São passíveis de alteração, após o registro: 
 
1. o nome geográfico e sua representação gráfica ou figurativa; 
2. a delimitação da área geográfica; 
3. o Caderno de Especificações Técnicas e 
4. a espécie da IG, isto é, de IP para DO ou vice-versa. 
 
Cabe ressaltar que o pedido de alteração passará pelos exames preliminar e de 
mérito, isso porque não é permitido modificar substancialmente o registro original. Ou 
seja, as alterações não podem descaracterizar a IG inicialmente registrada. 
 
A figura 04 abaixo contem as principais características das indicações geográficas 
brasileiras conforme a espécie: 
 
Figura 04: Diagrama com as principais características das Indicações Geográficas (IG) brasileiras conforme 
a espécie: 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
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16 
DO: Denominação de Origem, IP: Indicação de Procedência, CET: Caderno de especificações Técnicas. 
 
 
 
 
 
Qual a diferença entre Indicação Geográfica e Marca no Brasil? 
 
No âmbito da legislação brasileira, Indicação Geográfica é definida como Indicação 
de Procedência e a Denominação de Origem. A marca, por sua vez, é um sinal distintivo 
utilizado por uma pessoa física ou jurídica, cuja principal função é distinguir produtos ou 
serviços uns dos outros. Ou seja, a marca distingue os produtos ou serviços de quem a 
possui de seus concorrentes. A Indicação Geográfica, apesar de também ser um sinal 
distintivo, capaz de distinguir produtos e serviços, tem como função principal identificar a 
origem geográfica de determinados produtos ou serviços. Portanto, as funções da 
Indicação Geográfica e da marca são diferentes. Como os requisitos de registro de cada 
sinal também são bastante diferentes, não é possível comparar marcas e indicações 
geográficas. Tampouco se pode considerar que uma tenha mais importância do que a 
outra, pois uma pode ser mais adequada a determinados contextos e a outros não. 
Outra diferença importante entre os sinais no Brasil é que todos os produtores ou 
prestadores de serviço da região delimitada, que sigam as condições presentes no 
Caderno de Especificações Técnicas e que submetam ao controle estipulado na 
Indicação Geográfica podem utilizá-la. Já nas marcas individuais, somente o titular da 
marca ou aquele a quem ele a licencie pode utilizar. Uma exceção é o caso das marcas 
coletivas, onde o licenciamento e a venda não são permitidos e o uso deve ser feito pelos 
membros associados ao titular do pedido. 
Vamos usar como exemplo de uso conjunto de marcas e indicações geográficas o 
caso da primeira Indicação Geográfica brasileira registrada: “Vale dos Vinhedos”. 
Os produtores de vinhos brancos, tintos e espumantes da área geográfica 
demarcada “Vale dos Vinhedos”, que sigam as condições presentes no Caderno de 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
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17 
Especificações Técnicas e que submetam ao controle estipulado na Indicação Geográfica 
poderiam apor nos rótulos de seus produtos o sinal distintivo da Indicação de Procedência 
registrada no INPI. 
 
Em 2005 a Associação de Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos – 
APROVALE solicitou o reconhecimento como Denominação de Origem Protegida no 
Comitê de Gestão do Vinho da União Europeia. Em 2007 o reconhecimento aconteceu 
em conjunto com Napa Valley, dos Estados Unidos. Como foram as primeiras Indicações 
Geográficas reconhecidas para vinhos oriundas de países externos a ComunidadeEuropeia, foi um significante marco histórico. 
Em 2010, a mesma substituta processual do pedido de Indicação de Procedência, a 
APROVALE, entrou no INPI com o pedido IG201008 dessa vez para Denominação de 
Origem “Vale dos Vinhedos” para assinalar vinho e espumantes. Esse pedido não tinha 
representação figurativa (figura) e possuía delimitação um pouco diferente da Indicação 
de Procedência. O reconhecimento da Denominação de Origem aconteceu em 2012, isso 
porque naquela época não era possível solicitar a alteração da espécie de registro, isto é, 
alterar de Indicação de Procedência para Denominação de Origem. 
Como mencionado antes, nesse caso, somente as vinícolas presentes na região 
delimitada, que sigam as condições presentes no Caderno de Especificações Técnicas e 
que submetam ao controle estipulado na Indicação Geográfica podem utilizar a Indicação 
Geográfica. No entanto, cada vinícola que possua sua marca individual, também pode 
colocar sua marca na garrafa. Desta forma é possível haver um uso conjunto de ambos 
os sinais, onde um indica a origem geográfica (a Indicação Geográfica) e o outro (marca 
individual) diferencia a produção dos demais produtores da mesma região. Nas figuras 05 
e 06 podemos ver o exemplo na garrafa de vinho da Vinícola Dom Cândido contendo a 
Denominação de Origem “Vale dos Vinhedos” e a marca individual da vinícola 
“Documento”. 
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18 
 
