Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Aline Morais da Silveira Acionamento de entradas e saídas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Diferenciar os componentes de hardware para automação. � Identificar os elementos de controle de processos. � Esquematizar a inter-relação entre entradas, processamento e saídas. Introdução A necessidade de aumento da produtividade fez com que a automação industrial transformasse os sistemas automáticos, por volta do início do século XX, com o uso de computadores, servomecanismos, controladores programáveis, entre outros, permitindo que máquinas fossem controladas para executarem seus trabalhos. Para que a execução da automação industrial seja correta, é preciso que haja uma interação entre as entradas e as saídas, de forma que os processos possam ser controlados. Assim, neste capítulo, você vai estudar os diferentes componentes de hardware para automação e os principais elementos de controle de processos. Por fim, você vai compreender a inter-relação entre entradas, processamento e saídas. Componentes de hardware para automação A automação industrial, por meio do uso de comandos lógicos programáveis e de equipamentos mecanizados, permite que processos industriais sejam controlados, garantindo seus resultados. Mas, para garantir a sinergia entre os processos, é preciso a integração entre a eletrônica, que implementa os hardwares, a mecânica, que abrange os dispositivos atuadores e demais har- dwares, e a tecnologia da informação, que engloba os softwares de controle do sistema, conforme leciona Siembra Automação (2019). Os softwares podem ser considerados a parte lógica que fornece instruções para os hardwares, que são a parte física. Os hardwares podem ser controla- dores, interfaces de operador, sensores, controles de potência e distribuição, atuadores de movimento, motores de corrente contínua (CC) e corrente alter- nada (CA) e elementos de máquinas e mecanismos. A seguir, você vai estudar um pouco sobre cada um dos componentes de hardware. Controladores Os controladores são componentes que, segundo Lamb (2015), fornecem computação, cálculos e gerenciamento da parte das entradas e saídas (I/O, do inglês in/out) do sistema de automação. Podem ser o núcleo do sistema, ou podem estar ligados em rede de forma distribuída por todo o sistema. Segundo Camargo (2014), o controle pode ser manual ou automático, sendo esse último utilizado para automação industrial. Esse controle pode ser feito por meio de malha fechada ou malha aberta, como veremos com maiores detalhes ao longo deste capítulo. Alguns exemplos de controladores são computadores, sistemas de controle distribuídos e controladores lógicos programáveis (CLPs ou PLCs, do inglês programmable logic controllers). Interfaces de operador As interfaces de operador, também chamadas de interface homem-máquina (IHM), são componentes que necessitam de uma interação com o homem para que ativem dispositivos ou processos. Alguns exemplos são mouses, botões do tipo push button, chaves, botões de membrana e telas sensíveis ao toque. Para a interface com o operador, são necessários hardwares e softwares, em que o usuário envia sinais de entrada para um sistema ou controlador, e o sistema controla os efeitos de saída. Essa interface deve ser simples, necessi- tando que uma entrada mínima produza o resultado esperado. As interfaces baseadas em textos não têm a obrigatoriedade de botões de entrada, como o exemplo da Figura 1. Acionamento de entradas e saídas2 Figura 1. Display de texto. Fonte: Lamb (2015, p. 75). As interfaces gráficas ilustram a máquina ou a linha de produção, po- dendo ser monocromáticas ou coloridas, com botões tipo membrana e/ou telas sensíveis ao toque. As telas sensíveis ao toque (touch screens) permitem a interação com o que é exibido na tela de forma direta, diferente do que ocorre com o uso do mouse, por exemplo. O local de toque é medido nas coordenadas X e Y