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Terapias_Naturais_-_A_CURA_PELA_NATUREZA

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A CURA PELA NATUREZA 
 
Jean Aikhenbaum e Piotr Daszkiewicz 
 
 
ENCIClOPéDIA FAMILIAR DOS REMéDIOS NATURAIS 
 
Aviso: 
 
Esta obra não tem a pretensão de substituir o seu médico. Não pode substituir uma consulta 
médica. 
A nossa abordagem não consiste numa crítica sistemática da medicina. A nossa intenção é 
apresentar-lhe um guia que permita ajudá-lo a fazer face a certos problemas através do 
recurso às terapias ditas “naturais”. Também lhe apresentamos, nas próximas páginas, uma 
análise crítica, científica, etnológica e histórica de certos tratamentos. 
É importante saber que “natural” não significa “inofensivo”. Existem toxinas terríveis que são, 
muitas vezes, de origem natural, e certas plantas que podemos encontrar correntemente nos 
nossos parques e jardins são, por vezes, mortais. Devemos também ter presente que a acção 
de qualquer substância é sempre múltipla, e que não existe acção sem reacção. Mesmo as 
plantas e as técnicas delas derivadas devem ser utilizadas com moderação. Para terminar, 
lembramos que é sempre preferível prevenir a ter de remediar. 
 
Título original: Le Pouvoir de Guérir par la Nature 
1996 
 
 
A casa dos meus pais cheirava bem a sopa de couve 
Quando o Inverno fustigava que bem que se estava em casa 
Mas empurrei a cancela quando chegou a Primavera para deambular rio abaixo como todos os 
moços de vinte anos... 
 
G. Jackno 
 
À minha filha Christina, que não gosta de ir ao médico. 
 
Ao meu avô Kalman, que conhecia o poder do Verbo e sabia curar com um pouco de azeite e de 
limão. 
 
 
INTRODUÇÃO E PREFÁCIO 
 
pelo Dr. Jean-Pierre WILLEM 
 
Vivemos num tempo apaixonante em razão das suas contradições! 
 
E a relação que a nossa sociedade mantém com a saúde é uma delas. Aliás o sentido da 
palavra “saúde” não cessa de se alargar. Ela tanto designa os cuidados intensivos numa 
unidade de reanimação, como o jogging das manhãs de domingo, passando pelos 
medicamentos de conforto. A frase “É bom para a saúde” constitui uma etiqueta indiscutível. 
Além disso, a saúde especializa-se por meio de técnicas cada vez mais científicas e espalha-se 
sob a forma de crendices cada vez mais extravagantes. Por outro lado, se hoje em dia se 
tratam doenças que no passado eram mortais, surgem doenças primárias perante as quais 
somos ainda impotentes. E voltam a aparecer velhas infecções, tais como as “doenças da 
miséria”, de que é um dos exemplos a sarna. 
 
Esta obra é uma enciclopédia de medicinas naturais Seria uma presunção pretender conhecer 
perfeitamente o conjunto de terapias às quais esta enciclopédia de tratamentos naturais faz 
referência, sendo certo que Jean Aikhenbaum, jornalista científico e fundador da revista Réussir 
votre Santé, e Piotr Daszkiewicz, biólogo e historiador das ciências, elaboraram um guia muito 
completo. 
 
A sua competência em matéria de medicinas naturais, numa perspectiva científica e sobretudo 
experiencial, conjugou-se para proveito das pessoas que, a propósito, por exemplo, de uma 
angina, de uma gonalgia, de um edema na garganta ou de uma hemorragia nasal, poderão 
consultar este manual, que terá um lugar privilegiado para elas. 
23 
Um exame da medicina, dos cuidados de saúde e do doente. 
 
As suas considerações são, na verdade, múltiplas e variadas, mas mencionarei apenas as três 
principais: 
 
- O facto de que existe apenas uma medicina, com múltiplas facetas. 
 
Já não se fala de “medicinas diferentes”, a não ser para explicar que muitas formas possíveis 
de terapêutica sã o ignoradas, voluntariamente ou não, pelas Faculdades de Medicina. -A 
primordialidade da alimentação saudável, equilibrada e natural. 
 
Este fenómeno é conhecido há muito: “Existem doentes que só se curam através da 
alimentação”, já dizia Hipócrates, e Jean Rostand, entre outros, fez dele um fervoroso eco. 
- A vontade de cura. 
 
Uma reflexão sobre a saúde 
 
Esta enciclopédia aborda também os diferentes aspectos da saúde. -A saúde comporta uma 
grande parte de confiança: por se pensar tanto que o progresso técnico resolve rapidamente os 
problemas, as suas lentidões ou impotências suscitam decepções violentas ou a procura de 
terapias ditas naturais. A confiança é, sem dúvida, fundamental no que toca a saúde: o 
sobreconsumo de tranquilizantes prova-o. Existe por conseguinte uma forte relação entre 
confiança e saúde. E um bom estado de saúde prova que o corpo se situa numa relação de 
autoconfiança, de confiança no médico e de confiança na sociedade. 
- Evocando, diversas vezes, o assunto do investimento nos cuidados de 
saúde, os nossos autores apresentam a questão da confiança na vida, no valor da própria vida. 
Será que estar de boa saúde significa não ter qualquer problema? Assistimos actualmente a um 
conjunto crescente de doenças físicas bem como a uma grande dificuldade em suportar a vida. 
No fundo, é o problema do sentido da vida que se põe. -Que utilidade tem o que faço?”, que 
implica a pergunta: “0 que vale a minha vida?” 
- Por outro lado, constatamos que as ciências e as tecnologias de ponta se especializam cada 
vez mais. Mas o custo destes avanços é duplo: 
24 
a saúde está dividida em especialidades, e o homem, na sua totalidade viva, é talvez menos 
considerado. Além do mais, o abismo aumenta entre as tecnologias e a população: esta tem 
dificuldade em entender todas as investigações, mas exige-as “de direito”, imediatamente. E o 
acesso de toda a população aos cuidados de saúde exige provavelmente uma orientação 
tornada inteligível e mais humana. 
 
Sim, a saúde precisa de humanizar-se. E não apenas no que se refere às condições de 
acolhimento de um grande hospital, mas, sobretudo, de modo a permitir ao homem manter 
uma relação justa com a saúde. Certas pessoas preocupam-se de tal modo com a sua saúde 
que dela se tornam escravas. A saúde não é apenas o campo do objecto (o corpo, a psique), 
mas também o é do sujeito. E o domínio da saúde passa pela condução da própria existência e, 
por conseguinte, pela paz consigo mesmo... 
 
E depois pode-se, recorrer, então, às terapias. 
 
Uma mina de informações sobre as medicinas naturais 
 
Trata-se de um livro de “boa fé”: a informação do público, e até dos terapeutas, necessitaria 
aliás de muitos outros livros como este. Basta sabermos que o leque terapêutico é enorme e 
que é necessário actualizá-lo constantemente. 
 
Esta obra é também uma mina de informações sobre os métodos tradicionais, os remédios 
antigos e a medicina natural. 
 
A medicina dos nossos dias tem o seu tempo, enquanto os métodos tradicionais, 
experimentados ao longo de séculos, senão milénios, prosseguem incansavelmente a sua acção 
favorável. 
 
A medicina moderna enganou-se no caminho 
 
A medicina moderna, dita “científica-, enganou-se incontestavelmente no caminho nestes 
últimos cinquenta anos. E contudo... Nunca antes na história do mundo existiram tantas 
drogas, mas, em contrapartida, nunca antes existiram tantas pessoas débeis, tantas pessoas 
verdadeiramente doentes: UM terço dos indivíduos hospitalizados - um número aterrador - 
ocupam as camas dos hospitais por motivo de doenças “causadas por medicamentos”. Muitas 
delas morrem quando poderiam ter sido salvas. 
É assim que as purgas e as sangrias dos séculos passados são actualmente substituídas pelos 
antibióticos e pelos corticóides sistemáticos, dispensados às cegas. As consequências nocivas 
deste procedimento são, desde há muito, piores do que as purgare e saignare de Molière. 
Assim, durante séculos, os espíritos “duros” que atravancam as nossas civilizações ocidentais 
zombaram de uma prática muito antiga, curiosa mas eficaz: o facto de uma chave grande, 
aplicada na nuca, estancar rapidamente a maioria das hemorragias nasais. Foi necessário que 
surgissem os trabalhos do padre Leriche para que este método fosse despojado da sua lenda: 
qualquer objecto frio (uma chave, um pedaço de metal, um cubo de gelo), colocado ao nível 
das vértebras cervicais, tem por efeito excitar o sistema nervoso simpático situado diante das 
vértebras,que possui entre as suas múltiplas propriedades a de provocar a contracção dos 
vasos sanguíneos. Daí o estancamento das hemorragias nasais (epistaxes). 
 
A medicina moderna deve dar explicações 
 
Por que razão, sempre desconhecida, na nossa época de viagens à Lua, uma simples ligadura 
de linho ou de lã suprime certas dores: as cãibras nocturnas nas pernas, as dores reumatismais 
nos pulsos, nos cotovelos e nos joelhos? E por que razão um banal pedaço de sabão de 
Marselha colocado na cama evita o regresso das cãibras? 
 
Será doravante necessário esforçarmo-nos para encontrar uma explicação para a eficácia de 
inúmeros tratamentos. 
 
---As investigações modernas”, escrevia Léon Binet, antigo decano da Faculdade de Medicina de 
Paris, “apenas confirmam de uma forma geral o bom fundamento dos cuidados de saúde 
utilizados no passado de forma empírica.” Mas continuamos a ignorar a 
razão pela qual os nossos predecessores utilizavam há séculos a cavalinha para as afecções 
degenerativas e também como agente remineralizante. Sabemos actualmente que as 
propriedades desta planta se devem aos seus múltiplos componentes, especialmente a silícia - 
cuja importância é fundamental na consolidação do nosso esqueleto; e a cavalinha é uma das 
plantas mais ricas neste componente. “A acção da silícia na terapêutica”, escrevia aliás Louis 
Pasteur em 1878, “deverá ter um papel grandioso.” 
 
As propriedades vermífugas do musgo-da-córsega foram mencionadas por Teofrasto, há 2000 
anos. Utilizadas até à Idade Média, caíram no esquecimento e foi um médico corso, como é 
natural, que as reabilitou em 1775. Conhecemos actualmente a realidade científica da sua 
acção. 
 
Para os cancros, no primeiro século da nossa era, Dioscórides utilizava o cólquico (mata-cão). 
Foi preciso esperarmos até 1934 para isolarmos um dos seus alcalóides: a colquicina, que, no 
estado actual dos nossos conhecimentos, combate o desenvolvimento das células anárquicas 
dos tumores. 
 