Figuras 05 e 06: Garrafa de vinho contendo a Denominação de Origem Vale dos Vinhedos e a marca 
individual da vinícola Dom Cândido. 
Fonte: Site da Vinícola Dom Cândido – acesso em 11 de fev. de 2021. 
 
O Art. 181 da LPI brasileira estabelece que o nome geográfico que não constitua 
Indicação de Procedência ou Denominação de Origem poderá servir de elemento 
característico de marca para produto ou serviço, desde que não induza falsa procedência. 
Assim sendo não se pode admitir como marca qualquer falsa referência de origem, como 
‘queijo de Minas Gerais’ ou ‘produto do estado de Minas Gerais’ para produto produzido 
em outra localidade. Tal proibição encontra-se expressa no inciso X do art. 124 da LPI. 
Por sua vez, um nome geográfico, que não designe uma região com reputação por 
fabricar determinado produto ou prestar determinado serviço ou com características de 
origem geográfica que afetam um produto, pode ser objeto de marca. 
Importante ainda ressaltar que não há previsão legal de que o registro anterior de uma 
marca impeça o registro de uma Indicação Geográfica para o mesmo nome e mesmo 
produto. Porém, há previsão no inciso IX do art. 124 da LPI que uma Indicação 
Geográfica pode impedir o registro de uma marca com o mesmo nome geográfico para o 
mesmo produto. 
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19 
 
QAA 2: Enumere duas Indicações Geográficas já registradas em seu país. 
Resposta QAA 2: 
Espero que você tenha encontrado alguma. Se não conseguiu, tente pensar qual foi 
o motivo para isso. Será que as Indicações Geográficas ainda não são muito conhecidas 
no seu país? Será que ainda não há noção do potencial de valorização que as indicações 
podem agregar? 
E indicações geográficas estrangeiras? Você conhece? 
‘Champagne’, ‘Cognac’, ‘Roquefort’, ‘Chianti’, ‘Porto’, ‘Havana’ e ‘Tequila’ são alguns 
exemplos bem conhecidos para nomes que são associados, em todo o mundo, com 
produtos que possuem qualidade vinculada à determinada área geográfica. 
No Brasil, a primeira Indicação Geográfica reconhecida foi a Indicação de 
Procedência “Vale dos Vinhedos”. O registro aconteceu em 2002 e o nome geográfico 
“Vale dos Vinhedos” se destinava a assinalar vinhos tintos, brancos e espumantes. 
Podemos citar como outra Indicação Geográfica brasileira a primeira Denominação 
de Origem reconhecida que aconteceu no ano de 2010, “Litoral Norte Gaúcho”, para o 
produto arroz. 
Ambas as Indicações Geográficas são do estado do Rio Grande do Sul. 
A lista de indicações geográficas registradas assim como os pedidos em exame se 
encontra disponibilizada no Portal do INPI5. 
 
