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Docência em Saúde

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AN02FREV001/REV 4.0 
 1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
DOCÊNCIA EM SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
DOCÊNCIA EM SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 3 
 
SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA SAÚDE 
1.1 INTRODUÇÃO 
1.2 HISTÓRICO DA SAÚDE PÚBLICA 
1.2.1 Do Descobrimento ao Império 
1.2.2 Período Republicano 
1.2.3 Revolução de 1930 e o Estado Novo 
1.2.4 Regime Militar 
1.2.5 Período de Redemocratização 
1.3 ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE 
1.4 TENDÊNCIAS DO SISTEMA DE SAÚDE 
1.5 BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
1.6 ÉTICA EM SAÚDE 
 
MÓDULO II 
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO 
2.1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
2.1.1 Período Colonial 
2.1.2 Período Imperial 
2.1.3 Período Republicano 
2.1.4 Revolução de 1930 e a Era Getúlio Vargas 
2.1.5 Nova República 
2.1.6 Regime Militar 
2.1.7 Redemocratização do Brasil 
2.2 ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO 
2.2.1 Educação Infantil 
2.2.2 Ensino Fundamental 
2.2.3 Ensino Médio 
2.2.4 A educação de Jovens e Adultos (EJA) 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 4 
2.2.5 Educação Inclusiva 
2.2.6 Educação especial 
2.3 TIPOS DE SISTEMA EDUCACIONAL 
2.3.1 Educação Presencial 
2.3.2 Educação à Distância 
2.4 FUNDAMENTOS DA ATIVIDADE EDUCACIONAL 
2.5 ANDRAGOGIA 
 
MÓDULO III 
3 DOCÊNCIA EM SAÚDE 
3.1 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM SAÚDE 
3.2 COMPETÊNCIAS PARA A ÁREA DA SAÚDE 
3.3 PROCESSO DE APRENDIZAGEM EM SAÚDE 
3.4 DIRETRIZES CURRICULARES DA ÁREA DA SAÚDE 
3.5 PLANEJAMENTO DE DOCÊNCIA EM SAÚDE 
3.5.1 Preparação de Planos 
3.6 ESTRATÉGIAS E MÉTODOS DE ENSINO 
3.7 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EM SAÚDE 
3.8 DIDÁTICA EM SAÚDE 
3.8.1 Educação Expressiva 
3.8.2 Didática e Currículo 
3.8.3 O Tríptico Didático 
3.9 METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
3.10 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 
3.10.1 Métodos e práticas de avaliação pedagógica 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 5 
 
 
MÓDULO I 
 
 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA SAÚDE 
 
 
1.1 INTRODUÇÃO 
 
 
Olá para todos! Iremos iniciar agora o curso de Docência em Saúde. Este 
curso irá oferecer bases e conhecimentos para a prática da docência em saúde, que 
consiste na capacidade de dar e elaborar aulas para este setor específico. 
É de grande importância a sua realização, pois além de agregar novos 
saberes permitirá uma nova competência para todos os que o realizarem, bem como 
possibilitará o avanço de uma educação para a saúde com qualidade em nosso 
país. 
PARABÉNS! Você escolheu um excelente curso que irá mudar a sua vida. 
Desse modo, o curso de Docência em Saúde tem como objetivos: 
- Oferecer conhecimentos gerais sobre o funcionamento geral da saúde; 
- Oferecer conhecimentos gerais sobre o funcionamento e dinâmica da 
atividade educacional; 
- Capacitar profissionais para a prática da docência em saúde. 
 
Para alcançar estes objetivos demonstrados o nosso curso está estruturado 
em três (03) módulos: 
Módulo I – Contextualização da Saúde: neste módulo serão abordadas as 
questões principais sobre o sistema de saúde no Brasil, propiciando um 
entrosamento com a organização do mesmo; 
Módulo II – Contextualização da Educação: neste módulo serão abordadas 
as questões principais sobre o sistema educacional no Brasil, proporcionando um 
entendimento maior sobre de sua dinâmica; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 6 
Módulo III – Docência em Saúde: neste módulo serão abordadas as técnicas 
e metodologias de realizar a ação educativa especificamente para a área da saúde. 
Então, vamos começar? Que todos tenham um ótimo curso e que o 
conhecimento a ser agregado faça a diferença na atuação profissional de cada um. 
 
 
1.2 HISTÓRICO DA SAÚDE PÚBLICA 
 
 
Vamos dar início ao nosso curso fazendo um passeio pela história da Saúde 
Pública no Brasil, que será muito importante para que possamos compreender o 
caminho percorrido pela saúde até o momento atual, permitindo uma ação de 
Docência em Saúde mais fundamentada. Para isso, vamos conhecer os 
antecedentes históricos de forma separada, conforme seus períodos temporais mais 
importantes. 
 
 
1.2.1 Do Descobrimento ao Império 
 
 
O cuidado com a saúde dos habitantes da terra brasileira já existia desde 
muito antes da chegada dos portugueses, pois os índios possuíam uma série de 
rituais e práticas curativas feitas em suas aldeias espalhadas por todo o território 
brasileiro. 
Com a chegada de Pedro Álvares Cabral no ano de 1500 e o consequente 
descobrimento, o Brasil torna-se, então, colônia de Portugal até o ano de 1822. 
Nesse período colonial ocorreram diversas mudanças políticas e sociais na região 
recém-criada, como o surgimento de uma organização estatal, o surgimento de 
instituições, o início da vida econômica, dentre outras. 
Apesar dessas novidades, a assistência à saúde dispensada aos que viviam 
por aqui – índios, escravos, portugueses – era baseada nas ações feitas pelos pajés, 
de um modo semelhante ao realizado pelos indígenas desde antes da chegada dos 
portugueses, e na assistência dispensada pelos boticários – atuais farmacêuticos – 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 7 
que viajavam por toda parte examinando os doentes e até mesmo receitando 
poções, remédios e fórmulas curativas. 
Esse predomínio dos pajés e boticários devia-se ao fato de que nessa 
época, como atesta Salles (1971), os médicos eram praticamente inexistentes, 
sendo que esta situação foi amenizada apenas a partir do ano de 1808, ano em que 
a Corte Portuguesa chega ao Brasil e, para oferecer serviços médicos aos nobres, 
são cridas as duas primeiras escolas de medicina do Brasil: o Colégio Médico-
Cirúrgico em Salvador e a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro. 
Em 1822, o imperador D. Pedro I declara a independência do Brasil e 
inaugura o Período Imperial no país, o qual se estende até o ano de 1889 com a 
Proclamação da República. 
Como se pode notar, neste período histórico pouco foi feito para melhorar ou 
mesmo estruturar a saúde, que ficou reduzida apenas a ações que buscaram 
garantir condições mínimas de higiene para a cidade do Rio de Janeiro – capital do 
Império – em decorrência das péssimas condições de vida e de salubridade que 
facilitavam a disseminação de diversas doenças. 
É importante considerar também que essas medidas sanitárias tomadas 
durante o período imperial não tinham como preocupação a melhoria do nível de 
saúde da população em geral, mas sim proteger os nobres portugueses de doenças, 
bem como evitar perdas financeiras que pudessem ocorrer devido ao excesso de 
doenças existentes. 
 
