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Monografia - Ocimar dos Santos Souto Junior - Oficial

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA – UVA/ILUMINO 
LICENCIATURA EM HISTÓRIA 
 
 
 
 
 
 
OCIMAR DOS SANTOS SOUTO JUNIOR 
 
 
 
 
 
 
 
O DESTINO MANIFESTO COMO FALA COMUM NOS DISCURSOS DE GEORGE 
W. BUSH E BARACK OBAMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO – RJ 
2017.2 
 
 
OCIMAR DOS SANTOS SOUTO JUNIOR 
 
 
 
 
 
 
 
O DESTINO MANIFESTO COMO FALA COMUM NOS DISCURSOS DE GEORGE 
W. BUSH E BARACK OBAMA 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada como requisito 
parcial de Trabalho de Conclusão de 
Curso. Graduação em História pela 
Universidade Veiga de Almeida. 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: Prof.ª Dr. ª Verônica Moreira dos Santos Pires 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO – RJ 
2017.2 
 
 
OCIMAR DOS SANTOS SOUTO JUNIOR 
 
 
O DESTINO MANIFESTO COMO FALA COMUM NOS DISCURSOS DE GEORGE 
W. BUSH E BARACK OBAMA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Universidade Veiga de 
Almeida como parte dos requisitos 
necessários para a aprovação no Curso de 
História. 
 
 
 
Data de aprovação: de de 2017. 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
Prof.ª Dr. ª Verônica Moreira do Santos Pires – (Orientadora) 
Universidade Veiga de Almeida 
 
 
 
(Professor membro da banca examinadora) 
Universidade Veiga de Almeida 
 
 
 
(Professor membro da banca examinadora) 
Universidade Veiga de Almeida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais Ocimar dos Santos Souto e 
Mirian Jugnático da Rocha Souto, que sempre financiaram e 
apoiaram os meus estudos, projetos e sonhos, mesmo com as 
adversidades financeiras. À toda minha família. E à minha 
orientadora Verônica Pires, por acreditar na minha competência 
e me orientar brilhantemente. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Gostaria de agradecer primeiramente à Deus, pela oportunidade da graduação 
e todos meus projetos de vida. Aos meus pais Ocimar dos Santos Souto e Mirian 
Jugnático da Rocha Souto, que sempre apoiaram e financiaram meus estudos, 
projetos e sonhos, mesmo com as adversidades do dia à dia e dificuldades financeiras. 
 Não menos importante, agradecer às minhas irmãs, Joana e Janaína Jugnático, 
pela força e apoio com meus estudos. Valeu pelos livros Janaína. Agradecer também, 
minha namorada Náira Araujo, por me ajudar e apoiar sempre que pôde, e ler todos 
os meus trabalhos. E um super obrigado a toda minha família. 
 Não poderia deixar de agradecer, todos os meus colegas de curso, que me 
acompanharam nesses três anos. Alguns, saíram, outros só se formam nos próximos 
semestres, mas, o meu obrigado é eterno. Um super obrigado para Gabriele Cobra, 
Bruno Chaves Valente, André Luiz, Caio Smith e Berta Lúcia, pela amizade 
verdadeira, passeios, resumos, histórias e dificuldades compartilhadas. 
 Agradecer também, cada professor que passou pela minha formação nesses 
três anos de curso. Sem vocês, nada disso seria possível. Gostaria de agradecer 
especialmente a duas professoras, que marcaram a minha graduação e a maneira 
como enxergo o magistério e a docência. Doutora Verônica Pires, que sempre 
acreditou nos meus estudos e me incentivou até a orientação deste trabalho, 
brilhantemente. E a Doutora Patrícia Wooley, que desde a primeira aula, me inspirou 
com suas aulas dinâmicas e seus autores magníficos, sem contar com seu carinho 
com todos os alunos. 
 
Para todos vocês, meu eterno obrigado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Quase todos os homens são capazes de 
suportar adversidades, mas se quiser pôr 
à prova o caráter de um homem, dê-lhe 
poder.” 
Abraham Lincoln 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente Trabalho de Conclusão de Curso, teve como objetivo, analisar o 
Destino Manifesto como fala comum nos discursos dos ex-presidentes Norte-
americanos George W. Bush e Barack Obama. Assim como, identificar a manutenção 
do ideário do Destino Manifesto e evidenciar a sua ruptura. O que por Destino 
Manifesto entende-se como a vertente missionário do Excepcionalismo americano. 
Crença dos norte-americanos que descreve os Estados Unidos como uma nação 
extraordinária, com um papel especial a desempenhar na história humana, uma nação 
que não é apenas única, mas também superior. Credo esse, que é parte central da 
identidade nacional, e do patriotismo americano, que remete a colonização e a 
revolução americana, ganhando força no século XIX. Sobrevive até os dias atuais, 
nas ideias e nos discursos dos presidentes. Tem influência em como os Estados 
Unidos se enxergam, veem o mundo. Impacta diretamente em sua política, 
principalmente a externa. Concluiu-se, que o uso da Doutrina do Destino manifesto 
tenha sua manutenção, quando os americanos tenham um inimigo comum, que 
oprima algum Estado ou seja um perigo à segurança nacional do EUA. Esse ideário 
tem manutenção, principalmente quando a opinião pública apoia as medidas e 
intervenções, em nome da expansão da democracia, liberdade e dos direitos 
humanos. Tem sua ruptura, quando o governo não tem apoio da opinião pública em 
medidas externas. 
 
Palavras-chave: Excepcionalismo; Destino Manifesto; Obama; Bush; Século XXI 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The purpose of this Course Conclusion Paper was to analyze Manifest Destiny 
as a common speech in the speeches of former US Presidents George W. Bush and 
Barack Obama. As well as, identify the maintenance of the Manifest Destiny's ideology 
and evidence its rupture. What Manifest Destiny is understood as the missionary 
strand of American Exceptionalism. American belief that describes the United States 
as an extraordinary nation, with a special role to play in human history, a nation that is 
not only unique but also superior. This creed, which is a central part of national identity, 
and of American patriotism, which refers to colonization and the American revolution, 
gaining strength in the nineteenth century. It survives to this day, in the ideas and 
speeches of the presidents. It has influence on how the United States sees itself, sees 
the world. It impacts directly on its policy, mainly the external one. It has been 
concluded that the use of the manifest Doctrine of Destiny is maintained, when 
Americans have a common enemy, that oppresses some State or is a danger to US 
national security. This ideology is maintained, especially when public opinion supports 
measures and interventions in the name of expanding democracy, freedom and human 
rights. It has its rupture, when the government does not have the support of public 
opinion in external measures. 
 
Keywords: Exceptionalism; Manuscript Destination; Obama; Bush; XXI century 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SILGAS 
 
BRICS: Building Better Global Econimic - Brasil, Rússia, Índia e China 
DPG: Defense Planning Guidance 
EUA: Estados Unidos da América 
E&E: Engajamento e Expansão 
GWT: Global War on Terrorism 
NSS: The National Security Strategy 
ONU: Organização das Nações Unidas 
OTAN: Organização do Tratado do Atlântico Norte 
PNAC: Project for the New American Century 
QDR: Quadrennial Defense Review 
URSS: União Soviética 
WASP: White anglo-saxon protestant 
WTC: World Trade Center 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 
1.1 QUADRO TEÓRICO METODOLOGICO ............................................................. 16 
1.2 PARTES QUE COMPÕEM O TRABALHO ......................................................... 18 
2 CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS ACERCA DA SOCIEDADE NORTE-
AMERICANA: EXCEPCIONALISMO, DESTINO MANIFESTO E O MITO DA 
FUNDAÇÃO .......................................................................................................... 20 
2.1 ORIGENS DO EXCEPCIONALISMO RELIGIOSO SÉCULO XVII ...................... 20 
2.2 ORIGENS DO EXCEPCIONALISMOSECULAR SÉCULO XVIII E XIX ............. 22 
2.3 VERTENTES E ELEMENTOS BÁSICOS DA CRENÇA DO EXCEPCIONALISMO
 ............................................................................................................................... 24 
2.4 INFLUÊNCIAS DAS CRENÇAS DO EXCEPCIONALISMO NOS ASSUNTOS 
EXTERIORES ........................................................................................................ 27 
2.5 DESTINO MANIFESTO....................................................................................... 28 
2.6 EXCEPCIONALISMO E O SÉCULO XX ............................................................. 31 
3 GEORGE W. BUSH E BARACK HUSSEIN OBAMA EM PERSPECTIVA 
COMPARADA ....................................................................................................... 40 
3.1 O GOVERNO GEORGE W. BUSH E A ATMOSFERA DO TERROR (2001-2008)
 ............................................................................................................................... 41 
3.2 O GOVERNO BARACK HUSSEIN OBAMA E A APOSTA NO DIÁLOGO (2009-
2016) ..................................................................................................................... 47 
3.3 DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS ENTRE BUSH E OBAMA E O USO DO 
PODER .................................................................................................................. 55 
4 O EXCEPCIONALISMO COMO FALA COMUM ENTRE BUSH E OBAMA ......... 60 
4.1 O DISCURSO POLÍTICO SEGUNDO PATRICK CHARAUDEAU ...................... 62 
4.2 DISCURSOS INAUGURAIS ................................................................................ 65 
4.2.1 Primeiro discurso inaugural do presidente Bush: 20 de janeiro de 2001 . 65 
4.2.2 Segundo discurso inaugural do Presidente Bush: 20 de janeiro de 2005 68 
4.2.3 Primeiro discurso inaugural do presidente Obama: 20 de janeiro de 2009
 ............................................................................................................................... 70 
4.2.4 Segundo discurso inaugural do presidente Obama: 21 de janeiro de 2013
 ............................................................................................................................... 73 
4.3 DISCURSOS DE INDEPENDÊNCIA NO 4 DE JULHO ....................................... 74 
 
