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1 FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGANICAS 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL E SUA INFLUÊNCIA NAS PRÁTICAS DE SAÚDE ...................................................................................... 4 SOBRE A HISTÓRIA DA UTILIZAÇÃO DOS FITOTERÁPICOS ............ 7 IMPORTÂNCIA DA FITOTERAPIA ....................................................... 15 COMO A FITOTERAPIA ESTÁ SENDO USADA .................................. 16 OS BENEFÍCIOS DA FITOTERAPIA PARA O SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE ............................................................................................................. 17 COMO CAPACITAR PROFISSIONAIS PARA A FITOTERAPIA ........... 18 MEDIDAS PARA IMPLANTAÇÃO DA FITOTERAPIA NO SUS ............ 21 ASPECTOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA FITOTERAPIA ....... 25 PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA NA SAÚDE DA FAMÍLIA ..... 32 A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE E A INTEGRAÇÃO DA MEDICINA TRADICIONAL, COMPLEMENTAR E ALTERNATIVA AOS SISTEMAS OFICIAIS DE SAÚDE .................................................................... 32 POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS À INSERÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA NOS CUIDADOS PRIMÁRIOS EM SAÚDE ... 44 POLÍTICA NACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES (PNPIC) NO SUS ......................................................... 45 O DESENVOLVIMENTO DA POLÍTICA NACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO SUS (PNPIC) ........................... 46 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 52 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO A fitoterapia e o uso de plantas medicinais fazem parte da prática da medicina popular, constituindo um conjunto de saberes internalizados nos diversos usuários e praticantes, especialmente pela tradição oral. Esta prática diminuiu frente ao processo de industrialização, ocorrido no país, nas décadas de 1940 e 1951. Trata-se de uma forma eficaz de atendimento primário a saúde, podendo complementar ao tratamento usualmente empregado, para a população de menor renda. A realização segura desses atendimentos está vinculada ao conhecimento prévio do profissional de saúde sobre a terapêutica com fitoterápicos ou plantas medicinais. A orientação para uma utilização adequada, sem perda da efetividade dos princípios ativos localizados nas plantas e sem riscos de intoxicações por uso inadequado é fundamental. Schenkel verificou que além da utilização dos medicamentos alopáticos, a população que busca atendimento nas unidades básicas de saúde (UBS) também utiliza plantas medicinais com fins terapêuticos, muitas vezes desconhecendo a possível existência de efeitos tóxicos, além de não ter entendimento quanto à sua ação terapêutica; qual forma mais correta de cultivo; preparo; quando cada planta pode ser indicada e em quais casos são contraindicadas. Tanto Schenkel quanto Marques sugerem a existência de uma crença de não haver nenhum efeito prejudicial à saúde com o emprego de fitoterápicos. Discussões em torno da implantação da fitoterapia na rede municipal de saúde, ou na atenção primária de saúde, se tornam contraditórias em relação aos preceitos da biomedicina, já que os discípulos desta doutrina se esforçam para eliminar as concepções curativas não baseadas em normas científicas. O crescimento do trabalho desenvolvido com plantas medicinais e fitoterápicos se apresenta como uma alternativa à referência biomédica de saúde, porém, ainda praticamente inexistente nos serviços de saúde tanto públicos como privados. 4 Observa-se um crescimento na utilização de fitoterápicos pela população brasileira. Dois fatores poderiam explicar este aumento. O primeiro seriam os avanços ocorridos na área científica, que permitiram o desenvolvimento de fitoterápicos reconhecidamente seguros e eficazes. O segundo é a crescente tendência de busca, pela população, por terapias menos agressivas destinadas ao atendimento primário. Porém como apontado por Leite, o interesse por parte dos gestores municipais na implantação de programas de uso de fitoterápicos na atenção primária a saúde, aparece associado apenas à concepção de que esta seria uma opção para suprir a falta de medicamentos. Segundo o autor, só são contabilizados ganhos em custos pela utilização de fitoterápicos e não os benefícios. A equipe de saúde assiste o paciente e muitas vezes seus familiares nas UBS. Portanto, com um planejamento adequado de assistência, levando em conta fatores culturais e utilizando os recursos fitoterápicos existentes, pode-se melhorar o nível de saúde da população. Para isso, se faz necessário um conhecimento por parte dos profissionais de saúde que atuam diretamente com os pacientes nas UBS, em relação às propriedades terapêuticas das plantas que são usadas por essa população. Conhecimentos técnicos, que vão desde o preparo para fins terapêuticos, indicações, cuidados e dosagem, e conhecimentos sobre a percepção quanto à relação saúde doença são imprescindíveis. POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL E SUA INFLUÊNCIA NAS PRÁTICAS DE SAÚDE A Saúde Pública, a cada época, possuiu ligação com movimentos sociais e políticos, além de estar ligada à economia; acabando por seguir as tendências vigentes na sociedade e organizar-se de acordo com as necessidades e com contextos específicos. 5 Para Nunes, a saúde pública se estrutura de acordo com a política nacional de saúde desde o século XX, onde ocorreu a sistematização das práticas sanitárias. A indústria farmacêutica (IF), além das de equipamentos médico- hospitalares também influenciaram o modelo de saúde a ser adotado. No caso do complexo da saúde, é necessário entender que a dinâmica e a evolução dos sistemas de saúde dependem de duas racionalidades, uma interna e outra externa ao sistema. A primeira é definida pela existência de um padrão de acumulação de capital, a partir de duas lógicas distintas – uma pública e outra privada. Já a segunda compreende o conjunto das demandas sobre o sistema de saúde que influenciam o modus operandi do sistema e de seus agentes. A implantação de um ensino que incorpora os avanços tecnológicos trouxe grandes benefícios no campo da assistência médica. Porém, como o enfoque do modelo hegemônico é na doença, acaba por levar a uma interpretação inadequada do processo saúde- doença, passando este somente ao campo biológico, sendo desconsiderados fatores sociais, culturais ou as causas multifatoriais prováveis. Neste caso, prevaleceuuma imposição quanto à formação dos profissionais de saúde, que deveria estar em consonância como o mercado de trabalho: na verdade, e da competência desse mercado traçar o perfil desses profissionais, não raro evidenciadas incoerências acerca do seu saber-fazer e dos resultados do seu trabalho. O que se tem observado é a mercantilização da saúde, que passa a ter um valor e lucro no mercado capitalista. Dessa forma, a sociedade foi incorporando as formas de assistência à saúde, predominantemente hospitalocêntrica, individual e com alta tecnologia”. Os profissionais de saúde acabavam por ter uma formação curativista, proveniente do modelo biomédico, onde valoriza-se dentro da ciência, o desenvolvimento tecnológico, buscando satisfazer uma sociedade altamente consumista. 6 Se o saber científico acaba sendo empregado em detrimento ao saber popular, as práticas de saúde que não são ditas “cientificas”, são excluídas. Os cuidados alternativos em saúde passam a não ter valor e surge uma dependência entre os médicos e os medicamentos industrializados, caracterizando o que chamamos de medicalização da sociedade. A formação dos profissionais contribui para a fragmentação. Aguiar afirma que nas escolas brasileiras, a exemplo do que acontece em outros países do mundo, existe grande número de estudantes considerados anônimos ou assoberbados de informações fragmentadas, vindas de aulas expositivas de qualidade variável, em processo que valoriza a memorização e não raciocínio crítico. Os profissionais de saúde não delegam valor ao tratamento por fitoterápicos. Em sua formação acadêmica não receberam conhecimento em relação a essa terapia e acabam criando uma posição de que tudo que é “natureba” não tem efeito farmacológico. Mas acredita-se na cura pelo consumo de medicamentos. O medicamento vira símbolo de saúde, a enfermidade, considerada fator orgânico, é enfrentada mediante seu uso, ficando de lado as esferas social e comportamental. Em 2004, com intuito de tentar resolver esse quadro de formação superior em saúde, lançou-se o “aprender SUS”. Esta proposta dos Ministérios da Saúde e da Educação tem como objetivo ampliar a qualidade de vida da população, para que as graduações em saúde passem a valorizar a integralidade, mudando com isso a formação profissional já no âmbito da graduação. Merhy et al. propõem, para a democratização da saúde, um modelo que chamam de técnico-assistencial em defesa da vida. A gestão democrática (cogestão entre usuários organizados, prestadores de serviços e governo); saúde como direito de cidadania e serviço público de saúde voltado para a defesa da vida individual e coletiva, seriam princípios norteadores deste modelo. 