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TCC ROBERTO GOMES MOREIRA JUNIOR - 2211448

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Democracia e direitos fundamentais: hate speech e a liberdade
de expressão na criminalização da injúria racial
Roberto Gomes Moreira Júnior
Orientado pelo Doutor: Joaquim Humberto Coelho de Oliveira
Resumo :
Introdução: Em um momento de divisão da sociedade brasielira em dois lado
politicos diferentes com a esquerda(com uma ideologia mais voltada para as
necessidades das minorias) e a direita( com uma ideologia mais conservadora),
ocorre uma polarização política e a crescente fomentação da discussão sobre os
direitos fundamentais individuais em relação aos direitos coletivos Objetivos: Refletir
e trazer o questionamento ao leitor, se a imposição da qualificadora como injúria
racial é justa para a proteção da honra ou dignidade das vítimas, em detrimento a
liberdade de expressão. Metodologia: Estudo de revisão de literatura. Debruçou-se
em conteúdos da esfera do direito e estudiosos sobre o racismo, tendo como
questão norteadora “a liberdade de expressão é plena no Brasil?”, Resultados: O
“hate speech” é defendido com base na liberdade de expressão. Sendo observado
nesse estudo da origem histórica da liberdade de expressão, de como o “hate
speech” é liberado na democracia Americana e como é lidado no Brasil, como o
crime de injúria racial(Art.140 §3) foi colocado em pratica e como funciona.
Conclusão: O presente estudo contribui para a reflexão acerca de temas
contemporâneos da sociedade, como Racismo, Hate speech entre outras formas de
preconceito comparando com o direito a liberdade de expressão. Dar voz e luz a
esses temas propicia o processo de formação do cidadão, o que garante uma
sociedade mais igualitária, justa e respeitosa aos direitos constitucionais.
Palavras Chaves: Liberdade de expressão, hate speech, injúria racial
ABSTRACT:
At a time when Brazilian society is divided into two different political sides with the left
(with an ideology more focused on the needs of minorities) and the right (with a more
conservative ideology), there is a political polarization and the growing
encouragement of discussion about individual fundamental rights in relation to
2
collective rights Objectives: Reflect and raise the question to the reader, whether the
imposition of the qualifier as racial injury is fair for the protection of the victims' honor
or dignity, to the detriment of freedom of expression. Methodology: Literature review
study. It focused on contents from the sphere of law and scholars on racism, having
as its guiding question “is freedom of expression complete in Brazil?”, Results: “hate
speech” is defended on the basis of freedom of expression. It is observed in this
study of the historical origin of freedom of expression, of how “hate speech” is
released in American democracy and how it is dealt with in Brazil, how the crime of
racial injury (Art.140 §3) was put into practice and how it works. Conclusion: This
study contributes to the reflection on contemporary issues of society, such as
Racism, Hate speech, among other forms of prejudice, compared to the right to
freedom of expression. Giving voice and light to these themes provides the process
of forming citizens, which guarantees a more egalitarian, fair and respectful society
for constitutional rights.
Keywords: freedom of speech, hate speech, racial slur
3
Sumário:
1. Introdução………………………………………………………………………......P:4
2. A liberdade de expressão como direito fundamental nas democracias...P:6
3. O Hate speech……………………………………………………………………...P:7
3.1 Discursos de ódio na democracia americana………………………....P:8
3.2 Os discursos de ódio nas democracia brasileira……………………..P:12
4. O Crime de injúria racial………………………………………………………….P.14
5. Efeitos da liberdade de expressão na defesa da injúria racial…………....P.16
6. Conclusão ………………………………………………………………………….P.17
7. Referências bibliográficas ………………………………………………………P.19
4
1.Introdução
Em um momento de divisão da sociedade brasielira em dois lado politicos
diferentes com a esqueda(com uma ideologia mais voltada para as necessidades
das minirias) e a direita( com uma ideologia mais concervadora), no caso uma
polarização política e a crescente fomentação da discussão sobre os direitos
fundamentais individuais em relação aos direitos coletivos, surge o debate sobre os
limites da liberdade de expressão, expresso no inciso IV do Artigo 5 da Constituição
Federal de 1988 1“é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato.” Sendo este regulado pelo inciso X da mesma, causando o
questionamento se de fato a liberdade de expressão é plena no Brasil.
Direitos fundamentais, em síntese são direitos que advindos do princípio da
dignidade da pessoa humana, para proteger o indivíduo por simplesmente este ser
um humano, nesse sentido Luigi Ferrajoli versa que:
2[…] são ‘direitos fundamentais’ todos aqueles direitos subjetivos que
correspondem universalmente a "todos" os seres humanos enquanto
dotados do status de pessoas, cidadãos ou pessoas com capacidade de
agir; entendido por ‘direito subjetivo’ qualquer expectativa positiva (de
prestações) ou negativa (de não sofrer lesões) ligada a um indivíduo por
uma norma jurídica; e por ‘status’ a condição de um sujeito, prevista
também por uma norma jurídica positiva, como pressuposto de sua
idoneidade para ser titular de situações jurídicas e/ou autor dos atos que
são exercício destas.
