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Democracia e direitos fundamentais: hate speech e a liberdade de expressão na criminalização da injúria racial Roberto Gomes Moreira Júnior Orientado pelo Doutor: Joaquim Humberto Coelho de Oliveira Resumo : Introdução: Em um momento de divisão da sociedade brasielira em dois lado politicos diferentes com a esquerda(com uma ideologia mais voltada para as necessidades das minorias) e a direita( com uma ideologia mais conservadora), ocorre uma polarização política e a crescente fomentação da discussão sobre os direitos fundamentais individuais em relação aos direitos coletivos Objetivos: Refletir e trazer o questionamento ao leitor, se a imposição da qualificadora como injúria racial é justa para a proteção da honra ou dignidade das vítimas, em detrimento a liberdade de expressão. Metodologia: Estudo de revisão de literatura. Debruçou-se em conteúdos da esfera do direito e estudiosos sobre o racismo, tendo como questão norteadora “a liberdade de expressão é plena no Brasil?”, Resultados: O “hate speech” é defendido com base na liberdade de expressão. Sendo observado nesse estudo da origem histórica da liberdade de expressão, de como o “hate speech” é liberado na democracia Americana e como é lidado no Brasil, como o crime de injúria racial(Art.140 §3) foi colocado em pratica e como funciona. Conclusão: O presente estudo contribui para a reflexão acerca de temas contemporâneos da sociedade, como Racismo, Hate speech entre outras formas de preconceito comparando com o direito a liberdade de expressão. Dar voz e luz a esses temas propicia o processo de formação do cidadão, o que garante uma sociedade mais igualitária, justa e respeitosa aos direitos constitucionais. Palavras Chaves: Liberdade de expressão, hate speech, injúria racial ABSTRACT: At a time when Brazilian society is divided into two different political sides with the left (with an ideology more focused on the needs of minorities) and the right (with a more conservative ideology), there is a political polarization and the growing encouragement of discussion about individual fundamental rights in relation to 2 collective rights Objectives: Reflect and raise the question to the reader, whether the imposition of the qualifier as racial injury is fair for the protection of the victims' honor or dignity, to the detriment of freedom of expression. Methodology: Literature review study. It focused on contents from the sphere of law and scholars on racism, having as its guiding question “is freedom of expression complete in Brazil?”, Results: “hate speech” is defended on the basis of freedom of expression. It is observed in this study of the historical origin of freedom of expression, of how “hate speech” is released in American democracy and how it is dealt with in Brazil, how the crime of racial injury (Art.140 §3) was put into practice and how it works. Conclusion: This study contributes to the reflection on contemporary issues of society, such as Racism, Hate speech, among other forms of prejudice, compared to the right to freedom of expression. Giving voice and light to these themes provides the process of forming citizens, which guarantees a more egalitarian, fair and respectful society for constitutional rights. Keywords: freedom of speech, hate speech, racial slur 3 Sumário: 1. Introdução………………………………………………………………………......P:4 2. A liberdade de expressão como direito fundamental nas democracias...P:6 3. O Hate speech……………………………………………………………………...P:7 3.1 Discursos de ódio na democracia americana………………………....P:8 3.2 Os discursos de ódio nas democracia brasileira……………………..P:12 4. O Crime de injúria racial………………………………………………………….P.14 5. Efeitos da liberdade de expressão na defesa da injúria racial…………....P.16 6. Conclusão ………………………………………………………………………….P.17 7. Referências bibliográficas ………………………………………………………P.19 4 1.Introdução Em um momento de divisão da sociedade brasielira em dois lado politicos diferentes com a esqueda(com uma ideologia mais voltada para as necessidades das minirias) e a direita( com uma ideologia mais concervadora), no caso uma polarização política e a crescente fomentação da discussão sobre os direitos fundamentais individuais em relação aos direitos coletivos, surge o debate sobre os limites da liberdade de expressão, expresso no inciso IV do Artigo 5 da Constituição Federal de 1988 1“é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.” Sendo este regulado pelo inciso X da mesma, causando o questionamento se de fato a liberdade de expressão é plena no Brasil. Direitos fundamentais, em síntese são direitos que advindos do princípio da dignidade da pessoa humana, para proteger o indivíduo por simplesmente este ser um humano, nesse sentido Luigi Ferrajoli versa que: 