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12-12-2012 1 GENÉTICA DE POPULAÇÕES A aplicação dos princípios genéticos (mendelianos) a populações inteiras de organismos constitui o objecto de estudo da genética de populações Frequências alélicas e genotípicas Sistema MN – 3 fenótipos M, N e MN M – genótipo MM; N – genótipo NN e MN – genótipo MN Numa população inglesa, de 1000 pessoas, há 298 M, 489 MN e 213 N, logo, em termos genotípicos temos: 298 MM 489 MN 213 NN Assim, os 1000 genótipos representam 2000 alelos, que se distribuem desta forma 12-12-2012 2 298 pessoas MM: 596 alelos M 489 pessoas MN: 489 alelos M + 489 alelos N 213 pessoas NN: 426 alelos N _______________________________________ Total= 1085 alelos M + 915 alelos N Em termos de frequências relativas, vamos ter frequências genotípicas 0,298 MM; 0,489 MN e 0,213 NN. Frequência alélica de M = 1085/2000 = 0,5425 Frequência alélica de N = 915/2000 = 0,4575 As frequências alélicas e genotípicas situam-se sempre entre 0 e 1. Uma população com frequência alélica de 1,0 para algum alelo diz-se que é fixa para esse alelo. Se uma frequência alélica se torna zero, diz-se que esse alelo está perdido (lost). 12-12-2012 3 Em termos de gâmetas, a mesma população anterior vai ter as seguintes frequências gaméticas: 0,298 MM: 0,298 M 0,489 MN: 0,2445 M e 0,2445 N 0,213 NN: 0,213 N Ou seja, vamos ter 0,298 M + 0,2445 M = 0,5425 M gâmetas e 0,2445 N + 0,213 N = 0,4575 N gâmetas Outro exemplo: alozimas (Glucose fosfato isomerases) 5 FF; 7 FS e 4 SS (ratos) Frequência alélica de F: [(2x5) + 7]/ (2x16) = 0,53 Frequência alélica de S: [7 + (2x4)]/ (2x16) = 0,47 12-12-2012 4 Sistemas de cruzamentos (mating) As frequências genotípicas nos zigotos das progenias são determinadas pela frequência com a qual os vários tipos de Gâmetas parentais se juntam. Essas frequências são determinadas pelos sistemas de cruzamentos : random mating (ao acaso); assortive mating (com base no seu grau de semelhança – positive ou negative assortive mating) Exemplo de positive assortive mating: escolha de parceiro sexual com as mesmas características, em termos de altura, cor da pele, tom do cabelo, etc. Exemplo de negative assortive mating 12-12-2012 5 Um outro tipo de sistema de cruzamento é o inbreeding ou cruzamento consanguíneo (cruzamento entre parentes): Random mating e o princípio de Hardy-Weinberg Neste sistema de cruzamento, os organismos formam pares independentemente do genótipo. Este sistema é o mais prevalente na maioria de espécies animais e de plantas, excepto para as plantas que se reproduzem por autofecundação. Neste sistema a relação entre a frequência alélica e genotípica é particularmente simples. Consideremos os alelos M e N no sistema MN, em que as suas frequências alélicas respectivamente são p e q (p + q = 1). As frequências genotípicas esperadas podem ser deduzidas desta forma: MM = p2 NN = q2 MN = pq + qp = 2pq Estas frequências p2 , q2 , 2pq constituem o princípio do equilíbrio de Hardy- Weinberg (ver quadro de Punnet seguinte). Isto é válido para um gene com 2 alelos A e a. Genótipos AA, Aa e aa terão freq. p2 , 2pq, q2 , respectivamente. 12-12-2012 6 O princípio de Hardy-Weinberg depende de algumas premissas: 1. Sistema de mating é random; 2. Freq. Alélicas são iguais nos 2 sexos 3. Todos os genótipos têm igual viabilidade e fertilidade 4. Não ocorrem mutações 5. Não há migração para dentro da população 6. As frequências alélicas mantêm-se constantes de geração em geração, devido à população ser suficientemente grande e devido ao acaso. 