Durante séculos, e tal como para a cavalinha, para o musgo-da-córsega e para a maioria das 
outras plantas, os espíritos duros negaram-se à evidência da sua eficácia sob o pretexto infantil 
de que se ignorava a razão “científica” da sua acção. 
 
Para Henri Poincaré, “negar porque não se sabe explicar não é nada científico”, o que também 
afirmava Ambroise Paré, à sua maneira, há já quatro séculos e meio: “As coisas, em medicina, 
não se medem ou consideram senão pelos seus resultados.” 
 
Felizmente que, para muitos doentes com cancro, nem Dioscórides nem os médicos que lhe 
sucederam esperaram 1900 anos para tirarem provas científicas da acção evidente das 
propriedades antitumorais do cólquico. 
 
É com a intenção de vulgarizar todo este património natural que os nossos autores escreveram 
esta enciclopédia. 
 
‘ Não se trata, obviamente, de um musgo mas sim de uma alga, Alsidium helminthocorton, um 
remédio esquecido, conhecido dos médicos da Antiguidade e da Idade Média. Redescoberto em 
1775 por Stephanopol, este medicamento foi, muitas vezes, utilizado por Napoleão. 
 
As medicinas naturais contribuem para o progresso médico 
 
Aqueles que consideram a medicina moderna como fonte de descobertas infinitas, tanto no 
plano das preparações farmacêuticas como no plano das intervenções cirúrgicas, avaliam 
frequentemente a medicina natural como um travão indesejável ao “progresso”. Outros 
parecem estar de tal modo investidos na especificidade das suas profissões que a mera menção 
da palavra “oligoelementos” ou “nutriterapia” lhes é insuportável. Os cuidados médicos “sérios” 
não concedem qualquer lugar às vitaminas e aos exercícios físicos autoprescritos (argumento 
ao qual não nos oporemos). Mas o que é bom para o “progresso médico” ou para os “cuidados 
médicos” e o que é bom para os seres humanos são duas coisas completamente diferentes! 
 
Até os médicos podem tratar os seus doentes com esta enciclopédia 
 
Os médicos receitam rapidamente medicamentos para acalmar dores, quando em certos casos 
o recurso a esta preciosa enciclopédia lhes facultaria uma solução simplicíssima. 
Um exemplo: quantas dores de cabeça, perturbações da visão ou zumbidos nos ouvidos não 
teriam cura se não se interviesse ao nível das vértebras cervicais, em muitos casos deslocadas? 
 
Mais um exemplo? Quantas disfunções vagossimpáticas, que resistiram a cuidados diversos 
durante vinte anos, não poderiam ser rapidamente aniquiladas através da negativização 
eléctrica? 
 
- E em que consiste esta terapia? - Simplesmente em devolver às células do nosso organismo 
as cargas eléctricas negativas benéficas que estas perderam: todas as afecções degenerativas - 
artrose, neuroses e afecções similares, diabetes, psoríase, cancro... - são concomitantes de um 
excesso de carga positiva. 
 
É uma questão de bom senso 
 
Quando terapêuticas deste tipo, ignoradas pela nomenclatura científica, são capazes de 
“recuperar” situações muito comprometidas pelo abuso da quimioterapia, por que não deveriam 
elas ser utilizadas antes de quaisquer outras, e para as substituir, em caso de insucesso, por 
medicações mais violentas? Não se tratará apenas, com o conhecimento existente dos 
tratamentos eficazes e não tóxicos, de uma pura questão de bom senso? “Para alcançar a 
verdade é preciso que uma vez na vida nos dispamos de todas as opiniões recebidas e 
reconstruamos, de novo e a partir do seu fundamento, os sistemas desses conhecimentos.” 
Estas palavras de Descartes, esse antigo oficial do exército, matemático e filósofo, dizem 
respeito a todas as disciplinas. E mais ainda à medicina. É por esta razão que a presente obra 
terá certamente o grande êxito que merece, tanto em França como no resto da Europa. 
 
Não é uma questão de negar os resultados, por vezes, incomparáveis, obtidos graças aos 
medicamentos modernos. Temos o exemplo da meningite tuberculosa, que, sem a 
estreptomicina, continuaria a ser uma doença mortal. É por isso que os inúmeros e pacientes 
trabalhos dos fundamentalistas, indispensáveis aos progressos do conhecimento, devem 
imperativamente ser prosseguidos sem que os investigadores se tenham de interrogar se das 
suas descobertas serão algum dia retiradas conclusões práticas. 
 
A abordagem das medicinas naturais 
 
A medicina natural assenta num método lento e orgânico. Ela começa por reconhecer que o 
corpo humano está maravilhosamente equipado de modo a resistir às doenças e a curar as 
feridas. Assim, quando a doença se instala, ou se produz um acidente, a primeira abordagem 
das medicinas naturais consiste em ver o que pode ser feito para reforçar a resistência natural 
e multiplicar os agentes de cura, a fim de que estes possam agir mais eficazmente contra o 
processo patológico. 
 
A eficácia da medicina natural repete-se desde os tempos mais remotos 
 
Vem-me à memória um pensamento chinês: “Não devemos acreditar ou deixar de acreditar 
numa terapêutica, mas sim constatar ou não os seus resultados benéficos.” Mas o espírito, mais 
ou menos cartesiano, de um 
29 
médico ocidental não pode, obviamente, subscrever este tipo de pensamento, que apenas 
aceitará como tratando-se de uma afirmação humorística. 
 
Os “resultados benéficos” não trabalham, portanto, a favor da convicção. Aquilo que, em 
contrapartida, não deveria deixar dúvidas no espírito dos mais cépticos é a repetição da mesma 
eficácia em milhares de casos, por processos semelhantes na aplicação de uma mesma técnica. 
 
Se os cépticos persistem, que se acautelem, porque o cepticismo arrisca-se a transformar-se 
em má-fé. E isto parece lamentável no que diz respeito ao progresso médico. 
 
Esta enciclopédia vai ajudá-lo a defender a sua saúde 
 
Sendo cada um responsável pelo seu próprio bem-estar, é-lhe desejável depender o menos 
possível de outrem para defender a sua saúde. Cada um é o promotor, o censor e o guardião 
da sua saúde. E esta obra vai ajudá-lo. 
 
Uma síntese entre medicina tradicional e medicina de ponta 
 
Muitas são as pessoas que consideram amedicina natural uma alternativa radical aos cuidados 
médicos clássicos. No entanto, quando se encontram perante um problema grave, em que a 
saúde está em jogo, essas mesmas pessoas rejeitam na totalidade todo o arsenal de plantas 
curativas, de cereais integrais, de vitaminas e de exercícios físicos, que são a própria essência 
dessa medicina. E isto é tanto mais absurdo que a medicina natural e os cuidados médicos 
modernos não se excluem mutuamente, antes pelo contrário. 
 
Esta é a razão pela qual este livro contém não só tratamentos naturais postos à prova através 
dos tempos, mas também as novas terapias derivadas das mais recentes investigações. Houve 
poucos, até agora, a fazerem este tipo de síntese entre a medicina tradicional e a medicina de 
ponta. 
 
Para cada doença são propostos vários tratamentos 
 
Esta obra, realizada graças à colaboração entre um jornalista que animou e publicou a revista 
médica de abordagem holística Réussir votre 
30 
Santé e um homem de ciência recheado de diplomas, constitui um verdadeiro balanço dos 
tratamentos mais bem adaptados a cada caso particular. 
 
É aliás a sua segunda faceta de originalidade o propor várias terapias para cada doença: o 
leitor encontrará assim, entre os tratamentos e produtos citados, aqueles que mais lhe convêm. 
 
Consulte esta obra em todos os casos 
 
Desta forma, tudo foi feito para que lhe seja possível consultar esta obra fácil e rapidamente, 
em caso de emergência. 
 
O objectivo deste livro é, na verdade, permitir a todas as mães de família, a cada um de nós, 
na presença de sintomas ou de doenças variadas (267 doenças abordadas nesta obra): 
 
-tomar as primeiras previdências; 
- fazer abortar a doença, se possível; 
- alertar a nossa consciência para a eventualidade de uma afecção séria ou grave e pôr-nos em 
guarda contra uma despreocupação perigosa. 
 
Mas esta obra tem também outras ambições 
 
- Diminuir o absentismo daqueles que têm todos os motivos morais ou 
materiais para quererem trabalhar. 
- Evitar hospitalizações inúteis. 
- Lutar contra o abuso de uma prescrição sistemática de drogas supérfluas, quando existem 
vários remédios ditos “suaves” igualmente eficazes (e, muitas vezes, mais fiáveis 
preventivamente). 
 
Tratar uma afecção benigna é coisa fácil. A grande dificuldade reside justamente na apreciação 
da gravidade das manifestações anormais. 
 
É obviamente perigoso manifestar um optimismo exagerado, mascarando a realidade e 
contribuindo, deste modo, para a evolução de uma 
doença que um tratamento precoce teria conseguido deter. Em contrapartida, parece-nos 
pernicioso usar e abusar de drogas medicamentosas, nenhuma delas desprovida de riscos (fala-
se do risco iatrogénico), quando a aplicação de medicinas naturais pode, sem perigo e 
facilmente, levar à cura. 
31 
 
Esta enciclopédia é um passaporte de boa saúde 
 
Saúdo a publicação desta obra de Jean Aikhenbaum e Piotr DasAiewicz que a redigiram 
agregando um conjunto de práticas naturais. No nosso 
mundo de poluição química e mental, este trabalho vai trazer-nos uma 
lufada de ar fresco. 
 
Esta enciclopédia constitui um passaporte de boa saúde. Destina-se a 
nos fazer descobrir um conjunto de chaves para melhorarmos a nossa 
saúde, aumentarmos o nosso bem-estar e preservarmos a nossa qualidade de vida. 
 
Contudo, ponho em guarda os leitores contra uma automedicação sistemática. Certas 
patologias devem recorrer aos médicos (de abordagem holística, de preferência). 
 
Todos aqueles que se interessam pelos métodos naturais de cura experimentarão uma grande 
alegria na leitura deste tratado, que é muito mais do que um conjunto de receitas! 
 
Desejo um franco êxito para esta obra, elaborada por dois autores sérios. 
 
Dr. Jean-Pierre Willem Presidente da FLMN (Faculdade Livre de Medicinas Naturais) 
 
e dos MAPN (Médicos de Pés Descalços) 
 
32 
1 A VIDA, ESSE FENÓMENO TÃO MISTERIOSO 
 
“O nosso mundo materialista é maravilhoso e cruel, mas simultaneamente ultrapassa a nossa 
compreensão, é maior do que a própria matéria. E impossível reduzi-lo a essa matéria.” 
 
