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Resumo de D. Const Avançado

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1 
 
D. Constitucional Avançado 
 
Teoria Geral do Controle de Constitucionalidade 
 A constituição tem uma superioridade hierárquica em relação as outras leis. A supremacia da 
constituição impõe a compatibilidade vertical com as normas do ordenamento jurídico. Quando não 
compatível cabe ao órgão encarregado de impedir (de controlar) a criação ou manutenção de atos 
normativos que não estão de acordo com a constituição. 
 É inconstitucional a ação ou omissão que ofende, no todo ou em parte, a constituição. Se a lei 
ordinária, a lei complementar, o estatuto privado, o contrato, o ato administrativo etc. não estiver 
de acordo com a Constituição, estes não devem produzir efeitos. 
 
Critérios de classificação de inconstitucionalidade: 
1. Quanto à norma constitucional violada, a inconstitucionalidade pode ser: 
a. Formal: Também conhecida como nomodinâmica, na qual há um defeito na formação 
do ato, por desobediência às prescrições constitucionais referente ao trâmite 
legislativo adequado para sua feitura. A Inconstitucionalidade Formal Propriamente 
Dita pode ser: 
i. Subjetiva: Quando o efeito deriva de desobediência à iniciativa 
constitucionalmente estipulada. 
ii. Objetiva: Quando o vício está em desarmonia com as regras do processo 
legislativo de gestão da norma que não a iniciativa. Ex: Aprovação de uma 
proposta Emenda Constitucional por uma maioria inferior aos 3/5 exigidos 
pelo art. 60 §5° da CF. 
A nomodinâmica também pode ser uma Inconstitucionalidade Formal Orgânica que é 
quando há desobediência a regra de competência para produção do ato. 
b. Material: O conteúdo da norma é contrário ao conteúdo constitucional. Também 
conhecida como nomoestática. 
2. Quanto as tipo de conduta ofensiva, a inconstitucionalidade pode derivar de uma: 
a. Ação: Decorre de conduta positiva (um facere), que não se compatibiliza com 
preceitos constitucionais, ou seja, quando os poderes públicos agem ou editam 
normas em desacordo com a constituição. 
b. Omissão: Ocorre a omissão quando adotadas ou adotadas de modo insuficiente, 
medidas legislativas ou executivas necessárias (medidas de conduta negativa) para 
tornar plenamente aplicáveis normas constitucionais carentes de intermediação. 
i. Total: Não há nenhum resquício de regulamentação, a inércia é integral. 
ii. Parcial: Há atuação estatal, mas essa é deficiente ou insuficiente. 
3. Quanto ao momento, a inconstitucionalidade pode ser intitulada (nomenclatura): 
a. Originária: É aquela que profana o ato no momento de sua publicação, em razão de 
desrespeito aos princípios e regras da Constituição vigente. Exemplo: Se estamos 
diante de uma inconstitucionalidade originária de uma lei editada em 1985, 
certamente o confronto desta será com a Constituição que vigorava quando a lei foi 
elaborada. 
2 
 
b. Superveniente: É aquela que se resulta em incompatibilidade constitucional futuro, 
seja ele originário ou derivado (uma emenda constitucional). Assim uma lei editada em 
1985 torna-se supervenientemente inconstitucional com a promulgação do novo texto 
constitucional que fosse com ela incompatível. A jurisprudência do STF não admite a 
existência da inconstitucionalidade superveniente. É entendido como revogação (e 
não inconstitucionalidade) do direito anterior 
4. Quanto ao alcance ou extensão do vício, a inconstitucionalidade pode ser: 
a. Total: A inconstitucionalidade será total quando o diploma analisado é 
inconstitucional na sua totalidade. 
b. Parcial: Terá uma inconstitucionalidade parcial quando o vício atinge apenas trechos 
específicos do diploma. Haverá a divisão entre normas válidas e inválidas. 
5. Quanto ao prisma (caminho) de apuração, a inconstitucionalidade pode ser: 
a. Direta: A ofensa da norma ao texto constitucional é frontal, isto é, entre a norma 
constitucional e o diploma avaliado não há que ser interposta nenhuma outra norma. 
b. Indireta: Ocorre quando a ofensa vem indiretamente, ou seja, por outra norma que 
não seja a Constituição. 
i. Reflexa: É aquela na qual o vício é decorrente do desrespeito direto à uma 
norma infraconstitucional – e não a Constituição propriamente. 
ii. Consequencial: Ocorre quando há entre duas normas uma relação de 
dependência – uma principal e outra acessória – sendo que a declaração de 
inconstitucionalidade da principal enseja a declaração de 
inconstitucionalidade da acessória, ainda que o pedido tenha se limitado à 
principal. 
 