 
1.2.2 Período Republicano 
 
 
Após a Proclamação da República feita pelos militares em 1889 é 
iniciado o período republicano, vivenciado até os dias atuais no Brasil. No 
momento imediato após o fim do império surgiu uma organização política 
conhecida como República Velha que durou até a Revolução de 1930. 
Nesse período inicial da vivência do Brasil como república o aspecto 
mais importante foi o referente à chamada Política do Café com Leite, na qual 
os governadores e presidentes eram alternados entre os estados de São Paulo 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 8 
(maior produtor de café) e Minas Gerais (grande produtor de gado leiteiro no 
país) mantendo, assim, as oligarquias agrárias e as hegemonias sempre iguais. 
Sob o aspecto da saúde, a grande questão desse momentoda história 
brasileira foi o fato de que a ausência de uma assistência organizada fez com 
que houvessem epidemias de diversas doenças nas cidades brasileiras. 
Um exemplo dessa situação ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, que 
em 1900 estava infestada por patologias graves e com alta mortalidade como 
malária, varíola, febre amarela, dentre outras que matavam milhares de 
pessoas. 
Essa situação, causada em grande parte pelas condições sanitárias e 
de higiene inadequadas, tinha repercussões tanto para a saúde pública – pela 
manutenção e disseminação de doenças – como também para a economia 
nacional, visto que com medo da infestação muitos navios vindos de países 
europeus evitavam atracar no Rio de Janeiro e em Santos causando, assim, 
perdas nas vendas e exportações de produtos brasileiros. 
A partir dessa conjuntura se tornava imperiosa uma intervenção efetiva 
que melhorasse a saúde e a situação sanitária das principais cidades 
brasileiras. 
Para isso, o então presidente da república Rodrigues Alves nomeou 
Oswaldo Cruz, renomado médico sanitarista formado pelo Instituto Pasteur na 
França, para ser diretor do recém-criado Departamento Nacional de Saúde 
Pública (DNSP). 
Esta instituição tinha como grande função acabar com a epidemia de 
febre amarela que assolava a cidade do Rio de Janeiro. Para alcançar este 
objetivo, o DNSP começou, segundo Bertolli Filho (1996), uma série de 
medidas sanitizantes na capital carioca como a derrubada de cortiços, 
organização do espaço urbano, limpeza e higienização das ruas além da 
vigilância constante para a manutenção das medidas adotadas. 
A forma de atuação do DNSP criada por Oswaldo Cruz fez, de acordo 
com Luz (1991), surgir no Brasil o modelo de campanhas sanitárias para 
combater as epidemias urbanas e rurais existentes; sendo que este tipo de 
ação foi chamado de “Polícia Médica” pela força, coerção e obrigatoriedade 
com que foi implantada. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 9 
Esta imposição de medidas sanitárias teve o seu auge no ano de 1904 
com a chamada Revolta da Vacina, ocasionada pela obrigação determinada 
pelo governo federal de que todos os cidadãos deviam receber a vacina contra 
a varíola. 
Além da inconformidade da população com a imposição da vacinação, 
havia ainda o aspecto moral envolvido na administração da vacina, pois para 
isso era preciso que as mulheres ficassem com o braço à mostra e isto era algo 
considerado na época como uma grande ofensa à moral e reputação das 
moças e mulheres da sociedade brasileira. 
Em decorrência dessa insatisfação geral da população com a vacina 
compulsória o governo revoga a sua obrigatoriedade, tornando-a, assim, 
optativa (BERTOLLI FILHO, 1996). 
Mas mesmo com a desconfiança e questionamentos feitos sobre as 
medidas tomadas pela equipe de Oswaldo Cruz o seu saldo final foi 
extremamente positivo, com a eliminação das principais epidemias existentes 
no Rio de Janeiro fortalecendo, então, esse modelo de atenção à saúde como 
o hegemônico em todo o país. 
Após o alcance de sua meta inicial – o controle das epidemias urbanas 
– o DNSP, com seu modelo de campanha, mudou o foco de atuação para as 
endemias rurais (como Doença de Chagas, Esquistossomose, dentre outras) 
as quais foram combatidas pela famosa SUCAM (Superintendência de 
Campanhas). 
Além dessas melhorias e inovações no campo da saúde, outro 
importante setor da sociedade foi iniciado na República Velha: a Previdência 
Social. O surgimento desse importante serviço para a população não foi dado 
de forma passiva, mas surgiu a partir de duas greves gerais ocorridas entre os 
anos de 1917 e 1919, que exigiam melhores condições de trabalho e direitos 
trabalhistas como férias, pensão e aposentadoria. 
Com base em todo este movimento foi publicada em 1923 a Lei Elói 
Chaves que consiste no marco inicial que determinou o nascimento da 
previdência social no Brasil. 
A Lei Elói Chaves criou as chamadas Caixas de Aposentadoria e 
Pensão (CAP´s) as quais, segundo Possi (1981), consistiam em um sistema de 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 10 
previdência desenvolvido de forma independente pelas empresas que deviam 
oferecer a seus trabalhadores os benefícios de assistência à saúde, pensão e 
aposentadoria. 
Ainda sobre as CAP´s, eram financiadas pelas empresas (com 1% de 
sua renda bruta), pelos empregados (com 3% de seus salários) e pelos 
consumidores dos produtos dessas empresas (OLIVEIRA & TEIXEIRA, 1989). 
 
 
1.2.3 Revolução de 1930 e o Estado Novo 
 
 
Na década de 1930, a Política do Café com Leite entra em crise devido 
aos diversos problemas políticos e econômicos que aconteceram no país 
causando, assim, a diminuição do poder e influência das oligarquias agrárias. 
Desse modo, esta política começa a ser questionada e em decorrência 
disso é deflagrada a Revolução de 1930. Esse movimento, chefiado por Getúlio 
Vargas, foi iniciado no Rio Grande do Sul e depois se propagou por todo o país 
tendo como resultado a deposição do presidente recém-empossado – dando 
fim à Política do Café com Leite – e a assunção de Getúlio Vargas como novo 
presidente do Brasil. 
Pouco tempo depois que chegou ao poder, Getúlio Vargas instaurou a 
ditadura do Estado Novo sob a alegação de um falso golpe comunista e, com 
isso, governou de forma solitária e absoluta até 1937 quando foi deposto do 
cargo. 
Mas Getúlio Vargas volta em 1950 “nos braços do povo” em uma vitória 
massacrante nas urnas e fica no poder até o ano de 1954 quando, então, 
comete suicídio. 
No que se refere à organização do país, o período do governo de 
Getúlio Vargas significou uma série de melhorias já que expandiu o capitalismo 
no Brasil, criou diversas indústrias (como CSN – Companhia Siderúrgica 
Nacional, Petrobrás e outras) e estimulou o crescimento nacional. 
Além disso, Getúlio Vargas entra para a história brasileira ao criar e 
regulamentar as leis trabalhistas na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 11 
que garantiu melhores condições de trabalho e direitos trabalhistas, tão 
reclamados pelos trabalhadores de todo o país. 
Ao considerar o setor de saúde neste período histórico, poucas ações 
foram feitas para efetivamente melhorar a assistência oferecida à população. A 
primeira atuação dentro da Saúde Pública foi a criação, no ano de 1930, do 
Ministério da Educação e Saúde Pública, que era responsável ao mesmo 
tempo pelos assuntos educacionais e de saúde do Brasil; sendo que com isso 
aquelas ações que não eram consideradas como de Saúde Pública, a exemplo 
da fiscalização e segurança do trabalho, foram transferidas para outros 
ministérios. 
Essa ação causou a fragmentação dos serviços relacionados à saúde 
no país, impedindo o avanço e a melhoria na organização desse sistema no 
Brasil. 
Posteriormente ocorreu a criação do Ministério da Saúde, em 1953, 
responsável de forma exclusiva pelos serviços de gestão e assistência à saúde 
da população brasileira. 
No entanto, apesar de sua instituição, o Ministério da Saúde consistia 
apenas em um órgão burocrático sem recursos financeiros e nem mesmo 
possibilidades de mudança nas principais questões relacionadas à Saúde 
Pública no Brasil. 
Finalizando as medidas adotadas nesse período histórico pelo governo 
no setor de saúde houve, no ano de 1956, o surgimento do DNERU 
(Departamento Nacional de Endemias Rurais) que se tornou o órgão 
responsável pela realização das campanhas sanitárias no mesmo modelo 
criado por Oswaldo Cruz. 
No que se refere à previdência social, o governo Vargas teve como 
principal contribuição a evolução no seu processo de organização, pois as 
CAP´s criadas no ano de 1923 foram sendo substituídas pelos IAP´s (Institutos 
de Aposentadoria e Pensão), que tiveram como grande diferença o fato de que 
eles eram organizados de acordo com a profissão do trabalhador (marítimos, 
comerciantes, bancários, etc.) e não mais de acordo coma decisão da 
empresa. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 12 
Com essa dinâmica, os IAP´s iniciam o processo de controle 
governamental sobre a previdência social, que deixa de estar dependente da 
vontade dos donos das empresas de criar o sistema de previdência e seus 
benefícios. 
Essa substituição começou em 1933 com a criação do IAPM (Instituto 
dos Marítimos), do IAPC (Instituto Comerciantes), do IAPB (Instituto dos 
Bancários) em 1934, do IAPI (Instituto Industriais) em 1936 e do IAPETEL 
(Instituto dos Estivadores e Transportadores de Cargas) em 1939. 
Para oferecer um maior subsídio à dinâmica criada pela previdência 
social, em 1949 é criado o SAMDU (Serviço de Assistência Médica Domiciliar e 
de Urgência), que era responsável por oferecer assistência médica para os 
beneficiários e que era mantido com recursos do IAP`s e CAP´s. 
 
 
1.2.4 Regime Militar 
 
 
No ano de 1964 os rumos da história brasileira são totalmente 
alterados com o golpe militar. Este golpe, planejado pelas forças armadas 
nacionais com o apoio total dos Estados Unidos, retirou do poder o então 
presidente da república João Goulart. 
A partir disso, é iniciado o período militar, que se estende até a década 
de 1980, quando é suprimido e ocorre a redemocratização do país. Em todo 
esse período o governo foi chefiado por comandantes militares – como Costa e 
Silva, Castelo Branco, Médici, Figueiredo, Geisel – em um regime 
governamental de caráter ditatorial e autoritário com o uso excessivo das 
forças policiais e das medidas de repressão. 
Nessa dinâmica foi vivenciado o chamado “milagre econômico”, que 
inicialmente possibilitou uma melhoria nos ganhos do país, mas que no final do 
regime militar causou uma recessão com altos índices de desemprego, inflação 
e pobreza para a população brasileira como um todo. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 13 
A Saúde Pública no Brasil durante o regime militar começou com um 
processo de mudança que criou as primeiras bases para o surgimento do SUS 
(Sistema Único de Saúde), na década de 1990. 
Nesse caminho, a ação inicial para a saúde neste período consistiu na 
publicação, em 1967, do Decreto-Lei 200 que definiu de forma geral o modo de 
organização da administração pública e, com relação ao sistema de saúde, 
redefiniu as competências do Ministério da Saúde que passaram a ser: 
 Formulação da Política Nacional de Saúde; 
 Assistência Médica Ambulatorial; 
 Prevenção à Saúde; 
 Controle Sanitário; 
 Pesquisas na área da saúde. 
 