 
4.3.1 Discurso do presidente Bush no 4 de julho de 2001................................... 74 
4.3.2 Discurso de Barack Obama no 4 de julho de 2013 ...................................... 76 
4.4 DISCURSOS DE FORMATURA DA ACADEMIA DE MILITARES DE WEST 
POINT .................................................................................................................... 77 
4.4.1 Discurso de Bush na formatura de West Point: 1 de junho de 2002 ......... 77 
4.4.2 Discurso de Obama na formatura de West Point em 2014 ......................... 79 
4.5 BALANÇO ACERCA DOS DISCURSOS EXAMINADOS.................................... 81 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 83 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 87 
ANEXO ..................................................................................................................... 91 
 
 
12 
 
1. INTRODUÇÃO 
O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), teve como objetivo, 
analisar o Destino Manifesto em forma de fala comum nos discursos dos ex-
presidentes norte-americanos George W. Bush e Barack Obama. 
 O termino Destino Manifesto teve origem no século XIX, mas suas raízes estão 
ligadas à colonização inglesa, ao chamado Excepcionalismo norte-americano, é a sua 
vertente missionária, como será abordado no primeiro capítulo deste trabalho. A 
Doutrina do Destino Manifesto deu embasamento e justificativa para o caráter 
expansionista e imperialista Norte-americano. Em muitos momentos históricos, tal 
crença ajudou os EUA a anexar, guerrear, tomar e matar em nome de Deus, e em 
nome de um ideário que se justificava pela fé e crença de que o poder divino estava 
ao seu lado. Portanto, poderiam passar por cima dos indígenas e intervir onde quer 
que fosse, desde que, houvesse uma ameaça aos seus valores: O Capitalismo, A 
Democracia e o Liberalismo. Dessa forma, outras doutrinas políticas com caráter 
imperialista e expansionista como, a Doutrina Monroe e o Big Stick com o Corolário 
Roosvelt. Junto, vieram as intervenções Norte-americanas nas Américas para 
combater as ameaças eminentes. Além disso, a Doutrina do Destino Manifesto 
contém um ideário de nacionalismo e pertencimento de União dos Estados Norte-
americano, que quando lembrado, faz menção aos pais fundadores do Estados 
Unidos. Que de muitos grupos que vieram para as Treze Colônias no século XVII, os 
puritanos haviam rompido com a coroa inglesa, que era na época uma ameaça à sua 
religiosidade e liberdade. 
O ideário do Destino Manifesto passou por gerações e, a cada presidente que 
foi eleito, mostrou-se de maneiras diferentes essa mentalidade de nacionalismo divino 
e excepcionalismo, que é responsável pelo o Estados Unidos da América serem uma 
das maiores potências político, econômica e tecnológica do planeta. Saíram de Treze 
Colônias para serem a polícia e os donos do mundo como se auto declaram. 
 Essas características estão presentes até hoje nos discursos dos Norte-
americanos, fica mais evidente quando se analisa os discursos de seus líderes 
políticos. Dessa forma, esta pesquisa analisa os discursos dos dois últimos 
presidentes, que até o presente momento foram George W. Bush e Barack Obama. 
Dito isso, tivemos a intenção de identificar a manutenção e a ruptura do ideário do 
Destino Manifesto nos discursos de Bush e Obama. Indicar a sua manutenção como 
fala comum e evidenciar sua ruptura. 
13 
 
 São dois presidentes com propostas e partidos diferentes, um republicano e 
outro democrata. Entretanto, se tratando de nacionalismo e ameaças eminentes aos 
seus valores, são unanimes em seus discursos com a fala comum que é a vertente 
missionária do Excepcionalismo, o Destino Manifesto. A intenção deste trabalho, foi 
medir até que ponto tal crenças influenciou na política Norte-americana. Comparando 
de forma serial seus dois discursos Inaugurais, os de 4 de julho e os discursos de 
formatura dos militares da academia de West Point. 
A pesquisa se encaixa na dimensão ou enfoque da História Política do Tempo 
Presente em uma Abordagem Serial e Comparativa do discurso, sobre o domínio das 
ideias. Portanto, além de uma análise no Campo da História, também, nos utilizamos 
da interdisciplinaridade da Ciência Política e da Linguística com a Análise do Discurso. 
Pois, essa interdisciplinaridade nos proporcionou ferramentas e metodologias 
importantes para extrair a essência de nossa pesquisa, e desta forma, fazer um 
balanço melhor elaborado dos trechos dos discursos analisados. A intenção da 
análise dos trechos de discursos dos dois presidentes, teve a finalidade de mostrar, 
qual a representação do Destino Manifesto nos dias atuais, quais foram suas 
aspirações, utilizações, que propósitos foram empregados, e sua frequência. Ou seja, 
verificar mudanças e continuidades de um governo para o outro. Essas intenções 
estão em cruzamento com as outras ciências citadas acima. 
 A presente pesquisa tem como justificativa a relevância científica e acadêmica, 
pois, na atual historiografia, existem poucas bibliografias em português sobre o tema. 
Se trata de uma temática sobre outra nação, e essa proposta veio para preencher 
uma lacuna em favor de atualizar o que se escreve em História Política do Tempo 
Presente. Os historiadores se prendem na história de tempos remotos, e se esquecem 
de olhar para nossa própria história, criticamente, deixando à cargo do jornalismo e 
dos internacionalistas divulgarem as ações e aspirações políticas. Criando assim, umsenso comum, enquanto deve haver, um conhecimento científico, crítico de 
descoberta científica. Ainda sobre a relevância científico acadêmica, a pesquisa 
acrescenta à historiografia geral uma visão brasileira ou ainda, latina americana sobre 
um assunto ou tema norte-americano. O que afeta não apenas a América Latina, mas, 
o mundo inteiro. Portanto, contribuindo assim, para a historiografia geral e pesquisas 
posteriores, que queiram dar continuidade, aplicando aos próximos presidentes norte-
americanos. 
14 
 
 Em relevância social, o presente tema é importantíssimo para a compreensão 
das tomadas de decisões da população e do governo estadunidense sobre o rumo de 
seu país. Seja a escolha de seus presidentes, e dos presidentes frente à uma política 
externa, que irá de encontro em interesses que beneficie aos próprios, e que 
prejudique os países a qual se tenha pretensões e afete o resto do mundo. Isso 
explica, porque os Estados Unidos fazem intervenções militares nas Américas ou no 
Oriente Médio e em outros lugares. Um tema tão importante como esse, com toda 
certeza, é de altíssima relevância social, e trará benefícios para quem ler e se 
debruçar para estudar o assunto. Além disso, tem a questão de entender o que está 
explícito e implícito nos discursos político. O jeito de manipular e mexer com o 
imaginário coletivo a fim de conquistar os interesses do Estado, mesmo que precise 
exaltar um passado através do discurso, para levar pela razão, emoção e persuasão 
a mudança de opinião ou não, o apoio ou não à determinado fim intencional. 
 O presente tema, tem em termos de originalidade, investigar a essência do 
Destino Manifesto, nos discursos dos dois últimos presidentes, Bush e Obama. 
Entretanto, não todos os discursos, mas, os Inaugurais, os do 4 de julho e os discursos 
da Academia de Formação de Militares de West Point. É original, a partir do momento 
que tratamos do Destino Manifesto, um termo do século XIX, que tem influencias da 
Colonização e da Revolução Norte-americana, mas que sobrevive até os dias atuais 
de forma mascarada ou não. Crença essa, que influencia a população estadunidense 
através dos discursos de seus líderes políticos. Além disso, este trabalho se utiliza 
das teorias e metodologias da Nova História Política e Análise do Discurso, da escola 
francesa. Portanto, um tema novo e instigador, original que se utiliza de teorias, 
métodos e técnicas inovadoras e respeitadas pelos acadêmicos do mundo científico. 
 A viabilidade deste trabalho, se explica pela abundancia e facilidade de se 
conseguir as fontes, que foram os discursos dos ex-presidentes norte-americanos 
George W. Bush e Barack Obama. Facilidade e abundancia, pois, se trata de líderes 
políticos que no caso são os presidentes, ainda mais, os dois últimos. Ou seja, além 
de serem atores políticos e históricos recentes, são famosos. Portanto, existe uma 
certa facilidade em achar tais documentos em sites oficiais, como a Casa Branca, ou 
sites americanos que homenageiam tais figuras. Assim como, em sites de jornalismo, 
nacionais e internacionais, que disponibilizam tais fontes na integra, tanto na língua 
nativa que é o inglês, quanto, em português e em vários outros idiomas. A viabilidade 
do presente tema, também se encontra em termos metodológicos e teóricos, a qual 
15 
 
se tem uma grande gama de autores a respeito da análise do discurso, disponíveis no 
mercado. Sem falar da interdisciplinaridade, entre a história e as outras ciências 
humanas, o que realmente tornou esta pesquisa possível. Além da bibliografia sobre 
as teorias e metodologias, também há uma imensa disponibilidade de material sobre 
a história norte-americana, tanto de livros em livrarias e bibliotecas, quanto de matéria 
disponível na internet, as vezes pago e as vezes de gratuita, em vários idiomas. 
 O objetivo de pesquisa é identificar a manutenção e a ruptura do ideário do 
Destino Manifesto nos discursos dos ex-presidentes Norte-americanos George W. 
Bush e Barack Obama. Indicar a manutenção do ideário do Destino Manifesto como 
fala comum nos discursos dos mesmos, e evidenciar a sua ruptura. 
 Partiremos da hipótese de que provavelmente, a manutenção e a ruptura do 
ideário do Destino Manifesto, nos discursos de George W. Bush e Barack Obama, se 
deem em momentos, em que se quer mostrar ou lembrar uma ideia de destino dado 
por Deus. Quando querem passar uma ideia, de que o povo norte americano é 
excepcional, sempre voltando em um passado comum, para justificar e lembrar que 
os Estados Unidos são fadados a levar a paz, a liberdade e a felicidade para todo o 
mundo. Com a pretensão de fazer com que uma nação de diversidade social, cultural 
e étnica como os Estados Unidos, tenham uma causa em comum, um inimigo comum. 
Por exemplo, combater a fome, a injustiça, levar a democracia e combater o terrorismo 
no mundo. E por essas razões, o Estado tenha que lembrar do Excepcionalismo 
americanos como mecanismo de despertar, o nacionalismo e a religiosidade 
carregada historicamente por esse povo. Em momentos que estes assuntos não 
sejam de importância em evidencia, o discurso do Destino Manifesto também tem a 
tendência de sumir das falas presidenciais. 
 Mais especificamente, talvez, a manutenção do ideário do Destino Manifesto 
nos discursos dos presidentes Bush e Obama, se deem toda vez que o Estado precise 
de apoio da opinião pública, para justificar uma determinada ação, ou até mesmo, a 
comemoração de eventos. Como por exemplo, posses presidenciais, dia da 
independência de 4 de julho, formaturas de militares, intervenções militares em outros 
países, entre outros. Possivelmente, a ruptura do Destino Manifesto nos discursos 
presidenciais se dê, em momentos que a política não precise do apoio da opinião 
pública, não esteja em guerra, e que não seja uma data comemorativa, que não 
precise exaltar o passado comum de um povo excepcional. 
 