 
Formas de Controle de Constitucionalidade: 
1. Quanto ao momento: 
a. Preventivo: O controle preventivo de constitucionalidade tem como objetivo leis ou 
atos normativos em formação. 
i. Poder Legislativo: No âmbito Legislativo o controle preventivo de 
constitucionalidade é exercido, em regra, pelas Comissões de Constituição e 
Justiça (CCJ). É estabelecido que antes do plenário analisar a 
constitucionalidade, a CCJ terá de examinar dar seu parecer sobre a matéria 
que lhe forem submetidas. Se o parecer for de inconstitucionalidade, a 
proposição será considerada rejeitada e arquivada definitivamente. Se o 
parecer não for unânime, admite-se recurso de um decimo dos membros do 
Senado. 
Fora de regra o controle preventivo no âmbito parlamentar também ocorre 
quando o Congresso Nacional aprecia um projeto de lei elaborada pelo 
Presidente da República (CF, Art. 68, §3°). 
ii. Poder Executivo: No âmbito executivo o controle preventivo é exercido 
opondo o veto jurídico a projeto de lei considerado inconstitucional. (CF, Art. 
66, §1°) 
iii. Poder Judiciário: No judiciário ocorre apenas excepcionalmente, nos casos de 
impetração de mandado de segurança por parlamentar quando violadas as 
regras do processo legislativo. (CF, Art. 60, §4°) 
3 
 
b. Repressivo: O controle repressivo de constitucionalidade tem como objetivo leis ou 
atos normativos já promulgados, editados e publicados. 
i. Poder Legislativo: O poder legislativo pode, por meio do Congresso Nacional, 
suspender atos do Presidente da República que vão além dos limites legais de 
seu cargo. 
ii. Poder Executivo: 
iii. Poder Judiciário: O órgão realmente atuante nos atos de controle repressivo 
de constitucionalidade é o Poder Judiciário. Em especial o STF feito pelos 
métodos de Controle Difuso ou Concentrado 
2. Quanto à natureza do órgão: 
a. Controle Político: É realizado por órgãos sem poder jurisdicional. 
b. Controle Jurisdicional: O controle jurisdicional é exercido por órgãos do Poder 
Judiciário. O mais típico no Brasil. 
3. Quanto à finalidade do controle: 
a. Concreto: É deduzir em juízo através de processo constitucional subjetivo, exercido 
com a finalidade principal de solucionar controvérsia envolvendo direitos subjetivos. 
Análise feita depois da decisão do caso concreto. 
b. Abstrato: No controle abstrato a regra da constitucionalidade não depende só da lei 
e a constituição, não é apenas uma análise puramente jurídica, ela também analisa os 
fatos, o problema que levou esse fato a ser analisado no primeiro lugar. Por causa 
desses 3 elementos (fato, lei e constituição) o controle abstrato pode ser levado a 
uma finalidade induzida ao erro. Análise feita antecedente a decisão. 
4. Quanto ao tipo de pretensão deduzida em juízo: 
a. Processo Constitucional Objetivo: Referidos diplomas legislativos trazem regras 
materiais e sobretudo processuais, a fim de viabilizar o trâmite das ações voltadas 
ao controle de constitucionalidade. (exemplos: ADI, ADC, ADO e ADPF) 
b. Processo Constitucional Subjetivo: Não busca a declaração da inconstitucionalidade, 
mas sim a prevenção ou reparação da lesão a direito concretamente violado. 
5. Quanto à competência: 
a. Controle Difuso: (ou concreto ou aberto ou de via de exceção): Realizado por 
qualquer juiz no caso concreto. Satisfação de um direito individual ou coletivo. Pedido 
principal depende da apreciação da questão constitucional. Realizará sempre de modo 
incidental. 
b. Controle Concentrado: (ou abstrato ou reservadoou de via de ação): O controle se 
concentra no STF e no TJ que são órgãos judicial de competência originária, que 
exerce o controle julgando as ações ADI, ADC, ADO e ADPF. 
 
