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AO DOUTO JUÍZO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DO MUNICÍPIO DE PIRIPIRI/PI MARCOS, residente e domiciliado em Piripiri/PI, neste ato representado por sua advogada que esta subscreve, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, apresentar a presente AÇÃO ANULATÓRIA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em face do MUNICÍPIO DE PIRIPIRI/PI, pessoa jurídica de direito público interno, representado pelo Prefeito Municipal, em decorrência das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas. I. DOS FATOS 1. O Autor é proprietário de imóvel urbano localizado em Piripiri/PI. 2. Em 31 de dezembro de 2021, o Município de Piripiri/PI editou o Decreto n.º 128/2021, que atualizou a base de cálculo do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). 3. Ocorre que a mencionada alteração ocorreu em porcentagem acima do índice oficial de correção monetária oficial no período, de modo que a alíquota desse mesmo imposto foi majorada para as propriedades da zona urbana do município. 4. Em decorrência disso, o Autor recebeu o carnê de IPTU do ano de 2022 com os reflexos do mencionado decreto. 5. Sendo assim, diante de ato administrativo de natureza tributária ilegal, alternativa não resta ao Autor senão a propositura da presente ação. II. DO DIREITO 6. Com efeito, conforme inteligência do art. 150, inciso I, da Constituição Federal, é vedada no ordenamento jurídico brasileiro a majoração de tributos, senão por força de lei. Confira-se in verbis: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. (GRIFOU-SE) 7. Nesse sentido, também dispõe o art. 97, II, do Código Tributário Nacional: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: [...] II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 8. Depreende-se, desse modo, que o princípio da legalidade tributária significa que nenhum tributo pode ser criado, aumentado, reduzido ou extinto sem que o seja mediante lei. 9. No entanto, uma vez verificada a defasagem do imposto, o Município pode corrigir seu valor por decreto, desde que o faça em conformidade com os índices oficiais de correção monetária. 10. A esse respeito, oportuno mencionar que a matéria foi objeto de súmula do E. Superior Tribunal de Justiça: Súmula n.º 160. É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. (GRIFOU-SE) 11. Verifica-se, portanto, que a majoração do valor venal dos imóveis municipais, mediante decreto, só poderia ser realizada caso não extrapolasse os índices oficiais de inflação, o que não ocorreu na presente situação fática, fato que evidencia a inconstitucionalidade do instrumento normativo. 12. Somado a isso, imperioso notar que o Município de Piripiri/PI também não fez cumprir o princípio da anterioridade nonagesimal. 13. Isso porque, conforme mencionado alhures, o fato gerador do IPTU ocorreu em 31 de dezembro de 2021, através do Decreto n.º 128/2021. Sendo assim, somente poderia gerar efeitos após transcorridos 90 (noventa dias) de sua publicação, conforme art. 150, inciso III, alínea c, da Constituição Federal. 14. Entretanto, agindo ao contrário do que estabelece o texto constitucional, o Município de Piripiri/PI, tão logo o decreto entrou em vigor no dia 01/01/2022, emitiu os carnês de IPTU, em flagrante descumprimento ao princípio da anterioridade nonagesimal. 15. Induvidoso concluir, então, que o lançamento tributário em tela não pode prosperar, devendo ser declarado nulo por V. Excelência, vez que o réu deixou de observar os requisitos legais na apuração do quantum tributário, bem como não respeitou os princípios constitucionais da legalidade tributária e da anterioridade nonagesimal. III. DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA 16. Conforme dispõe o art. 273, I, do Código de Processo Civil, permite-se que seja antecipada a tutela desde que haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, bem como exista prova inequívoca e verossimilhança do alegado na petição inicial. 17. No caso em apreço, está cabalmente demonstrada a inconstitucionalidade da medida, haja vista a flagrante violação ao art. 150, I, da Constituição Federal, além da ilegalidade do ato pela violação do artigo 97, II, do Código Tributário Nacional. 18. Por sua vez, o perigo de dano irreparável se mostra na iminente inscrição execução fiscal baseada em fundamentos ilícitos. 19. Somado a isso, o perigo de dano é manifesto, vez que o imóvel está à venda e a existência de um débito de IPTU vencido pode ensejar em prejuízos ao Autor na venda do imóvel. 20. Com isso, é clara a pertinência da concessão da tutela antecipada, nos moldes do previsto no Código de Processo Civil. IV. DOS PEDIDOS Pelo exposto, pede-se: a) Que seja julgada procedente a presente ação, com a desconstituição do crédito tributário, por ser inconstitucional; b) A concessão da tutela antecipada, com suspensão da exigibilidade do crédito; c) A citação do réu, na pessoa de seu representante judicial; d) A condenação do réu ao ressarcimento das custas processuais e ao pagamento dos honorários advocatícios; e) Produção de provas por todos os meios admitidos em direito, especialmente prova pericial, conforme o art. 319, inciso VI, do CPC. Dá-se à causa, nos termos da lei, o valor de R$ xxxx. Nesses termos, pede-se e aguarda-se deferimento. Piripiri/PI, 02 de agosto de 2022. (assinado digitalmente) NOME OAB xxxxx
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