de forma analógica. As telas sensíveis ao toque podem usar diferentes tecnologias, sobre as quais não vamos nos aprofundar neste capítulo, sendo elas: resistivas, ondas acústicas de superfície, capacitivas, infravermelho, imageamento óptico, sinal dispersivo e reconhecimento de pulsos acústicos. Segundo a Brasil Logic Sistemas ([2019?]), a Sociedade Internacional de Automação (ISA, do inglês International Society of Automation) possui o documento ISA 101 para padronização das IHMs, de forma a padronizar o design, a funcionalidade, o display e a interação entre os operadores e as IHMs. A ISA 101 “é um conjunto de recomendações obtidas através do consenso de profissionais da indústria, desenvolvedores, fabricantes e acadêmicos relacio- nados à automação industrial para criar melhores interfaces homem-máquina e lidar com elas de forma otimizada, segura e produtiva”, conforme aponta a Brasil Logic Sistemas ([2019?]). 3Acionamento de entradas e saídas Sensores Os sensores são componentes que fornecem dados de entrada para os sistemas de controle. Eles podem ser digitais ou analógicos, possuindo diferentes for- matos e aplicações. Os sensores digitais fornecem um sinal de liga ou desliga (on ou off ). Alguns exemplos são: botões, chaves, fechamentos de contato, sensores fotoelétricos e sensores de proximidade. Já os sensores analógicos produzem uma saída que é proporcional à propriedade que foi medida. Sen- sores de pressão, força, fluxo, torque, cor, refletividade, distância, dimensões e temperatura são alguns exemplos de sensores analógicos. Veja, a seguir, alguns tipos de sensores, conforme apresentado pela Engerey (2017). � Indutivos: são também conhecidos como sensores de proximidade. Trata-se de dispositivos eletrônicos empregados no ambiente industrial, na detecção de partes e peças metálicas de ferro, aço, alumínio, latão e aço inox. � Capacitivos: são sensores capazes de detectar qualquer tipo de massa, sendo empregados quando é necessária a detecção de materiais não metálicos, como plásticos, madeiras e resinas. Ainda, são utilizados para a detecção do nível de líquidos e sólidos. � Fotoelétricos: são sensores capazes de detectar partes e peças de má- quinas automáticas e produtos manufaturados na linha de produção. � Lasers: são sensores com alta sensibilidade e alta precisão (se compa- rados aos sensores fotoelétricos tradicionais). � Magnéticos: são sensores destinados à detecção de campos magnéticos gerados por ímãs (ou um acionador magnético), podendo ser utilizados para fazer o monitoramento de cilindros pneumáticos e válvulas lineares. � Transdutores lineares: são sensores empregados na detecção da posição sem contato. Dessa forma, reduzem o desgaste de peças e aumentam a vida útil do transdutor. Esses sensores apresentam resistência mecânica à vibração e a choques, podendo ser utilizados em ambientes considerados hostis, até mesmo naqueles que apresentam agentes contaminantes ou pó. Controle de potência e distribuição É importante que máquinas e linhas de equipamentos de automação, em caso de necessidade, tenham a possibilidade de desconectar da energia. Os desconectores são “[...] um conjunto de contatos classificados pela quan- Acionamento de entradas e saídas4 tidade de corrente que eles devem parar por meios manuais de atuação”, segundo Lamb (2015, p. 105). Os disjuntores protegem o circuito de uma falha elétrica, removendo a energia. Eles são classificados em função da corrente que foram projetados para disparar e pela máxima corrente que podem interromper. Os disjuntores interrompem a corrente automaticamente, mas necessitam de reinício ma- nual do circuito. Já os fusíveis são utilizados como forma de proteção para sobrecarga. Eles podem ter diferentes formas, tamanhos e materiais. A tira metálica ou elemento de fio depende da corrente que está especificada para ela suportar. Conforme Lamb (2015), os fusíveis são instalados em série, e a maioria utilizadaem indústria