Sendo a liberdade de expressão desses direitos fundamentais, que permite a
manifestação de pensamento e expressões, sem o sofrimento de qualquer
represália, desde que esteja dentre os limites estipulados em lei. Sendo ela limitada
2 FERRAJOLI, Luigi. Derechos y garantias: la ley del más débil. Tradução para o espanhol:
Perfecto Andrés Ibánez e Andrea Greppi. Madri: Editorial Trotta, 2004. p.37, tradução para o
português. Na edição espanhola: “[…] son ‘derechos fundamentales’ todos aquellos derechos
subjetivos que corresponden universalmente a ‘todos’ los seres humanos en cuanto dotados del
status de personas, de ciudadanos o personas con capacidad de obrar; entendendo por ‘derecho
subjetivo’ cualquier expectativa positiva (de prestaciones) o negativa (de no sufrir lesiones) adscrita a
un sujeto por uma norma jurídica; y por ‘status’ la condición de un sujeto, prevista asimismo por una
norma jurídica positiva, como presupuesto de suidoneidad para ser titular de situaciones jurídicas y/o
autor de los actos que son ejercicio de éstas”.
1 BRASIL. Constituição .Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Brasília, DF:
Centro Gráfico, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao
.htm> Acesso em 01/06/2021
5
pelo pelo Artigo 5º inciso X da Constituição Federal, que versa que 3"são invioláveis
a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
Sendo empregado como uma limitação todo o inciso X, visto que é inviolável a
honra e imagem das pessoas e tendo sanções quando se é ferida, mesmo que o
causador dessa ferida seja por meio de manifestação de opinião, vem o discurso de
que não se tem plena liberdade de expressão no Brasil, pois pode-se sofrer sanções
por conta de algo dito e isolando a possibilidade do hate speech, que a lietralidade
de discurso de ódio, ser aceito.
Instituto,o hate speech, esse que não é justificado em nosso ordenamento
jurídico, pois a própria constituição no artigo 5º inciso X tacitamente. Ele consiste em
deixar a liberdade de expressão, sem limitações, legitima o discurso de grupos
extremistas como a ku klux klan nos Estados Unidos, aumentando a tensão a
respeito da diversidade racial, e segregando negros, latinos e brancos. Criando uma
atmosfera de diferença de tratamentos de raça, que reflete até em organizações
estatais que deveriam ser imparciais como a polícia e protestos e manifestações
acerca dos direitos humanos assim nasce movimentos como 4black lives matter,
movimento de origem em 2013, com a propagação da hashtag #BlackLivesMatterencabeçado por 3 ativistas negras após uma absorção polêmica nos estado unidos,
trazendo à tona reivindicações de igualdade e valorização da vida negra.
Entra em cheque o debate de qual o deveria ser o limite da fala e se o discurso
de ódio, deveria ser mais combatido e criminalizado ou não. Fazendo com que as
camadas sociais atingidas pela segregação provenientes desses discursos, não se
calem mais e busquem direitos com mais ênfase. Trazendo um desequilíbrio na
harmonia social com manifestações muitas das vezes violentas, por não verem seus
algozes penalizados por seus atos.
Trazendo o questionamento de como a liberdade de expressão, como um
direito fundamental e sem limitação, pode influenciar e fomentar na agressão do
direito à honra, por meio da injúria racial. E se o Estado regular a liberdade de
4 A ORIGEM E O SENTIDO DO BLACK LIVES MATTER. Paraná: Gazeta do Povo, 2020. Disponível
em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/flavio-gordon/a-origem-e-o-sentido-do-black-lives-matter.
Acesso em: 01/06/2021
3 BRASIL. Constituição .Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Brasília, DF:
Centro Gráfico, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao
.htm> Acesso em 01/06/2021
6
expressão, para evitar que se fira o direito à honra ou gere discursos de ódio ou
genocidas, esta limitação fere o direito fundamental.
2.A liberdade de expressão como direito fundamental nas democracias
Sob o efeito do choque criado pelas barbáries,como as mortes de judeus em
campos de concentração pela alemanha nazista, ocorridas na segunda guerra
mundial, em cima dessa ideia foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU),
para se firmar a paz e desnvolvimento.
Foi feita a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) no período de
1946 e 1948 por um comitê, formado dentro de um secretariado da ONU
responsável por tratar dos assuntos inerentes aos direitos humanos. Sobre ela diz
Rezek ,
5a Declaração versa os direitos que a pessoa humana deve ter ‘como
membro da sociedade’. São eles o direito ao trabalho e à previdência social,
à igualdade salarial por igual trabalho, ao descanso e ao lazer, à saúde, à
educação, aos benefícios da ciência, ao gozo das artes, à participação na
vida cultural da comunidade.