Karl Jaspers 
 
SERÁ POSSíVEL DEFINIR A “VIDA,),)? 
 
Todos os sistemas terapêuticos têm em comum o desejo de preservar a vida. A saúde pode ser 
considerada como um estado da vida. Ora um dos paradoxos - e eles são inúmeros na ciência 
moderna - é a sua incapacidade de explicar em que reside a vida. A biologia (que pela sua 
etimologia não é outra coisa senão a ciência da vida) nem sequer consegue definir o seu 
próprio objecto! Houve tentativas de a definir pela sua 
estrutura química, pela interpretação de certos fenómenos, mas até à data estas explicações 
foram todas elas insuficientes. 
 
A história da biologia tem sido marcada pelo discurso dos vitalistas em 
busca da célebre vis vitalis, propriedade ou substância própria à vida, e 
pelos reducionistas (mecanicistas do século xix) que apenas viam na vida simples fenómenos 
físico-químicos. Mas nenhuma destas escolas apresentou respostas satisfatórias. 
 
Desde a experiência de WõhIer, no início do século xix, que sabemos que podemos sintetizar 
substâncias orgânicas, contudo nunca consegui 
33 
mos descobrir um estado particular da matéria viva, nem sequer uma substância da vida. 
Todavia, os reducionistas nunca conseguiram criar vida in vitro (mesmo se as últimas 
investigações americanas permitiram criar sistemas polimoleculares capazes de se 
reproduzirem e de utilizarem recursos nutritivos). E também não foram capazes de explicar a 
sua origem. 
 
Algumas definições da vida 
 
Podemos propor várias definições para a vida, por exemplo, a do célebre biólogo húngaro 
Szent-Georgyi (Prémio Nobel em 1935, pela sua 
descoberta da vitamina C): 
 
“A vida é uma poluição proteínica da água.” 
 
Esta definição, proposta para ridicularizar os esforços de certos mandarins e ideólogos da 
ciência oficial, tem a qualidade de fazer a 
demonstração da nossa ignorância e realçar a importância da água e das proteínas nos 
fenómenos da vida. 
 
A maioria dos dicionários contenta-se com definições tautológicas (que definem a vida... 
através do organismo vivo) do tipo: 
 
“A vida é um conjunto de fenómenos que comporta principalmente a assimilação, o 
crescimento, a reprodução e a morte, que caracterizam os seres vivos.” 
 
Actualmente a biogénese (estudo da origem da vida) dedica-se, em 
especial, às definições e às características da vida. Esse campo da ciência contemporânea 
desenvolve-se de forma dinâmica. Podemos contar uma 
boa centena de teorias sobre a origem da vida. Elas são, obviamente, apenas hipóteses de 
escola... inverificáveis. 
34 
 
QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DA VIDA? 
 
Qual é a fronteira que separa o vivo do não vivo? 
- Para Henry Quastler, a unidade da vida deve caracterizar-se pela 
capacidade de transformar a matéria, pela estabilidade de organização e pela capacidade de 
adaptação e de auto-reprodução. 
- Para H. Kuhne, a qualidade mais importante da molécula viva reside 
na sua capacidade de procura e de armazenamento de informação sobre o seu meio, bem como 
a sua capacidade de reprodução. 
- Quanto aos especialistas da biogénese, estes rejeitam as teses 
reducionistas e afirmam que é muito difícil (se não impossível) explicar o fenómeno da origem 
da vida através da simples evolução química. 
 
Cada vez mais, as investigações tendem, tal como o sugeriram os 
vitalistas no passado, para uma explicação de uma “entidade” que seria a característica da 
vida, como por exemplo: 
 
* a bioestrutura de Macovschie; , 
* a proteína viva (uma proteína morta que, graças a uma ligação com 
a “porfirina”, se transforma numa proteína viva) de Florowska; 
* ou ainda o “bioplasma”, proposto por certos bioelectrónicos. 
- Certos biólogos, como S. W. Fox, pensam que a vida é eterna e que 
uma espécie de informação biológica existe desde a criação do universo. A génese da vida 
estaria inscrita no “ Big Bang”. 
- Outros supõem que existe uma regra universal de integração que 
governa todos os processos do universo eque o aparecimento da vida é a simples 
consequência dessa lei (Bahadur designa-a por “regra ekhalma-manav”). 
- Para C. Porteli, é a mega informação que dirige a matéria e torna 
possível a biogénese. 
- P. Fong supõe que a informação é primordial para o aparecimento da 
vida, que é ela (e não a matéria) que deve ser primeiro estudada. As teorias e os trabalhos de 
Fong permitiram uma nova interpretação das tradições místicas, porque a ciência 
contemporânea interpreta 
35 
cada vez mais à letra o preceito segundo o qual “o universo é a regra da organização do Tao”, 
ou os primeiros versículos do Génesis: “No princípio, criou Deus os céus e a terra. E a terra era 
sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre 
a face das águas. Deus disse: Taça-se luz.’ E a luz foi feita.” 
 
Quais são as consequências destas investigações e em que medida influenciaram as nossas 
teorias em matéria de saúde? 
 
Toda a gente concorda em reconhecer que a vida é um fenómeno de uma extraordinária 
complexidade, apesar de existir há vários milhares de anos. Em razão da sua complexidade e 
da incapacidade ou impotência da ciência para o explicar, compreender ou simplesmente 
descrever, devemos rejeitar todas as explicações simplistas. 
 
Uma doença não pode ser reduzida (salvo em certos casos raros e 
extremos) a um único factor. Ou seja, não basta, por exemplo, alterar o pH, nem adicionar 
alguns elementos que aparentemente faltam (vitaminas, minerais, etc.), para obter resultados 
para os quais a Natureza necessitou de condições específicas que exigiram milhares de anos 
para se realizarem. 
 
Em contrapartida, somos da opinião de Hipócrates e pensamos que a Natureza, através dos 
seus mecanismos de regulação, é capaz de tratar a maioria das nossas doenças. É também 
importante realçar que se os 
estudos sobre a biogénese demonstram que a vida tem capacidades excepcionais para se 
manter (as bactérias, por exemplo, vivem em condições extremas de calor, num ambiente de 
substâncias tóxicas), existe contudo uma fronteira de alterações ambientais para além da qual 
a vida não consegue manter-se. Ao ultrapassar um “certo patamar” de tolerância, a 
vida pode tornar-se impossível nas suas formas actuais. 
 
Desta banal constatação podemos reter como conclusão que preservar a vida e a saúde em 
geral passa pela protecção do nosso meio ambiente. 
 
36 
A NATUREZA QUE TRATA 
 
“Saúdo-te, ô Natureza, mãe de todas as coisas. “ 
 
Plínio 
 
---Nos povos primitivos todos os indivíduos são exímios naturalistas, o que não é de espantar 
já que disso depende a sua sobrevivência.” 
 
Errist Mayr (Histoire de la biologie) 
 
Em busca das origens da Natureza 
 
Há vinte e seis séculos os filósofos gregos propuseram o equivalente à palavra Natureza e, 
também na mesma época, o termo Arche (início, origem). A etimologia da palavra Natureza 
globalizava o facto de as substâncias serem susceptíveis de se desenvolverem, durarem e se 
reproduzirem. Tales de Mileto dedicou-se, mais especificamente, à busca das origens da 
Natureza. Os seus sucessores, entre os quais Anaximandro, quiseram saber o que existia na 
Natureza no momento da sua criação. A busca filosófica dos factores unificadores e das causas 
naturais dos fenómenos originais estão na base da cultura europeia. 
 
A Natureza pode tratar? 
 
Os grandes pensadores gregos ‘debruçaram-se sobre o papel terapêutico da Natureza. Para 
Hipócrates, considerado fundador da medicina científica, a Natureza está na base de todas as 
curas. Os diversos órgãos do corpo constituem uma entidade harmoniosa, e a Natureza tem a 
possibilidade de tratar as doenças. O papel do médico consiste em observar o doente, seguir os 
progressos que a Natureza efectua em direcção à cura e, eventualmente, ajudá-la. Não deve de 
modo nenhum contrariá-la na sua 
37 
acção curativa. “Primum non nocere” significa que o dever do médico ou do curador é o de não 
perturbar o desenrolar de uma acção benéfica. Os preceitos que orientaram os terapeutas 
durante séculos estabeleciam que o médico deve ser minisler naturae (estudante da Natureza) 
e não magisler nalurae (mestre da Natureza). 
 
As relações entre Natureza e medicina 
 
Na tradição filosófica (e medicinal) existem duas correntes: 
 
-Para a primeira, o homem faz parte da Natureza. É a relação 
conflituosa entre o nosso corpo e a Natureza que está na origem das doenças, e é, por 
conseguinte, na Natureza que podemos encontrar os meios de preservar ou de recuperar uma 
boa saúde. 
- Para a segunda, o homem é o mestre da Natureza. A sua ciência e 
a sua técnica têm os meios de resolver todos os problemas que lhe possam surgir, incluindo o 
problema da saúde. 
 
Nós estamos, pela nossa parte, próximos da primeira tradição: pensamos que a Natureza põe à 
nossa disposição todos os meios para um 
melhor bem-estar. Felizmente, esta tradição, mesmo tendo sido, por vezes, ocultada ao longo 
dos séculos, não desapareceu com a Grécia antiga. Ela acompanhou os homens e a medicina ao 
longo da história. Encontramo-la na tradição da Escola de Medicina de Montpellier, onde outrora 
se 
escrevia com orgulho “Hippocrate oolim Cous, nunc Monspelliensis”, e 
nos Conselhos Gerais de Saúde da célebre Escola de Salerno: 
 
“Quando sentirdes que a Natureza vos quer aliviar 
de alguma matéria impura, Esculai os seus conselhos, ajudai-a nos seus esforços: Em vez de 
reterdes essa imundície em vós, dela libertai, rapidamente e sem tardar, o vosso corpo. Fugi 
dos tratamentos nocivos, pois por eles se altera o sangue; Evitai a cólera como um veneno 
funesto. 
O serva do estes pontos, contai que os vossos dias por meio de um regime prudente se 
prolongarão.” 
38 
 
A Natureza que trata: a naturopatia 
 
Esta tradição hipocrática encontra-se igualmente na naturopatia e nas 
teorias ecológicas de Gaia: “Terra - organismo vivo de que o homem faz parte.” 
 
Esta concepção da Natureza que trata tem tido inúmeros detractores, especialmente entre os 
médicos e os cientistas. É compreensível, porque, se é suposto a Natureza tratar, para que 
servirão então os médicos? 
 