é do tipo cartucho (Figura 2a). A principal diferença entre os disjuntores e os fusíveis é que o primeiro não precisa ser substituído após sua utilização, sendo necessária apenas a reativação. Por outro lado, os fusíveis reagem de forma mais rápida. Segundo o portal Mecatrônica Automação Industrial (2019), existem cinco razões para escolher os disjuntores em vez dos fusíveis. Os disjuntores: � mantêm o desempenho ao longo do tempo, sendo possível testá-los; � em condições de sobrecarga, disparam até 1.000 vezes mais rápido do que os fusíveis; � oferecem maior segurança, pois as conexões dos disjuntores são protegidas; � possibilitam a redução de custos, em comparação aos fusíveis — são requeridos três fusíveis para um circuito de três fases, necessitando de um armário maior, em função da maior dissipação térmica, e, quando um de três fusíveis abrir, todos os três fusíveis devem ser substituídos; � apresentam maior funcionalidade, pois podem ter funções adicionais, como proteção de falta à terra, coordenação com outros disjuntores etc. 5Acionamento de entradas e saídas Os blocos de distribuição permitem que cabos e fios sejam distribuí- dos para múltiplos circuitos por meio da fixação por parafusos ou grampos. Já os blocos terminais fazem a conexão de fios e cabos e gerenciam a fiação, podendo ser fixados por parafusos ou grampos de mola. Os transformadores são utilizados para isolar ou transferir energia na forma de CA de um circuito para outro. Eles possuem os mais diversos ta- manhos. Já os relés possibilitam que um circuito seja chaveado por meios elétricos. Eles podem ser eletromecânicos, bobinas de estado sólido ou de contato de mercúrio, das mais diversas formas, como apresentado na Figura 2b. Um relé que trabalha com alta energia controlando diretamente um motor elétrico é chamado de contator. Figura 2. (a) Fusíveis do tipo cartucho; (b) diferentes tipos de relés. Fonte: (a) Lamb (2015, p. 109); (b) Lamb (2015, p. 115). (a) (b) Os relés, segundo Cassiolato ([2019?], documento on-line), na sua grande maioria, utilizam um mecanismo “[...] no qual parte da corrente elétrica que flui pelo circuito é desviada para realimentar o circuito de controle, mantendo-o fechado até que uma ação externa interrompa a corrente no circuito de controle, abrindo-o e mantendo-o neste estado até que outra ação externa aplique uma corrente ao circuito de controle”. Esses dispositivos são chamados biestáveis, pois oscilam entre dois estados que não se alteram sozinhos, sendo necessária uma ação externa. Por sua vez, os temporizadores reagem a um sinal ou à alimentação de energia e mudam um conjunto de contatos com base em um atraso. Eles podem ser mecânicos, eletromecânicos ou eletrônicos, tanto no formato analógico quanto digital. Acionamento de entradas e saídas6 O cabeamento e a fiação são responsáveis pela distribuição de energia e sinais por todo o sistema, conectando dispositivos de controle e componentes de distribuição dentro do sistema. Os fios geralmente são produzidos em cobre ou alumínio, coberto por um isolamento termoplástico de diferentes cores. Os cabos são compostos por um conjunto de fios isolados dentro de um revestimento de proteção. A conexão de fios ou cabos pode ser feita com blocos terminais ou por meio de emendas (friso ou solda). Atuadores e movimento Atuador é “[...] o elemento que produz movimento, atendendo a comandos, com o objetivo de corrigir ou alterar uma variável de processo”, segundo Camargo (2014, documento on-line). Os atuadores, que podem ser lineares, rotativos ou uma combinação dos dois, são responsáveis por movimentar ferramentas em uma máquina. Segundo Lamb (2015, p. 126), “Os atuadores lineares são usados para gerar movimento rotativo ao empurrar uma peça rotativa em um eixo. Já os dispositivos rotativos, como motores, podem ser usados para gerar movimento linear por meio de uma correia ou de um parafuso de esfera”. Segundo Master Tecnologia Industrial ([2019?]), os atuadores mais comuns na automação são os cilindros pneumáticos e os motores CA ou CC. Os atu- adores podem utilizar energia fluida, como a hidráulica (geralmente óleo) ou a pneumática (ar comprimido ou outros gases inertes). Os que utilizam energia hidráulica são capazes de suportar maiores forças e pressões, ideais para aplicação em prensas, mas sempre sendo preciso tomar cuidado para que não ocorra vazamento de fluido. De acordo com Master Tecnologia Industrial ([2019?] documento on-line), “[...] a automação pneumática é normalmente mais simples, barata e segura que os outros tipos de automação”. O ar utilizado em sistemas pneumáticos pode ser fornecido a partir de um sistema para toda a planta. Já no caso de sistemas hidráulicos, é preciso uma bomba dedicada para cada equipamento, além da necessidade de resfriamento do óleo. Os atuadores elétricos geralmente são utilizados onde não há disponibi- lidade de ar ou há a necessidade de precisão. Conforme apontado em Master Tecnologia Industrial ([2019?], documento on-line), “[...] eles têm normalmente um custo maior, porém com uma melhor precisão”, sendo adequados para movimentos angulares e de rotação. 7Acionamento de entradas e saídas Além do atuador, existe também o elemento final de controle, que é o “[...] dispositivo que controla diretamente o fluxo de material ou energia a ser entregue ao processo sob controle, provocando uma oscilação na variável manipulada”, segundo Camargo (2014, documento on-line). Os principais elementos finais de controle são as válvulas de controle, que, conforme Camargo (2014, documento on-line), controlam basicamente o sentido do movimento e a velocidade de pressão. “Válvulas direcionais controlam o sentido do movimento, válvulas de fluxo controlam a velocidade do fluido e válvulas reguladoras de pressão controlam a pressão”, segundo Camargo (2014, documento on-line). Conforme leciona Lamb (2015), os controladores de movimento contro- lam posições e velocidades por meio de métodos analógicos ou analógicos digitalmente convertidos, utilizando válvulas proporcionais hidráulicas ou pneumáticas, atuadores lineares ou motores elétricos. O controle de movimento é a base da robótica e de máquinas-ferramenta por comando numérico com- putadorizado. Na Figura 3 é ilustrado um sistema de controle de movimento. Figura 3. Sistema de controle de movimento. Fonte: Lamb (2015, p. 131). Acionamento de entradas e saídas8 Motores CA e CC Nas máquinas elétricas que realizam conversão eletromecânica de ener- gia, se a conversão é de energia mecânica em elétrica, temos um gerador. Já quando a conversão é de energia elétrica em mecânica, temos um motor. O motor CA é composto por duas partes: um estator com bobinas alimentadas por CA e um rotor conectado ao eixo de saída. Segundo Lamb (2015, p. 133), “O torque é fornecido ao rotor pelo campo rotativo gerado pela corrente al- ternada”. Os motores CA podem ser síncronos, quando o rotor gira na mesma velocidade que a CA é aplicada, ou assíncrono, para o caso contrário. O motor CC possui enrolamentos da armadura no rotor e enrolamentos de campo no estator. Ele pode ser com ou sem escovas, que são as partes condutoras que ligam as bobinas ao rotor, e também com ou sem núcleo de ferro. Segundo Silveira (2018a, documento on-line): O motor CC pode ser controlado apenas variando a sua tensão, diferentemente de um motor elétrico de corrente alternada (CA) cuja velocidade é variada pela frequência, sendo mais adequado para equipamentos alimentados por níveis de tensão de 24 Vcc ou 12 Vcc, como no caso dos automóveis ou aplicações industriais que exigem um controle fino de velocidade. Os motores lineares são similares aos motores elétricos, mas o rotor e o estator são localizados próximos um do outro, de forma linear — ou seja, desenrolados. Os servomotores, segundo Lamb (2015), são utilizados em sistemas de controle de retroalimentação, em que são necessárias altas