2[…] são ‘direitos fundamentais’ todos aqueles direitos subjetivos que correspondem universalmente a "todos" os seres humanos enquanto dotados do status de pessoas, cidadãos ou pessoas com capacidade de agir; entendido por ‘direito subjetivo’ qualquer expectativa positiva (de prestações) ou negativa (de não sofrer lesões) ligada a um indivíduo por uma norma jurídica; e por ‘status’ a condição de um sujeito, prevista também por uma norma jurídica positiva, como pressuposto de sua idoneidade para ser titular de situações jurídicas e/ou autor dos atos que são exercício destas. Sendo a liberdade de expressão desses direitos fundamentais, que permite a manifestação de pensamento e expressões, sem o sofrimento de qualquer represália, desde que esteja dentre os limites estipulados em lei. Sendo ela limitada 2 FERRAJOLI, Luigi. Derechos y garantias: la ley del más débil. Tradução para o espanhol: Perfecto Andrés Ibánez e Andrea Greppi. Madri: Editorial Trotta, 2004. p.37, tradução para o português. Na edição espanhola: “[…] son ‘derechos fundamentales’ todos aquellos derechos subjetivos que corresponden universalmente a ‘todos’ los seres humanos en cuanto dotados del status de personas, de ciudadanos o personas con capacidad de obrar; entendendo por ‘derecho subjetivo’ cualquier expectativa positiva (de prestaciones) o negativa (de no sufrir lesiones) adscrita a un sujeto por uma norma jurídica; y por ‘status’ la condición de un sujeto, prevista asimismo por una norma jurídica positiva, como presupuesto de suidoneidad para ser titular de situaciones jurídicas y/o autor de los actos que son ejercicio de éstas”. 1 BRASIL. Constituição .Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao .htm> Acesso em 01/06/2021 5 pelo pelo Artigo 5º inciso X da Constituição Federal, que versa que 3"são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. Sendo empregado como uma limitação todo o inciso X, visto que é inviolável a honra e imagem das pessoas e tendo sanções quando se é ferida, mesmo que o causador dessa ferida seja por meio de manifestação de opinião, vem o discurso de que não se tem plena liberdade de expressão no Brasil, pois pode-se sofrer sanções por conta de algo dito e isolando a possibilidade do hate speech, que a lietralidade de discurso de ódio, ser aceito. Instituto,o hate speech, esse que não é justificado em nosso ordenamento jurídico, pois a própria constituição no artigo 5º inciso X tacitamente. Ele consiste em deixar a liberdade de expressão, sem limitações, legitima o discurso de grupos extremistas como a ku klux klan nos Estados Unidos, aumentando a tensão a respeito da diversidade racial, e segregando negros, latinos e brancos. Criando uma atmosfera de diferença de tratamentos de raça, que reflete até em organizações estatais que deveriam ser imparciais como a polícia e protestos e manifestações acerca dos direitos humanos assim nasce movimentos como 4black lives matter, movimento de origem em 2013, com a propagação da hashtag #BlackLivesMatterencabeçado por 3 ativistas negras após uma absorção polêmica nos estado unidos, trazendo à tona reivindicações de igualdade e valorização da vida negra. Entra em cheque o debate de qual o deveria ser o limite da fala e se o discurso de ódio, deveria ser mais combatido e criminalizado ou não. Fazendo com que as camadas sociais atingidas pela segregação provenientes desses discursos, não se calem mais e busquem direitos com mais ênfase. Trazendo um desequilíbrio na harmonia social com manifestações muitas das vezes violentas, por não verem seus algozes penalizados por seus atos. Trazendo o questionamento de como a liberdade de expressão, como um direito fundamental e sem limitação, pode influenciar e fomentar na agressão do direito à honra, por meio da injúria racial. E se o Estado regular a liberdade de 4 A ORIGEM E O SENTIDO DO BLACK LIVES MATTER. Paraná: Gazeta do Povo, 2020. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/flavio-gordon/a-origem-e-o-sentido-do-black-lives-matter. Acesso em: 01/06/2021 3 BRASIL. Constituição .Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao .htm> Acesso em 01/06/2021 6 expressão, para evitar que se fira o direito à honra ou gere discursos de ódio ou genocidas, esta limitação fere o direito fundamental. 2.A liberdade de expressão como direito fundamental nas democracias Sob o efeito do choque criado pelas barbáries,como as mortes de judeus em campos de concentração pela alemanha nazista, ocorridas na segunda guerra mundial, em cima dessa ideia foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), para se firmar a paz e desnvolvimento. Foi feita a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) no período de 1946 e 1948 por um comitê, formado dentro de um secretariado da ONU responsável por tratar dos assuntos inerentes aos direitos humanos. Sobre ela diz Rezek , 5a Declaração versa os direitos que a pessoa humana deve ter ‘como membro da sociedade’. São eles o direito ao trabalho e à previdência social, à igualdade salarial por igual trabalho, ao descanso e ao lazer, à saúde, à educação, aos benefícios da ciência, ao gozo das artes, à participação na vida cultural da comunidade. 