Com essas alterações, o Ministério da Saúde deixou de ser apenas um 
aparato burocrático para se tornar efetivamente o órgão máximo de gestão 
responsável pela condução das políticas públicas de saúde no país. 
A partir desse avanço e fortalecimento do Ministério da Saúde, o 
DNERU criado no período anterior foi substituído, em 1970, pela SUCAM 
(Superintendência de Campanhas de Saúde Pública), que tinha como principal 
função o controle permanente das endemias existentes no Brasil. 
Em 1975 é criado o Sistema Nacional de Saúde, instituindo um sistema 
de assistência à saúde com validade para todo o território nacional; sendo que 
esta criação foi o embrião inicial para a ideia do SUS, que surgiria algumas 
décadas depois. 
O processo de melhoria no sistema de saúde brasileiro foi continuado 
por meio da criação do PIASS (Programa de Interiorização das Ações de 
Saúde e Saneamento), proporcionando a implantação de postos de 
atendimento de saúde nos municípios pequenos de todo o país. 
Essa ação foi feita principalmente porque a população do interior do 
Brasil não possuía nenhum tipo de assistência à saúde e nem mesmo uma 
referência para a busca do atendimento. 
Ainda durante a vigência do Regime Militar, no que se refere à 
Previdência Social, ocorreu um processo de unificação dos IAP´s, concluído no 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 14 
ano de 1967 que, posteriormente, foram transformados no INPS (Instituto 
Nacional de Previdência Social). 
Dessa maneira, no recém-criado INPS a previdência social passa para 
o comando total do governo federal e, com isso, os seus beneficiários passam 
a ter além das aposentadorias e pensões o direito à assistência médica. 
No entanto, o surgimento do INPS gerou um grande aumento do 
número de beneficiários, exigindo uma melhoria no sistema de assistência 
médica. E, neste momento, o governo militar ao invés de investir no setor 
público por meio do Ministério da Saúde, direcionou grandes somas de 
recursos financeiros para atenção privada à saúde. 
A partir disso, foram feitos contratos e convênios com profissionais de 
saúde em uma dinâmica na qual o pagamento era feito para cada 
procedimento realizado; sendo assim, eram comuns neste período as fraudes, 
como cirurgias de fimose em mulheres ou até partos sendo feitos em homens. 
Outra consequência dessa política executada pelos militares foi o uso 
de dinheiro público para a construção de hospitais particulares em todo o país, 
gerando, assim, um verdadeiro complexo médico-hospitalar com foco nos 
médicos, remédios e hospitais que prevalece até os dias atuais. 
E para controlar todo esse sistema, que com o passar do tempo foi se 
tornando grandioso e complexo, foi criado em 1978 o INAMPS (Instituto 
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social). 
 
 
1.2.5 Período de Redemocratização 
 
 
Toda a dinâmica de funcionamento criada pelo regime militar começa a 
entrar em colapso no ano de 1975 em decorrência da crise econômica 
internacional que ocorreu nessa época em todo o mundo. 
A partir disso, o crescimento do Brasil diminuiu e com isso o modelo do 
milagre econômico vivencia uma grave crise que significou para a população 
uma situação com baixos salários, altos índices de desemprego e o aumento 
das favelas e da violência em todo o país. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 15 
Essa situação causou um descontentamento ainda maior em todo o 
território nacional, desencadeando no movimento que ficou conhecido como 
Diretas Já. 
Esse movimento ocorrido no ano de 1985 causou grande comoção 
nacional, com milhares de pessoas pedindo o fim da ditadura militar e a 
realização imediata de eleições diretas para presidente da república. 
No entanto, apesar da grandeza desse movimento chefiado por Ulisses 
Guimarães, não foi neste momento que a ditadura terminou, mas foi a partir de 
suas reivindicações que o alto comando das forças militares iniciou um 
afrouxamento do regime militar a partir da gestão do presidente Geisel, o que 
causou a volta dos civis ao governo federal com a eleição de Tancredo Neves. 
A partir desse acontecimento é iniciado o processo de 
redemocratização do país, com o surgimento da nova constituição federal 
promulgada em 1988, que restabeleceu o presidencialismo e a democracia no 
país, o que prevalece até os dias atuais no Brasil. 
No que se refere à saúde, este período histórico foi marcado por 
reformas radicais que mudaram substancialmente os rumos da atenção à 
saúde no Brasil. 
A primeira ação para essa mudança aconteceu na cidade de Alma-Ata, 
na Rússia, onde ocorreu no ano de 1976 uma conferência internacional sobre 
saúde determinando que todos os países do mundo deveriam ter o foco na 
atenção primária à saúde. 
No Brasil, para buscar atender a esta delimitação feita pela Conferência 
de Alma Ata, foi criado, no ano de 1981, o CONASP (Conselho Consultivo de 
Administração da Saúde Previdenciária) com a função de propor ao governo 
federal um plano para melhorar a assistência à saúde com os escassos 
recursos financeiros disponíveis para o setor de saúde no país. 
Após várias discussões, o CONASP fez uma proposta para definir a 
mudança no modelo assistencial em vigor com a melhoria da qualidade no 
atendimento oferecido à população bem como delimitava a criação de um 
sistema de auditoria e mudanças nos meios de financiamento para o sistema 
de saúde. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 16 
Avançandonesta ideia dada pelo CONASP, surgem no ano de 1983 as 
AIS (Ações Integradas de Saúde) buscando integrar as ações de assistência, 
prevenção e educação em saúde. No entanto, por diversas questões políticas e 
econômicas decorrentes do momento histórico, as AIS´s foram canceladas e 
não tiveram continuidade. 
A próxima ação desse período foi a VIII Conferência Nacional de 
Saúde, no ano de 1986, que delimitou a criação de um sistema único de saúde 
para o Brasil. 
Nessa época, quanto à prática em saúde, todas as regras e ordens 
eram definidas e feitas pelo Ministério da Saúde e os estados/municípios 
consistiam apenas em órgãos executores sem nenhuma capacidade de gestão 
ou de tomada de decisão. 
Em 1987, seguindo as recomendações feitas na VIII Conferência 
Nacional de Saúde, é instituído o SUDS (Sistema Único Descentralizado de 
Saúde) que determinou que a área de saúde no Brasil estaria responsável 
pelas ações de promoção, proteção e recuperação da saúde em todo o 
território nacional. 
Além disso, esse novo sistema iniciou a descentralização em saúde, 
pois o SUDS transferiu pra os estados federados a responsabilidade pela 
gestão e realização de diversas atividades que deixaram de ser exclusivas do 
Ministério da Saúde. 
Em 1988, por meio dos artigos 196 a 200 da Constituição Federal 
então promulgada, foi criado o SUS (Sistema Único de Saúde). Dentre as 
várias determinações feitas com relação à saúde na Constituição Federal as 
mais importantes são: 
 A saúde passa a ser um direito de todos os cidadãos residentes no 
Brasil; 
 O Estado (por meio do governo federal, estadual e municipal) tem a 
responsabilidade de oferecer a assistência à saúde por meio de ações de 
promoção, proteção e recuperação da mesma; 
 O SUS ao ser criado deveria ser organizado com uma única esfera 
de gestão em cada ente federado, descentralizado ao nível municipal e em 
uma rede hierarquizada. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 17 
Todo esse processo atinge o seu auge no ano de 1990, quando é 
promulgada a Lei 8080 que instituiu realmente a criação do SUS (Sistema 
Único de Saúde) fazendo com que as responsabilidades em saúde fossem 
transferidas também para os municípios de todo o Brasil. 
Assim, o SUS pode ser concebido como o conjunto de ações e 
serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, 
estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações 
mantidas pelo Poder Público. 
E então? Gostaram da história da saúde pública? Finalizamos este 
tópico e iremos ver, agora, como é a organização geral do sistema de saúde. 
 
 
1.3 ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE 
 
 
O SUS, criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei 
8080, tem como grande meta o oferecimento de acesso à saúde para toda a 
população brasileira. Para isso, fazem parte do SUS os centros e postos de saúde, 
hospitais, os serviços de Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Vigilância 
Ambiental, além de fundações e institutos de pesquisa. 
A outra norma que regulamenta o sistema de saúde no Brasil é a Lei 8.142 
de 1990 que conferiu ao SUS uma de suas principais características: o controle 
social que consiste na participação dos usuários deste sistema na gestão dos 
serviços de saúde. 
Para isso, a Lei 8.142/1990 delimitou duas esferas de atuação da sociedade 
para o controle social em saúde: os Conselhos Municipais de Saúde e as 
Conferências de Saúde. 
O SUS tem o seu funcionamento baseado em princípios organizativos 
delimitados pela Lei 8080/1990 conhecida como Lei Orgânica de Saúde. 
Estes princípios são os seguintes: 
- Universalidade: "A saúde é um direito de todos", e por isso o Estado tem a 
obrigação de oferecer a atenção à saúde para todos os residentes no Brasil sejam 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 18 
eles brasileiros ou estrangeiros; mas este princípio não tira a responsabilidade das 
pessoas e família de zelarem pela sua própria saúde; 
- Integralidade: a atenção à saúde inclui os cuidados curativos e os 
preventivos em seu aspecto individual e coletivo vendo, assim, o paciente como um 
todo; 
- Equidade: todos devem possuir igualdade de oportunidade para o uso do 
sistema de saúde; esta equidade determina que todos devem ser atendidos na 
medida da sua necessidade de assistência à saúde, ou seja, atender de forma igual 
os desiguais na medida de sua desigualdade; 
- Participação da comunidade: o controle social foi regulamentado pela Lei nº 
8.142. Nele, os usuários participam da gestão do SUS por meio das Conferências de 
Saúde, que tem periodicidade de quatro anos, e por meio dos Conselhos de Saúde, 
que consistem em órgãos colegiados existentes em todos os níveis. Nos Conselhos 
de Saúde ocorre a paridade com os usuários tendo metade das vagas, o governo 
possui um quarto e os trabalhadores também têm a fração de um quarto; 
- Descentralização político-administrativa: o SUS existe em três níveis ou 
esferas: nacional, estadual e municipal, sendo que cada uma possui um comando 
único e atribuições próprias dentro do sistema de saúde; 
- Hierarquização e regionalização: os serviços de saúde são divididos 
também por níveis de complexidade; o nível primário é oferecido diretamente à 
população, enquanto os níveis secundário e terciário são ofertados apenas quando é 
necessário. Nesta questão, quanto mais bem estruturado for o fluxo de referência e 
contrarreferência entre os serviços de saúde, melhor será a sua eficiência e eficácia 
para a população. 
Quanto à sua atuação, o Sus apresenta as seguintes áreas: 
 Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de 
interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, 
equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; 
 Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem 
como as de saúde do trabalhador; 
 Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; 
 Participar da formulação da política e da execução das ações de 
saneamento básico; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 19 
 Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento 
científico e tecnológico; 
 Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de 
seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; 
 Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, 
guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e 
radioativos; 
 Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o 
do trabalho. 
Ao considerar o financiamento do sistema de saúde, este é feito de forma 
tripartite, ou seja, recebe recursos da esfera municipal, estadual e federal. Esta 
transferência é feita “fundo-a-fundo” por meio de transferência direta de uma conta 
bancária para a outra com o objetivo de evitar fraudes que já existiram em grande 
quantidade no setor de saúde. 
O valor referente ao recurso financeiro a ser repassado para a saúde foi 
regulamentado no ano de 2011 com a efetivação da PEC 29/2000; a partir disso, a 
quantidade mínima a ser destinada para cada esfera da saúde é dividida da seguinte 
maneira: 
 União: 5% do PIB (Produto Interno Bruto) do país no ano anterior; 
 Estados: 12% da receita estadual; 
 Municípios: 15% da receita municipal. 
Terminamos agora de ver como funciona o sistema de saúde no Brasil. 
Vamos, então, avançar em nosso curso mostrando as principais tendências do 
sistema de saúde em nossa realidade. 
 