 
Natureza da norma Inconstitucional (Teoria da Nulidade ou da Anulação): 
Há controvérsia envolvendo a natureza da inconstitucional (o momento que é considerada 
inconstitucional). Uma concepção, adotada pelo sistema austríaco, considera a norma inconstitucional 
como ato anulável. Sendo assim, a norma era válida e eficaz até quando foi decretada 
inconstitucional. Essa Teoria da Anulabilidade é sustentada por Hans Kelsen, tem efeito Ex Nunc, 
não retroativo. Outra teoria, de concepção clássica, adotada nos EUA, considera a norma 
inconstitucional como um ato nulo. Sendo assim, a norma é considerada inválida desde a origem. Essa 
Teoria da Nulidade tem efeito Ex Tunc, ela retroage no tempo. 
4 
 
A Teoria Adotada no Brasil está decretada no artigo 27 da Lei n.º 9.868/99 
“Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança 
jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois 
terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha 
eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.” 
 
Controle Difuso de Constitucionalidade 
Conceito: O Controle Difuso pode ser realizado por qualquer juízo ou tribunal do Poder Judiciário. 
Controle Difuso nos Tribunais: No tribunal competente, distribuído o processo para uma turma, 
câmara ou seção, Legitimados para arguir a inconstitucionalidade: São todos os sujeitos 
processuais principais. Sujeitos: Autor, Réu, Ministério Público, Juiz de ofício pode declarar. Não há 
rol taxativo. 
Introdução: Judicial Review; Influência Estadunidense; Controle Difuso; Concreto; Subjetivo 
(partes); via incidental (não é o objetivo principal da ação). 
 
 
Controle Concentrado de Constitucionalidade 
 
Conceito: Quem faz o controle que se concentra em determinados órgãos. Controle 
concentrado com a Constituição Federal é no STF. Quem faz o controle concentrado com a 
Constituição Estadual é o Tribunal de Justiça, podendo recorrer ao STF. 
 Ações: ADI: Ação Direta de Inconstitucionalidade: é a ação que tem por finalidade declarar 
que uma lei ou parte dela é inconstitucional, ou seja, contraria a Constituição Federal. 
ADC: Ação Declaratória de Constitucionalidade: Busca-se por meio desta ação 
declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal. 
ADPF: Arguição de descumprimento de preceito fundamental: a ação destinada 
a evitar ou reparar lesão a preceito/direito fundamental resultante de ato do Poder Público, 
incluído neste rol os atos anteriores à promulgação da Constituição Federal. Declarar 
Inconstitucional declarar não recepcionada. 
ADO: Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão: tem o objetivo de provocar 
o Judiciário para que seja reconhecida a demora na produção da norma regulamentadora. 
ADI interventiva: Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva apresenta-se 
como um dos pressupostos para a decretação da intervenção federal, ou estadual. 
Unidade IV – Remédios Constitucionais Art. 5° da CF 
 Conceito: Os remédios constitucionais são garantias, são medidas utilizadas com a finalidade 
de tornar efetivo o exercício dos direitos. 
 Ações: HC (O habeas corpus possui natureza de ação constitucional penal e visa garantir que 
atos ou qualquer violência privem a pessoa de sua liberdade de ir e vir, em que se funda o direito de 
locomoção, por abuso de poder ou ilegalidade.), 
HD (habeas data: ação que assegura o livre acesso de qualquer cidadão a informações a ele próprio 
relativas, constantes de registros, fichários ou bancos de dados de entidades governamentais ou de 
caráter público.), 
5 
 
MS (Mandado de segurança é um remédio residual. É definido como um remédio jurídico com 
natureza de ação civil, que garante a pessoa física ou jurídica, anular ato ilegal que violou seu direito, 
ou impedir que se execute ameaça contra esse direito, sendo ele líquido e certo.) , 
MI (O mandado de injunção assegura qualquer direito constitucional que não esteja regulamentado, 
conferindo imediata aplicabilidade à norma constitucional inerte por ausência de regulamentação, 
omissão, devendo o titular do bem reclamado ter o interesse de agir.) e 
Ação Popular (Ação popular é um instrumento conferido ao cidadão, dando-lhe a oportunidade de 
função fiscalizadora e de invocar a atividade jurisdicional para que assim possa modificar atos ou 
contratos administrativos, que sendo ilegais, causem lesão ao patrimônio público ou de entidade de 
que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e 
cultural.) 
 