7 Paim e Merhy et al., sugerem como estratégias de enfrentamento desta situação, intervenções nos sistemas de saúde, objetivando a implantação de um modelo de assistência que vá além do conceito de saúde como mera cura de doenças, garantindo o direito de cidadania nos serviços públicos que estariam voltados para a defesa da vida. Para esses autores, essa é uma prática complexa a construir-se, que implicará em inúmeros fatores que hoje permeiam as discussões em relação ao SUS. SOBRE A HISTÓRIA DA UTILIZAÇÃO DOS FITOTERÁPICOS Nos séculos de colonização, a utilização de plantas medicinais para tratamento das patologias era patrimônio somente dos índios e de seus pajés. A população em geral utilizava medicamentos provenientes de importações, especialmente da Europa. Não existia, ademais, um conhecimento em relação ao correto armazenamento das plantas, a fim de preservar suas propriedades medicinais, ou seja, seus princípios ativos. Muito tempo foi necessário para que as plantas medicinais do território brasileiro, usadas pelos estrangeiros para tratamento das mais diversas patologias, fossem conhecidas mundialmente. Muitos extratos já eram utilizados em território nacional, desde os primeiros séculos de colonização, para o tratamento de nosologias locais, e, em sua maioria, os medicamentos, utilizados eram fitoterápico. Para Grams “[...] a crença popular de que uma simples planta funcionava para tratar doenças aos poucos foi sendo substituída pelo forte apelo dos remédios [...], que causavam certa atração nos pacientes devido à promessa de uma cura rápida e total”. Este conceito vem sofrendo modificações já que os fitoterápicos têm conseguido espaço cada vez maior na comercialização de medicamentos. A ideia de que a utilização de uma gama de formulações para uma única doença 8 deixou de ser viável e a existência de um único medicamento para o tratamento de cada patologia, levou ao surgimento de medicação alopática nas décadas de 1930 e 1940. Houve a descoberta de que existem princípios ativos dentro de cada planta e que a separação desses princípios ativos em forma de medicamento, possibilitava o tratamento das patologias e a cura dos sinais e sintomas característicos de cada uma. Apesar da grande diversidade presente na flora medicinal, o que ocorreu, a partir das décadas citadas anteriormente, foi uma diminuição de incentivos e iniciativas para a continuidade do cultivo e a utilização de plantas como tratamento. Descartava-se uma ampla possibilidade de expansão do uso destas, apesar da diversidade da flora em todo o território nacional. Por falta de desenvolvimento de pesquisas, a maioria dos medicamentos fitoterápicos usados no Brasil passou a ser elaborado a partir de plantas advindas de importação. Atualmente, percebe-se um desconhecimento entre os profissionais de saúde quanto a esta possibilidade terapêutica. De acordo com Tomazzoni et al., há descaso em relação à grande diversidade de tratamentos ainda não desenvolvidos, a partir das plantas existentes no território nacional e particularmente em relação à implantação desta terapêutica no SUS26. Para Turolla e Nascimento, ainda que exista um aumento da importância dos fitoterápicos, não existem estudos suficientes para a comprovação da eficácia e segurança da utilização de plantas medicinais como forma de medicamento, que continuam a ser utilizadas com base no conhecimento popular. Mas foram grandes os progressos nesta área. Yunes et al. e Ferro apontam para um cenário promissor, com avanços na área científica que levaram ao desenvolvimento de fitoterápicos seguros e eficazes. Nos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, bem como nos países desenvolvidos, a partir da segunda metade das décadas de 70 e 80, tem ocorrido um crescimento das “medicinas alternativas”, entre elas a fitoterapia. Matsuda indica que 50% dos europeus e mais de 50% dos norte-americanos fazem uso de 9 fitoterápicos. No Brasil estima-se que o comércio de fitoterápicos seja na ordem de 5% do total de medicamentos, o que corresponde a mais de US$ 400 milhões/ano. Gullo e Pereira com base em dados da OMS apontam que, em 1980, o mercado mundial de fitoterápicos e produtos naturais movimentou 500 milhões de dólares. Para o ano de 2000, a previsão era de que somente na Europa registrar-se-ia um volume de vendas de 500 milhões de dólares. No Canadá as vendas crescem 15% ao ano e nos Estados Unidos chegam a 20%. Esse aumento de consumo de plantas medicinais deve-se a vários fatores. Para Lorenzi e Matos, as preocupações com a biodiversidade e as ideias de desenvolvimento sustentável despertaram interesse no uso das plantas. Neste trabalho, e também no realizado por Matsuda, relata-se que a população busca uma melhor qualidade de vida, com métodos mais naturais e saudáveis para a manutenção da saúde. Já para Simões et al., o interesse na utilização de plantas medicinais decorre também do o alto custo dos medicamentos industrializados, da crise econômica e da falta de acesso à assistência médica e farmacêutica, fatores que gerama procura dos consumidores por utilizar produtos naturais. A população passa a questionar o uso indiscriminado de medicamentos sintéticos e procura, alternativamente, os fitoterápicos. Além de todos esses fatores, a ação terapêutica tem sido comprovada com muitas plantas utilizadas popularmente. Leite assim resume a discussão: a “[...] insatisfação com o sistema de saúde oficial, a necessidade das pessoas da sensação de controle de seu próprio corpo e recuperação da saúde, tomando as práticas de saúde por si ou para sua família [...]”, são fatores que estão contribuindo para o aumento da utilização de fitoterápicos. Segundo Jorquera e Alves e Silva35, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 80% da população mundial não possuí acesso ao atendimento primário em saúde. 10 Na America Latina, 50% da população têm pouco ou nenhum acesso aos medicamentos, mas ainda é marginal o diálogo da política de saúde e o uso de fitoterápicos na atenção básica no SUS. Fitoterapia na atenção primária à saúde Na Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada em 1978, como parte do plano de ação da OMS para atender o objetivo “Saúde para todos no ano 2000”, foi incentivada a valorização das terapias tradicionais, entre elas a fitoterapia, reconhecidas como recursos possíveis, mais fáceis e economicamente viáveis de aumentar a cobertura de atenção primária à saúde. No Brasil, este tema foi discutido na 8ª. Conferência Nacional de Saúde, em 1986, quando se recomendava a introdução de práticas tradicionais de cura popular no atendimento público de saúde. Durante a 10 a Conferência Nacional de Saúde, em 1996, houve a proposta de incorporar no SUS as terapias alternativas e práticas populares, especificamente o incentivo à fitoterapia e à homeopatia na assistência farmacêutica pública. O uso da fitoterapia na atenção primária é tecnicamente apropriado, quando a prescrição não é feita de forma indiscriminada e quando os profissionais não incentivam a medicalização excessiva. A atenção às possibilidades alternativas de tratamento levaria a uma melhora no atendimento da população pelo Sistema Único de Saúde, em razão de proporcionar outra forma de tratamento e de prevenção. Leite resume, novamente, os pontos mais salientes dessa discussão: “[...] o interesse por parte de gestores municipais na implantação de programas de uso de fitoterápicos na atenção primária a saúde, muitas vezes aparece associado apenas à concepção de que esta é uma opção para suprir a falta de medicamentos na impossibilidade de disponibilização destes, já que na maioria das vezes contabilizam-se os ganhos em custos gerados pela utilização dos fitoterápicos”. Este autor afirma que além da viabilidade econômica e da ação terapêutica, a fitoterapia representa parte importante da cultura de um povo, que não pode ser desconsiderada. 11 No entanto, “a utilização de plantas medicinais tem sido muitas vezes considerada como fato desvinculado da assistência à saúde como um todo e vista como simples medicamentação”. Na mesma direção, Hufford pontua que “um sistema de saúde que adota a fitoterapia deve incorporar um conjunto de atitudes, valores e crenças que constituem uma filosofia de vida e não meramente uma porção de remédios”. Akerele sinaliza que o saber popular pode ser uma contribuição aos profissionais de saúde, na implantação de programas de fitoterapia na rede de atendimento básico de saúde. Torna-se possível, também, desenvolver o potencial econômico em relação às plantas com valor medicinal. A rede básica de atendimento à saúde deve proporcionar aos pacientes todos os recursos apropriados e disponíveis de assistência. O uso adequado das plantas medicinais é uma alternativa de tratamento à medicina alopática, mas não deve ser considerado um substituto desta. Para que o conhecimento científico seja mais bem difundido e se torne uma realidade, necessita-se de projetos tecnológicos e pesquisas que possam fundamentar e fortalecer a fitoterapia e possam fazer com que a Política Nacional de Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos seja implementada em todo o território nacional, especialmente nas UBS. Está em jogo o que preceitua a política de desenvolvimento tecnológico, para a saúde: “Deverá ser continuado e expandido o apoio à pesquisa que vise o aproveitamento do potencial terapêutico da flora e fauna nacionais, enfatizando a certificação de suas propriedades medicamentosas”. Espera-se que a implantação dessa política de medicamentos fitoterápicos nos locais de atenção primária que atendem o SUS permita uma redução nos gastos com saúde no Brasil. O grande problema enfrentado pelas UBS, que sofrem com a falta de medicamento, poderá ser amenizado quando efetuada a complementação do medicamento convencional pelo fitoterápico, mediante uma orientação adequada. 