 
1.4 TENDÊNCIAS DO SISTEMA DE SAÚDE 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 20 
Após compreendermos sobre o processo de criação e implantação do SUS é 
preciso analisar as possíveis tendências, na atualidade, de evolução para este 
sistema de saúde de modo que ocorra uma melhoria da qualidade de vida da 
população brasileira. 
Desse modo, segundo Piola (2002), o Sistema de Saúde no Brasil tem como 
tendência a diminuição na prestação direta de serviços de saúde por estados e 
municípios, substituindo-sepor estratégias como a terceirização, privatização e 
organizações sociais; ampliação do papel do estado enquanto regulador na área da 
saúde. 
Além disso, haverá a transformação dos hospitais e outras entidades em 
“entes públicos”, com maior autonomia, mas submetidos ao controle social; aumento 
dos recursos financeiros destinados à saúde, com o aumento das despesas neste 
setor. 
Outras possibilidades para a atenção à saúde no futuro próximo são: o 
desenvolvimento da avaliação tecnológica em saúde, a autossuficiência nacional na 
produção de sangue e hemoderivados, a mudança progressiva do modelo 
assistencial biomédico para o modelo de atenção voltado para a atenção integral da 
população com enfoque em doenças crônicas e a organização do sistema de saúde 
em redes de atenção com foco na atenção primária e interligação entre todos os 
níveis de complexidade do mesmo. 
Vocês compreenderam com as tendências mostradas? O nosso próximo 
passo neste módulo será estudar um pouco sobre os conceitos principais de 
Bioestatística e Epidemiologia, que são os dois grandes alicerces da ação em saúde 
na atualidade. 
 
 
1.5 BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 21 
A Bioestatística consiste no ramo da ciência estatística que busca determinar 
um conjunto de métodos que possam obter, organizar e analisar os dados numéricos 
relacionados a pesquisas e ações das ciências da vida, da qual a área da saúde faz 
parte. 
Ou seja, por meio da atuação e uso da Bioestatística é possível a análise e 
ponderação sobre os dados relacionados à saúde, os quais a partir disso podem ser 
usados para estruturar a organização e ações para a assistência em saúde. 
Para a realização deste trabalho é preciso inicialmente a definição dos 
elementos principais relacionados à Bioestatística, que serão descritos a seguir: 
 População: é o total de pessoas que possuem uma característica comum 
e cujo comportamento é objeto de algum tipo de análise bioestatística. Ex: número 
de mulheres que realizam exame preventivo; 
 Amostra: é um subconjunto derivado da população global, ou seja, é uma 
parte do total da população que será estudada e que pode ser usada para avaliar 
comportamentos e resultados que serão generalizados para a população total; 
 Dados: são as informações que serão obtidas para realizar determinada 
análise ou pesquisa. Estes dados podem ser: qualitativos, quando são distribuídos 
em categorias e dizem respeito à qualidade e comportamentos, ou quantitativos 
quando os dados são expressos em números e que se referem, geralmente, a dados 
assistenciais e de sistemas de informação. 
Para a realização das pesquisas no ramo da Bioestatística podem ser 
utilizados os seguintes tipos de estudos: 
 Experimentais: no qual o pesquisador de forma deliberada influencia os 
indivíduos e a pesquisa tem um efeito de intervenção sobre certa realidade ou 
situação; ou seja, em um estudo experimental é inserida uma nova situação ou 
realidade que vai ser testada para verificar a sua veracidade e eficiência; 
 Prospectivos: são utilizados quando o objetivo da pesquisa consiste em 
conhecer o efeito de determinado fator, sendo que neste caso os dados são gerados 
desde o início do estudo; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 22 
 Retrospectivos: são usados quando o efeito de algum fator já é 
conhecido, e deste modo os dados se referem a eventos passados e também são 
obtidos a partir de informações pré-existentes como prontuários médicos e dados 
advindos dos sistemas de informação em saúde; 
 Longitudinais: são usados para analisar as mudanças em determinado 
fenômeno da saúde ao longo de um período de tempo, geralmente relacionadas 
com uma intervenção ou característica; 
 Transversais: são os estudos nos quais os grupos de indivíduos são 
observados apenas uma vez, com o objetivo de estudar a situação em certo instante 
em que são feitas as observações; 
 Caso-controle: é um tipo de pesquisa bioestatística que tem como 
objetivo verificar se as pessoas que foram selecionadas devido a uma característica 
ou doença, chamados de casos, diferem muito de um grupo de indivíduos 
comparáveis, mas que não possuem a característica ou doença, os controles, em 
relação à exposição a um dado fator de risco; 
 Coorte: este estudo se relaciona a um grupo de indivíduos de interesse e 
se faz um seguimento dos mesmos, até certo momento, para estudar o seu 
desfecho com relação à questão almejada. 
A epidemiologia, por sua vez, é a ciência que estuda os padrões com que as 
doenças ocorrem em populações humanas e os fatores determinantes para sua 
ocorrência. 
As suas aplicações variam desde a descrição das condições de saúde de 
uma população específica, da investigação dos fatores determinantes de doenças, 
da avaliação do impacto das ações para alterar a situação de saúde até a avaliação 
do uso de serviços de saúde, incluindo os custos com a assistência. 
A história natural da doença, base para a evolução e atuação na 
epidemiologia, consiste no processo de desenvolvimento da mesma, e ocorre em 
quatro fases: 
1) Fase inicial ou de suscetibilidade: ainda não existe uma doença, mas 
condições que podem favorecer o seu surgimento. Dependendo da existência dos 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 23 
fatores de risco ou de proteção, certos indivíduos estarão mais ou menos propensos 
a adquirir determinadas doenças a outras; 
2) Fase patológica pré-clínica: a doença está instalada, mas ainda não é 
evidente; começam as primeiras mudanças patológicas no organismo; 
3) Fase clínica: corresponde ao período da doença com sintomas; 
4) Fase de incapacidade residual: ocorre quando a doença não evoluiu 
para a morte nem foi curada, ocorrendo às sequelas da mesma. 
A partir desses conceitos iniciais, a epidemiologia trabalha com a teoria da 
multicausalidade – que possui um papel definido na gênese de doenças – 
consistindo na ideia de que determinado processo patológico ocorre devido a uma 
combinação de diversos fatores, os quais interagem entre si e acabam tendo um 
importante papel na determinação das diversas patologias. 
Os determinantes para a ocorrência de doenças são classificados em: 
 Determinantes distais: são fatores a distância que, por meio de sua 
ação em outros fatores, podem contribuir para o aparecimento de doenças. Ex: 
fatores biológicos e hereditários; 
 Determinantes intermediários: podem sofrer influência dos 
determinantes distais e também agir em fatores que estão mais próximos à gênese 
das doenças. Ex: fatores gestacionais, ambientais, nutricionais; 
 Determinantes proximais: são os fatores que estão mais próximos às 
doenças podendo sofrer influência dos outros fatores e ainda podem agir 
diretamente na determinação de uma patologia. 
Para a sua atuação prática, a epidemiologia utiliza os indicadores de saúde 
que quantificam os diferentes aspectos relacionados à saúde bem como possibilitam 
a comparação de diversos tipos de dados e situações em uma mesma população. 
Os indicadores de saúde podem ser dos seguintes tipos: 
 Coeficientes: são as medidas básicas para compreender a ocorrência 
de doenças em determinada população. Para o seu cálculo considera-se que o 
número de casos está relacionado com o tamanho da população que lhe deu 
origem. O numerador refere-se ao número de casos que se deseja estudar (mortes, 
 
