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1 LIBRAS- LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS BELO HORIZONTE - MG 2 Sumário 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 3 2 LÍNGUA DE SINAIS .................................................................................................................................. 4 3 SURDEZ .................................................................................................................................................... 4 3.1 Caracterizando a surdez ....................................................................................................................... 4 3.2 Quem são os SURDOS? ......................................................................................................................... 5 3.4 Desmistificando os estereótipos .......................................................................................................... 6 4 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS ..................................................................................... 6 Idade contemporânea até os nossos dias .................................................................................................. 8 5 ELEMENTOS QUE FAZEM PARTE DA CULTURA SURDA. ......................................................................... 10 6 FILOSOFIAS EDUCACIONAIS PARA SURDO E LEGISLAÇÃO. .................................................................... 11 6.1 Oralismo ............................................................................................................................................. 11 6.2 Comunicação total ............................................................................................................................. 11 6.3 Bilinguismo ......................................................................................................................................... 12 7 O TRADUTOR/INTERPRETE DE LIBRAS EDUCACIONAL ........................................................................... 13 8 LEGISLAÇÃO........................................................................................................................................... 14 9 ASPECTOS LINGUÍSTICOS E GRAMATICAIS ............................................................................................ 18 9.1 Linguagem ....................................................................................................................................... 19 9.2 Língua ............................................................................................................................................... 19 10 PARÂMETROS FONOLÓGICOS ............................................................................................................. 19 10.1 Configuração de mãos: ..................................................................................................................... 20 10.2 Ponto de articulação: ....................................................................................................................... 21 10.3 Movimento ....................................................................................................................................... 22 10.4 Orientação/direcionalidade: ............................................................................................................ 22 11 Fonologia das línguas de sinais ............................................................................................................ 23 13 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS ................................................................................................................... 24 13.1 Mudanças históricas: ....................................................................................................................... 25 14 ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE ...................................................................................................... 26 14.1 Sinais Icônicos .................................................................................................................................. 26 14.2 Sinais Arbitrários .............................................................................................................................. 27 15 DATILOLOGIA É O ALFABETO MANUAL ............................................................................................... 27 16 NUMERAIS ........................................................................................................................................... 29 17 SINAIS E PRÁTICA DE CONVERSAÇÃO BÁSICA EM LIBRAS. .................................................................. 31 3 1 INTRODUÇÃO A LIBRAS se destaca por ser uma língua de modalidade visual espacial, foi desenvolvida pelas comunidades surdas do Brasil, por meio de aspectos culturais e indenitários. Como toda língua, a LIBRAS é dinâmica e está sempre em processo de desenvolvimento e ampliação. É reconhecida na legislação brasileira como língua oficial da comunidade surda, assim como a Língua Portuguesa é para os ouvintes. Um aspecto a ser considerado é que a linguagem humana pertence a todo ser humano, ou seja, no convívio de uma comunidade, os indivíduos aprendem a sua língua, e esta linguagem é fundamental para a socialização da criança, já que é um instrumento importante para a comunicação, que ocorre de diversos modos: fala escrita, gestos, expressões faciais etc. Portanto, para o indivíduo surdo, a língua de sinais é uma linguagem primordial para seu convívio em sociedade, no caso brasileiro, esta língua de sinais foi consolidada na LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Para Góes (1999), aprender uma língua significa atribuir significações ao mundo por meio de uma linguagem, assim sendo, uma criança surda que vive numa sociedade de maioria ouvinte deve buscar outra linguagem para comunicação, já que para os ouvintes a fala é o modo hegemônico de comunicação. Desta forma, cria-se uma via de mão dupla: os surdos aprendem como a sua primeira língua a língua de sinais da sua comunidade, logo, a sua segunda língua será a escrita da língua onde vivem. Por sua vez, os ouvintes têm como primeira língua a língua falada e escrita pela sua comunidade, já a língua de sinais pode tornar-se a sua segunda língua, se assim desejarem. E esta coexistência pode ser saudável para a sociedade. A Língua Brasileira de Sinais teve sua origem ainda no Império. Em 1856, o conde francês Ernest Huet, que era surdo, desembarcou no Rio de Janeiro com o alfabeto manual francês e alguns sinais. O material foi adaptado e deu origem a Libras. Este sistema foi amplamente expandido e assimilado no Brasil. No entanto, a oficialização da Língua brasileira sinais- LIBRAS só ocorreu um século e meio depois, em abril de 2002 – durante esse período, no Brasil a monarquia deu lugar república, teve seis Constituições e viveu a ditadura militar. 4 O longo intervalo deve-se a uma decisão tomada no Congresso Mundial de Surdos, na cidade italiana de Milão em 1880. No evento, ficou decidido que a língua de sinais deveria ser abolida, ação que o Brasil implementou em 1881. A regulamentação da Libras em âmbito federal só se deu em 24 de abril de 2002, com a lei nº 10.436. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. 2 LÍNGUA DE SINAIS As línguas de sinais são denominadas línguas de modalidade gestual-visual (ou espaço-visual), pois a informação linguística é recebida pelos olhos e produzida pelas mãos. As Línguas de Sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades surdas. A Língua de sinal assim como a Língua oral não são universais, cada país fala a sua língua de sinal de acordo com suas origens culturais, os surdos do Brasil falam LIBRAS, na França LSF, nos Estados Unidos ASL e assim por diante, além do regionalismo, assim como as línguas orais sofrem influencias linguísticas as línguas de sinais também. Portanto a sigla LIBRAS significa – Língua de sinais brasileira. 3 SURDEZ A surdez ou deficiência auditiva e a perda parcial ou total da audição, que pode ser ocasionada por má-formação congênita, ou seja, desde o nascimento, ou também, adquirida ao longo da vida, provocada por alguma lesão na orelha ou ouvido atingindo as estruturas que compõem o aparelho auditivo. A deficiência auditiva ou surdez pode variar de um grau leve a profunda, ou seja, o indivíduo pode não ouvir apenas os sons mais fracos ou até mesmo não ouvir som algum. 3.1 Caracterizando a surdez Leve: as pessoas podem não se dar conta que ouvem menos: somente um teste de audição (audiometria) vai revelar a deficiência. E a perda acima de 25 a 40 decibéis (D.B.); 5 Moderada: É a perda de 41 a 55 (D.B.). Os sons podem ficar distorcidos e na conversação as palavras se tornam abafadas e mais difíceis para entender, particularmente quando têm várias pessoas conversando em locais com ruído ambiental ou salas onde existe eco. A pessoa só consegue escutar os sons muito altos como o som ambiente de urna sala de trabalho e tem dificuldade para falar ao telefone. Severa: a perda de 71 a 90 (D.B.). Para ouvir, a pessoa precisa de um som tão alto quanto o barulho de uma impressora rotativa (até 80 decibéis). Surdez profunda: É a perda Acima de 91 (D.B.). A pessoa só ouve ruídos como os provocados por uma turbina de avião (120 decibéis) disparo de revolver (150 decibéis) e tiro de canhão (200 decibéis). 3.2 Quem são os SURDOS? Surdo - Pessoas que não escutam ou que possuem perda auditiva e utilizam a língua visual-espacial como principal meio de comunicação. Os surdos que frequentam a escola ou tem contato com outros surdos desenvolvem a língua de sinais. Mas existem alguns surdos que vivem isolados ou em locais onde não exista uma comunidade surda, se comunicam por gestos conhecidos também como sinais caseiros. Existem também os surdos oralizados, que por decisão da família, após muito treino, preferem usar a língua oral. Deficiência Auditiva - Pessoa que possui algum tipo de perda sensorial auditiva desde de surdez leve a profunda. É um termo técnico usado pela medicina e, algumas vezes, em textos científicos. Não designa o grupo cultural dos surdos. Surdo-Mudo: termo incorreto atribuído ao surdo está associado ao estigma social pelo fato do surdo não usar a comunicação oral, ser surdo não significa ser mudo, a mudez e a surdez são deficiências diferentes não devem ser associadas. Infelizmente por falta de conhecimento o termo ainda é utilizado em certas áreas e divulgado nos meios de comunicação, principalmente televisão, jornais e rádio e redes sociais. O termo correto para nos referirmos a esses indivíduos é apenas “SURDO”. 6 3.4 Desmistificando os estereótipos Nem todo surdo é mudo; Nem todos os surdos fazem leitura labial; Nem todos os surdos sabem Língua de Sinais; Ao falar com surdo não é necessário tocá-lo fortemente e/ou falar em voz alta. A Língua de Sinais não é universal. 4 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS Ao longo da história os surdos foram marginalizados, sendo considerados como deficientes e incapazes o que levou em muitos casos à perda de heranças e vários direitos. Na Idade Antiga Os romanos e os gregos discriminavam os surdos por acharem que eram castigo divino ou pessoas enfeitiçadas, os surdos eram abandonados ou eram lançados ao de precipícios como faziam com quaisquer crianças que nascesse com alguma deficiência. No Egito e na Pérsia acreditavam que os surdos eram enviados dos deuses, por acreditarem que eles se comunicavam diretamente com os eles, apesar de serem venerados, viviam isolados e não tinham direito à educação. Aristóteles (384 -322 a.c) acreditava que se os surdos não falavam era porque não possuíam linguagem e nem pensamentos, portanto achava impossível educá- los. Na Idade Média A igreja católica proibia os surdos de receberem a comunhão sobre a alegação de que eles não tinham alma e eram incapazes de confessar seus pecados. Eram proibidos de casarem entre si, não recebiam herança, eram privados de todos os direitos de cidadãos. Nessa mesma época os monges beneditinos vaziam votos de silêncio e desenvolveram uma linguagem de sinais para comunicar entre si sem quebrar o voto do silêncio e aproveitaram para alfabetizar alguns surdos de família nobre nascidos nos castelos visto que os nobres não queriam dividir a herança com outras famílias casando-se entre primos, sobrinhas, tios entre outros, 7 porem seus filhos nasciam surdos e para receberem a herança precisam falar e dessa forma passaram a serem educados. Quanto ao método utilizado na época não temos registros, mas sabe-se que alguns acreditavam que deveriam priorizar a língua falada, outros, a língua de sinais e outros, ainda, o método combinado. Na Idade Moderna Girolamo Cardono (1501-1576) era médico e filósofo reconhecia a habilidade de raciocínio do surdo e afirmava que a surdez não impedia a aprendizagem do surdo e que a melhor forma de educá-los era a escrita. A primeira escola para surdo estabeleceu na Espanha foi criado pelo monge beneditino Pedro Ponce de Leon (1510-1584). Poncio de Leon usava a datilologia, a escrita e a oralização, mais tarde ele criou a escola para professores surdos, mas seus métodos não perpetuaram após sua morte, na época usava-se guardar segredo sobre a educação de surdos. O primeiro livro publicado sobre a educação de surdos foi no 1620 por Juan Pablo Bonet, seus métodos consistia em treinamento da fala o uso do alfabeto( datilologia). Jacob Rodrigues foi reconhecido como o primeiro professor surdo da França, oralizou sua irmã utilizando o método do ensino da fala e de exercícios auditivos e orais. Samuel Heinicke (1729-1790) usava o oralismo puro, onde o grande valor era a fala, foi conhecido como “O Pai do método Alemão”. Em 1778 fundou a primeira escola de surdos na Alemanha na qual seus alunos eram ensinados através do oralismo puro. No entanto, dentre esses educadores, o mais importante foi o abade francês Charles-Michel de L’Epée (1712- 1789), o qual ensinou e apoiou os surdos, criando uma escola pública, o Instituto Nacional de Jovens Surdos-Mudos, em Paris. Além disso, L’Epée criou também como método de ensino a gramática de LS, método chamado de Sinais Metódicos. Por meio dos Sinais Metódicos, utilizava-se a inicial da palavra em francês para criar o sinal dessa palavra. Por exemplo: o sinal para DIEU (Deus) era feito com a sua inicial, a letra D. Abade Charles de L’Epée morre deixando 21 escola para surdos em todo o território francês. 