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Unidade II - Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea

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Prévia do material em texto

Corpo, Gênero 
e Sexualidade
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Antônio Carlos Vaz
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea
• Introdução;
• Globalização Econômica e Cultural 
e seus Reflexos sobre o Corpo;
• Identidade e Diferença: 
As Marcas no Corpo;
• Tribos, Identidade e Escola;
• O Corpo e os Direitos Humanos.
 · Compreender a posição do corpo frente às questões contemporâneas;
 · Entender os processos micropolíticos que incidem sobre os corpos 
das diferentes identidades;
 · Atuar no sentido de ampliar as possibilidades dos alunos pertencentes 
aos grupos subjugados.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Corpo e Identidade na 
Sociedade Contemporânea
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea
Introdução
Nesta unidade, abordaremos uma temática bastante atual. Trata-se do processo 
de globalização e de sua relação com as questões relacionadas à cultura e, conse-
quentemente, ao corpo.
Há certa aura mística em torno da palavra “Globalização”. É comum ouvirmos 
algumas pessoas justificarem uma série de fatos por conta de tal fenômeno. 
Sem sombra de dúvidas, trata-se de um importante processo sociocultural com 
implicações significativas na vida de todas as pessoas que se encontram mais ou 
menos afetadas por seus efeitos.
Mas será que todas as pessoas estão sujeitas aos efeitos de processo da mesma forma? 
Esse processo é irreversível e sem alternativa? Ex
pl
or
• Que pressão ele exerce sobre as mulheres?
• E como os homens são afetados por esse processo? Ele tem modificado o com-
portamento machista de grande parte da população brasileira?
• E os moradores das periferias, que mudanças são observadas neles em relação 
a esse fenômeno?
• Os Shopping Centers têm modificado o perfil de seus frequentadores?
• E do ponto de vista da sexualidade, há mudanças que podem ser creditadas 
ao profundo processo de interação entre as diferentes populações do mundo 
sobre os heterossexuais ou os homossexuais?
• E a população rural, a sertaneja, os povos indígenas, a população negra – 
quais os resultados da interação entre a pressão exercida pelo processo glo-
balizador e a resistência empreendida pela cultura específica desses grupos?
• Quais influências a cultura Pop tem produzido sobre os jovens?
8
9
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
Mas, afinal, quais são esses efeitos? De que modo somos afetados em nossa 
vida cotidiana? 
E nossos corpos, também sofrem influências do processo de Globalização? 
E como os professores de Educação Física podem se preparar para lidar com 
essas questões, que afetam todas as crianças e jovens que serão seus futuros alunos?
Enfim, são inúmeras as questões que pretendemos discutir ao longo desta Unidade.
Globalização Econômica e Cultural 
e seus Refl exos sobre o Corpo
A globalização exerce um encantamento mágico sobre as pessoas. Para uma 
grande parte, esse processo é irreversível e afeta a todas as pessoas na mesma 
medida e da mesma maneira.
9
UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea
O fenômeno da globalização possui mais coisas do que nossos olhos podem apre-
ender; dentre elas, há a chamada “compressão tempo/espaço”, que produz grandes 
alterações comportamentais entre os jovens. Trata-se das mudanças ocorridas no 
que diz respeito às questões do tempo, porque a comunicação e as ações humanas 
podem se dar fora daquela tradicional relação com o tempo. (BAUMAN, 1999)
Eu posso dialogar com alguém que escreveu algo em uma Rede Social qualquer, 
em tempo diferente, após um ano, por exemplo. O tempo deixou de ser obstáculo 
para a interação entre as pessoas; foi superado pela ajuda das novas Tecnologias.
E o mesmo se dá com relação ao espaço. Não existe mais distância entre as 
pessoas; posso interagir imediatamente com alguém localizado do outro lado 
do Planeta. 
Assim, a Tecnologia da Comunicação proporcionou grandes mudanças na vida 
das pessoas, pois posso estar com todos ao mesmo tempo, e é o que se vê, em rela-
ção aos jovens, quando estão reunidos com familiares ou mesmo com amigos.
Passamos, assim, a ser afetados pelas questões da compressão do espaço e do 
tempo e isso acaba por impactar nossa vida cotidiana.
Hoje, fala-se com alguém do outro lado do mundo ou mesmo se compartilham 
músicas, fotos, vídeos, imediatamente, com grupos de pessoas que vivem do outro 
lado do Planeta. 