UNIDADE IV 
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 
 
 
Introdução: 
Neste capítulo, você estudará as ações constitucionais garantidoras de direitos fundamentais. São 
denominadas de direitos ao quadrado exatamente em função desse objetivo de atuar como garantia 
de outros direitos. Do ponto de vista constitucional, tais figuras jurídicas, denominadas de remédios 
constitucionais, são usadas para acionar a prestação jurisdicional nas hipóteses de violação de 
direitos, seja por ilegalidade, seja por abuso de poder. 
Os remédios constitucionais, também denominados de writs, são ordens mandamentais definidas no 
artigo 5º de nossa Carta Ápice e são os seguintes: habeas corpus (inciso LXVIII), habeas data 
(inciso LXXII), mandato de segurança (incisos LXIX e LXX), ação popular (inciso LXXIII) e mandato 
de injunção (inciso LXXI). 
 
1. Habeas Corpus 
1.1. Direito 
A locomoção no território nacional em tempo de paz é livre, podendo qualquer pessoa, nos termos da 
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. Nesse sentido, salvo nos casos de 
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei, ninguém será preso senão em 
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente (art. 5.º, 
LXI). 
 
O habeas corpus é uma garantia constitucional específica que se destina à proteção do direito de ir, 
vir e ficar, ou seja, tutela à liberdade de locomoção. Todas as vezes que a liberdade de locomoção 
for restringida de forma ilegal ou abusiva o remédio cabível é o habeas corpus. O sentido da 
expressão habeas corpus é “corpo livre”, pois trata do direito de ir e vir resguardado por meio desse 
instituto. 
 
- É um remédio constitucional (de natureza mandamental - writ) que atualmente está previsto no art. 
5º, LXVIII, CF/88. Também está contemplado nos arts. 647 e ss. do CPP. 
6 
 
- É uma ação de impugnação destinada a fazer cessar coação ou ameaça de coação à liberdade de 
locomoção da pessoa, por ilegalidade ou abuso de poder. É, para além da liberdade de ir e vir, a 
liberdade também de ficar, de reunir-se pacificamente, como um desdobramento da locomoção. 
- Assim, o HC, no Brasil, é um instrumento de ataque colateral (remédio heroico) destinado a 
garantir a liberdade individual. 
- É um procedimento sumário e de cognição limitada (deve haver um direito líquido e certo), pois há a 
impossibilidade de uma dilação probatória com ampla discussão. Assim, o HC é a possibilidade de uma 
“medida liminar” que possibilita o juiz uma intervenção imediata, baseada na verossimilhança da 
ilegalidade do ato e no perigo derivado do dano inerente à demora da prestação jurisdicional 
ordinária. 
- Não há prazo estabelecido para impetração de HC. 
 
1.2. Duas espécies: 
 a) liberatório ou sucessivo: destinado a fazer cessar o constrangimento ilegal já existente; 
expedir-se-á o alvará de soltura. 
 b) preventivo: destinado a impedir que o constrangimento ilegal se efetive. Deste, expedir-
se-á salvo-conduto (**), para impedir a efetivação da coação. 
 
1.3. Atores: 
 - Impetrante: Qualquer pessoa poderá impetrarordem de HC em seu favor ou em favor de 
outrem, inclusive MP. 
- Quem pode impetrar habeas corpus? Qualquer pessoa. Legitimidade universal. 
 - Paciente: é aquele a quem em favor é impetrado o HC. 
 - Autoridade coatora ou coator: pode ser qualquer autoridade com poderes de coação (Juiz, 
MP, delegado, policial) ou até mesmo particular, dependendo do caso, como por exemplo o diretor de 
um hospital particular que impede a saída de paciente que teve alta, porque não pagou as despesas. 
 - Exemplo de particulares: internação de doentes mentais e toxicômanos; Internação de 
idosos em clínicas geriátricas. Situações desumanas (pela limitação probatória do instrumento e 
sumariedade da ação). 
- Outros exemplos: O STF tem admitido HC nos casos de quebra de sigilo fiscal e bancário, quando 
seu destino é o de fazer prova em procedimento penal, pois têm a possibilidade de resultar em 
constrangimento à liberdade do investigado. 
 
1.4. Jurisdição 
- Art. 650, § 1º, CPP 
 - A ordem será impetrada sempre perante o órgão judiciário imediatamente superior à 
instância da autoridade coatora (princípio da hierarquia), que poderá requisitar as informações 
desta. 
- De acordo com o art. 649 – os juízes e tribunais têm o dever de corrigir o endereçamento do writ 
que, por erro, tenham sido distribuídos para a autoridade competente. 
 