 
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 24 
doentes, etc) e o denominador refere-se a toda a população capaz de sofrer aquele 
evento (população em risco); 
 Morbidade: é usado para identificar o conjunto de casos de uma dada 
afecção ou a soma de agravos à saúde que atingem um grupo determinado de 
indivíduos. As medidas mais usadas em morbidade são: 
 Prevalência: relação do número de casos existentes de uma 
determinada doença e o número de pessoas na população em determinado 
período do tempo; 
 Incidência: é a razão entre o número de casos novos de uma doençaque ocorreu em uma comunidade, em um intervalo de tempo determinado, e 
a população exposta ao risco de adquirir esta doença no mesmo período. 
 Mortalidade: refere-se ao número de óbitos ocorridos em determinada 
população. As medidas mais usadas em mortalidade são: 
 Mortalidade geral: divisão do número total de óbitos por todas as 
causas em um ano pelo número da população naquele ano, multiplicado por 
1.000; 
 Mortalidade específica: cálculo de mortalidade específico para 
determinado grupo de causa ou patologia. Ex: doenças respiratórias, causas 
externas, etc. 
 Mortalidade infantil: refere-se aos óbitos de crianças menores de um 
ano; sendo um indicador da qualidade de vida local. 
 Letalidade: refere-se à incidência de mortes entre os portadores de 
determinada doença, em certo período de tempo, dividida pela população de 
doentes. 
Agora que já conhecemos os princípios e ideias principais relacionadas à 
Bioestatística e Epidemiologia, vamos entrar no último assunto deste módulo, no 
qual serão abordadas as principais questões relacionadas com a ética em saúde. 
Avancemos, então! 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 25 
 
 
1.6 ÉTICA EM SAÚDE 
 
 
A ética é um ramo da filosofia que estuda a natureza do que é tido como 
adequado e moralmente correto. A palavra Ética tem origem grega, no vocábulo 
“éthos”, que significa caráter e que foi traduzida para o latim como “mos”, 
significando costume. Por isso é usada como a “ciência da moral” ou “filosofia da 
moral”. 
A ética designa, assim, o conjunto de princípios morais que regem os direitos 
e deveres de cada um em determinada sociedade e que são estabelecidos e aceitos 
em uma época por determinada comunidade humana. 
Para as teorias éticas, o desejável é o “ser” que deve ser livre, autônomo; 
que age para a benevolência; que exercita a justiça; e que é virtuoso no caráter. 
Em qualquer discussão que envolva um tema ético o ‘princípio universal da 
responsabilidade’ deve ser considerado, pois ele está relacionado aos aspectos da 
ética da responsabilidade individual, assumida por cada um; da ética da 
responsabilidade pública; e a ética da responsabilidade planetária, nosso 
compromisso como cidadão do mundo frente ao desafio da preservação do planeta. 
A preocupação com os aspectos éticos na assistência à saúde, não se 
restringe à normatização contida nos códigos de ética profissional, mas estende-se 
ao respeito à pessoa como cidadã e como ser social, enfatizando que a “essência da 
bioética é a liberdade, porém com compromisso e responsabilidade”. 
A Bioética é o estudo sistemático de caráter multidisciplinar, da conduta 
humana na área das ciências da vida e da saúde, na medida em que esta conduta é 
examinada à luz dos valores e princípios morais. 
A abrangência atual da Bioética tem quatro aspectos relevantes: uma 
bioética da vida cotidiana, que se refere aos comportamentos e às ideias de cada 
pessoa e ao uso das descobertas biomédicas; uma bioética deontológica, com os 
códigos morais dos deveres profissionais; uma bioética legal, com normas 
 
 
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 26 
reguladoras, promulgadas e interpretadas pelos Estados; e uma bioética filosófica, 
que procura compreender os princípios e valores que estão na base das reflexões e 
das ações humanas neste campo. 
Para abordar os dilemas éticos em saúde, a Bioética se sustenta em quatro 
princípios que devem nortear as discussões, decisões e ações na esfera dos 
cuidados de saúde. São eles: 
 Princípio da beneficência: dever de ajudar os outros, de fazer ou 
promover o bem a favor de seus interesses. Nesse princípio, o profissional se 
compromete a avaliar os riscos e os benefícios potenciais e a buscar o máximo de 
benefícios, reduzindo ao mínimo os danos e riscos; 
 Princípio da não maledicência: dever de abster-se de fazer qualquer 
mal para os clientes, de não causar danos ou colocá-los em risco. O profissional se 
compromete a avaliar e evitar os danos previsíveis; 
 Princípio da Autonomia: diz respeito à autodeterminação ou 
autogoverno, ao poder de decisão sobre si mesmo. Preconiza que a liberdade de 
cada ser humano deve ser resguardada. Cabe aos profissionais de saúde oferecer 
as informações técnicas necessárias para orientar as decisões do cliente para que 
possa participar das decisões sobre o cuidado/assistência à sua saúde; 
 Princípio da Justiça: relaciona-se à distribuição coerente e adequada 
de deveres e benefícios sociais. 
 
Chegamos, então, ao final deste primeiro módulo do nosso curso com um 
aumento dos conhecimentos sobre o setor de saúde, os quais serão fundamentais 
para uma ação de docência em saúde efetiva e com qualidade. 
 
 
 
FIM DO MÓDULO I 
 
 
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 27 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
DOCÊNCIA EM SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
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 28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
DOCÊNCIA EM SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
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 29 
 
 
MÓDULO II 
 
 
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO 
 
 
Olá, Turma! Continuando os nossos estudos sobre Docência em Saúde 
iremos, neste Módulo II, abordar os aspectos relacionados à Contextualização da 
Educação. 
Desse modo, vamos discutir as questões históricas e também aquelas 
relacionadas com o processo de educação como um todo. Esta abordagem é 
essencial para que possamos fundamentar a prática e conhecimentos necessários à 
Docência em Saúde. 
Então? Todos prontos? Vamos começar agora a nossa incursão pelo mundo 
da Educação! 
 
 
2.1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
 
Os períodos históricos da educação foram divididos a partir da importância 
de suas contribuições no processo evolutivo. 
 
 
2.1.1 Período Colonial 
 
 
A educação no território brasileiro teve início com as práticas feitas pelos 
indígenas que orientavam e ensinavam para suas crianças as diversas técnicas e 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 30 
atividades necessárias para o bom funcionamento das aldeias como plantar, 
cozinhar, pescar, guerrear, dentre outros. 
Essa situação foi modificada em 1549, quando os padres jesuítas chegam à 
recém-criada colônia portuguesa e criam a primeira escola brasileira localizada na 
cidade de Salvador. 
A atuação dos jesuítas no Brasil foi dividida entre o anúncio da fé católica 
por meio da catequese dos índios e a atividade educativa – feita com base nas 
orientações do Ratio Studiorum – que em 1570 já contava com cinco escolas 
elementares e três colégios dessa ordem religiosa em diversas cidades como Porto 
Seguro, Rio de Janeiro, Ilhéus, e outras. 
Assim, nos 210 anos em que os jesuítas permaneceram no Brasil eles 
fizeram toda uma organização do sistema educacional que compreendia desde o 
ensino mais básico até cursos superiores para formação de sacerdotes nas terras 
nacionais. 
A presença dos religiosos jesuítas no país acabou em 1749 quando os 
mesmos foram expulsos de Portugal e de suas colônias pelo Marquês de Pombal – 
administrador de todo o império português – devido às divergências entre os 
interesses da Coroa e dos padres católicos, pois a educação oferecida por eles 
gerava emancipação e conhecimento que não interessavam para a economia de 
Portugal a qual desejava uma mão de obra alienada nas colônias, que apenas 
trabalhasse sem pensar. 
Assim, no ano de 1759 o Marquês de Pombal publica um decreto que fecha 
todas as escolas jesuíticas em Portugal e em suascolônias criando, por 
consequência, uma nova estrutura educacional. 
Nesse novo período, a educação no Brasil consistia apenas nas chamadas 
Aulas Régias, com aulas de Latim, Grego e Retórica feitas por professores vitalícios 
e despreparados; sendo que este novo sistema gerou o verdadeiro caos no 
processo de ensino no território brasileiro. 
Para tentar melhorar esta situação, é criado no ano de 1772 o Subsídio 
Literário, que trazia um imposto a ser cobrado sobre a comercialização de diversos 
produtos – vinho, vinagre, cana verde, aguardente – e a sua arrecadação era 
utilizada para financiar o ensino primário e médio nas terras portuguesas. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 31 
O saldo para a educação brasileira no período de gestão do Marquês de 
Pombal foi o mais trágico possível, pois ele eliminou o sistema organizado feito 
pelos jesuítas e fez com que no início do século XIX a educação brasileira fosse 
praticamente inexistente, com práticas inadequadas e estagnadas sendo oferecidas 
aos pequenos brasileiros. 
Este verdadeiro caos educacional é modificado em 1808, com a vinda da 
Família Real Portuguesa para o Brasil. Para atender às suas necessidades, o 
imperador D.João VI cria uma verdadeira estrutura educacional com escolas de 
medicina, bibliotecas, imprensa e academias militares. 
 
 
2.1.2 Período Imperial 
 
 
O período imperial da história brasileira inicia-se no ano de 1822, quando D. 
Pedro I proclama a independência e outorga a primeira Constituição do Brasil, na 
qual se estabelecia que a educação primária seria gratuita para todos os cidadãos 
no país. 
Para melhorar o sistema educacional, no ano de 1823 é criado no país o 
chamado Método Lancaster (Método do Ensino Mútuo) no qual um aluno já treinado 
ensinava a grupos de até dez alunos, sob a vigilância de um professor-inspetor; este 
modelo usado em 1823 existe até os dias atuais, com as devidas adaptações, sendo 
conhecido na atualidade como o sistema de monitoria. 
Avançando na organização da educação no país, em 1826 o imperador 
determina por meio de uma lei a existência de quatro graus para instrução: 
Pedagogias, Liceus, Ginásios e Academias. 
Em 1837 é criado, na cidade do Rio de Janeiro, o Colégio Pedro II com a 
função de se tornar o modelo de ensino para o nível secundário em todo o país; no 
entanto, até o final do Império esta escola não conseguiu se organizar de forma 
efetiva para se tornar a referência educacional do Brasil. 
Assim, em 1889, com o fim do período imperial no Brasil, apesar de 
propostas interessantes não havia surgido nada de concreto na educação brasileira, 
 
 
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 32 
fazendo com que as ações educacionais se mantivessem escassas e divididas sem 
a ocorrência de um sistema de educação efetivo e com qualidade. 
 