16 
 
1.1 QUADRO TEÓRICO METODOLOGICO 
Este trabalho adotou como dimensão ou enfoque a história política, partindo do 
posicionamento do conceito da Nova História Política, explicada excepcionalmente 
por René Rémond no livro Por Uma História Política. Rémond (2003), baseia-se na 
concepção da Nova História elaborada pela Escola dos Annales, que falava sobre a 
longa duração e o comportamento coletivo serem de maior relevância para o caminhar 
da história, do que as individuais.1 Dessa forma, não cabendo mais uma história 
elitista, ou que dá ênfase nas rupturas de continuidades, acidentes ou circunstancias 
superficiais. Não há espaço para uma história factual, como se fazia no século XIX, 
ficando na superfície das coisas e não evidenciando as causas mais profundas. A 
longa duração e a realidade do trabalho, da produção, das trocas, das técnicas, da 
tecnologia e das relações sociais que surgiam exatamente desses fatores seriam mais 
importantes porque iam no fundo da realidade. 
 Rémond (2003), aborda que para uma Nova História Política, não se deve cair 
no idealismo de achar que as ideias que conduzem o mundo, quando são apenas a 
expressão dos interesses de grupos que se enfrentam, e os atos políticos mostram 
relações de forças definidas e reguladas pela intimidação dos grupos sociais e 
econômicos. O autor chama a atenção, para que a história política, talvez, não esteja 
livre de excessos, o historiador deve tomar cuidado com a ideia de que tudo é político. 
Ou seja, a contestação leva a política como responsável de tudo que há de negativo 
na sociedade, e por isso, a utopia leva a crer que a política teria a solução para todos 
os problemas, até os pessoais: “bastaria modificar o regime para que as dificuldades 
se resolvessem; mudemos a maioria e a vida mudará”. (RÉMOND, 2003, p. 25). 
René Rémond (2003), explica que a utilização de outras ciências sociais e a 
troca com outras disciplinas foram indispensáveis para a nova história política, e que 
é importantese abrir para visões externas, até porque a história política é 
interdisciplinar, sendo assim, se torna uma necessidade crucial. Desta maneira, esta 
pesquisa toma como tratamento das fontes, a linguística como uma disciplina externa 
para uma abordagem serial, comparativa de discursos que segundo Rémond: 
A linguística orientou a pesquisa para a análise do discurso, redobrou 
o interesse tradicional que os historiadores tinham pela leitura dos 
textos que, supõe-se, exprimem intenções ou, ao contrário, as traem 
 
1 Revista fundada em 1929 na França por Lucien Febvre e Marc Bloch, tinha a intenção de ir além de 
uma história Positivista factual, colocando como elemento de importância a longa duração para uma 
inteligência mais profunda das civilizações e mentalidades. 
17 
 
e visam a dissimular os projetos ou discordâncias; também forneceu 
métodos de tratamento e interpretação. (RÉMOND, 2003, p. 30). 
 
Portanto, a Nova História Política é o conjunto de novas abordagens, formas 
metodológicas e a possibilidades de interagir com outras disciplinas, afim de 
problematizar e extrair as subjetividades das fontes. Não mais uma história 
interessada em narrar as gloriosas conquistas dos governantes, obras, lutas, 
formações dos Estados Nacionais, revoluções políticas, manutenção de instituições, 
ou narrar os fatos a partir de documentos oficiais do Estado, ou seja, uma história 
factual e elitista. 
 O presente trabalho se utiliza também, da análise do discurso, uma disciplina 
interdisciplinar da Linguística. Nos utilizamos dessa interdisciplinaridade com a 
história, mais especificamente no campo da nova história política, para analisar a 
essência do Destino Manifesto nos discursos dos ex-presidentes Norte-americanos 
Bush e Obama. Patrick Charaudeau (20015), mostra, que a Ciência Política se 
questiona menos sobre o fundamento de um tipo de pensamento do que a própria 
ação política com respeito às suas funções práticas e seus efeitos, e a mesma se 
cruza com História, Sociologia, Antropologia e Filosofia Política, procurando mostrar 
as normas que se instalam como fundamentos de governança.2 
Desse modo, são estudados os comportamentos dos atores políticos 
em função de sua identidade e de seus engajamentos, os processos 
que conduzem a reações e a escolhas diante da irrupção de 
acontecimentos sociais, tais como a imigração ou o desemprego, o 
jogo de manipulação das massas que acompanha o avanço das 
doutrinas. (CHARAUDEAU, 2015 p. 34). 
 
 A análise do discurso político irá nos ajudar pois, não está interessada em 
questionar a legitimidade da racionalidade política, muito menos sobre os mecanismos 
que produzem os comportamentos políticos, ou explicações causais, mas sobre o 
discurso político que torna possível em momentos graves o uso da racionalidade 
política quanto a regulação dos fatos políticos. Partimos do ponto em que 
conseguirmos captar a essência do ideário do Destino Manifesto nos discursos 
presidenciais. Com ajuda da análise do discurso, conseguimos buscar essa gênese e 
essência do Destino Manifesto em seus discursos. Charaudeau (2015), apresenta o 
discurso político enquanto sistema de pensamento que: 
 
2 Patrick Charaudeau é professor na Universidade de Paris-Nord (Paris 13), e diretor-fundador do 
Centro de Análise do Discurso (CAD). 
18 
 
[...] é o resultado de uma atividade discursiva que procura fundar um 
ideal político em função de certos princípios que devem servir de 
referência para a construção das opiniões e dos posicionamentos. É 
em nome dos sistemas de pensamento que se determinam as filiações 
ideológicas, e uma análise do discurso deve se dedicar a descrevê-los 
a partir de textos diversos [...] (CHARAUDEAU, 2015, p.40). 
 
Portanto, partindo do ponto de vista apresentado de discurso político, como 
sistema de pensamento, analisaremos esse ideário que molda as opiniões e 
posicionamentos ideológicos nos discursos dos dois presidentes. 
O professor Charaudeau (2015), explica que também há, o discurso político 
como ato de comunicação que consiste mais diretamente aos atores que participam 
da cena de comunicação política, que tem o desafio de influenciar as opiniões com a 
intenção de conseguir adesões, rejeições ou consensos, e: 
Ele resulta de aglomerações que estruturam parcialmente a ação 
política (comícios, debates, apresentação de slogans, reuniões, 
ajuntamentos, marchas, cerimonias, declarações televisivas) e 
constroem imaginários de filiação comunitária, mas, dessa vez, mais 
em nome de um comportamento comum, mais ou menos ritualizado, 
do que de um sistema de pensamento, mesmo que este perpasse 
aquele. Aqui, o discurso político dedica-se a construir imagens de 
atores e a usar estratégias de persuasão e de sedução, empregando 
diversos procedimentos retóricos [...]. (CHARAUDEAU, 2015, p. 40). 
 
1.2 PARTES QUE COMPÕEM O TRABALHO 
 A presente pesquisa, é composta por três capítulos estruturais. O primeiro 
capítulo, aborda as concepções filosóficas da sociedade norte-americana, como os 
conceitos de Excepcionalismo, Destino Manifesto e o Mito da Fundação que são 
explicados desde a colonização até o século XXI. O segundo capítulo, faz um 
panorama comparativo, ressaltando as diferenças entre os governos de George W. 
Bush e Barack Hussein Obama durante seus mandatos. O que se procura apontar, 
são as aproximações de ambas as gestões, geradas pela retórica do Excepcionalismo 
Americano. O terceiro e último capítulo, tem por finalidade identificar a manutenção 
do ideário do Destino Manifesto, assim como, evidenciar a sua ruptura nos discursos 
de George W. Bush e Barack Obama. 
 Este trabalho, também conta, com além dos três capítulos, considerações finais 
e referencias. Uma lista de abreviações e siglas para consulta, caso necessário, que 
pode ser encontrada nos elementos pré-textuais deste trabalho. Um anexo, com os 
19 
 
oito discursos analisados, transcritos na íntegra no idioma original em inglês, para 
consulta. 
 