6Os membros mais importantes desse comitê eram: Eleonor Roosevelt (Estados
Unidos), Peng Chun Chang (Taiwan), Charles Dukes (Reino Unido), Alexander
Bogomolov (União Soviética), John Peters (Canadá), Hernán Santa Cruz (Chile),
René Cassin (França), William Hodgson (Austrália) e Charles Malik (Líbano).
Feito isso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi empregada pela
Organização das Nações Unidas(ONU) em 10 de dezembro de 1948, e nela tem o
artigo 19 que trata acerca da liberdade de expressão:
7Todos os seres humanos têm direito à liberdade de opinião e expressão;
este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de
procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e
independentemente de fronteiras.
7 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. A Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Disponível em:< https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/>. Acesso em 31/05/2021.
6 NEVES, Daniel - Declaração Universal dos Direitos Humanos.disponivel em:
<https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/declaracao-universal-dos-direitos-human
os.htm> Acessado em:29/04/2021
5 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público – Curso Elementar. 15ª Edição. Revista e
Atualizada, 2014. P.261
https://pt.wikipedia.org/wiki/1948
7
Sendo assim assegurado a liberdade de pensamento na maioria dos países do
mundo por 193 países serem todos membros da ONU e signatários da Declaração
Universal dos Direitos Humanos e a ideia de que todos têm direito de fala na
democracia moderna.
Mesmo que em países como França, Inglaterra e EUA, já fossem assegurados a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, vem trazendo um reforço e garantindo
uma maior adesão à liberdade de expressão, assim dando uma ideia de
universalidade na liberdade de expressão.
3.O Hate speech
O hate speech em sua literalidade significa discurso de ódio, sendo originado o
termo nos Estados Unidos, este sendo respaldado pelo ordenamento jurídico de lá.
E sendo inviável pelo ordenamento jurídico a do Brasil. Trazendo discursos
segregatórios entre grupos, seja no sentido racial, etinico, sexualidade, sexo, etc.
Seguindo Daniel Sarmento, 8“O hate speech destina-se exatamente a negar a
igualdade entre as pessoas, propagando a inferioridade de alguns legitimando a
discriminação.” sendo assim ferindo a dignidade de individuos e grupos.
Sendo o discurso de ódio classificado por Samanta Ribeiro Meyer-Pflug
9“Consiste na manifestação de ideias que incitam a discriminação racial, social ou
religiosa em relação a determinados grupos, na maioria das vezes, as minorias. Tal
discurso pode desqualificar esse grupo como detentor de direitos.”
Quando esse tipo de discurso é feito por figuras políticas, esse se intensifica
na sociedade, polarizando e segregando a sociedades em grupos opostos. Jeremy
Waldron diz acerca disto 10“uma sociedade não pode ser bem-ordenada se as 601
pessoas defendem o ódio racial ou religioso, haja vista a ideia de uma sociedade
bem-ordenada ser aquela amplamente e efetivamente governada por uma
concepção de justiça”.
10 WALDRON, Jeremy. The harm in hate speech. Cambridge: Harvard University Press, 2012
9 MEYER-PFLUG, Samantha Ribeiro. Liberdade de expressão e discurso do ódio. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 97-98.
8 SARMENTO, Daniel. A liberdade de expressão e o problema do “hate speech”.
Disponível:em<http://professor.pucgoias.edu.br/sitedocente/admin/arquivosUpload/4888/material/a-lib
erdade-de-expressao-e-o-problema-do-hate-speech-daniel-sarmento.pdf> . Acessado em 29/05/2021,
8
Grupos organizados também, se valem desse discurso, grupos separatistas
e neonazistas. Esse tipo de discurso é perigoso quando ganha força e adeptos,
sendo um dos perigos o poder de gerar verdadeiros genocídios, da forma como os
nazistas fizeram na segunda guerra mundial.
Sendo um dos motivos para se ter discussões, acerca da limitação que deve
ser empregada a liberdade de expressão, pois sendo esse apenas um dos efeitos da
liberdade de expressão ilimitada. O discurso de ódio pode ser defendido de maneira
ferrenha e de maneira sutil, a ferrenha é com o simples “ A liberdade de expressão é
um direito fundamental e não pode ser limitada” e de maneira sutil em cima do
discurso que a democracia se dá em cima do atrito de ideias contrárias.
Não podendo ser confundido a importância da liberdade de expressão na
manutenção da democracia, com discursos de ódio e de desonra a indivíduos ou
grupos. Sendo observado que deve ter uma diversidade de discursos para que uma
democracia seja plena, de forma civilizada e harmônica nesse sentido pondera
Alexandre de Moraes
11a liberdade de expressão constitui um dos fundamentos essenciais de
uma sociedade democrática e compreende não somente as informações
consideradas como inofensivas, indiferente ou favoráveis, mas também
aquelas que possam causar transtornos, resistência, inquietar pessoas, pois
a Democracia somente existe a partir da consagração do pluralismo de
ideias e pensamentos, da tolerância de opiniões e do espírito aberto ao
diálogo.
