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23 HABEAS CORPUS

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www.trilhante.com.br
HABEAS CORPUS
ÍNDICE
1. APONTAMENTOS INICIAIS ........................................................................................... 4
2. IDENTIFICAÇÃO ............................................................................................................10
Caso 1 ............................................................................................................................................................................................. 10
Caso 2 ............................................................................................................................................................................................. 11
Caso 3 ............................................................................................................................................................................................. 11
3. CONSTRUÇÃO DA PEÇA PROCESSUAL ................................................................14
2ª Fase Prova Constitucional – Peça Prática ......................................................................................................14
www.trilhante.com.br 3
1. Apontamentos Iniciais
O termo habeas corpus significa “apresente o corpo”. Trata-se de um remédio 
constitucional que tutela a liberdade de locomoção do indivíduo. Assim, o habeas corpus 
é um remédio constitucional cabível sempre que alguém tiver sofrendo constrangimento 
ilegal no seu direito de ir e vir, ou quando estiver na iminência de sofrer tal constrangimento.
Dessa forma, nos termos do art. 5º, inciso LXVIII da CRFB/88:
Art. 5º, LXVIII. conceder-se-á “habeas-corpus” sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer 
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”.
Essencial ressaltar que o habeas corpus não é um recurso, apesar de o Código de 
Processo Penal enquadrá-lo como tal. É assim porque a utilização de recursos pressupõe 
uma decisão não transitada em julgado, e o remédio constitucional em questão pode 
ser impetrado a qualquer momento, ainda que esgotadas todas as instâncias. Além 
disso, ele pode ser impetrado tanto contra uma decisão judicial quanto contra um 
ato administrativo, bastando que haja a ameaça ou a violência ao direito de ir e vir de 
determinada pessoa.
Portanto, mais correto dizer que o habeas corpus é uma ação penal popular, vez que 
pode ser impetrado por qualquer indivíduo em qualquer momento processual. Neste 
passo, é necessária a presença de todos os requisitos da ação penal, quais sejam,
1. Possibilidade jurídica do pedido – a demanda proposta tem que ter previsão 
legal 
2. Interesse de agir – é preciso que de fato tenha havido indevida restrição ao 
direito de ir e vir ou sua ameaça
3. Legitimidade ad causam – qualquer pessoa possui legitimidade ativa para 
ajuizar habeas corpus
4. Justa causa – é preciso que o habeas corpus se dê em proveito de quem 
realmente precisa dele.
O habeas corpus, conforme supramencionado, pode ser impetrado por qualquer 
indivíduo, tendo ele, ou não, capacidade postulatória. Não há necessidade de o 
beneficiário outorgar procuração a quem ficar incumbido de impetrar o remédio. Até 
mesmo o Ministério Público ou qualquer pessoa jurídica podem impetrá-lo em favor de 
outrem.
Porém, importante ressaltar que o magistrado não poderá impetrar habeas corpus. Esta 
vedação condiz com sua função, a qual demanda neutralidade e imparcialidade, e só não 
se aplicará caso o próprio magistrado seja o beneficiado da ação. Ademais, ressalte-se 
www.trilhante.com.br 4
que o HC possui prioridade de julgamento, sendo julgado pelo juiz antes de todos os 
outros casos que ele tiver em mãos.
Como já mencionado, a legitimidade ativa do remédio constitucional ora estudado 
pertence a qualquer pessoa (impetrante), podendo ser física ou jurídica, nacional ou 
estrangeira, e não demanda o auxílio de advogado, ou seja, é permitido a qualquer 
indivíduo impetrar habeas corpus em favor de terceiro, a quem se chamará paciente. 
Já este terceiro, paciente em favor de quem se entra com HC, não poderá ser pessoa 
jurídica dado que o direito à liberdade de ir e vir é característico exclusivamente dos 
seres humanos, pessoas físicas.
A legitimidade passiva do HC será do coator. Chama-se coator aquele responsável por 
ameaçar, turbar, restringir ou atrapalhar indevidamente o direito à liberdade de locomoção 
do paciente.
A autoridade coatora será, normalmente, pessoa pública, como no exemplo da prisão 
injusta acometida por autoridade investida de poder de polícia. Será, entretanto, 
igualmente cabível impetrar HC diretamente contra um particular, por exemplo, no caso 
de injusta internação de alguém forçada por um familiar.
