Buscar

Fundamentos da Educacao Infantil - Aula 1

Prévia do material em texto

FUNDAMENTOS DA 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
CRISTIANE SOUSA N. SILVA 
AULA - 1 
História da 
Educação Infantil 
INTRODUÇÃO 
O questionamento de, como se constituiu ao longo da história a 
educação da criança de 0 a 6 anos no Brasil, passar a existir. Para 
obter informações que visa sanar esta inquietação, esta aula 
apresentará informações das mudanças da história do Brasil, de 
acordo com as características vivida na época, abordando desde a 
educação indígena até as ações que permeiam no século XIX em 
prol da educação infantil. 
O INICIO DA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS 
BRASILEIRAS 
Muito antes da chegada dos portugueses ao Brasil, os índios já 
habitavam o território. 
Os primeiros habitantes brasileiros educavam suas crianças de modo 
espontâneo e integral instruídas desde cedo pelos idosos nas aldeias. 
Mesmo depois de adultos, os índios continuavam a ser educados, 
eles viviam em comunas, comunidades que viviam numa economia 
natural e de subsistência. 
 
 
 “havendo, em geral, distinção de Classes sociais, não havia 
dominação de uns sobre os outros e, consequentemente, não havia 
aprendizado da superioridade de alguém sobre a inferioridade ou 
subordinação dos outros. Não havia competição nem concorrência, 
mas predominava a colaboração mútua. Nos períodos de abundância 
todos se beneficiavam e gozavam da fartura. Nos períodos de 
escassez todos sofriam as consequências por igual”. 
(SÁNCHEZ, 2016, p. 48) 
Conforme relata Sanchez (2016), a educação indígena não tinha 
divisão, todos tinham acesso a ela. A diferenciação estava no que se 
aprendia, por ser uma sociedade coletiva, unida por laços de sangue, 
composta por indivíduos livres em que todos tinham direitos iguais 
e viviam sobre a base da propriedade comum da terra. 
 
Os índios desenvolviam atividades como cerâmica, confecção de 
colares e outros objetos artesanais, além de aprenderem a arte da 
pesca, da caça, do comportamento e do ensinamento. 
“A menina acompanhava a mãe nas tarefas próprias à mulher e os 
meninos acompanhavam os homens nas tarefas próprias aos 
homens” 
(SÁNCHEZ, 2016, p. 48) 
A educação jesuítica teve 
início em 1549, com a 
Companhia de Jesus, 
representante da igreja 
católica. 
O objetivo da Companhia Jesuítica era de catequizar e educar os 
índios, ensinando as primeiras letras. O processo educativo esteve 
norteado pela aculturação, pois para os padres as crianças eram 
como tabula rasa, um papel em branco, onde tudo podia ser 
ensinado. 
O processo educativo dos jesuítas acontecia com uma distinta 
divisão social, pois também tinham a responsabilidade de ensinar, 
nos colégios religiosos, os filhos homens da incipiente elite, 
fornecendo conhecimento para administrar os negócios da família. 
Porém, as mulheres ficavam fora da escola e a catequese ficava 
direcionada aos indígenas dentro dos aldeamentos. 
 
 
Os jesuítas combinavam a catequese e o ensino em suas práticas, ou 
seja, à aprendizagem de seus trabalhos. Eles desenvolviam 
estratégias para ensinar o teatro, música e rituais cristãos acoplado 
ao ensino mnemônico. 
 
Companhia de Jesus, com sua organização escolar eficiente, liderou 
movimentos missionários e espalhou colégios por todo o território 
brasileiro, até serem expulsos depois de aproximadamente 200 anos. 
Após esta mudança foi criado um cargo de diretor geral dos estudos, 
que instituiu a prestação de exames para professores e nomeou 
comissários destinados a fiscalizar o ensino. 
É esta visão que D. João VI tem quando chega ao Brasil. Um 
processo educacional no período colonial, que sofria com a 
desorganização, advinda com a expulsão dos jesuítas e a Reforma 
Pombalina. 
 
Os jesuítas não eram a favor do aprisionamento e comercialização 
indígenas, desta forma, por razões econômicas e também em busca 
de mão de obra qualificada, os portugueses começaram a trazer 
africanos escravizados para o Brasil. 
 