veloci-dades de retorno. Esses motores são de menor diâmetro e maior comprimento do que os motores CA e CC tradicionais; a velocidade de operação é baixa, e o torque, alto. O motor de passo é um motor CC que gira um determinado número de graus em função do número de polos, em que os pulsos digitais de entrada são convertidos em rotações do eixo. Segundo Camargo (2014), o motor de passo é utilizado quando algo deve ser posicionado de forma muito precisa ou quando deve ser girado em um ângulo exato. Na Figura 4 é apresentado o diagrama de funcionamento de um motor de passo de ímã permanente (PM, do inglês permanent magnet), em que os quatro polos (A, B, C e D) são energizados na sequência em uma polaridade, para depois a polaridade ser revertida, alcançando oito posições por rotação. 9Acionamento de entradas e saídas Figura 4. Diagrama de um motor de passo PM. Fonte: Lamb (2015, p. 145). Os inversores de frequência variável (VFDs, do inglês variable frequency drives) convertem a energia de estado sólido. “Eles primeiro convertem uma tensão CA de entrada em CC e, em seguida, reconstroem uma forma de onda CA ao alterar a alimentação CC rapidamente na frequência e tensão desejadas para aproximar um sinal senoidal”, segundo Lamb (2015, p. 145). Segundo Silveira (2019, documento on-line), ele “é um tipo de controlador que tem a função de acionar um motor elétrico e ao mesmo tempo variar a frequência e a tensão que é fornecida ao motor com o objetivo de controlar a sua velocidade e potência consumida”. Conforme Silveira (2019), o VFD também é conhecido como drive de velocidade variável, drive ajustável da velocidade, drive de frequência ajustável, drive CA, microdrive ou até inversor. Elementos de máquinas e mecanismos Um mecanismo transfere ou transforma a força; Lamb (2015) aponta como exemplos: alavanca, roda e eixo, polia, plano inclinado, rampa, parafuso, engrenagens, cames, rolamentos, acoplamentos, garras, freios, correias e correntes. Os dispositivos acionados por cames permitem que um movimento de rotação seja transformado em movimento linear. O came, que é um disco circular ou oval, conduz um eixo linearmente (seguidor) com o auxílio de uma Acionamento de entradas e saídas10 mola, para que came e seguidor permaneçam sempre em contato. Na Figura 5a é apresentado um esquema de operação do came. A catraca permite que o movimento seja realizado somente em uma direção. Quando se deseja movimentos em direções opostas, utiliza-se uma lingueta de mola, que é encaixada nos dentes, conforme mostra a Figura 5b. Esses sistemas são utilizados em mecanismos de levantamento. Figura 5. (a) Operação do came; (b) catraca e lingueta. Fonte: (a) Lamb (2015, p. 148); Lamb (2015, p. 149). (a) (b) As engrenagens transformam o movimento rotativo de uma velocidade, direção ou força em outro movimento rotativo. Elas possuem dentes levemente inclinados, que se encaixam em outros dispositivos dentados. A combinação de diversas engrenagens é chamada de trem de engrenagens. O tipo mais comum de engrenagem é a roda dentada cilíndrica, que engrena eixos para- lelos. Quando ela é externa, os eixos giram em direções opostas; já quando é interna, os eixos giram na mesma direção. Na engrenagem helicoidal (Figura 6a), os dentes são cortados em ângulo, podendo engrenar eixos não paralelos. Elas são mais silenciosas do que as rodas dentadas e geralmente são utilizadas em aplicações que exigem altas velocidades. As engrenagens chanfradas (Figura 6b) são cônicas, com den- tes em ângulo, sendo capazes de conectar dois eixos em intersecções. Já as engrenagens sem-fim (Figura 6c) transmitem o movimento em um ângulo reto para o eixo. 11Acionamento de entradas e saídas Figura 6. (a) Engrenagem helicoidal, (b) engrenagem chanfrada e (c) engrenagem sem-fim. Fonte: (a) Lamb (2015, p. 151); (b) Lamb (2015, p. 151); (c) Lamb (2015, p. 152). (a) (b) (c) Os rolamentos permitem movimento relativo (deslizante ou rotacional) entre duas ou