6Os membros mais importantes desse comitê eram: Eleonor Roosevelt (Estados Unidos), Peng Chun Chang (Taiwan), Charles Dukes (Reino Unido), Alexander Bogomolov (União Soviética), John Peters (Canadá), Hernán Santa Cruz (Chile), René Cassin (França), William Hodgson (Austrália) e Charles Malik (Líbano). Feito isso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi empregada pela Organização das Nações Unidas(ONU) em 10 de dezembro de 1948, e nela tem o artigo 19 que trata acerca da liberdade de expressão: 7Todos os seres humanos têm direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. 7 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. A Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em:< https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/>. Acesso em 31/05/2021. 6 NEVES, Daniel - Declaração Universal dos Direitos Humanos.disponivel em: <https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/declaracao-universal-dos-direitos-human os.htm> Acessado em:29/04/2021 5 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público – Curso Elementar. 15ª Edição. Revista e Atualizada, 2014. P.261 https://pt.wikipedia.org/wiki/1948 7 Sendo assim assegurado a liberdade de pensamento na maioria dos países do mundo por 193 países serem todos membros da ONU e signatários da Declaração Universal dos Direitos Humanos e a ideia de que todos têm direito de fala na democracia moderna. Mesmo que em países como França, Inglaterra e EUA, já fossem assegurados a Declaração Universal dos Direitos Humanos, vem trazendo um reforço e garantindo uma maior adesão à liberdade de expressão, assim dando uma ideia de universalidade na liberdade de expressão. 3.O Hate speech O hate speech em sua literalidade significa discurso de ódio, sendo originado o termo nos Estados Unidos, este sendo respaldado pelo ordenamento jurídico de lá. E sendo inviável pelo ordenamento jurídico a do Brasil. Trazendo discursos segregatórios entre grupos, seja no sentido racial, etinico, sexualidade, sexo, etc. Seguindo Daniel Sarmento, 8“O hate speech destina-se exatamente a negar a igualdade entre as pessoas, propagando a inferioridade de alguns legitimando a discriminação.” sendo assim ferindo a dignidade de individuos e grupos. Sendo o discurso de ódio classificado por Samanta Ribeiro Meyer-Pflug 9“Consiste na manifestação de ideias que incitam a discriminação racial, social ou religiosa em relação a determinados grupos, na maioria das vezes, as minorias. Tal discurso pode desqualificar esse grupo como detentor de direitos.” Quando esse tipo de discurso é feito por figuras políticas, esse se intensifica na sociedade, polarizando e segregando a sociedades em grupos opostos. Jeremy Waldron diz acerca disto 10“uma sociedade não pode ser bem-ordenada se as 601 pessoas defendem o ódio racial ou religioso, haja vista a ideia de uma sociedade bem-ordenada ser aquela amplamente e efetivamente governada por uma concepção de justiça”. 10 WALDRON, Jeremy. The harm in hate speech. Cambridge: Harvard University Press, 2012 9 MEYER-PFLUG, Samantha Ribeiro. Liberdade de expressão e discurso do ódio. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 97-98. 8 SARMENTO, Daniel. A liberdade de expressão e o problema do “hate speech”. Disponível:em<http://professor.pucgoias.edu.br/sitedocente/admin/arquivosUpload/4888/material/a-lib erdade-de-expressao-e-o-problema-do-hate-speech-daniel-sarmento.pdf> . Acessado em 29/05/2021, 8 Grupos organizados também, se valem desse discurso, grupos separatistas e neonazistas. Esse tipo de discurso é perigoso quando ganha força e adeptos, sendo um dos perigos o poder de gerar verdadeiros genocídios, da forma como os nazistas fizeram na segunda guerra mundial. Sendo um dos motivos para se ter discussões, acerca da limitação que deve ser empregada a liberdade de expressão, pois sendo esse apenas um dos efeitos da liberdade de expressão ilimitada. O discurso de ódio pode ser defendido de maneira ferrenha e de maneira sutil, a ferrenha é com o simples “ A liberdade de expressão é um direito fundamental e não pode ser limitada” e de maneira sutil em cima do discurso que a democracia se dá em cima do atrito de ideias contrárias. Não podendo ser confundido a importância da liberdade de expressão na manutenção da democracia, com discursos de ódio e de desonra a indivíduos ou grupos. Sendo observado que deve ter uma diversidade de discursos para que uma democracia seja plena, de forma civilizada e harmônica nesse sentido pondera Alexandre de Moraes 11a liberdade de expressão constitui um dos fundamentos essenciais de uma sociedade democrática e compreende não somente as informações consideradas como inofensivas, indiferente ou favoráveis, mas também aquelas que possam causar transtornos, resistência, inquietar pessoas, pois a Democracia somente existe a partir da consagração do pluralismo de ideias e pensamentos, da tolerância de opiniões e do espírito aberto ao diálogo. 