Com a efetiva realização do planejamento, o professor tem como 
objetivo favorecer a construção do conhecimento do educando. 
Iniciando com o planejamento, realizando a prática e avaliando este 
processo, o mesmo visa o pleno desenvolvimento do educando. 
A instrução educacional dos negros vinha de um processo de 
exclusão. As crianças escravas entre 6 e 12 anos, começava a fazer 
pequenas atividades como auxiliares, pois a partir dos 12 anos já 
eram vistos como adultos, tanto para o trabalho quanto para a vida 
sexual. Ao contrário da criança branca, que aos 6 anos era iniciada 
nos primeiros estudos de língua, gramática, matemática e boas 
maneiras. 
Luz (2013) relata que, alguns africanos chegaram ao Rio de Janeiro 
sabendo falar, ler e escrever em português, pois um grupo 
significativo de escravos e libertos alfabetizados, inclusive 
mulheres, que assinavam seus nomes nos documentos e registros 
notariais 
(LUZ, 2013, p. 76) 
 
Este fato é uma das possibilidades abordadas, para a explicação do 
letramento de alguns escravos. Também levanta a hipótese que, no 
cotidiano de alguns cativos, a tarefa de acompanharem as crianças à 
escola é de responsabilidade dos escravos. 
Pierrot (2015) conceitua este fato como “aprendizagem furtiva”, 
pela observação e atenção no contato cotidiano com o mundo 
letrado, um modelo de aprendizagem não escolar. 
(PIERROT. 2015, p.43) 
A Lei do Ventre Livre previa a liberdade dos filhos de escravas, mas 
que era mantido no mínimo até os oito anos com seus senhores, e se 
desejassem poderiam ficar até os vinte e um anos de idade, 
preparando os mesmo para a liberdade, criando e educando. 
Fonseca (2007) resume: “a libertação do ventre e a educação eram 
articuladas como dimensões fundamentais na preparação dos negros 
para a liberdade” 
(FONSECA. 2017, p. 44) 
Aos negros libertos não havia impedimento legal em frequentar a 
escola, mas tinham de provar ser livres. No entanto, havia a negação 
das autoridades à educação de cativos libertos alegando “falta de 
vestimenta adequada, que havia a ausência de um adulto 
responsável para realizar a matrícula, assim como para adquirir 
material escolar e merenda, por exemplo, eram empecilhos 
enfrentados por alunos dessa origem para acessar a escola”. 
(BARROS. 2005, p. 85) 
Em meados do século XVIII e ao longo do século XIX, a criança 
passou a ser o centro de interesses educativos dos adultos. 
Segundo Oliveira: 
“a criança começou ser vista como sujeito de necessidade e 
objeto de expectativa e cuidados situados em um período de 
preparação para o ingresso no mundo dos adultos, o que 
tornava a escola (pelo menos para os que podiam frequentá-
la) um instrumento fundamental”. 
 (OLIVEIRA. 2005, p. 62) 
A CRIANÇA NO SÉCULO XIX 
 
O processo educacional no século XIX estava organizado de duas 
formas: o ensino primário atendendo educandos de 7 a 13 anos e o 
ensino secundário com atendimento de 13 a 15 anos. 
A responsabilidade de cuidar da educação dos filhos era da figura 
materna, pois o atendimento em escolas para as crianças pequenas 
em creches ou pré-escolas praticamente não existia. 
Ela era a protagonista dos cuidados e da educação inicial dos filhos, 
mas em setembro de 1871, precisamente em 28 de setembro de 
1871, foi promulgada a Lei do Ventre Livre, também conhecido 
como Lei Rio Branco. Esta lei apresenta e exige que: filhos de 
mulheres escravizadas nascidos a partir desta data ficariam livres. 
 
Conforme consta no primeiro artigo: 
Art. 1º - Os filhos de mulher escrava que nasceram no Império 
desde a data desta lei serão considerados de condição livre. 
 
 
 
 
 
O ato de abandonar os filhos, além de tolerado era estimulado nesta 
época, uma vez que os diretos dos adultos era prioridade para a 
convivência social. As crianças não era sujeito de direitos, portanto 
não se pesava nos seus interesses. 
 