mais partes em contato. Existem rolamentos de esferas, de rolos, a ar, entre outros. Os rolamentos com rolos lineares e trilhos são os mais utilizados para orientação de movimentos lineares. As polias, também chamadas de roldanas, são utilizadas para transportar uma correia, uma corrente ou um cabo. Suas dimensões estão diretamente relacionadas às mudanças de velocidade, e elas podem ser combinadas para produzir vantagem mecânica e redução de velocidade. O uso mais comum no ramo industrial é com correias dentadas. Os servomecanismos são uma combinação de hardware mecânico e de controle, que, a partir do retorno, controla um sistema. Esse retorno é dado na forma de erro ou de diferença entre o que foi monitorado e o que era desejado. Um atuador hidráulico é um exemplo de servomecanismo. O fuso de esfera “[...] é um atuador mecânico linear que transforma movimento rotativo em movimento linear com pouca fricção”, segundo Lamb (2015, p. 158). Os atua- dores lineares acionados por correia utilizam correia dentada e engrenagens para movimentar o que está anexado à correia. Algumas desvantagens são as chances de escorregar e os danos na correia em casos de carga muito pesada. A embreagem possibilita que elementos rotativos sejam engrenados ou desengrenados. A embreagem mais comum é a de fricção, podendo ser acionada por força pneumática, hidráulica, magnética, etc. Os freios param rapidamente um elemento rotativo com o uso de um disco ou bloco, podendo ser de forma pneumática, hidráulica, elétrica ou mecânica. Acionamento de entradas e saídas12 Elementos de controle de processos A automação industrial pode ser dividida em parte operacional, que são os hardwares vistos na seção anterior, e parte de controle, que é a parte programável, tema desta seção. O controle de processos pode ocorrer de forma manual, quando há uma dependência das ações realizadas pelo ser humano para que certa grandeza física seja mantida o mais próximo possível do valor de referência. Camargo (2014) cita como exemplo o ato de tomar banho com chuveiro elétrico. Já o controle automático, como ocorre com a automação, não necessita da intervenção humana, como é o caso do controle do nível em caixas de água, com o uso de boias. O controle automático não necessita obrigatoriamente ser eletrônico, mas, na maioria das vezes, ele é, em função dos avanços da eletrônica e da computação. Um sistema de controle pode ser de malha aberta ou de malha fechada (realimentado). O sistema de malha aberta não utiliza medições da variável controlada do sistema, pois se espera que as operações realizadas sejam sempre suficientes para produzir o resultado esperado. No sistema realimentado (Figura 7), “[...] o valor da variável utilizada para controlar o sistema de- pende diretamente da medida de uma variável de saída desse mesmo sistema”, conforme leciona Camargo (2014, documento on-line). Os sensores são os elementos que tornam isso possível, pois enviam ao controlador o valor medido da variável de interesse. Na Figura 7, processo é o sistema que será objeto da ação do sistema de controle, setpoint é o ponto de operação desejado do sistema, a variável controlada é a que o sistema tenta manter constante, a variável manipulada é aquela sobre a qual o controlador atua, e distúrbio é a alteração da variável de carga. 13Acionamento de entradas e saídas Figura 7. Diagrama de um sistema de controle de malha fechada. Fonte: Camargo (2014, documento on-line). Como já vimos anteriormente, o controlador é o responsável por tomar as ações necessárias para que o sistema funcione corretamente. Ele decide quando algum atuador será acionado com base na informação recebida dos sensores, no estado do processo e em regras específicas. Segundo Camargo (2014), a forma como o controlador vai implementar sua lógica depende de qual controlador está sendo utilizado. Ela pode ser descrita, por exemplo, por meio de instruções do programa inserido em sua memória, para