 
 
 
 
5
 Listagem das Indicações Geográficas está disponível em https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/indicacoes-
geograficas/pedidos-de-indicacao-geografica-no-brasil 
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20 
O QUE O PEDIDO PARA REGISTRO NO BRASIL DEVE CONTER 
 
A Portaria INPI PR n° 04 de 12/01/2022, já mencionada, estabelece os procedimentos 
para o registro das Indicações Geográficas no INPI, em atendimento ao parágrafo único 
do Art. 182 da LPI. 
Vejamos alguns aspectos principais estabelecidos pela Portaria relacionados à 
documentação que um pedido de registro no INPI deve conter: 
• o pedido de registro de Indicação Geográfica deve referir-se a um único nome 
geográfico, que poderá ser um nome oficial ou tradicional do lugar e poderá ser 
acompanhado do nome do produto ou serviço. Podem ser protegidos também os nomes 
gentílicos; 
• a necessidade de haver a descrição do produto ou serviço atrelado a Indicação 
Geográfica protegida; 
• as características do produto ou serviço contendo informações sobre elementos 
específicos habitualmente utilizados para descrever o tipo do produto, como as físicas: 
forma, cor, peso, etc.; químicas: conteúdo mínimo de gordura, de água, etc.; 
microbiológicas: tipo de bactérias presentes; biológicas: raça, espécies; organolépticas: 
cor, gosto, sabor, odor, etc. Importante também indicar como o produto vai ser 
apresentado: fresco, inteiro, processado, cortado, fatiado, ralado, embalado, etc. E como 
o serviço será prestado; 
• a obrigação da apresentação de Caderno de Especificações Técnicas (CET). Esse 
é o instrumento onde os produtores ou prestadores de serviço devem estabelecer as 
condições de fabricação do produto ou da prestação dos serviços, assim como a 
disciplina a ser adotada. No caso específico de produtos recomenda-se que o CET inclua 
medidas para garantir a origem, de modo a permitir a rastreabilidade do mesmo ou da 
matéria-prima (o caminho percorrido desde a área de produção ou origem da matéria-
prima até o destino final), se for o caso, e de outros elementos obrigatoriamente 
provenientes da área geográfica delimitada; 
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21 
• a obrigação da apresentação de instrumento oficial expedido por órgão 
competente, ou seja, ministérios, secretarias ou ainda órgão técnico enquadrado no 
âmbito de uma Secretaria Estadual afim ao produto ou serviço distinguido pelo nome 
geográfico. Ele deve informar os limites geográficos da área que se tornou conhecida, no 
caso da IP, ou os limites nos quais estão presentes os fatores naturais e humanos que 
influenciam o produto ou serviço, no caso da DO. Ele delimita a área geográfica em que 
devem estar estabelecidos os produtores ou prestadores de serviço que utilizarão a IG. A 
delimitação deverá ser realizada de forma pormenorizada, precisa e inequívoca; 
• Para pedidos da espécie Indicações de Procedência é obrigatório apresentar 
elementos que comprovem ter o nome geográfico se tornado conhecido como centro de 
extração, produção ou fabricação do produto ou de prestação do serviço. Tais elementos 
devem explicitar a história e a reputação adquirida, visando demonstrar como o local se 
tornou conhecido; 
• Para as Denominações de Origem é obrigatório apresentar a descrição das 
qualidades e características do produto ou do serviço que se devam, exclusiva ou 
essencialmente ao meio geográfico, incluindo os fatores naturais e humanos. Tais 
documentos devem comprovar a influência do meio geográfico nas qualidades ou 
características do produto ou serviço, isto é, a relação de causa e efeito existente entre o 
meio geográfico e essasqualidades ou características que distinguem o produto ou 
serviço assinalado pela IG. 
 
 
 
 
 
 
 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
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22 
 O Manual de IG apresenta o seguinte exemplo ilustrativo: 
 
• A descrição do processo ou método de obtenção do produto ou prestação do 
serviço, que deve ser local, leal e constante, visando garantir a tipicidade do produto ou 
do serviço; 
• elementos que comprovem a existência de uma estrutura de controle sobre os 
produtores ou prestadores de serviços. Tal controle visa garantir a origem e o 
atendimento às regras estabelecidas no CET. 
 