 
20 
 
2. CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS ACERCA DA SOCIEDADE NORTE-
AMERICANA: EXCEPCIONALISMO, DESTINO MANIFESTO E O MITO DA 
FUNDAÇÃO 
O objetivo deste capítulo é acompanhar a produção histórica da noção de 
excepcionalismo, como aspecto de construção da identidade da sociedade norte-
americana. Para efeito desta pesquisa, entende-se por excepcionalismo norte-
americano, em conformidade com o historiador Trevor B. McCristen (2002): “é um 
termo usado para descrever a crença de que os Estados Unidos são uma nação 
extraordinária com um papel especial a desempenhar na história humana; uma nação 
que não é apenas única, mas também superior”. (MCCRISKEN, 2002, nossa 
tradução). 
De acordo com Deborah Madsen (1998), o excepcionalismo é um dos conceitos 
mais importantes subjacentes às teorias modernas da identidade cultural americana. 
Emerge como parte central do sistema de crenças daquela sociedade. Dialoga com a 
comunidade imaginada de Benedict Anderson (1998), segundo esse autor, uma 
nação é mais do que território e população, mais do que campo e cidades, governo e 
economia. Uma nação é uma Comunidade Imaginada. Não obstante, o uso do termo 
excepcional é atribuído a Alexis de Tocqueville pois, foi o primeiro a usar para 
descrever os Estados Unidos e o povo nesta nação em seu livro, Democracy in 
America (1835 - 1840). 
Para o historiador norte-americano, Charles Murray (2013): “O excepcionalismo 
americano refere-se a qualidades que foram observadas pela primeira vez no primeiro 
século de nossa história. Não há nenhuma razão pela qual eles necessariamente 
ainda se aplicam hoje. A medida em que eles ainda se aplicam é uma questão 
empírica”. (MURRAY, 2013, p. 9, nossa tradução). Considerando a relevância do 
conceito, segue uma breve trajetória da historiografia voltada para a noção de 
excepcionalismo norte-americano.2.1 ORIGENS DO EXCEPCIONALISMO RELIGIOSO SÉCULO XVII 
A ideia de excepcionalismo pode ser resgatada da época da colonização com 
os grupos que vieram para o Novo Mundo. De todos os grupos que chegaram aos 
Estados Unidos, de acordo com Leandro Karnal (2013), existia um grupo denominado 
Pais peregrinos (pilgrim fathers), que fugindo das perseguições religiosas inglesas do 
http://www.americanforeignrelations.com/knowledge/Benedict_Anderson.html
21 
 
século XVI, se estabeleceram na América, e se firmaram como um dos principais 
grupos de colonizadores: 
Estes “pais peregrinos” (pilgrim fathers) são de certa forma, os 
fundadores do que, mais tarde, seriam os EUA. Não são os pais de 
toda a nação, são os pais da parte “WASP” (white anglo-saxon, 
protestant, ou seja, branco, anglo-saxão, protestante) dos EUA. A 
historiografia, de todas as formas, costuma consagrá-los como os 
modelos de colonos (KARNAL, 2013. p.38). 
 
O mito fundador dos Estados Unidos da América é baseado na viagem destes 
peregrinos, que chegaram a bordo do navio Mayflower em 16 de setembro de 1620, 
fugidos da Coroa Inglesa por professarem sua fé Protestante em contraste com o 
Anglicanismo e Catolicismo como abordado por Michelle Matias Balbino (2010), em 
citação de SHILLING (2004). Esse grupo ganhou ajuda dos índios, com alimentação 
e agricultura, além da se protegerem do frio. Desde então, comemoram o Dia de Ação 
de Graças (Thanksgiving). Karnal (2001), nos lembra que os puritanos atravessaram 
o oceano, como os hebreus atravessaram o mar vermelho para fugir do Egito, os 
peregrinos fugiram do Rei da Inglaterra, chegaram a terra prometida para construir 
uma nova vida. Acreditavam, que do mesmo modo como ocorreu com os hebreus, 
assim, havia acontecido com eles, e que, portanto, seriam diferentes dos outros. 
Nessa perspectiva, a ideia e expressão de nação modelo para humanidade 
remonta à John Winthrop, líder puritano que veio no navio Arbela, primeiro governador 
da colônia da baía de Masschusetts em 1630. Documentou sua pregação à aspiração 
para uma nova vida na região, para ele, o mundo que os peregrinos criaram, seria 
como Uma cidade sobre uma colina (A City upon a Hill), assistida por todo o mundo. 
De acordo com Misha Desai (2014), Winthrop estabeleceu a crença de que a América 
seria uma terra modelo com um destino específico e único, um destino que foi 
concedido para ele e seus companheiros colonos puritanos pelo próprio Deus. 
Posteriormente, as famosas palavras de Winthrop foram proclamadas e exaltadas por 
presidentes americanos, de John Adams e Abraham Lincoln à Ronald Reagan e 
George. H. W. Bush, que usaram para transmitir a ideia do excepcionalismo 
americano. Essa expressão, evoca esse imaginário de terra prometida, a origem 
comum de toda a comunidade Norte-americana. 
 
22 
 
2.2 ORIGENS DO EXCEPCIONALISMO SECULAR SÉCULO XVIII E XIX 
No entanto, o excepcionalismo americano não tem apenas origens religiosas, 
mas também, uma secular. A Revolução Americano e a formação da República deram 
força a ideia de nação escolhida que seria um experimento na sociedade humana. É 
de Thomas Paine que vem a ideia, que a separação e a diferença da América para o 
Velho Mundo que exigiu a independência, pois, acreditavam que o Novo Mundo era 
especial, onde a humanidade poderia começar novamente.3 McCrisken (2002), 
explica, que dessa forma, estabelecendo sociedade política sobre ideias novas e 
progressivas. Ou seja, os autores da Constituição, sugeriram um sistema republicano 
de governo, que asseguraria e preservaria alguns direitos individuais. Mesmo 
descrentes de suas chances, suas esperanças eram que as regras que eles criassem 
ajudaria a nação desenvolver ao longo da história como a melhor republica do mundo. 
Nos primeiros anos da República , George Washington e Thomas Jefferson 
pediram aos americanos que buscam ativamente preservar a posição única da 
independência de seu país com os males do mundo. No discurso de despedida de 
1796, Washington advertiu contra alianças permanentes, enquanto Jefferson, em seu 
primeiro discurso inaugural, informou que os americanos deveriam evitar enredar 
alianças. Diante dessas ideias, havia a crença no isolamento geográfico, que os 
Estados Unidos estavam separados por um oceano de distância da Europa, e assim, 
poderiam se proteger da essência degenerativa do Velho Mundo. Thomas Jeferson, 
um dos pais fundadores e terceiro presidente Norte-americano, fez essa observação 
em seu discurso inaugural, que os Estados Unidos estavam: 
[...] separado pela natureza e um amplo oceano dos estragos 
exterminadores de um quarto do globo; muito alto para suportar as 
degradações dos outros; possuindo um país escolhido, com espaço 
suficiente para os nossos descendentes para a milésima e milésima 
geração. [...] (JEFFERSON, 1801, nossa tradução). 
 
Desta maneira o historiador Trevor B. McCrisken (2002), afirma que a Ideologia 
provisória e republicana, foi assim combinada para consolidar firmemente a idéia de 
excepcionalismo no centro da identidade nacional americana, e que nessas primeiras 
formas, inicialmente, a vertente exemplar do excepcionalismo, que veremos adiante é 
quem dominava. Assim também, no início da política externa dos Estados Unidos, 
 
3 Thomas Paine era um político britânico, panfletário, revolucionário, inventor, intelectual e um dos Pais 
Fundadores dos Estados Unidos da América. Autor do panfleto Senso Comum de 1776. 
http://www.americanforeignrelations.com/knowledge/Republic.html
23 
 
uma nação separada e longe era dominante. Entretanto, a medida que a República 
se tornou mais forte houve uma gradativa mudança nesse pensamento por causa da 
vertente missionária, que também veremos mais adiante. 
Durante o século XIX os Estados Unidos passaram pelo processo de 
consolidação da nação, expansão territorial, criação e afirmação de crenças e mitos 
que formaram a identidade nacional norte-americana. Estas crenças e mitos estão 
presentes até os dias atuais no imaginário coletivo e nos discursos de seus líderes 
políticos. A historiadora Mary A. Junqueira (2001), lembra que: 
Os mitos são representações da realidade, construções culturais que 
evocam a memória, a nostalgia e reavivam crenças, além de 
oferecerem modelos de conduta. Os mitos fornecem, acima de tudo, 
um sentimento de unidade, criando assim uma atmosfera de 
identidade nacional. (JUNQUEIRA, 2001. p.11). 
 
Diante dessa concepção vencedora, pós independência, apareceu a 
necessidade de uma história nacional que rompesse com o passado de colônia 
inglesa. Até porque, não foram os homens comuns que fundaram o Estado, mas, 
homens excepcionais, os chamados founding fathers. 4 Aparece então, a ideia de um 
passado comum, o que favoreceu o pensamento de E pluribus unum. 5 Deste modo, 
de acordo com Junqueira (2001), recuperou-se no passado da colônia a história 
apenas de um grupo, a qual toda a nação seria representada como descendente, os 
Peregrinos das Treze Colônias. 
Desta maneira, descartou-se os vários grupos e seitas que se estabeleceram 
nas Treze Colônias. Essa gênese religiosa puritana calvinista deu origem a essência 
de identidade nacional Norte-Americana, os puritanos haviam construído a partir do 
nada, com muito esforço e trabalho, o que Max Weber (2004), chama de Espirito do 
Capitalismo, e segundo Michelle Matias Balbino (2010) que cita SHILLING (2004): 
Crença forte, essa, que deitou sentimentos profundos - ainda que 
gradativamente secularizados, traduzidos para uma linguagem 
moderna – na população Norte-americana em geral até o presente. 
Impregnaram-se eles com a firme idéia de serem o chosen people, o 
 
4 Os Pais Fundadores dos Estados Unidos (Founding Fathers of the United States) são os 
líderes políticos que assinaram a Declaração de Independência ou participaram da RevoluçãoAmericana como líderes dos Patriotas, ou que participaram da redação da Constituição dos Estados 
Unidos onze anos mais tarde. Ver mais em: (Grant, 2014). 
5 E pluribus unum é o lema nacional dos Estados Unidos. Traduzido do latim, significa "De muitos, um". 
Refere-se à integração das treze colônias independentes em um país unido, e ganhou um outro 
significado, da natureza pluralística da sociedade norte-americana devido à imigração. O lema foi 
escolhido pelo primeiro comitê do Grande Selo em 1776, no começo na Revolução americana. A 
sugestão veio de Pierre Eugene DuSimitiere. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_da_Independ%C3%AAncia_dos_Estados_Unidos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Americana
https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Americana
https://pt.wikipedia.org/wiki/Patriotas_(Revolu%C3%A7%C3%A3o_Americana)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_dos_Estados_Unidos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_dos_Estados_Unidos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lema
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Latim
https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_selo_dos_Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica
https://pt.wikipedia.org/wiki/1776
https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_americana
24 
 
novo povo escolhido por Deus, convictos de estarem no mundo 
investidos de uma missão: redimir a humanidade de suas fraquezas e 
seus pecados. Fator que até hoje serve como substrato psicológico e 
moral para justificar o intervencionismo militar dos Estados Unidos em 
escala planetária. (BALBINO, 2010, p. 10 Apud SCHILLING, 2004, p. 
16). 
 
