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Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem_U4_ebook_rev limpo

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Prévia do material em texto

Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
2 
AUTORIA 
Franciane Heiden Rios 
Olá. Meu nome é Franciane Heiden Rios. Sou formada em Pedagogia, Mestre em 
Educação, Especialista em Educação Especial e Inclusiva e Tecnologias Educacionais. 
Estou na Educação desde o início da minha vida profissional, cursei Magistério, 
ingressei como estagiária e da escola nunca mais sai. Esse espaço rico de 
aprendizagens humanas me oportunizou pensar sobre diferentes questões e perceber 
as pessoas em suas diferentes necessidades. Durante dez anos fui servidora 
concursada, professora, do Município de São José dos Pinhais. Também atuei como 
Educadora pela Prefeitura Municipal de Curitiba e, atualmente, sou supervisora do curso 
de Pedagogia da UNIVESP – Universidade Virtual do Estado de São Paulo e diretora 
pedagógica da CuriosaIdade, instituição que atua em parceria com redes de ensino para 
desenvolvimento de boas práticas educativas tendo como subsídio a perspectiva do 
Desenho Universal para a Aprendizagem. Acredito no princípio básico da Inclusão e no 
respeito pela diversidade, portanto, escrever, palestrar, capacitar ou qualquer outra 
ação ou prática profissional relacionada a este tema são hoje meu foco de atuação. 
Desejo que tenhamos juntos um caminho rico de aprendizagens significativas, que o 
material aqui proposto em suas ideias, reflexões e discussões permita a você um olhar 
sensível à diversidade no que tange aos Distúrbios e Transtornos de Aprendizagens, 
contribuindo para espaços escolares inclusivos e respeitosos. 
 
 
 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
3 
ICONOGRAFIA 
Estes iconográficos irão aparecer toda vez que: 
 
INTRODUÇÃO 
uma nova unidade 
letiva estiver sendo 
iniciada, indicando que 
competências serão 
desenvolvidas ao seu 
término; 
 
 
VOCÊ SABIA 
curiosidades e indagações 
lúdicas sobre o tema em 
estudo forem necessárias; 
 
DEFINIÇÃO 
houver necessidade de 
se apresentar um novo 
conceito; 
 
 
REFLITA 
houver necessidade de se 
chamar a atenção sobre 
algo a ser refletido ou 
discutido sobre; 
 
NOTA 
forem necessárias 
observações ou 
complementação para 
o conhecimento; 
 
 
ACESSE 
for preciso acessar um ou 
mais sites para fazer 
download, assistir a um 
vídeo, ler um texto, ouvir 
um podcast, etc.; 
 
IMPORTANTE 
as observações 
escritas tiverem que ser 
priorizadas; 
 
 
RESUMINDO 
for preciso se fazer um 
resumo acumulativo das 
últimas abordagens; 
 
EXPLICANDO 
MELHOR 
algo precisar ser 
melhor explicado ou 
detalhado; 
 
 
SAIBA MAIS 
um texto, referências 
bibliográficas e links para 
fontes de aprofundamento 
se fizerem necessários; 
 
ATIVIDADES 
quando alguma 
atividade de 
autoaprendizagem for 
aplicada; 
 
 
TESTANDO 
chegar o momento ideal 
para o aluno responder ao 
enunciado de algumas 
questões do banco, ou 
mesmo de forma 
intempestiva, em meio ao 
livro didático; 
Assim vai ficar mais fácil nos comunicarmos. Basta olhar para um desses ícones e você saberá 
exatamente o que virá logo em seguida. 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
4 
 
INTRODUÇÃO 
Você sabia que na Psicopedagogia a cada dia se avança mais em estudos e processos 
específicos? Isso quer dizer que profissionais, além de exercerem a profissão, têm se 
preocupado e se debruçado em pesquisar e produzir conhecimento e saberes que 
subsidiem sua atuação. Esse movimento pode parecer óbvio, o de pesquisar o que se 
pratica, entretanto, no campo da Educação, no qual o abismo entre teoria e prática é 
um dos desafios a ser transposto, esse cenário deve ser destacado. Mas, o que isso 
representa para sua formação? Além do desafio de lidar com conhecimentos de 
diversas áreas, muitas delas complexas, tais como a Neuropsicologia, isso significa 
desenvolver sua competência crítica para, diante dos conhecimentos já estruturados, 
perceber que sua ação é capaz de resultar em novos conhecimentos. No decorrer dessa 
unidade, veremos o trabalho de Visca e Rogers, bases que orientam de formas diversas 
o trabalho psicopedagógico e suas abordagens resultam basicamente desses 
processos: diante do que se tinha enquanto teorias e do que se tinha enquanto 
necessidade prática, o que fazer? Visca “convergiu”, Rorges “divergiu” e você, qual 
caminho seguirá? Afinal, não existem receitas ou “fórmulas mágicas” no processo de 
aprendizagem, principalmente diante de transtornos e distúrbios de aprendizagem, a 
melhor estratégia é aquela que o aluno aprende e apenas você, que estará frente a 
frente com ele poderá fazer essa escolha e, por vezes, não haverá o que escolher. Você 
terá que trilhar um novo caminho, propor um novo método, estabelecer uma nova 
estratégia. Para isso, você precisará de conhecimentos sólidos, afinal, as teorias nos 
permitem consistência nas tomadas de decisão e, consequentemente, diminuem as 
chances de errarmos. Mas, a diferença nesse processo psicoeducativo nunca será o 
método e sim o profissional por trás dele, ou seja, você e toda a formação e 
humanização que carrega. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar 
neste universo! 
 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
5 
Competências 
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4 – Dificuldades de aprendizagem e a 
Psicopedagogia. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes 
competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 
1. Definir o conceito e identificar os limites da atuação da Psicopedagogia. 
2. Compilar e entender as principais teorias que subsidiam a atuação 
psicopedagógica. 
3. Interpretar e aplicar os processos da abordagem psicopedagógica à luz da 
Epistemologia Convergente de Jorge Visca. 
4. Aplicar os processos da abordagem psicopedagógica à luz da perspectiva 
humanista, pautada na Abordagem Centrada na Pessoa, de Carl Rogers. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
6 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
7 
 
SUMÁRIO 
ICONOGRAFIA ............................................................................................................................. 3 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 4 
COMPETÊNCIAS .......................................................................................................................... 5 
1. CONCEITOS E LIMITES DA ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA ................................. 8 
1.1 História e definição da Psicopedagogia enquanto área de atuação profissional ..... 8 
1.2 Saberes e práticas relacionadas ao psicopedagogo .............................................. 10 
1.3 Identidade do psicopedagogo ................................................................................. 13 
1.4 Áreas de investigação da Psicopedagogia ............................................................. 15 
2. PRINCIPAIS TEORIAS PARA A ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA ......................... 18 
2.1 Psicopedagogia e seu corpo teórico ....................................................................... 18 
2.1. Teorias comportamentalistas ..................................................................................... 21 
Fonte: ©Wikipedia. ............................................................................................................ 21 
2.2 Teorias cognitivistas ............................................................................................... 24 
2.3 Teorias humanistas ................................................................................................. 26 
3. EPISTEMOLOGIA CONVERGENTE DE JORGE VISCA ................................................ 28 
3.1 Fundamentação teórica da Epistemologia Convergente ........................................ 28 
3.2 As etapas do diagnóstico psicopedagógico clínico: o passo a passo .................... 33 
3.2.1Entrevista inicial ....................................................................................... 34 
3.2.2 Entrevista Operatória Centrada Na Aprendizagem - EOCA ................... 34 
3.2.3 Provas e testes ........................................................................................ 35 
3.2.4 Anamnese (história de vida) .................................................................... 37 
3.2.5 Informe diagnóstico (devolutiva) ............................................................. 38 
4. ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA E A PSICOPEDAGOGIA ............................... 40 
4.1 Fundamentos da Abordagem Centrada na Pessoa ............................................... 40 
4.2 Processos psicopedagógicos na perspectiva da ACP ........................................... 42 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 48 
 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
8 
1. Conceitos e limites da abordagem 
psicopedagógica 
 
INTRODUÇÃO 
Ao término deste capítulo, você terá conceituado Psicopedagogia, 
sendo capaz de identificar o campo de atuação do psicopedagogo 
e os limites de sua prática. Isto será fundamental para o exercício 
de sua profissão. Os profissionais que buscarem intervir em 
processos psicoeducativos sem a compreensão efetiva de suas 
atribuições e limites de sua formação poderão comprometer os 
resultados esperados junto aos estudantes ou junto ao indivíduo 
atendido. E então? Motivado para desenvolver esta competência? 
Então vamos lá. Avante! 
 