3.1.Discursos de ódio na democracia americana
Os Estados Unidos, pais onde o termo hate speech se originou, como dito antes a
liberdade de expressão é livre com ausência de limitações garantido pela primeira
emenda à constituição que versa assim:
11 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, comentários aos arts. 1º a 5º
da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. (Coleção temas
jurídicos). 2. ed. v. 3. São Paulo (SP): Atlas, 1998 .P. 119
9
12O Congresso não fará nenhuma lei a respeito do estabelecimento de uma
religião, ou proibindo o livreexercício dela; ou cerceando a liberdade de
expressão ou de imprensa; ou o direito do povo se reunir pacificamente e
dirigir petições ao governo para a reparação de injustiças.
Emenda essa que veio a partir da 13Declaração de Direitos(Bill of rights) dos
Estados Unidos, que trouxe as 10 primeiras emendas à constituição, que foi
ratificado no dia 15 de dezembro de 1791 documento esse que trouxe bastante
liberdade ao cidadão americano. Que só foi adicionado ao texto constitucional por
manifestos de delegados como George Mason e Elbridge Gerry, que defendiam a
inclusão de direitos individuais, pois estes não estavam ausentes no texto original da
constituição.
Como a própria constituição veda limitações para a liberdade de expressão grupos
organizados ou pessoas de locais onde estruturalmente racistas, perpetuam a
segregação e ataques raciais, se valem disso se legitima-se o Hate speech, que em
tradução literal é discurso de ódio, que abrange qualquer tipo de discurso, mesmo
aqueles que geram que ferem o direito à honra e a identidade facial. Que segundo o
doutrinador alemão Winfried Brugger é visto dessa forma:
14Na comunidade mundial, tal discurso às vezes é protegido, às vezes não.
Entretanto, o discurso do ódio é muito mais protegido nos Estados Unidos
do que na Alemanha, Europa, Canadá e na maioria dos países com
constituições modernas. Na jurisprudência dominante americana, a
liberdade de expressão, nela incluído o direito de expressar mensagens de
ódio, é um direito prioritário que normalmente prevalece sobre interesses
contrapostos de dignidade, honra, civilidade e igualdade. Nos Estados
Unidos, o discurso do ódio é visto integralmente como uma forma de
discurso, e não de conduta, apesar do fato de que tal discurso possa ser
verdadeiramente doloroso para outros. O direito internacional e a maioria
14 BRUGGER, Winfried. Proibição ou proteção do discurso do ódio? Algumas observações
sobre o direito alemão e o americano. Revista Direito Público 15/188, Brasília: Instituto Brasileiro
de Direito Público, ano 4, jan-mar. 2007. p. 118. Tradução livre.
13 GODOY,Arnaldo Sampaio de Moraes - Duas primeiras emendas refletem a História dos EUA.
Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2011-abr-24/alem-criar-garantias-duas-primeiras-emendas-eua-guardam-h
istoria> Acessado em: 26/05/2021
12 GODOY,Arnaldo Sampaio de Moraes - Duas primeiras emendas refletem a História dos EUA.
Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2011-abr-24/alem-criar-garantias-duas-primeiras-emendas-eua-guardam-h
istoria> Acessado em: 26/05/2021
10
dos ordenamentos jurídicos não-americanos atribuem maior proteção à
dignidade, honra e igualdade dos destinatários do discurso do ódio.
Como esse tipo de proteção que a maioria dos ordenamentos traz, é vedado pela
constituição americana, logo não se tem criminalização para injúrias raciais.
Podendo um racista ser preso por sua fala apenas no caso de ameaça mesmo
assim sendo muito difícil a prisão por ameaça, por não ser definido de fato o que é
uma “ameaça verdadeira” e a linha tênue com a liberdade de expressão.
Nesse sentido garante a perpetuação dos discursos racistas passados de geração
em geração desde da época das 13 colônias, indo além sendo assegurado por lei o
direito a ser racista, sendo de que se é livre qualquer expressão falada ou expressa
por outros meios não violentos e danosos materialmente, logicamente é assegurado
por lei manifestar qualquer discurso inclusive o de segregação de raças.
15Sendo enraizado e como dito passado de geração em geração em muitas das
vezes de forma sistêmica e organizada. Inclusive em um levantamento do Southern
Poverty Law Center uma organização não governamental (ONG), mostrou que há
cerca de 917 grupos radicais em funcionamento nos Estados Unidos. Não somente
grupos separatistas compostos por brancos, mas grupos também compostos por
separatistas negros. Dentre esses grupos estão:
Ku Klux Klan, Grupo supremacista mais antigo do país e mais famoso foi formado
em 1866 criado no Sul do país para se contrapor aos abolicionistas da escravidão,
conhecidos por suas roupas e pelo ato de queimar cruz.