Tanto a pobreza extrema das famílias quanto este 
fato histórico, propiciouo abandono de muitas 
crianças na “Roda dos Expostos”. Neste lugar 
eram entregues as crianças não desejadas, frutos 
da união entre escravos ou entre escravos e 
senhores. Este ato percorreu pelo Brasil Colonial, 
pelo Período Imperial até o Período da República, 
sendo o Brasil o ultimo país do mundo ocidental a 
acabar com a roda, em 1950. 
De acordo com Marcílio (1998), a roda foi inventada com a 
finalidade de não expor quem fosse praticar o ato de abandonar um 
bebê. O estimulo acontecida com o intuito de evitar que, estes bebês 
fossem abandonados em local de difícil acesso. Fato este, que 
poderia causar a morte destas crianças, ocasionada pelo frio, fome 
ou devorado por animais. 
A justificativa que a sociedade da época utilizava para o grande 
número de mortes de crianças era: aos nascimentos ilegítimos e à 
falta de educação moral, física, e intelectual das mães. Ambas as 
considerações da sociedade culpa a família pelo alto índice de 
mortalidade infantil, desconsiderando as condições econômicas e 
sociais da época e a ausência de estruturas de saúde pública. 
. 
Na zona urbana, o abandono acorria por moças pertences a famílias 
de grandes prestígios, assim para não ficar difamada pela sociedade, 
estas crianças eram abandonados nas “Rodas dos Expostos“. A 
igreja se encarregava de acolher estas crianças, que para salvar a 
alma do bebê realizava o batismo da mesma. 
 
 
 
Já na área rural, local onde residia a maior parte da população da 
época, os fazendeiros que abrigavam e assumiam a responsabilidade 
com as crianças órfãs ou abandonas. O alto índice nesta região, 
geralmente, se dava pela exploração sexual das mulheres negras e 
indígenas, praticadas pelos seus senhores brancos. 
Quase no final do século XIX, em 1888 ocorreu à Abolição de 
escravatura, que propiciou a modificação desta situação que a 
sociedade da época vivenciou com as crianças abandonas. A 
migração de pessoas das zonas rurais para as grandes zonas urbanas 
foi fator facilitador para que ocorresse o desenvolvimento cultural e 
tecnológico e também a mudança na forma de governo, 
possibilitando a Proclamação da República. 
 
 
 A Proclamação da República e o aparecimento de modernização 
modificaram a estrutura social e modificou os hábitos famílias, uma 
vez que as mulheres passaram a fazer parte do mundo do trabalho. 
Mas as mães operárias não tinham com quem deixar ou para onde 
mandar seus filhos. 
Como não tinha instituições que realizava este atendimento, surgem 
então as “mães mercenárias”, que são mulheres que optaram por não 
realizar um trabalho nas fábricas, elas vendiam seus serviços para 
abrigarem e cuidar de várias crianças juntas dos filhos de outras 
mulheres. 
Os cuidados oferecidos às crianças não era adequado, uma vez que 
as condições de higiene são precárias e não condizia com o 
necessário, outro fator preocupante era a falta de cuidado com o 
alimento oferecido aos pequenos, por exemplo, a pasteurização do 
leite de vaca. Este fato possibilitou o aumento do índice da 
mortalidade infantil. 
 
 
“Fatores como o alto índice de mortalidade infantil, a desnutrição 
generalizada e o número significativo de acidentes domésticos, 
fizeram com que alguns setores da sociedade, dentre eles os 
religiosos, os empresários e educadores, começassem a pensar num 
espaço de cuidados da criança fora do âmbito familiar” 
(PASCHOAL; MACHADO, 2009, p.82) 
 
 
 
Com o intuito de amenizar esta 
situação vivida por crianças e por 
suas mães, surgem as creches, asilos e 
internatos. Os próprios usuários 
passaram a manter estas instituições 
ou o sustento ocorria de forma 
filantrópica. 
 
Em 1875, surge o primeiro jardim de infância particular no Brasil, 
fundado por Menezes Vieira no Rio de Janeiro para atender a alta 
classe da época. O fundador defendia a ideia de que os jardins de 
infância deveriam dar assistência às crianças negras libertas pelo 
ventre livre e às com pouca condição econômica. 
 
A primeira creche do país surgiu ao lado da Fábrica de Tecidos 
Corcovado, em 1899 no Rio de Janeiro, junto com o IPAI-RJ 
(Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Rio de Janeiro), 
deu-se inicio ao marco das primeiras instituições pré-escolares no 
Brasil. Mais tarde abriria filial por todo o território nacional, 
começando assim uma rede assistencial que se espalhou por muitos 
lugares do Brasil. 
 