1.1 História e definição da Psicopedagogia enquanto área de 
atuação profissional 
A história da Psicopedagogia data dos anos 1940, especificamente 1946, quando 
Boutonier e George Mauco fundaram os primeiros centros psicopedagógicos na Europa, 
dirigidos por profissionais da área da saúde e pedagogos, unindo conhecimentos da 
Psicologia, Psicanálise e Pedagogia com o objetivo de readaptação de crianças tidas 
como “socialmente inadequadas” por questões comportamentais, seja na escola ou em 
casa e, atendendo também, a estudantes com dificuldades de aprendizagem (BOSSA, 
2000). Essa corrente europeia influenciou a perspectiva americana da área, implicando 
as primeiras experiências na Argentina, sendo a cidade de Buenos Aires a primeira a 
oferecer cursos de formação em psicopedagogia. 
No Brasil, a Psicopedagogia remonta à década de 1970, principalmente com os estudos 
de Jorge Visca e os movimentos acadêmico-científicos em Porto Alegre. As primeiras 
ofertas de formação receberam o nome de “Reeducação Psicopedagógica”, 
“Psicopedagogia Terapêutica”, “Dificuldades Escolares”, ou seja, evidenciavam a 
direção do trabalho do psicopedagogo para o atendimento de indivíduos com danos 
sociais em diversas áreas em decorrência das dificuldades que manifestavam. 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
9 
Com a urgência e ampliação das discussões na área da educação e a necessidade de 
rever protocolos relacionados à Educação Inclusiva, influenciado ainda pela reforma 
psiquiátrica e outros eventos paralelos que repercutiam no atendimento educacional de 
pessoas com deficiência, a Psicopedagogia torna-se campo em evidência, aumentando 
sua demanda social e se articulando como uma associação de classe profissional, 
resultando, em 1980, na Associação Estadual de Psicopedagogos de São Paulo e, em 
1985, na Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). 
 
VOCÊ SABIA? 
Você sabia que a reforma psiquiátrica no Brasil, efetivada com a 
Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, interferiu significativamente na 
concepção e no delineamento do trabalho do psicopedagogo? 
Enquanto área, a Psicopedagogia pode ser entendida como: 
uma nova área de atuação profissional que busca uma identidade e que 
requer uma formação de nível interdisciplinar, o que já é sugerido no 
próprio termo Psicopedagogia. (BOSSA, 1995, p. 31) 
Como área de aplicação, vem avançando em corpo teórico-prático próprio, o que 
contribui com a delimitação do seu campo de atuação e, apesar da busca por construtos 
teóricos identitários, cabe lembrar que a Psicopedagogia “surgiu na fronteira entre a 
Pedagogia e a Psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças com 
distúrbios de aprendizagem” (KIGEL, 1998, online), portanto, suas bases terão como 
referência a de outros campos, o que não a desqualifica enquanto campo científico. 
Com as mudanças de perspectivas diante das condições sociais já mencionadas – seja 
em decorrência das questões relacionadas à reforma psiquiátrica, seja dos processos 
da Educação Inclusiva –, a Psicopedagogia avança para outro enfoque, o preventivo. 
Além de sua atuação terapêutica diante das ocorrências, passa a antecipar e intervir em 
possíveis estruturas que podem resultar em déficits e dificuldades. 
 
REFLITA: 
Podemos identificar o caráter preventivo da Psicopedagogia quando 
essa, inserida no espaço na escola, por exemplo, atua na formação 
dos professores para que esses qualifiquem seus recursos e 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
10 
estratégias didático-metodológicas, ampliando as possibilidades de 
aprendizagem na diversidade das necessidades dos estudantes. 
 
Figura 1 - Diversidade 
 
Fonte: Pixabay. 
 
Enquanto prevenção, conforme aponta Scoz (1998, p. 96-97), a Psicopedagogia tem 
como objeto de investigação o “ser humano em desenvolvimento enquanto educável”. 
Já na perspectiva terapêutica, sua ação centra-se na “identificação, análise, elaboração 
de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem”. 
De forma global, a Psicopedagogia tem como objeto a melhoria das relações com a 
aprendizagem, seja na antecipação com a promoção de estratégias diversificadas e de 
boas-práticas, atuando com a formação continuada dos atores do processo educativo 
ou na construção de rotinas e práticas para qualificação dos processos do aprender pelo 
estudante, seja na intervenção com vistas à melhoria do desempenho da aprendizagem 
dos alunos em situação de dificuldade ou com transtornos diversos que resultam em 
déficits. Atuação que demanda saberes multidisciplinares para a sustentação de 
práticas efetivas. 
 
1.2 Saberes e práticas relacionadas ao psicopedagogo 
O primeiro elemento teórico conceitual inerente ao psicopedagogo é o entendimento, 
diferenciação e relação entre ensinar e aprender. 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
11 
▪ Ensinar relaciona-se com a oferta de conteúdos, informações e/ou modelos que 
servirão como “substância” para a aprendizagem. Remetendo à escola, seria o 
que a instituição oferta, disponibiliza e promove para que o aluno possa estudar, 
ou seja, acessar, interagir e refletir sobre os conteúdos e transformá-los em 
conhecimento. 
▪ Aprender relaciona-se com a ação individual do sujeito. É a apropriação e 
significação do indivíduo às informações, conteúdos e modelos. Remetendo à 
escola, é o que o aluno aprendeu com aquilo que lhe foi ofertado pela instituição. 
Portanto, percebendo que ensinar e aprender são conceitos que avançam para além da 
escola, sendo possível nas diversas instituições sociais (família, igreja, organizações 
civis, grupos de amigos etc.). Outro saber significativo ao psicopedagogo é a 
compreensão da relevância do papel do contexto nos modelos de aprendizagem, 
sendo necessário em sua prática considerar os eventos e relações estabelecidas 
nesses cenários. 
Com o avanço das necessidades de atuação do psicopedagogo, muitos outros saberes 
tornam-se necessários. Entretanto, podemos organizar um tripé de ação que, de 
maneira generalista, aplica-se a todos os cenários possíveis: 
Figura 2 - Tripé da ação do psicopedagogo 
 
Reconher o 
contexto das 
relações
Considerar o 
contexto das 
relações e sua 
interferência no 
processo de 
ensino-
aprendizagem 
CONTEXTO
Favorecer aaprendizagem 
no contexto, 
considerando as 
suas 
especificidades
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
12 
Fonte: Elaborado pela autora (2019). 
 
 
ACESSE: 
O que é Psicopedagogia? – Canal: Papo de Criança. A Psicóloga 
Domitila Miranda convidou Priscilla Lima, psicopedagoga de 
Manaus, para um Papo de Criança sobre a Psicopedagogia. Priscilla 
e Domitila definem lindamente essa área tão importante para o 
desenvolvimento das nossas crianças. Acesse aqui. 
Esse tripé permite ao psicopedagogo ampliar e alinhar seus objetivos de atuação. 
Dentre as várias possibilidades, podemos citar as seguintes atividades em seu escopo 
de atuação: 
▪ Orientação de estudos – organização da vida escolar. 
▪ Apropriação dos conteúdos escolares – mediar e ampliar as possibilidades 
de apropriação de conteúdos e saberes de disciplinas escolares nas quais o 
estudante apresenta baixo desempenho. 
▪ Desenvolvimento do raciocínio – proporcionar contextos de observação, 
estímulo e diálogo para a reflexão e construção de conhecimento. 
▪ Atendimento à criança – atendimento às demandas da criança, sempre 
orientado pelo código de ética profissional, pelo trabalho multidisciplinar e pelos 
princípios que embasam a legislação nacional em vigor. 
Para tanto, no desenvolvimento de suas atividades, torna-se indispensável a esse 
profissional formação sólida em três áreas, conforme você pode observar na figura a 
seguir: 
 
https://www.youtube.com/watch?v=d-2_5H9KJPI
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
13 
Figura 3 - Três áreas de formação do psicopedagogo 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2019). 
Ao psicopedagogo se faz imprescindível uma formação que o permita: saber as teorias, 
saber como fazer uso dessas teorias e saber como essas teorias estão sujeitas às 
condições subjetivas e relacionais, fator preponderante em sua prática 
psicoeducativa. É a partir da articulação desses três “saberes” que o psicopedagogo 
poderá avaliar a possibilidade, a disponibilidade e a efetividade, seja dos aspectos 
cognitivos, afetivos ou executivos da condição de aprendizagem dos sujeitos. 
1.3 Identidade do psicopedagogo 
A Psicopedagogia é uma profissão em processo de regulamentação, a qual conta com 
um conselho de classe que busca homogeneizar aspectos de sua atuação. Entretanto, 
há uma pressão social para que a regulamentação seja aprovada, definindo 
principalmente o perfil acadêmico daqueles que poderão atuar enquanto 
psicopedagogos. 
Mesmo que ainda não se tenha a regulamentação efetiva, o Código Brasileiro de 
Ocupações – CBO aponta um perfil coeso do psicopedagogo: 
Fundamentação 
teórica sobre os 
processos 
relacionados à 
aprendizagem
Fundamentação 
sobre as teorias 
que subsidiam as 
abordagens 
psicopedagógicas
Formação teórico-
prática para o 
bom 
desenvolvimento 
das intervenções
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
14 
 