3.1.Discursos de ódio na democracia americana Os Estados Unidos, pais onde o termo hate speech se originou, como dito antes a liberdade de expressão é livre com ausência de limitações garantido pela primeira emenda à constituição que versa assim: 11 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, comentários aos arts. 1º a 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. (Coleção temas jurídicos). 2. ed. v. 3. São Paulo (SP): Atlas, 1998 .P. 119 9 12O Congresso não fará nenhuma lei a respeito do estabelecimento de uma religião, ou proibindo o livreexercício dela; ou cerceando a liberdade de expressão ou de imprensa; ou o direito do povo se reunir pacificamente e dirigir petições ao governo para a reparação de injustiças. Emenda essa que veio a partir da 13Declaração de Direitos(Bill of rights) dos Estados Unidos, que trouxe as 10 primeiras emendas à constituição, que foi ratificado no dia 15 de dezembro de 1791 documento esse que trouxe bastante liberdade ao cidadão americano. Que só foi adicionado ao texto constitucional por manifestos de delegados como George Mason e Elbridge Gerry, que defendiam a inclusão de direitos individuais, pois estes não estavam ausentes no texto original da constituição. Como a própria constituição veda limitações para a liberdade de expressão grupos organizados ou pessoas de locais onde estruturalmente racistas, perpetuam a segregação e ataques raciais, se valem disso se legitima-se o Hate speech, que em tradução literal é discurso de ódio, que abrange qualquer tipo de discurso, mesmo aqueles que geram que ferem o direito à honra e a identidade facial. Que segundo o doutrinador alemão Winfried Brugger é visto dessa forma: 14Na comunidade mundial, tal discurso às vezes é protegido, às vezes não. Entretanto, o discurso do ódio é muito mais protegido nos Estados Unidos do que na Alemanha, Europa, Canadá e na maioria dos países com constituições modernas. Na jurisprudência dominante americana, a liberdade de expressão, nela incluído o direito de expressar mensagens de ódio, é um direito prioritário que normalmente prevalece sobre interesses contrapostos de dignidade, honra, civilidade e igualdade. Nos Estados Unidos, o discurso do ódio é visto integralmente como uma forma de discurso, e não de conduta, apesar do fato de que tal discurso possa ser verdadeiramente doloroso para outros. O direito internacional e a maioria 14 BRUGGER, Winfried. Proibição ou proteção do discurso do ódio? Algumas observações sobre o direito alemão e o americano. Revista Direito Público 15/188, Brasília: Instituto Brasileiro de Direito Público, ano 4, jan-mar. 2007. p. 118. Tradução livre. 13 GODOY,Arnaldo Sampaio de Moraes - Duas primeiras emendas refletem a História dos EUA. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2011-abr-24/alem-criar-garantias-duas-primeiras-emendas-eua-guardam-h istoria> Acessado em: 26/05/2021 12 GODOY,Arnaldo Sampaio de Moraes - Duas primeiras emendas refletem a História dos EUA. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2011-abr-24/alem-criar-garantias-duas-primeiras-emendas-eua-guardam-h istoria> Acessado em: 26/05/2021 10 dos ordenamentos jurídicos não-americanos atribuem maior proteção à dignidade, honra e igualdade dos destinatários do discurso do ódio. Como esse tipo de proteção que a maioria dos ordenamentos traz, é vedado pela constituição americana, logo não se tem criminalização para injúrias raciais. Podendo um racista ser preso por sua fala apenas no caso de ameaça mesmo assim sendo muito difícil a prisão por ameaça, por não ser definido de fato o que é uma “ameaça verdadeira” e a linha tênue com a liberdade de expressão. Nesse sentido garante a perpetuação dos discursos racistas passados de geração em geração desde da época das 13 colônias, indo além sendo assegurado por lei o direito a ser racista, sendo de que se é livre qualquer expressão falada ou expressa por outros meios não violentos e danosos materialmente, logicamente é assegurado por lei manifestar qualquer discurso inclusive o de segregação de raças. 