8 Abade Charles de L’Epée Fonte Disponível em :https://www.google.com/search? q=figura+de+abade+de+l+epp&sxsrf= Idade contemporânea até os nossos dias Nos Estados Unidos o reverendo Thomas Hopkins Gallaudet (1787-1851), observavas as crianças brincando em seu jardim, quando percebeu que uma delas era rejetada pelas outrs crianças pelo fato de ser surda. Gallaudet ficou profundamente tocad com a situação da menina e pelo fato de não ter nenhuma escola de surdos nos Estados Unidos que pudesse ser frequentada por ela. Gallaudet partiu para a Europa onde conheceu os métodos aplicados por L’Epée e ao retornar para os Estados Unidos trouxe consigo um professor surdo Laurent Clerc, que foi um discípulo de L’Epée, durante a viagem Clerc ensinou a língua de sinais para Gallaudet que por sua vez lhe ensinou o inglês. Gallaudet fundou a primeira escoa de surdos dos Estados Unidos e em 1864 seu filho Edward Miner Gallaudet fundou a primeira universidade nacional para surdos. Em 1855 chega ao Brasil o professor surdo Ernest Huet conhecido também por Eduardo Huet,a convite de D. Pedro II abre a primeira escola de surdos na cidade do Rio de Janeiro, denominada “Imperial Instituto dos Surdos-mudos”, hoje, “Instituto Nacional de Educação de Surdos”- INES. 9 Fonte disponível em: https://academiadelibras.com/blog/primeira- escola-de-surdos-no-brasil-1857/ Em 1867 Alexander Grahan Bell dedicou-se aos estudos sobre acústica e fonética, publicou vários artigos criticando casamento entre pessoas surdas, cultura surda e as escolas para surdos, ele era contra a língua de sinais argumentando que a mesma não propiciava o desenvolvimento intelectual dos surdos. Grahan Bell abriu a própria escola com intuito de oralizar os surdos e lá conheceu a surda Mabel com quem se casou. O ano de 1880 foi uma data marcante para a comunidade surda, pois foi realizado o congresso de Milão – Itália, onde o método oral foi votado como o método mais adequado para a educação de surdos e a língua de sinais foi proibida oficialmente sobre a alegando que a mesma destruía a capacidade de fala dos surdos, sobre a alegação que os surdos eram preguiçosos e preferiam comunicar em língua de sinais. Graham Bell teve uma grande participação no congresso junto com mais 164 ouvintes que votaram a favor do oralismo contra 5 surdos americanos que foram contra o oralismo. Tal opressão perdurou por mais de um século, trazendo uma série de consequências sociais e educacionais negativas. Nesse mesmo contexto nasceu Helen Keller no Alabama, Estados Unidos, devido a uma enfermidade ela ficou surda e muda aos 2 anos de idade. Aos 7 anos foi Educada pela professora Anne Sullivan, que lhe ensinou o alfabeto tátil ( método empregado pelos surdoscegos). Hellen Keller concluiu o ensino superior e publicou várias obras além de passar o resto de sua vida visitando pessoas com deficiências mundo a fora levando esperança e autoestima a essas pessoas. ps://academiadelibras.com/blog/primeira-esc ps://academiadelibras.com/blog/primeira-esc 10 Em 1960 linguista Willian StoKoe o livro “Language Structure: an Outline of the Visual Communication System of the American Deaf”, afirmando que ASL ( língua de sinais americana) é uma língua com todas as características da língua oral. A partir dessa publicação surgiram várias pesquisas a respeito da língua de sinais nos Estados Unidos e na Europa. Willian Stokoe A cultura surda engloba possibilidades e elementos próprios da vida dos sujeitos surdos, abarcando não apenas aspectos cotidianos de suas vidas, mas também o grupo social a qual pertencem. A falta de audição não inviabiliza a interação linguística, a participação social ou a produção cultural das pessoas surdas. Ao nos aproximarmos mais da realidade surda, através da convivência e de pesquisas, deparamos, com um complexo e instigante conjunto de elementos culturais, alimentados e enriquecidos pelas comunidades surdas . 5 ELEMENTOS QUE FAZEM PARTE DA CULTURA SURDA. Visualidade: O surdo é muito visual. A visão é o principal sentido de contato com o mundo, de apreensão e significação das informações. Linguístico: as línguas de sinais, de características visuoespaciais, são as línguas naturais das pessoas surdas. Não se trata de uma versão em sinais de uma língua oral como o português, ela possui regras próprias, e não são simples gestos ou mímica. Comunidade surda: composta por surdos e por ouvintes militantes da causa, como professores, familiares, intérpretes, amigos, entre outros. Associações e organizações: centros cuja importância se manifesta, por exemplo, na possibilidade de o surdo interagir com outras pessoas surdas, o que favorece a construção da sua identidade, a possibilidade de aprender a língua de sinais, as lutas sociais etc. Arte surda: produções literárias, teatros e artes plásticas em língua de sinais e produzidas por pessoas surdas. 11 Criações e transformações materiais: exemplificadas pelas soluções alternativas para as pessoas surdas, como campainhas luminosas, telefones adaptados (Telecommunications device for the deaf - TDDs), dispositivos de vibração (relógios, celulares) em substituição ao despertador, etc. 6 FILOSOFIAS EDUCACIONAIS PARA SURDO E LEGISLAÇÃO. 6.1 Oralismo O Congresso de Milão foi um evento muito importante na educação dos surdos, foi realizada no dia 06 de setembro de 1880, o qual trouxe a filosofia oralista para a educação dos surdos, nessa perspectiva os surdos só podiam ser educados através do método oral, logo, todos os métodos gestuais e de língua de sinais foram considerados limitados e inferiores. Após o Congresso de Milão, os países europeus, bem como outros países do mundo, adotaram o Oralismo puro em suas escolas. Isso causou o afastamento de professores surdos, permanecendo apenas os professores ouvintes nessas escolas. Segundo Moura (2000), durante os cerca de cem anos de predominância do Oralismo (de 1880 a 1980), foram obtidos poucos resultados quanto ao desenvolvimento da fala, do pensamento e da aprendizagem dos surdos. Além disso, a surdez era vista apenas em termos clínicos, tendo-se como preocupação o estudo da perda auditiva, o desenvolvimento da oralidade, a articulação, etc. A comunicação de surdos, através da Língua de Sinais, dava-se em ambientes escondidos, como no banheiro e no pátio das escolas, nos quartos de internatos, antes de dormir, e nos pontos de encontros de surdos. Devido a esse fato, a Língua de Sinais nunca se extinguiu, permanecendo como língua na vida dos surdos. 6.2 Comunicação total Nos anos 60, o linguista americano William Stokoe reconheceu que a LS tinha gramática própria. Atualmente, vários linguistas pesquisam sobre a LS em diferentes países. Antes de Stokoe, a LS era vista como pobre, apenas um apoio de comunicação; havia o pensamento de que esta servia para comunicação de macacos. Nessa época, predominava o oralismo, discriminando-se a LS. 12 Nos anos 80, iniciaram os estudos e a aplicação da Comunicação Total por professores de surdos. Conforme explica Dorziat (2005, p. 3): Os adeptos da comunicação total consideravam a língua oral um código imprescindível para que se pudesse incorporar a vida social e cultural, receber informações, intensificar relações sociais e ampliar o conhecimento geral de mundo, mesmo admitindo as dificuldades de aquisição, pelos surdos, dessa língua. Na Comunicação Total, é necessário falar e sinalizar ao mesmo tempo. Por exemplo: pronuncia-se EU VOU PARA CASA e sinaliza-se EU VOU CASA (o que chamamos de bimodalismo). 