IMPORTANTE 
Código/Família/Ocupação: 2394-25 Psicopedagogo - quadro de 
técnicos da educação. Descrição sumária: Implementam, avaliam, 
coordenam e planejam o desenvolvimento de projetos 
pedagógicos/instrucionais nas modalidades de ensino presencial 
e/ou a distância; participam da elaboração, implementação e 
coordenação de projetos de recuperação de aprendizagem, 
aplicando metodologias e técnicas para facilitar o processo de 
ensino e aprendizagem. Atuam em cursos acadêmicos e/ou 
corporativos em todos os níveis de ensino para atender as 
necessidades dos alunos, acompanhando e avaliando os processos 
educacionais. Viabilizam o trabalho coletivo, criando e organizando 
mecanismos de participação em programas e projetos 
educacionais, facilitando o processo comunicativo entre a 
comunidade escolar e as associações a ela vinculadas. Atuam no 
contexto clínico, avaliando as funções cognitivas, motoras e de 
interação social dos clientes e promovendo a reabilitação das 
funções prejudicadas dos mesmos. (MTE, CBO, 2019, online). O 
texto na íntegra pode ser conferido aqui. 
É fundamental destacar que CBO se trata da classificação de ocupação e não avança 
para a identificação da qualificação profissional para atuação, delimitando ou indicando 
a formação acadêmica ou necessidade de vivência prática para o exercício profissional. 
Torna-se, portanto, superficial em aspectos relacionados à configuração do profissional 
atuante. 
 
SAIBA MAIS 
Código de Ética do Psicopedagogo. Um dos documentos de 
referência para o trabalho do psicopedagogo é seu Código de 
Ética. Esse documento é de leitura obrigatória, afinal, nesse texto 
estão descritos os parâmetros e orientações para os profissionais 
da Psicopedagogia brasileira quanto aos princípios, normas e 
valores constituintes da boa conduta profissional. 
Apesar da carência normativa, é possível traçar o perfil do psicopedagogo pela 
necessidade social de sua existência, fato que resulta, inclusive, na indicação e 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
15 
discussões de regulamentação profissional. Nesse sentido, o psicopedagogo assume 
papel de pesquisador, assessor, orientador, supervisor e educador. 
1.4 Áreas de investigação da Psicopedagogia 
Como vimos, historicamente a Psicopedagogia teve início no atendimento às 
dificuldades e patologias relacionadas à aprendizagem, porém, está cada vez mais 
atuando em caráter preventivo. 
Assume como ação a investigação das possíveis perturbações no processo de 
aprendizagem no contexto, favorecendo processos de integração e troca. Essa 
mudança de abordagem é convergente com a premissa da Educação Inclusiva e com o 
respeito à diversidade, afinal, a ação passa a ser centrada na promoção de orientações 
metodológicas às necessidades específicas dos grupos e indivíduos, respeitando seu 
contexto. Nesse processo, algumas áreas são fundamentais a serem investigadas: 
Figura 4 - Principais áreas de investigação da Psicopedagogia 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2019). 
 
Coordenação 
motora ampla
Aspectos 
sensório-motores
Dinâmica lateral
Desenvolvimento 
rítmico
Desenvolvimento 
motor fino
Criatividade
Evolução do 
traçado e do 
desenho
Percepção e 
discriminação 
visual e auditiva
Percepção 
espacial
Percepção Viso-
motor
Orientação e 
relação espaço –
temporal
Aquisição e 
articulação de 
sons
Aquisição de 
palavras novas
Elaboração e 
organização 
mental
Atenção e 
concentração
Expressão 
plástica
Aquisição de 
conceitos
Discriminação e 
correspondência 
de símbolos
Raciocínio lógico-
matemático
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
16 
Essas áreas cumprem com o desejo da Psicopedagogia de “saber mais” sobre as 
potencialidades e dificuldades do outro, compreendendo os elementos que interferem 
no processo de ensino-aprendizagem para que, com essas informações, as 
intervenções sejam as mais assertivas possíveis, e permitam a superação ou 
minimização dos problemas de aprendizagem. 
 
SAIBA MAIS 
Atividades diárias e práticas psicopedagógicas. Assista à 
reportagem do programa Fantástico sobre o acompanhamento de 
pessoas diagnosticadas com TDA/H e que fazem 
acompanhamento, nesse caso, psicológico. Entretanto, é possível 
identificar as práticas relacionadas à psicopedagogia. 
Muitas vezes, a Psicopedagogia terá sua atuação em estruturas tidas como pré-
requisitos às aprendizagens formais, centralizando as ações na busca de estratégias 
para a descoberta e manutenção de processos para a autoria de pensamento, 
contribuindo para que os estudantes sejam capazes de aprender a conhecer, aprender 
a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. 
Mais que desempenho acadêmico, esse trabalho remete ao autoconhecimento, à 
autonomia. É, portanto, indispensável pela significação social que representa. Na 
efetivação da Educação Inclusiva, a Psicopedagogia assume a perspectiva de valores 
e de atitudes, da dimensão pessoal, emocional e de alteridade, condizentes com a 
perspectiva globalizadora que orienta edetermina os objetivos da aprendizagem para a 
sociedade atual. 
Nesse sentido, a investigação psicopedagógica possível pelo olhar, pela escuta e pelas 
intervenções propostas considera o espectro subjetivo da relação estabelecida entre 
ensinante e aprendente frente ao conhecimento, afinal: 
Necessitamos um modo diferente de analisar a relação entre o 
futuro e o passado para entender o que acontece em todo 
processo de aprendizagem. Aprender é construir espaços de 
autoria e, simultaneamente, é um modo de situar-se novamente 
diante do passado. (FERNÁNDEZ, 2001, p. 69) 
Assim, o trabalho psicopedagógico, seja em seu caráter preventivo ou terapêutico, 
busca sempre a reconstrução dos processos. Para tanto, busca definir papéis, valorizar 
novos conhecimentos, compreendendo e considerando as diversas formas de aprender, 
de avaliar o conhecimento, pessoas, papéis, processos, produtos e objetivos. Podendo 
https://www.youtube.com/watch?v=c2AdfdqFlLo
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
17 
atuar em escolas, clínicas, hospitais, empresas e onde mais se faça necessário 
qualificar ensino e aprendizagem. 
 
RESUMINDO 
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? 
Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o 
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
Você deve ter aprendido que no Brasil a Psicopedagogia remonta à 
década de 1970, com destaque para o atendimento de indivíduos 
com danos sociais em diversas áreas em decorrência das 
dificuldades de aprendizagem que manifestavam. Enquanto área, a 
psicopedagogia “surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a 
Psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças 
com distúrbios de aprendizagem” (KIGEL, 1998, online), portanto, 
suas bases têm como referência a de outros campos, o que não a 
desqualifica enquanto campo científico. Observou-se que, em 
decorrência das questões relacionadas à reforma psiquiátrica e da 
Educação Inclusiva, a Psicopedagogia avança para um enfoque 
preventivo, além de sua atuação terapêutica. 
Assim, de forma global, a Psicopedagogia tem como objeto a melhoria das relações com 
a aprendizagem. Cabendo ao psicopedagogo uma formação que o permita saber as 
teorias, saber como fazer uso dessas teorias e saber como essas teorias estão sujeitas 
às condições subjetivas e relacionais, fator preponderante em sua prática 
psicoeducativa. 
Por fim, foi visto que o trabalho psicopedagógico, seja em seu caráter preventivo ou 
terapêutico, busca sempre a reconstrução dos processos e, para tanto, objetiva definir 
papéis, valorizar novos conhecimentos, compreendendo e considerando as diversas 
formas de aprender, de avaliar o conhecimento, pessoas, papéis, processos, produtos 
e objetivos. Este profissional pode atuar em escolas, clínicas, hospitais, empresas e 
onde mais se faça necessário qualificar ensino e aprendizagem. 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
18 
2. Principais teorias para a abordagem 
psicopedagógica 
 
INTRODUÇÃO 
Ao término deste item, você será capaz de identificar três das 
principais teorias que sustentam as abordagens psicopedagógicas, 
bem como diferenciá-las. Isso será fundamental para o exercício de 
sua profissão, afinal, trata-se de fundamentação técnica essencial 
para escolhas assertivas e encaminhamentos corretos. As pessoas 
que tentarem intervir no campo da psicopedagogia sem esses 
conhecimentos poderão prejudicar as pessoas que pretendem 
ajudar, afinal, a escolha metodológica errada tende a acentuar as 
dificuldades de aprendizagem. E então? Motivado para desenvolver 
esta competência? Então vamos lá. Avante! 
 