12 No Paraná, uma experiência com programa de fitoterápicos na rede pública deu-se no município de Curitiba, onde as plantas medicinais e os fitoterápicos são usados como recurso terapêutico desde 1990. Neste município existe o projeto Verde Saúde, que preconiza a utilização de plantas medicinais. Em 2001, 82% das unidades de saúde já utilizavam a fitoterapia como opção terapêutica. Outros municípios paranaenses implantaram o programa de uso de fitoterápicos na rede básica. Londrina, Toledo e Foz do Iguaçu avaliam os resultados desse programa como satisfatórios para o serviço e para os usuários do Sistema Público de Saúde. A equipe de saúde assiste ao paciente, à família e à comunidade, planeja a assistência com base na cultura da população, utiliza os recursos disponíveis, ajudando dessa forma a comunidade a melhorar seu nível de saúde. Para isso, necessita de conhecimento das propriedades terapêuticas das plantas a serem usadas, do preparo, da indicação, dos cuidados e da dosagem. De acordo com Furnham e Bragrath, o uso de plantas com fins medicinais vem de uma população insatisfeita, muitas vezes devido a reações adversas causadas pelos medicamentos; ou ainda da busca por soluções alternativas para as doenças. Com isso, a prática do uso de plantas permanece presente, dentro do crescente uso das terapias não convencionais. Mas, ainda existe uma crença difundida de que o que é natural não faz mal, que as plantas apenas curam, o que acaba por direcionar ainda mais ao consumo e à aceitação das terapias alternativas, especialmente da fitoterapia o que ainda é referido pelos mesmos autores. A fitoterapia apresenta-se como uma possibilidade de atuar como coadjuvante nos tratamentos alopáticos, desde que sejam levadas em consideração suas possíveis complicações. Faz-se necessário um conhecimento por parte dos profissionais de saúde que estarão atuando e indicando a terapia aos pacientes. Essas considerações, entre muitas outras, levaram ao desenvolvimento deste trabalho, que buscou levantar desde 13 aspectos da implantação da política de fitoterápicos até a extensão dos conhecimentos dos profissionais de saúde, em relação à fitoterapia nas UBS. A experiência já está presente nos municípios de: Londrina, Maringá, Curitiba, Toledo e Foz do Iguaçu e ainda não foi implantada no município de Cascavel, no estado do Paraná. Esta pesquisa teve por intenção servir de apoio e incentivo à implantação da fitoterapia nas UBS como atendimento primário, visando à melhora da qualidade de vida aos usuários do SUS. Esta terapêutica, quando baseada em sólidos conhecimentos científicos, amplia o acesso às populações carentes, afetadas por não terem condições de adquirir os medicamentos industrializados, não disponíveis no SUS. Este trabalho pretendeu ser objeto de inspiração para novas pesquisas na área de atuação da saúde, a fitoterapia, visando uma possível ampliação do uso de fitoterápicosna rede básica de saúde, a fim de aumentar o acesso a medicamentos na atenção primária. A Organização Mundial de Saúde (OMS) constatou que práticas não convencionais de saúde, tais como acupuntura, fitoterapia e técnicas manuais estão em desenvolvimento, ganhando espaço de modo complementar às terapias medicamentosas alopáticas (OMS, 2008). Para grande parte da população o uso de plantas medicinais é visto como uma integrativa histórica à utilização de medicamentos sintéticos, visto que os últimos são considerados mais caros e agressivos ao organismo. A disseminação do uso de plantas medicinais, assim como a automedicação deve-se principalmente ao baixo custo e fácil acesso à grande parcela da população (OMS, 2008). Visando o custo de desenvolvimento dessa categoria de produtos, os países subdesenvolvidos como o Brasil oferecem integrativa terapêutica bastante promissora para a população. O país é visto em destaque por possuir um terço da flora mundial, além de ser a Amazônia a maior reserva de produtos naturais com ação fitoterápica do planeta. 14 Esta intensa presença vegetal faz com que as pesquisas e o próprio desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos possam ocorrer como destaque no cenário científico mundial (Yunes et al., 2001; França et al., 2008). Desde a década de 80, vários documentos vêm sendo elaborados a fim de enfatizar o uso de fitoterápicos na atenção básica no sistema de saúde pública com o intuito de priorizar a melhoria dos serviços, o aumento da resolutividade e o incremento de diferentes abordagens (Matos, 1998). O Ministério da Saúde através da Portaria nº 971 de 3 de maio de 2006 disponibiliza opções terapêuticas e preventivas aos usuários do SUS, dentre elas o uso de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos além de afirmar, baseado em levantamento realizado em 2004, que 116 municípios de 22 estados brasileiros fazem uso da fitoterapia (Brasil, 2006a). Portanto, os tratamentos medicinais de origem vegetal são amplamente utilizados no Brasil como integrativa terapêutica, em destaque por aqueles que estão em tratamento de doenças crônicas e fazendo uso de outros medicamentos (Alexandre et al., 2008). Embora existam vários estudos a respeito do uso, da toxicidade e da eficácia das plantas medicinais, a literatura científica ainda é precária no sentido de se conhecer como elas estão sendo usadas, quais são os benefícios e como se poderá capacitar os profissionais para o aconselhamento da utilização como medicina integrativa no SUS. Diante desta abordagem, o objetivo desta pesquisa é fazer levantamento bibliográfico, a respeito dos temas como importância da fitoterapia; como ela está sendo usada; benefícios que a mesma oferece ao Sistema Público de Saúde; capacitação dos profissionais nesta área e programas e leis para a implementação no SUS. Trata-se de estudo descritivo com abordagem qualitativa, realizado através de levantamento bibliográfico relacionado ao tema "A fitoterapia como medicina integrativa no Sistema Único de Saúde". Os descritores utilizados durante toda a pesquisa foram fitoterapia, medicamentos fitoterápicos, medicina 15 integrativa, medicamentos, medicina herbária, fitoterapia no SUS, medicina integrativa e sistemas públicos de saúde e planta medicinal. IMPORTÂNCIA DA FITOTERAPIA A revitalização das práticas médicas antigas, hoje consideradas medicina integrativa, é um fenômeno que contribui para a forma hegemônica gradual destas modalidades, uma vez que sua organização mais ampla e integrada permite respostas mais apropriadas aos problemas gerados pela mecanicista especialização excessiva dos métodos médicos convencionais (Queiroz, 2000). A fitoterapia vem sendo a medicina integrativa que mais cresce ao logo dos anos. No mercado mundial de medicamentos a comercialização de fitofármacos gira em torno de 15 bilhões de dólares. O fator mais relevante para tal crescimento se resume na evolução dos estudos científicos, em destaque a descoberta da eficácia de plantas medicinais, principalmente as utilizadas pela população com finalidade terapêutica, através dos estudos químicos e farmacológicos (Cechinel-Filho & Yunes, 1998). A população em geral confunde a fitoterapia com o uso de plantas medicinais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) considera como medicamento fitoterápico aquele obtido exclusivamente de matérias- primas de origem vegetal, com qualidade constante e reprodutível e que tantos os riscos quanto à eficácia sejam caracterizados por levantamentos etnofarmacológicos, documentações técnico científicas em publicações ou ensaios clínicos (Nicoletti et al., 2007). As profundas raízes culturais da população brasileira facilitaram a sobrevida da Fitoterapia até os dias atuais, uma vez que a consciência popular reconhece a eficácia e legitimidade desta modalidade terapêutica (Sacramento, 2000). 16 A crença popular em Curandeiros, raizeiros, parteiras, médiuns e a própria tradição oral ancestral transforma o uso de plantas medicinais em verdadeiro sincretismo de concepções (Santos et al., 1995). Além disso, a fitoterapia faz com que o ser humano volte a se conectar com a natureza e assim buscar na vegetação uma forma de ajudar o organismo em vários sentidos, como a restaurar a imunidade enfraquecida, normalizar funções fisiológicas, desintoxicar órgãos e até mesmo para rejuvenescer (França et al., 2008). COMO A FITOTERAPIA ESTÁ SENDO USADA Desde a antiguidade as pessoas utilizam plantas com a finalidade de tratar e curar enfermidade. Hoje podemos encontrar nas grandes e pequenas cidades brasileiras a comercialização de plantas medicinais livremente em feiras livres, mercados populares, quitandas residenciais e em outros estabelecimentos (Maciel et al., 2002). Esses produtos são comercializados por ervanários e raizeiros que não cumprem com os critérios de adequação à saúde nem atendem ao binômio segurança e eficácia exigidos nos demais produtos, mostrando assim uma comercialização inadequada e consequentemente má utilização das plantas medicinais, já que essas, neste caso, não passam por sistemas de qualificação da farmacovigilância (Brandão et al., 1998). Rang et al. (2007) relatam que "A utilização de chás, de forma indiscriminada, em crianças portadoras de enfermidades hepáticas, renais ou outras doenças, poderá lhes trazer sérias consequências