Desde os primórdios, a educação de crianças pequenas pobres, está 
relacionada aos cuidados físicos, ao contrario do serviço oferecido 
para os mais abastados financeiramente, que era voltado para o seu 
desenvolvimento. Desta forma, para os ricos os jardins de infâncias, 
e a prioridade para o atendimento das classes desfavorecidas eram 
os cuidados físicos, encontrado nos asilos e creches, isto por que 
esta iniciativa foi dada por higienistas e médicos, que não se 
preocupava com o desenvolvimento pedagógico. 
 
A EDUCAÇÃO ASSISTENCIALISTA PARA A 
INFÂNCIA 
 
O assistencialismo excludente marcou a origem das creches no 
Brasil, contribuindo para a manutenção de uma política de não 
investimento nas mesmas. 
O Estado, por ser uma instituição política administrativa, se negava 
fornecer à classe de crianças pequenas de 0 a 5 anos uma educação 
formal, não havia um olhar de cunho educacional para esta classe, e 
sim um olhar assistencial e caritativo. 
 
Com o advento da Revolução Industrial e a crescente urbanização e 
estruturação do capitalismo, fez com que toda classe operária se 
submetesse ao regime da fábrica e das máquinas. 
O crescimento da indústria neste período foi forte, devido a isso a 
mão de obra, que era realizada por homens, passa a necessitar 
também do trabalho feminino, assim a mulher ocupar seu espaço no 
mercado de trabalho. 
 
A mudança do processo de produção do campo para a cidade e da 
agricultura para a indústria, promove modificações sociais e 
alteração nas relações de trabalho e familiares. Esta modificação 
social alterou a forma da família de cuidar e educar seus filhos, 
possibilitando então uma movimentação entre os operários, que 
reivindica um lugar para deixarem seus filhos. 
“Essas transformações sociais demarcam a passagem da 
sociedade agrário-mercantil para uma sociedade urbano- 
manufatureira o que veio ocasionar grandes transformações 
no cuidado infantil, pois os pais passaram a trabalhar nas 
fábricas [...].” 
(CARTAXO, 2013, p.33) 
 
O índice da mortalidade infantil subiu no final do século XIX, com 
o número de mulheres trabalhando. As crianças que ficavam sem os 
cuidados da mãe por muitas horas necessitam de lugar adequado 
para passar este tempo, local este que denominamos de jardim da 
infância. 
Com esta visão, de ter um local para as crianças serem cuidadas e 
que supra suas necessidades, é que surge a concepção de 
assistencialismo da educação infantil. 
 
O atendimento as crianças de baixa renda, elas 
eram vistas de forma estigmatizada sendo 
considerado depósito de criança. Diante desse 
fato Didonet, (2001) contribui: 
 
Enquanto para as famílias mais abastadas pagavam uma babá, as 
pobres se viam na contingência de deixar os filhos sozinhos ou 
colocá-los numa instituição que deles cuidasse. Para os filhos das 
mulheres trabalhadoras, a creche tinha que ser de tempo integral; 
para os filhos de operárias de baixa renda, tinha que ser gratuita ou 
cobrar muito pouco; ou para cuidar da criança enquanto a mãe 
estava trabalhando fora de casa, tinha que zelar pela saúde, ensinar 
hábitos de higiene e alimentar a criança. A educação permanecia 
assunto de família. Essa origem determinou a associação creche, 
criança pobre e o caráter assistencial da creche. 
(DIDONET, 2001, p.13) 
 
Para que o poder público cumprisse o seu papel com a sociedade, 
algumas reivindicações da classe operária ocorreram, a solicitação 
era para que o Estado construíssecreches, para que as mães 
trabalhadoras ocupassem seu lugar no mercado de trabalho. 
Então, de 27 de agosto a 5 de setembro de 1922 foi realizado o 
Congresso Brasileiro de Proteção à Infância (CBPI), em conjunto 
com o 3° O Congresso Americano da Criança (CAC) , no Rio de 
Janeiro com a preocupação dos intelectuais da época, que buscava 
refletir e levantar propostas para a questão da infância vivida 
naquele período. 
 
 Oliveira relata que: 
“a educação moral e higiênica e o aprimoramento da raça, 
com ênfase no papel da mulher como cuidadora”, bem como 
“propugnou pela criação de leis que reconhecessem os 
direitos das crianças à vida e à saúde e alertou para a 
necessidade da notificação obrigatória do nascimento”. 
(OLIVEIRA. 2002, p.97). 
 