Skinheads raciais são um dos grupos mais violentos dentro do movimento
supremacista branco, promovendo ataques a gays, judeus, latinos e negros. Criados
nos anos 80, hoje há cerca de 133 grupos ativos nos Estados Unidos, adeptos de
adereços nazistas e exaltam a raça pura branca.
O Christian Identity (CI, Identidade Cristã) tem uma visão de que os povos
germânicos (anglo-saxões) são descendentes Abraão, Isaac e Jacó. Não tem uma
estrutura centralizada mas há registro de 55 grupos nos Estados Unidos, são
Antissemitas, pregando que judeus não são “o povo escolhido por Deus” mas sim os
europeus.
15 FELIPE, Leandra - Levantamento mostra que há 917 grupos radicais em ação nos Estados
Unidos. 2017 Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-09
/levantamento-mostra- que-ha-917-grupos-radicais-em-acao-nos-estados>. Acessado em: 01/05/2021
11
Neoconfederados o grupo é adepto do prpó-confederados nos Estados Unidos.
São nacionalistas ao extremo, renegando a imigrantes, tem seus princípios no
cristianismo, eles se opõem ferozmente às minorias, pois segundo eles não fazem
parte dos valores americanos que e que estes estão sendo perdidos. Com a
existência de pelo menos 50 grupos desse tipo e em sua maior parte no sul dos
EUA.
Grupos separatistas(Black Separatists) negros como o New Black Panther Party
que pegam influencias de protagonistas dos movimentos pelos direitos civis como
Malcom X, que era a favor da luta armada contra brancos, judeus e policiais. Se
opõe à integração racial e usando os mesmos critérios raciais de segregação que os
brancos. Não somente existindo esse, mas também outros como a Nação Islã, são
pelo menos 140 grupos classificados como Black Separatists.
Esses grupos fomentam suas ideias por meios de fala a pessoas próximas,
reuniões ou até mesmo pela educação familiar. Porém com a alta das redes sociais
esses grupos pregam suas ideologias mais fácil e rápido. E não só grupos como
também indivíduos fazendo discursos de ódio, que foi o caso do ex-presidente
Donald Trump, que teve suas redes sociais bloqueadas em diversas plataformas,
como o twitter, instagram e facebook nas semanas antecessoras as eleições.
16Alguns líderes do cenário internacional se pronunciaram sobre as decisões das
plataformas de bloquear as contas do ex- presidente como, o porta-voz durante
afirmou coletiva de imprensa, “A chanceler Angela Merkel considera problemático
que tenha sido bloqueada, de maneira completa, a conta no Twitter de Donald
Trump”, e o ministro da Economia, Bruno Le Maire o ministro da economia da
Franças “próprio Twitter que decidiu fechar”.
Sendo considerado, por boa parte dos americanos, uma censura a liberdade de
expressão e o poder da rede social tomar a decisão sozinha de bloquear a conta de
uma figura pública e política.Trazendo à tona mais uma vez qual o limite da
liberdade de expressão e se deve ter um limite, mesmo com toda a proteção que
ordenamento jurídico americano dá a livre fala.
16 SCARDOELLI, Anderson - Líderes europeus criticam censura de Trump no Twitter. 2021
Disponível em: <https://revistaoeste.com/mundo/lideres-europeus-criticam-censura-de-trump-no-
twitter/>. Acessado em: 14/05/2021
12
3.2.Os discursos de ódio nas democracia brasileira
No Brasil, ao contrário do que se é visto nos EUA, a liberdade de expressão é
bem limitada quando se trata de discursos de ódio. Como já dito, a constituição
versa acerca de liberdade de expressão o seguinte 17“é livre a manifestação do
pensamento, sendo vedado o anonimato.” no inciso IV do Artigo 5 da Constituição
Federal de 1988. E sendo limitada constitucionalmente pelo inciso X do mesmo
artigo.
Que por sua vez expressa o seguinte 18 “são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano materialou moral decorrente de sua violação;” adicionando ao pedaço do
artigo do IV que versa “sendo vedado o anonimato”, são as limitações diretas da
liberdade de expressão, dando o direito a livre fala desde respeitado esse termos
aborados.
Pois sendo a própria constituição a limitadora e esses limites não aceitam a
possibilidade do discurso de ódio e prevendo sanções seja na esfera civil e o código
penal algumas sanções na esfera criminal com crimes contra honra como é o caso
da injúria racial e homofobia.