para sua saúde se não houver acompanhamento médico". Wong (2003) afirma que a utilização indiscriminada de remédios e associação de fármacos aumenta em toda a população o risco de 17 morbimortalidade causados pelos efeitos adversos e toxicidade provocada por estes produtos. Antes de serem utilizadas pela população é necessário que as plantas medicinais passem por vários processos que no final vão chegar a formulações com indicações de uso seguro e adequado para assim fornecer resultados desejados a quem for utilizá-la. Tais processos englobam a química orgânica, fitoquímica (onde ocorre o isolamento, purificação e caracterização de princípio ativo), a farmacologia (investigando farmacologicamente os extratos e os constituintes químicos isolados), a química orgânica sintética (fazendo as transformações químicas de princípios ativos) a química medicinal e farmacológica (estudando a relação estrutura/atividade e os mecanismos de ação dos princípios ativos) e por fim a preparação de formulações para a produção do fitoterápico (Maciel et al., 2002). OS BENEFÍCIOS DA FITOTERAPIA PARA O SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE No ocidente, considera-se a Alemanha como primeiro e maior incentivador das terapias naturais, notadamente a Fitoterapia, uma vez que no receituário alemão os produtos florais chegam a ocupar cerca de 40% das prescrições. Há também países como a França, Bélgica, Suécia, Suíça, Japão e EstadosUnidos onde se enfatiza a técnica fitoterápica e onde os trabalhos científicos sobre o tema são publicados. A China é campeã na utilização de medicamentos naturais. Naquele País só se recorre à alopatia quando não se encontra um substituto de tal medicamento na flora chinesa (Leão & Ribeiro, 1999). 18 Visando a eficácia e o baixo custo operacional da utilização de plantas medicinais nos programas de atenção primária à saúde, pode-se considerar uma integrativa terapêutica muito útil e importante. A facilidade para adquirir essas plantas e a compatibilidade cultural são fatores de extrema relevância para o progresso dessa medicina, principalmente no Nordeste brasileiro onde na cultura é comum o uso das mesmas na preparação de remédios caseiros para tratar várias enfermidades. Além disso, o fato de plantas medicinais poderem ser usadas através de formulações caseiras, de fácil preparo, se reveste de grande importância, pois ela pode suprir a crônica falta de medicamentos nos serviços de saúde (Matos, 1998). Essa ideia vem sendo desenvolvida já algum tempo. Segundo Boas e Gadelha (2007), o relatório final da 10ª Conferência Nacional de Saúde, em 1998, determina que os gestores do SUS devam estimular e ampliar pesquisas realizadas em parceria com universidades públicas, promovendo ao lado de outras terapias complementares a fitoterapia. No Brasil, diretrizes do Ministério da Saúde determinaram prioridades na investigação das plantas medicinais e implantando a fitoterapia como prática oficial da medicina, orientando as Comissões Interinstitucionais de Saúde (CIS) a buscarem sua inclusão no SUS. Para que essa inclusão ocorra é essencial que os profissionais da área de saúde conheçam as atividades farmacológicas e a toxicidade das plantas medicinais de cada bioma brasileiro, de acordo com os costumes, tradições e condição socioeconômica da população. Alguns trabalhos já são realizados em estados como o Ceará com o objetivo de desvendar o uso de plantas medicinais pela população, encontrando alta prevalência de uso (Silva et al., 2006). COMO CAPACITAR PROFISSIONAIS PARA A FITOTERAPIA Embora a área de fitoterápicos esteja cada vez mais conhecida e desenvolvida, a disponibilidade de produtos fitoterápicos no mercado brasileiro 19 ainda é bastante preocupante na visão do controle de qualidade desde a produção até a comercialização e uso pela população, pois a capacitação de profissionais nesta área ainda é escassa (Calixto, 2000). Guiados pela mídia, as pessoas utilizam os produtos provenientes do reino vegetal sob a forma de complementos e suplementos alimentares, sem levar em consideração o potencial curativo destes medicamentos. Outros fatores que influenciam na preconcepção mistificadora ocidental é a associação direta dos fármacos fitoterápicos com práticas integrativas de medicina, como a Medicina Chinesa, a Medicina Holística, Macrobiótica entre outras (Camargo, 1985). A fitoterapia é considerada pela OMS uma prática da medicina tradicional (Simon, 2001). Todavia, o uso deve ser precedido por criteriosa identificação e classificação botânica a fim de evitar a indução de erros e problemas durante a utilização. Muitas vezes os profissionais de saúde associam o uso destes medicamentos com os medicamentos alopáticos (França et al., 2008), o que pode gerar riscos, uma vez que diversas interações têm sido descritas entre fitoterápicos e fármacos quimicamente definidos, algumas associadas à modulação da atividade enzimática no sítio de atuação (Franco, 2003). Há preocupação ainda maior quanto aos herbolários (pessoas que comercializam plantas medicinais), pois estes obtêm os conhecimentos geralmente advindos da tradição oral, sem o adequado respaldo científico. Muitos deles não estão preparados para avaliar critérios importantes no tratamento medicamentoso como o armazenamento, uso, indicações e contraindicações das plantas medicinais. Em estudo realizado na cidade de Campina Grande - Paraíba foi demonstrado que poucos herbolários associam o conhecimento adquirido com a tradição oral à literatura acerca do tema (França et al., 2008). Os profissionais de saúde devem levar em conta que uma gama de fatores interfere na atuação do complexo ativo obtido diretamente dos vegetais. Aspectos genéticos dos indivíduos podem expressar diferentes atividades das 20 substâncias bioativas presentes, e estes podem ser afetados também por condições climáticas como luminosidade, índice pluviométrico, condições do solo e outros fatores. Faz-se necessário conhecer mais acerca da taxonomia do material botânico a ser utilizado, uma vez que os fitoterápicos apresentam altos risco de efeitos colaterais e intoxicações (França et al., 2008). Segundo a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, a capacitação, na área de "Plantas medicinais e Fitoterapia", deve ser realizada através de curso básico interdisciplinar comum a toda a equipe, visando à sensibilização dos profissionais a respeito dos princípios e diretrizes do SUS, das políticas de saúde, das Práticas Integrativas no SUS, das normas e regulamentação e dos cuidados gerais com as plantas medicinais e fitoterápicos; cursos específicos para profissionais de saúde de nível universitário, detalhando os aspectos relacionados à manipulação, fitoterápicos, de acordo com as categorias profissionais e cursos específicos para profissionais da área agronômica detalhando os aspectos relacionados a toda cadeia produtiva de plantas medicinais (Brasil, 2006a). A fim de seguir as recomendações da PNPIC, o Ministério da Saúde, responsável pela Política de Educação na Saúde, conta com estratégias para formação e educação dos profissionais de saúde, como o Sistema Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS); o Programa Nacional de Telessaúde; o Programa de Educação Permanente pelo Trabalho para a Saúde; Cursos de Especialização e Mestrado Profissionalizante; entre outros. Além de contar com essas estratégias o Ministério da Saúde tem incentivado a inclusão de disciplinas de interesse do SUS nos currículos dos cursos de graduação na área da saúde e inserido disciplinas sobre fitoterapia e outras práticas integrativas e complementares nos cursos de especialização que por eles são financiados (Simoni, 2010). 21 MEDIDAS PARA IMPLANTAÇÃO DA FITOTERAPIA NO SUS Com o crescimento da utilização e desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos, a OMS tem demonstrado crescente interesse em melhorar as condições que garantam qualidade, segurança e eficácia destes produtos, focando especialmente o seu uso em países em vias de desenvolvimento (BRASIL, 2000). Com o objetivo de evitar efeitos irracionais e danos que possam ser causados pelo mau uso desta modalidade terapêutica, o Ministério da Saúde tem estabelecido políticas que encorajam o desenvolvimento de estudos com plantas medicinais objetivando colocar em prática os benefícios advindos destas pesquisas (Franco, 2003). O governo tem mostrado interesse no desenvolvimento de políticas e programas que associem o conhecimento popular com o científico, assim ao longo de vários anos vem sendo criado portarias e programas relacionados a plantas medicinais e fitoterápicos no SUS. Dentre estes merecem destaques: · O Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais (PPPM) da Central de Medicamentos (CEME), criado pelo ministério da saúde e vigente durante 15 anos (1982 e 1997), teve como objetivo principal estudar 55 plantas medicinais com o intuito de determinar a ação terapêutica, que estas plantas tinham segundo a população, a partir de estudos científicos e assim desenvolver uma terapia alternativa e complementar (Simoni, 2010). Cinco anos após a PPPM iniciar, foi criado a Resolução da Comissão Interministerial de Planejamento e Coordenação (CIPLAN) nº 08, em 08 de marçode 1988, que determinava procedimentos e rotinas relativas à prática da Fitoterapia nas Unidades Assistenciais Médicas e consequentemente regulamentava a prática de Fitoterapia nos serviços de saúde (Brasil, 1988). · No ano de 1998 foi aprovado a Política