Segundo Misha Desai (2014), embora Winthrop tenha gerado o necessário 
para o que ficou conhecido como Excepcionalismo Americano, Tocqueville que foi 
creditado com a criação da ideia social do excepcionalismo. O viajante francês 
escreveu que o sistema e o povo americano possuíam qualidades únicas, 
descrevendo a situação como bastante excepcional. Essas características segundo 
ele, definiria a identidade nacional dos Estados Unidos, o que ficou conhecido como 
America Creed. Tocqueville, lembra Winthrop ao argumentar que os Estados Unidos 
possuíam um destino específico e um papel a desempenhar na história humana 
mesmo incentivando outras nações à copiarem o exemplo Norte-americano. 
 
2.3 VERTENTES E ELEMENTOS BÁSICOS DA CRENÇA DO EXCEPCIONALISMO 
Segundo Trevor B. McCrisken (2002), o excepcionalismo é uma ideia fluida e 
pode ser adaptada a diversas interpretações, que é necessário, não apenas identificar 
seus pressupostos, mas, considerar suas vertentes principais que são duas, a 
exemplar e a missionária. Estas, influenciaram a política externa dos Estados Unidos 
durante toda a história das relações externas. 
Os Estados Unidos como nação exemplar está refletida na ideia de John 
Winthrop - City upon a Hill de 1630, alianças sem juntas, anti-imperialista, 
isolacionista, a fortaleza americana. A vertente missionária, muitas vezes mais 
dominante, é representada pela ideia de Destino Manifesto, que veremos mais a 
adiante, imperialista, internacionalista, líder do mundo livre, teoria da modernização, 
nova ordem mundial. 
Segundo Charles Murray (2013), a América no século XIX foi excepcional de 
muitas maneiras, e que não há, um jeito exclusivo de agrupá-las. Esses elementos 
podem ser observados no gráfico abaixo. Entretanto, de acordo com Trevor B. 
McCrisken (2002), existem, três principais elementos da crença no excepcionalismo 
que permanecem relativamente solidas ao longo da história Norte-americana. 
 
25 
 
 
Gráfico de elementos do excepcionalismo - Fonte: Murray, 2013, p.17, nossa tradução. 
 
O primeiro elemento é o religioso, que durante toda a história dos Estados 
Unidos, houveram em repetidas vezes afirmações de que eram a terra prometida e 
seus cidadãos seriam o povo escolhido, para levar melhorias para o mundo. Como 
vimos acima, essas ideias remontam ao início da colonização, e o Novo Mundo foi 
considerado uma terra virgem, os colonos poderiam tentar uma nova sociedade 
através das experiências religiosas, sociais e políticas. Ou seja, foram incumbidos por 
Deus com a tarefa de reformar o mundo, a ideia de uma nação redentora, e suas 
ações são o resultado da vontade divina, sendo, ao mesmo tempo, expostos a 
tentação e à corrupção, que na maioria das vezes como lembra Trevor B. McCrisken 
(2002), são exteriores ou internas, de contrários à missão estabelecida. Dessa forma, 
os Norte-americanos seriam constantemente testados, e que deveriam passar por 
uma continua auto inspeção, e que quando cometem erros, seria porque as forças 
malignas estariam trabalhando contra os mesmos. 
O segundo elemento principal da crença excepcionalista, é a separação e 
diferença do Novo Mundo e do Velho Mundo da Europa. Os Norte-americanos 
acreditavam que na Europa, as monarquias exploravam a maioria de seus súditos, 
buscavam expansão imperial no exterior para aumentar seus tesouros, sua reputação 
e seu poder em relação às demais monarquias. Os sistemas políticos eram quase 
sempre corruptos e funcionavam segundo a vontade das elites tradicionais, não dando 
26 
 
quase, ou nenhuma possibilidade de os plebeus melhorarem sua condição de vida. 
No entanto, o comprometimento com a liberdade, moralidade e melhoria humana 
estavam presentes no Novo Mundo. 
O terceiro elemento principal do excepcionalismo, Segundo Trevor B. 
McCrisken (2002), é a crença de que os Estados Unidos, diferente de outras grandes 
nações, não estariam destinados a ascender e declinar. Acreditam que são os líderes 
do progresso no mundo, e tudo que fazem como nação é um avanço aos limites de 
conquista humana, na política, na indústria, tecnologia, esportes, artes e na guerra. 
Admitem que pode haver erros, entretanto, são poucos, e logo são aprendidos e 
melhorados. Não importando o quanto podem errar ao longo do percurso, mas, 
continuando firmemente nos esforços para o progresso para uma união perfeita. 
Assim, pensam em si como excepcionais, não no que são, mas, no que poderiam ser. 
Por estas razões, o sentimento de excepcionalismo segundo os Norte-
americanos, não pode morrer, não importando o quão excepcional a nação pareça na 
realidade. Mais do que entrega, o que promete é o que faz o excepcionalismo 
sobreviver. Acreditar nos valores e princípios que fizeram a nação ser fundada, e que 
para continuar a existir está diretamente relacionado ao que significa ser americano. 
Trevor B. McCrisken (2002), afirma que os denominados excepcionalistas 
acreditam fielmente na benignidade básica das suas ações em relação as outras 
nações. As motivações nacionais não são vistas unicamente pela vontade de ganhos 
materiais, mas, pela dedicação aos princípios de liberdade para a humanidade. Ou 
seja, o resultado da crença, é dever dos Estados Unidos ajudarem o resto mundo a 
seguir o bom exemplo dos escolhidos. Os defensores das vertentes exemplar e 
missionaria tendem a ter esses pressupostos. Eles diferem em como acreditam 
nesses pressupostos, em como se transformam em ações em relação ao resto do 
mundo. 
Os defensores da vertente ou corrente exemplar defendem, principalmente, 
que os Estados Unidos sejam liderados pelo bom exemplo e fiquem distantes de 
problemas exteriores. Deste modo, devem se esforçar para melhorar sua própria 
sociedade sempre que possível, sem interferir nos assuntos alheios. Argumentam que 
a interferência poderia prejudica as outras nações e também a própria nação Norte-
americana. Preferem relações comerciais pacíficas no exterior e a criação de uma 
nação modelo, do que impor os benefícios da vida americana. 
27 
 
Os apoiadores da vertente missionária defendem a expansão ou a intervenção 
dos Estados Unidos nos assuntos exteriores, entretanto, acreditam que são incapazesde domínio sobre outros povos em seu próprio interesse, diferente de outras nações. 
Ou seja, projetam seu poder nas outras nações para ajuda-los a se tornarem como os 
Estados Unidos, livres e democráticos e não para subjugar. A vertente missionária 
sugere que todos no mundo querem ser como os americanos, percebendo ou não. 
Esse ponto, fez com que os americanos tivessem certa dificuldade em 
entender, que os outros povos tivessem diferentes valores e percepções sobre os 
próprios americanos, de como o mundo deveria ser. Ambas as vertentes do 
excepcionalismo sustentam de modo contraditório, valores e princípios políticos 
americanos, considerando universais em sua natureza. Se consideram como a 
encarnação dos valores universais com base nos direitos da humanidade, liberdade, 
igualdade e justiça para todos. Se acham verdadeiros campeões excepcionais destes 
direitos, entretanto, esses valores são compartilhados por todos seres humanos. 
Logicamente, não são todos os americanos que acreditam fielmente em todos os 
aspectos do excepcionalismo. Muitos estão cientes, de que existem problemas em 
sua sociedade, e que talvez, nunca possam resolver de maneira satisfatória. 
Entendem que quando os Estados Unidos Interferem no exterior, contradizem os 
fundamentos que dizem defender. 
 
2.4 INFLUÊNCIAS DAS CRENÇAS DO EXCEPCIONALISMO NOS ASSUNTOS 
EXTERIORES 
Como citado acima, George Washington e Thomas Jefferson quiseram 
preservar os Estados Unidos dos malefícios do restante do mundo. Essa política lança 
as bases do unilateralismo e Isolacionismo Norte-americano e ficou conhecida como 
aliança sem juntas. Entretanto, foi Jefferson quem comandou a primeira grande 
expansão territorial do Estados Unidos com compra da Louisiana em 1803. Desta 
forma, contribuiu como a noção de que uma republica precisava crescer para ser 
saudável, ou seja, a visão de império da liberdade. 
O presidente James Monroe dá ênfase na diferença dos Estados Unidos e 
Europa nos assuntos estrangeiros. Em 1823 é lançada a Doutrina Monroe, onde o 
presidente Monroe afirmou que o Hemisfério Ocidental estava fechado à colonização 
europeia, e não admitiria interferências europeias nas Américas. Desta forma, já 
colocando a intenção dos Estados Unidos em serem o poder dominante da região. 
28 
 
Mesmo baseada em interesses estratégicos, foi concebida em preceitos da crença 
excepcionalista. 
Em 1845 o presidente James K. Polk reafirma a Doutrina Monroe, suas 
premissas eram que o Estados Unidos assumiria a responsabilidade pela liberdade e 
segurança, não só a sua, mas, das nações do Hemisfério Ocidental. Segundo o 
presidente Polk, não buscavam guerras de conquistas, mas, faria o que fosse preciso 
para garantir as independências nas Américas. Não admitia a interferência de nenhum 
império na América, porém, desconsiderou sua própria interferência nos assuntos 
vizinhos, tendo como benéfica. A guerra contra o México em 1846, espalhou a 
credibilidade de suas reivindicações. Com sua retórica pública justificou as ambições 
pela aquisição de novas terra e a natureza provocativa das suas ações contra os 
mexicanos. A guerra era justificada pela natureza excepcional das relações externas 
dos Estados Unidos se mostrando como inocente. A justificativa ganha uma nova 
frase que ajudou a explicar a expansão para o oeste como parte integradora do 
excepcionalismo Norte-americano, o Destino Manifesto. 
 