É evidente que a propagação desta teoria põe em jogo os interesses económicos dos 
comerciantes de saúde, dos médicos e dos farmacêuticos, mas sobretudo dos laboratórios que 
fabricam os medicamentos. O problema não é novo. 
 
No século xviii um grande naturalista e médico francês, Jean Emmanuel Gilibert, publicou as 
obras Autocracia da Natureza ou Primeira Dissertação sobre a Energia do Princípio Vital para a 
Cura das Doenças Cirúrgicas e Segunda Dissertação sobre a Autocracia da Natureza na Qual se 
Prova que a Natureza Cura as Doenças Internas, tais como Febres, Inflamações, Convulsões e 
Dores. A reacção do meio médico não se fez esperar e foi muito violenta. Gilibert foi obrigado a 
publicar uma rectificação: Joannis-Emmanuel Gilibert adversaria medico-praticum Lugduni, 
1791, na qual explica que foi mal entendido e que, em certos casos, a intervenção do médico 
pode ser necessária. 
 
Nós partilhamos o ponto de vista de Gilibert: a intervenção do médico é necessária apenas em 
certos casos. Assim, segundo o princípio hipocrático, devemos limitá-la aos casos mais sérios. 
 
A medicina pela Natureza 
 
Aliás, na grande tradição da “medicina pela Natureza”, muitos foram os pensadores que 
rejeitaram todas e quaisquer intervenções médicas, salvo as mais urgentes (como a cirurgia 
das fracturas). Assim, Ambroise Paré não foi o único a descobrir que frequentemente a 
ausência de medicamentos (no seu caso tratava-se de óleo a ferver que servia para tratar as 
feridas) pode ser mais benéfica do que o tratamento científico”. 
39 
Devemos suprimir os medicamentos? 
 
Encontramos esta ideia na tradição “hasídica” (movimento ortodoxo judeu da Europa Central, 
no século xviii), para a qual “a cura e a saúde não pertencem aos médicos”, bem como nos 
trabalhos de Karol Rokitansky, da Escola de Viena do século xix. Este grande médico declarou 
que cada escola de medicina ensinatratamentos terapêuticos diferentes para patologias 
idênticas, sem mesmo assim obter uma cura para as doenças tratadas. Rokitansky chegou ao 
ponto de declarar que toda a “matéria médica” não serve para nada e que os doentes 
recuperam ou não a saúde graças à acção da Natureza; e que, nesta hipótese, é por 
conseguinte impossível tratá-los. 
 
Não somos tão extremistas na nossa maneira de pensar. Partilhamos mais o ponto de vista de 
Galiano, que pensava, como Hipócrates, que a 
Natureza trata as doenças e que nós podemos observá-la e imitá-la, sem reservas, através dos 
dons que ela nos proporciona. A Natureza tem a 
capacidade tanto de nos tratar directamente como de nos fornecer as suas capacidades 
terapêuticas. 
 
A NATUROPATIA 
 
Não é possível comparar a naturopatia com a medicina oficial, que apenas se limita a intervir 
quando a doença se declara e que se esforça por fazer desaparecer os seus sintomas o mais 
rapidamente possível. Ela constitui a fotografia fiel do nosso modo de vida e da nossa técnica e 
sente-se assim na obrigação de trabalhar muito depressa, de responder o mais imediatamente 
possível às necessidades do público. Comporta obviamente vantagens indiscutíveis, mas gera, 
muitas vezes, inconvenientes maiores, inclusive riscos com consequências difíceis de avaliar. 
 
E se os medicamentos nos fizessem mais mal do que bem? 
 
Utilizamos um grande número de substâncias químicas de que ignoramos totalmente os efeitos, 
tanto para nos tratarmos como para nos alimentarmos: quem poderá explicar o que acontece 
quando estas ditas 
40 
substâncias penetram no nosso organismo, se combinam entre si e se acumulam nos nossos 
tecidos? Podemos considerar que os seres vivos estão perante várias centenas de milhar de 
compostos químicos dos quais nos é impossível avaliar as interacções. 
 
É útil lembrar que 25% das patologias diagnosticadas são consideradas ---iatrogénicas”, ou 
seja, resultam directamente de um acto ou de uma prescrição médica. 
 
Os erros da medicina: muitos medicamentos são retirados do mercado 
 
Devemos, igualmente, lembrar que um grande número de produtos considerados anódinos, que 
faziam parte da panóplia terapêutica de todos os médicos há alguns anos atrás, foram desde 
então retirados do mercado. Numa década, 600 medicamentos foram assim postos na lista 
negra. Alguns deles, ainda autorizados em certos países, são contudo considerados perigosos e 
proibidos noutros!... Como se, em função da latitude em que se encontra, o ser humano fosse 
diferente! 
 
Foi, aliás, o caso da demasiado célebre thalidomida',que foi autorizada na maioria dos países 
ocidentais mas não na Turquia. O ministro da Saúde deste país era médico e tinha muitas 
reservas relativamente às novas terapias ocidentais. Podemos dizer que as reservas deste 
homem foram no mínimo felizes e que, se prejudicaram de alguma forma as finanças do 
laboratório que comercializava este produto, evitaram nascimentos monstruosos na Turquia, 
tais como aqueles que ocorreram nos nossos países... mais civilizados. 
 
A naturopatia socorre os males quotidianos 
 
Não se trata de pôr em causa os conhecimentos adquiridos e os progressos da medicina e da 
cirurgia oficiais. É necessário recorrer a essas 
técnicas em certos casos limitados, especialmente nas fases agudas de certas patologias. Mas, 
em contrapartida, no que diz respeito à maioria 
41 
dos males correntes, essas medicações apresentam inconvenientes inúteis. Torna-se, por 
conseguinte, preferível recorrer a técnicas que respeitem o 
meio ambiente e que estejam em harmonia com os princípios vitais do organismo. 
 
A naturopatia baseia-se em princípios filosóficos que assentam no 
facto de o homem ser um microcosmos no macrocosmos, um universo no 
universo, um corpo feito de mares, montanhas, vales, correntes de água, rios, desertos... Ele é 
a imagem emblemática e representativa das forças em movimento que o compõem. 
 
Ele sofre a influência do seu meio, do ambiente que o envolve. Se este é perturbado, a 
perturbação reflecte-se no homem microcosmos, espelho da entidade global. 
 
A naturopatia respeita o corpo 
 
A naturopatia age rearmonizando as energias que constituem a vida. 
Tende a estimular as defesas do nosso organismo e coloca-o num estado capaz de responder e 
fazer face às agressões exteriores. 
 
O corpo tem obrigação de ser forte para poder recuperar e conservar 
a saúde, preservando simultaneamente o seu capital vital. 
 
* A doença ou as perturbações orgânicas que dela decorrem não são 
um simples efeito do acaso, do inexplicável ou da má sorte. Do mesmo modo que não 
passamos naturalmente de um estado de boa saúde para um estado de doença. 
42 
 
 
ALGUMAS TEORIAS (naturopáticas) 
 
Louis Kuhne combate os excessos alimentares 
 
A sua teoria 
 
As doenças manifestam-se através de sintomas variados, mas a sua 
causa é sempre idêntica: é a sobrealimentação que forma substâncias estranhas no corpo. 
Estas perturbam-no, prejudicam o seu bom funcionamento e a circulação sanguínea. A origem 
da doença reside na acumulação dessas matérias estranhas não eliminadas. Estas são o 
resultado de o indivíduo ingerir mais alimentos do que aqueles de que necessita efectivamente 
para compensar o desgaste do seu corpo. 
 
Louis Kul---me combate a ingestão de alimentos nocivos (carnes, vinho, especiarias, álcool, 
chá, café, narcóticos, medicamentos, etc., que não têm, na sua opinião, qualquer valor 
nutritivo) que irritam o corpo e acabam por torná-lo doente. Os órgãos ficam prematuramente 
enfraquecidos e tornam-se incapazes de assegurar as suas funções... nada escapa às suas 
críticas, e já em 1850 ele se insurgia contra o tabagismo e as vacinas, o ar impuro, os vapores 
das cloacas, os desinfectantes e a poeira “que são nocivos para o corpo e se transformam em 
princípios mórbidos”. 
 
Estes materiais armazenados e transformados não podem, em razão da sobrealimentação, ser 
eliminados pelos órgãos excretores. Por conseguinte, fermentam e apodrecem. Se surge 
alguma agressão interna ou externa, por exemplo um resfriado, um sobreaquecimento ou uma 
emoção, os princípios mórbidos procuram uma saída. Se encontram um obstáculo no seu 
caminho dilatam o espaço onde se movem e provocam então tumores, hipertiroidismo, pólipos, 
enfisema, endurecimentos, úlceras, cancro... 
 
O seu método 
 
Com esta filosofia (unidade das doenças, unidade do tratamento para curar todas as doenças), 
Kulme exclui todos os medicamentos, plantas medicinais e intervenções cirúrgicas. Ele 
preconiza um tratamento uniforme para todas as doenças, traumatismos e feridas, através de: 
 
* banhos do tronco; 
* banhos de assento com fricções; 
43 
* banhos de prancha; 
* banhos de vapor; 
* uma alimentação estritamente vegetariana. 
 
O método natural e personalizado do professor Bilz 
 
A sua teoria 
 
Bilz elaborou uma técnica a que deu o nome de O Novo Método do Professor Bilz para Curar as 
Doenças. Esta teoria obteve um grande êxito e conseguiu proezas e maravilhas onde a 
medicina da época esbarrava contra um impasse. 
 
Bilz utilizava apenas tratamentos naturais que ele personalizava e adaptava a cada caso 
particular. Inspirava-se em Savonarola, médico do século xv, e, mais próximos dele, em Hahn, 
em Pressnitz e em Frank. Era um fervoroso adepto da hidroterapia, que conseguiu adaptar 
maravilhosamente a cada caso. 
 
O seu método 
 
Apesar de fornecer receitas saborosas, considera que o vegetarianismo é o regime mais 
adaptado ao homem e superior a todos os outros. Não o considera, contudo, como uma regra 
absoluta, salvo no tratamento de certas doenças. Com efeito, aconselha a prática de uma 
alimentação variada, composta por legumes, fruta, leguminosas (ervilhas, feijões), lacticínios, 
ovos, pão integral, saladas, compotas e, eventualmente de vez em quando, um pouco de carne 
assada, cereais integrais, arroz, milho, trigo sarraceno, cevada, bem como manteiga e queijo. 
 
Como bebida, recomenda a água, mas considera que se pode tomar, de 
vez em quando, um poucode vinho, de chá ou de café. 
 
Para cada caso específico impõe-se um tratamento específico. É necessário individualizar o 
tratamento e personalizá-lo, de modo a torná-lo o mais eficaz possível. 
44 
Para o doente, ele afirma justamente que uma sobrecarga alimentar é totalmente inútil. 
Observa também que a privação de alimentos provoca no organismo as mais belas curas. 
 