 
 
 
 
 
Um item específico difere nos requisitos obrigatórios para os pedidos de registro de IG conforme a 
espécie requerida: 
1. Pedidos de reconhecimento de IP precisam apresentar documentação tais como livros, 
trabalhos acadêmicos, publicações de reportagens, entre outros que comprove que o nome 
geográfico se tornou conhecido como centro de extração, produção ou fabricação do produto ou 
de prestação de serviço. 
2. Pedidos de registro de DO precisam apresentar documentação que descreva a influência 
do meio geográfico, incluindo os fatores naturais e humanos; as qualidades ou características do 
produto ou serviço; e ainda o nexo causal existente entre o meio geográfico e as qualidades ou 
características do produto ou serviço. É dispensável comprovar a reputação do local. 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
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23 
 
Mais detalhes podem ser obtidos no Manual de IG produzido pelo INPI. Disponível no 
Portal do INPI6 o Manual é uma importante fonte de consulta, tendo em vista a extensa 
quantidade de informações que traz sobre o tema. 
 
Abrangência da Proteção 
A proteção conferida após o registro no INPI é em âmbito nacional. A maneira de 
estender essa proteção em escala internacional variará de acordo com a legislação 
nacional aplicável no país de interesse, tendo em vista que existem diversas maneiras de 
estender essa proteção em escala internacional. 
 
Segmento de áudio no 2 
 
Então vamos voltar para o exemplo original do Champagne, essa seria uma 
Denominação de Origem ou uma Indicação Geográfica no Brasil? 
Ambas. Tenha em mente que no Brasil Indicação Geográfica é o termo mais amplo 
que abrange tanto as Denominações de Origem quanto as Indicações de 
Procedência. Portanto, todas as Denominações de Origem são Indicações 
Geográficas, mas nem todas as Indicações Geográficas são Denominações de 
Origem. 
Desta forma, no Brasil, Champagne é uma Indicação Geográfica na espécie 
Denominação de Origem. 
 
 
 
6
 Disponível em https://manualdeig.inpi.gov.br/projects/manual-de-indicacoes-geograficas/wiki 
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24 
 
INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS BRASILEIRAS REGISTRADAS 
 
O Brasil, até janeiro de 2022 contava com 88 Indicações Geográficas nacionais 
reconhecidas, sendo 68 Indicações de Procedência7 e 20 denominações de origem. 
Entre as 68 Indicações de Procedência registradas até janeiro de 2022 constavam 
43 registros para produtos agroalimentares, excetuando vinhos e destilados que 
possuíam 08 registros e 17 registros para produtos não-alimentares, incluindo entre eles 
“Paraíba”, para têxteis de algodão natural colorido. 
“Porto Digital”, para serviços de Tecnologia de Informação e comunicação através 
de desenvolvimento, manutenção e suporte, registrada em 2012 segue sendo a única 
Indicação Geográfica para serviços, concedida no Brasil até hoje. Em 2021 foi depositado 
um novo pedido para o novo geográfico “Litoral do Paraná” como IP para o Serviço 
gastronômico do barreado. O pedido ainda se encontra em exame8. 
O Art. 179 da LPI estabelece que a proteção estender-se-á à representação gráfica 
ou figurativa da Indicação Geográfica, bem como à representação geográfica de país, 
cidade, região ou localidade de seu território, cujo nome seja Indicação Geográfica. Assim 
sendo, a representação gráfica registrada também é protegida. Exemplos de IPs 
brasileiras com a respectiva representação gráfica (Figura 07): 
 
 
7
Listagem das Indicações Geográficas está disponível em https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/indicacoes-
geograficas/pedidos-de-indicacao-geografica-no-brasil 
8
 O nome geográfico “Litoral do Paraná” já havia sido pedido para o mesmo serviço em 2015, no entanto o 
pedido não foi concedido por não cumprir os requisitos obrigatórios para tal. 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
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25 
 
 
 
Figura 07: Algumas das Indicações de Procedências brasileiras registradas. 
 