Nacional de Medicamentos, Portaria nº 3916, que estabelecia a expansão do apoio às pesquisas destinadas a fitoterápicos, visando o potencial terapêutico da flora e fauna nacionais, uma vez que o Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta (Brasil, 1998). Em meados de em 2001, o Ministério da Saúde realizou um Fórum para formulação da proposta da Política Nacional de Plantas Medicinais e Medicamentos 22 Fitoterápicos, porém esta só foi aprovada no ano de 2006 pelo decreto Presidencial nº 5.813, de 22 de junho de 2006 (Brasil, 2006b). A fim de definir e pactuar as ações que visam o uso de plantas medicinais e fitoterápicos no processo de atenção à saúde, respeitando desde o conhecimento tradicional até o uso da biodiversidade do país, o Conselho Nacional de Saúde em 2004 aprovou a Política Nacional de Assistência Farmacêutica com a resolução nº 338. · 1ª Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica no ano de 2005 aprovou 48 recomendações, e entre elas a implantação de programas para uso de medicamentos fitoterápicos nos serviços de saúde, diante disto em 2006, através da portaria MS nº 971, foi aprovada a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, que trata das diretrizes, ações e responsabilidades dos três governos, federal, estadual e municipal, os quais devem ofertar nos serviços de saúde: serviços e produtos homeopáticos, plantas medicinais e fitoterápicos, medicina tradicional chinesa/acupuntura, entre outros. Deve ficar claro que a essa política tem o objetivo de ampliar o acesso a opções de tratamentos com produtos e serviços seguros, eficazes e de qualidade, de forma integrativa e complementar e não em substituição ao modelo convencional, por tanto estes programas devem dispor de profissionais devidamente capacitados, e os produtos devem atender obrigatoriamente os critérios de segurança, qualidade e eficácia terapêutica (Simoni, 2010). · A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, aprovada pelo Decreto Presidencial nº 5.813, de 22/06/2006, foi elaborada por Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) o qual contempla diretrizes que vão desde a cadeia produtiva de plantas medicinais ate os produtos fitoterápicos (Brasil, 2006b). Essa política fez surgir um novo GTI para elaborar o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos cuja proposta foi submetida à consulta pública e aprovado em 09/12/2008, por meio da Portaria Interministerial nº 2.960, que além de criar essa GTI, criou o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos com a missão de monitorar e avaliar a implantação da Política Nacional. 23 · Com a finalidade de instituir o programa Farmácia Viva no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2010 foi aprovada a Portaria nº 886/GM/MS. O programa Farmácia Viva foi criado pelo professor Francisco José de Abreu Matos da Universidade Federal do Ceará, que estudou por mais de 50 anos plantas medicinais e originou vasta e reconhecida literatura científica sobre estas plantas e uso. O programa foi o primeiro de assistência farmacêutica baseado no emprego científico de plantas medicinais desenvolvido no Brasil, tendo por objetivo produzir medicamentos fitoterápicos acessíveis à população (Matos, 1998) e realizar todas as etapas do cultivo, coleta, processamento, armazenamento de plantas medicinais, manipulação, dispensação de preparações magistrais até oficinas de plantas medicinais e produtos fitoterápicos (Simoni, 2010). Nas duas últimas décadas, alguns estados e municípios brasileiros vêm realizando a implantação desses programas e portarias na atenção primária à saúde, com o intuito de suprir as carências medicamentosas de comunidades, e muitos desses programas estão, atualmente, vinculados ao programa saúde da família (Ogava et al., 2003; Michilis, 2004). Diante da biodiversidade do Brasil e do objetivo de melhorar a saúde da população, o Ministério da Saúde vem investindo no uso da fitoterapia como complemento para o SUS. Entretanto, para que isso ocorra de forma correta e, principalmente, segura são necessários profissionais capacitados, que compreendam a química, toxicologia e farmacologia das plantas medicinais e princípios ativos sem desconsiderar o conhecimento popular. Existem diversos programas de fitoterapia implantados ou em fase de implantação, em todas as regiões do Brasil. Isto se deve a busca das Secretarias Municipais de Saúde em facilitar o acesso da população às plantas medicinais/fitoterápicos visando o uso correto das mesmas. Está pratica está sendo, à priori, implantada no Programa Saúde da Família (PSF) de diversos estados. Apesar da crescente busca por integrativas medicamentosas, os estudos acerca da fitoterapia ainda são precários no Brasil, sendo necessário o 24 desenvolvimento de pesquisas nesta área, que enriqueceriam o conhecimento dos profissionais e estudantes da saúde, auxiliando e tornando mais seguras e eficazes a implementação das práticas fitoterápicas no SUS. As Práticas Integrativas e Complementares se enquadram no que a Organização Mundial de Saúde (OMS) denomina de medicina tradicional e medicina complementar e alternativa (MT/ MCA) e, sobre esse tema, a OMS recomenda aos seus Estados membros a elaboração de políticas nacionais voltadas à integração/inserção da MT/MCA aos sistemas oficiais de saúde, com foco na Atenção Primária à Saúde (APS). No Brasil, em consonância com as recomendações da OMS, foi aprovada, em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC), contemplando, entre outras, diretrizes e responsabilidades institucionais para implantação/adequação de ações e serviços de medicina tradicional chinesa/acupuntura, homeopatia, plantas medicinais e fitoterapia, além de instituir observatórios em saúde para o termalismo social/crenoterapia e para a medicina antroposófica no Sistema Único de Saúde (SUS). A aprovação da PNPIC desencadeou o desenvolvimento de políticas, programas e projetos em todas as instâncias governamentais, pela institucionalização dessas práticas no SUS. Na instância federal, destaca-se a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, aprovada também em 2006 por decreto presidencial, com diretrizes e ações para toda a cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos. As plantas medicinais e seus derivados estão entre os principais recursos terapêuticos da MT/ MCA e vêm, há muito, sendo utilizados pela população brasileira nos seus cuidados com a saúde, seja na Medicina Tradicional/Popular ou nos programas públicos de fitoterapia no SUS, alguns com mais de 20 anos de existência. 25 Entre as Práticas Integrativas E Complementares no SUS, as plantas medicinais e fitoterapia são as mais presentes no Sistema, segundo diagnóstico do Ministério da Saúde, e a maioria das experiências ocorrem na APS. As ações para implementação das diretrizes dessas políticas nacionais buscam ampliar a oferta de serviços e produtos relacionados à fitoterapia no SUS, de forma segura e racional, por profissionais de saúde qualificados, considerando o sujeito em sua singularidade e inserção sociocultural, promovendo a integralidade da atenção. ASPECTOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA FITOTERAPIA A utilização da natureza para fins terapêuticos é tão antiga quanto a civilização humana e, por muito tempo, produtos minerais, de plantas e animais foram fundamentais para a área da saúde. Historicamente, as plantas medicinais são importantes como fitoterápicos e na descoberta de novos fármacos, estando no reinovegetal a maior contribuição de medicamentos. O termo fitoterapia foi dado à terapêutica que utiliza os medicamentos cujos constituintes ativos são plantas ou derivados vegetais, e que tem a sua origem no conhecimento e no uso popular. As plantas utilizadas para esse fim são tradicionalmente denominadas medicinais (DE PASQUALE, 1984). A terapia com medicamentos de espécies vegetais é relatada em sistemas de medicinas milenares em todo o mundo, por exemplo, na medicina chinesa, tibetana ou indiana-ayurvédica. A ayurveda (medicina tradicional indiana) é, talvez, mais antiga do que todas as tradições medicinais e do que a medicina tradicional chinesa. As civilizações da China e da Índia estavam florescendo e já possuíam inúmeros escritos sobre plantas medicinais, enquanto modestas culturas sofisticadas começavam a se desenvolver na Europa. 26 O lendário imperador Shen Nung discutiu plantas medicinais em suas obras, as quais, pela medicina tradicional chinesa, foram sistematizadas e escritas entre 100 e 200 a.C. A referência mais completa sobre prescrição de ervas chinesas é a enciclopédia chinesa Modern Day, de matéria médica publicada em 1977. Essa obra lista quase 6.000 medicamentos, dos quais 4.800 são de origem vegetal. Como em outras culturas de cura, receitas tradicionais são usadas preferencialmente contra as doenças crônicas, enquanto as doenças graves ou agudas são curadas por medicamentos ocidentais. A difusão da medicina tradicional chinesa, na maioria dos continentes, sem dúvida contribuiu para a popularidade atual dos medicamentos fitoterápicos em todo o mundo. Exemplos de ervas medicinais chinesas famosas são Angelica polymorpha var. sinensis (Danggui, Dongquai), Artemisia annua (qing ha), Ephedra sinica (ma huang), Paeonia lactiflora (Bai shao yao), Panax ginseng (ren shen) e Rheum palmatum (da huang) (ALONSO, 1998; CARNEIRO, 2001). Na história do Brasil, há registros de que os primeiros médicos portugueses que vieram para cá, diante da escassez na colônia de remédios empregados na Europa, muito cedo foram obrigados a perceber a importância dos remédios de origem vegetal utilizados pelos povos indígenas. Os viajantes sempre se abasteciam deles antes de excursionarem por regiões pouco conhecidas. As grandes navegações trouxeram a descoberta de novos continentes, legando ao mundo moderno um grande arsenal terapêutico de origem vegetal até hoje indispensável à medicina. Dentro da biodiversidade brasileira, alguns exemplos importantes de plantas medicinais são: Ilex paraguariensis (mate), Myroxylon balsamum (bálsamo de Tolu), Paullinia cupana (guaraná), Psidium guajava (guava), Spilanthes acmella (jambu), Tabebuia sp. (lapacho), Uncaria tomentosa (unha- de-gato), Copaifera sp.