2.1 Psicopedagogia e seu corpo teórico 
Como vimos, a Psicopedagogia surge na “fronteira” da Pedagogia e da Psicologia, 
portanto, conhecer seus fundamentos requer compreender as possíveis articulações 
dos subsídios teóricos dessas duas áreas em relação ao processo de ensino-
aprendizagem. De forma geral, as ações psicoeducativas buscam referências em outras 
áreas e as transpõem às necessidades de seus objetivos, modulando, transformando e, 
principalmente, respeitando, sob princípios éticos, os limites que lhe são impostos pela 
própria formação e expertise do profissional. 
 
REFLITA: 
Um exemplo real dos “limites éticos” que podemos observar no 
trabalho do psicopedagogo é relacionado à medicamentalização 
dos estudantes com algum transtorno que resulta em déficit de 
aprendizagem. Por mais que a avaliação e as informações 
decorrentes do trabalho do psicopedagogo sejam imprescindíveis 
para a avaliação do acompanhamento médico, prescrever, indicar 
ou retirar o tratamento medicamentoso cabe ao médico que 
acompanha o estudante. 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
19 
É atribuição do psicopedagogo, quando possível, se assim tiver informações para tanto, 
apresentar um perfil comparativo por meio de informe psicopedagógico do estudante 
antes da medicação e após o início do tratamento no que se refere às condições 
necessárias para a aprendizagem, por exemplo: antes, seu foco de atenção tinha baixa 
duração, mas após a medicação o estudante passou a persistir durante mais tempo nas 
atividades propostas. Porém, qualquer encaminhamento, por mais que seja 
“alternativo”, “substitutivo” ou “complementar”, fere o código de ética profissional. Assim, 
florais, terapias cognitivas e/ou comportamentais e outros tratamentos ou 
acompanhamentos que são da área da saúde ficam a cargo dos profissionais 
responsáveis, sendo o psicopedagogo um auxiliar para o perfil do estudante. Esse é o 
limite da profissão que precisa ser observado. 
 
Para Bossa (2005), a Psicopedagogia enquanto área de confluência do psicólogo e do 
educador e diante do seu objetivo de trabalho necessita sustentar-se em teorias que 
permitam ao profissional compreender como se aprende, para poder ensinar a aprender. 
Parece óbvio, porém, não é, afinal, se retornarmos ao espaço escolar, vemos a 
diferença desse objetivo: na escola, o objetivo é ensinar, de formas diversas, 
respeitando as condições dos estudantes para avaliá-lo conforme suas aprendizagens. 
Na Psicopedagogia, o objetivo centra-se em “ensinar o estudante” como aprender 
nesses processos de ensino, especificamente, instrumentalizando-para que se aproprie 
de conhecimentos, técnicas e pré-requisitos necessários para a interiorização do 
universo de representações simbólicas que a escola lhe oferta. 
Nesse trabalho, o psicopedagogo recorre a critérios para compreender as lacunas ou 
falhas na aprendizagem por meio da investigação diagnóstica, processo de leitura 
complexo e multifacetado, no qual são identificadas as condições individuais, familiares, 
socioculturais, educacionais e de aprendizagem. 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
20 
Figura 5 - Totalidade do ser humano 
 
Fonte: Pixabay. 
 
Assim como a maioria das áreas do conhecimento, a Psicopedagogia possui diferentes 
correntes de pensamentos. Essas diferenças não são encaradas como certas ou 
erradas, mas pelo viés de abordagem distinta diante das situações evidenciadas que, 
por fim, acabam por privilegiar uma área do conhecimento em detrimento de outra. 
Podemos destacar as seguintes áreas: 
▪ Psicologia: principalmente com as contribuições da Epistemologia e da 
Psicologia Genética, que se encarregam de analisar e descrever o processo 
construtivo do conhecimento pela interação do sujeito com o meio. 
▪ Linguística: pela compreensão da linguagem enquanto construto social e 
cultural inerente ao ser humano. 
▪ Pedagogia: pelas diversas abordagens do processo ensino-aprendizagem do 
ponto de vista de quem ensina. 
▪ Neuropsicologia: pelas discussões que possibilitam compreender os 
mecanismos cerebrais e as atividades mentais. 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
21 
No sentido de teorias gerais, podemos evidenciar três grandes correntes na 
psicopedagogia:as Teorias Comportamentalistas, Teorias Cognitivistas e Teorias 
Humanistas, que veremos a seguir. 
 
2.1. Teorias comportamentalistas 
A abordagem comportamentalista tem como percursor John B. Watson, entretanto, 
Skinner foi um dos psicólogos que teve seus estudos amplamente divulgados e 
absorvidos na educação. Na Psicologia é divulgada e mais conhecida pelo termo 
“Behaviorismo”, sendo destaque por, na época, ter caracterizado comportamento como 
objeto consistente, observável e mensurável, convergente com os preceitos do 
positivismo. 
 
SAIBA MAIS 
O que é Positivismo? Acesse o site “Significados” e descubra a 
definição, conceitos e aspectos relevantes do Positivismo. 
Figura 6 - Skinner 
 
Fonte: Wikipedia. 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
22 
 
Seu escopo teórico desenvolveu-se no contexto da psicologia clínica, enfatizando o 
comportamento e suas relações com o meio, resultando nos conceitos de estímulo e 
resposta que permitiram compreender o ser humano como resultado das associações 
estabelecidas entre os estímulos do meio e as repostas que manifesta em 
comportamento. Para a abordagem comportamentalista, aprendizagem é entendida 
como uma “modelagem de comportamento”, portanto, com as contribuições de Skinner, 
acontece conforme figura a seguir: 
Figura 7 - Aprendizagem no Behaviorismo 
 
LEGENDA: 
Positivo: presença de um estímulo. 
Negativo: retirada de um estímulo. 
Reforçamento: aumenta o comportamento. 
Punição: diminui o comportamento. 
Fuga: retira o estímulo. 
Esquiva: previne o estímulo. 
Fonte: Elaborado pela autora (2019). 
A aprendizagem, portanto, está relacionada ao condicionamento do comportamento 
operante que 
Condicionamento 
operante
Ação para a aprendizagem
Reforço
Aumenta o comportamento
Positivo
Estímulo desejável após 
comportamento correto
Negativo
Fuga
Retira o estímulo indesejado após 
o comportamento correto
Esquiva ativa
O comportamento evita o 
estímulo indesejado
Punição
Diminui o comportamento
Positiva
Adiciona um estímulo indesejado após 
o comportamento
Negativa
Retira um estímulo desejável após 
o comportamento
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
23 
Inclui todos os movimentos de um organismo dos quais possa dizer que, 
em algum momento, tem um efeito sobre ou fazem algo ao mundo em 
redor. O comportamento opera sobre o mundo [...] quer direta, quer 
indiretamente. (KELLER apud MOREIRA, 1999, p. 331) 
 
SAIBA MAIS 
Reportagem: B. F. Skinner, o cientista do comportamento e do 
aprendizado. Leia aqui a reportagem da Revista Nova Escola 
sobre Skinner e compreenda um pouco mais os princípios desse 
psicólogo behaviorista norte americano para a educação, 
principalmente sobre sua percepção de planejamento passo a 
passo e de "modelagem" do aluno. 
Transpondo para a Psicopedagogia, a abordagem comportamental teria seu centro na 
relação funcional entre estímulo e resposta, atuaria na modelagem seja desses 
estímulos, seja da resposta. Para tanto, utilizaria do conceito de reforço enquanto 
ferramenta. 
 
DEFINIÇÃO 
Para Skinner, podemos distinguir dois tipos de reforço, o positivo e 
o negativo. O primeiro operaria no sentido de fortalecer um 
comportamento, enquanto o segundo, no sentido de diminuir 
determinado comportamento. Para a extinção de comportamento, a 
ausência de reforço seria o ideal. 
Nessa lógica de “reforçamento”, dois outros conceitos são fundamentais a essa 
perspectiva: generalização e discriminação. Generalização contempla a capacidade de 
darmos respostas semelhantes às situações semelhantes, já discriminação, a 
capacidade de perceber diferentes estímulos e de dar respostas diferentes a cada um 
deles. Esses dois conceitos são fundamentais à aprendizagem escolar ao final de seu 
processo, afinal, espera-se que o estudante generalize o que aprendeu para outras 
situações semelhantes ou discrimine sua resposta em relação à especificidade do 
estímulo recebido. 
Muitas são as observações, críticas e reflexões acerca das abordagens 
comportamentalistas no processo psicoeducativo, entretanto, é fundamental evidenciar 
https://novaescola.org.br/conteudo/1917/b-f-skinner-o-cientista-do-comportamento-e-do-aprendizado
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
24 
que muito se avançou desde os primeiros estudos e que outras correntes baseadas 
nessas premissas teóricas vêm despontando com resultados efetivos no trabalho com 
transtornos como o TEA, por exemplo. Assim, o objetivo aqui é de apresentar um 
contexto geral daquilo que caracteriza a corrente. Porém, não se irão esgotar as 
possibilidades que dela derivam, tampouco as abordagens de trabalho que dela se 
fazem possíveis. 
 