Isso coíbe a criação e a divulgação de organizações que pregam discursos de
ódio, pois estas não podem se expor como nos EUA. Mesmo não sendo tão
alarmante e visível como lá, o número de grupos vem crescendo, segundo a
antropóloga da unicamp Adriana Dias é 19“É preciso soar alarme sobre a expansão
do neonazismo no Brasil”, ela mapeou a existência de 334 de grupos divididos em
17 movimentos diferentes entre estão eles hitleristas, supremacistas/separatistas e
três seções locais da Ku Klux Klan.
Como no Brasil a atuação desses grupos não são respaldadas por lei fica difícil
uma centralização e comunicação deles. Pelo fato de não tem que se esconder por
19 PICHONELLI, Matheus - Brasil tem 334 células neonazistas em atividade. 2019 disponível
em:<https://matheuspichonelli.blogosfera.uol.com.br/2019/11/18/brasil-tem-334-celulas-nazistas-em-at
ividade-diz-pesquisa/ > Acessado em:10/05/2021
18 BRASIL. Constituição .Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Brasília, DF:
Centro Gráfico, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao
.htm> Acesso em 01/06/2021
17 BRASIL. Constituição .Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Brasília, DF:
Centro Gráfico, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao
.htm> Acesso em 01/06/2021
https://tab.uol.com.br/colunas/matheus-pichonelli
13
ser criminalizado suas práticas. em entrevista para um o blog do Matheus Pichonelli
a Adriana disse:
20Normalmente, no Brasil, as células não se conhecem, não se conectam, a
não ser as grandes. São grupos de pessoas que conversam, que se
reúnem, e eu localizei essas reuniões por sites na internet, blogs ou fóruns.
Nenhum deles tem uma corrente única. Eles leem autores que, pelo mundo,
brigam um com o outro.
Logo se vê que eles que são células e grupos isolados, que não são bem
estruturados e robustos, que em sua maioria se valem da internet para sua
disseminação. Mas não apenas grupos organizados cometem o discurso de ódio.
Usuários de redes sociais em grupos ou não, praticam o discurso de ódio
abertamente e com isso se vê um aumento em crimes por contra honra virtualmente.
21A ONG Safernet, que monitora as violação dos direitos humanos na internet,
levantou dados acerca do crescimento do discurso de ódio somente na pandemia,
mostrando um crescimento de 5.000%. Apontando um crescimento de quase 300%
de denúncias de racismo em 2020 em comparação a 2019, com a maior parte sendo
feita no Facebook.
Fazendo com que a organizações de militância e pessoas que apoiam grupos de
minoria, travem uma “guerra” nas redes sociais, isso foi intensificado em 2018 nas
eleições durante o período de eleições presidenciais, com a polarização política que
se tinha naquele cenário. Com frases do tipo “Vamos metralhar a petralhada” se
elegeu o Presidente Jair Bolsonaro, ensandecendo as redes sociais que se dividiram
em um misto de choro e alegria.
22Conforme os dados da ONG Safernet, no dia 7 de outubro de 2018, dia da
eleição, houve 109 denúncias. No dia 8, foram 5.163 denúncias, a maior parte
referentes a xenofobia, segundo Juliana Cunha, diretora da SaferNet. Como dito
antes só vem crescendo, batendo recordes na pandemia.
22 SILVA, Vitória Regina.Eleições de 2018 têm pico de denúncias de discurso de ódio, apontam
dados da SaferNet. 2018.Disponível em:<http://www.generonumero.media/denuncias-discurso-de-
odio-eleicao/> Acessado em:12/05/2021
21 BRASIL DE FATO - Crimes de ódio aumentam durante a pandemia em invasões de video
conferências.2020. disponível em: <https://www.brasildefators.com.br/2020/09/04/crimes-de-odio-
aumentam-durante-a-pandemia-em-invasoes-de-videoconferencias> Acessado em: 12/05/2021
20 PICHONELLI, Matheus - Brasil tem 334 células neonazistas em atividade. 2019 disponível
em:<https://matheuspichonelli.blogosfera.uol.com.br/2019/11/18/brasil-tem-334-celulas-nazistas-em-at
ividade-diz-pesquisa/ >. Acessado em:10/05/2021
http://www.generonumero.media/denuncias-discurso-de-odio-eleicao/
http://www.generonumero.media/denuncias-discurso-de-odio-eleicao/
https://tab.uol.com.br/colunas/matheus-pichonelli
14
4.O Crime de injúria racial
O crime de injúria racial foi introduzido em 13 de maio de 1997, a Lei 9.459
depois de mudar o art. 1º e o art. 20 da Lei 7.716/89, integrando a injúria racial no
§3º do art. 140 do Código Penal. Jamais deve ser confundido com o crime de
racismo.
O Crime de racismo, previsto na Lei nº 7.716/1989 sendo caracterizado por uma
verbalização de ofensa ao coletivo, ou atos de segregação por questão racial como
impedir o ingresso em estabelecimentos comerciais, elevador social de um prédio ou
evitar que alguém ingresse em emprego por conta racial. Sendo inafiançável e
imprescritível, com pena prevista de 1 a 3 anos de prisão, além de multa.