2.5 DESTINO MANIFESTO 
Em conformidade com Junqueira (2001), Na primeira metade do século XIX, 
fortaleceu a ideia de que os Norte-americanos eram um povo escolhido por Deus com 
uma missão a cumprir. A Doutrina do Destino Manifesto é uma concepção nacionalista 
fundamentada no direito natural, fornecida pelo poder divino para o povo 
estadunidense, de se apropriar de toda a parte continental da américa do Norte. Isto 
é, a Doutrina do Destino Manifesto é a filosofia e crença de que os norte-americanos 
foram eleitos por Deus para liderar o mundo, sendo o expansionismo geopolítico uma 
expressão da vontade divina. 
Segundo os autores Emerson Santiago (2014) e Maurineide Silva (2014), a 
guerra contra o México e as anexações de territórios mexicanos que se seguiram, 
foram acreditadas pela maioria dos americanos como resultado de seu Destino 
Manifesto. O termo Destino Manifesto foi concebido pelo jornalista de Nova York John 
L. O’Sullivan, fundador e editor do periódico expansionista The United States 
Magazine and Democratic Review em sua publicação entre julho e agosto de 1845, 
no ensaio chamado Annexation. Em conformidade com Jornal O Rebate (2014), 
O´Sullivan escreveu: “Nosso destino manifesto atribuído pela Providência Divina para 
cobrir o continente para o livre desenvolvimento de nossa raça que se multiplica aos 
29 
 
milhões anualmente. Reivindicava o direito dos Estados Unidos ao território do Oregon 
disputado pelos britânicos: "E essa afirmação é pelo direito do nosso Destino 
Manifesto de expandir e possuir todo o continente que a Providência nos deu para o 
desenvolvimento da Grande experiência de liberdade e autogoverno federado 
confiado a nós". A frase de O´Sullivan destaca nitidamente a crença e o imaginário 
que se acreditava, como nos mostra Emerson B. Ferreira (2015): 
Quando John L. O´Sullivan publica a sua famosa frase, ele não a faz 
por arrogância ou desconhecimento. Ele a entoa por acreditar 
cegamente que seu povo teria legitimamente sido escolhido pela 
divindade para desbravar, colonizar, educar, exterminar e governar um 
país ainda em processo inicial de conquista territorial. E nestes 
infindáveis desbravamentos, nesta busca desenfreada por novos 
territórios, neste frenético rufar de tambores e tiros de baionetas 
(sempre em nome de um progresso civilizatório a todo custo), os 
americanos acabaram, naquele início de colonização, por aniquilar e 
exterminar uma incomensurável quantidade de nativos que ocupavam 
aquelas terras, deixando para traz um rastro de sangue e impunidade. 
Existia, porém, um contra censo entre a frase de O´Sullivan e as 
atitudes daquele povo afinal, uma nação escolhida por Deus não 
poderia trazer defendas a povos “inferiores” a toque de sangue e 
chumbo. Mas, naquela visão míope, os eleitos deveriam agir e 
empregar força total para mudar mentalidades e impregnar culturas 
“bárbaras” de luz e conhecimento, mesmo a contragosto. (FERREIRA, 
2015, p.2). 
 
Entretanto, O ‘Sullivan não defendeu ganhar território com uso da força como 
nos lembra a historiadora Norte-americana Shane Mountjoy: 
[...] Em vez disso, ele preferiu um alargamento gradual dos Estados 
Unidos através da liquidação. O'Sullivan acreditava que, em suas 
comunidades, esses colonos naturalmente estabelecem instituições 
de governo que copiassem o modelo americano de governo 
republicano. Tais comunidades e governos, sem dúvida, desejariam 
entrar na União, como o Texas tinha feito. O'Sullivan confiava em que 
territórios futuros, como a Califórnia, e os governos existentes, como 
o do Canadá, acabariam por entrar na União. O'Sullivan não previu o 
uso do conceito de Destino Manifesto para justificar a expansão 
americana através da guerra, como algumas pessoas fizeram durante 
a Guerra Mexicano-Americana. (MOUNTIJOY, 2009, p.10, nossa 
tradução). 
 
Nessa perspectiva de imagem de um país excepcional que influenciou na vida 
cotidiana das pessoas comuns, e profundamente nas relações internacionais do 
Estados Unidos. Fortificava uma dificuldade em ver o outro, outras culturas a qual não 
30 
 
faziam parte, reconhecem como algo importante e positivo. O texto de 1850, White 
Jacket, pelo Herman Melville autor também de Moby Dick, após uma viagem pelo 
oceano na parte sul do continente, para conhecer novas culturas estampa este 
imaginário coletivo de eleito: 
Nós, americanos, somos o povo peculiar, escolhido – o Israel de nosso 
tempo; carregamos a arca das liberdades do mundo [...]. Deus 
predestinou,e a humanidade espera grandes feitos da nossa raça. E 
grandes coisas sentimos em nossa alma. O resto das nações precisa, 
brevemente, estar na nossa retaguarda. Somos os pioneiros do 
mundo; a guarda avançada mandada através da terra virgem de 
coisas não experimentadas, para abrir no Novo Mundo um novo 
caminho que é nosso [...]. Num período em que outras nações não 
fizeram senão balbuciar, nossa voz profunda é ouvida longe. Por longo 
tempo fomos céticos a respeito de nós mesmo e duvidamos se 
realmente o Messias político havia chegado. Mas ele chegou em nós, 
como se não tivéssemos feito senão dar expressão oral às suas 
inspirações (JUNQUEIRA, 2001. P.37 Apud MELVILLE, 1850). 
 
De acordo com Santiago (2014), paralelamente, a ideia de predominação 
mundial, também circulava no século XIX, o destino Norte-americano de predominar 
os povos da América Latina, por estarem no mesmo continente e não exercerem 
domínio sobre outros povos. A frase de propaganda política, seja forte enquanto se 
tem escravos (Be Strong while having slaves), tinha como objetivo mostrar a cultura 
Norte-americana como forte, atraente, digna de apreço. Ou seja, trazendo uma 
imagem de melhores do mundo, melhores e mais preparados indivíduos. Contudo, 
fazer com as pessoas dos outros países desprezassem sua própria pátria e adorando 
a imagem do americano superior. Até a imprensa se utilizou muitas vezes deste 
conceito, para defender as atitudes arbitrarias do governo. 
 Shane Mountjoy (2009), afirma que o termo Destino Manifesto, foi quase que 
imediatamente adotado por todos, entretanto, não era uma política, mas, influenciou 
a política da segunda metade do século XIX. O termo englobava várias crenças como 
o expansionismo, nacionalismo, o excepcionalismo americano e até a idéia de 
superioridade racial. A ideia do Destino Manifesto basicamente significava, que os 
americanos e seu governo ganhariam a posse, se tivessem o controle político sobre 
América do Norte, estenderiam seu país do Oceano Atlântico até o Pacífico. Para os 
defensores do Destino Manifesto havia três elementos básicos que se identificava. O 
primeiro, era as virtudes especiais do povo americano, o segundo era suas 
instituições, e o terceiro sua missão de redimir e refazer o mundo com a imagem 
31 
 
americana. Essas crenças constituem o espírito dos fundamentos do Destino 
Manifesto. Algumas pessoas alteraram o propósito do Destino Manifesto para atender 
a sua visão sobre os Estados Unidos, alguns viam a expansão como o único jeito de 
preservar o modo de vida. Sempre foi parte do Destino Manifesto expandir a cultura 
americana pela expansão territorial, os sulistas aproveitaram para proteger a 
instituição da escravidão. Acreditavam que a escravidão deveria se espalhar ou 
encolher e sumir. 
A proliferação do Destino Manifesto em forma de transmitir ideias americanas 
levou seu uso em anos posteriores. Em 1890 ressurgiu o termo, dessa vez para 
justificar a expansão fora da América do Norte, como foi o caso da guerra hispano-
americana em 1898, logo depois sentiram-se proprietários das Filipinas, Porto Rico e 
Guam, também se autodeclararam protetores da independência cubana. Shane 
Mountjoy (2009), explica que poucos americanos no século XX continuaram utilizando 
o termo para descrever seus objetivos políticos, outros termos foram surgindo. 
Entretanto, as mesmas ideias do Destino manifesto estão inseridas nesses novos 
termos, essas ideias posteriores se vinculam nas iniciativas políticas e visam o orgulho 
nacional e o papel dos Estados Unidos como potência mundial. 
A história de excepcionalidade estadunidense foi construída pela influência 
religiosa, princípios universais seculares, Ideias iluministas e ideológicas do 
imaginário coletivo e das mentalidades de identidade nacional, com intenção de 
justificarem seus atos. O Destino Manifesto constitui uma parte importante no 
Excepcionalismo Americano, pois, é a vertente e ambas são inseparáveis. 
 