SAIBA MAIS 
Método ABA e Autismo. Um dos métodos com evidências para 
atendimento de crianças no TEA é o ABA - Applied Behavior 
Analysis ou Análise Aplicada do Comportamento, que tem como 
base a teoria comportamental. 
2.2 Teorias cognitivistas 
Outra corrente teórica é o Cognitivismo, que ao contrário do comportamentalismo, que 
se centra no comportamento humano, tem como proposta investigar os elementos que 
interferem no processo estímulo-resposta, ou seja, centra-se no processo de 
compreensão, de transformação, de armazenamento e da utilização dos saberes e 
informações no plano da cognição. 
De forma simplificada, essa corrente trabalha com os significados e o processo por meio 
do qual os indivíduos se relacionam e significam o mundo. Tem como representantes 
os teóricos da Psicologia Cognitiva como Piaget e Vygostsky que, apesar de não terem 
desenvolvido uma teoria especificamente da aprendizagem, serviram como base para 
o Construtivismo. 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
25 
Figura 8 - Piaget e Vygotsky 
 
Fonte: Wikimedia commons 
 
 
SAIBA MAIS 
“Construtivismo na prática”, por Ana Ligia Scachetti e Camila 
Camilo. Para compreender um pouco mais sobre o Construtivismo, 
acesse a reportagem da Revista Nova Escola “Construtivismo na 
prática”. Nela as autoras buscam discutir e refletir sobre os mitos 
que cercam a teoria inspirada em pesquisadores como Piaget e 
Vygotsky, identificando como as aulas são valorizadas e ganham 
significado por meio dessa abordagem. 
Efetivamente, para a Psicopedagogia é fundamental destacarmos que essa teoria busca 
compreender a aprendizagem na correlação das habilidades presentes e das que 
precisam ser adquiridas, valorizando, portanto, processos de compreensão em relação 
às capacidades de memorização. Na prática, há o desmembramento de conceitos, a 
ampliação de etapas, a roteirização dos processos de resolução, permitindo uma melhor 
https://novaescola.org.br/conteudo/3428/construtivismo-na-pratica
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
26 
assimilação do conhecimento. Além disso, privilegiam-se metodologias que estimulam 
a interação e a reflexão com vistas à construção do conhecimento pelo indivíduo. 
2.3 Teorias humanistas 
Como terceiro eixo teórico, temos a perspectiva humanista. Nessa corrente de 
pensamento, o centro não está efetivamente no processo de aprendizagem em si, mas, 
sim, no papel social que o ato de aprender representa para o indivíduo. Privilegia-se o 
desenvolvimento de suas habilidades e competências para a interação social, propõe-
se fortalecer sua autoestima e sua inteligência emocional. 
Essa abordagem valoriza tanto o aspecto cognitivo, quanto o motor e o afetivo da 
criança, compreendendo que, para que seja possível a aprendizagem, o 
desenvolvimento deva acontecer de forma integral e integrada. 
Figura 9 - Diferenças entre as três teorias 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2019). 
Como metodologia, essa perspectiva propõe ações que envolvam uma maior interação 
social, que sejam dinâmicas e que privilegiem a fala e a escuta afetiva. Entretanto, o 
que cabe destacar é que o processo de aprendizagem, independentemente da teoria 
privilegiada, deve ter como prática efetiva o engajamentodo estudante, deve propor 
vivências empolgantes que os motive na descoberta de suas potencialidades e na 
superação de suas dificuldades. As perspectivas teóricas transpostas para a 
Psicopedagogia dispõem de conhecimentos teóricos e práticos, entretanto, cabe ao 
profissional identificar qual a abordagem mais efetiva e coerente com a situação 
observada. 
Behaviorismo
• Estímulos são 
fundamentais 
para a 
aprendizagem
•Centrada no 
comportamento
Cognitivista
• Privilegia a 
formação das 
ideias 
exteriorizadas 
pelo educando
•Centrada na 
cognição
Humanista
• Privilegia a 
cognição, o motor 
e a afetividade de 
forma 
indissociável
•Centrada na 
integralidade
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
27 
 
RESUMINDO 
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? 
Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o 
tema de estudo deste item, vamos resumir tudo o que vimos. Você 
deve ter aprendido que a Psicopedagogia surge na “fronteira” da 
Pedagogia e da Psicologia e que, portanto, conhecer seus 
fundamentos requer compreender as possíveis articulações dos 
subsídios teóricos dessas duas áreas em relação ao processo de 
ensino-aprendizagem. Viu, ainda, que o limite da profissão precisa 
ser observado, não sendo da atribuição do psicopedagogo qualquer 
encaminhamento, por mais que seja “alternativo”, “substitutivo” ou 
“complementar”, que invada as áreas da saúde, tendo o objetivo da 
Psicopedagogia centrado em “ensinar o estudante” como aprender, 
especificamente instrumentalizando-o a se apropriar de 
conhecimentos, técnicas e pré-requisitos necessários para a 
interiorização do universo de representações simbólicas que a 
escola lhe oferta. 
Para tanto, vimos que o psicopedagogo recorre a critérios para compreender as lacunas 
ou falhas na aprendizagem por meio da investigação diagnóstica, por meio do processo 
de leitura complexo e multifacetado, no qual são identificadas as condições individuais, 
familiares, socioculturais, educacionais e de aprendizagem. Esses critérios podem ter 
base em três principais teorias: Comportamentalista, Cognitivista e Humanista. 
Vimos que a abordagem comportamentalista tem como precursor John B. Watson, 
entretanto, Skinner foi um dos psicólogos que teve seus estudos amplamente 
divulgados e absorvidos na educação. Viu-se que essa perspectiva é mais conhecida 
pelo termo “Behaviorismo” e centra-se no comportamento. Já o Cognitivismo tem como 
proposta investigar os elementos que interferem no processo estímulo-resposta, centra-
se no processo de compreensão, de transformação, de armazenamento e da utilização 
dos saberes e informações no plano da cognição. E, por fim, vimos que na perspectiva 
humanista o centro não está efetivamente no processo de aprendizagem em si, mas, 
sim, no papel social que o ato de aprender representa para o indivíduo, privilegiando o 
desenvolvimento integral do indivíduo. 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
28 
3. Epistemologia convergente de Jorge Visca 
 
INTRODUÇÃO 
Ao término deste item, você será capaz de estruturar uma avaliação 
psicopedagógica clínica a partir da Epistemologia convergente de 
Jorge Visca. Isso será fundamental para o exercício de sua 
profissão, afinal, trata-se de uma das abordagens mais utilizadas 
por psicopedagogos no processo de diagnóstico psicoeducativo. 
Para tanto, você aprenderá os fundamentos dessa abordagem, suas 
concepções e principais conceitos, pois, sem esses conhecimentos 
sua prática poderá não ser exitosa. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! 
 
3.1 Fundamentação teórica da Epistemologia Convergente 
 
A abordagem proposta por Jorge Visca é uma avaliação psicopedagógica clínica, em 
um processo complexo de investigação da aprendizagem informal ou formal, seja de 
uma pessoa ou de um grupo. A investigação desse processo, em todas as instâncias, 
se dá com base nas relações socioculturais estabelecidas, conforme evidencia Bossa 
(2000, p. 85): 
 Implica compreender a situação de aprendizagem do sujeito, 
individualmente ou em grupo, dentro do seu próprio contexto. Tal 
compreensão requer uma modalidade particular de atuação para a 
situação em estudo, o que significa que não há procedimentos 
predeterminados. Defino essa característica como configuração clínica 
da prática psicopedagógica. A metodologia do trabalho, ou seja, a 
abordagem e tratamento, enfim a forma de atuação se vai tecendo em 
cada caso, na medida em que a problemática aparece. Cada situação é 
única e requer do profissional atitudes específicas em relação àquela 
situação. (Bossa, 2000, p. 85) 
Assume-se como Epistemologia Convergente por aliar subsídios da Psicanálise, da 
Epistemologia Genética, de Jean Piaget e da Psicologia Social, de Enrique Pichon 
Rivière, com destaque para os seguintes elementos de cada corrente: 
PSICANÁLISE: a mudança de perspectiva em relação à aprendizagem, considerando 
a satisfação do estudante nesse processo em detrimento da coerção. Portanto, buscam-
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
29 
se estratégias mais prazerosas e consequentemente, mais significativas, considerando 
a influência decisiva da dimensão afetiva na aprendizagem e no desenvolvimento 
humano. 
EPISTEMOLOGIA GENÉTICA: orienta a forma pela qual o sujeito constrói seus 
conhecimentos, contribuindo com os conceitos de equilibração, assimilação e 
acomodação, necessários à aprendizagem que se estabelecem. 
 