O mais comum, reforça-se, é que coator seja autoridade judiciária ou policial, podendo 
se considerar tanto pessoa física quanto pessoa jurídica. Bem colocam Mauro Cunha 
e Geraldo Coelho que “entre o coator e o paciente, há quase sempre um vínculo de 
dependência ou subordinação, quer porque o sujeito passivo da ação de habeas corpus 
está investido na autoridade de agente público, garantidor da ordem jurídica e da 
segurança da comunidade, quer porque tem ascendência natural e consequente poder 
que passa a usar abusivamente”.
Veremos adiante de que se trata este abuso de poder.
Retomando, o HC é cabível, nos termos do CPP, nas hipóteses de coação/ameaça ou 
abuso de poder à locomoção. Vejamos:
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência 
ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
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Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.
A modalidade “abuso de poder” pode se dar por
1. excesso de poder, quando a competência legítima é extrapolada;
2. desvio de poder, quando se desrespeita a finalidade do interesse público, ain-
da que dentro da competência do agente, e
3. omissão de poder, quando é dever legal do agente agir de determinado 
modo e este não o faz.
Há duas modalidades de Habeas corpus: o Habeas corpus liberatório/repressivo é aquele 
utilizado para interromper um impedimento ilegal já ocorrido ao direito de locomoção 
de indivíduo. É utilizado, via de regra, na hipótese de se libertar um preso. O segundo 
tipo é o Habeas corpus preventivo, que é aquele utilizado para prevenir uma possível ou 
provável restrição ao direito de ir e vir.
Para determinar a competência para julgamento de pedido de HC, há que se observar os 
critérios da territorialidade e da hierarquia. Em regra geral, a impetração do habeas corpus 
será feita perante a autoridade judiciária de primeiro grau, entretanto, a competência 
para julgamento do HC vai depender também do Legitimado Passivo e do paciente. 
Colocaremos, desta maneira, que será a autoridade judiciária hierarquicamente superior 
àquela que determinou o ato impugnado, nos termos do art. 650, § 1º do CPP.
Vejamos:
• Contra o ato do Delegado (autoridade coatora), o habeas corpus é impetrado 
junto ao Juiz de primeira instância.
• Contra o ato do Juiz de primeira instância, o habeas corpus é impetrado junto 
ao Tribunal estadual, federal, militar, eleitoral etc., ao qual estiver subordinado 
o juiz (autoridade coatora).
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10611677/artigo-650-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10611543/par%C3%A1grafo-1-artigo-650-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
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• Contra o ato do Tribunal de segunda instância, o habeas corpus é impetrado 
junto ao Tribunal Superior respectivo (STJ, STM, ou TSE).
• Contra atos dos Tribunais Superiores (STJ, STM, ou TSE) o habeas corpus será 
impetrado junto ao Supremo Tribunal Federal.
Atenção: essencial não confundir a autoridade que decreta a ordem injustamente 
e a autoridade que, cumprindo a tal ordem, faz seu devido de trabalho e pren-
de o indivíduo. Quando o delegado prende o paciente por determinação do 
juiz, a autoridade coatora será o juiz e não o delegado!
Adicionalmente, quando o Tribunal julga o habeas corpus e denega a ordem injustamente 
(julga improcedente o pedido de maneira indevida), a situação se altera; a partir deste 
evento, pode haver nova impetração de HC, no qual o Tribunal será a autoridade coatora.
Por fim, analisemos os requisitos da petição do HC, nos termos do art. 654:
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem 
como pelo Ministério Público.
§ 1º A petição de habeas corpus conterá:
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a 
violência, coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em 
que funda o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a 
designação das respectivas residências.
Desta forma, termos como requisitos:
(a) identificação do paciente e do impetrado;
(b) razões de fato e direito expondo a ilegalidade;
(c) requisitos formais, como a assinatura, endereçamento, etc.
Além disto, se for o caso na hipótese concreta, é plenamente admitido pela doutrina o 
cabimento de medida cautelar em sede de habeas corpus, apesar da falta de previsão 
legal para tanto. Nesta hipótese, necessários os clássicos requisitos deste instituto: o 
perigo na demora e a verossimilhança entre as alegações e o direito.
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Além do HC impetrado com pedido de liminar, é também naturalmente possível impetrar 
habeas corpus para combater medida cautelar concedida que tenha causado lesão ao 
direito de liberdade de locomoção de alguém.
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2. Identificação
O Habeas corpus, HC, é um remédio constitucional e, como tal, representa garantia  
constitucional em favor de qualquer indivíduo que venha a sofrer violência ou ameaça 
de constrangimento ilegal no âmbito de sua liberdade de locomoção, por parte de 
autoridade legítima.
Para fins de segunda fase do Exame de Ordem, ele será aplicado em casos concretos. 