15Sendo enraizado e como dito passado de geração em geração em muitas das vezes de forma sistêmica e organizada. Inclusive em um levantamento do Southern Poverty Law Center uma organização não governamental (ONG), mostrou que há cerca de 917 grupos radicais em funcionamento nos Estados Unidos. Não somente grupos separatistas compostos por brancos, mas grupos também compostos por separatistas negros. Dentre esses grupos estão: Ku Klux Klan, Grupo supremacista mais antigo do país e mais famoso foi formado em 1866 criado no Sul do país para se contrapor aos abolicionistas da escravidão, conhecidos por suas roupas e pelo ato de queimar cruz. Skinheads raciais são um dos grupos mais violentos dentro do movimento supremacista branco, promovendo ataques a gays, judeus, latinos e negros. Criados nos anos 80, hoje há cerca de 133 grupos ativos nos Estados Unidos, adeptos de adereços nazistas e exaltam a raça pura branca. O Christian Identity (CI, Identidade Cristã) tem uma visão de que os povos germânicos (anglo-saxões) são descendentes Abraão, Isaac e Jacó. Não tem uma estrutura centralizada mas há registro de 55 grupos nos Estados Unidos, são Antissemitas, pregando que judeus não são “o povo escolhido por Deus” mas sim os europeus. 15 FELIPE, Leandra - Levantamento mostra que há 917 grupos radicais em ação nos Estados Unidos. 2017 Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-09 /levantamento-mostra- que-ha-917-grupos-radicais-em-acao-nos-estados>. Acessado em: 01/05/2021 11 Neoconfederados o grupo é adepto do prpó-confederados nos Estados Unidos. São nacionalistas ao extremo, renegando a imigrantes, tem seus princípios no cristianismo, eles se opõem ferozmente às minorias, pois segundo eles não fazem parte dos valores americanos que e que estes estão sendo perdidos. Com a existência de pelo menos 50 grupos desse tipo e em sua maior parte no sul dos EUA. Grupos separatistas(Black Separatists) negros como o New Black Panther Party que pegam influencias de protagonistas dos movimentos pelos direitos civis como Malcom X, que era a favor da luta armada contra brancos, judeus e policiais. Se opõe à integração racial e usando os mesmos critérios raciais de segregação que os brancos. Não somente existindo esse, mas também outros como a Nação Islã, são pelo menos 140 grupos classificados como Black Separatists. Esses grupos fomentam suas ideias por meios de fala a pessoas próximas, reuniões ou até mesmo pela educação familiar. Porém com a alta das redes sociais esses grupos pregam suas ideologias mais fácil e rápido. E não só grupos como também indivíduos fazendo discursos de ódio, que foi o caso do ex-presidente Donald Trump, que teve suas redes sociais bloqueadas em diversas plataformas, como o twitter, instagram e facebook nas semanas antecessoras as eleições. 16Alguns líderes do cenário internacional se pronunciaram sobre as decisões das plataformas de bloquear as contas do ex- presidente como, o porta-voz durante afirmou coletiva de imprensa, “A chanceler Angela Merkel considera problemático que tenha sido bloqueada, de maneira completa, a conta no Twitter de Donald Trump”, e o ministro da Economia, Bruno Le Maire o ministro da economia da Franças “próprio Twitter que decidiu fechar”. Sendo considerado, por boa parte dos americanos, uma censura a liberdade de expressão e o poder da rede social tomar a decisão sozinha de bloquear a conta de uma figura pública e política.Trazendo à tona mais uma vez qual o limite da liberdade de expressão e se deve ter um limite, mesmo com toda a proteção que ordenamento jurídico americano dá a livre fala. 16 SCARDOELLI, Anderson - Líderes europeus criticam censura de Trump no Twitter. 2021 Disponível em: <https://revistaoeste.com/mundo/lideres-europeus-criticam-censura-de-trump-no- twitter/>. Acessado em: 14/05/2021 12 3.2.Os discursos de ódio nas democracia brasileira No Brasil, ao contrário do que se é visto nos EUA, a liberdade de expressão é bem limitada quando se trata de discursos de ódio. Como já dito, a constituição versa acerca de liberdade de expressão o seguinte 17“é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.” no inciso IV do Artigo 5 da Constituição Federal de 1988. E sendo limitada constitucionalmente pelo inciso X do mesmo artigo. Que por sua vez expressa o seguinte 18 “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano materialou moral decorrente de sua violação;” adicionando ao pedaço do artigo do IV que versa “sendo vedado o anonimato”, são as limitações diretas da liberdade de expressão, dando o direito a livre fala desde respeitado esse termos aborados. Pois sendo a própria constituição a limitadora e esses limites não aceitam a possibilidade do discurso de ódio e prevendo sanções seja na esfera civil e o código penal algumas sanções na esfera criminal com crimes contra honra como é o caso da injúria racial e homofobia. Isso coíbe a criação e a divulgação de organizações que pregam discursos de ódio, pois estas não podem se expor como nos EUA. Mesmo não sendo tão alarmante e visível como lá, o número de grupos vem crescendo, segundo a antropóloga da unicamp Adriana Dias é 19“É preciso soar alarme sobre a expansão do neonazismo no Brasil”, ela mapeou a existência de 334 de grupos divididos em 17 movimentos diferentes entre estão eles hitleristas, supremacistas/separatistas e três seções locais da Ku Klux Klan. Como no Brasil a atuação desses grupos não são respaldadas por lei fica difícil uma centralização e comunicação deles. Pelo fato de não tem que se esconder por 19 PICHONELLI, Matheus - Brasil tem 334 células neonazistas em atividade. 