Ainda, essa teoria contribui com a organização de quatro períodos de pensamento, cada 
um deles marcado por avanços no desenvolvimento intelectual do sujeito que, por mais 
que possam apresentar pequenas variações, contribuem em perspectiva para a 
percepção de pré-requisitos e objetivos de desenvolvimento e aprendizagem na relação 
com a faixa etária. São esses os períodos: 
Quadro 1 - Períodos do desenvolvimento cognitivo para Piaget 
ESTÁGIO 
IDADE 
APROXIMADA 
CAPACIDADES 
Sensório-motor 0 a 2 anos 
Conhecimento do mundo baseado nos 
sentidos e habilidades motoras. Ao final do 
período, emprega representações mentais. 
Pensamento pré-
operatório 
2 a 6 anos 
Uso de símbolos, palavras, números para 
representar aspectos do mundo. Fase do 
egocentrismo, sendo o mundo resultado de 
sua percepção imediata. 
Pensamento 
operatório-
concreto 
7 a 11 anos 
Aplicação de operações lógicas a 
experiências centradas no imediato. Início 
da verificação das operações mentais. 
Pensamento 
operatório-formal 
Adolescência em 
diante 
Pensamento abstrato, derivações sobre 
situações hipotéticas, raciocínio dedutivo, 
planejamento e imaginação. 
Fonte: Elaborado pela autora com base em Piaget (1998). 
PSICOLOGIA SOCIAL: fundamenta a perspectiva convergente ao preconizar a 
singularidade do sujeito diante do seu contexto sociocultural: “cada um de nós tende a 
aprender de múltiplas e diferentes maneiras, construindo ativamente os conhecimentos 
nas interações com os outros ao longo de toda a vida” (NOGUEIRA, 2009, p. 18). 
Figura 10 - Epistemologia convergente – Visca 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
30 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2019). 
 
 
IMPORTANTE 
A epistemologia convergente busca superar as visões inativas e 
ambientalistas, partindo de uma visão integradora do conhecimento, 
tendo como objetivo analisar as dificuldades de aprendizagem como 
resultados múltiplo casuais, para os quais cada vertente teórica 
apresenta subsídios mais adequados para o encaminhamento 
(VISCA, 1991). 
Da Psicologia Social, Visca (1987) utiliza-se de quatro conceitos básicos que permitem 
a flexibilidade no processo de avaliação. São eles: 
 
Epistemologia 
Genética
Psicologia 
Social
Psicanálise
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
31 
Figura 11 - Conceitos básicos da avaliação psicopedagógica clínica - Pichon Rivière 
 
Fonte: Elaborado pela autora com base em Visca (1987). 
Essesquatro elementos compõem a base para o trabalho psicopedagógico e podemos 
resumi-los em: capacidade analítica e de compreensão das capacidades e dificuldades 
dos sujeitos e dos grupos; condição de utilização das categorias conceituais no 
momento adequado; capacidade de elaborar e colocar em prática um plano de ação 
coerente com o perfil de quem se atende e de si próprio. 
Todas as ações teriam como objetivo a aprendizagem, essa compreendida como um 
processo complexo, amplo e dinâmico, concebido por Visca (1987) em quatro diferentes 
níveis, processo denominado de “esquema evolutivo da aprendizagem”: 
▪ 1º nível ou protoaprendizagem: aprendizagem resultante dos primeiros 
vínculos, principalmente, da interação da criança com seu cuidador, com a mãe 
na maior parte dos casos. 
▪ 2º nível ou deuteroaprendizagem: aprendizagem resultante das interações e 
mediações no grupo familiar. 
▪ 3º nível ou aprendizagem assistemática: aprendizagem instrumental de 
técnicas e de recursos que permitem desempenho e convívio em uma 
comunidade restrita. 
▪ 4º nível ou aprendizagem sistemática: aprendizagem resultante da interação 
em espaços restritos, como por exemplo, as instituições escolares. 
 
Logística
Considerar os 
déficits e as 
capacidades do 
indivíduo ou grupo 
que está sendo 
avaliado em função 
das aptidões do 
psicopedagogo.
Estratégia
Encaminhamento 
das operações 
durante as sessões 
de avaliação.
Tática
Efetividade do plano 
traçado para cada 
caso em particular 
durante a avaliação 
- concretização. 
Técnica
Especificidade 
individual de cada 
psicopedagogo no 
desenvolvimento de 
seu trabalho. 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
32 
Figura 12 - Aprendizagem para a vida 
 
Fonte: ©Pixabay. 
Para subsídio do trabalho do psicopedagogo, Visca (1987) afirma que, sendo a 
aprendizagem um processo que ocorre durante toda a vida, o vínculo inadequado do 
indivíduo ao objeto em qualquer uma dessas etapas poderá resultar em déficit ou 
obstáculos à aprendizagem, organizados por ele da seguinte forma: 
Figura 13 - Quatro tipos de obstáculos à aprendizagem 
 
Fonte: Elaborado pela autora com base em Visca (1987). 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
33 
 
Compreendendo a estruturação que fundamenta a Epistemologia Convergente, é 
possível avançarmos para sua operacionalização prática. 
 
3.2 As etapas do diagnóstico psicopedagógico clínico: o passo a 
passo 
 
Para Bossa (2000, p. 94), “pensar o trabalho psicopedagógico na clínica remete, neste 
caso, igualmente à prática”. Sendo assim, é fundamental compreender o passo a passo 
de cada sessão do trabalho clínico e sua importância para o acompanhamento integral. 
Seguiremos a estrutura de percurso prevista a seguir: 
Figura 14 - Sugestão de percurso psicoeducativo baseado na Epistemologia 
Convergente 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2019). 
 
Entrevista inicial
Entrevista 
operatória centrada 
na aprendizagem 
(EOCA)
Provas e TestesAnamnese
Informe diagnóstico
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
34 
3.2.1 Entrevista inicial 
Essa etapa tem como objetivo principal conhecer o estudante, seu percurso, seu 
contexto e suas demandas, bem como, apresentar e esclarecer o acompanhamento 
psicopedagógico. Podemos definir como objetivos específicos: 
− Identificar a criança (nome), filiação (pai, mãe), data de nascimento, endereço, 
nome do responsável. 
− Delimitar os motivos do atendimento – queixas. 
− Investigar o processo de aprendizagem durante o percurso de vida. 
− Investigar o nível socioeconômico e cultural da família. 
− Investigar sobre atendimentos anteriores. 
− Perceber e mensurar as expectativas da família e da criança. 
 
 
SAIBA MAIS 
Existem modelos pré-definidos e você pode adequá-los às suas 
necessidades e a seu roteiro de entrevista. Para tanto, é 
importante pesquisar modelos e outros suportes já efetivos. Clique 
aqui para conhecer algumas possibilidades. 
 
3.2.2 Entrevista Operatória Centrada Na Aprendizagem - EOCA 
A Entrevista Operatória Centrada na Aprendizagem ou EOCA é uma forma de primeira 
sessão diagnóstica proposta por Visca (1987). Nela: 
A intenção é permitir ao sujeito construir a entrevista de maneira 
espontânea, porém dirigida de forma experimental. Interessa observar 
seus conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesas, 
ansiedades, áreas de expressão da conduta, níveis de operatividade, 
mobilidade horizontal e vertical etc. (WEISS apud VISCA, 2007, p. 57) 
Nesse sentido, as propostas a serem desenvolvidas durante a EOCA, bem como o 
material utilizado terão variações de acordo com a idade e escolaridade do indivíduo. 
Esses materiais diversos relacionados à aprendizagem, tais como lápis, cola, revistas, 
papéis diversos, entre outros, são entregues e se oportuniza ao estudante que os 
explore livremente enquanto são observados os seguintes aspectos: reação, 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
35 
organização, apropriação, imaginação, criatividade, preparação, regras utilizadas, 
disposição, coordenação, entre outros. 
Algumas considerações ao psicopedagogo são fundamentais nesse processo: 
▪ Não realize perguntas ao entrevistado que fujam da proposta da EOCA. Caso a 
criança realize alguma pergunta, reconduza-a para a atividade. A entrevista não 
deve ser interrompida. 
▪ Fique atento à postura física da criança, ao processo de respiração, a direção 
do seu olhar e o que diz a respeito da realização da EOCA. 
▪ Realize a seleção adequada de material para a abordagem, evite recursos 
distantes do cotidiano da criança. 
▪ Evite demonstração de satisfação, insatisfação ou surpresa com desempenho 
da criança. Esse momento não se caracteriza pela aprovação ou desaprovação, 
apenas observe e registre. 
▪ Evite nomear os materiais, pois esse também é um elemento a ser observado 
na criança. 
▪ Permita que a criança aja com autonomia e independência. 
Por meio desse processo de investigação, será possível averiguar as primeiras barreiras 
a serem transpostas no que se relaciona às dificuldades de aprendizagem, permitindo 
ao psicopedagogo organizar suas hipóteses para seu plano de trabalho, que será 
subsidiado pelas diversas possibilidades de provas e testes, para as variedades de 
idades e níveis de desenvolvimento, a serem escolhidos mediante a necessidade do 
estudante atendido. 
3.2.3 Provas e testes 
São várias as provas possíveis a serem utilizadas para o diagnóstico educativo, dentre 
elas, as do diagnóstico operatório piagetiano e as provas projetivas na perspectiva de 
Visca. 
As provas operatórias de Piaget são as seguintes: 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
36 
Figura 15 - Provas operatórias 
 