situações em quesão utilizados controladores eletrônicos baseados em microprocessadores. De acordo com Silveira (2018b), no passado, a “[...] lógica era feita com relês eletromagnéticos, temporizadores, placas eletrônicas e módulos lógicos”. Hoje, é comum o uso de CLPs e computadores industriais, devido ao aumento do volume de dados e de componentes eletrônicos. Os CLPs são computadores digitais que controlam processos eletromecânicos, comunicando-se com todos os componentes, reconhecendo as entradas, processando a lógica e atualizando as saídas. Segundo Lamb (2015, p. 71), eles “[...] são desenvolvidos com várias entradas e saídas, faixas estendidas de temperatura, imunidade para ruídos elétricos e resistência a vibrações e impacto”, sendo preparados para condições extremas, como frio, umidade e poeira, além de possuírem grande memória, o que aumenta suas possibilidades de aplicação. Acionamento de entradas e saídas14 Os computadores são utilizados para escrever os programas para os siste- mas de controle, mas também podem atuar como controladores. São de fácil acesso e baixo custo, mas, normalmente, não possuem sistema operacional otimizado para controle em tempo real, sendo necessária sua adaptação. Eles possuem a vantagem de serem flexíveis, mas são frágeis para serem colocados na linha de produção, surgindo a necessidade do desenvolvimento de computadores industriais, que são mais robustos. Alguns controladores são embarcados, o que significa que já fazem parte do sistema, em conjunto com outros componentes, possuindo um propósito específico, como é o caso da CPU, da memória RAM e da memória flash. Outros elementos de controle de processos são os sistemas de controle dis- tribuídos (distributed control systems), que são conectados a sensores e atuadores, sendo bastante utilizados em processos contínuos ou por batelada. Em algumas situações, é preciso que uma variável seja controlada para que seja mantida no seu ponto de ajuste. Para isso, podem ser utilizados algoritmos de controle PID (proporcional-integral-derivativa), que utilizam uma malha fechada, como o diagrama de blocos da Figura 8. A saída é comparada com o ponto de ajuste do sistema, de forma que a diferença seja sempre minimizada pelo sistema. Figura 8. Diagrama de blocos do PID. Fonte: Lamb (2015, p. 16). 15Acionamento de entradas e saídas Entradas, processamento e saídas Em um sistema de controle industrial, é preciso que ocorra comunicação. Os sensores enviam os dados para o controlador, que envia informações para os atuadores, como ilustrado na Figura 9. Figura 9. Diagrama de blocos de um sistema de controle. Fonte: Camargo (2014, documento on-line). Essa comunicação acontece por meio de sinais I/O, que representam o estado ou o valor de uma variável. Segundo Camargo (2014), na automação industrial, os tipos mais utilizados são os sinais pneumáticos, os hidráulicos e os elétricos. As entradas e saídas podem ser discretas (digitais) ou analógicas. As en- tradas discretas são sinais recebidos de interruptores, botões e sensores; já alguns exemplos de saídas discretas são ligar e desligar motores e válvulas. As entradas analógicas podem representar uma pressão, uma posição, uma temperatura, entre outras diversas opções; já alguns exemplos de saídas analógicas são controlar a temperatura de um forno, a pressão de um ar comprimido etc. Acionamento de entradas e saídas16 Na Figura 10, são apresentados os sinais discretos e analógicos, sendo possível observar a sua diferença. Figura 10. Sinais discretos e analógicos. Fonte: Lamb (2015, p. 15). Devido à grande complexidade das operações industriais, os sistemas de automação devem possuir redes de comunicação que garantam velocidade e segurança na troca de dados entre todos os dispositivos envolvidos no processo (sensores, atuadores, computadores, controladores, entre outros), conforme leciona Siembra Automação ([2019?]). Os métodos de comunicação são utilizados para transferir essas grandes quantidades de informação. 