6.3 Bilinguismo Nos anos 90, o Bilinguismo teve início na educação de surdos. Caracterizado pelo aprendizado de duas línguas - a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa - a educação bilíngue consiste, em primeiro lugar, na aquisição da Língua de Sinais (L1) pelos surdos, sendo esta sua língua materna. Em seguida, a Língua Portuguesa (L2) escrita é ensinada como sua segunda língua. Durante muito tempo houve a tentativa de normatizar o surdo, mas graças a resistência da cultura surda que lutou pelo reconhecimento da língua de sinais. Apesar dessa conquista o surdo ainda tem dificuldade de aprendizagem no ambiente escolar devido a diferença na estrutura das línguas, pois a Libras não tem escrita própria, o surdo é obrigado a escrever na estrutura da língua portuguesa, que se difere muito da língua de sinais. A estrutura da língua de sinais se diferencia da língua portuguesa, isso traz dificuldade para os surdos na ora da escrita, ao passo que ele usa a Libras para se comunicar e o Português para a escrita. E esse fator leva os professores, que não entendem a escrita dos surdos, acreditarem que eles possuem alguma dificuldade de aprendizagem ou falta de interesse. Além do interprete em sala de aula é importante que o professor ouvinte saiba a Língua de Sinais, assim ele pode comunicar-se de maneira satisfatória com o aluno surdo. Porém, quando o professor também é surdo, além da mesma comunicação, ambos possuem a mesma identidade, o que contribui para uma 13 harmonia ainda melhor entre professor e aluno. Assim o aluno encontra na figura do professor um modelo de adulto surdo e o professor surdo representa uma perspectiva para o próprio futuro desse aluno. Mas essa situação é rara em nosso país, ainda temos poucas escolas bilíngues, não temos professores surdos em salas de aula regente e sim nas salas de recursos onde o professor surdo faz o atendimento ao aluno no contra turno, nas escolas ou centros especializados para surdos, também encontramos profissionais surdos lecionando para esses alunos. A introdução da Língua de Sinais no currículo de escolas para surdos é um indício de respeito a sua diferença. É desejo dos surdos que as escolas, dentro de sua cultura e prepare-os para o mercado de trabalho e o convívio social. Mesmo com o desenvolvimento da Língua brasileira de sinais e a introdução do bilinguismo na educação dos surdos, há baixo índice de participação dos surdos no ensino médio, e menor ainda no ensino superior, comprovam que a educação de surdos permanece carente de mudanças (Rangel e Stumpf, 2004). A diferença destacada refere-se também ao fato de que as línguas de sinais são línguas espaço-visuais, ou seja, esta língua não se utiliza do canal oral-auditivo para sua comunicação, mas da visão e do espaço disponível. Uma semelhança é o fato de não ser universal, pois tanto a língua de sinais quanto as línguas orais têm suas regionalidades, gírias e outras especificidades que impedem a formação de uma língua universal. 7 O TRADUTOR/INTERPRETE DE LIBRAS EDUCACIONAL https://encrypted- EXRvT2GxvnXV4jU2VKVoWU8aw OWRY-yARPDX6oHBC 14 Atualmente há leis em vigor que regulamentam a profissão e determinam a formação desse profissional. Uma dessas leis é a LEI Nº 12.319 DE 01.09.2010 que regulamenta a profissão de Tradutor e Interprete de Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. De acordo com Quadros (2007, p.7) o tradutor/intérprete de Libras é conceituado como “a pessoa que interpreta Libras/Português e Português/Libras. A atividade de traduzir/interpretar não deve ser entendida somente como um processo linguístico, é imprescindível que o profissional domine as línguas envolvidas e compreenda as ideias presentes nos discursos para além das palavras, lembrando que em uma atividade de tradução/interpretação, além da gramática das línguas está a cultura, os aspectos sociais e emocionais presentes no contexto a ser interpretado. De acordo com a Lei mediar à tradução da Libras/Língua Portuguesa, cabendo ainda ao interprete exercer maiores funções explicativas da fala do professor, mas não interagir no processo de aprendizagem do aluno, apenas exercer sua função de mediador da língua e não da aprendizagem. 8 LEGISLAÇÃO No Brasil, a primeira lei que viabiliza o uso da Língua Brasileira de Sinais como a primeira língua dos surdos foi assinada em novembro de 2002 pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 22 de dezembro de 2005, no governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva esta lei foi regulamentada através do Decreto 5..626, que trata do uso e da difusão da LIBRAS, da inclusão da LIBRAS como disciplina, da formação do instrutor e do intérprete da LIBRAS, entre outras coisas. LEI DE LIBRAS Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a LÍNGUA BRASILERA DE SINAIS - LIBRAS e dá outras providências. Eu o presidente da república faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei. 15 Art. 1 - É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo Único. Entende-se como LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual- motora. Com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Art. 2 - Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. Art 3 - As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. Art. 4 - O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de educação especial, de fonoaudióloga e de magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da língua brasileira de sinais - libras, como parte integrante dos parâmetros curriculares nacionais - PCNS. Conforme legislação vigente. Parágrafo Único. A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS não poderá substituir a modalidade escrita da Língua Portuguesa. Art. 5 - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril de 2002; 1810 da Independência e 1140 da República. Fernando Henrique Cardoso Paulo Renato Souza Texto Publicado no D.O.U. de 25.4.2002. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002 Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. INTÉRPRETES Lei Nº 12.319 de 1º de setembro de 2010 Regulamenta a profi ssão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais 16 (LIBRAS). PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 040/2003 Tradução simultânea na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – na programação da TV Assembleia e dá outras providências. ACESSIBILIDADE Decreto 5.296 de 2 de Dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nº 10.048 de Novembro de 2000, e dá prioridade de atendimento às pessoas que especifi ca, e 10.098 de 19 de Dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade. Decreto nº 6.214 de 26 de Setembro de 2007 Regulamenta o Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Assistência Social devido à pessoa com deficiência e ao idoso de que trata a lei nº 8.742 de Dezembro de 1993, e a Lei nº 10.741 de 1º de Outubro de 2003, e dá outras providências. Resolução nº 4 de 2 de Outubro de 2009 Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Lei nº 10.216 de 6 de Abril de 2001 Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial de saúde mental. Lei nº 6.202 de 17 de Abril de 1975 Atribui à estudante em estado de gestação o regime de exercícios domiciliares, instituído pelo Decreto lei nº 1.044, e dá outras providências. Portaria nº 3.284 de 7 de Novembro de 2003 Dispõe sobre requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras de defi ciências, para instruir os processos de autorização e reconhecimento de cursos, e de credenciamento de instituições. Lei nº 4.304 de 07 de abril de 2004. Dispõe sobre a utilização de recursos visuais, destinados as pessoas com defi ciência auditiva, na veiculação de propaganda ofi cial. Lei federal nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de defi ciência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. MERCADO DE TRABALHO Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com benefi ciários reabilitados ou pessoas portadoras de defi ciência, habilitadas, na seguinte proporção: I – até 200 empregados 2% II – de 201 a 500 3% III – de 501 a 1.000 4% 17 IV – de 1.001 em diante 5% 1º A dispensa de trabalhador reabilitado ou de defi ciente habilitado ao fi nal de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de substituto de condição semelhante. 2º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social deverá gerar estatísticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por reabilitados e defi cientes habilitados fornecendo-as quando solicitadas, aos sindicatos ou entidades representativas dos empregados. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. TRANSPORTE Conselho Nacional de Trânsito – Contran Resolução nº 734/1989 Art. 54 o candidato à obtenção de carteira nacional de habilitação, portador de defi ciência auditiva igual ou superior a 40 decibéis, considerado apto no exame otonerológicos, só poderá dirigir veículo automotor das categorias A ou B. SURDEZ Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999 Art.4º é considerada pessoa portadora de defi ciência aquela que enquadrar nas seguintes categorias: A) DE 25 A 40 DECIBÉIS (D.B) – SURDEZ LEVE; B) DE 41 A 55 (D.B) – SURDEZ MODERADA; C) DE 56 A 70 (D.B) – SURDEZ ACENTUADA; D) DE 71 A 90 (D.B) – SURDEZ SEVERA; E) DE ACIMA DE 91 (D.B) – SURDEZ PROFUNDA; F) ACANHAIS (PROFUNDA). TELEFONIA Decreto nº 1.592 de 15 de maio de 1998 Art.6º a partir de 31 dezembro de 1999. A concessionária deverá assegurar condições de acesso ao serviço telefônico para defi cientes auditivos e da fala: tornar disponível centro de atendimento para intermediação da comunicação (1402). LEGENDA Lei nº 4.304 de 07 de abril de 2004 – Rio de janeiro Dispõe sobre a utilização de recursos visuais, destinados às pessoas com deficiência auditiva, na veiculação de propaganda oficial. Lei nº 2.089 De 29 De Setembro De 1998 – Distrito Federal Institui a obrigatoriedade de inserção, nas peças publicitárias para veicularão em emissoras de televisão, da interpretação da mensagem em legenda e na Língua Brasileira de Sinais – Libras. FONTE: Disponível em: <https://direitosdossurdos.wordpress.com/legislacao/>. 18 Acesso em: 13 dez. 2015. Lei Nº 12.319 de 1º de setembro de 2010 Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Decreto nº 10.502, de 30 de setembro de 2020 Institui a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida. Traz no Art. 2º no inciso II - educação bilíngue de surdos - modalidade de educação escolar que promove a especificidade linguística e cultural dos educandos surdos, deficientes auditivos e surdocegos que optam pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras, por meio de recursos e de serviços educacionais especializados, disponíveis em escolas bilíngues de surdos e em classes bilíngues de surdos nas escolas regulares inclusivas, a partir da adoção da Libras como primeira língua e como língua de instrução, comunicação, interação e ensino, e da língua portuguesa na modalidade escrita como segunda língua; Estas Leis foram conquistadas pela comunidade surda, após muitas lutas e pressões dos movimentos sociais, iniciativas individuais e coletivas, órgãos e entidades diversas foram aprovadas pelo legislativo, que por sua vez se sensibiliza juntamente com toda a sociedade em prol da visibilidade dos surdos e pela luta dos seus direitos. 9 ASPECTOS LINGUÍSTICOS E GRAMATICAIS A LIBRAS é dotada de uma gramática constituída a partir de elementos constitutivos das palavras ou itens lexicais e de um léxico (o conjunto das palavras da língua) que se estruturam a partir de mecanismos morfológicos, sintáticos e semânticos que apresentam especificidade mas seguem também princípios básicos gerais. Estes são usados na geração de estruturas linguísticas de forma produtiva, possibilitando a produção de um número infinito de construções a partir de um número finito de regras. É dotada também de componentes pragmáticos convencionais, codificados no léxico e nas estruturas da LIBRAS e de princípios pragmáticos que permitem a geração de implícitos sentidos metafóricos, ironias e outros significados não literais. Estes princípios regem também o uso adequado das estruturas linguísticas da LIBRAS, isto é, permitem aos seus usuários usar estruturas nos diferentes contextos que se lhes apresentam de forma a corresponder às diversas funções linguísticas 19 que emergem da interação do dia a dia e dos outros tipos de uso da língua. Veremos a seguir cada um desses conceitos da definição discutidos e ilustrados por estruturas da LIBRAS. 9.1 Linguagem Linguagem é tudo que envolve significação, que pode ser humano (pintura, música, cinema), animal (abelhas, golfinhos, baleias) ou artificial (linguagem de computador, código Morse, código internacional de bandeiras). Ou seja, “sistema de comunicação natural ou artificial, humana ou não” (Fernandes, 2002:16). 9.2 Língua É um conjunto de palavras, sinais e expressões organizados a partir de regras, sendo utilizado por um povo para sua interação. Sendo assim a língua seria uma forma de linguagem: a linguagem verbal (oral) e não verbal (língua de Sinais). Tanto a língua oral quanto a língua de sinal se organizam em diferentes níveis: semântico, sintático morfológico e fonológico. Libras é língua ou linguagem? Diante do exposto a LIBRAS é uma língua e o termo correto é “língua” de sinais e não “linguagem” de sinais, pois “língua” possui um sistema específico de signos que é utilizado por um povo para si comunicarem ao passo que “linguagem” está relacionada capacidade da espécie humana para se comunicar através de signos. 10 PARÂMETROS FONOLÓGICOS Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. Nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros: 20 Configuração de Mãos (CM) Localização ou Ponto de Articulação (PA) Movimento (M) Orientação e direcionalidade (Or). Expressões Não – Manuais (ENM). 