 
2.1.3 Período Republicano 
 
 
Em 1889 o Império tem fim com a proclamação da república, organizada 
pelos militares, fazendo, assim, que surgisse um novo governo no Brasil, pautado no 
modelo presidencialista. 
Ao considerar de modo específico a educação, este período foi muito 
fecundo para as reformas no sistema educacional, muito influenciadas pelas ideias 
da filosofia positivista que considerava a devoção à ciência como grande guia a ser 
usado em todos os aspectos da vida individual e social. 
A Reforma Benjamin Constant – primeira proposta de mudança educacional 
deste período – propunha um ensino gratuito, sem ligação ou vínculo com nenhum 
tipo de religião (ensino laico) e a liberdade para a escolha e participação na 
educação. 
Algo inovador proposto por esta reforma e que é uma realidade até os dias 
atuais consiste na ideia de que o ensino deve formar os alunos para os níveis 
superiores de educação, substituindo o foco literário pelo da ciência com um 
enfoque para as pesquisas científicas. 
Em 1911 é proposta a Reforma Rivadávia Côrrea que determinava que o 
ensino secundário promovesse a formação do cidadão brasileiro, bem como 
propunha a liberdade do ensino com amplo acesso para a população brasileira e a 
troca do diploma por um certificado de aproveitamento. 
A última mudança deste período ficou por conta da Reforma João Luiz Alves 
que criou a disciplina conhecida como Moral e Cívica, que oferecia conhecimentos 
sobre a sociedade brasileira e o caráter, aumentando o sentido ético e nacionalista 
dos pequenos cidadãos brasileiros. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 33 
 
 
2.1.4 Revolução de 1930 e a Era Getúlio Vargas 
 
 
A organização da República Velha foi interrompida pela Revolução de 1930, 
chefiada por Getúlio Vargas, o qual permaneceu no poder até o ano de 1954, 
quando o então presidente da república comete suicídio e “sai da vida para entrar na 
história”. 
No ano de 1930 é criado o Ministério da Educação e Saúde Pública para 
cuidar especificamente dos assuntos relacionados à educação e à saúde no país; e 
em 1931 é implantada a Reforma Francisco Campos, que organizou de forma efetiva 
o ensino secundário e superior no Brasil. 
Uma das ações mais importantes deste período foi o Manifesto dos 
Pioneiros da Educação Nova, constituindo uma série de propostas feitas por 
conceituados educadores da época sob a liderança do professor Fernando de 
Azevedo para a melhoria da educação no país. 
Em 1934 é publicada a nova Constituição Federal, determinando de maneira 
inédita a educação como um direito de todos os brasileiros, devendo ser 
disponibilizado pelo governo e pela família. 
A próxima constituição do país foi outorgada por Getúlio Vargas no ano de 
1937 e, no que tange à educação, tinha a orientação de preparar muitos 
trabalhadores para atender à demanda da economia brasileira e para o alcance 
deste objetivo esta Lei Magna focou o sistema educacional no ensino profissional. 
Outra contribuição importante da Constituição Federal de 1937 foi a 
permissão, existente até os dias atuais, de que o ensino fosse oferecido por 
entidades públicas e particulares, bem como determinou a obrigação da oferta 
apenas do ensino primário. 
Com essas mudanças surge uma nítida separação entre a atuação 
intelectual feita pelos pertencentes às classes ricas e o trabalho braçal com foco no 
ensino profissional feito pelos brasileiros pertencentes às classes pobres. 
 
 
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 34 
Em 1942 são feitas as Leis Orgânicas do Ensino que mudaram certas áreas 
do ensino no Brasil e tiveram como grande contribuição a criação do SENAI (Serviço 
Nacional de Aprendizagem Industrial), com foco no ensino profissionalizante. 
Portanto, com o final da Era Vargas em 1954 surge uma estrutura de 
educação no país que era composta por: ensino primário com cinco anos de 
duração; ensino ginasial, que durava quatro anos; e um ensino colegial (nas 
modalidades clássica ou científica) que durava três anos. 
 
 
2.1.5 Nova República 
 
 
Com o final da Era Vargas é criada uma nova Constituição Federal que, 
quanto à educação, colocou a obrigação de todos os brasileiros cursarem pelo 
menos o ensino primário, retomando as ideias propostas pelo Manifesto da 
educação Nova da década de 1930. Também delimitou como competência do 
governo federal a regulamentação de todo o processo educacional brasileiro. 
Em 1946 é elaborado um anteprojeto de lei propondo uma reforma geral na 
educação nacional, que somente foi aprovado 13 anos depois, surgindo, assim, a 
LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) organizando, de maneira efetiva, todo 
o sistema de educação no país. 
Em 1950, na cidade de Salvador, o educador Anísio Teixeira inaugura o 
Centro Popular de Educação (Centro Educacional Carneiro Ribeiro), dando início a 
sua ideia de escola-classe e escola-parque. 
Em 1952, no município de Fortaleza, o educador Lauro de Oliveira Lima 
inicia uma didática educacional com base nas teorias científicas de Jean Piaget e do 
seu Método Psicogenético; em 1953 a educação passa a ser administrada por um 
Ministério próprio:o Ministério da Educação e Cultura. 
Em 1961 tem início uma campanha de alfabetização, cuja didática, criada 
pelo pernambucano Paulo Freire, tinha o propósito de alfabetizar em 40 horas os 
adultos analfabetos em grande quantidade no Brasil; em 1962 é criado o Conselho 
Federal de Educação, que ficou no lugar do Conselho Nacional de Educação e os 
Conselhos Estaduais de Educação e, ainda no ano de 1962 é criado o Plano 
 
 
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 35 
Nacional de Educação e o Programa Nacional de Alfabetização, pelo Ministério da 
Educação e Cultura, inspirado no Método Paulo Freire. 
 
 
2.1.6 Regime Militar 
 
 
O período da Ditadura Militar tem início no ano de 1964 a partir do golpe 
feito pelas forças armadas brasileiras e com isso a educação no país fica estagnada, 
pois todas as ideias e propostas de melhorias eram consideradas pelo governo 
militar como comunistas e subversivas. 
Para a educação o regime militar foi um período difícil, com demissão e 
prisão de professores, vigilância severa nas escolas, fechamento de universidades 
como UNB, USP, UNICAMP, dentre outras, estudantes eram feridos e mortos em 
confrontos com as forças policiais, dentre outras ações de repressão. 
Uma ação positiva desse período foi a criação com base nas ideias do 
pedagogo Paulo Freire do MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) que, 
como já visto, tinha como grande meta dar um fim no alto índice de analfabetismo 
existente no Brasil; no entanto, esta estratégia não alcançou o seu objetivo e devido 
à corrupção foi extinto e substituído pela Fundação Educar. 
A última ação do Regime Militar quanto à educação foi a criação em 1971 da 
nova edição da LDB, que tinha como principal característica oferecer uma formação 
educacional mais voltada para o mercado profissional. 
 
 
2.1.7 Redemocratização do Brasil 
 
 
A década de 1980 assistiu ao fim da Ditadura Militar e o início da 
redemocratização do Brasil a partir da eleição do civil Tancredo Neves. Neste 
período a educação volta a ser pensada e discutida sob um aspecto mais amplo 
 
 
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 36 
considerando a sua importância tanto para a escola quanto para a vida dos 
brasileiros de maneira geral. 
Como consequência disso, é criado um projeto de lei para a nova versão da 
LDB, que foi aprovada em 1996 e está em vigor até os dias atuais. Além disso, este 
período foi marcado por muitos projetos na área da educação. 
Um destes projetos que foram realizados foi o Exame Nacional de Cursos, o 
"Provão", no qual os alunos integrantes das universidades de todo o país têm que 
realizar uma prova no início e no final do curso para estarem aptos a receberem 
seus diplomas. Esta prova, na qual os alunos podem simplesmente assinar a ata de 
presença e se retirar sem responder a nenhuma questão, é levada em consideração 
como um critério de avaliação das instituições. Além do mais, entre outras questões, 
o exame não diferencia as regiões do país. 
O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) é, ao lado da 
análise dos cursos e das instituições, um dos meios de avaliação da qualidade da 
educação superior no Brasil. À participação dos estudantes dos cursos avaliados é 
obrigatória e condição para a obtenção do diploma, sendo registrado no histórico 
escolar a situação de regularidade com o exame. 
Criado em 2004, o ENADE substituiu o Exame Nacional de Cursos (também 
conhecido como Provão). Em sua sexta edição, a prova que mede as competências 
e habilidades dos estudantes nos respectivos cursos passou por algumas 
mudanças. 
Até os dias atuais muitas alterações têm sido feitas no planejamento e 
gestão educacional, mas a educação continua – em sua essência - a ter as mesmas 
características impostas em todos os países do mundo, que consiste em manter o 
"status quo" para aqueles que frequentam os bancos escolares, e em oferecer 
conhecimentos básicos que possam ser aproveitados pelos estudantes em suas 
vidas práticas. 
Apesar de todo o processo evolutivo e reformas feitas, a educação brasileira 
não evoluiu muito sob o aspecto da qualidade no ensino. As avaliações, de todos os 
níveis, tem o foco na aprendizagem dos estudantes, embora existam outros critérios 
que podem ser usados para isso. 
Nessa situação, é possível que uma nova revolução esteja próxima para a 
educação no Brasil, que pode vir desvinculada do modelo europeu de educação, 
 
 
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 37 
com a criação de novas possibilidades mais adequadas às peculiaridades 
brasileiras. 
Portanto, na evolução da História da Educação brasileira a próxima ruptura 
precisaria implantar um modelo que fosse único, atendendo às necessidades de 
nossa população e com a eficiência e eficácia não alcançadas até este momento. 
 