Bilz insurgiu-se contra as águas químicas de SeItz, que denunciou violentamente. O que diria 
ele hoje perante a profusão de águas gaseificadas, com sabores de fruta e outras, adicionadas 
de corantes e de conservantes, que todos nós consumimos? 
 
Ele admitia que o ar era indispensável para prosperarmos e nos desenvolvermos. Basta 
observar as plantas e delas retirar a nossa inspiração: as plantas necessitam de ar e de luz. 
 
Os tratamentos do padre Kneipp 
 
Kneipp utilizava nos seus tratamentos tisanas e envolvimentos por meio de banhos de vegetais. 
Utilizava a água sob a forma de compressas e aplicava cataplasmas de argila. Também 
considerava a água fria como 
um remédio particularmente eficaz e aconselhava a prática de imersões frequentes e de curta 
duração. 
 
Shelton nega a doença 
 
Para Shelton, as doenças não existem. Aquilo que observamos e a que chamamos doenças são 
apenas sintomas variados. Pretender curar a 
doença é um contra-senso porque esta não existe. O papel da doença é o 
de preparar o corpo para um bom estado de saúde. É por isso que a doença deve ser gerida e 
não combatida. 
 
A prática do jejum e as restrições alimentares 
 
A prática do jejum é velha como o mundo e constitui provavelmente um dos meios conhecidos 
mais antigos para recuperar um bom estado de saúde. A sua história confunde-se com a 
história do homem e das religiões: a Bíblia cita Moisés, e o Novo Testamento cita Cristo. 
45 
A opinião de alguns teóricos e médicos sobre o jejum 
 
- Para o Pr. Biliz: 
 
“Em vez de alimentarmos o doente alimentamos a doença. A dieta 
é o meio mais seguro de recuperar uma boa saúde e de conservar a juventude e a vitalidade. “ 
 
O jejum é um período de descanso por excelência. Logo de início o 
sangue e a linfa purificam-se e produz-se um novo equilíbrio que permite aos órgãos vitais 
regenerarem-se. O jejum pode comparar-se a uma noite de repouso total para um corpo 
extenuado. 
 
“Os jejuns são umas férias fisiológicas de todo o nosso organismo. 
Não são uma penitência mas sim uma medida de desintoxicação interna que merece ser mais 
conhecida e desenvolvida.” 
 
Para Upton Sinclair: 
 
“A coisa mais importante em relação ao jejum é o facto de ele proporcionar um novo nível de 
saúde.” 
 
Toda a gente pode jejuar, as contra-indicações são extremamente raras 
e os efeitos benéficos fazem-se rapidamente sentir; as funções orgânicas são restauradas, e o 
corpo elimina os excessos de peso. 
 
- Para a Sr.’ Geffroy: 
 
“É o fenómeno da autofagia que torna o jejum num meio maravilhoso de regeneração e num 
extraordinário factor de longevidade. 
O organismo devora as suas células, começando por aquelas que estão fracas ou doentes, que 
perderam vitalidade e que representa um perigo para o corpo na sua totalidade.” 
46 
O jejum faz emagrecer e rejuvenescer 
 
É por esta razão que durante as curas de jejum se eliminam primeiro as gorduras e a celulite. 
 
* O Dr. Bertholet, médico suíço, afirma que a autofagia se processa 
da seguinte maneira: 97% da gordura desaparece, depois o baço perde 63% do seu peso, o 
que prova que se encontra sobrecarregado e anormalmente dilatado, e não sofre, de modo 
algum, com esta perda de peso. Em seguida, o fígado perde também 56% do seu peso, sem 
qualquer inconveniente. Os músculos, por sua vez, podem perder até 30% do seu volume, o 
sangue 17%, enquanto os nervos e o cérebro 0%. Para este médico o que o jejum não 
consegue curar nenhuma outra terapêutica será capaz de o fazer. 
* Carlon e Kunde mostraram que quando o jejum é praticado por um 
homem de 40 anos, durante um período de 2 semanas: 
 
“O jejum permite ao corpo regressar a uma condição fisiológica comparável à de um jovem.” 
 
Estes dois médicos realçam que, se o homem praticasse regularmente jejuns rejuvenescedores, 
poderia manter-se jovem ano após ano. 
 
47 
AS PLANTAS MEDICINAIS 
 
AS PLANTAS ACALMAM A FOME E ALIVIAM AS DORES 
 
Não existe vida animal sem vida vegetal, nem mundo vegetal sem mundo mineral. O que 
demonstra, caso seja necessário, que tudo o 
que constitui o nosso planeta se encontra estritamente interdependente. 
O essencial da nossa alimentação provém directa ou indirectamente do mundo vegetal. 
 
Os homens sempre procuraram nas plantas, nas flores, nas raízes e nos tubérculos um meio de 
saciarem a fome. Depois procuraram as que eram mais aptas a ajudá-los a suportar a sua 
miséria, a sua inquietação, a sua 
angústia e, também, a aliviar as suas feridas e vencer a doença e a dor. 
 
O interesse das plantas que tratam... 
 
Qual é o interesse da utilização das plantas medicinais na época em 
que as manipulações genéticas e a síntese química são moeda corrente? 
 
A resposta põe em evidência as grandes tradições religiosas e todas as civilizações que 
utilizaram a fitoterapia - do Egipto antigo à Grécia antiga, passando pela China. Contudo, estas 
mostram-se incapazes de fornecer uma resposta que satisfaça as nossas expectativas. 
 
Podemos, evidentemente, falar da superioridade das substâncias obtidas nos laboratórios, em 
condições ideais de esterilização e de controlo de qualidade. Não basta citar o exemplo dos 
animais que procuram re 
49 
médios no seu biótopo natural, apesar de sabermos, graças aos estudos pormenorizados dos 
zoólogos, que os grandes primatas, por exemplo, escolhem espécies vegetais antiparasitárias. 
Até sabem compor o seu regime alimentar de modo a preservarem a sua saúde, tal como o 
fazem os babuínos, que escolhem as folhas e os frutos do Balanites aegyptiaca para evitar a 
bilharziose. 
 
Para convencer os Ocidentais cartesianos da utilidade das plantas medicinais, é difícil recorrer a 
concepções místicas, à Lei das assinaturas” (plantas cuja forma e cor se assemelham aos 
sintomas de uma determinada doença e que é suposto tratá-las), à herança dos livros sagrados 
ou, para finalizar, à convicção de que o homem deve encontrar remédios para todos os males 
na Natureza, pois é no desequilíbrio da Natureza que se encontra a causa da doença. 
 
e o interesse da fitoterapia 
 
A fitoterapia não precisa de recorrer a todas estas explicações para se 
justificar. Os resultados obtidos com as substâncias de origem vegetal são suficientemente 
convincentes. Devemos lembrar que o potencial e a enorme riqueza bioquímica dos vegetais 
são factos indiscutíveis. Eles contêm várias centenas de milhares (ou de milhões) de 
componentes químicos que a síntese artificial é incapaz (na maioria das vezes) de reproduzir e 
até, por vezes, de determinar. 
 
No que diz respeito às substâncias que o homem aprendeu a reproduzir em laboratório e que 
são portanto quimicamente idênticas às isoladas nas 
plantas, existem também diferenças essenciais relativamente aos produtos naturais. Quando se 
utilizam plantas, os seus princípios activos nunca 
agem sozinhos mas, sim, em sinergia com os outros componentes. São estas substâncias 
“complementares” que têm frequentemente um papel activador, completando e reforçando a 
acção dos princípios activos. Melhor ainda, quando verificamos que certos componentes 
isolados são tóxicos, outras substâncias que contêm essa toxicidade diminuem ou neutralizam 
completamente a sua acção nefasta. 
 
E, finalmente, não devemos esquecer o aspecto económico da fitoterapia, que se torna muito 
importante nas nossas sociedades hipermedicalizadas, nas quais o custo da segurança social é 
cada vez mais elevado. Podemos 
50 
frequentemente encontrar plantas muito eficazes entre as espécies banais, as especiarias, os 
legumes, as plantas ubíquas (que se encontram em todo o lado). A utilização de certas plantas 
exóticas, que se podem cultivar em 
casa, é agoratambém possível. 
 
O poder de cura das plantas está hoje cientificamente confirmado 
 
Inúmeros investigadores, médicos, cientistas ou simples curiosos, redescobriram desde a última 
guerra a medicina dos simples. Analisaram e testaram centenas de variedades de plantas. 
Conhecemos agora os principais componentes de inúmeras espécies, que os antigos ignoravam. 
Estes estudos confirmaram, igualmente, o seu conhecimento empírico e 
apercebemo-nos de que as tisanas, as decocções e outras preparações nas quais as plantas 
possuem uma virtude terapêutica eram sempre prescritas adequadamente. 
 
Podemos então afirmar que as plantas têm todos os poderes? Que as ervas, as flores, as raízes 
têm todas as virtudes, que constituem o remédio ideal, a panaceia universal? Decerto que não, 
mas elas têm, em muitos casos, a faculdade de ajudar o corpo a vencer a doença e a recuperar 
a saúde, em situações nas quais até as medicinas mais sofisticadas falham. As plantas têm, 
meramente, a pretensão de poder constituir uma ajuda complementar interessante de um 
tratamento médico. 
 
A “LEI DAS ASSINATURAS” OU A FACE “MíSTICA” DA FITOTERAPIA 
 
As virtudes terapêuticas das plantas 
 
- Em África, as raparigas utilizam uma “planta mágica” Kigelia africana, para aumentar o 
tamanho e o volume dos seios e tratar a esterilidade. -No Norte da Europa, os Escandinavos 
desde tempos pré-históricos 
que tratam as doenças respiratórias com a Lobariapulmonaria. 
 
51 
- O salgueiro Salix sp., cura os reumatismos, e o castanheiro-da-Índia 
é suposto curar as hemorróidas. 
 
Estas quatro plantas medicinais foram utilizadas por diferentes civilizações, em épocas 
diferentes, para tratar diversas doenças. A descoberta das suas virtudes foi feita sem qualquer 
correlação. Contudo, possuem inegavelmente factores comuns. Estas quatro plantas foram 
descobertas graças à Lei das assinaturas”. 
 
A “lei das assinaturas” revela as virtudes das plantas 
 
*Os frutos da Kígelia africana têm aspecto fálico. 
*A Lobariapulmonaria é um líquen foliáceo que se assemelha a um 
lóbulo pulmonar. 
*O salgueiro cresce, frequentemente, em terrenos inundados e pantanosos e, como é facto 
conhecido, os reumatismos estão associados à humidade. 
*As raízes do castanheiro-da-índia assemelham-se a veias hipertrofiadas. 
 