2019 disponível em:<https://matheuspichonelli.blogosfera.uol.com.br/2019/11/18/brasil-tem-334-celulas-nazistas-em-at ividade-diz-pesquisa/ > Acessado em:10/05/2021 18 BRASIL. Constituição .Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao .htm> Acesso em 01/06/2021 17 BRASIL. Constituição .Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao .htm> Acesso em 01/06/2021 https://tab.uol.com.br/colunas/matheus-pichonelli 13 ser criminalizado suas práticas. em entrevista para um o blog do Matheus Pichonelli a Adriana disse: 20Normalmente, no Brasil, as células não se conhecem, não se conectam, a não ser as grandes. São grupos de pessoas que conversam, que se reúnem, e eu localizei essas reuniões por sites na internet, blogs ou fóruns. Nenhum deles tem uma corrente única. Eles leem autores que, pelo mundo, brigam um com o outro. Logo se vê que eles que são células e grupos isolados, que não são bem estruturados e robustos, que em sua maioria se valem da internet para sua disseminação. Mas não apenas grupos organizados cometem o discurso de ódio. Usuários de redes sociais em grupos ou não, praticam o discurso de ódio abertamente e com isso se vê um aumento em crimes por contra honra virtualmente. 21A ONG Safernet, que monitora as violação dos direitos humanos na internet, levantou dados acerca do crescimento do discurso de ódio somente na pandemia, mostrando um crescimento de 5.000%. Apontando um crescimento de quase 300% de denúncias de racismo em 2020 em comparação a 2019, com a maior parte sendo feita no Facebook. Fazendo com que a organizações de militância e pessoas que apoiam grupos de minoria, travem uma “guerra” nas redes sociais, isso foi intensificado em 2018 nas eleições durante o período de eleições presidenciais, com a polarização política que se tinha naquele cenário. Com frases do tipo “Vamos metralhar a petralhada” se elegeu o Presidente Jair Bolsonaro, ensandecendo as redes sociais que se dividiram em um misto de choro e alegria. 22Conforme os dados da ONG Safernet, no dia 7 de outubro de 2018, dia da eleição, houve 109 denúncias. No dia 8, foram 5.163 denúncias, a maior parte referentes a xenofobia, segundo Juliana Cunha, diretora da SaferNet. Como dito antes só vem crescendo, batendo recordes na pandemia. 22 SILVA, Vitória Regina.Eleições de 2018 têm pico de denúncias de discurso de ódio, apontam dados da SaferNet. 2018.Disponível em:<http://www.generonumero.media/denuncias-discurso-de- odio-eleicao/> Acessado em:12/05/2021 21 BRASIL DE FATO - Crimes de ódio aumentam durante a pandemia em invasões de video conferências.2020. disponível em: <https://www.brasildefators.com.br/2020/09/04/crimes-de-odio- aumentam-durante-a-pandemia-em-invasoes-de-videoconferencias> Acessado em: 12/05/2021 20 PICHONELLI, Matheus - Brasil tem 334 células neonazistas em atividade. 2019 disponível em:<https://matheuspichonelli.blogosfera.uol.com.br/2019/11/18/brasil-tem-334-celulas-nazistas-em-at ividade-diz-pesquisa/ >. Acessado em:10/05/2021 http://www.generonumero.media/denuncias-discurso-de-odio-eleicao/ http://www.generonumero.media/denuncias-discurso-de-odio-eleicao/ https://tab.uol.com.br/colunas/matheus-pichonelli 14 4.O Crime de injúria racial O crime de injúria racial foi introduzido em 13 de maio de 1997, a Lei 9.459 depois de mudar o art. 1º e o art. 20 da Lei 7.716/89, integrando a injúria racial no §3º do art. 140 do Código Penal. Jamais deve ser confundido com o crime de racismo. O Crime de racismo, previsto na Lei nº 7.716/1989 sendo caracterizado por uma verbalização de ofensa ao coletivo, ou atos de segregação por questão racial como impedir o ingresso em estabelecimentos comerciais, elevador social de um prédio ou evitar que alguém ingresse em emprego por conta racial. Sendo inafiançável e imprescritível, com pena prevista de 1 a 3 anos de prisão, além de multa. Já o crime de injúria por sua vez previsto no artigo 140 do código penal com pena de reclusão de 1 a 6 meses ou multa. Vindo o crime de injúria racial no mesmo artigo no parágrafo 3º, sendo uma forma qualificada de injúria com pena maior de 1 a 3 anos de reclusão. Para que o crime seja caracterizado, tem que ofender a dignidade em cima de elementos como raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência. O Artigo 140 do Código penal é: 23 Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3 o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência Pena - reclusão de um a três anos e multa. Sendo definido pela Thula Pires esse crime como: 23 BRASIL. Constituição (1940). Código Penal nº 140, de 07 de dezembro de 1940. 