 
2.2 ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO 
 
 
A organização do Sistema Educacional Brasileiro ocorre por meio dos 
sistemas de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A 
Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LDB), instituída pela lei nº 9394, de 1996, são as leis que regem o sistema 
educacional brasileiro em vigor. 
A atual estrutura do sistema educacional regular no Brasil consiste na 
educação básica – educação infantil, ensino fundamental e ensino médio – e a 
educação superior. Os municípios têm a função educacional de atuar no ensino 
fundamental e na educação infantil; já os Estados e o Distrito Federal são 
responsáveis pelo ensino fundamental e ensino médio. E o governo federal exerce 
uma função redistributiva e supletiva na educação, devendo prestar assistência 
técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como 
deve organizar o sistema de educação superior no país. 
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, é realizada em 
creches, para crianças com até três anos de idade, e nas pré-escolas, para crianças 
de 4 a 6 anos. O ensino fundamental, com duração mínima de nove anos, é 
obrigatório e gratuito na escola pública, devendo o Poder Público garantir sua oferta 
para todos, inclusive aos que não tiveram acesso na idade própria para o mesmo. 
O ensino médio, etapa que finaliza a educação básica, tem duração mínima 
de três anos e oferece uma formação geral ao educando, podendo incluir programas 
de preparação geral para o trabalho e, de forma facultativa, a habilitação 
profissional. 
 
 
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 38 
Além do ensino regular, a educação formal possui as seguintes modalidades 
específicas: a educação especial, para os portadores de necessidades especiais; a 
educação de jovens e adultos, para aqueles que não tiveram acesso ou continuidade 
de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria para os mesmos. 
A educação profissional está integrada às diferentes formas de educação, ao 
trabalho, às ciências e à tecnologia, com o objetivo de conduzir ao permanente 
desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. O ensino de nível técnico é 
ministrado de forma independente do ensino médio regular. Este, entretanto, é 
requisito para a obtenção do diploma de técnico. 
A educação superior abrange os cursos de graduação nas diferentes áreas 
profissionais, que são disponíveis aos candidatos que tenham concluído o ensino 
médio ou equivalente e tenham sido classificados dentro do número de vagas em 
processos seletivos específicos. A pós-graduação também faz parte do nível superior 
de educação e compreende programas de especialização, mestrado, doutorado e 
pós-doutorado. 
Com a Lei nº 9.394/96 (LDB) o grande objetivo tornou-se normatizar o 
sistema educacional e garantir acesso igualitário para todos com relação à 
educação. Essa lei, de forma geral, oferece um conjunto de definições políticas que 
orientam o sistema educacional e introduz mudanças importantes na educação 
básica do Brasil. 
Desse modo, a nova proposta para a educação brasileira tem como metaa 
democratização e universalização do conhecimento básico, oferecendo educação e 
cuidado com a escolarização, assumindo um caráter intencional e sistemático, que 
oferece uma atenção especial ao desenvolvimento intelectual, sem descuidar de 
outros aspectos como o físico, o emocional, o moral e o social (Lei nº 9394/96). 
Sobre a Educação e a Escola no Brasil, Saviani (1987) identifica quatro 
importantes concepções utilizadas na organização e funcionamento da escola: a 
concepção humanista tradicional, a moderna, a analítica e a dialética. 
A concepção humanista tradicional identifica a educação a partir de uma 
visão pré-concebida do homem, o qual é visto como tendo uma essência que não 
pode ser modificada. A partir dessa concepção, sugere que a educação deve ser 
 
 
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 39 
feita conforme a essência humana, e a partir disso entende que as mudanças 
realizadas nas pessoas por meio do processo educativo são simples acidentes. 
Essa concepção tradicional possui uma vertente religiosa que prevaleceu até a 
Idade Média e uma vertente leiga feita por pensadores modernos como modo de 
consolidação da hegemonia da burguesia. Como princípios, defende a existência de 
sistemas públicos de ensino que sejam leigos, universais, gratuitos e centrados no 
educador que deve ser imitado pelos seus educandos. 
A segunda concepção educacional é a humanista moderna que possui 
também um conceito prévio de homem, mas considera que a existência do homem é 
anterior à sua essência e disso resulta que para esta corrente educacional o homem 
é "um ser completo desde o nascimento e inacabado até a morte". 
Assim, essa corrente defende que o aspecto psicológico predomina sobre o 
lógico e transfere o cerne do processo educativo do adulto para a criança 
considerando as suas atividades de existência, considerando que a educação segue 
o ritmo de vida que varia segundo as diferenças individuais, desconsiderando, na 
educação, esquemas predefinidos e lógicos. 
Uma terceira concepção proposta foi a analítica, que formula o seu conceito 
de educação com base na tarefa educacional que é definida como aquela que 
oferece um significado lógico à linguagem em função do seu contexto (tempo, lugar, 
a situação, a identidade, os temas de interesse e as histórias pessoais) tanto do 
educador quanto daqueles a quem ele se dirige. 
Por último, a concepção dialética considera a educação a partir do conjunto 
das relações sociais e, assim, aborda os problemas educacionais compreendidos 
dentro de um contexto histórico. 
Nota-se, então, que a escola brasileira, pensada segundo os moldes liberais, 
tem a missão de redimir os homens do seu duplo pecado histórico: a ignorância 
(miséria moral) e a opressão (miséria política) (ZANOTTI, 1972). 
Portanto, a articulação das concepções de educação com a sociedade 
brasileira possui um aspecto estrutural e é sustentada pelas práticas e projetos 
sociais, por meio dos quais os interesses, os princípios e os pressupostos do grupo 
social dominante tornam-se propósitos e valores do senso comum, ideologia 
 
 
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 40 
compartilhada pelo conjunto de sociedade e é essa lógica que torna o pensamento 
liberal hegemônico e a burguesia além de classe dominante, também dirigente. 
E então? Compreenderam em formas gerais como é organizado o sistema 
educacional brasileiro? Agora vamos continuar os nossos estudos conhecendo de 
forma mais específica cada uma das etapas da educação no Brasil. Vamos lá? 
 
 
2.2.1 Educação Infantil 
 
 
A Educação Infantil refere-se ao período em que ocorre a entrada da criança 
no Sistema Educacional. Esta entrada ocorre na atualidade aos quatro anos e 
permanece até os seis anos; nesta fase da educação não existe, teoricamente, um 
currículo comum a todas as instituições que deva ser seguido, pois o grande objetivo 
deste período escolar é com a adequação das crianças ao mundo escolar 
preparando-as para a sua inserção futura no ensino fundamental. 
A Educação Infantil é dividida em Ciclos Básicos I e II: 
 
Quadro 01: quadro demonstrativo das etapas do Ciclo Básico I. 
ORDEM CICLO BÁSICO I IDADE 
01 CICLO I 04 anos 
02 CICLO II 05 anos 
03 CICLO III 06 anos 
 
 
 
 
 
 
 
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 41 
 
Quadro 02: Quadro demonstrativo das etapas do Ciclo Básico II. 
ORDEM CICLO BÁSICO II IDADE 
04 CICLO I 07 anos 
05 CICLO II 08 anos 
06 CICLO III 09 anos 
07 CICLO IV 10 anos 
 
 
2.2.2 Ensino Fundamental 
 
 
Segundo Romualdo (2007) o Ensino Fundamental diz respeito à etapa da 
educação básica oferecida a crianças e adolescentes com uma duração mínima de 
nove anos, possui caráter obrigatório e gratuito a partir dos seis anos de idade, 
conforme regras instituídas na Lei nº 11.114/05 e conforme a LDB em seu artigo nº 
32 a qual institui o Ensino Fundamental como tendo o objetivo de oferecer uma 
formação básica do cidadão mediante o desenvolvimento da capacidade de 
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a 
formação de atitudes e valores. 
Além disso, houve a eliminação do limite de idade para poder ingressar no 
ensino fundamental obrigatório, permitindo, assim, que todos os brasileiros, em 
qualquer faixa etária acima de sete anos de idade, possam ter acesso a esta etapa 
da escolarização. 
A duração temporal desta etapa passa para quatro anos letivos 
correspondentes às antigas 5a a 8a séries do mesmo Ensino Fundamental. 
 
 
 
 
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Quadro 03: quadro demonstrativo das series do Ensino Fundamental. 
ORDEM SÉRIE IDADE 
01 1ª 11 anos 
02 2ª 12 anos 
03 3ª 13 anos 
04 4ª 14 anos 
 
 
2.2.3 Ensino Médio 
 
 
De acordo com a LDB, o Ensino Médio refere-se à etapa final da educação 
básica, e está em um processo constante de busca pela sua identidade enquanto 
nível de escolarização, pois em certas ocasiões ele é considerado como preparatório 
para o ensino universitário, e em outras ocasiões tem a finalidade de preparar os 
jovens para o mercado de trabalho. 
O objetivo do Ensino Médio, ainda segundo a LDB, consiste em preservar o 
caráter unitário, partindo da proposta de uma educação geral. Este nível de ensino 
tem a função primordial de permitir que os jovens consolidem e aprofundem os 
conhecimentos que foram obtidos anteriormente. Outra função atribuída ao ensino 
médio é a de permitir que os jovens possam ter acesso à educação 
profissionalizante, aprofundando sua compreensão sobre os fundamentos científicos 
e tecnológicos. 
 
