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VANGUARDAS ARTÍSTICAS - Contexto histórico, correntes e inovações - PT (02)


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VANGUARDAS ARTÍSTICAS
Contexto histórico, correntes e inovações
Derivada do termo francês “avant-garde”, que
significa “guarda avançada”, a palavra vanguarda
é uma referência ao nome dado às tropas
militares que vão à frente de um exército. Logo,
vanguardistas são aqueles que chegam primeiro.
E as Vanguardas Artísticas representam, acima
de tudo, a inovação.
O século XX foi marcado por diversos eventos
significativos para a história do mundo. Após
a Revolução Industrial no período anterior, a
época em questão trouxe consigo diversas
transformações socioculturais.
Embora os avanços tecnológicos e científicos tenham aberto portas para um
novo mundo, também resultaram em guerras.
Sendo assim, como resposta à Primeira Guerra Mundial, surgiram
movimentos artísticos que buscavam romper com a tradição e criticar o
comportamento social.
Dessa forma, Expressionismo, Fauvismo, Abstracionismo, Cubismo,
Futurismo, Dadaísmo, Surrealismo e Concretismo passaram a ser
reconhecidas como as Vanguardas Artísticas.
Contexto histórico das Vanguardas Artísticas
A Segunda Revolução Industrial acelerou o ritmo de vida social e possibilitou
que nomes como Albert Einstein e Sigmund Freud revolucionassem o mundo
com a Teoria da Relatividade e a Psicanálise, respectivamente.
No entanto, não foi apenas a ciência que ascendeu com essa nova era. A
mentalidade social se transformou, bem como sua percepção do mundo, e
isso pode ser percebido nas diversas manifestações artísticas que marcaram
o período.
A palavra da vez era “inovar” e assim a arte moderna mundial foi reformulada.
O século XX foi palco de uma manifestação ocidental que buscou questionar
o clássico, ressignificar a reflexão sobre a vida e compreender antes de todo
mundo aquilo que hoje consideramos senso comum.
As Vanguardas Artísticas
Apesar de terem nascido em um mesmo contexto e visarem objetivos em
comum, cada uma das Vanguardas Artísticas conta com especificidades e
surgiu de forma livre das demais.
Logo podem ser encontrados maiores detalhes sobre cada um desses
movimentos inovadores.
– EXPRESSIONISMO
O Expressionismo surgiu na Alemanha para se opor à objetividade do
Impressionismo francês, tendo alcançado seu auge nas primeiras décadas do
século XX. O Expressionismo foi um dos primeiros movimentos das
vanguardas a focar em aspectos subjetivos. 
Os artistas expressionistas faziam uso de cores fortes e vibrantes,
representando a realidade de forma indireta. Além disso, muitas vezes os
artistas refletiam seus sentimentos e emoções em seus trabalhos. 
Possuía um caráter deveras subjetivo, irracional, pessimista e trágico,
justamente por enfatizar as mazelas e os problemas do ser humano.
Os representantes desse movimento no Brasil foram Anita Malfatti, Oswaldo
Goeldi, Lasar Segall, Flávio de Carvalho e Iberê Camargo. Os artistas
europeus de maior destaque são Edvard Munch, Franz Marc, Wassily
Kandinsky, entre outros.
– FAUVISMO
O fauvismo foi um estilo de pintura baseado na intensidade cromática,
simplificação das formas e utilização de cores puras, além de usá-las
arbitrariamente, sem compromisso com as cores reais.
Por conta dessas características, durante o
Salão de Outono, alguns pintores deste
movimento foram chamados pelos críticos
de fauves ("os feras" em português).
Alguns nomes importantes do fauvismo são:
André Derain, Maurice de Vlaminck, Othon
Friesz e Henri Matisse, o mais conhecido.
– ABSTRACIONISMO
O Abstracionismo, ou arte abstrata, é um estilo artístico moderno das artes
visuais que prioriza as formas abstratas em detrimento das figuras que
representam algo da nossa própria realidade.
Na arte abstrata, o que se destaca é a ausência de relação
direta entre as formas retratadas com as formas realistas de um ser ou
objeto. Aqui, os artistas exploram as cores, formas, linhas, texturas,
contrastes e outros elementos não pictóricos. Dessa forma, podemos dizer
que esse tipo de arte é uma obra "não representacional", ao contrário da arte
figurativa, expressa por meio de figuras que retratam a natureza.
O pintor russo Wassily Kandinsky é considerado o precursor da arte abstrata
com suas obras Primeira Aquarela Abstrata (1910) e a série Improvisações
(1909-14).
– CUBISMO
O cubismo foi um movimento artístico pautado na geometrização das formas
e no abstracionismo. Foi iniciado em 1907 pelo pintor espanhol Pablo
Picasso, com a tela "Les Demoiselles d'Avignon" (As damas d'Avignon).
Outros representantes do movimento foram:
Georges Braque, Juan Gris e Fernand Léger.
Essa corrente artística teve como inspiração o
trabalho do artista Cézanne e ramificou-se em
duas vertentes: o cubismo analítico e cubismo
sintético.
Na primeira, as formas e figuras foram tão
desconstruídas e fragmentadas que
tornaram-se irreconhecíveis. No sintético, os
artistas voltaram à representação figurativa,
mas não a uma abordagem realista dos temas.
No Brasil, o movimento cubista influenciou alguns artistas, como Tarsila do
Amaral.
– FUTURISMO
O futurismo nas artes plásticas foi um desdobramento de tendências na
literatura do início do século XX e teve bastante influência do Manifesto
Futurista (1909), criado pelo escritor Filippo Tommaso Marinetti.