Nestes quatro exemplos a ciência moderna confirma as virtudes terapêuticas evocadas pelas 
“assinaturas”. Até foi possível identificar e isolar os componentes químicos que traduzem a 
acção terapêutica da linguagem da doutrina das assinaturas para a linguagem da química dos 
medicamentos do século xx*A Kigelia africana contém esteróides cuja assinatura química é 
idêntica às das hormonas sexuais. 
*O salgueiro contém derivados salicílicos (como a aspirina). 
*Um ácido, próximo do ácido cetrátrico, conhecido pelo seu forte 
poder antibiótico, foi isolado a partir da Lobaria pulmonaria. 
*Os saponídeos anti- inflamatórios justificam as virtudes do castanheiro-da-índia. 
 
Qual é a “fórmula mágica” que permitiu descobrir as virtudes das diversas plantas? Como é que 
as civilizações “primitivas” chegaram às mesmas conclusões e aos mesmos resultados que os 
Ocidentais do século xx? Os nossos antepassados não dispunham nem de laboratórios, nem de 
aparelhos sofisticados, nem de cromatografia. 
52 
Quem formulou primeiro a “lei das assinaturas? 
 
Nunca descobriremos o inventor desta doutrina; ela surgiu provavelmente com os primeiros 
homens. Nem sequer conseguimos determinar que civilização ou que continente foi precursor 
em matéria de decifração dos sinais divinos da cura. 
 
Para os Europeus esta doutrina está ligada à medicina e à filosofia de Paracelso, que 
transformou a antiga regra na lei simula similitibus curantor (o semelhante cura-se pelo 
semelhante). Esta lei pretende que cada planta contém um sinal que indica a sua prescrição. 
Por exemplo, uma folha em forma de coração trata perturbações cardíacas, outra em forma de 
fígado e as flores de cor amarela são indicadas contra a icterícia. 
 
Por outro lado, Giambattista della Poria associou a botânica à astrologia e dedicou a sua obra 
Phytognomococa ao estudo e à descrição das assinaturas em relação com o cosmos. 
 
A base teórica desta lei pertence à concepção hipocrática e já era 
conhecida na Grécia antiga. Mas foi provavelmente no século xvi que a 
doutrina das “assinaturas” entrou no cânone do conhecimento médico e na filosofia ocidental. 
Foi também nessa época que os viajantes e conquistadores espanhóis descobriram que esta lei 
não pertencia apenas aos Europeus. No tempo de Paracelso a doutrina das “assinaturas” 
tornou-se no verdadeiro paradigma do conhecimento humano. 
 
A “lei das assinaturas” decifra os “sinais” das plantas 
 
É evidente que a época de Paracelso favorecia a redescoberta, a divulgação e a predisposição 
para a doutrina dos sinais. Em primeiro lugar porque o homem (e também o cientista) vivia 
com a consciência da omnipresença divina e o medo da morte. Virava-se para Deus e pedia-Lhe 
que levasse em conta os seus infortúnios. A certeza de que não estamos sós com as nossas 
doenças predominava nas mentalidades. 
 
Segundo a teoria dos alquimistas, e de Paracelso em particular, é a 
visão das relações entre micro- e macrocosmos que constitui a base importante da doutrina das 
“assinaturas”, porque: 
53 
“Existe uma correspondência entre o que acontece nos astros e o que acontece na terra, uma 
influência do céu sobre os objectos que constituem a Natureza.” 
 
Esta ideia teve um papel importante na filosofia do século xvi. A teoria das “assinaturas” está 
em sintonia com a visão que os alquimistas tinham da matéria, ou seja, com a concepção da 
transformação. É, com 
efeito, a Natureza que impõe um sinal na “matéria-prima” (amorfa) e a 
transforma em “matéria última”, que possui a forma característica associada às virtudes 
medicinais. 
 
Os alquimistas, e em particular Della Porta e Paracelso, desenvolveram toda uma teoria da 
cosmogonia dos sinais. Devemos lembrar que os 
princípios desta teoria são idênticos ou, pelo menos, quase idênticos, em 
todas as civilizações. 
 
Como identificar esses sinais 
 
Os sinais podem ser assimilados aos sintomas, às causas das doenças 
ou aos órgãos (sinais organolépticos e, eventualmente, aos processos fisiológicos) do corpo 
humano. 
 
A ficária (Ficaria sp.) é um bom exemplo de sinal “sintomático”: as 
suas raízes são inchadas, têm a forma de hemorróidas, e daí o seu nome corrente, erva-das-
hemorróidas. 
 
As plantas cuja aparência se assemelha à de uma serpente ou de um escorpião foram, durante 
muito tempo, utilizadas para neutralizar a acção dos venenos. Elas pertencem ao grupo dos 
sinais “causais” (ligados às causas das doenças). 
 
Em certas culturas, a utilização destes sinais ia ao ponto de tratar feridas feitas por flechas com 
plantas que serviam para o fabrico das flechas. 
 
Contudo, os sinais organolépticos eram provavelmente os mais frequentes. As plantas em 
forma de fígado (como a Repatica nobilis) ou de pulmão (como a Lobaria pulmonaria) estão 
presentes em todas as farmacopeias. 
54 
Para terminar, não podemos esquecer os sinais ligados aos processos fisiológicos. As plantas 
com suco branco era suposto estimularem a lactação, Nos índios, a pedra-vermelha eztetl tinha 
a capacidade de estancar as hemorragias. 
 
Quais são esses sinais? 
 
- É frequentemente a morfologia de uma planta (ou parte dela) que 
constitui o sinal: 
- As folhas da Hepatica nobilis (anémona-hepática) são recortadas 
em três lóbulos profundos com a forma de fígado. 
O talo da Lobaria pulmonaria lembra os alvéolos pulmonares. 
 
- As cores constituem a segunda grande classe de sinais: 
 
As plantas amarelas são, com frequência, utilizadas no tratamento da icterícia ou das afecções 
da vesícula biliar. 
 
- Estes dois sinais (a morfologia e a cor) estão, muitas vezes, presentes em simultâneo: 
* As folhas da pulmonária têm a aparência de alvéolos não só por 
causa da sua forma, mas também das suas manchas brancas. 
* Acor vermelha da parte inferior de uma folha de anémona-hepática reforça a semelhança 
com o fígado. 
 
- Mas o sabor e o aroma constituem, igualmente, sinais utilizados 
pelo homem. 
 
-Todas as partes de uma planta podem constituir sinais: a raiz (ficária, orquídeas), os talos 
(lianas), a flor (Sarothamnus), o fruto (Kigleya) e também o látex (Chelidonium majus). 
 
-Na tradição chinesa utilizou-se também a repartição anatómica dos 
sinais: os botões e as flores representavam as partes superiores do corpo, e as raízes as partes 
inferiores. 
 
-Os sinais podem estar ligados não apenas à planta, mas também à 
sua ecologia. O salgueiro e a rainha-dos-prados, utilizados como antipiréticos e para tratar o 
reumatismo, pertencem à classe de sinais 
55 
definidos pelo seu habitat, já que ambos crescem em terrenos habitualmente inundados. 
 
-O homem estudou frequentemente as capacidades específicas dos 
organismos a fim de os decifrar: 
*Assim, na América do Sul utilizava-se a pele de nandu contra os 
males do ouvido, por causa da grande dimensão das orelhas deste animal. 
*Considerando a coragem e a força do tigre, os Chineses utilizam 
o pó dos ossos deste animal como panaceia necessária para recuperar as forças do organismo, 
enfraquecido pela doença. 
*As flores da erva-de-são-joão (hipericão) são amarelas, mas se as 
desfizermos entre os dedos tornam-se vermelhas, o que lembra a 
reacção da pele às queimaduras do sol (as flores desta planta são utilizadas em inúmeros 
cremes cosméticos). 
 
Não devemos contudo esquecer que certos sinais nunca foram confirmados (por exemplo, a 
utilização da noz, que pela sua forma se assemelha ao cérebro, nunca demonstrou qualquer 
eficácia contra as dores de cabeça). 
 
- Para descobrir certos sinais o homem observou os animais, como 
é o caso da quelidónia, que, segundo uma tradição popular, é utilizada pelas andorinhas. 
- Os sinais ligados ao sistema reprodutor do homem (fálico, testicular 
ou vaginal) constituem uma grande parte dos afrodisíacos e também das plantas anti-sifilíticas. 
-Não devemos esquecer a categoria dos sinais linguísticos, em que o nome da planta nos indica 
as suas propriedades. Mas desde há muito que esta categoria parece secundária, já que o 
homem descobriu primeiro as características dos vegetais e só depois lhes atribuiu um nome. A 
aceitação da existência de sinais linguísticos exige obrigatoriamente a aceitação da existência 
de “nomes primários” (supostamente existentes antes do conhecimento). Por outro lado, 
devemos realçar que determinadas concepções psicolinguísticas (sobre as relações entre o 
cérebro, o espaço, o tempo e a língua) tentam explicar este fenómeno. 
56 
A fitoterapia decorre da “lei das assinaturas” 
 
O homem sempre procurou uma panaceia para curar os seus males. Para este efeito, a lógica 
da teoria das semelhanças assenta sobre a busca 
de uma planta que possua o maior número possível de sinais. É daí que derivam todos os 
estudos sobre as plantas que possuem a forma do corpo humano, como, por exemplo, a 
mandrágora e o ginseng. 
 
Iniciámos estas reflexões com o exemplo das “assinaturas” que foram confirmadas pela biologia 
molecular. Podemos também demonstrar que inúmeras “assinaturas” utilizadas no passado não 
têm qualquer poder terapêutico (ou talvez não tenham ainda pura e simplesmente revelado os 
seus segredos aos nossos laboratórios?). 
 
Quererá isto dizer que a doutrina das “assinaturas” não é credível? Que todas as plantas 
descobertas através desta lei são o resultado de um mero acaso? Ou tratar-se-ia talvez de 
“falsos sinais” (mal escolhidos ou mal interpretados) que não constituem o reflexo de uma 
teoria exacta? 
 
É certo que a doutrina das “assinaturas” foi uma hipótese para um 
trabalho de investigação que deu resultados muito interessantes. Ela permitiu a descoberta de 
inúmeras plantas medicinais, e não esqueçamos que Paracelso, grande partidário desta 
doutrina, está na origem das bases da química e da farmacologia modernas. Até os que 
ridicularizaram as 
“assinaturas” não podem ocultar a importância do contributo que esta teoria pode ter no campo 
da fitoterapia. 
 