Até janeiro de 2022, o Brasil possuía 20 Denominações de Origem nacionais 
reconhecidas: A primeira Denominação de Origem brasileira reconhecida foi o “Litoral 
Norte Gaúcho”, para o produto arroz em 2010. No caso da Denominação de Origem 
“Litoral Norte Gaúcho”, a comprovação da influência do meio geográfico nas 
características do produto explicitou como os fatores naturais, em especial o regime de 
ventos na região representa um importante fator que contribui para a melhor distribuição 
do calor, influenciando positivamente na estabilidade térmica da região, sobretudo na 
época da formação do grão de arroz, que se apresenta mais branco, com maior 
vitricidade e mais resistente à quebra, conferindo maior rendimento de grãos inteiros. 
Também foi descrito como os fatores humanos, ou seja, o saber fazer, influencia nas 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
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26 
qualidades ou características do produto. 
A segunda Denominação de Origem reconhecida foi Costa Negra”, no Ceará, para 
camarões, em seguida vieram “Região Pedra Madeira Rio de Janeiro”, “Região Pedra 
Carijó Rio de Janeiro” e “Região Pedra Cinza Rio de Janeiro”, em Santo Antônio de 
Pádua, Rio de Janeiro, para pedras decorativas. “Manguezais de Alagoas” para própolis 
vermelha concedida em 2012 foi a primeira Denominação de Origem envolvendo produto 
da biodiversidade brasileira. Ainda em 2012 a até então Indicação de Procedência “Vale 
dos Vinhedos”, foi reconhecida como DO para vinhos tinto, branco e espumante. O 
mesmo aconteceu com “Região do Cerrado Mineiro”, em Minas Gerais, para café recebeu 
a companhia da Denominação de Origem em 2013. Destaca-se que essa convivência era 
possível na época e atualmente não é mais. Por tanto esses serão os únicos casos 
brasileiros em tal situação. 
Em 2015 houve o registro de “Ortigueira”, no Paraná, para mel de abelha, em 2016 
“Região da Própolis Verde de Minas Gerais” para própolis verde. .Em 2018 tivemos a 
“Região de Corupá” em Santa Catarina, para banana. Em 2020 foi a vez de “Campos de 
Cima da Serra” também de Santa Catarina para Queijo Artesanal Serrano (Fig.08). 
 
 
 
 
 
 
 
 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
2022© OMPI/INPI 
 
27 
 
 
Figura 08: Denominações de origem brasileiras 
 
 
Ainda, em 2020, “Terra Indígena Andirá-Marau” no Amazonas foi reconhecida para 
Waraná (guaraná nativo) e pães de waraná (bastão de guaraná) se tornando a primeira 
IG para produtos indígenas no país (Fig. 09). 
 
Figura 09: Denominação de Origem “Terra Indígena Andirá-Marau”. 
 
 
Nesse mesmo ano de 2020 tivemos outro fato importante: a Indicação de 
Procedência “Região da Serra da Mantiqueira de Minas Gerais”, teve seu registro de 2011 
alterado para DO. O registro sofreu todas as quatro alterações previstas na IN 095/2018, 
a norma em vigor na época do exame: a redução do nome geográfico de ”Região da 
Serra da Mantiqueirade Minas Gerais” para “Mantiqueira de Minas”, incluindo a 
adequação e alteração da representação gráfica, a alteração da área geográfica 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
2022© OMPI/INPI 
 
28 
delimitada ao ampliá-la, alterou o CET com discriminação melhor do produto e alteração 
de espécie, conforme anteriormente mencionado (Fig. 10 e 11). 
 
Figura 10 e 11: Indicação de Procedência “Região da Serra da Mantiqueira de Minas Gerais” e 
Denominação de Origem “Mantiqueira de Minas”. 
 