Caracterizava-se pela valorização do industrialismo, da aceleração e da
tecnologia, que superavam a velocidade do movimento natural. Tal
movimento relaciona-se com a revolução industrial que estava em curso.
Estava evidente no Futurismo a valorização da industrialização e da
tecnologia enquanto progresso técnico.
A pintura futurista influenciada pelo cubismo e pelo abstracionismo, tinha a
pretensão de dinamismo. Ao captar a forma plástica, a velocidade era
descrita pelos objetos no espaço. As inspirações pelas cores e efeitos de luz
do pós- impressionismo, assim como nas técnicas das composições cubistas,
são evidentes.
– DADAÍSMO
O Dadaísmo surgiu em 1916, na Suíça, e foi criado
por artistas refugiados durante a Primeira Guerra
Mundial. O marco inicial do movimento ocorreu
quando Tristan Tzara, Hugo Ball e Hans Arp lideraram
um grupo de artistas, fundando uma casa noturna
para expressar sua arte.
O grupo tinha como objetivo fazer um tipo de arte de
protesto, com o objetivo de chocar a população
burguesa da época. A arte dadaísta pode ser
considerada espontânea e pautada na liberdade,
tendo como característica a ruptura de modelos de
arte tradicionais. 
– SURREALISMO
O Surrealismo teve como marco inicial a publicação do “Manifesto
Surrealista”, em 1924, escrito pelo poeta francês André Breton. O movimento
teve como influência os estudos da psicanálise por Sigmund Freud.
Além disso, as incertezas políticas da época motivaram o início do
Surrealismo, que tinha como objetivo ultrapassar os limites da imaginação e
fazer uma representação da irracionalidade. 
Os surrealistas valorizaram a expressão livre do pensamento e acreditavam
que valorizar o inconsciente fazia com que a criatividade humana fosse
estimulada. O Surrealismo também valorizava os sonhos e as fantasias. 
Os principais representantes do Surrealismo no Brasil foram Tarsila do
Amaral, Cícero Dias e Ismael Nery. Os artistas europeus de maior destaque
são Salvador Dalí, René Magritte, André Breton, entre outros.
– CONCRETISMO
O Concretismo foi um movimento de vanguarda que
visava a criação de uma nova linguagem por meio de
figuras geométricas. Os artistas dessa corrente
buscavam causar no público sensações de
movimento ao olhar para as obras.
Assim, na literatura tinha como característica central
a valorização do conteúdo visual e sonoro. Já nas
artes plásticas, destacou-se pelo uso de formas
abstratas.
As Vanguardas Artísticas no Brasil
No Brasil, as Vanguardas Artísticas não chegaram de forma fragmentada. Na
verdade, todas as inovadoras tendências trazidas de outro continente
resultaram no Modernismo. Esse foi o marco da ruptura da literatura com o
passado e retomada das características nacionalistas.
Movimento Modernista
O Modernismo se espalhou por diversos setores das artes e contribuiu
fortemente para a construção da culturabrasileira. Remodelando a identidade
nacional.
Ainda no século XX, são fundados os principais museus de arte brasileiros: o
Museu de Arte de São Paulo (Masp) em 1947, o Museu de Arte Moderna de
São Paulo (MAM SP) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM
RJ) em 1948.
As principais características do Modernismo no Brasil foram:
• Valorização nacional;
• Busca por uma arte tipicamente brasileira;
• Inspiração a partir de temáticas do cotidiano;
• Liberdade para criar a partir das bases artísticas europeias/coloniais,
mas sem se limitar. Ressignificar a arte feita no Brasil;
• Na literatura: semelhança da linguagem escrita à linguagem falada.
Os grandes nomes brasileiros do modernismo foram Villa-Lobos, Cândido
Portinari, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade.
Semana da Arte Moderna
Segundo o pesquisador Evandro Nascimento, o movimento modernista no
Brasil foi bastante complexo e abrangeu várias vertentes. Os primeiros
passos aconteceram entre 1912 e 1917, sendo o seu principal marco a
Semana de Arte Moderna, em São Paulo, em fevereiro de 1922.
Sob influência das vanguardas
europeias e a sua ruptura com a
forma tradicional de fazer arte, os
artistas brasileiros começaram a
repensar a arte no país.
A Semana de Arte Moderna
simbolizou uma nova forma de se
fazer arte no Brasil. O evento
aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo e reuniu artistas da pintura,
escultura, música, literatura e arquitetura. Além das exposições, também
aconteceram palestras e conferências.
Artistas brasileiros conhecidos participaram da Semana, como Oswald de
Andrade, Mário de Andrade e Villa-Lobos.
A partir da Semana de Arte Moderna, o movimento modernista ganhou força
no Brasil, associado a uma manifestação de valorização nacional influenciado
pelo aspecto ufanista do futurismo.
Manifesto Antropofágico
O movimento modernista no Brasil teve forte aspecto patriótico. O Manifesto
Antropofágico, escrito e publicado por Oswaldo de Andrade, em 1928,
pretendia resgatar simbolicamente alguns rituais indígenas.
Mais especificamente os rituais antropofágicos, em que algumas populações
indígenas brasileiras comiam a carne dos seus inimigos, capturados durante
as batalhas. A tradição indígena acreditava que ao consumir a carne humana,
iriam adquirir as qualidades do guerreiro capturado, como sua força e
coragem.
O Manifesto de Oswald de Andrade pregava "devorar" a cultura europeia,
imposta pelo colonizador, e utilizar a arte a partir de um olhar brasileiro, com
liberdade mas sem perder a identidade nacional.
Um dos grandes símbolos artísticos do Manifesto Antropofágico é o quadro
Abaporu, de Tarsila do Amaral. Abaporu significa "o homem que come".

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