Já o crime de injúria por sua vez previsto no artigo 140 do código penal com pena
de reclusão de 1 a 6 meses ou multa. Vindo o crime de injúria racial no mesmo artigo
no parágrafo 3º, sendo uma forma qualificada de injúria com pena maior de 1 a 3
anos de reclusão. Para que o crime seja caracterizado, tem que ofender a dignidade
em cima de elementos como raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência.
O Artigo 140 do Código penal é:
23 Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza
ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
§ 3 o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor,
etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
Sendo definido pela Thula Pires esse crime como:
23 BRASIL. Constituição (1940). Código Penal nº 140, de 07 de dezembro de 1940. 2848. ed. Rio de
Janeiro: Brasil, Regula o crime de injúria. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto
-lei/del2848compilado.htm>. Acesso em: 02 jun. 2021.
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24Quando a discriminação é efetivada através de insultos ou troca de ofensas
com motivação racial, o tipo é o da injúria qualificada previsto no artigo 140, §
3º do Código Penal, introduzido pela Lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997. A
injúria racial é constatada, portanto, quando o ofensor se refere à raça, à cor, à
etnia, à religião, à origem ou mesmo à condição de pessoa idosa ou portadora
de deficiência.
A injúria racial se dá pelo uso de palavras que diminuem e ferem a raça, cor,
etnia, etc, da vítima com objetivo de ferir, diminuir ou atacar a honra e a dignidade,
da mesma. Para se caracterizar, precisa que seja proferido um termo com a intenção
de diminuir e ferir com carácter pessoal da vítima, sua honra e dignidade. Nesse
sentido, de que tem se deve ter intenção, só se aceita a modalidade dolosa. Silveira
aduz que:
25Os crimes raciais são exclusivamente dolosos, não tendo sido prevista, em
nenhuma hipótese, a modalidade culposa (princípio da excepcionalidade, como
expresso no art. 18, parágrafo único, do CP). Assentou-se, pois, que o
preconceito e a discriminação raciais não derivam de comportamento
negligente, antes, da consciênciae da vontade deliberadas. Destarte, pratica
dolosamente um crime racial aquele que, representando intelectualmente os
elementos objetivos dos tipos legais de crime previstos na Lei n. 7.716/89, age
livre e conscientemente no sentido de realizá-los.
Com isso é notável a intenção de inibir ofensas racistas, tornando mais duras e
tipificando esses atos, que antes era apreciado de forma branda pelo ordenamento
jurídico, visando amenizar os conflitos sobre questões raciais, usando uma
qualificadora.
Nucci ressalta que:
26Assim, aquele que atualmente, dirige-se a uma pessoa de
determinada raça, insultando-a com argumentos ou palavras de
conteúdo pejorativo, responderá por injúria racial, não podendo alegar
que houve uma injúria simples, nem tampouco uma mera exposição do
pensamento (como dizer que todo “judeu é corrupto” ou que “negros são
desonestos”), uma vez que há limite para tal liberdade.
26 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 4. ed. rev. atual. e
ampl. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2009.P.678
25 SILVEIRA, Fabiano Augusto Martins. Da criminalização do racismo: aspectos jurídicos e
sociocriminológicos. Belo Horizonte: Del Rey, 2007.P.148
24 PIRES, Thula Rafaela de Oliveira, Criminalização do Racismo entre política de reconhecimento
e meio de legitimação do controle social dos não reconhecidos. Orientadora: Gisele Cittadino. –
2013.P.265
16
Antes da criação da Lei n. 7.716/89 trazer consigo a qualificadora que majora a
injúria de simples, para racial, Não se tinha um agravante para inibir ataques de
cunho racial.
5.Efeitos da liberdade de expressão na defesa da injúria racial
A liberdade de expressão, sendo um direito fundamental, é sempre questionada
até onde ela pode ir, se seus limites devem ou não ser postos. Visto que se
discorrem vários efeitos vindos dela, como a liberdade de se criar um discurso
genocida, ataques a raças e etnias e ataques pessoais a indivíduos por qualquer
motivo que fira a honra ou dignidade.
Nesse sentido, já o ministro Luiz Roberto Barroso, na Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) n° 4.815, disse em seu voto 27“A liberdade de expressão
não é garantia de verdade ou de justiça. Ela é uma garantia de democracia.
Defender a liberdade de expressão pode significar ter de conviver com a injustiça e
até mesmo com a inverdade.”
No Brasil não se pode usar esse o argumento ,de que a liberdade de expressão
não pode ser limitada já que é um direito fundamental, pois a liberdade de expressão
é limitada pela constituição e por tipificação de crimes que regulam o que se fala
para preservar direitos de outros.