 
Em 2021, três registros foram concedidos, coincidentemente todos voltados para 
café: em fevereiro “Caparaó” para café da espécie Coffea arábica em grãos verde (café 
cru), industrializado na condição de torrado e/ou torrado e moído, em maio “Montanhas do 
Espírito Santo” e fechando as denominações brasileiras registradas até janeiro de 2022 
temos “Matas de Rondônia”. Essa DO possui um diferencial importante, já que o café em 
grão é da variedade robustas amazônicos, ou seja, cafés da espécie Coffea canephora. 
Até então, todas as DOs de café eram da espécie Coffea arábica (Figura 12). 
 
 
 
 
 
Figura 12: Denominações de Origem nacionais reconhecidas em 2021“. 
 
 
 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
2022© OMPI/INPI 
 
29 
 
QAA 3: De acordo com a legislação brasileira em vigor, assinale Verdadeiro (V) ou 
Falso (F): 
a) Maracujá verde pode ser considerado um exemplo de IG registrável no 
Brasil porque é um nome geográfico e não um produto. ( ) 
 b) O substituto processual é o titular do registro de Indicação Geográfica. ( ) 
c) O substituto processual é aquele que pode requerer o registro de IG agindo 
como intermediário entre o INPI e os produtores ou prestadores de serviço. ( ) 
d) Têm direito ao uso da Indicação Geográfica aqueles que estão 
estabelecidos no local delimitado, cumprem as obrigações de produção ou 
prestação de serviço estabelecidas no Caderno de Especificações Técnicas e 
se submetem ao controle estabelecido na IG. ( ) 
e) Segundo a Portaria/INPI/PR Nº 04/2022 um registro pode alterar a 
delimitação da área geográfica e do CET; alterar a espécie de Indicação 
Geográfica e o nome geográfico e sua representação gráfica ou figurativa, 
desde que não descaracteriza o registro original. ( ) 
f) Não existe possibilidade de solicitar alteração de qualquer item após o 
registro da IG. ( ) 
 
 
Resposta QAA 3: 
 
As alternativas a, b e f estão erradas porque: 
a) “Maracujá verde” não pode ser considerado um exemplo de IG registrável no 
Brasil porque somente nomes geográficos podem ser registrados como IG, e Maracujá 
verde é o nome de um produto. 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
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30 
b) O substituto processual não é o titular do registro de Indicação Geográfica, O 
substituto processual é aquele que pode requerer o registro de IG agindo como 
intermediário entre o INPI e os produtores ou prestadores de serviço. 
 f) Desde de 2018 um registro pode alterar a delimitação da área geográfica e do 
CET; alterar a espécie de Indicação Geográfica e o nome geográfico e sua representação 
gráfica ou figurativa. 
 
 
O CASO DA CACHAÇA DO BRASIL 
 
A cachaça, bebida típica e exclusiva da aguardente de cana, produzida no Brasil e 
obtida pela destilação do mosto fermentado da cana de açúcar, foi declarada como 
Indicação Geográfica brasileira pelo decreto presidencial Nº 4.062, de 21/12/20019, que 
definiu as expressões ‘cachaça’, ‘Brasil’ e ‘cachaça do Brasil’ como Indicações 
Geográficas brasileiras. 
O objetivo foi proteger o termo ‘cachaça’, principalmente nos países para onde é 
exportada, e tendo em vista que na LPI existe a obrigatoriedade de se proteger o nome 
geográfico da região, o que não se aplica para ‘cachaça’. 
O Decreto usa o entendimento do art. 22.1 do TRIPS onde não existe a mesma 
restrição de proteção a nomes geográficos da LPI e originou a Resolução da Câmara de 
Comércio Exterior (CAMEX) Nº 105 DE 31/10/201610 que aprovou o então regulamento 
de uso da Indicação Geográfica, de acordo com os critérios técnicos definidos pelo 
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (ministério ao qual o INPI 
pertencia à época) e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no âmbito 
de suas respectivas competências. As condições para o registro da IG Cachaça estão 
dispostas na Portaria/INPI/PR Nº 06/202211. 
 