17Acionamento de entradas e saídas Os dispositivos são interligados por meio de uma rede de comunicação, em que cada elemento é chamado de nó. Veja, a seguir, algumas formas de comunicação. � Serial: “sequências digitais de uns e zeros enviadas por um fio simples. Elas podem alternar entre envio e recebimento de dados ou ter uma linha dedicada para cada tipo de sinal”, segundo Lamb (2015, p. 19). � Paralela: múltiplos dígitos podem ser transmitidos de forma paralela, aumentando a taxa de transferência de dados, mas também aumentado o custo com cabeamento. � Ethernet: é uma estrutura para a tecnologia de redes de computadores, sendo bem mais veloz do que a serial e a paralela. � USB: permite a comunicação entre dispositivos periféricos de computadores. � Wireless: são redes de computadores que não são ligados por cabos, conectando equipamentos distantes entre si. De acordo com Camargo (2014), os sinais passam por processos de aquisição, condicionamento, transmissão, processamento e representação. A aquisição do sinal começa com a medida do valor da variável física, com o uso dos sensores, para que depois ocorra o condicionamento. A transmis- são normalmente ocorre de forma pneumática ou elétrica, mas, em algumas situações, é preciso que o sinal seja convertido para que seja recebido pelos receptores (indicador, registrador, controlador, alarme, computador, atuador etc.), que vão representar os resultados. BRASIL LOGIC SISTEMAS. Regulamentando a interface homem máquina: conheça a ISA 101. São Paulo, [2019?]. Disponível em: http://www.blsistemas.com.br/regulamentando- -a-interface-homem-maquina-conheca-a-isa-101/. Acesso em: 26 dez. 2019. CAMARGO, V. L. A. de. Elementos de automação. São Paulo: Érica, 2014. (Série Eixos). E-book. CASSIOLATO, C. Relés x sensores. In: SMAR AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL. [S. l., 2019?]. Disponível em: http://www.smar.com/brasil/artigo-tecnico/reles-x-sensores. Acesso em: 26 dez. 2019. Acionamento de entradas e saídas18 Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. ENGEREY. Tipos e aplicações de sensores na indústria. Curitiba, 2017. Disponível em: http:// www.engerey.com.br/blog/tipos-e-aplicacoes-de-sensores-na-industria. Acesso em: 26 dez. 2019. LAMB, F. Automação industrial na prática. Porto Alegre: AMGH, 2015. (Série Tekne). MASTER TECNOLOGIA INDUSTRIAL. Tudo sobre automação industrial. São Paulo, [2019?]. Disponível em: https://www.mtibrasil.com.br/tudo-sobre-automacao-industrial.php. Acesso em: 26 dez. 2019. MECATRÔNICA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL. Proteção de motores: 5 razões para escolher disjuntores ao invés de fusíveis. [S. l.], 19 mar. 2019. Disponível em: http://mecatronicasbs. com.br/protecao-de-motores/. Acesso em: 26 dez. 2019. SIEMBRA AUTOMAÇÃO. O que é automação industrial. Vinhedo, [2019?]. Disponível em: https://www.siembra.com.br/noticias/o-que-e-automacao-industrial/. Acesso em: 26 dez. 2019. SILVEIRA, C. B. Motor CC: Saiba como funciona e de que forma especificar. In: CITISYS- TEMS. Sorocaba, 2018a. Disponível em: https://www.citisystems.com.br/motor-cc/. Acesso em: 26 dez. 2019. SILVEIRA, C. B. O que é automação industrial. In: CITISYSTEMS. Sorocaba, 2018b. Dis- ponível em: https://www.citisystems.com.br/o-que-e-automacao-industrial/. Acesso em: 26 dez. 2019. SILVEIRA, C. B. O que faz o inversor de frequência e como especificar? In: CITISYSTEMS. Sorocaba, 2019. Disponível em: https://www.citisystems.com.br/inversor-de-frequencia/. Acesso em: 26 dez. 2019. Leitura recomendada ROGGIA, L.; FUENTES, R. C. Automação industrial. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, ColégioTécnico Industrial de Santa Maria, 2016. Disponível em: http:// professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/18451/material/arte_au- tomacao_industrial.pdf. Acesso em: 26 dez. 2019. 19Acionamento de entradas e saídas
Compartilhar