(copaíba) (GURIB-FAKIM, 2006). A magnitude da biodiversidade brasileira – conjunto de todos os seres vivos com a sua variabilidade genética integral – não é conhecida com precisão 27 tal à sua complexidade, estimando-se mais de dois milhões de espécies distintas de plantas, animais e micro-organismos. Isso coloca o Brasil como detentor da maior diversidade biológica do mundo (WILSON, 1997). Apesar disso e de toda a diversidade de espécies existentes, o potencial de uso de plantas como fonte de novos medicamentos é ainda pouco explorado. Entre as 250 mil e 500 mil espécies de plantas estimadas no mundo, apenas pequena percentagem tem sido investigada fitoquimicamente, fato que ocorre também em relação às propriedades farmacológicas, nas quais, em muitos casos, existem apenas estudos preliminares. Em relação ao uso médico, estima-se que apenas 5 mil espécies foram estudadas (RATES, 2001). No Brasil, com cerca de 55 mil espécies de plantas, há relatos de investigação de apenas 0,4% da flora (GURIB-FAKIM, 2006). Estima-se que pelo menos 25% de todos os medicamentos modernos são derivados diretamente ou indiretamente de plantas medicinais, principalmente por meio da aplicação de tecnologias modernas ao conhecimento tradicional. No caso de certas classes de produtos farmacêuticos, como medicamentos antitumorais e antimicrobianos, essa percentagem pode ser maior que 60% (WHO, 2011). Já o mercado mundial de fitoterápicos movimenta hoje cerca de US$ 44 bilhões, segundo a consultoria Analize and Realize, que atende algumas das maiores indústrias farmacêuticas do mundo. Segundo a Associação Brasileira de Empresas do Setor Fitoterápico, não existem dados oficiais sobre o tamanho desse mercado brasileiro, e as estimativas variam entre US$ 350 milhões e US$ 550 milhões. Apesar da rica biodiversidade, o Brasil tem hoje um fitoterápico baseado na flora brasileira, onde todas as fases de desenvolvimento ocorreram em território nacional e, dos fitoterápicos registrados na Anvisa, uma pequena parte é oriunda de espécies nativas, o que demonstra necessidade de investimentos em pesquisas com espécies da flora nacional (MIOTO, 2010). Além disso, paradoxalmente ao potencial e oportunidades que oferece – como o parque científico e tecnológico para o desenvolvimento de fármacos –, o País representa o décimo mercado farmacêutico mundial e importa cerca de 100% de 28 matéria-prima utilizada na produção de fitoterápicos (ADAME; JACCOUD; COBRA, 2005). A seleção de espécies vegetais para estudo farmacológico pode ser baseada no seu uso tradicional por sociedades tradicionais, no conteúdo químico e toxicidade, na seleção ao acaso ou pela combinação de vários critérios. Uma das estratégias mais comuns é o estudo da medicina tradicional e/ou popular em diferentes culturas, conhecida como etnofarmacologia. Estratégias de busca de medicamentos com base nessa linha de atuação têm sido aplicadas no tratamento de diferentes doenças, tais como o câncer (KINGHORN, 2003; BALUNAS; KINGHORN, 2005). A abordagem das plantas medicinais, a partir da adoção por sociedades autóctones de tradição oral, pode ser útil na elaboração de estudos farmacológicos, fitoquímicos e agronômicos sobre elas, evitando perdas econômicas e de tempo e demonstrando que é possível planejar a pesquisa a partir do conhecimento tradicional sobre plantas medicinais, consagrado pelo uso contínuo nas sociedades tradicionais (AMOROZO,1996 apud RODRIGUES et al., 2002). A alopatia moderna aponta geralmente para o desenvolvimento de uma única substância patenteável que irá tratar circunstâncias específicas. Na maioria das sociedades de hoje, os sistemas alopáticos e tradicionais da medicina ocorrem lado a lado, de maneira complementar. A medicina tradicional visa a frequentemente restaurar o equilíbrio usando plantas quimicamente complexas ou misturando diversas plantas diferentes a fim de maximizar um efeito sinergético ou melhorar a probabilidade de interação com um alvo molecular relevante. Esse tipo de tratamento é extremamente importante para os países em desenvolvimento, onde as plantas medicinais são amplamente utilizadas na Atenção Primária à Saúde (APS). Nesses países, elas são utilizadas na forma bruta (não processadas), como chás ou decocções, como fitoterápicos (extratos padronizados e formulados de plantas) e como alternativa popular aos produtos medicinais alopáticos (GURIB-FAKIM, 2006). 29 A Organização Mundial da Saúde (OMS), considerando as plantas medicinais como importantes instrumentos da assistência farmacêutica, por meio de vários comunicados e resoluções, expressa sua posição a respeito da necessidade de valorizar a sua utilização no âmbito sanitário ao observar que 70% a 90% da população nos países em vias de desenvolvimento depende delas no que se refere à Atenção Primária à Saúde (WHO, 1993; 2011). Em alguns países industrializados, o uso de produtos da medicina tradicional é igualmente significante, como o Canadá, França, Alemanha e Itália, onde 70% a 90% de sua população tem usado essesrecursos da medicina tradicional sobre a denominação de complementar, alternativa ou não convencional (WHO, 2011). De forma semelhante no Brasil, cerca de 82% da população brasileira utiliza produtos à base de plantas medicinais nos seus cuidados com a saúde, seja pelo conhecimento tradicional na medicina tradicional indígena, quilombola, entre outros povos e comunidades tradicionais, seja pelo uso popular na medicina popular, de transmissão oral entre gerações, ou nos sistemas oficiais de saúde, como prática de cunho científico, orientada pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). É uma prática que incentiva o desenvolvimento comunitário, a solidariedade e a participação social (RODRIGUES; DE SIMONI, 2010). No SUS, as ações/programas com plantas medicinais e fitoterapia, distribuídos em todas as regiões do País, ocorrem de maneira diferenciada, com relação aos produtos e serviços oferecidos e, principalmente, às espécies de plantas medicinais disponibilizadas, em virtude dos diferentes biomas. Uns Estados/municípios já com muitos anos de existência possuem políticas e legislação específica para o serviço de fitoterapia no SUS e laboratórios de produção, disponibilizando plantas medicinais e/ou seus derivados, prioritariamente, na atenção básica, além de publicações para profissionais de saúde e população sobre uso racional desses produtos. 30 Quanto aos produtos, os serviços disponibilizam plantas medicinais em uma ou mais das seguintes formas: planta medicinal in natura, planta medicinal seca (droga vegetal), fitoterápico manipulado e fitoterápico industrializado (RODRIGUES; SANTOS; DE SIMONI, 2011). Muitos foram os avanços nas últimas décadas com a formulação e implementação de políticas públicas, programas e legislação com vistas à valoração e valorização das plantas medicinais e derivados nos cuidados primários com a saúde e sua inserção na rede pública, assim como ao desenvolvimento da cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos (RODRIGUES; SANTOS; AMARAL, 2006). Atualmente, os principais instrumentos norteadores para o desenvolvimento das ações/programas com plantas medicinais e fitoterapia são: a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, com diretrizes e linhas de ação para “Plantas Medicinais no SUS”, e a “Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos”, com abrangência da cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos. Essas políticas foram formuladas em consonância com as recomendações da OMS, os princípios e diretrizes do SUS, o potencial e oportunidades que o Brasil oferece para o desenvolvimento do setor, a demanda da população brasileira pela oferta dos produtos e serviços na rede pública e pela necessidade de normatização das experiências existentes no SUS. Essas políticas nacionais têm convergência e sintonia com outras, como a Política Nacional de Saúde, de Atenção Básica, de Educação Permanente, de Assistência Farmacêutica, de Povos e Comunidades Tradicionais, de Biodiversidade e a Política Industrial Tecnológica e de Comércio Exterior. As ações decorrentes são imprescindíveis para a melhoria da atenção à saúde da população, ampliação das opções terapêuticas aos usuários do SUS, uso sustentável da biodiversidade brasileira, fortalecimento da agricultura familiar, geração de emprego e renda, desenvolvimento industrial e tecnológico, inclusão social e regional. 