1.5. HC é somente na esfera penal? 
- Não. Tem cabimento nas prisões civis. Há também HC nas relações trabalhistas. 
- Ver Súmula Vinculante 25: Art. 652, CC. 
 
7 
 
- Ex.: Jogador Scarpa consegue Habeas Corpus 
no TST para atuar no Palmeiras (2018). 
 * Ressalva: de acordo com o final do art. 647 mitiga-se o direito à HC em relação às punições 
disciplinares impostas pelas forças armadas (ver também art. 142, § 2º, CF/88). Porém, o STF e o 
STJ já vêm decidindo em diversos casos que é possível o uso do writ contra punições disciplinares. 
 - Por fim, é importante sublinhar as Súmulas 693 e 695 do STF que determinam o não 
seguimento do HC quando a coação ilegal não afetar diretamente a liberdade de ir e vir. 
 
1.6. Cabimento: 
- O art. 648 traz a enumeração do que se entende por constrangimento ilegal: 
 I - quando não houver justa causa: A coação é ilegal quando não possui um suporte jurídico e 
fático legitimante, quando não tem motivo, um amparo legal. Desdobra-se em duas hipóteses: 
 
 a) justa causa para a ordem proferida, que resultou em coação contra alguém: baseia-se na 
falta de prova ou de requisitos legais para que alguém seja submetido a constrangimento. 
- Ex.: prisão realizada sem ordem judicial e sem uma situação de flagrância; Prisão cautelar sem 
suficiente fumus comissi delicti e periculum libertatis (desproporcionalidade da prisão preventiva 
decretada); Cabe também no caso de decretar uma medida cautelar e não fundamentar sua 
necessidade. 
Exs.: CPI, visita íntima do preso. 
 
 b) justa causa para investigação ou processo contra alguém, sem que haja lastro probatório 
suficiente: carência de provas a sustentar a existência e manutenção da investigação criminal ou do 
processo penal. Esta é uma medida excepcional que somente deve ser admitida no caso de indevida 
manifestação penal. 
 
 Ex.: investigação de fato atípico; denúncia que se baseia em uma única prova considerada 
ilícita; decisão que recebe denúncia. 
 Ex.: Prostituição. 
 * Conforme a ilegalidade, o HC terá uma determinada eficácia como a concessão da liberdade 
ou o trancamento do processo. 
 
 
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei: É o caso das prisões 
temporárias e do cumprimento de pena acima do estabelecido na sentença condenatória. Pode-se 
ainda discutir, por esta via, a demora do processo e o excesso de tempo da prisão cautelar. 
 
 
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo: a competência aqui se 
emprega no sentido estrito, ou seja, relacionado à autoridade judiciária, e não policial, pois esta 
última não possui competência, mas atribuições. Assim, todas as diferentes coações são realizadas 
por um juiz. 
Ex.: Juiz estadual manda prender preventivamente réu de processo da competência federal. 
 
 
8 
 
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação: a coação ilegal, seja ela prisão 
preventiva ou outra forma de controle do poder estatal (medida cautelar), deve haver um suporte 
fático que a justifique. Portanto, uma vez desaparecido o fundamento (que é situacional), deve 
também cessar a coação, que se torna legítima para ilegítima. 
 
 
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza: a fiança deve 
ser arbitrada sempre que a situação recomendar e que o crime seja afiançável. 
- Porém para além dessa interpretação restrita, Aury Lopes aponta que a fiança também pode ser 
arbitrada em excesso (pode chegar a 200 mil salários mínimos – art. 325), equivalendo-se a um não 
oferecimento (um oferecimento intangível). 
 
 
VI - quando o processo for manifestamente nulo: Trata-se de caso em que a nulidade (absoluta) não 
é sanada e o vício persiste, tonando o processo nulo. Assim, o feito defeituoso deve ser refeito de 
acordo com o art. 652. 
 
 
VII - quando extinta a punibilidade: é uma forma de HC que encerra qualquer processo, inquérito ou 
pena, em suma, qualquer restrição que possa existir, inclusive patrimonial (medida assecuratória). 
 
* O rol do art. 648 é exemplificativo. O HC é um instrumento de Collateral Attack, podendo ser 
utilizado em outros atos penais podem ser determinados como coação ilegal. Ex.: intervenção 
corporal que viola o direito fundamental de permanecer em silêncio e não produzir provas contra si 
mesmo. 
 
