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4 - Pediatria - Hipoglicemia Neonatal

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PEDIATRIA: 
HIPOGLICEMIA NEONATAL 
 
A hipoglicemia neonatal é o distúrbio metabólico mais frequente na neonatologia e o seu 
diagnóstico deve ser precoce. Pode conferir risco de vida em algumas situações e acarretar 
em sequelas neurológicas. Ela é separada em transitória (<3 dias) ou persistente (>3 dias), essa 
classificação auxilia na investigação. 
O feto recebe a glicose da mãe através da placenta, mas não recebe a insulina, por esse motivo 
o feto é capaz de produzir insulina a partir da 13ª semana de gestação. Os mecanismos de 
produção de glicose estão inativos no feto, entretanto a produção de estoque de glicogênio 
hepático ocorre no 3º trimestre. Quando ocorre o nascimento, esse aporte glicêmico materno 
acaba no momento do clampeamento do cordão. A partir desse momento o RN inicia sua 
produção independente de glicose. Os estoques de glicogênio hepático estarão disponíveis nas 
primeiras 12 horas de vida e serão utilizados como principal fonte de energia do RN. O 
nascimento é um evento traumático, e o estresse do nascimento aumenta o cortisol e pode 
aumentar a glicose por um curto período após o nascimento. Ao nascer, a glicemia do neonato 
estará mais baixa, em valores toleráveis, depois esse valor vai se normalizando. A 
gliconeogênese não está madura no neonato ainda, e o bebê leva um tempo para se adaptar. 
Os valores de referência de hipoglicemia pela glicemia plasmática são: 
→ <47mg/dL (AAP) 
→ <50mg/dL (Sociedade de Endocrinologia) 
→ <45mg/dL (Ministério da Saúde) 
Os fatores de risco para hipoglicemia neonatal são: prematuridade, PIG, GIG e filhos de mãe 
diabética. A patogenia dessa afecção se dá por baixa reserva de glicogênio hepático (PIG e PT), 
hiperinsulinismo (mãe com DM ou DMG, GIG) e elevado gasto metabólico (GIG). Existem outros 
RN de risco: filhos de mãe usuárias de medicamentos hipoglicemiantes orais (podem passar 
através da placenta), pós-exanguineotransfusão (dextrose do anti-coagulante pode 
estimular a produção de insulina) ou neonato com policitemia (alto gasto metabólico). 
Hipoglicemia persistente ou resistente é mais rara e pode ocorrer por hiperinsulinismo 
congênito, deficiência do GH ou Acth, insuficiência adrenal primária e erros inatos do 
metabolismo. 
Quadro Clínico 
Geralmente é assintomático, mas pode cursar com alguns sintomas. Dentre eles: 
→ Sinais gerais temos: recusa alimentar, choro fraco, instabilidade térmica e apatia. 
→ Sinais neurológicos: hipotonia, letargia, irritabilidade, tremores de extremidades e 
convulsões. 
→ Distúrbios cardiorrespiratórios: cianose, apneia, taquipneia e taquicardia. 
Como não sabemos quem terá manifestações, devemos adotar monitoramento em todos os RN 
de risco através da medida da glicemia capilar. Quando o RN consegue mamar ou receber dieta 
por fórmula a primeira glicemia deve ser colhida 30 minutos após a 1ª dieta, esta deve ocorrer 
na primeira hora de vida. Depois disso ele deve ser mantido em monitorização de GC com 3h, 
6h, 12h, 18h e 24h. No segundo dia pode ser mantida em intervalos iguais de 6h ou 8h. Se em 
dieta exclusiva a glicemia deve ser medida preferencialmente antes de cada mamada ou 2 
horas após a mamada. Quando o RN não consegue mamar ou ser alimentado por fórmula 
(desconforto respiratório ou má formação do TGI) a 1ª glicemia deve ser colhida na 1ª hora de 
vida. Seguida da monitorização em intervalos semelhantes ao caso anterior, 3h, 6h, 12h, 18h e 
24h, e esses bebês geralmente são colocados em soro venoso. 
Conduta 
A conduta para RN com hipoglicemia assintomática é alimentação. Preferencialmente ele 
deve ser amamentando com leite materno, caso não seja possível, podemos fazer uso da 
fórmula. A dextrose gel (40%) na mucosa oral na dose de 200mg/kg pode ser oferecida antes 
do seio materno. Devemos repetir a dosagem da glicemia capilar 30 minutos após a 
alimentação. Caso os valores de referência de GC não tenham sido atingidos e o RN se mantiver 
assintomático, devemos fazer uma segunda tentativa através da alimentação. Se após 2 
tentativas ainda não conseguirmos atingir os valores de referência usamos soro venoso com 
taxa de infusão de glicose (TIG) a 6mg/kg/min. 
Já a conduta para o RN com hipoglicemia sintomática é glicose 10% em bolus (2ml /Kg) na taxa 
de 200mg/kg em 5 minutos. Seguida de soro venoso com TIG de 5-8mg/kg/min. Deve ser feito 
o controle da glicemia capilar 30 minutos após para avaliar a necessidade de outro pulso de 
glicose. Sempre que for indicado o tratamento venosos deve ser colhida a glicemia plasmática 
para a comprovação do diagnóstico de hipoglicemia.

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