10.1 Configuração de mãos: são formas das mãos, que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros) ou pelas duas mãos do emissor ou pelo sinalizador. Os sinais APRENDER, LARANJA, OUVIR E AMOR têm a mesma configuração de mãos que são realizadas na testa, na boca, na orelha e no lado esquerdo do peito respectivamente; FONTE: Disponível em: <http://charles- libras.blogspot.com.br/2014/10/configuracoes-de-mao. html>. Acesso em: 21 jan. 2016. 21 10.2 Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do corpo até a cabeça) e horizontal (à frente do emissor). Os sinais TRABALHAR, BRINCAR, BESTEIRA, CONSERTAR são feitos no espaço neutro e os sinais ESQUECER, MENTE, APRENDER E PENSAR são realizados na testa; 22 10.3 Movimento: os sinais podem ter movimento ou não. Os sinais citados acima têm movimento, com exceção de PENSAR que, como os sinais AJOELHAR E EM-PÉ m não têm movimento; 10.4 Orientação/direcionalidade: os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros acima. Assim os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade, como os verbos SUBIR e DESCER, ACENDER E APAGAR, ABRIR- PORTA e FECHAR-PORTA; 10.5 Expressão facial e / ou corporal: muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração têm como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO, ATO-SEXUAL; sinais feitos com a mão e expressão facial, como o sinal BALA, e há ainda sinais em sons e expressões faciais complementam os traços manuais, como os sinais HELICOPTERO e MOTOR. 23 Na combinação destes cinco parâmetros, tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto, combinar estes elementos para formarem as palavras e estas formarem as frases em um contexto. 11 Fonologia das línguas de sinais Fonologia abrange o estudo das unidades menores que irão fazer diferença na formação de uma palavra. No português, os sons de /m/ e de /p/ são distintivos porque formam um par mínimo /mata/ e /pata/. O par mínimo indica que ao mudar apenas uma unidade mínima, ou seja, /m/ e /p/, em uma determinada combinação determinará mudança de significado. Isso também acontece com os pares mínimos língua de sinais brasileira. Os pares mínimos da língua de sinais estão relacionados ás configurações de mão, a locação/ponto de articulação ou movimento uma pequena mudanças desses elementos determinará a mudança do significado da palavra. Observando o exemplo abaixo percebemos que a configuração de mão e o movimento é o mesmo, mudou-se apenas a localização, ou seja, o local onde foi executado o movimento e através disso mudou o significado do sinal. 24 12 O LÉXICO OU VOCABULÁRIO DA LIBRAS O léxico pode ser definido como um conjunto de palavras de uma língua. No caso da LIBRAS, as palavras ou itens lexicais são os sinais. Por falta de conhecimento pensa-se que as palavras ou sinais da língua de sinais é constituída a partir do alfabelto manual como por exemplo: A soletração manual das letras mais conhecido como datilologia só é usado para nomes próprios ou quando não se conhece o sinal da palavra em Libras. 13 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS Na maioria do mundo, há, pelo menos, uma língua de sinais usada amplamente na comunidade surda de cada país, diferente daquela da língua falada utilizada na mesma área geográfica. Isto se dá porque essas línguas são independentes das línguas orais, pois foram produzidas dentro das comunidades surdas. A Língua de Sinais Americana (ASL) é diferente da Língua de Sinais Britânica (BSL), que difere, por sua vez, da Língua de Sinais Francesa (LSF). 25 Além disso, dentro de um mesmo país há as variações regionais. A LIBRAS apresenta dialetos regionais, salientando assim, uma vez mais, o seu caráter de língua natural. 13.1 Mudanças históricas: com o passar do tempo, um sinal pode sofrer alterações decorrentes dos costumes da geração que o utiliza. 26 14 ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE A modalidade gestual-visual-espacial pela qual a LIBRAS é produzida e percebida pelos surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os sinais são o “desenho” no ar do referente que representam. É claro que, por decorrência de sua natureza linguística, a realização de um sinal pode ser motivada pelas características do dado da realidade a que se refere, mas isso não é uma regra. A grande maioria dos sinais da LIBRAS são arbitrários, não mantendo relação de semelhança alguma com seu referente. Vejamos alguns exemplos entre os sinais icônicos e arbitrários. 14.1 Sinais Icônicos Uma foto é icônica porque reproduz a imagem do referente, isto é, a pessoa ou coisa fotografada. Assim também são alguns sinais da LIBRAS, gestos que fazem alusão à imagem do seu significado. Ex.: Isso não significa que os sinais icônicos são iguais em todas as línguas. Cada sociedade apreende aspectos diferentes do mesmo referente, concebidos através de seus próprios sinais, convencionalmente, (FERREIRA BRITO, 1993) conforme os exemplos abaixo: 27 LIBRAS - representa o tronco usando o antebraço e a mão aberta, as folhas em movimento. LSC (Língua de Sinais Chinesa) - representa apenas o tronco da árvore com as duas mãos (os dedos indicador e polegar ficam abertos e curvos). Árvore 14.2 Sinais Arbitrários São aqueles que não mantêm nenhuma semelhança com o dado da realidade que representam. Uma das propriedades básicas de uma língua é a arbitrariedade existente entre significante e referente. Durante muito tempo afirmou-se que as línguas de sinais não eram línguas por serem icônicas, não representando, portanto, conceitos abstratos. Isto não é verdade, pois em língua de sinais tais conceitos também podem ser representados, em toda sua complexidade. Ex: 15 DATILOLOGIA É O ALFABETO MANUAL A datilologia é mais usada para expressar nome de pessoas, localidades e 28 outras palavras que não possuem um sinal específico. Às vezes, uma palavra da língua portuguesa que por empréstimo passou a pertencer a LIBRAS, por ser expressa pelo alfabeto manual com uma incorporação de movimento próprio desta língua, será apresentada pela soletração ou parte da soletração como as palavras “reais” e “nunca”, por exemplo. É difícil de explicar isso utilizando apenas a escrita, sem demonstrar com as mãos, porque LIBRAS é uma língua de modalidade gestual-visual... Portanto se a pessoa ver o gesto sobre o que estamos querendo falar, torna-se muito mais fácil dela entender... Uma pessoa que não é surda pode usar a datilologia quando ela não sabe o sinal correspondente do que quer falar com um surdo... Então para o surdo entender do que se trata devemos soletrar, usando o alfabeto manual... Entretanto nem todo surdo é “sinalizado”, muitos são “oralizados” e outros não conhecem LIBRAS, infelizmente... Quando construímos palavras com o alfabeto manual ou números, utilizamos apenas uma das mãos. Neste caso, a mão, quase sempre, estará com a palma virada para quem está lendo: Agora, no caso de formar números, a mão, quase sempre, ficará com o dorso virado para quem está lendo: As palavras ou números sempre serão construídos da ESQUERDA para DIREITA 29 15.1 ALFABETO MANUAL 16 NUMERAIS As línguas podem ter formas diferentes para apresentar os numerais quando utilizados como cardinais, ordinais, quantidade, medida, idade, dias da semana ou mês, horas e valores monetários. Isso também acontece na LIBRAS. Nesta unidade e nas seguintes, serão apresentados os numerais em relação às situações mencionadas acima. É considerado incorreto o uso de uma determinada configuração de mão para o numeral cardinal sendo utilizada em um contexto onde o numeral é ordinal ou quantidade, por exemplo: o numeral cardinal é diferente da quantidade 1, que é diferente do ordinal PRIMEIR@, que é diferente de que é diferente de PRIMEIRO- GRAU, que é diferente de MÊS-1. 