Fonte: Elaborado pela autora com base em Visca (1997). 
Já as provas projetivas seguem a seguinte classificação: 
− Vínculos escolares. 
− Vínculos familiares. 
− Vínculos consigo mesmo. 
Cada prova tem um objetivo específico, que deve ser mensurado pelo psicopedagogo 
em seu plano de ação. De maneira geral, as provas operatórias permitem obter dados 
para o conhecimento do funcionamento e desenvolvimento das funções lógicas da 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
37 
criança, já as provas projetivas permitem perceber os conteúdos afetivos constitutivos 
do processo por meio de uma investigação projetiva. 
 
3.2.4 Anamnese (história de vida) 
Para Weiss (2004), a anamnese é crucial para o diagnóstico, pois possibilita a 
integração do passado, presente e do futuro da criança. Essa etapa tem como objetivo 
obter dados contextuais do desenvolvimento do estudante, permitindo uma melhor 
compreensão da condição do caso observado. Espera-se, nessa etapa, informações 
relacionadas aos seguintes aspectos: 
▪ Aspectos gerais: nascimento, gravidez, parto, pós-parto. 
▪ Aprendizagens informais: atividades de vida diária, brincadeiras, relação com 
os pares, etc. 
▪ Relações familiares. 
▪ Aevolução escolar. 
▪ A expectativa e o diagnóstico. 
▪ Interesses e habilidades. 
▪ Condições clínicas e de saúde. 
 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
38 
Figura 16 - A criança em sua totalidade 
 
Fonte: Pixabay. 
3.2.5 Informe diagnóstico (devolutiva) 
Por fim, temos o informe diagnóstico, a devolutiva, que tem como objetivo esclarecer a 
problemática da criança com base nas hipóteses levantadas durante o diagnóstico. É 
aqui que o psicopedagogo repassa à família os resultados da avaliação por meio do 
relatório psicopedagógico, constatando a dificuldade e o plano de ação para a 
acompanhamento dessa condição. 
Para Visca (1987, p. 87), é após a devolutiva que se inicia o processo corretor: “temos 
o termo corretor que é formado por ‘co’ e ‘reger’, sendo o primeiro elemento – ‘co’ − uma 
forma prefixal latina da preposição com, e o segundo – ‘reger’ −, a ação do correto 
funcionamento de um aparelho ou organismo”. No caso da Psicopedagogia, do 
processo da aprendizagem. 
 
RESUMINDO 
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? 
Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o 
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
Você deve ter aprendido que a abordagem proposta por Visca trata-
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
39 
se de uma avaliação psicopedagógica clínica, que é um processo 
complexo de investigação da aprendizagem informal ou formal, que 
pode ser de uma pessoa ou de um grupo. Que recebe o nome de 
Epistemologia Convergente por aliar subsídios da Psicanálise, da 
Epistemologia Genética, de Jean Piaget e da Psicologia Social, de 
Enrique Pichon Rivière, em consonância com um processo 
estruturado de investigação diagnóstica. Ainda, observamos que 
Visca propõe quatro elementos como base para o trabalho 
psicopedagógico, sendo eles: a capacidade analítica e de 
compreensão das capacidades e dificuldades dos sujeitos e dos 
grupos; a condição de utilização das categorias conceituais no 
momento adequado; a capacidade de elaborar e colocar em prática 
um plano de ação coerente com o perfil de quem se atende e de si 
próprio. Por fim, estruturamos o passo a passo do processo, 
apresentando e explicando cada uma das etapas: Entrevista inicial, 
Entrevista Operatória Centrada na Aprendizagem – EOCA, Provas 
e Testes, Anamnese e Informe diagnóstico. 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
40 
4. Abordagem Centrada na Pessoa e a 
Psicopedagogia 
 
INTRODUÇÃO 
Ao término deste item, você será capaz de compreender os 
fundamentos essenciais da Abordagem Centrada na Pessoa e 
como ela se articula à prática psicoeducativa. Isso será fundamental 
para o exercício de sua profissão ao propor trabalhos de intervenção 
não diretivos em brinquedotecas, indicando outras possibilidades de 
trabalho relacionadas à Psicopedagogia. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! 
 
4.1 Fundamentos da Abordagem Centrada na Pessoa 
A Abordagem Centrada na Pessoa - ACP deriva da corrente humanista e tem Carl 
Rogers como referencial teórico. Sua fundamentação não pretende ser uma filosofia 
nem uma teoria, mas uma forma específica de se relacionar com o outro com base 
“numa crença na potencialidade interna dos organismos [...] e num respeito pela 
individualidade e singularidade humanas” (GOBBI et al., 2005, p. 16), tendo três 
pressupostos básicos: 
▪ Concepção do homem alicerçada na corrente humanista da Psicologia, sendo 
esse, “em essência, um organismo digno de confiança” (ROGERS, 1989, p. 16). 
▪ Abordagem fenomenológica, que privilegia a experiência subjetiva da pessoa. 
▪ Relação como sendo essencial para o processo e possível apenas a partir do 
encontro efetivo entre pessoas. 
 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
41 
Figura 17 - Carl Rogers 
 
Fonte: Wikimedia commons 
Nesse sentido, o psicopedagogo assume o papel de facilitador e condutor, dividindo as 
responsabilidades com o aluno, motivando-o por meio de recursos variados, das 
experiências e de situações de seu interesse, propondo que, diante de experiências 
maleáveis e contextualizadas, 
O indivíduo aceite cada vez com maior facilidade a sua própria 
responsabilidade perante os problemas que tem de enfrentar, e sinta-se 
cada vez mais afetado pelo comportamento que perante eles 
manifestou. O diálogo interior torna-se mais livre, melhora a 
comunicação interna e reduz o bloqueio. (ROGERS, 2001, p.160-162) 
 
SAIBA MAIS 
Carl Rogers, um psicólogo a serviço do estudante. Saiba mais 
sobre Carl Rogers, fundador da terapia não diretiva, que propunha 
que a tarefa do professor é liberar o caminho para que o estudante 
aprenda o que quiser, no artigo de autoria de Marcio Ferrari, para a 
Revista Nova Escola, disponível aqui. 
Assim, a aceitação e compreensão são fundamentais no processo psicoeducativos, 
cabendo ao psicopedagogo reconhecer a individualidade do indivíduo em aspectos 
emocionais, atitudinais e de crenças, mesmo que sejam divergentes dos seus, 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
42 
buscando compreender o significado do que está sendo dito por aquela pessoa. Nesse 
processo, os conceitos de Tendência Atualizante e Não diretividade são fundamentais 
para a compreensão da ACP. 
Tendência atualizante: é o eixo central da ACP. Diz respeito à tendência do organismo 
em desenvolver todas as suas potencialidades de maneira a favorecer sua conservação 
e enriquecimento. Não se restringe apenas às condições elementares de subsistência, 
tais como alimentação, respiração etc., e preside igualmente as atividades mais 
complexas como a diferenciação dos órgãos e funções e as aprendizagens de ordem 
intelectual, social e prática. Pode ser designada como “tendência realizadora”, pois 
condiz com a busca da manutenção, crescimento e reprodução do organismo em 
qualquer condição que se apresente. 
Não diretividade: faz referência à autocompreensão que, contrariando as correntes da 
época, preconizava a autonomia e a capacidade da pessoa. Rogers defendia que o 
sujeito tem o direito e é capaz de escolher qual direção seguir, de que forma operar seu 
comportamento, podendo se responsabilizar por si mesmo (ROGERS, 1989). É preciso 
esclarecer que “não diretiva” não é sinônimo de “ausência de diretivas”, mas, sim, 
representa uma mudança de responsabilidade do processo: do psicopedagogo para o 
estudante (GOBBI et al., 2005). 
 