31 No que diz respeito à legislação do setor, a Anvisa, baseada nas diretrizes das políticas nacionais, promoveu ampla revisão das legislações para o setor, elaborou novas normas, como a RDC nº 10/2010, que dispõe sobre a notificação de drogas vegetais, assim como promoveu, por meio da Farmacopeia Brasileira, a revisão das monografias de plantas medicinais. Com certeza, todas essas normas apresentam avanço no setor de regulamentação brasileiro, sendo importantes para vários segmentos desde as Farmácias Vivas até o industrial. Outros avanços oriundos da indução das políticas nacionais que merecem destaque são: - Ampliação da oferta de serviços e produtos da fitoterapia na rede pública; - Instituição de grupos técnicos para definição de normas e produtos para o SUS; - Aprovação do Programa Nacional e instituição do Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos; - Inclusão de oito fitoterápicos no Elenco de Referência Nacional de Medicamentos e Insumos Complementares para a assistência farmacêutica na atenção básica; - Incentivo à pesquisa e desenvolvimento de plantas medicinais e fitoterápicos, pelo Ministério da Saúde, em parceria com outros órgãos de fomento; - Inclusão do tema na Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde e na Rede de Pesquisas em Atenção Primária à Saúde; - Publicação da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse para o SUS (RENISUS) como estratégia para priorizar a alocação de recursos e pesquisas em uma lista positiva de espécies vegetais medicinais com vistas ao desenvolvimento de fitoterápicos; - Instituição da Farmácia Viva no âmbito do SUS; - Aprovação de políticas e programas estaduais e municipais. 32 PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA NA SAÚDE DA FAMÍLIA Diante dos avanços e do potencial do nosso país para o crescimento do setor, ficam os desafios da alocação de recursos específicos para o desenvolvimento das ações dessas políticas; da formação/qualificação de profissionais de saúde; da definição de normas específicas para o serviço no SUS; da ampliação do investimento em Pesquisa & Desenvolvimento; da ampliação da oferta de serviços e produtos na rede pública; entre outros. Nesse sentido, as políticas nacionais são imprescindíveis e estabelecem estrategicamente o fortalecimento e desenvolvimento de toda a cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos, para que os usuários do Sistema tenham acesso a serviços e a esses produtos com qualidade, eficácia e segurança. A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE E A INTEGRAÇÃO DA MEDICINA TRADICIONAL, COMPLEMENTAR E ALTERNATIVA AOS SISTEMAS OFICIAIS DE SAÚDE A medicina tradicional e a medicina complementar e alternativa (MT/MCA) e seus produtos, principalmente plantas medicinais, cada vez mais têm se tornado objeto de políticas públicas nacionais e internacionais, incentivadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir da criação do seu “Programa de Medicina Tradicional” nos anos 70. Um dos mais importantes documentos oriundos desse programa foi a “Estratégia da OMS para a Medicina Tradicional para 2002-2005”, contemplando 33 diagnóstico, desafios e potencialidades da MT, assim como o papel e objetivos da Organização. Nesse documento, a OMS se propôs a respaldar os países de modo a: - Integrar a MT/MCA nos sistemas nacionais de saúde, desenvolvendo e implementando políticas e programas nacionais; - Promover a segurança, eficácia e qualidade da MT/MCA, ampliando a base de conhecimento sobre essas medicinas e fomentando a orientação sobre pautas normativas e de controle de qualidade; - Aumentar a disponibilidade e acessibilidade da MT/MCA, com ênfase ao acesso pelas populações pobres; e - Fomentar o uso racional da MT/MCA tanto pelos provedores quanto pelos consumidores (OMS, 2002a). Ainda na Estratégia, a OMS (OMS, 2002a) apresenta os desafios para a MT/MCA de acordo com os quatro propósitos citados, oriundos do diagnóstico realizado com seus Estados membros. Para o tema política nacional e marco regulatório, destaca, entre outros, a falta de integração da MT/ MCA aos sistemas nacionais de saúde e de mecanismos regulatórios. Sobre segurança, eficácia e qualidade, cabe destacar a ausência de metodologia de pesquisa, de evidências para as terapias e produtos de MT/MCA, de normas e registros adequados com base em plantas medicinais, afalta de registro dos provedores de MT/MCA e os insuficientes recursos para a pesquisa. Quanto ao uso racional, entre os desafios apresentados pela OMS, destaca-se a falta de formação dos provedores de MT/MCA e para os médicos alopáticos, além da falta de informação ao público sobre o uso racional da MT/ MCA (OMS, 2002a). 34 A Organização Mundial da Saúde recomenda que tanto as políticas nacionais como a regulamentação para os produtos oriundos das práticas tradicionais contemplem, entre outros, os conceitos de medicina tradicional e medicina complementar/alternativa. Em seus documentos, considera medicina tradicional como o “conjunto de conhecimentos, habilidades e práticas baseados em teorias, crenças e experiências indígenas de diferentes culturas, explicáveis ou não, utilizadas na manutenção da saúde, tão bem quanto em prevenções, diagnósticos ou tratamentos de doenças físicas e mentais”. Já a medicina complementar/alternativa frequentemente se refere ao conjunto de práticas de cuidado em saúde que não são parte da tradição própria do país e não são integradas dentro do sistema de saúde dominante. Outros termos algumas vezes usados para essas práticas de cuidado incluem “medicina natural”, “medicina não convencional” e “medicina holística” (WHO, 2005). A despeito da existência e uso contínuo dos produtos e práticas das medicinas tradicionais por muitos séculos, a história das normas e regulação do uso é comparativamente curta. Em muitos países, tanto desenvolvidos como em desenvolvimento, as práticas e os produtos da medicina tradicional não são ainda normatizados (WHO, 2011). Houve progresso na definição de diretrizes, normas, políticas, entre outras recomendações da OMS, pelos Estados membros nas últimas décadas, demonstrado pelos diagnósticos realizados pela Organização, a fim de verificar a situação mundial com respeito à MT/MCA e medicamentos oriundos de plantas medicinais – fitoterápicos, no Brasil. Em 2005, dos 191 Estados membros, 45 afirmaram possuir Política Nacional de MT/MCA e, quanto à situação regulatória para medicamentos oriundos de plantas medicinais, 92 possuem leis ou regulamentos para esses medicamentos, onde se inclui o Brasil. 35 Quanto à existência de farmacopeias nacionais, elas estavam presentes em 34 dos países membros, sendo que aqueles que não possuem as utilizam de outros países, principalmente as farmacopeias europeia, britânica e americana (WHO, 2005). Posteriormente, em outro levantamento realizado pela Organização, em 2007, o número de Estados membros com política em MT/MCA foi ampliado para 48; com normatização para fitoterápicos, para 110; e, com Instituto Nacional de Pesquisa em MT/MCA, para 62 (BRASIL, 2008). Os produtos (medicamentos) tradicionais fazem parte do extenso campo da medicina tradicional, além dos procedimentos e praticantes (detentores do conhecimento). Entre os produtos (recursos terapêuticos), aqueles oriundos de plantas medicinais (herbal medicines1) são os mais largamente utilizados nas medicinas tradicionais e, para eles, a OMS relata que os desafios mais importantes são os critérios de segurança, eficácia e qualidade e a definição de regulamentação sanitária adequada (WHO, 2005). Os países precisam formular padrões para qualidade e segurança na oferta dos produtos e práticas da MT, assim como políticas e denominadas pela OMS como material ou preparações derivadas de plantas com terapêutico ou outro benefício à saúde humana, os quais contêm ingredientes ou são processados de uma ou mais plantas. Em algumas tradições, material de origem animal ou inorgância pode também estar presente (WHO, 2005). A avaliação da qualidade, segurança e eficácia baseada em pesquisas é necessária para ampliar o acesso a esses medicamentos, numa situação histórica de recursos públicos e privados insuficientes. Sobre o segundo desafio, a situação regulatória e as terminologias (conceitos) associadas variam muito entre os países, onde as plantas medicinais e seus derivados (fitoterápicos) são usados como medicação prescrita ou sem receita, automedicação ou autocuidado, remédio caseiro, ou como suplemento dietético, alimentos para a 36 saúde, alimentos funcionais, fitoprotetores, e outros tipos em diferentes locais (WHO, 2011). Em cooperação com os escritórios regionais e Estados membros, a OMS tem produzido uma série de documentos técnicos, como publicações de Boas Práticas Agrícolas de Plantas Medicinais e Boas Práticas de Manufaturação, junto a outras técnicas de suporte, para assistir com padronização e criação de produtos de alta qualidade. Países como a China, Índia e África do Sul dispõem de modelos, como elaborar guias (guidelines) para regulação e registro de medicamentos tradicionais ou fitoterápicos, produzidos nos escritórios da OMS nas regiões da África, Leste Mediterrâneo e Sudoeste Asiático e União Europeia (WHO, 2011). A OMS também promove eventos/reuniões técnicas com os Estados membros para formular documentos, discutir estratégias e promover a cooperação entre os países para o desenvolvimento da MT. Entre eles, cabe destacar a reunião técnica ocorrida em Genebra – Suíça, de 12 a 14 de junho de 2006, sobre o tema “Integração da Medicina Tradicional aos Sistemas Nacionais de Saúde”, promovida pela Organização após diagnóstico situacional realizado por questionário enviado aos países membros. Sob coordenação do Departamento de Cooperação Técnica para Drogas Essenciais e Medicina Tradicional da OMS, os