2.6 EXCEPCIONALISMO E O SÉCULO XX 
No início do século XX, o presidente Theodore Roosevelt, fez uma releitura da 
Doutrina Monroe, mencionada acima, que ficou conhecido como Corolário Roosevelt. 
O Presidente reafirmou a crença de que: “Não é verdade que os Estados Unidos 
sintam qualquer fome de terra ou entretém quaisquer projetos em relação às outras 
nações do Hemisfério Ocidental, exceto como por seu bem-estar.” (DISCURSO do 
Corolário do presidente Roosevelt para a Doutrina Monroe, 6 de dezembro de 1904, 
nossa tradução). Em seu discurso, o presidente deixou claro que acreditava que os 
Estados Unidos tinham apenas intenções benignas em relação às relações externas. 
Entretanto, enfatizou que o país sentia a obrigação de ajudar e proteger a liberdade 
dos povos das Américas, não apenas como a Doutrina Monroe sobre as ameaças 
32 
 
estrangeiras, mas também, se seus cidadãos enfrentassem ameaças internas à sua 
liberdade. Em conformidade com Trevor B. McCristen (2002), o presidente Theodore 
Roosevelt foi o responsável por juntar as duas vertentes principais da crença do 
excepcionalismo, a secular e religiosa, o que moldaria a política externa Norte-
americana por muito tempo. 
Em seu discurso, Roosevelt efetivamente juntou as duas vertentes 
principais da crença excepcionalista. Em regra, ele argumentou, que 
os Estados Unidos deveriam ficar fora dos assuntos de outras nações 
e se concentrarem em forjar uma união mais perfeita no espírito dos 
Fundadores, proporcionando assim um exemplo cada vez mais 
apropriado para o resto do mundo seguir. No entanto, quando as 
circunstâncias extremas o exigiam, os Estados Unidos, como país 
escolhido, tinham o "dever manifesto" de proteger os direitos que 
promoveu se sua sobrevivência fosse ameaçada no exterior. O 
raciocínio de Roosevelt ajudaria a definir o discurso da política 
externa por muitos anos, com a tensão entre esses dois elementos do 
excepcionalismo, muitas vezes no centro do debate. (MCCRISTEN, 
2002, nossa tradução). 
 
O presidente Woodrow Wilson, personificou a crença do excepcionalismo 
americano. Sua preocupação de bem-estar nacional, foi parte importante de seu 
comportamento e filosofia, aplicando tais princípios ao uso da força militar americana. 
Wilson, acreditava que as outras nações usavam a força para oprimir a humanidade 
em seu próprio engrandecimento, e que os Estados Unidos só usariam a força para 
engrandecer a raça humana. O presidente declarou que os Estados Unidos não iriam 
mais buscar a adição de território pela conquista. Entretanto, usou a intervenção 
militar frequentemente para ajudar outras nações a se tornarem, segundo Wilson, 
mais democráticas e ordenados, como os casos do México, Haiti, República 
Dominicana, Cuba, Nicarágua e Rússia. 
As atitudes intervencionistas de Wilson, foram melhor expressas em 1914: 
"Eles dizem que os mexicanos não estão preparados para o governo autônomo, e 
para isso eu respondo que, quando devidamente dirigido, não há pessoas não aptas 
para o autogoverno." (MCCRISTEN, 2002, apud WILSON, 1914). Woodrow Wilson, 
era claramente defensor da vertente missionária do excepcionalismo americano, o 
Destino Manifesto, como explica Shane Mountjoy (2009): 
Os ideais do Destino Manifesto continuaram a influenciar o Estados 
Unidos, às vezes são surpreendentes, às vezes sutis. Quando os 
Estados Unidos entraram na Primeira Guerra Mundial em 1917, então 
sob a bandeira de tornar o mundo seguro para a democracia. Tal 
33 
 
idealismo foi a realização do destino percebido pelos Estados Unidos. 
Após a guerra, em sua mensagem do Estado da União de 1920 ao 
Congresso, O presidente Woodrow Wilson discutiu a importância do 
mundo da democracia. De acordo com Wilson, "O Velho Mundo está 
agora sofrendo de uma rejeição desprezível do princípio da 
democracia ". Wilson acreditava que os Estados Unidos tinham um 
papel importante a desempenhar na proteção e promoção dademocracia ao redor do mundo. O presidente foi ainda mais longe, no 
entanto: Ele usou o termo Destino Manifesto para explicar sua visão 
de Liderança americana e envolvimento em assuntos mundiais. "Isto 
é certamente o destino manifesto dos Estados Unidos, "Wilson 
declarou: "liderar na tentativa de fazer prevalecer esse espírito". 
Embora outros presidentes americanos não citassem o Destino 
Manifesto como justificativa para suas ações, a resistência da idéia 
que a América tem papel e lugar como líder mundial na defesa de 
liberdade e democracia é inegável. Hoje, o papel da América como 
uma superpotência encarna muitos desses mesmos elementos do 
Destino Manifesto, incluindo o desejo de encorajar o estabelecimento 
de governos democráticos em todo o mundo. John O'Sullivan e outros 
expansionistas do século XIX talvez, não reconheçam grande parte de 
seu mundo na América moderna. No entanto, eles podem reconhecer 
os frutos de seus trabalhos e sonhos para cumprir o Destino Manifesto 
dos Estados Unidos. (MOUNTIJOY, 2009, p.115, nossa tradução). 
 
A exemplo destas afirmações, se encontram a decisão de entrada dos Estados 
Unidos na Primeira Guerra Mundial em 1917, justificando suas ações em termos 
idealistas, fazendo com que os americanos considerassem a guerra como uma 
cruzada. O professor McCristen (2002), coloca que: 
Mais famosa, a determinação de "tornar o mundo seguro para a 
democracia" foi proclamada pelo presidente Wilson enquanto ele 
pedia ao Congresso uma declaração de guerra contra a Alemanha. Os 
Estados Unidos, de acordo com suas tradições, estavam juntando as 
hostilidades, que de acordo com Wilson, nada além das intenções 
mais benignas e um sentido de um propósito mais elevado. 
Representar o envolvimento no conflito como uma justa causa em 
termos consistentes com a crença no excepcionalismo americano, foi 
direto e deliberado recurso para o público e uma forma de ajudar a 
silenciar a oposição. Era também a única maneira de Wilson suavizar 
suas próprias dúvidas quanto ao envolvimento americano na guerra. 
A retórica que acompanhou a intervenção deixou claro que os Estados 
Unidos, de acordo com seus princípios mais fortes, estavam tomando 
posição contra a tirania autocrática, tanto quanto contra os britânicos 
na Revolução Americana e contra os espanhóis sobre Cuba. Wilson 
argumentou que uma ordem internacional pacífica e pós-guerra 
harmoniosa baseada no princípio da liberdade universal e da 
democracia, consagrada na Constituição dos EUA, não poderia ser 
34 
 
estabelecida enquanto o imperialismo autocrático procurou dominar 
na Europa. Embora existam justificativas legítimas políticas, 
econômicas e estratégicas para a intervenção, o envolvimento 
americano na Primeira Guerra Mundial foi, portanto, justificado e 
conduzido em termos consistentes com a vertente missionária da 
crença no excepcionalismo americano. (MCCRISTEN, 2002, nossa 
tradução). 
 
No período entre guerras, a tradição do não engajamento com assuntos da 
Europa ganhou um novo nome, isolacionismo. A visão do Wilsoniana da organização 
internacional, a Liga das Nações, comprometida em manter a paz mundial, foi 
rejeitada pelo Senado americano. Os isolacionistas, acreditavam que os Estados 
Unidos não deveriam ser subordinados a nenhum outro país. O que nos remete 
novamente, ao pensamento de Washington e Jefferson, que os Estados Unidos foram 
abençoados com o isolamento geográfico da Europa. O sucessor de Wilson, o 
presidente Warren G. Harding, em seu discurso inaugural em 1921, mostrou que: 
“confiante da nossa capacidade de desenvolver o nosso próprio destino, e guardando 
ciumentamente o nosso direito de fazê-lo, não procuramos parte em dirigir os destinos 
do Velho Mundo. Não queremos ser enredados.” (DISCURSO inaugural do presidente 
Harding, 4 de março de 1921, nossa tradução). O presidente Harding não acreditava 
nos Estados Unidos que não teria contato com exterior, mas, que deveria permanecer 
distante de discussões e alianças adversárias na Europa, mantendo seus interesses 
tradicionais dentro da América. Procurando retomar, o isolacionismo, e o papel das 
relações pacíficas com os outros e mostrar a nação exemplar, para o mundo. 
De acordo com McCristen (2002), as duas vertentes do excepcionalismo, 
voltaram a entrar em conflito durante o período entre guerras. Um grande debate 
público aconteceu entre isolacionistas e internacionalistas, acreditavam que os EUA 
tinham o dever de intervir nos assuntos mundiais. Quando a Grã-Bretanha e a França 
declararam a guerra à Alemanha em 1939, o presidente Franklin Roosevelt, declarou 
a neutralidade dos EUA. A postura isolacionista ganhou apoio popular para que a 
gestão de Roosevelt tivesse maneiras de ajudar o Reino Unido e a França a não 
intervir diretamente na guerra. Entretanto, com o ataque japonês à base naval dos 
Estados Unidos em Pearl Harbor, no Havaí, em dezembro de 1941, silenciou as 
reivindicações isolacionistas. A ameaça representada pela Alemanha e pelo Japão, 
foi forte o suficiente para o apoio popular à guerra. No entanto, Roosevelt ainda sentiu 
35 
 
a necessidade de empregar uma retórica excepcionalista para justificar a intervenção 
americana. Em seu discurso após o ataque japonês, assegurou que: 
O verdadeiro objetivo que buscamos está muito além do feio campo 
de batalha. Quando recorremos à força, como agora devemos, 
estamos determinados a que essa força seja direcionada para o bem 
supremo e contra o mal imediato. Nós, americanos, não somos 
destruidores - nós somos construtores. (ROOSEVELT, 1941, nossa 
tradução). 
 