30 NÚMEROS CARDINAIS: telefone, calça, tenis, ônibus, casa, anel, sapato, pneus, celular e carro placa etc.. 31 17 SINAIS E PRÁTICA DE CONVERSAÇÃO BÁSICA EM LIBRAS. PRONOMES PESSOAIS EU NÓS 2 NÓS 3 NÓS 4 NÓS / NÓS TODOS 32 VOCÊ VOCÊS 2 VOCÊS 3 VOCÊS 4 VOCÊS / VOCÊS TODOS VOCÊS – GRUPOS ELE (A) ELES (A) 2 ELES (A) 3 ELES (A) 4 ELES (A) / ELES (A) – TODOS ELES (A) – GRUPOS 33 PRONOMES INTERROGATIVOS PORQUÊ? O QUE? COMO? ONDE? QUANDO? QUEM? QUAL? PRONOMES DEMONSTRATIVOS 34 ESSE / AÍ AQUI / ESTE AQUELE (A) / LÁ Nota Sistema de transcrição para a LIBRAS: “Na LIBRAS não há desinências para gêneros (masculino e feminino), números (plural). O sinal representado por palavra da língua portuguesa que possui estas marcas, está terminado com o símbolo @ para reforçar a idéia de ausência e não haver confusão. Exemplos: AMIG@ = amiga (s) ou amigo (s), ME@ = meu (s) ou minha (s), EL@= ele (S) ou ela (S). Pronomes Pessoais A LIBRAS possui um sistema pronominal para representar as pessoas do discurso: primeira pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): EU; NÓS-2, NÓS-3, NÓS-4, NÓS-GRUPO, NÓS/NÓS-TOD@S; • Primeira Pessoa do Singular: EU Apontar para o peito do enunciador (a pessoa que fala). 35 EU • Primeira Pessoa do Plural: NÓS-2, NÓS-3, NÓS-4, NÓS-NÓS-TOD@ NÓS-2 NÓS-3 NÓS-4 NÓS-NÓS-TOD@ • Segunda Pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): VOCÊ, VOCÊ- 2, VOCÊ-3, VOCÊ-4, VOCÊ-GRUPO, VOCÊ/VOCÊS-TOD@S; • Segunda Pessoa do Singular: VOCÊ Apontar para o interlocutor ( a pessoa com quem se fala ) VOCÊ • Segunda Pessoa do Plural: VOCÊ-2, VOCÊ-3, VOCÊ-4, VOCÊ/VOCÊS- TOD@S 36 VOCÊS-2 VOCÊS-3 VOCÊS-4 VOCÊS-GRUPO VOCÊ/VOCÊS-TOD@S • Terceira Pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): EL@, EL@-2, EL@-3, EL@-4, EL@S-GRUPO, EL@S/EL@-TOD@S • Terceira Pessoa do Singular: EL@ Apontar para uma pessoa que não está na conversa ou para um lugar convencional. EL@ • Terceira Pessoa do Plural: EL@-2, EL@-3, EL@-4, EL@S- GRUPO, EL@S/EL@S-TOD@S EL@-2 EL@-3 EL@-4 37 EL@S-GRUPO EL@S/EL@S-TOD@S VERBOS BÁSICOS ENTENDER REPETIR COMUNICAR FALAR ACABAR 38 ACEITAR NÃO ACEITAR DANÇAR ANDAR AVISAR BRINCAR APRENDER COMPRAR CONSEGUIR CONVERSAR 39 GANHAR CONHECER CUIDAR CONVIDAR ESTUDAR EXPLICAR FAZER GOSTAR NÃO GOSTAR PODER 40 NÃO PODER PENSAR LER PREPARAR TRABALHAR PROCURAR IR VERBOS RELACIONADOS A MEIOS DE COMUNICAÇÃO E TRABALHO SALÁRIO 41 ESTÁGIO AVISAR INFORMAR RECEBER APOSENTAR ESPERAR ACABAR SAIR 42 PEDIR COMEÇAR CANCELAR ADVÉRBIOS DE TEMPO E SAUDAÇÕES ADVÉRBIOS DE TEMPO AMANHÃ ANTEONTEM 43 BOM FERIADO BOAS FÉRIAS FUTURO HOJE OU MADRUGADA ONTEM PASSADO PRESENTE 44 BOM DIA BOA TARDE BOA NOITE DIARAMENTE AMANHÃ TARDE NOITE OI 45 TUDO BEM SEMPRE SAUDAÇÕES: FORMAL/INFORMAL CALENDÁRIO HORÁRIO E TEMPO ANO 46 ANO-PASSADO ANO NO FUTURO ONTEM ANTEONTEM AMANHÃ HORÁRIO MEIO-DIA/MEIA-NOITE DIA MÊS MINUTO 47 SEMANA (QUEIXO) TODO-DIA SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA SÁBADO DOMINGO JANEIRO 48 FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO 49 DEZEMBRO MESES ANTES SEMPRE HOJE (2 X) AGORA (1X) ADJETIVOS BOM MAL LONGE 50 FÁCIL DIFICIL CORES AZUL VERMELHO AMARELO VERDE LARANJA MARROM PRETO 51 BRANCO BEGE VINHO COR-DA-ROSA CINZA ROXO OURO PRATA CLARO ESCURO 52 PERFEITO CERTO FAMOSO CURIOSO INTERESSADO IMPORTANTE ESPERTO GORDO MAGRO GRANDE 53 POUCO USADO VELHO(A) NOVO(A) ALTO(A) BAIXO(A) FEIO(A) BONITO(A) GROSSO(A) FINO(A) 54 ORGULHO Diálogo a- TUDO BO@! b- TUDO BO@! a- VOCÊ VAI FESTA AMANHA? b- SIM, EU VOU! a- VOCÊ TER ROUPAS EMPRESTAR? b- TER, VOCÊ QUERER VER? a- EU PRECISAR BLUSA ROSA, CALÇA BRANCA, SANDÁLIA PRETA. b- EU TER CALÇA BRANCA,TER-NÃO BLUSA ROSA, SÓ AMARELA, SANDÁLIA MARRON. a- OBRIGAD@, PROBLEMA TER-NÃO EU PEDIR OUTR@ AMIG@! b- OK! TCHAU! QUE HORAS SÃO? QUE-HORAS E QUANTAS-HORAS Na libras, para se referir a horas, usa-se a mesma configuração dos numerais para quantidade e , após doze horas, não se continua a contagem , começa-se a contar novamente : 1 horas, 2 horas, 3 horas, etc., acrescentado sinal tarde, quando necessário, porque geralmente pelo contexto já sabe se esta se referindo à manhã, tarde, noite ou madrugada. A expressão interrogativa que horas? (um apontar para o pulso), esta relacionada ao tempo cronológico. QUE HORA E QUANTAS HORAS 1- QUE HORA? AULA COMEÇAR QUE-HORA AQUI? VOCÊ TRABALHO COMEÇAR QUE-HORA? AULA TERMINAR QUE-HORA? 55 VOCÊ ACORDAR QUE-HORA? VOCÊ DORMIR QUE-HORA? HORA / QUE-HORA 2- QUANTAS-HORAS? VIAJAR SÃO PAULO QUANTAS-HORAS? TRABALHAR ESCOLA QUANTAS-HORAS? HORA/ QUANTAS-HORAS HORAS 6H 30 MANHÃ 15H 30 TARDE 19H NOITE 56 15 MINUTOS 25 MINUTOS 30 MINUTOS 30 MINUTOS 45 MINUTOS 12H ALMOÇO 10H NOITE MEIA-HORA HORAS/MINUTOS/SEGUNDOS UMA HORA 57 DUAS HORAS TRÊS HORAS QUATRO HORAS CINCO HORAS HORAS? 12H NOITE MINUTOS 11H NOITE 7H MANHÃ 58 58 EXEMPLOS: 1- QUE-HORA? AULA COMEÇAR QUE-HORA AQUI? VOCÊ TRABALHAR COMEÇAR QUE-HORA? AUAL TERMINAR QUE- HORA? VOCÊ ACORDAR QUE –HORA? VOÇÊ DORMIR QUE-HORA? Interrogativa 2- QUANTAS-HORAS? VIAJAR SÃO PAULO QUANTAS-HORAS? TRABALHAR ESCOLA QUANTAS-HORAS? SITUAÇÃO 1 “Entre amigos” a- TUDO BOM? VIAJAR FÉRIAS VOCÊ? b- EU NÃO ISEAT PRECISAR TRABALHAR, VOCÊ FÉRIAS VIAJAR BO@? a- EU VIAJAR SÃO PAULO, BO@! BONIT@! LÁ! CONHECER SURD@ MUIT@! (chega uma amiga de uma das pessoas que estavam conversando e após a apresentação, a primeira toma a palavra) a- ME@ AMIG@ CARLOS. b-DESCULPAR EU PRESSA SAIR PRECISAR ESTUDAR DEPOIS ENCONTRAR ME@ S-A-L-A 25 DEPOIS CONVERSAR VOCÊ. a- MELHOR ENCONTRAR ME@ S-A-L-A NÚMERO 28 AULA ACABAR. b- PARECER EU CONHECER EL@ TRABALHAR ISEAT? a- ISEAT CERTO. c- SIM. a- VOCÊ S-A-L-A NÚMERO? c- ME@ NÚMERO 26 a- DESCULPAR EU ATRASAD@ AULA TCHAU! b- TUDO BO@! TCHAU!!! SITUAÇÃO 2 “ na recepção da escola” a- TUDO BEM? b- TUDO BEM O QUE DESEJAR? a- EU QUERER INSCRIÇÃO ESTRAR ESCOLA.. b- HORÁRIO? SÉRIE? a- EU TERCEIR@ SÉRIE SEGUNDO G-R-A-U. QUERER NOITE. b- PARECER TER NÃO V-A-G-A. MELHOR EU TELEFONAR VOCÊ TER TELEFONE CELULAR? a- EU TER NÚMERO SE@? b- TELEFONE ME@ 8115-2584 ME@ NOME........................... SE@ NOME? 59 59 a- ME@ NOME........................... AMANHÃ HORAS 8:15 TELEFONAR b- TELEFONAR OK! ESPERAR VOCÊ CERTO! a- OBRIGAD@ TCHAU! CALENDÁRIO HORÁRIO E TEMPO ANO ANO-PASSADO ANO NO FUTURO ONTEM ANTEONTEM AMANHÃ HORÁRIO MEIO-DIA/MEIA-NOITE DIA 60 60 MÊS MINUTO SEMANA (QUEIXO) TODO-DIA SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA SÁBADO 61 61 DOMINGO JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO 62 62 HOLERITE (CONTRA CHEQUE) IMPOSTO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO MESES ANTES SEMPRE HOJE (2 X) AGORA (1X) 63 63 INDENIZAÇÃO INSCRIÇÃO JUROS LIQUIDAÇÃO ME EMPRESTAR MUITO CARO MULTA NOTA FISCAL PAGAR VISTA OU PAGAR 64 64 PRESTAÇÃO POUPANÇA