9
Disponível em: http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=221550&norma=234196. 
10
Disponível em: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=330516 
11
Disponível em: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=426669 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
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31 
 
INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS ESTRANGEIRAS REGISTRADAS NO BRASIL 
Os estrangeiros interessados em proteger Indicações Geográficas no Brasil devem 
solicitar o registro no INPI obedecendo à legislação vigente. Observa-se ser necessário 
que haja registro primeiro no país de origem. 
Os documentos a serem apresentados pelo requerente estrangeiro poderão se 
diferenciar dos documentos a serem apresentados por requerente nacional, caso haja 
reciprocidade de tratamento entre o Brasil e o seu país de origem. 
De toda forma haverá exame por parte do INPI para verificar se o pedido de registro 
de Indicação Geográfica atende aos requisitos necessários para ser concedido. A lista de 
indicações geográficas estrangeiras registradas assim como os pedidos em exame se 
encontra disponibilizada no Portal do INPI12. Alguns exemplos de denominações de 
origem registradas no Brasil são Região dos Vinhos Verdes, para vinhos em 1999, 
localizada em Portugal; Cognac para destilado vínico ou aguardente de vinho em 2000, 
localidade da França, Franciacorta, região italiana para vinhos, vinhos espumantes e 
bebidas alcoólicas em 2003, Porto, em 2012 para vinho generoso (vinho licoroso) região 
portuguesa e Champagne, região francesa, registrada em 2012 para Vinhos espumantes, 
entre outros. Tais registros não possuem representação gráfica, sendo essa a prática 
mais comum em países europeus. 
 
12Listagem das Indicações Geográficas está disponível em https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/indicacoes-
geograficas/pedidos-de-indicacao-geografica-no-brasil 
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32 
O REGISTRO DAS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS BRASILEIRAS 
NO EXTERIOR 
 
Para os pedidos de Patentes e registros de Marcas existem procedimentos 
perfeitamente definidos. Mas a situação é completamente diferente para as Indicações 
Geográficas, em virtude da grande diversidade dos sistemas de proteção disponíveis 
como também das diferentes terminologias utilizadas. 
É possível obter a proteção em escala internacional 
De forma geral podem ser distinguidas três possibilidades de proteção em âmbito 
internacional: uma bilateral, uma multilateral e a busca pelo registro em cada um dos 
países que preveem proteção às indicações geográficas e que sejam de interesse do 
requerente. 
No contexto bilateral, um país celebra acordo com outro para a proteção mútua de 
suas Indicações Geográficas. A etapa seguinte é a troca das respectivas listas de 
Indicações Geográficas, e a proteção é então concedida na base da reciprocidade. Por 
exemplo, na suposição de que a França tenha concluído um acordo bilateral com a 
Espanha, ela enviaria sua lista de Indicações Geográficas para a Espanha, e esta lhe 
enviaria a sua. Após o que as Indicações Geográficas de cada país seriam protegidas por 
ambos. Esse sistema funciona desde que dois países celebrem um acordo, mas nem 
todos os países têm acordos bilaterais desse tipo. 
O Brasilnão tem acordos bilaterais firmados em matéria de Indicação Geográfica 
com outros países, e tampouco aderiu ao Acordo de Lisboa. O tratado de livre comércio 
entre Mercosul e União Europeia foi assinado em 2019, mas ainda depende do processo 
de ratificação para entrar em vigor. Assim sendo, para o registro de Indicações 
Geográficas brasileiras no exterior se faz necessária a verificação das condições de 
registros nos países ou blocos de interesse. 
 