ALGUMAS NOÇÕES SOBRE A QUÍMICA DAS PLANTAS 
 
Não lhe vamos fazer um curso teórico 
 
A utilização de fórmulas químicas num livro faz baixar a sua venda em 20%, e até o simples 
facto de se utilizarem palavras como “fenol” ou “flavonóide” pode desencorajar o leitor. 
 
Não pensamos, por isso, como o fazem muitos responsáveis do marketing dos laboratórios 
farmacêuticos, que uma fórmula ou um nome químico complicado (por exemplo, para-hidroxi-
meta-nitro-hidroxibenzoato de metilo) possa aumentar, graças ao seu efeito psicológico 
(placebo), a eficácia dos medicamentos. 
57 
Os leitores interessados no aspecto e na composição química dos remédios naturais podem 
consultar, se o desejarem, livros de fitoquímica ou 
de bioquímica, de que damos referências no fim desta obra. Limitar-nos-emos, nas linhas que 
se seguem, ao estritamente necessário e não lhe apresentaremos qualquer fórmula química 
rebarbativa. 
 
Verifique a composição química das plantas 
 
Os princípios activos das plantas podem ter um carácter químico muito variado e serem 
compostos por fenóis, flavonóides, antocianos, glícidos, lípidos, aminoácidos e proteínas, 
chiquímatos, poliacetatos, terpenos, esteróides, alcalóides, etc. 
 
Alguns deles são venenos terríveis. É o caso, por exemplo, da estricnina, da ergotamina, do 
curare, da cocaína... Parece-nos indispensável lembrar este facto, já que certos médicos e 
terapeutas têm uma deplorável tendê ncia para banalizar e subestimar o poder da fitoterapia. A 
composição química das substâncias de origem vegetal confirma não só a sua eficácia sobre o 
organismo humano, mas também o perigo que a sua má aplicação poderia representar. 
 
A guerra química das plantas entre si 
 
Perguntamo-nos frequentemente qual poderá ser o papel destas substâncias para os vegetais? 
Por que razão as plantas sintetizam estes princípios activos? Em inúmeros casos a ciência não 
tem capacidade para fornecer uma resposta a esta pergunta. Mas sabemos que algumas dessas 
substâncias activas têm um papel na “guerra química que as plantas travam entre si”. 
 
Por exemplo, a Cafluna vulgaris inibe, graças à síntese dos seus mediadores químicos, o 
desenvolvimento da Avenafatua e deste modo livra-se de um concorrente. O Eucalyptus 
globulus intoxica os seus concorrentes por meio de fenóis e terpenos, “utilizando” um pequeno 
coleóptero, o Paropsis atomaria, que come as suas folhas e ingurgita as substâncias 
58 
activas para mais tarde as libertar na proximidade de plantas das quais pretende livrar-se. 
 
A intensidade das “armas químicas” das plantas é tal que uma substância isolada a partir do 
látex, o Panthenium argentatum, inibe a acção das outras espécies numa concentração de 
O,000 1 %! Para se obter 20 g desta substância seria necessário utilizar 20 kg das suas raízes. 
 
Compreendemos, deste modo, a terrível eficácia de que dispõem as 
plantas para se defenderem das doenças causadas por bactérias ou fungos, e também dos seus 
diversos predadores: das lagartas aos mamíferos. 
 
A título de curiosidade, podemos acrescentar que esta acção constitui uma das hipóteses 
apresentadas para tentar explicar o desaparecimento dos dinossauros. Esta tese dá a entender 
que, no decurso da sua evolução, as plantas se foram aperfeiçoando quimicamente cada vez 
mais. Tornaram-se então tóxicas para os seus predadores e conseguiram sair vitoriosas dos 
dinossauros, que não conseguiram desenvolver mecanismos de desintoxicação. 
 
Esta teoria desenvolveu-se, mas desde os trabalhos de Alvarez que se 
admite geralmente a teoria da ocorrência de uma catástrofe cósmica como explicação para a 
sua extinção. Contudo, não se considera, actualmente, uma atitude séria pôr em dúvida o 
poder da acção biológica dos princípios activos inerentes à fitoterapia. 
 
As plantas também nos protegem 
 
As substâncias contidas nas plantas podem ter ainda outrasfunções biológicas. Explica-se que 
a grande quantidade de bioflavonóides contidos nas folhas de certas espécies funcionam como 
filtros contra as radiações ultravioletas e desempenharam um papel primordial durante a 
colonização da terra no período siluriano. É possível que estas substâncias venham ainda a ter 
um papel importante, no futuro, no que diz respeito à protecção do homem contra as radiações 
resultantes da destruição da camada de ozono. 
 
Segundo as últimas investigações americanas, a presença de fenóis garante uma protecção 
imunitária e também uma possibilidade de adap 
59 
tação. No caso das plantas que vivem em ecossistemas pobres em azoto, certas espécies 
utilizam componentes orgânicos para substituir este elemento. Os fenóis, segundo esta teoria, 
formam com as proteínas complexos acessíveis (contrariamente às proteínas que, só por si, são 
incapazes de fazê-lo) às plantas como fonte de azoto. 
 
Um dos autores desta obra trabalhou durante vários anos na investigação dos mecanismos de 
resistência das plantas às poluições atmosféricas e às doenças fúngicas. Pôde constatar que o 
aparecimento ou o desenvolvimento desta resistência são sempre acompanhados de um 
aumento importante dos teores em componentes fenólicos. Parece então que os princípios 
activos constituem um elemento-chave do sistema de defesa dos vegetais contra o stress 
ambiental e as suas diversas patologias. 
 
Os estudos farmacológicos sobre os flavonóides realçam a complexidade da sua acção sobre o 
organismo: a capacidade de libertar histaminas, a facilidade de amalgamação às plaquetas 
sanguíneas e a capacidade de bloquear os efeitos inflamatórios das toxinas do fígado, o efeito 
sobre o sistema enzimático (os flavonóides depositados nas folhas agem no sistema enzimático 
e inibem a acção dos parasitas). 
 
A descoberta da presença destas substâncias na superfície dos tecidos vegetais permite 
compreender melhor o sistema imunitário das plantas. 
 
São, por conseguinte, os vegetais que, em razão das substâncias activas de que dispõem, têm 
fortes possibilidades de substituírem, com eficácia, os antibióticos. Além disso, certos 
flavonóides têm, independentemente do seu poder antimicrobiano, um poder 
antiarteriosclerótico. 
 
A acção terapêutica das plantas 
 
O mistério da Natureza é tal que torna impossível substituir o poder terapêutico da planta por 
um dos seus princípios activos, isolado quimicamente. A razão deste fenómeno é simples: a sua 
acção terapêutica baseia-se, em geral, no efeito combinado de vários princípios activos. É o 
caso, em particular, da salva, que age através dos seus muitos componentes antibióticos e 
anti-sépticos, bem como dos seus taninos (acção adstringente). 
60 
Algumas noções sobre a combinação dos princípios activos das plantas 
 
É importante saber que uma planta possui sempre vários princípios activos. As espécies (mas 
também os diversos especimenes da mesma espécie) diferenciam-se pela estrutura química de 
alguns dos seus componentes e pela sua quantidade (que depende sobretudo de factores 
ecológicos). Contudo certos autores tentaram simplificar a classificação fitoterapêutica das 
plantas escolhendo os princípios que caracterizam as suas utilizações terapêuticas. A título 
indicativo, apresentamos alguns “tipos quimioterapêuticos”, com as suas espécies: 
 
Plantas com alcalóides 
 
Aconitum napeflus (acónito), Bryonia alba (briónia), Conium maculatum (cicuta), Cordyalis cava 
(cordiala tuberosa). Como podemos verificar, são plantas com uma forte acção, tóxicas, mas 
encontram-se neste grupo espécies mais utilizadas na terapia, como o 
Leonurus cardíaca (agripalma cardíaca). 
 
Plantas com vitaminas 
 
Petroselinum crispum (salsa cultivada), Ribes nigrum (groselha). 
 
Plantas com acção antibiótica 
 
Hieracium pilosella (pilosela), Plumbago europeaea (dentelária-da-europa). 
Plantas com heteróssidos sulfúricos 
 
Allium porrum (alho-porro). 
61 
Plantas com heteróssidos fenólicos 
 
Arctostaphyllos uva ursi (uva-de-urso). 
 
Plantas com flavonóides 
 
psella hursa pastoris (bolsa-de-pastor). 
 
Plantas com heteróssidos cumaríuicos 
 
Melilotus officinalis (trevo coroa-de-rei) 
 
Plantas com renunculóssidos 
 
Anemone nemorosa (anémona-dos-bosques) 
 
Plantas com antracenóssidos 
 
Rhamnus cathartica (escambroeiro). 
 
Plantas com taninos 
 
Fagiis sylvatica (faia). 
 
Plantas com princípios amargos 
 
Artenúsia absinlhum (absinto). 
 
Plantas com cardenólidos 
 
Digitalis lanata (digitália). 
 
Plantas com saponíssidos 
 
Beta vulgaris (beterraba). 
 
Plantas com essências e resinas 
 
Ocinium basilicum (manjericão). 
 
Plantas com glícidos 
 
Borago officinalis (borragem). 
 
Plantas com componentes inorgânicos 
 
Pulmonaria officinalis (pulmonária). 
62 
FITOTERAPIA DAS PLANTAS INFERIORES (Criptogamas) 
 
A maioria dos manuais de fitoterapia, bem como as obras sobre saúde relacionadas com 
plantas, preocupam-se apenas com as plantas superiores (pteridófitas, gimnospermas e 
angiospermas). Contudo, a imensa variedade de cogumelos, de algas e de líquenes ultrapassa 
o número de plantas correntemente utilizadas pelos terapeutas. 
 
Esta riqueza manifesta-se pelo número impressionante de espécies e pela sua profusão em 
substâncias bioquímicas. Estes organismos são pioneiros na preparação do terreno para outros 
organismos que lhes sucedem. Encontram-se frequentemente em estado de concorrência e 
travam uma “verdadeira guerra química” entre si. São dotados de extraordinárias capacidades. 
 
Houve tempos em que o homem procurou os seus remédios no mundo estranho dos cogumelos 
e das algas. É por esta razão que decidimos apresentar alguns deles, com as respectivas 
utilizações terapêuticas tradicionais. 
 
A MICOTERAPIA OU O TRATADO DOS COGUMELOs MEDICINAIS 
 
O Outono é o período por excelência dos cogumelos. Mas é evidente que os verdadeiros 
apreciadores de cogumelos não ligam muito a este pequeno pormenor, já que é possível 
cultivá-los praticamente todo o ano. 
 