2848. ed. Rio de Janeiro: Brasil, Regula o crime de injúria. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto -lei/del2848compilado.htm>. Acesso em: 02 jun. 2021. 15 24Quando a discriminação é efetivada através de insultos ou troca de ofensas com motivação racial, o tipo é o da injúria qualificada previsto no artigo 140, § 3º do Código Penal, introduzido pela Lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997. A injúria racial é constatada, portanto, quando o ofensor se refere à raça, à cor, à etnia, à religião, à origem ou mesmo à condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. A injúria racial se dá pelo uso de palavras que diminuem e ferem a raça, cor, etnia, etc, da vítima com objetivo de ferir, diminuir ou atacar a honra e a dignidade, da mesma. Para se caracterizar, precisa que seja proferido um termo com a intenção de diminuir e ferir com carácter pessoal da vítima, sua honra e dignidade. Nesse sentido, de que tem se deve ter intenção, só se aceita a modalidade dolosa. Silveira aduz que: 25Os crimes raciais são exclusivamente dolosos, não tendo sido prevista, em nenhuma hipótese, a modalidade culposa (princípio da excepcionalidade, como expresso no art. 18, parágrafo único, do CP). Assentou-se, pois, que o preconceito e a discriminação raciais não derivam de comportamento negligente, antes, da consciênciae da vontade deliberadas. Destarte, pratica dolosamente um crime racial aquele que, representando intelectualmente os elementos objetivos dos tipos legais de crime previstos na Lei n. 7.716/89, age livre e conscientemente no sentido de realizá-los. Com isso é notável a intenção de inibir ofensas racistas, tornando mais duras e tipificando esses atos, que antes era apreciado de forma branda pelo ordenamento jurídico, visando amenizar os conflitos sobre questões raciais, usando uma qualificadora. Nucci ressalta que: 26Assim, aquele que atualmente, dirige-se a uma pessoa de determinada raça, insultando-a com argumentos ou palavras de conteúdo pejorativo, responderá por injúria racial, não podendo alegar que houve uma injúria simples, nem tampouco uma mera exposição do pensamento (como dizer que todo “judeu é corrupto” ou que “negros são desonestos”), uma vez que há limite para tal liberdade. 26 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 4. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2009.P.678 25 SILVEIRA, Fabiano Augusto Martins. Da criminalização do racismo: aspectos jurídicos e sociocriminológicos. Belo Horizonte: Del Rey, 2007.P.148 24 PIRES, Thula Rafaela de Oliveira, Criminalização do Racismo entre política de reconhecimento e meio de legitimação do controle social dos não reconhecidos. Orientadora: Gisele Cittadino. – 2013.P.265 16 Antes da criação da Lei n. 7.716/89 trazer consigo a qualificadora que majora a injúria de simples, para racial, Não se tinha um agravante para inibir ataques de cunho racial. 5.Efeitos da liberdade de expressão na defesa da injúria racial A liberdade de expressão, sendo um direito fundamental, é sempre questionada até onde ela pode ir, se seus limites devem ou não ser postos. Visto que se discorrem vários efeitos vindos dela, como a liberdade de se criar um discurso genocida, ataques a raças e etnias e ataques pessoais a indivíduos por qualquer motivo que fira a honra ou dignidade. Nesse sentido, já o ministro Luiz Roberto Barroso, na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n° 4.815, disse em seu voto 27“A liberdade de expressão não é garantia de verdade ou de justiça. Ela é uma garantia de democracia. Defender a liberdade de expressão pode significar ter de conviver com a injustiça e até mesmo com a inverdade.” No Brasil não se pode usar esse o argumento ,de que a liberdade de expressão não pode ser limitada já que é um direito fundamental, pois a liberdade de expressão é limitada pela constituição e por tipificação de crimes que regulam o que se fala para preservar direitos de outros. O ordenamento jurídico brasileiro preserva a honra e a dignidade, do indivíduo, por isso limitar a liberdade de expressão como dito nesse sentido pelo Ministro Luiz Roberto Barroso, no mesmo voto citado acima, disse 28“Como é lugar comum afirmar-se, nenhum direito é absoluto. A vida civilizada depende da conciliação de muitos valores diversos.” Quando o direito de fala, infringe a honra ou dignidade de uma pessoa ou grupo, fere os direitos fundamentais, pela honra ser um princípio da dignidade da pessoa humana, encontrado no Artigo 1º, III e do Artigo 5, IV da Constituição Federal de 1988, sendo limitado também pelo artigo 140 do código penal. 