IMPORTANTE 
A não diretividade é, antes de tudo, confiança na capacidade de 
autodireção da pessoa. 
4.2 Processos psicopedagógicos na perspectiva da ACP 
Nesse sentido, em qualquer abordagem na perspectiva da ACP haverá a valorização 
da relação em detrimento do diagnóstico, ou seja, o processo psicoeducativo de alunos 
com dificuldades de aprendizagem não se satisfaz com o diagnóstico e a evidência da 
dificuldade do aluno, relacionando as lacunas e o que deve aprender. Para a ACP, as 
intervenções do psicopedagogo devem desde o início ser sustentadas para além da 
aplicação de técnicas e métodos, devendo privilegiar a qualidade da relação que se 
estabelece no contexto pedagógico, afinal, elas determinam não só a aprendizagem, 
como também o desenvolvimento pessoal do estudante. 
Rogers (1977) aponta a compreensão empática como fundamental nesse processo, 
sendo essa entendida da seguinte forma: 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
43 
 Capacidade de se imergir no mundo subjetivo do outro e de participar 
na sua experiência, na extensão em que a comunicação verbal ou não 
verbal o permite. É a capacidade de se colocar verdadeiramente no lugar 
do outro, de ver o mundo como ele o vê. (ROGERS; KINGET, 1977 apud 
GOBBI et al., 2005, p. 47) 
Dessa forma, para que se estabeleça o processo psicoeducativo, são necessários: 
respeito, confiança, aceitação, autenticidade e tolerância; indispensáveis ao processo 
de aprendizagem, afinal, em um ambienteno qual essas atitudes imperam 
As pessoas desenvolvem uma maior autocompreensão, uma maior 
autoconfiança, uma maior capacidade de escolher os comportamentos 
que terão. Aprendem de modo mais significativo, são mais livres para 
ser e transformar-se. (ROGERS, 1983, p. 50) 
No entanto, a questão que precisamos avançar é: como aplicar na Psicopedagogia essa 
abordagem em forma de uma prática? Primeiramente, é reconhecida a importância do 
psicopedagogo em permitir aos estudantes que demonstrem seus interesses, afinal: 
O único aprendizado que influencia significativamente o comportamento 
é o aprendizado autodescoberto, auto apropriado. Um conhecimento 
autodescoberto, essa verdade que foi pessoalmente apropriada e 
assimilada na experiência, não pode ser comunicada a outra pessoa. 
(ROGERS, 2001, p. 318) 
Ao demonstrar seus interesses, o psicopedagogo deve buscar articulá-los às 
aprendizagens significativas, aquelas que, por sua vez, conduzem a alguma 
modificação no comportamento. Sendo subjetiva, a aprendizagem deve respeitar a 
singularidade de cada indivíduo, assim, esse “contexto” é variável e deve ser pensado, 
compreendido e considerado pelo psicopedagogo, principalmente no fato de que não é 
possível exigir “que todos aprendam da mesma maneira e nem que pensem de forma 
igual, ela deve se organizar no e pelo indivíduo e não para o indivíduo” (ROGERS, 2001, 
p. 183). 
Enquanto métodos e técnicas, temos um vasto repertório que podemos utilizar 
consonantes à ACP, dentre eles a ludoterapia ou brinquedoterapia que têm potencial 
para atendimento de diversas idades. 
A brinquedoterapia tem como premissa a utilização dos espaços, tempos e objetos, a 
partir da brincadeira, enquanto recurso terapêutico. Propõe que a partir dos jogos e 
brincadeiras as crianças se expressem – sejam sentimentos, pensamentos, problemas, 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
44 
enfim, a vastidão do que as aflige, utilizando o brincar enquanto forma de comunicação. 
Ainda, nesse espaço de interações possíveis, a criança desenvolve autonomia, iniciativa 
e poder de decisão, podendo compreender o mundo e a si mesma. 
Figura 18 - Ludoteca 
 
Fonte: Wikimedia Commons. 
 
Na perspectiva da ACP, a utilização da brinquedoterapia ocorre de forma não diretiva, 
ou seja, a própria criança decide o caminho a ser trilhado, assume a responsabilidade 
desse processo e enfrenta os desafios para a resolução dos problemas que surgirão. 
Para o psicopedagogo, esse espaço se constitui como local de aceitação e 
compreensão da criança, é necessário que demonstre verdadeiro interesse, 
estabelecendo uma relação sincera, para que a criança se sinta confortável com suas 
escolhas, brincadeiras e expressões. Seu papel psicoeducativo é de escuta atenta, 
pontuando determinados comportamentos e mediando as explicações necessárias às 
demandas dessa criança, permitindo seu crescimento. 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
45 
Figura 19 - Autonomia 
 
Fonte: Wikimedia Commons. 
 
Garcia (2005) aponta oito princípios básicos para o trabalho com crianças em 
brinquedotecas na perspectiva da ACP, são eles: 
1) Desenvolver relacionamento de confiança com a criança. 
2) Aceitar a criança completamente, permitindo-a se sentir livre para expressar seus 
sentimentos, pensamentos e atitudes. 
3) Estabelecer um sentimento de permissividade, já que é a partir dele que a criança irá 
se sentir segura para se expressar e ter confiança para resolver as situações. 
4) Promover reconhecimento e reflexão dos sentimentos, ou seja, conduzir a criança à 
percepção e reflexão sobre o seu comportamento, sem tentar aplicar uma 
interpretação, objetivando que ela o perceba. 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
46 
5) Respeitar e entender que a escolha da criança e que as mudanças também 
dependem dela. 
6) Permitir que a criança indique o caminho, legitimando a atitude não diretiva. 
 A criança na sala de ludo brinca, brinca e brinca e com o passar 
das sessões fica explicito suas dificuldades, medos, frustrações, 
alegrias e tristezas. Ela mesma mostra o trajeto de sua caminhada 
e suas variadas estradas, ora com flores, ora com pedras, ora com 
sol, ora com chuva, com facilidades ou dificuldades ela vai 
descobrindo o que faz sentir-se melhor, e assim gradativamente 
vai crescendo e amadurecendo. (GARCIA, 2005, p. 194) 
 
SAIBA MAIS 
Veja como montar um espaço para interação e brincadeiras, 
acesse o artigo “Como organizar a brinquedoteca”, disponível aqui. 
7) Ter atenção e paciência, respeitando a diversidade de tempos e permitindo um 
ambiente libertador e tranquilizador. 
8) Estabelecer limites para que a criança tenha consciência de sua responsabilidade, 
posto que é a partir da disciplina e dos limites que isso será possível. 
Na perspectiva da ACP, a ludoterapia/brinquedoterapia consiste em uma das 
estratégias possíveis que podem e devem ser empregadas pelo psicopedagogo com o 
objetivo de auxiliar o aluno na compreensão e aceitação de si mesmo, conduzindo a 
uma mudança que o permita suplantar suas dificuldades de aprendizagem. Entretanto, 
como evidenciamos desde o início, não há “receitas mágicas”, ensinar, aprender e 
superar desafios são processos tão complexos como a essência humana. O bom 
profissional é aquele que saberá perceber que cada criança é única e que a melhor 
abordagem, método ou teoria é aquela que contribui para a aprendizagem e 
desenvolvimento da criança em questão, portanto, tenha sempre o máximo de 
conhecimento em mãos. 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
47 
 
RESUMINDO 
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? 
Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o 
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
Você deve ter aprendido que a Abordagem Centrada na Pessoa - 
ACP deriva da corrente humanista e tem Carl Rogers como 
referencial teórico. Sua fundamentação não pretende ser uma 
filosofia nem uma teoria, mas uma forma específica de se relacionar 
com o outro, respeitando sua individualidade e singularidade. Prevê 
ao psicopedagogo o papel de facilitador e condutor, que divide as 
responsabilidades com o aluno, motivando-o por meio de recursos 
variados, das experiências e de situações de seu interesse, 
propondo que, diante de experiências maleáveis e contextualizadas, 
manifeste sua responsabilidade perante os problemas que tem de 
enfrentar. Tem como preceito o caráter não diretivo, relacionado à 
autocompreensão que, contrariando as correntes da época, 
preconiza a autonomia e a capacidade da pessoa, premissa que, 
antes de tudo, confia na capacidade de autodireção do indivíduo. 
Indica que o psicopedagogo deve buscar aprendizagens significativas, compreendendo 
o “contexto” como variável e que deve ser pensado, compreendido e considerado “no e 
pelo indivíduo e não para o indivíduo” (ROGERS, 2001, p. 183). Enquanto métodos e 
técnicas, vimos a brinquedoterapia como uma proposta integrativa que, tendo como 
premissa a utilização dos espaços, tempos e objetos a partir da brincadeira, permite à 
criança desenvolver autonomia, iniciativa e poder de decisão, compreendendo o mundo 
e a si mesma. Por fim, como evidenciamos desde o início, reforçamos que não há 
“receitas mágicas”, ensinar, aprender e superar desafios são processos tão complexos 
como a essência humana e o bom profissional é aquele que saberá perceber que cada 
criança é única e que a melhor abordagem, método ou teoria é aquela que contribui 
para a aprendizagem e desenvolvimento da criança em questão. 
 
Transtornos e Distúrbios da Aprendizagem 
48 
 
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