PROMOÇÃO QUANTO CUSTO RECEBER SALÁRIO RG RG NASCIMENTO RG 65 65 SALÁRIO SEGURO OU SÓCIO SPC Tipos de frases em LIBRAS As línguas de sinais utilizam as expressões faciais e corporais para estabelecer tipos de frases, como as entonações na língua portuguesa, por isso para perceber se uma frase em LIBRAS está na forma afirmativa, exclamativa, interrogativa, negativa ou imperativa, precisa estar atento às expressões facial e corporal que são feitas simultaneamente com certos sinais ou com toda a frase, exemplos: TITULO ELEITORAL FIADO EMPRESTAR 66 66 67 67 ALIMENTOS DIVERSOS ALIMENTOS DIVERSOS ARROZ BIFE CACHORRO QUENTE CAMARÃO 68 68 CARNE CHURRASCO FARINHA FEIJÃO FIGADO FRANGO LASANHA LINGUIÇA MACARRÃO MANTEIGA 69 69 MASSA TOMATE MIOJO MORTADELA NUGETS OVO PÃO DE FORMA PÃO PASTEL PEIXE PIZZA 70 70 PRESUNTO QUEIJO REINO PIMENTA REQUEIJÃO SALSICHA SANDUÍCHE SOPA 71 71 FRUTAS DIVERSAS FRUTAS DIVERSAS ABACATE ABACAXI AMEIXA BANANA CAJU CAQUI 72 72 CEREJA COCO FIGO GOIABA JABUTICABA KIWI LARANJA LIMÃO 73 73 MAÇÃ MAMÃO MANGA MARACUJÁ MELANCIA MELÃO MORANGO PÊRA 74 74 SALADA DE FRUTAS TANGERINA UVA BEBIDAS DIVERSAS BEBIDAS DIVERSAS BEBIDA ALCOOL BEBIDA LIGHT 75 75 BEBIDA CAFÉ CERVEJA CHÁ CHAMPANHE CHOPP ENVELOPE DE SUCO GELO DE CUBO LEITE REFRIGERANTE 76 76 SUCO VINHO VERDURAS E LEGUMES VERDURAS E LEGUMES DIVERSOS ABÓBORA AGRIÃO ALFACE ALHO AZEITONA BATATA 77 77 BETERRABA CANA-DE-AÇÚCAR CEBOLA CENOURA CHUCHU COUVE-FLOR MANDIOCA MILHO OU 78 78 PALMITO PEPINO PIMENTÃO REPOLHO SALADA TOMATE DOCES DOCES 79 79 AÇÚCAR AMENDOIM ARROZ DOCE BALA BISCOITO DE MAISENA BOLACHA BOLO BOMBOM 80 80 CHICLETE CHOCOLATE GELATINA IOGURTE MEL PICOLÉ PUDIM SORVETE 81 81 DIÁLOGO 1 a- OI TUDO BEM? b- TUDO BEM. VAMOS ALMOÇAR MINHA CASA? a- SIM VAMOS! b- EU FAZER ALMOÇO. VOCÊ GOSTA COMER O QUÊ? a- GOSTAR ARROZ, FEIJÃO, OVOS, PEIXE! b- VOCÊ O QUE? a- GOSTAR MAIS CARNE, ALFACE, TOMATE,CEBOLA, MACARRÃO! b- BOM! a- VAMOS ALMOÇAR? DIÁLOGO 2 a- OI TUDO BEM? b- TUDO BEM. a- VOCÊ SABER FESTA MINHA CASA? b- SABER NÃO. a- VOCÊ QUERER IR? b- EU QUERER. a- TER BEBIDAS QUAL? b- TER REFRIGERANTE COCA, GUARANÁ, TER UISQUE, VINHO E CERVEJA. a- MUITO BO@! b- EU CHEGAR LÁ 08:15! OK? a- OK, TCHAU! FAMILIARES FAMÍLIA ADULTO AMANTE 82 82 AMIGO (A) BEBÊ BISAVÔ (A) CASAL CASAMENTO CRIANÇA CUNHADO (A) DIVORCIAR ENTEADO (A) ESPOSA 83 83 FAMILIA GENÉTICA FICANTE CASAMENTO CRIANÇA CUNHADO (A) DIVORCIAR ENTEADO (A) ESPOSA 84 84 FAMILIA GENÉTICA FICANTE FILHO ADOTIVO (A) FILHO (A) GÊMEOS (A) GENRO HOMEM IRMÃ JOVEM MADRASTA OU 85 85 MADRINHA MÃE MARIDO MEIO-IRMÃO MENINOS (AS) MULHER NOIVO (A) NORA PADRINHO PAI OU 86 86 PRIMO (A) SEGUNDA MULHER SOBRINHO (A) SOGRO (A) VOVÔ (A) VIÚVO (A) UNIÃO ESTÁVEL TIO (A) SOLTEIRO (A) 87 87 PROFISSÕES MÉDICO ENFERMEIRA ADVOGADO(A) GERENTE POLÍCIA ADMINISTRADOR(A) ATOR(A) BOMBEIRO CHEFE 88 88 COZINHEIRO(A) DESENHISTA DIGITADOR(A) DIRETOR(A) ESCRITOR(A) ESTAGIÁRIO(A) FOTOGRÁFO FUNCIONÁRIO(A) INSTRUTOR(A) JUIZ 89 89 INTÉRPRETE REPÓRTER JORNALISTA PINTOR(A) PSICÓLOGO(A) SECRETÁRIO(A) VIGILANTE PROFESSOR(A) 90 90 MEIOS DE TRANSPORTES 91 91 ANIMAIS 92 92 93 93 DISCIPLINAS 94 94 MATERIAL ESCOLAR 95 95 DIÁLOGO 1 – NA ESCOLA a- OI TUDO BEM? b- OI TUDO BEM, VOCÊ TER AULA AGORA? a- SIM TER AULA DE LIBRAS b- PROFESSOR@ QUEM? a- (nome e sinal do professor) b- CONHECER NÃO! SALA NÚMERO QUAL? a- DESCULPAR, EU ATRASAD@ AULA, SALA J-204, TCHAU! b- TCHAU! DIÁLOGO 2 – NO HOTEL a- VOCÊ SURD@? b- OI! (expressão facial “surpreso”) SIM EU SURD@ a- VOCÊ LEMBRAR NÃO EU? EU AMIG@ TAMBÉM PROFESSOR LIBRAS. b- DESCULPAR, EU CONHECER NÃO, LEMBRAR NÃO. a- (explica as caracteristícas do professor: alto, magro de óculos) b- (expressão facial lembrar) CONHECER SIM! a- EU AMIG@ b- BOM CONHECER a- DESCULPAR (olhando para o relógio) EU ATRASAD@. TCHAU! 96 96 b- TCHAU! DIÁLOGO 3 – NA RECEPÇÃO a- OI! TUDO BEM? ME@ NOME b- TUDO BEM SE@ NOME(procurar ficha) a- NÃO, ERRAD@ b- DESCULPAR (procura ficha novamente) ACHAR (expressão facial “achar”) (entregar a ficha) a- CERTO ORIGAD@ TCHAU b- DE NADA TCHAU! DIÁLOGO 4 – NA EMPRESA a- BOM DIA! b- BOM DIA ! POSSO TE AJUDAR? a- TER VAGA AQUI CAS? b- DESCULPAR NÃO TER VAGA. b-VOCÊ PREENCHER FICHA, DEPOIS ESPERAR. a- VOCÊ TER TELEFONE CELULAR Referências Bibliográficas BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma Gramática de Línguas de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de Lingüística e Filologia, 1995. CENTRO ESTADUAL DE ATENDIMENTO AO DEFICIENTE DA AUDIOCOMUNICAÇÃO – CEADA. LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais com dialeto regional de Mato Grosso do Sul. Ilustração Mauro Lúcio Gondim. 2,ed. Ver.atual. Campo Grande-MS: gráficas e Editora Atlhenas, 2000. COSTA, Antônio Carlos; STUMPF, Marianne Rossi; FREITAS, Juliano Baldez; DIMURO, Graçaliz Pereira. Um convite ao processamento da língua de sinais. DORZIAT, Ana. Metodologias específicas ao ensino de surdos – análise crítica.. FELIPE, Tanya A; MONTEIRO, Myrna S. Libras em Contexto: Curso Básico, Livro do Professor Instrutor – Brasília : Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, MEC: SEESP, 2001. GÓES, M.C.R. Linguagem, surdez e educação. Campinas: Editora da UNICAMP, 1999. 97 97 PIMENTA, Nelson; QUADROS, Ronice Muller de. Curso de Libras 1. Rio de Janeiro : LSB Vídeo, 2006. QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira: Estudos Lingüísticos. Porto Alegre : Artmed, 2004. REIS, Flaviane, Professor Surdo: a política e a poética da transgressão pedagógica. Florianópolis : UFSC/GES/CED – Dissertação de Mestrado, 2006. SÁ, Nídia Limeira de. Existe uma cultura surda? Artigo disponível em http://www.eusurdo.ufba.br/arquivos/cultura_surda.doc. Acessado em 28/03/2007. SÁ, Nídia Limeira. A produção de significados sobre a surdez e sobre os surdos: práticas discursivas em educação. Porto Alegre: UFRGS/FACED/PPGEDU - Tese de Doutorado, 2001. SILVA, Fábio I.; SCHMITT, Deonísio; BASSO, Idavania M. S. Língua Brasileira de Sinais: Pedagogia para Surdos. Caderno Pedagógico I. Florianópolis:UDESC/CEAD, 2002. SKLIAR, C. A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 1998. RANGEL, G.M.M.; STUMPF, M.R. Leitura e escrita no contexto da diversidade, In: LODI, Ana Claudia Balieiro; HARRISON, Kathryn Marie Pacheco; CAMPOS, Sandra Regina Leite de. (Orgs.). Ed. Mediação. VASCONCELOS, Silvana Patrícia; SANTOS, Fabrícia da Silva; SOUZA, Gláucia Rosa da. LIBRAS: língua de sinais. Nível 1. AJA - Brasília : Programa Nacional de Direitos Humanos. Ministério da Justiça / Secretaria de Estado dos Direitos Humanos CORDE. Sites relacionados à unidade . https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/incluir/libras/curso_de_libras_-_graciele.pdf https://drive.google.com/file/d/1KSk652KO9fF440XjeYao7zOfM5uG0K5P/view https://www.ifpb.edu.br/assuntos/fique-por-dentro/o-que-e-cultura-surda http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6202.htm http://www.eusurdo.ufba.br/arquivos/cultura_surda.doc https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/incluir/libras/curso_de_libras_-_graciele.pdf https://www.ifpb.edu.br/assuntos/fique-por-dentro/o-que-e-cultura-surda http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6202.htm
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