Então, para identificar este tipo de peça processual em sua prova, será necessário, 
primeiramente, identificar se o enunciado está apresentando um problema concreto, de 
caráter subjetivo, envolvendo uma pessoa e um caso real, ou se está sendo discutida lei 
de caráter abstrato. Destarte, na hipótese da identificação de um caso concreto, possível 
pensar na possibilidade de Habeas corpus.
Após a identificação do caso concreto, deverá ser analisado se está sendo colocado em 
risco ou já impedido o direito de locomoção do indivíduo, ou seja, direito de ir, vir ou ficar. 
Em caso positivo, verifica-se se esta restrição de liberdade é ilegal ou utilizada por meio 
de abuso de poder, ou se é perfeitamente regular.
Neste passo, o aluno deve ter atenção para importantes requisitos de direcionamento, 
legitimidade e moldes do HC, da seguinte forma:
• Ilegalidade (art. 648, CPP) ou abuso de poder (na modalidade excesso, desvio ou 
omissão);
• Legitimidade ativa: qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira, 
independentemente de sua capacidade civil e política, de sua idade ou de seu 
estado mental pode impetrar HC em favor próprio ou de terceiro;
• Paciente: apenas pessoa física;
• HC Repressivo: o paciente já foi submetido ao constrangimento ou violência;
• HC Preventivo: há fundado receio de constrangimento futuro ou ameaça.
Diante disto, passemos a analisar casos concretos para identificação da peça processual:
Caso 1
Roberta Maria, brasileira, solteira, trabalha na cidade X, vendendo serviços de massagem 
erótica, que oferece às pessoas na rua em frente ao seu estabelecimento. Acontece que 
ao lado do local em que trabalha funciona a Igreja Z, cuja segurança é feita por um policial 
civil que faz bico durante os cultos.
O referido policial insultou Roberta, alertando-a que na próxima vez que estivesse com 
roupas provocantes em frente ao seu estabelecimento e abordasse as pessoas para 
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oferecer serviço de massagem, ele a levaria presa, porque tinha “pessoas de Deus” indo 
à Igreja.
Diante da referida ameaça, Roberta, com medo de ser presa e sem ter outro lugar para 
trabalhar, procura você, advogado, para saber qual medida pode tomar para evitar a 
injusta prisão. 
Analisando o caso, fica bem claro que se trata de um HC. Estamos diante de um caso 
concreto, uma ameaça à liberdade de locomoção, e essa ameaça é completamente ilegal. 
Desta forma, seria o caso de um HC preventivo, para evitar que essa prisão indevida 
venha a ocorrer no futuro.
Caso 2
Mévio de Tal, brasileiro, solteiro, estudante de engenharia, é herdeiro legítimo de herança 
de alto valor deixada por seu pai. Seus dois irmãos mais velhos, querendo dividir apenas 
entre si esses valores, o levaram e o internaram em um hospital psiquiátrico, contra a sua 
vontade, alegando surto psicótico de Mévio, através de um laudo médico forjado.
Poucos dias depois, Mévio consegue estabelecer contato telefônico com seu primo 
Paulo, e lhe conta toda a história ocorrida. Paulo, por sua vez, procura você, advogado, 
para propor a medida judicial mais rápida possível a fim de tirar Mévio do hospital e 
resguardar sua liberdade.
É claro que, novamente, se trata de um HC. Neste caso concreto, há restrição à liberdade 
de locomoção de Mévio, que foi internado contra sua vontade. Desta forma, o HC será 
impetrado na modalidade repressiva, tendo em vista que ele já se encontra com sua 
liberdade restringida por ato ilegal.
Caso 3
O secretário de planejamento do Município Alfa não consegue dar andamento em duas 
grandes obras do município por falta de verbas. Conforme ouviu do Prefeito, caso as 
cinco maiores empresas do município quitassem suas dívidas com a Prefeitura, haveria 
dinheiro o suficiente para as referidas obras.
Inconformado com a situação, o secretário passa a ameaçar os empresários devedores. 
Certo dia, acompanhado da Guarda Municipal, o secretário determina a prisão do 
empresário Rodolfo, quando este saía de sua casa – ordem imediatamente cumprida 
pela Guarda.
Na delegacia, o empresário foi informado que o delegado de polícia fora executar uma 
operação em local distante, e que não sabiam quando ele voltaria para decidir sobre a 
manutenção de sua prisão.
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Assim, Tamires, sua mulher, decide procurar você, advogado, para que tome medida 
imediata apta a livrá-lo da prisão ilegal, garantindo-lhe seu direito constitucional à 
liberdade.