 1.7. Súmula 691 
 
- Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão 
do relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar. 
 
1.8. HC coletivo 
 
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na sessão desta terça-feira (20), por 
maioria de votos, conceder Habeas Corpus (HC 143641) coletivo para determinar a substituição da 
prisão preventiva por domiciliar de mulheres presas, em todo o território nacional, que sejam 
gestantes ou mães de crianças de até 12 anos ou de pessoas com deficiência, sem prejuízo da 
aplicação das medidas alternativas previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal (CPP). 
A decisão será comunicada aos presidentes dos tribunais estaduais e federais, inclusive da Justiça 
Militar estadual e federal, para que, no prazo de 60 dias, sejam analisadas e implementadas de modo 
integral as determinações fixadas pela Turma. 
 
Inicialmente, os ministros da Segunda Turma discutiram o cabimento do HC coletivo. Para o relator, 
ministro Ricardo Lewandowski, o habeas corpus, como foi apresentado, na dimensão coletiva, é 
cabível. Segundo ele, trata-se da única solução viável para garantir acesso à Justiça de grupos 
sociais mais vulneráveis. De acordo com o ministro, o habeas corpus coletivo deve ser aceito, 
9 
 
principalmente, porque tem por objetivo salvaguardar um dos mais preciosos bens do ser humano, 
que é a liberdade. Ele lembrou ainda que, na sociedade contemporânea, muitos abusos assumem 
caráter coletivo. Lewandowski citou processo julgado pela Corte Suprema argentina, que, em caso 
envolvendo pessoas presas em situação insalubre, reconheceu o cabimento de habeas coletivo. O 
mesmo ocorreu com o Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, em situação envolvendo presos 
colocados em contêineres, transformou um HC individual em corpus coletivo. 
Já o ministro Dias Toffoli citou, entre outros argumentos, os incisos LXVIII, LXIX e LXX do artigo 
5º da Constituição Federal, que afirmam o cabimento de mandado de segurança quando não couber 
habeas corpus. Assim como o MS pode ser coletivo, ele entende que o HC também pode ter esse 
caráter. Contudo, o ministro conheceu em parte do HC, por entenderque não se pode dar trâmite a 
impetrações contra decisões de primeira e segunda instâncias, só devendo analisar os pleitos que já 
passaram pelo STJ. Nos demais casos, contudo, o STF pode conceder ordens de ofício, se assim o 
entender, explicou o ministro. 
Para o ministro Gilmar Mendes, do ponto de vista constitucional, é preciso ser bastante 
compreensivo no tocante à construção do HC como instrumento processual. O habeas, segundo o 
ministro, é a garantia básica que deu origem a todo o manancial do processo constitucional. O caso 
em julgamento, frisou, é bastante singularizado e necessita de coletivização. 
O decano da Corte, ministro Celso de Mello, defendeu que se devem aceitar adequações a novas 
exigências e necessidades resultantes dos processos sociais econômicos e políticos, de modo a 
viabilizar a adaptação do corpo da Constituição a nova conformação surgida em dado momento 
histórico. 
O presidente da Turma, ministro Edson Fachin, concordou com os argumentos apresentados pelos 
demais ministros quanto à elasticidade da compreensão que permite a impetração de habeas corpus 
coletivo. Contudo, acompanhou o ministro Dias Toffoli quanto à abrangência do conhecimento, que 
não atinge decisões de primeira e segunda instâncias. 
 
 
1.9. Restrições em situações excepcionais à liberdade de locomoção 
Esse direito poderá ser restringido na vigência de estado de defesa, quando se cria a possibilidade 
de prisão por crime de Estado determinada pelo executor da medida (art. 136, § 3.º, I), exceção à 
regra acima exposta (flagrante delito ou ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária 
competente). 
 
No mesmo sentido ocorrerá restrição à liberdade de locomoção na vigência do estado de sítio, nos 
termos do art. 139, I, podendo ser tomadas contra as pessoas (nas hipóteses do art. 137, I) medidas 
no sentido de obrigá-las a permanecer em localidade determinada, bem como medidas restritivas 
também em caso de guerra declarada ou agressão armada estrangeira (art. 137, II). 
 
 
 
Unidade V – Dogmática Pós-Positivista (Técnica de Interpretação) 
No direito contemporâneo a lei é apenas um detalhe

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