 
 
 
 
 
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2.2.4 A educação de Jovens e Adultos (EJA) 
 
 
Em 1997 o governo Federal desvincula a EJA do MEC e cria o Programa 
Alfabetização Solidária, com o objetivo de reduzir as altas taxas de analfabetismo 
que ainda existiam em algumas regiões do país. Este programa era presidido pela 
primeira dama do país e atendia a 1,5 milhão e meio de brasileiros em 1200 
municípios brasileiros de 15 Estados, trabalhando em parcerias com empresas, 
instituições universitárias, pessoas físicas, prefeituras e o Mistério da Educação 
(MEC). 
Além das turmas tradicionais da Educação para Jovens Adultos, em 2003 o 
governo do presidente Lula criou o Programa Brasil Alfabetizado, que deu prioridade 
inicial para as instituições filantrópicas, e apenas a partir do segundo ano as 
Secretarias Estaduais e Municipais de Educação receberam mais recursos do 
programa, chegando em 2007 com quase 50 % de todos os recursos destinados ao 
Brasil Alfabetizado. 
Portanto, o desafio imposto para a Educação de Jovens e Adultos na 
atualidade consiste em reconhecer o direito do jovem/adulto de ser sujeito; mudar de 
forma profunda a maneira como este tipo de educação é concebida e praticada; 
buscar novas metodologias que considere os interesses dos jovens e adultos; 
pensar novas formas de EJA articuladas com o mundo do trabalho; investir 
seriamente na formação de educadores;e renovar o currículo de forma 
interdisciplinar e transversal, entre outras ações, de modo que este passe a 
constituir um direito, e não um favor prestado em função da disposição dos 
governos, da sociedade ou dos empresários. 
 
 
2.2.5 Educação Inclusiva 
 
 
 
 
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 44 
A educação inclusiva é uma modalidade de educação na qual os alunos 
considerados "normais" e aqueles que são portadores de algum tipo de deficiência 
podem aprender uns com os outros; sendo que uma depende da outra para que 
realmente ocorra uma educação de qualidade. A educação inclusiva no Brasil ainda 
consiste em um desafio a todos os profissionais de educação. 
A Educação inclusiva não deve ser tida como levar crianças especiais às 
classes comuns sem o acompanhamento do professor especializado; não pode 
ignorar as necessidades específicas da criança; não deve fazer as crianças 
seguirem um processo único de desenvolvimento, ao mesmo tempo e para todas as 
idades; deve ser extinto o atendimento de educação especial antes do tempo; 
esperar que os professores de classe regular ensinem as crianças portadoras de 
necessidades especiais sem um suporte técnico. 
 
 
2.2.6 Educação especial 
 
 
Existem milhões de crianças e jovens em idade escolar com algum tipo de 
deficiência. Muitos deles não possuem um atendimento especializado, estando ou 
matriculados em escolas regulares ou não estudando. 
A Educação Especial Brasileira atualmente abrange apenas uma pequena 
parcela dos deficientes existentes, sendo que quase a metade deles é composta de 
educados por meio de escolas particulares e as demais são federais, estaduais e 
municipais. 
A educação especial trata-se, portanto, de uma educação voltada para os 
portadores de deficiência auditiva, visual, intelectual, física, sensorial, surdo, 
cegueira e as múltiplas deficiências. 
 
 
 
 
 
 
 
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2.3 TIPOS DE SISTEMA EDUCACIONAL 
 
 
A prática do sistema educacional cuja estrutura foi mostrada anteriormente 
pode ser feita em dois tipos de atividades educacionais, que serão abordados a 
seguir. 
 
 
2.3.1 Educação Presencial 
 
 
A educação presencial consiste na modalidade didática mais antiga e 
tradicional, na qual ocorre o processo de aprendizagem por meio da presença física 
em um mesmo local tanto do professor quanto do aluno. 
 
 
2.3.2 Educação a Distância 
 
 
A Educação a Distância consiste em uma nova modalidade do processo de 
aprendizagem no qual a interação entre professor e aluno ocorre em locais e 
momentos diferentes. 
A Educação à Distância, ou Educação Online, possui as seguintes 
características: 
 Separação física aluno-professor; 
 
 
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 46 
 Uso de comunicação suportada pela Internet em dois sentidos; 
 Uso de uma rede computacional para apresentação ou distribuição do 
conteúdo educacional. 
As inovações da WEB possibilitaram o avanço e o aumento vertiginoso da 
Educação a Distância. Hoje os meios disponíveis para esta modalidade educacional 
são: videoconferências, teleconferências, salas de bate-papo temático, fóruns de 
discussão, blogs, wikis e plataformas de AVA´s. 
A educação a distância proporciona a possibilidade de aprendizagem com 
certa liberdade e flexibilidade. É uma aprendizagem com significado dentro dos 
ambientes digitais. 
 
 
2.4 FUNDAMENTOS DA ATIVIDADE EDUCACIONAL 
 
 
Os fundamentos da atividade educacionais têm como objetivo proporcionar o 
esclarecimento e a emancipação do ser humano, adotando como princípio norteador 
a reflexão, a discussão contínua, aberta e crítica dos Fundamentos do 
Conhecimento Humano, e constituindo permanente objeto da Educação. 
Os seus principais fundamentos envolvem ensino, pesquisa e extensão, os 
quais enfatizam a importância no trabalho acadêmico, dos fundamentos do 
conhecimento na formação do educador, possibilitando a reflexão e a crítica 
continuadas na práxis pedagógica, sob uma perspectiva de trabalho coletivo e 
interdisciplinar. 
Deve ser ressaltado que as propostas de trabalho viabilizam-se por 
intermédio de Núcleos temáticos que congregam professores do Departamento do 
Setor de Educação e de outros setores, bem como profissionais que atuam na 
sociedade, e traduzem o esforço em desenvolver ações articuladas no âmbito do 
saber epistêmico universal. 
 
 
 
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2.5 ANDRAGOGIA 
 
 
A andragogia consiste no ensino voltado para alunos adultos. Este tipo de 
educação no Brasil tem uma perspectiva com base nas proposições de Paulo Freire, 
que buscou pensar sobre a educação de jovens e adultos e delimitou, por meio da 
experiência prática, um caminho que proporcionaria uma aprendizagem significativa. 
A educação andragógica busca, portanto, promover o aprendizado por meio 
da experiência, fazendo com que a vivência estimule e transforme o conteúdo, 
impulsionando a assimilação, a compreensão, a memorização e a capacidade de 
resolver problemas por meio da categorização. 
A Andragogia é pautada em cinco princípios: 
1) A experiência ou vivência: os adultos são motivados a aprender à 
medida que experimentam que suas necessidades e interesses serão satisfeitos; 
2) Foco em situações centradas no dia a dia: a ação educacional precisa 
ser organizada em situações de vida do aluno, e as unidades de estudo tendem a 
fazer sentido à medida que fazem conexão com a rotina do aluno que estuda; 
3) Análise de casos: o método ideal para o adulto aprender é orientando-o 
em estudos de caso que apresentem ricas experiências e propostas com sentido 
para o aluno; 
4) Autoaprendizagem, autonomia e autodireção: os adultos conseguem, 
com independência e organização, atuarem de forma responsável e autônoma na 
vida. Na aprendizagem andragógica não é permitido apenas transmitir informação, 
mas dar sentido ao conhecimento e depois analisá-lo constantemente; 
5) Diversidade cultural: a educação de adultos deve considerar as 
diferenças de estilo, tempo, lugar e ritmo tanto no ensino quanto na maneira de 
aprender. 
 
 
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 48 
Sob o ponto de vista do processo de aprendizagem, a Andragogia possui os 
seguintes princípios: 
 O adulto é dotado de consciência crítica e ingênua a qual irá determinar 
a sua postura reativa ou proativa; 
 Compartilhar experiências é fundamental para o adulto, pois elas 
reforçam as suas crenças bem como pode influenciar as atitudes dos outros; 
 A relação educacional andragógica é baseada na relação entre o 
facilitador e o aprendiz em um clima de liberdade e proação; 
 A negociação com o adulto sobre o interesse em participar da atividade 
de aprendizagem é primordial para a sua motivação nos estudos; 
 O foco das atividades educacionais do adulto é na aprendizagem e não 
no ensino em si; 
 O adulto é o agente de sua aprendizagem, sendo ele quem deve 
decidir sobre o que aprender; 
 Aprender significa, na andragogia, adquirir: Conhecimento; Habilidade; 
Atitude; 
 O processo de aprendizagem do adulto acontece da seguinte maneira: 
*Sensibilização (motivação); 
*Pesquisa (estudo); 
* Discussão (esclarecimento); 
* Experimentação (prática); 
* Conclusão (convergência); 
* Compartilhamento (sedimentação). 
 A motivação do adulto para a aprendizagem está diretamente 
relacionada às chances que ele tem de partilhar sua história de vida; sendo assim, o 
seu ambiente de aprendizagem deve ser permeado de liberdade e incentivo para 
cada indivíduo falar de suas experiências e ideias; 
 
 
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 O diálogo é a essência do relacionamento educacional entre adultos; 
sendo assim, os estudantes adultos devem ser estimulados a desenvolver a sua 
habilidade tanto de falar quanto de ouvir; 
 O adulto é responsável pelo processo de comunicação; 
 A prática educacional do adulto é baseada na reflexão e ação e com 
isso os assuntos devem ser discutidos e vivenciados;

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