Analisando o caso, mais uma vez, fica evidente que se trata de um HC. No caso concreto 
posto, houve indevida restrição à liberdade de locomoção de Rodolfo, que foi preso por 
decisão judicial autorizante. Desta forma, deverá ser impetrado HC repressivo, tendo em 
vista que ele já se encontra com sua liberdade restringida por ato ilegal do secretário do 
Município Alfa.
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3. Modelo de Habeas Corpus
Construção da Peça Processual
2ª Fase Prova Constitucional – Peça Prática
Em meio à Operação Lava-Tudo da Polícia Federal, apurou-se o envolvimento de 
parlamentares com grandes empresários brasileiros, em esquema de compra de votos 
para aprovação de leis de interesse privado. Diante disso, foi aberta uma Comissão 
Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados, para apurar as acusações.
O Deputado Tício Faria, brasileiro, solteiro, foi indiciado e intimado a depor dentro de 
uma semana, perantea CPI, já que teve seu nome associado aos esquemas de corrupção. 
Pelos Corredores do congresso, ficando sabendo, ademais, que a pressão seria grande 
para que ele falasse, inclusive com ameaças de prisão.
Com medo, Tício procura você, advogado, para que se lhe garanta seu direito constitucional 
ao silêncio, evitando eventual prisão, uma vez que, sob juramento, caso não respondesse 
as perguntas ou entrasse em contradição, poderia ser preso.
Na qualidade de advogado contratado por Tício, redija a peça processual cabível ao tema, 
observando: a) competência do Juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de 
méritos constitucionais e legais vinculados; d) requisitos formais da peça.
Neste passo, com a simples leitura do caso, possível perceber que se trata de um caso 
concreto, ou seja, não é hipótese de nenhuma lei em abstrato aplicável a todos sem a 
presença de partes específicas. Afasta-se, assim, a possibilidade de peças de controle de 
constitucionalidade em abstrato.
Desta forma, a peça:
A primeira coisa a ser feita é indicar a competência do juízo, ou seja, fazer o endereçamento 
da ação que, neste caso, por se tratar de Deputado Federal, será do STF.
Em seguida, devem ser inseridas as qualificações do impetrante, lembrando que não 
devem ser postas quaisquer informações que possam identificar o candidato! Após 
qualificar o impetrante, que, neste caso, será você -advogado-, devem ser inseridas as 
informações do paciente, ou seja, aquele a quem se deseja garantir a liberdade.
Respeitadas as formalidades iniciais, o candidato deve passar a produzir a parte nuclear 
da peça processual, tratando das preliminares, fatos e questões de direito.
Por fim, o candidato deve inserir a medida cautelar e os pedidos finais com seus devidos 
requisitos.
Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Do Supremo Tribunal Federal
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Nome, nacionalidade, estado civil, advogado, inscrito na Ordem dos Advogados do 
Brasil sob o nº xxxx; e CPF nº xxxx; residente e domiciliado à Rua xxxx; município xxxx, 
do Estado xxx; com endereço eletrônico constante de xxx; doravante denominado 
impetrando, vem, mui respeitosamente, perante V. Exa, nos termos do art. 5º, LXVIII, da 
Constituição Federal, e art. 647 e ss, do Código de Processo Penal, impetrar a presente 
ordem de:
HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR
Em favor de Tício Faria, brasileiro, solteiro, Deputado Federal, inscrito no RG xxxx; e CPF 
xxxx; residente e domiciliado à rua xxx; município xxx; do Estado xxx; contra ato da 
CÂMARA DOS DEPUTADOS; localizada à xxx; na cidade de Brasília, Distrito Federal, 
pelas razões de fato e direito a seguir:
I – Da Competência
A competência para julgamento do Habeas corpus é determinada por critérios que 
variam segundo o paciente ou a autoridade coatora responsável pela violência ilegal ou 
abusiva.
Em se tratando de paciente político membro do Congresso Nacional – neste caso, 
Deputado Federal –, reza a Constituição que a pessoa competente para o julgamento é 
o Supremo Tribunal Federal, conforme se nota no Art. 102, I, “b” c.c “d”.
Deste modo, o referido remédio deve julgado por este Pretório Excelso, nos termos 
estabelecidos pela Carta Magna.
II – Da Legitimidade Ativa
O habeas corpus, na esteira do art. 654 do CPP,  pode ser impetrado por qualquer pessoa 
física ou jurídica, em seu favor ou em favor de terceiro.
Esta ampla legitimação visa à maior tutela da liberdade do individuo que tenha sua 
locomoção ilegalmente violada ou ameaçada. Sendo assim, este que redige o presente 
remédio deve ser reconhecido como legitimado para sua impetração.