1 Segundo os novos sistemas taxinómicos, os cogumelos já não são considerados plantas. 
Contudo, por razões práticas, inserimo-los neste capítulo. 
63 
De facto, existem espécies que aparecem nos primeiros dias da Primavera e outras que até 
existem no Inverno. Mas o Outono é a estação por excelência dos cogumelos. 
 
Quando os colhemos e provamos, negligenciamos quase sempre as suas propriedades 
medicinais. Contudo, no que diz respeito à sua composição bioquímica, os cogumelos são 
provavelmente os mais ricos e variados de todos os organismos vivos. 
 
Os cogumelos também são medicinais: uma tradição popular antiga 
 
As capacidades metabólicas dos cogumelos são ainda pouco conhecidas. Mas para dar uma 
ideia da sua força vital, basta lembrarmos que o Bovista gigantea pode atingir, apenas numa 
noite, o tamanho de uma abóbora grande e pesar 7 kg (conhece-se mesmo um exemplar com 
15 kg). Acrescentemos que o pó (composto em grande parte pelos esporos deste soberbo 
cogumelo) é utilizado na farmacopeia chinesa como expectorante. 
 
Lindley, biólogo americano, calculou que alguns cogumelos produzem 
60 milhões de células por minuto. A sua grande actividade e riqueza enzimática predestinava-
os a todos os tipos de enzimoterapia. Aliás, desde há muito que se utilizam os fermentos 
oxidados dos cogumelos, especialmente no tratamento da hipertensão. 
 
Desde a descoberta da penicilina que os investigadores se interrogam sobre o facto de os 
cogumelos superiores serem também dotados dos mesmos princípios activos. O estudo e a 
observação da sua vida confirmam esta hipótese. Constatou-se com frequência a não 
germinação dos grãos na proximidade imediata dos célebres círculos das bruxas. Estes locais 
eram assim chamados porque os cogumelos surgiam aí em grande quantidade, formando um 
círculo, que era considerado mágico por muitos povos. A morte das plantas vizinhas é o 
resultado provável da acção de uma substância comparável à dos antibióticos. 
 
As medicinas populares sempre lhes atribuíram propriedadesanti-infecciosas. Sabemos 
empiricamente que os esporos do Colybia radiata e os do Amonita inaurata, bem como dos 
cogumelos de tabuleiro, tomados em quantidade suficiente, curam as tosses rebeldes. As 
observações 
64 
populares sobre a acção desinfectante do pó do Polyporus sulfureus, do Polyporus umbellatus, 
do Polyporus frondosus e até do vulgar Boletus luteus foram confirmadas. 
 
Nas receitas antigas preconizava-se uma mistura composta do lactário apimentado para tratar 
a tuberculose pulmonar. Sabia-se também que o pó do Lycoperdônpirifórine curava os 
resfriados e as dores de garganta e o do BolletusfeIlus e do Russula delica reduzia as secreções 
excessivas em casos de bronquite. 
 
Já no século xix médicos não convencionais constatavam a existência de propriedades 
antibacterianas nos cogumelos. Assim, o Dr. Curtis propõe uma tintura de “agárico falóide” ou 
de “agárico bulbex” contra a 
cólera e contra a doença de Bright. As experiências confirmam o seu forte poder antibiótico 
contra bactérias tais como os estafilococos dourados e os bacilos de Koch. A clitocibina, 
extraída dos cogumelos Clilocybe candida e Clitocybe gigantea, foi a primeira substância isolada 
nos cogumelos superiores que confirmou as suas propriedades antibióticas. 
 
Depois da descoberta da estreptomicina, as investigações sobre as propriedades dos clitócibos 
e sobre as várias espécies de cogumelos caíram em desuso. Mas é provável que a crise que 
atravessam os antibióticos, bem como o regresso da tuberculose e das doenças infecciosas, 
façam renascer as investigações sobre as suas propriedades. Além disso, sabe-se que certas 
espécies, como o “tricólomo de São Jorge” (Tricholoma georgi), têm uma acção antibiótica 
comparável à dos mais potentes antibióticos sintéticos actuais. 
 
Propriedades antibióticas e doenças de civilização 
 
As propriedades antibióticas dos cogumelos não são as únicas virtudes destas espécies que 
podem ser utilizadas pela nossa sociedade. Muitos deles podem ter um papel importante no 
tratamento das doenças de civilização. Infelizmente abandonámos muito rapidamente as 
investigações sobre os cogumelos de tabuleiro (cultura) Agaricus campester, cujos resultados 
eram promissores no tratamento das alergias. 
 
Também é possível que certos cogumelos possam substituir vantajosamente as pílulas anti-
stress e os meios químicos inibidores do cansaço. 
65 
O célebre micólogo George Becker descreveu o caso de uma pessoa “que depois de mastigar e 
ingerir a cera branca espessa e amarga que recobre o políporo Ganodemia appIanatum viu 
desaparecer em poucos minutos o cansaço que a acometia”. Observou também que depois de 
comer dois silercas crus, Marasmius oreades, experimentou durante alguns minutos um 
sentimento de alegria e de leveza muito agradáveis. 
 
A medicina popular, por outro lado, utiliza o pó esporal (a porção de 
1 colher) de certos licoperdos (bexiga-de-lobo) para combater a sonolência e aumentar a 
pressão arterial. 
 
Remédios que não necessitam de preparação 
 
A incomparável vantagem da micoterapia reside no facto de a maioria dos remédios à base de 
cogumelos não exigir praticamente qualquer tipo de preparação. 
 
- o pó do Mucidula radicata, tomado tal qual, cura rapidamente todas 
as inflamações de garganta, incluindo as anginas! 
- O lactário apimentado é um notável antiblenorrágico (antibiótico e 
antigonocócico). As suas propriedades foram descobertas em 1930 por um micólogo amador de 
nome Bataille e foram posteriormente confirmadas por G. Becker. Antigamente os lenhadores 
do condado franco curavam-se destas doenças consumindo 2 a 3 destes cogumelos assados na 
grelha. 
 
-Os cogumelos do grupo lactário foram também utilizados como 
diuréticos para a gravela e para os cálculos urinários. O seu suco foi aproveitado com grande 
eficácia para eliminar as verrugas. 
 
À redescoberta dos lactários... 
 
As descobertas em etnobotânica eram divulgadas como notícias de sensação na imprensa 
especializada. A nota publicada por S. Berthoud em 
Les petites chroniques de la Science, em 1860, sobre a acção de um 
66 
cogumelo, provavelmente o Phallus impudico, é a este respeito muito evocadora: 
 
“ Trata-se de um cogumelo que possuiria uma propriedade que não 
possuem, infelizmente!, nem as nossas gentes simples nem a nossa farmacopeia, nem sequer 
as nossas águas, de curar essas doenças implacáveis que são a gota e o reumatismo. 
 
O cogumelo dos pobres... e dos ricos 
 
Este cogumelo, que existe em abundância no Norte da Ásia, no Cáucaso e até nas florestas da 
Europa (as que ainda merecem este nome), nasce sob camadas de folhas e detritos de ramos 
que a humidade, a fermentação e a acção do tempo transformam em humo, nas proximidades 
de aveleiras, de fusanos e de alfeneiros. 
 
De Junho a Agosto o criptogama - que na Rússia é chamado zemlianóe maslo (ou manteiga-da-
terra) - aparece primeiro sob a forma de uma bola subterrânea oblonga, de cor esbranquiçada 
e aveludada. Quinze dias depois esta bola rompe-se e dela nasce um cogumelo grande e sólido 
que não tarda em secar e em espalhar à sua volta, à medida que se vai reduzindo em pó, um 
cheiro acre que irrita a garganta. 
 
Os habitantes da Ucrânia colhem o zemlianóe maslo quando este se 
encontra ainda na sua forma ovóide, abrem-no e recolhem o seu muco em vasilhas e deitam 
manteiga ou gordura derretida, para o preservar do contacto com o ar. Utilizam-no com eficácia 
em fricções para curar os 
reumatismos de que muito frequentemente sofrem, devido à insalubridade das suas cabanas 
construídas na floresta e na proximidade de pântanos. 
 
E assim é no que diz respeito aos pobres! Para os ricos, secam-se em estufa os pés e os 
chapéus dos cogumelos manteiga-da-terra reduzidos a 
pó. Este pó é depois macerado em álcool e enviado para toda a Rússia, onde, segundo o Dr. 
Kalenitchenko, professor de Fisiologia da Universidade de Khárkov, é muito utilizado para curar 
radicalmente a gota e a hidropisia. 
67 
 
O cogumelo: um remédio universal 
 
Os nomes vulgares de certos cogumelos revelam a sua utilização terapêutica tradicional. Como 
podemos constatar lendo os manuais do século XIX: 
 
O políporo dos farmacêuticos’ (ou agárico) era utilizado, ainda 
há pouco tempo, contra a diarreia, em aplicação externa nas 
doenças dos olhos, nas manchas e nas erupções cutâneas, nas feridas e nas úlceras e também 
contra as hemorróidas.” 
 
Actualmente os camponeses suíços utilizam-no para purgar o gado. Em certas regiões da 
Europa ainda é utilizado contra os suores nocturnos dos tuberculosos. O agárico 
(Pol>porusfomentarius, assim chamado pelos cirurgiões) foi utilizado contra as hemorragias 
externas. 
 
Para a sua preparação: 
 
“... escolhem-se os mais jovens, separam-se dos tubos e da casca, depois de amolecidos 
durante algum tempo numa cave (ou noutro local fresco). Em seguida cortam-se em fatias que 
se batem com força com um maço de madeira, afim de as espalmar e esticar; molham-se de 
vez em quando, batem-se de novo e depois esfregam-se entre as mãos até adquirirem um 
certo grau de moleza e de doçura. “ 
 
O 6(lagárico” utilizado na homeopatia 
 
A homeopatia sempre o utilizou. Já Hal---mernann propunha a utilização da falsa-oronia. 
Devemos realçar que os médicos homeopatas empregam o nome Agaricus muscarius há muito 
tempo e erradamente, já que este cogumelo não é um agárico! Este remédio é utilizado para os 
espasmos musculares, os abalos, os tremores e a epilepsia. 
68 
A tintura obtida a partir destes cogumelos, depois de devidamente limpos, descascados e 
cortados em pequenos pedaços macerados em álcool, é um meio eficaz contra a tinha, o 
impetigo e as impigens. 
 
A propósito do hongo, esse remédio milagroso 
 
Quando se fala em micoterapia, deve mencionar-se o célebre hongo ou 
cogumelo-do-chá. A primeira informação sobre este misterioso organismo foi publicada em 
1913 pelo Dr. Lindau. Este médico alemão descobriu que os habitantes de Mitau, um porto no 
mar Báltico, consideravam como 
um remédio milagroso