Deste modo, a partir desse extraordinário momento histórico passar 
a existir leis relativas aos direitos das crianças, as quais começam a 
ser vistas como sujeitos de direito. 
Em 1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, 
instituído no Governo Provisório de Getúlio Vargas. O Estado 
Novo, no seu regime militar inseriu a concepção de que a infância 
precisava ser protegida, desta forma assume a responsabilidade de 
buscar apoio financeiro de órgãos privados. 
 
A preocupação que se tinha até o momento permanecia em torno de 
uma educação física e higiene das crianças. A educação infantil 
propriamente dita não existia, apenas havia instituições que tinham 
caráter de dar assistência a crianças pobres que se encontravam em 
situação de risco. 
Em 1932, surge o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, 
mostrando que a educação é sim responsabilidade do Poder Público, 
este movimento buscava mostrar para a sociedade o quanto é 
importante que se tenha uma preparação para o início da vida 
escolar daquele indivíduo em desenvolvimento. 
 
Oliveira expõe que, a partir da década de 70 houve uma 
preocupação com o desenvolvimento intelectual, trazendo novos 
valores “a defesa de um padrão educacional voltado para os 
aspectos cognitivos, emocionais e sociais da criança pequena”. 
(OLIVEIRA. 2002, p. 109) 
 
A preocupação com as crianças começa a surgir, sendo ela 
pertencente no aspecto social e histórico, deixando ser vista apenas 
como um objeto e sim como sujeito em desenvolvimento físico, 
mental e social. Esta nova concepção de criança chega somente nos 
jardins-de-infância particulares, nas creches, o atendimento de filhos 
de operários permanece em caráter assistencialista. 
“As pré-escolas públicas não possuíam uma proposta 
pedagógica organizada, não havia contratação de professores 
qualificados e remuneração digna para a construção de um 
trabalho pedagógico sério”. 
(SAVELI; SAMWAYS, 2012, p.57) 
 
O atendimento assistencialista as crianças em situação de abandono, 
passou por fases variadas ao longo da história. A primeira intitulada 
de fase caritativa aconteceu no período colonial continuando as 
ações jesuíticas, o atendimento era em caráter de emergência e não 
tinha a pretensão de mudanças sociais. Os mais ricos buscava 
amenizar os sofrimento das crianças abandonadas realizando a 
caridade e a beneficência, o acolhimento destas crianças acontecia 
em casas de famílias, na Câmara Municipal e em grupos das Santas 
Casas de Misericórdia. 
 
A segunda fase, denominada de filantropia permanece com 
características da fase caritativa até meados da década de 60, onde 
as práticas estão diretamente associadas à caridade e às iniciativas 
sempre decorrentes de ações isoladas e de caráter voluntário, em 
grande parte, originado nas instituições religiosas. 
 
A terceira fase é identificada com as mudanças governamentais no 
ano do golpe político com o inicio da ditadura militar em 1964. 
Com o objetivo de traçar metas unificadas em nível nacional, foi 
criou a FUNABEM (Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor) 
com a finalidade de criar e implementar a política nacional de bem-
estar do menor. O Estado, exercendo suas responsabilidades de 
colocar em prática as orientações da FUNABEM, criou as FEBEM’ 
s para atender os direitos dos menores que eram classificados em 
dois grupos: os "infratores" que foram recolhidos na rua pela polícia 
e julgados pela Justiça, permanecendo sob custódia destas 
instituições; os "abandonados", cujos pais não possuem condições 
de criá-los ou são órfãos, sem pais adotivos. 
 
Somente em 1988 com a Constituição Federal, com a criação dos 
Direitos Internacionais das Crianças proclamada pela ONU 
(Organização das Nações Unidas) e a criação do ECA (Estatuto da 
Criança e Adolescente) em 1990, que o Estado assume de fato as 
responsabilidades sobre a assistência a infância e adolescência 
desvalidas, tornando-as sujeito de direitos. 
 
CONCLUSÃO 
A educação infantil ao longo da história foi marcada pelo descaso 
por parte da sociedade, até iniciar o processo em caráter de 
assistencialismo cuja concepção era que as crianças pequenas 
deveriam ser apenas cuidadas. As autoridades públicas se 
desviavam de suas responsabilidades para com a educação dos 
pequenos, somente as mudanças sociais fizeram com que este 
histórico mudasse. A Constituição Federal de 1988 foi fator 
principal para esta mudança, a qual reconheceu a educação infantil 
como parte do sistema educacional, bem como definiu a educação e 
a infância como direitos sociais fundamentais para obter a dignidade 
humana.

Continue navegando