III – Da Legitimidade Passiva
A Constituição Federal e o CPP se referem à autoridade coatora como legitimado passivo 
do Habeas corpus, posto ser quem cerceia ou ameaça o direito fundamental de liberdade.
Assim, no cumprimento do Art. 654, §1º, “a”, informa-se que o responsável pela coação 
ilegal é a Câmara dos Deputados, cujos representantes deram indícios de que podem não 
respeitar o direito constitucional ao silêncio do paciente, atentando contra sua liberdade 
para constrangê-lo.
IV – Dos Fatos
www.trilhante.com.br 13
Após a operação Lava-Tudo da Polícia Federal, chegou-se à conclusão da possibilidade 
de haver um esquema de corrupção envolvendo parlamentares do Congresso Nacional.
Por conta disto, a Câmara dos Deputados resolveu instaurar uma Comissão Parlamentar 
de Inquérito (CPI) para investigar o suposto envolvimento de seus parlamentares e 
enviar suas conclusões ao Ministério Público. Entre as pessoas citadas nas investigações 
da Polícia Federal, encontra-se o paciente Tício, que, portanto, foi indiciado na CPI para 
prestar esclarecimentos.
Acontece que o envolvido tem desavenças políticas com alguns dos integrantes da CPI, 
tendo chegado ao seu conhecimento que seu eventual silêncio ou não colaboração 
poderia ser punida com ordem de prisão..
Assim, busca-se com este remédio tutela legal apta a conferir ao Deputado salvo-
conduto na prestação de esclarecimentos, para que ele possa, se desejar, exercer seu 
direito constitucional ao silêncio, como garantido pela Carta Magna.
V – Do Direito
A Carta Maior consagra, no art. 5º, LVIII, o direito ao silêncio como garantia fundamental 
do cidadão. Ainda que o dispositivo se refira ao preso, a interpretação deste direito 
fundamental deve ser extensiva, de modo a lhe dar mais eficiência, consoante o Princípio 
da Interpretação Máxima da Efetividade Constitucional.
Desse modo, não pode o paciente ser ameaçado de sofrer violência em sua liberdade – 
outro direito fundamental – simplesmente por escolher exercer um direito garantido pela 
Constituição no rol fundamental.
É pacífico na história, na doutrina e na jurisprudência que a liberdade é um dos direitos 
mais caros ao cidadão, alicerce da República e da própria possibilidade de convivência 
social, sem a qual não pode se falar em Estado Democrático de Direito, tal como 
consagrado no art. 1º da Constituição Federal.
É nesse sentido que o Habeas corpus existe como direito e garantia fundamental: trata-
se de remédio apto a proteger de modo eficaz a liberdade de locomoção do indivíduo, 
consagrada no art. 5º, XV e LXVIII, da CRFB/88.
Ora, V. Exa., a Constituição promete o uso desse remédio em situações atuais ou virtuais, 
ou seja, quando a violência já se concretizou ou quando há fundado receio que se dê. 
Para essa última hipótese, o CPP admite, no art. 660, § 4º, a concessão de salvo-conduto, 
justamente para evitar que essa ameaça se concretize. Não é outro, senão este, o caso!
VI – Da Concessão De Liminar
Apesar da falta de previsão legal, é pacífico na jurisprudência que o habeas corpus 
comporta decisão liminar. Para isso, os requisitos que autorizam são aqueles do fumus 
www.trilhante.com.br 14
boni juris (verossimilhança dos fatos) e do periculum in mora (perigo na demora). Ambos 
estão presentes neste caso, conforme já demonstrado.
Mas reitera-se: a probabilidade do direito verifica-se diante da possibilidade de constrição 
ilegal da liberdade devido ao eventual exercício do direito ao silêncio. Por outro lado, o 
perigo na demora se evidencia pela intimação já realizada pela CPI, que está próxima de 
acontecer, dentro de uma semana. Assim, é urgente a concessão do salvo-conduto na 
forma liminar.
VII – Do Pedido
Ante todo o exposto, requer-se:
• A concessão de liminar para determinar a expedição de salvo-conduto em favor 
do paciente, com fundamento no art. 660, § 4º, do Código de Processo Penal.
• A notificação da autoridade coatora para prestar informações no Prazo Legal.
• Seja julgado o mérito para, confirmando a liminar, salvaguardar ao paciente seu 
direito fundamental à liberdade de locomoção.
Apesar de ser gratuita, nos termos do art. 5 LXXVII da CF/88, para fins de formalidade, 
dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local e data
Advogado/OAB
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