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Distúrbios Circulatórios I: Isquemia, Hiperemia, Congestão e Hemorragia Disciplina: Patologia USF – Curso de Fisioterapia 3º semestre/2022 Distúrbios Circulatórios Doenças que afetam um dos três componentes principais do sistema cardiovascular: o coração, os vasos e o sangue. lereaprender.com.br/sistema-circulatorio Distúrbios Circulatórios Distúrbios locais da circulação, comuns a diferentes doenças: - Isquemia; - Hiperemia; - Hemorragia; - Trombose; - Embolia. Isquemia Diminuição ou ausência total da quantidade de sangue arterial em certa área do corpo (relativa ou absoluta). Causas: - Obstrução arterial por obstáculo na luz (trombo ou êmbolo); - Espasmo arterial (vasoconstrição – ex. aterosclerose); - Compressão externa da parede arterial (tumores, hematomas); - Desproporção entre o leito arterial e a massa do tecido a ser irrigada (HVE pela HAS). Isquemia Macroscopia: - Palidez do tecido (falta de sangue nos capilares); - Diminuição do volume; - Frialdade. Microscopia: - Menor número de capilares permeáveis; - Estreitamento da luz de arteríolas e capilares. Isquemia Consequências: - Atrofia (irrigação deficitária – instalação lenta da isquemia); - Necrose (se a irrigação cessar totalmente – instalação rápida da isquemia); Redução progressiva de ATP – quando a queda ultrapassa o limite necessário para manter as funções básicas da célula → lesão celular. Hiperemia e Congestão Decorrem de aumento local do volume sanguíneo. Hiperemia: -Processo ativo. -Aumento do fluxo sanguíneo por dilatação das artérias e arteríolas. Hiperemia e Congestão -Causas de hiperemia ativa fisiológica: mucosa gástrica na digestão, músculo esquelético durante o exercício. -Causa de hiperemia ativa patológica : inflamações agudas de qualquer etiologia. A hiperemia é dita ativa porque decorre da dilatação de arteríolas pelos mediadores químicos da inflamação aguda. A dilatação venosa é secundária. Hiperemia e Congestão Congestão (hiperemia passiva): Redução da drenagem venosa – Distensão de veias, vênulas e capilares. - Sistêmica – IC (redução do retorno venoso). - Localizada – obstrução venosa isolada (compressão do vaso, trombose). Hiperemia e Congestão Consequências: - Circulação colateral; - Alteração do metabolismo celular (esteatose, atrofia, necrose); - Edema; - Hemorragia. Congestão passiva crônica na Insuficiência cardíaca Insuficiência Cardíaca Esquerda: Disfunção do VE Efeitos Morfofuncionais: 1. Congestão da circulação pulmonar. 2. Estase sanguínea nas câmaras esquerdas → trombos. 3. Hipoperfusão tecidual → disfunção do órgão. Insuficiência Cardíaca Esquerda Na ICE o VE tem potência diminuída ↓ Retenção de sangue na circulação pulmonar ↓ Congestão ou hiperemia passiva crônica ↓ Hipertensão nos capilares alveolares ↓ Obriga as hemácias a passarem, através das células endoteliais e dos pneumócitos, para a luz dos alvéolos (diapedese) Insuficiência Cardíaca Direita O resultado morfofuncional da ICD é a congestão do sistema venoso portal e sistêmico. Insuficiência Cardíaca Direita ↓ ↑ pressão do sangue na veia cava inferior ↓ ↑ pressão nas veias suprahepáticas e veias centrolobulares ↓ Dilatação das veias centrolobulares e dos sinusóides da porção central dos lóbulos hepáticos ↓ Congestão ou hiperemia do fígado Hemorragia Saída de sangue do compartimento vascular ou das câmaras cardíacas para o meio externo, para o interstício ou para cavidades corporais (classificada em externa ou interna). Classificadas conforme mecanismo de lesão do vaso, tamanho ou gravidade, localização, etc. Hemorragia Nomenclatura de acordo com o mecanismo envolvido na hemorragia: – Petéquias: hemorragias diminutas (até 3mm), geralmente múltiplas. Defeitos quantitativos ou qualitativos de plaquetas. – Púrpura: lesão pouco maior que petéquias, geralmente na pele, múltipla, plana ou discretamente elevada. Hemorragia – Equimoses: máculas azuladas ou arroxeadas, maiores que as púrpuras, eventualmente com discreto aumento do volume local. Frequentemente traumáticas. – Hematoma: área de hemorragia formando uma tumoração. Frequentemente traumático. Hemorragia: Etiopatogênese Hemorragia por lesão da parede vascular: • Ruptura (rexe): Traumatismos com ou sem fragilidade vascular. • Diabrose: Digestão/erosão de vasos – ex. por necrose em cavernas pulmonares na TB. Digestão enzimática em úlceras pépticas. Hemorragia: Etiopatogênese • Diapedese (diátese hemorrágica, sem lesão evidente de vasos, geralmente ao nível capilar e frequentemente do tipo petequial ou púrpura): Coagulopatias. Nas congestões prolongadas em vênulas e capilares. Hemorragia: Etiopatogênese Hemorragia por alteração na coagulação (discrasias sanguíneas): – Defeitos congênitos de fatores da coagulação: hemofilias, doença de Von Willebrand. – Deficiências adquiridas de fatores de coagulação: insuficiência hepática, coagulação intravascular disseminada, deficiência de vitamina K, uso de anticoagulantes exógenos. Hemorragia: Etiopatogênese Hemorragias por alterações quantitativas ou qualitativas das plaquetas: – Redução do número de plaquetas (trombocitopenias): aplasia e infiltração neoplásica da medula óssea, mielodisplasia, medicamentos, autoanticorpos, microangiopatia trombótica, hiperesplenismo, destruição mecânica (próteses valvares). – Alterações funcionais: uso de antiagregantes plaquetários, uremia, trombocitopatias congênitas. Hemorragia por Rexe: Ruptura traumática do baço. O baço é um órgão friável e facilmente roto por traumas. Não pode ser suturado, exigindo esplenectomia. Ruptura traumática do baço (exemplo de hemorragia por rexe = sangramento por ruptura vascular, com saída de sangue em jato). Hemorragia por rexe: Hematoma subdural. Hemisférios cerebrais de contornos assimétricos, porque um deles foi comprimido na convexidade por um hematoma subdural. Hematomas subdurais são de origem traumática. Ocorrem quando um impacto no crânio leva à ruptura (rexe) das veias da convexidade que desembocam no seio longitudinal (ou sagital) superior. O sangue coleta-se entre a dura-máter e a aracnóide (portanto no espaço subdural), constituindo o hematoma, que pode comprimir o cérebro para baixo. Entre as consequências estão hérnias, como a hérnia de uncus e a de amígdalas cerebelares, ambas gravíssimas. Hemorragia subaracnóidea cerebral por ruptura de aneurisma congênito (exemplo de hemorragia por rexe). O espaço subaracnóideo da convexidade está difusamente preenchido por sangue. Hemorragia subaracnóidea: É o tipo mais comum de hemorragia cerebral. Ocorre por ruptura de um aneurisma (dilatação localizada) de uma artéria situada no espaço subaracnóideo. Hemorragia cerebral hipertensiva (exemplo de hemorragia por rexe). A HAS leva a gradual enfraquecimento das artérias lentículo- estriadas, ramos da A. cerebral média, que nutrem os núcleos da base. A ruptura (ou rexe) de uma delas causa a hemorragia. O sangue extrasavado para o tecido cerebral chama- se hematoma. O hematoma neste exemplo rompeu-se para o corno posterior do ventrículo lateral, causando inundação hemorrágica do mesmo. Esta evolução implica em óbito na quase totalidade dos casos, porque o aumento da pressão intraventricular comprime centros vitais nas paredes do III e IV ventrículos. Hemorragia por Diabrose: Hemorragia gastrointestinal por úlcera péptica (exemplo de hemorragia por diabrose) causando choque hemorrágico. Úlceras de estresse na mucosa gástrica. Duodeno com grande úlcera péptica. No fundo dela observa-se uma artéria calibrosa rota, que causou profusa hemorragia digestiva (exemplo de hemorragia por diabrose) levando a um estado de choque fatal. Na mucosa gástrica com múltiplas pequenas hemorragias (úlceras de estresse). Úlceras de estresse (mecanismo): o choque causa vasoconstrição generalizada, que leva a isquemia focal da mucosa gástrica com necrose da mesma. Hádigestão destes pequenos focos pelo suco gástrico, e hemorragia por diabrose de vasos da submucosa. Essas úlceras de estresse, embora pequenas e superficiais, contribuem para a hemorragia digestiva, agravando o choque. Obrigada! BIBLIOGRAFIA 1. ROBBINS & COTRAN. Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 8ª. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 2. BOGLIOLO, Luigi. Patologia / [editor] Geraldo Brasileiro Filho. 7ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006 3. anatpat.unicamp.br 4. PEREIRA, José Aires. Roteiros de aulas teóricas e práticas. 30ª. ed. Bragança Paulista, USF, 2021
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