Em janeiro de 1941, o presidente Roosevelt declarou que a vitória Norte-
americana na guerra seria uma vitória para a liberdade. Mostrou que o objetivo da 
guerra dos EUA, era estabelecer e garantir a liberdade de expressão, liberdade de 
religião, liberdade de querer e liberdade de medo em todo o mundo. As Quatro 
Liberdades, tornaram o esforço de guerra em uma das idéias centrais da cultura 
política americana. McCristen (2002), explica que o contraste entre liberdade e 
fascismo foi uma metáfora central na retórica oficial durante a guerra, e que: 
Ganhar a guerra não seria suficiente. Uma vitória aliada deve levar a 
paz e segurança duradouras no mundo com base em valores e 
princípios universais tradicionalmente defendidos pelos americanos. 
Dirigir um futuro como esse era uma responsabilidade e um dever 
americanos que não só promoveriam os interesses dos EUA, mas 
também os de toda a humanidade. Roosevelt reconheceu que o poder 
americano em si causou responsabilidade, mas também invocou a 
ideia providencial de que era a vontade de Deus. [...] Em seu endereço 
inaugural final (20 de janeiro de 1945), afirmou que Deus "deu a nosso 
país uma fé que se tornou a esperança de todos os povos em um 
mundo angustiado". [...] Não importa o quão convincente os motivos 
estratégicos ou outros motivos tangíveis para a intervenção dos EUA 
na Segunda Guerra Mundial, Roosevelt, como presidentes antes dele, 
expressou suas justificativas em termos consistentes com a crença na 
natureza excepcional dos Estados Unidos. Que ele fez isso quando a 
segurança americana foi tão claramente ameaçada é evidência 
substancial de que o excepcionalismo enquadra o discurso da 
formulação de políticas externas dos EUA. (MCCRISTEN, 2002, nossa 
tradução). 
 
A vitória aliada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, afirmou para os 
americanos, que eram uma nação excepcional com um papel especial a desempenhar 
na história humana, o início do chamado século americano.6 Os Estados Unidos não 
 
6 O chamado século americano, foi uma frase pronuncia pelo editor da revista Life, Henry Luce, antes 
da entrada dos EUA na guerra em 1941. Escreveu uma matéria, declarando que o século XX deveria 
ser considerado o século americano. Argumentou que os Estados Unidos deviam aceitarde todo o 
36 
 
só foram vitoriosos, mas também foram a nação mais forte do mundo, militar e 
economicamente. Mas em vez de serem exemplares, permaneceram envolvido nos 
assuntos mundiais em maior medida do que antes. 
Desse modo, o início da Guerra Fria substituiu o antigo inimigo global, os 
Estados nazifascistas, pelo comunismo da União Soviética (URSS). Uma guerra sem 
conflitos bélicos diretos entre EUA e URSS, mas, ideológica de interesses 
estratégicos, econômicos e políticos. A política externa Norte-americana para a 
Guerra Fria, com apoio público sustentado pela ideologia missionaria do 
excepcionalismo americano, uma guerra maniqueísta, uma batalha entre o bem e o 
mal. Segundo Eric J. Hobsbawm (1995), a Guerra Fria representou muito mais um 
equilíbrio desigual de forças, e que a balança sempre pendeu para os Estados Unidos. 
O autor coloca que a URSS não tinha o interesse de expandir o comunismo, e sim 
assegurar sua posição como potência mundial conquistada na Segunda Guerra. 
Hobsbawm observa, que o discurso apocalíptico que alimentava a Guerra Fria era 
interessante política e economicamente, mais ainda para os Estados Unidos. 
De acordo com Hobsbawm (1995), dois elementos fundamentais que 
alimentaram o clima de tensão na Guerra Fria. O primeiro, é o fato de que EUA e 
URSS representavam ideologias diferentes, e que os Estados Unidos, acreditava que 
o sistema político americano, democrático, liberal, baseado na livre concorrência, no 
lucro, no individualismo, e satisfação pessoal, era o melhor caminho para 
humanidade. Naquela época, a ideologia da sociedade liberal capitalista versus o 
Comunismo era algo que estava na cabeça e no imaginário das pessoas. O segundo 
elemento, era que os EUA, ao contrário da URSS, era uma democracia, e, portanto, 
os políticos, disputavam votos. Hobsbawn, fala em um terceiro elemento, o 
econômico, a indústria armamentista que se revelou um grande negócio. 
O presidente Harry S. Truman em seu discurso de apresentação da Doutrina 
que recebeu seu sobrenome, no Congresso em 1947, forneceu os princípios 
orientadores para a política da Guerra Fria Americana.7 Segundo Truman, era dever 
dos EUA, fazer o que fosse necessário para proteger os direitos das nações livres e 
democráticas no mundo. De acordo com a tradição do excepcionalismo, o presidente 
 
coração o dever Norte-americano e a oportunidade de nação mais poderosa e importante do mundo, e 
consequentemente, exercer sobre o mundo o impacto de sua influência. Ver em Grant, 2014, p. 382). 
7 Doutrina Truman e Plano Marshall, de 1947, foram criados para a reconstrução econômica da Europa 
pós-guerra, não só o dinheiro americano, mas também com práticas e princípios do excepcionalismo 
americano de serem líderes do mundo livre. Ver mais em Grant (2014), capitulo 10, p. 367. 
37 
 
afirmou, que a América não buscava o domínio sobre essas nações em troca de sua 
liberdade, e que isso significava sobreviver ao desafio do comunismo para que o 
mundo saísse da escuridão. McCristen (2002), explica que muitas políticas da Guerra 
Fria refletiram suposições excepcionalistas sobre o papel americano no mundo. 
Durante os de 1960, nem todos americanos estavam satisfeitos com o 
consenso da Guerra Fria, enquanto dentro dos EUA ainda havia segregação racial e 
contradições. De acordo com Daniel Aarão Reis Filho (2005), os direitos dos negros 
surgem com as leis de 1964 e 1965, porém, eles eram descriminados de todas as 
formas ainda, e o ponto máximo foi, serem colocados na linha de frente da Guerra do 
Vietnã. Na década de 60 surgem os movimentos que pediam a liberdade que os 
Estados Unidos pregavam no exterior, e que dentro do país não havia para boa parte 
da população. A opinião pública foi fator fundamental na derrocada na Guerra do 
Vietnam, as pessoas estavam insatisfeitas, jovens se negavam a servir ao exército, 
nas canções e nas artes a causa era retratada, nos protestos de rua. 8 McCristen 
(2002), mostra que: 
Os afro-americanos, em particular, se concentraram na aparente 
contradição dos Estados Unidos exigindo liberdade e democracia em 
todo o mundo quando esses direitos ainda eram amplamente negados 
a um grande número de seus próprios cidadãos em casa. O 
movimento dos direitos civis usou reivindicações da liderança 
americana do mundo livre para argumentar que a igualdade racial 
também deve ser alcançada nos Estados Unidos. Essas demandas 
contribuíram para os muitos avanços nas relações raciais durante os 
anos 1950 e 1960. [..] No final da década de 1960, no entanto, grande 
parte do consenso da Guerra Fria tinha começado a quebrar e um 
grande número de americanos questionavam a direção da política 
externa dos EUA, particularmente em relação ao Vietnã. A intervenção 
no Vietnã foi concebida em termos consistentes com a crença de que 
os Estados Unidos eram o líder do mundo livre com o dever de conter 
o comunismo e proteger os "povos livres" da agressão. Mas a conduta 
da guerra e a resultante derrota dos objetivos americanos levariam a 
sérias dúvidas sobre o consenso da Guerra Fria e a natureza 
excepcional dos Estados Unidos. (MCCRISTEN, 2002, nossa 
tradução). 
 
 
8 Nos anos 1960 o mundo passava por mudanças ideológicas, políticas e civis. Ondas de protesto por 
todas as partes. Nos Estados Unidos surgem movimentos de protestos como o Movimento Negro, 
Hippies, Panteras negra, Black Power, entre outros, também conhecidos como movimentos de 
Contracultura. Para mais, ver em: REIS FILHO, 2005. 
38 
 
Entretanto, de acordo com o mesmo autor, embora a crença do 
excepcionalismo tenha sido abalada pelos ocorridos na intervenção no Vietnã e tenha 
gerada a chamada, crise de confiança no excepcionalismo americano, o uso continuo 
da retórica durante a guerra, indicou que a crença sobreviveria. O presidente Jimmy 
Carter, tentou restaurar a elaboração da política externa dos Estados Unidos, o que 
chamou de bússola moral. Entretanto, a política de Carter não obteve excito. 
 Nos anos 1980, o presidente Ronald Reagan, foi o maior defensor da crença 
no excepcionalismo americano pós Vietnã. Em seus pronunciamentos públicos, o 
simbolismo do excepcionalismo era claro, descrevendo os Estados Unidos como uma 
terra de esperança, uma luz para as nações, uma cidade brilhante em uma colina. 
Reagan, era um verdadeiro crente na natureza excepcional do Estados Unidos. 
Procurou superar a crise de confiança nos Estados Unidos. Insistiu que os Estados 
Unidos era a maior nação da terra, e que enquanto os americanos sustentassem essa 
crença, poderiam superar as crises que enfrentavam. Na política externa, tomou uma 
posição retórica contra a União Soviética União, comparando como um império do 
mal. A gestão Reagan obteve acúmulo de armas e demonstrou intenções de empregar 
a força, na tentativa de distanciar a política anterior. Em seu discurso de despedida a 
nação Reagan demostrou toda sua crença no Excepcionalismo: 
Nos últimos dias, quando estive naquela janela no andar de cima, 
pensei um pouco na "cidade brilhante em cima de uma colina". A frase 
vem de John Winthrop, que escreveu para descrever a América que 
ele imaginava. O que ele imaginou era importante porque ele era o 
primeiro peregrino, um dos primeiros homens livres. Ele viajou até aqui 
no que hoje chamaríamos de um pequeno barco de madeira; E, como 
os outros peregrinos, olhavam para uma terra que seria livre. [...] Eu 
falei da cidade brilhante sobre uma colina toda a minha vida política, 
mas não sei se sempre me expressei bem, na minha opinião, era uma 
cidade que está no alta e orgulhosa, construída em rochas mais fortes 
do que oceanos e rajadas de vento, abençoadas por Deus e repletas 
de pessoas de todos os tipos vivendo em harmonia e paz; Uma cidade 
com portos livres de grande atividade com comércio e a criatividade. 
E se tivessem

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