O ordenamento jurídico brasileiro preserva a honra e a dignidade, do indivíduo,
por isso limitar a liberdade de expressão como dito nesse sentido pelo Ministro Luiz
Roberto Barroso, no mesmo voto citado acima, disse 28“Como é lugar comum
afirmar-se, nenhum direito é absoluto. A vida civilizada depende da conciliação de
muitos valores diversos.”
Quando o direito de fala, infringe a honra ou dignidade de uma pessoa ou grupo,
fere os direitos fundamentais, pela honra ser um princípio da dignidade da pessoa
humana, encontrado no Artigo 1º, III e do Artigo 5, IV da Constituição Federal de
1988, sendo limitado também pelo artigo 140 do código penal.
28 Supremo Tribunal Federal. ADI 4.815 – Biografias, Luís Roberto Barroso. Disponível
em:https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI4815LRB.pdf Acessado em:
28/05/2021 às 04h17min.
27 Supremo Tribunal Federal. ADI 4.815 – Biografias, Luís Roberto Barroso. Disponível
em:https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI4815LRB.pdf Acessado em:
28/05/2021 às 04h17min.
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Ocorrendo uma impasse ambos direitos deve se levar em consideração o impacto
de ambos os direitos e o mais danoso ou não como dito no Edilsom de Farias
29“Solução do caso concreto, deve-se restringir o mínimo possível os direitos em
pugna e, quando houver preferência por um direito, não se deve aniquilar totalmente
o outro, mas preserva-lhe um mínimo irredutível chamado de núcleo essencial.”
Prosseguindo no mesmo sentido de um direito perante o outro Edilsom de Farias
continua 30“verificada a existência de reserva de lei na constituição para pelo menos
um dos direitos colidentes, o legislador poderá resolver a colisão de direitos
fundamentais comprimindo o direito ou direitos restringíveis.”
No caso da injúria racial, se vê que o direito protegido é a honra e a dignidade e
que entra em conflito com a liberdade de expressão, ambos direitos fundamentais.
Porém já está sendo pacificado aqui no Brasil que a dignidade violada de outro é o
limite da liberdade de expressão.
Pois ferindo a honra e a dignidade de um indivíduo, pode acarretar além de
problemas sociais, como a segregação racial, mas tambem problemabas
psicologicos, como auto estima baixa, ataque de panicos e depressão. Colocando a
saúde mental e a dignidade da vítima, frente ao direito do violante de falar o que
pensa, pesa o direito da vitima.
6.Conclusão:
O presente estudo contribui para a reflexão acerca de temas contemporâneos
da sociedade, como Racismo, Hate speech entre outras formas de preconceito
comparando com o direito a liberdade de expressão.
Dar voz e luz a esses temas propicia o processo de formação do cidadão, o
que garante uma sociedade mais igualitária, justa e respeitosa aos direitos
constitucionais. A reflexão e reafirmação da existência de grupos extremistas
violentos pondera a necessidade da justiça equiparar as realidades vividas para as
garantias das minorias.
30 FARIAS, Edilsom Pereira de. Colisão de direitos fundamentais: a honra, a intimidade, a vida
privada e a imagem versus a liberdade de expressão e informação. Porto Alegre: Livraria
Triângulo Editora LTDA., 1996
29 FARIAS, Edilsom Pereira de. Colisão de direitos fundamentais: a honra, a intimidade, a vida
privada e a imagem versus a liberdade de expressão e informação. Porto Alegre: Livraria
Triângulo Editora LTDA., 1996
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A problematização do anonimato na constituição brasileira versa sobre como
isso favorece o anonimato de grupos extremistas, que ainda em processo de células
não são evidenciados como grupos organizados. Destaca-se como limitação do
presente estudo o percurso literário de revisão de estudos, contudo abre portas para
pesquisas nesse sentido onde consigam dar voz a sujeitos, sejam extremistas ou de
minorias.
19
7.Referências:
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1988.Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988. Disponível em:
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espanhol: Perfecto Andrés Ibánez e Andrea Greppi. Madri: Editorial Trotta, 2004.
p.37, tradução para o português. Na edição espanhola: “[…] son ‘derechos
fundamentales’ todos aquellos derechos subjetivos que corresponden
universalmente a ‘todos’ los seres humanos en cuanto dotados del status de
personas, de ciudadanos o personas con capacidad de obrar; entendendo por
‘derecho subjetivo’ cualquier expectativa positiva (de prestaciones) o negativa (de no
sufrir lesiones) adscrita a un sujeto por uma norma jurídica; y por ‘status’ la condición
de un sujeto, prevista asimismo por una norma jurídica positiva, como presupuesto
de suidoneidad para ser titular de situaciones jurídicas y/o autor de los actos que son
ejercicio de éstas”.
A ORIGEM E O SENTIDO DO BLACK LIVES MATTER. Paraná: Gazeta do Povo,
2020. Disponível em:
https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/flavio-gordon/a-origem-e-o-sentido-do-black
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