12-12-2012 7 Voltando ao exemplo da população inglesa do sistema MN, temos: Frequência alélica de M = 0,5425 e de N = 0,4575 em 1000 adultos; MM: (0,5425)2 = 0,2943 MN: 2 (0,5425)(0,4575) = 0,4964 NN: (0,4575)2 = 0,2093 Outra importante implicação do princípio de Hardy-Weinberg é que para um alelo raro, a frequência de heterozigóticos excede em muito a frequência de homozigóticos raros. Por exemplo, quando a frequência dum alelo raro é q = 0,1, então a frequência de heterozigóticos é 2 x (0,9) x (0,1) = 0,18 ( a relação de heterozigóticos/homozigóticos Raros é 18). 12-12-2012 8 Exemplo da fibrose quística (recessiva) Afecta cerca de 1 em cada 1700 novos nados q2 = 1/1700 = 0,00059 e q = 0,024 p = 1 – q = 1 – 0,024 = 0,976 Então os portadores heterozigóticos serão: 2pq = 2(0.976)(0,024) = 0,047 =1/21 Outro exemplo (alelos múltiplos do sistema ABO) Numa população Suíça de 3977 indivíduos temos as seguintes frequências alélicas: 0,27 IA 0,06 IB 0,67 i Fenótipo A : IA IA = (0,27)2 = 0,0729 : IAi = 2(0,27)(0,67) = 0,3618 ___________________________________ Total = 0,4347 Fenótipo B: IBIB = (0,06)2 = 0,0036 : IBi = 2(0.06)(0,67) = 0,0804 ____________________________________ Total = 0,0840 Fenótipo 0: ii = (0,67)2= 0,4489 Fenótipo AB: IA IB = 2(0,27)(0,06) = 0,0324 12-12-2012 9 Exemplo dum marcador VNTR (D1S80) Inbreeding Coeficiente de inbreeding ou coeficiente de endogamia Suponhamos HI a frequência de genótipos heterozigóticos, numa população de indivíduos em que há inbreeding. O coeficiente de endogamia dar-nos-á uma medida de inbreeding, simbolizado por F F = (2pq – HI)/2pq que pode ser rescrita por HI = 2pq (1 – F) Os genótipos homozigóticos aumentam a sua frequência à medida que a dos heterozigóticos diminui. Assim, no total, como uma modificação do princípio de Hardy-Weinberg que tem o inbreeding incorporado, virá: AA: p2 (1 – F) + pF Aa: 2pq (1 – F) aa: q2 (1 – F) + qF Se F = 1 (inbreeding total), a população será toda AA e aa, nas frequências p e q, respectivamente; se F = 0 (sem inbreeding), as frequências genotípicas são as mesmas do princípio de Hardy-Weinberg. 12-12-2012 10 Cálculo do coeficiente de inbreeding nos pedigrees ½ (1 + FA) → ½ representa a probabilidade de um genótipo diplóide transmitir um dado alelo herdado dum progenitor em particular. Se o indivíduo A não resultar de inbreeding, então FA = 0 FI = ∑(½) n (1 + FA) FI = (1/2) 3 = 1/8 (FA = 0) EBD = (½)3 = 1/8 ECD = (½)3 = 1/8 ECABD = (½)5 = 1/32 EBACD = (½)5 = 1/32 FI = ∑(½) n (1 + FA) = 5/16 (FA = 0) 12-12-2012 11 Efeitos do inbreeding Na maioria das espécies, a endogamia é deletéria, e muito destes efeitos deve-se ao encontro de alelos raros recessivos que nunca, em condições normais, se juntariam. Caso de casamento entre primos-direitos, F = 1/16 = 0,062. Assim, a frequência de homozigóticos recessivos por cruzamento de primos-direitos será: q2 (1 – 0,062) + q(0,062), enquanto que na descendência de não-parentes será apenas de q2. No albinismo, q = 0,007 e para não-parentes a frequência de homozigóticos recessivos será 0,00005 e para descendentes de primos-direitos esta frequência é de 0,0005 (10 x maior!). Este aumento de frequência é a principal consequência do inbreeding, bem como a diminuição da frequência dos heterozigóticos! Genética e Evolução - 4 processos que contribuem para a evolução das frequências alélicas Mutação: a origem de novas capacidades genéticas devido a mudanças hereditáveis. Migração: o movimento de indivíduos entre subpopulações, dentro duma população mais vasta. Selecção Natural: resulta da capacidade dos diferentes indivíduos em sobreviver e reproduzir-se no seu ambiente → a foça motriz da evolução adaptativa.Random genetic drift (deriva genética ao acaso): as mudanças ao acaso nas frequências alélicas que ocorrem, por sorte, em todas as populações, em especial, nas mais pequenas.
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