representantes discutiram o status da MT/MCA nos sistemas oficiais de saúde dos países membros e os passos para integrá-la nesses sistemas. Na oportunidade, o Brasil passou a fazer parte do grupo de países que possuem políticas nacionais de MT/MCA, com a aprovação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, apresentada nesse evento. Com relação às diretrizes para formação/qualificação de profissionais de saúde e provedores de MT, cabe destacar a reunião técnica promovida pela OMS, em parceria com o governo da Lombardia, também no ano de 2006, em Milão, Itália, onde foram discutidos documentos técnicos contendo as diretrizes para capacitação (treinamento) básica e segurança em fitoterapia, nas áreas de 37 medicina tradicional chinesa, ayurveda, naturopatia, medicina unani (RODRIGUES; BARBANO, 2007). Como iniciativa brasileira para discussão da integração da MT/MCA aos sistemas nacionais de saúde, cabe destacar o Seminário Internacional de Práticas Integrativas e Complementares, realizado em 2008 e promovido pelo Ministério da Saúde, onde a coordenadora do Departamento de Medicina Tradicional da OMS, a Dra. Zhang, descreveu como objetivo da OMS, a curto e médio prazo, o apoio aos Estados membros, no sentido de: - Expandir o reconhecimento da MT/MCA; - Apoiar a integração da MT/MCA aos sistemas nacionais de saúde, baseados na circunstância de usá-la nesses países; - Fornecer informações e orientações técnicas a fim de propiciar a prática em MT/MCA de forma eficaz e segura; - Preservar e proteger os conhecimentos em MT e fitoterapia para o uso sustentável delas (BRASIL, 2008). Segundo a coordenadora da OMS, tanto os sistemas de MT/MCA quanto da biomedicina têm suas vantagens e desvantagens, e a MT/MCA será progressivamente integrada aos sistemas nacionais de saúde e os pacientes terão acesso aos benefícios dos dois tipos de práticas médicas (BRASIL, 2008). Como recomendações desse seminário internacional, podem ser citadas: incrementar intercâmbio internacional no campo das PICs; ampliar o escopo das PICs na PNPIC com novas modalidades de práticas de eficácia comprovada; divulgar experiências bem-sucedidas em curso nos Estados e municípios, além daquelas de outros países; realizar eventos de integração e intercâmbio; incrementarqualitativa e quantitativamente a inserção das PICs no SUS; formar e capacitar recursos humanos; divulgar o uso racional das PICs; ampliar recursos para pesquisa nas diferentes etapas do processo de produção e consumo de PICs; e instituir centro colaborador em medicina tradicional/medicina complementar alternativa no Brasil (BRASIL, 2008). 38 O mais recente congresso sobre medicina tradicional promovido pela OMS ocorreu em Pequim, China, em novembro de 2008, com a presença de ministros de Estado e técnicos de diversos países, que debateram sobre a situação e propostas para a MT no mundo. Desse evento resultou a Declaração de Beijing, baseada nas recomendações de Alma-Ata, nos documentos e recomendações da OMS, na importância da MT/MCA para a saúde da população, entre outros. Entre as recomendações, podem ser citadas: - O conhecimento da medicina tradicional, tratamentos e práticas devem ser respeitados, preservados e amplamente divulgados, levando-se em conta as circunstâncias de cada país; os governos têm responsabilidade pela saúde de sua população e devem formular políticas nacionais, regulamentos e normas, como parte dos sistemas nacionais de saúde abrangentes, para garantir a adequada, segura e efetiva utilização da medicina tradicional; os governos devem estabelecer sistemas de qualificação, acreditação ou licenciamento dos praticantes da medicina tradicional; e a comunicação entre a medicina tradicional e a convencional deve ser reforçada nos programas de formação adequados e ser incentivada para profissionais de saúde, estudantes de medicina e pesquisadores relevantes. (Tradução de parte do material distribuído no evento) (BRASIL, 2010). Neste contexto, cabe destacar a resolução da Assembleia Mundial de Saúde, 2009, que recomenda aos países: respeitar, preservar e disseminar os conhecimentos sobre MT, assim como formular políticas e regulamentação nacionais para promover a segurança e uso racional; ampliar o desenvolvimento da MT baseado em pesquisa e inovação; e incluí-la nos sistemas oficiais de saúde. Além disso, recomenda aos Estados membros estabelecer cooperações e socializar conhecimentos sobre MT/MCA enquanto trabalham para ampliar a comunicação entre praticantes da MT e profissionais da medicina convencional (WHO, 2011). 39 A Atenção Primária à Saúde (APS), definida como o primeiro contato do usuário com a rede assistencial do sistema de saúde, é complexa e demanda intervenção ampla em diversos aspectos para que possa ter efeito positivo sobre a qualidade de vida da população, exigindo um conjunto de saberes para ser eficiente, eficaz e resolutiva. Caracteriza-se, principalmente, pela continuidade e integralidade da atenção, coordenação da assistência dentro do próprio sistema, atenção centrada na família, orientação e participação comunitária e competência cultural dos profissionais (STARFIELD, 2004). Dessa forma, são definidos os quatro atributos essenciais da APS: o acesso de primeiro contato do indivíduo com o sistema de saúde, a longitudinalidade e a integralidade da atenção, e a coordenação do cuidado dentro do sistema. A adoção dos princípios da atenção básica na organização dos sistemas de saúde é uma tendência mundial, justificada pelas evidências de que países cujos sistemas de saúde se organizam a partir desses princípios alcançam melhores resultados em saúde, menores custos, maior satisfação dos usuários e maior equidade mesmo em situações de grande desigualdade social (STARFIELD, 1994, 1998 apud STARFIELD, 2002). No Brasil, no processo histórico, a atenção básica foi gradualmente se fortalecendo e se constitui como porta de entrada preferencial do Sistema Único de Saúde, sendo o ponto de partida para a estruturação dos sistemas locais de saúde, seguindo tendência mundial. Os seus fundamentos, diretrizes e normas foram contemplados em uma política nacional, aprovada pelo Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 648/GM, em maio de 2006, atualizada pela Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, a qual caracteriza atenção básica como: [...] conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde, com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. 40 É desenvolvida por meio do exercício de práticas de cuidado e gestão, democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de cuidado complexas e variadas que devem auxiliar no manejo das demandas e necessidades de saúde de maior frequência e relevância em seu território, observando critérios de risco, vulnerabilidade, resiliência e o imperativo ético de que toda demanda, necessidade de saúde ou sofrimento devem ser acolhidos. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde (BRASIL, 2011). A atenção básica se orienta pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social. Considera o sujeito em sua singularidade e na inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral (BRASIL, 2011). O Brasil, desde 1994, adotou a Saúde da Família (SF) como estratégia de reorganização da atenção básica, caracterizada como porta de entrada prioritária de um sistema de saúde hierarquizado e regionalizado, o que vem provocando importante movimento de reorientação do modelo de atenção à saúde no SUS. A Estratégia se consolidou como eixo estruturante do SUS, por um movimento de expressiva expansão de cobertura populacional, atualmente presente em 5.284 municípios, com 32.079 equipes implantadas, aprimorando em muito o acesso da população às ações de saúde (SIAB, agosto/2011). Todos os ganhos em saúde aliados ao potencial da SF/atenção básica na resolubilidade da maioria dos problemas de saúde, reduzindo a necessidade da atuação nos demais níveis de atenção, consolidaram a atenção básica como prioridade de governo. As ações com plantas medicinais e fitoterapia, há muito inseridas no SUS, acontecem prioritariamente na Saúde da Família, pelos fundamentos e princípios 41 desse nível de atenção/Estratégia e pela característica da prática da fitoterapia, que envolve interação entre saberes, parcerias nos cuidados com a saúde, ações de promoção e prevenção, entre outras. As relações entre elas proporcionam o fortalecimento mútuo, pois a expansão da SF facilita a implementação dos programas de fitoterapia, principalmente pela inserção das equipes nas comunidades, por meio de práticas de aproximação da população, como a visita domiciliar e as atividades de educação em saúde, facilitadoras da troca entre os saberes. De forma complementar, as ações da fitoterapia promovem o fortalecimento do vínculo dos usuários e da comunidade com as equipes, a participação popular, a autonomia dos usuários e o cuidado integral em saúde. (SOUZA, 2008 apud RODRIGUES, 2011). Nesse sentido, a ampliação da cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF) nas diversas regiões e biomas denota potencial para o desenvolvimento de ações com plantas medicinais e fitoterapia nos serviços de saúde, nos diversos níveis de complexidade em que a fitoterapia pode ser ofertada. Oportunidade também para o desenvolvimento de ações com plantas medicinais e fitoterapia na atenção básica foi incrementada com a criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família
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