 
 
DL 101P BR - MÓDULO 5 – INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS – (8V) 
2022© OMPI/INPI 
 
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RESUMO 
 
Indicações geográficas, em seu conceito mais amplo, são indicações que 
identificam produtos ou serviços em razão de sua origem geográfica, e que incorporam 
atributos como reputação e fatores naturais e humanos, proporcionando produtos ou 
serviços com características próprias, que traduzem a identidade e a cultura de um 
espaço geográfico. 
No plano internacional, o acordo TRIPS estabelece as condições mínimas de 
proteção a serem internalizadas pelos seus membros signatários. No caso específico do 
Acordo de Lisboa para Proteção das Denominações de Origem, as mesmas são 
protegidas por reciprocidade. O Brasil é signatário do primeiro, mas não do segundo. 
Na literatura internacional, o termo Indicação Geográfica é geralmente utilizado no 
seu sentido mais amplo para incorporar todos estes termos: Denominação de Origem, 
Indicação de Procedência e Indicação Geográfica em sentido estrito. 
As indicações geográficas podem ser protegidas nacionalmente por lei ou por meio 
de diferentes formas de registro. Cada país determina o tipo de proteção que considera 
mais adequado para a internalização dos acordos internacionais ao seu ordenamento 
próprio. Por isso as IGs podem ser protegidas até como marcas coletivas ou marcas de 
certificação em alguns países. 
No Brasil, as indicações geográficas são protegidas por meio de registro, com base 
na Lei 9.279/96 de 14 de maio de 1996, Lei da Propriedade Industrial – LPI e na Portaria 
INPI/PR n° 04/2022. 
A LPI estabelece que a Indicação Geográfica pode ser protegida através de duas 
espécies: Indicação de Procedência e Denominação de Origem. Na legislação brasileira, 
a Indicação de Procedência significa mais do que simplesmente uma indicação de que o 
produto ou serviço originou de uma determinada localidade. É necessário que tal 
localidade tenha se tornado conhecida como pólo de extração, produção, fabricação de 
determinado produto ou a prestação de um serviço específico devido à determinada 
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2022© OMPI/INPI 
 
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característica. Ou seja, é preciso que a região tenha algum histórico com relação à 
produção de determinado produto ou serviço. Já a Denominação de Origem requer um 
nome geográfico ou gentílico que designe meio geográfico, incluindo fatores humanos, 
que influencie diretamente na qualidade ou característica de determinado produto ou 
serviço. 
A legislação brasileira permite o registro de Indicação Geográfica para produtos 
agrícolas ou não agrícolas, o que permite incluir produtos de artesanato, por exemplo, e 
também serviços. Tais registros são sempre realizados com base na comprovação do 
atendimento aos requisitos obrigatórios a cada espécie de Indicação Geográfica. 
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2022© OMPI/INPI 
 
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Textos Legislativos 
Acordo de Madri sobre Repressão de Indicações de Proveniências Falsas ou 
Falaciosas sobre Produtos (1891) 
Acordo de Lisboa para a Proteção de Denominações de Origem e seu Registro 
Internacional (1966) 
Ato de Genebra do Acordo de Lisboa Relativo às Denominações de Origem e às 
Indicações Geográficas (2015) 
Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao 
Comércio (Acordo ADPIC ou Acordo TRIPS) (1994) 
Convenção de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial (1883) – Última revisão 
em Estocolmo, em 1992. 
Decreto Nº 19.056, de 31 de dezembro de 1929 - Promulga três atos sobre 
propriedade industrial, revistos na Haia em novembro de 1925. 
Decreto Nº 4.062, de 21 de dezembro de 2001 - Define as expressões "cachaça", 
"Brasil" e "Cachaça do Brasil" como indicações geográficas e dá outras providências. 
Normas que regem os procedimentos para o registro de Indicações Geográficas 
junto ao INPI: 
Lei Federal n.º 9.279, de 14 de maio de 1996. (Regula direitos e obrigações relativos à 
propriedade industrial). 
Portaria INPI/PR n° 04 de 12 de janeiro de 2022 - Estabelece as condições para o 
registro das Indicações Geográficas, dispõe sobre a recepção e o processamento de 
pedidos e petições e sobre o Manual de Indicações Geográficas. 
Portaria INPI/PR Nº 06 DE 12 de janeiro de 2022 - estabelece as condições para o 
registro da Indicação Geográfica Cachaça.

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