28 Supremo Tribunal Federal. ADI 4.815 – Biografias, Luís Roberto Barroso. Disponível em:https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI4815LRB.pdf Acessado em: 28/05/2021 às 04h17min. 27 Supremo Tribunal Federal. ADI 4.815 – Biografias, Luís Roberto Barroso. Disponível em:https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI4815LRB.pdf Acessado em: 28/05/2021 às 04h17min. 17 Ocorrendo uma impasse ambos direitos deve se levar em consideração o impacto de ambos os direitos e o mais danoso ou não como dito no Edilsom de Farias 29“Solução do caso concreto, deve-se restringir o mínimo possível os direitos em pugna e, quando houver preferência por um direito, não se deve aniquilar totalmente o outro, mas preserva-lhe um mínimo irredutível chamado de núcleo essencial.” Prosseguindo no mesmo sentido de um direito perante o outro Edilsom de Farias continua 30“verificada a existência de reserva de lei na constituição para pelo menos um dos direitos colidentes, o legislador poderá resolver a colisão de direitos fundamentais comprimindo o direito ou direitos restringíveis.” No caso da injúria racial, se vê que o direito protegido é a honra e a dignidade e que entra em conflito com a liberdade de expressão, ambos direitos fundamentais. Porém já está sendo pacificado aqui no Brasil que a dignidade violada de outro é o limite da liberdade de expressão. Pois ferindo a honra e a dignidade de um indivíduo, pode acarretar além de problemas sociais, como a segregação racial, mas tambem problemabas psicologicos, como auto estima baixa, ataque de panicos e depressão. Colocando a saúde mental e a dignidade da vítima, frente ao direito do violante de falar o que pensa, pesa o direito da vitima. 6.Conclusão: O presente estudo contribui para a reflexão acerca de temas contemporâneos da sociedade, como Racismo, Hate speech entre outras formas de preconceito comparando com o direito a liberdade de expressão. Dar voz e luz a esses temas propicia o processo de formação do cidadão, o que garante uma sociedade mais igualitária, justa e respeitosa aos direitos constitucionais. A reflexão e reafirmação da existência de grupos extremistas violentos pondera a necessidade da justiça equiparar as realidades vividas para as garantias das minorias. 30 FARIAS, Edilsom Pereira de. Colisão de direitos fundamentais: a honra, a intimidade, a vida privada e a imagem versus a liberdade de expressão e informação. Porto Alegre: Livraria Triângulo Editora LTDA., 1996 29 FARIAS, Edilsom Pereira de. Colisão de direitos fundamentais: a honra, a intimidade, a vida privada e a imagem versus a liberdade de expressão e informação. Porto Alegre: Livraria Triângulo Editora LTDA., 1996 18 A problematização do anonimato na constituição brasileira versa sobre como isso favorece o anonimato de grupos extremistas, que ainda em processo de células não são evidenciados como grupos organizados. Destaca-se como limitação do presente estudo o percurso literário de revisão de estudos, contudo abre portas para pesquisas nesse sentido onde consigam dar voz a sujeitos, sejam extremistas ou de minorias. 19 7.Referências: BRASIL. Constituição .Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao .htm> Acesso em 01/06/2021 FERRAJOLI, Luigi. Derechos y garantias: la ley del más débil. Tradução para o espanhol: Perfecto Andrés Ibánez e Andrea Greppi. Madri: Editorial Trotta, 2004. p.37, tradução para o português. Na edição espanhola: “[…] son ‘derechos fundamentales’ todos aquellos derechos subjetivos que corresponden universalmente a ‘todos’ los seres humanos en cuanto dotados del status de personas, de ciudadanos o personas con capacidad de obrar; entendendo por ‘derecho subjetivo’ cualquier expectativa positiva (de prestaciones) o negativa (de no sufrir lesiones) adscrita a un sujeto por uma norma jurídica; y por ‘status’ la condición de un sujeto, prevista asimismo por una norma jurídica positiva, como presupuesto de suidoneidad para ser titular de situaciones jurídicas y/o autor de los actos que son ejercicio de éstas”. A ORIGEM E O SENTIDO DO BLACK LIVES MATTER. Paraná: Gazeta do Povo, 2020. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/flavio-gordon/a-origem-e-o-sentido-do-black -lives-matter. Acesso em: 01/06/2021 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público – Curso Elementar. 15ª Edição. Revista e Atualizada, 2014. 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