Também se pode comunicar de forma assincrônica, ou seja, alguém posta algo 
numa Rede Social, e outra pessoa, em qualquer lugar do mundo, a qualquer mo-
mento, pode interagir com essa postagem, produzindo, assim, a comunicação as-
sincrônica, isto é, ela não se dá simultaneamente, mas na medida em que cada um 
dos indivíduos pode.
Tudo está sempre em movimento, mesmo que não pareça. Nossos modos de 
ver o mundo, nossos valores, estão sempre em movimento, em função de inú-
meras influências. 
Os efeitos desses processos globalizadores são radicalmente desiguais em re-
lação aos diferentes grupos sociais. Enquanto alguns grupos se tornam plena-
mente globais, expandem suas possibilidades, sua leitura de mundo, sua cultura 
a outras sociedade, a outros povos, a outros países, outros grupos permanecem 
em maior ou menor medida presos à sua localidade, sofrendo a influência do 
grupo que tem poder para imprimir sua marca num mundo globalizado. 
Para Bauman (1999), são aqueles que se globalizam os que comandam a vida, 
inclusive a dos povos que foram engolidos pela globalização.
As localidades, aquelas que sofrem os efeitos da globalização, passaram a perder 
seu potencial gerador, criativo, ou mesmo negociador de sentidos e significados, 
que as deixou culturalmente mais dependentes e vulneráveis às ações daqueles que 
controlam os desejos e os sonhos por intermédio dos diversos Meios de Comuni-
cação. (BAUMAN, 1999)
10
11
As sociedades mais poderosas, como a estadunidense, a inglesa, a alemã e a 
francesa, de certo modo, globalizam sua cultura, seus valores e seus interesses, 
impondo sua cultura aos países em desenvolvimento, especialmente, nas locali-
dades de países periféricos, do ponto de vista da política internacional, como São 
Pauloe outras tantas cidades brasileiras.
Claro está que essa imposição cultural não ocorre de maneira direta, passiva; ao 
contrário, ocorre sempre num clima de resistência, quer dizer, as pessoas que vivem 
em São Paulo, por exemplo, acabam por produzir uma cultura mista, que não é 
aquela nova iorquina, e nem a antiga cultura paulista, mas um mix delas, ou seja, 
uma cultura híbrida. E esse mix, ou hibridismo, também não é homogêneo.
Em certas regiões da cidade de São Paulo, como nos jardins, por exemplo, talvez 
seja mais marcante a influência estadunidense de seu grupo hegemônico, da cultura 
branca, rica; enquanto que em regiões mais populares haja menor penetração des-
sa cultura, sobressaindo a influenciada cultura da resistência norte-americana, dos 
guetos, da cultura negra, como a do basquetebol e da cultura do hip-hop.
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
Nos processos de globalização, há uma progressiva segregação espacial, que 
separa e exclui. Mas a opressão pela homogeneização não ocorre sem que haja um 
movimento de resistência. 
Há grupos neotribais, outros fundamentalistas, que procuram se defender na 
ponta dos efeitos da globalização, desse caráter homogeneizante, e são tão le-
gítimos como aqueles vivem a “hibridização”, a mistura, de cultura local com a 
globalizada. (BAUMAN, 1999)
Nem todo mundo está sujeito aos mesmos níveis de influência exercidos pelos 
processos globalizadores. As populações que vivem nas zonas urbanas estão indis-
cutivelmente mais sujeitadas a esses efeitos do que aquelas que vivem nas zonas 
rurais, nas quais o contato com os elementos tecnológicos de comunicação e infor-
mação são menos imediatos e menos evidentes.
11
UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea
O atual modelo de globalização garante a liberdade de movimento dos grandes 
centros produtores de sentidos e significados; portanto, de cultura, que dão novo 
verniz às tradicionais distinções que podem ser observadas entre ricos e pobres, 
sedentários e nômades, normais e anormais, que são aqueles que se encontram 
à margem das leis e da sociedade. (BAUMAN, 1999)
De certo modo, os grupos pertencentes aos grandes centros econômicos 
do mundo, como Nova Iorque, Paris e Londres, entre outros, produzem novas 
hierarquias que inferiorizam as populações dos países que ainda não atingiram 
um status político e econômico que lhes garanta um acento entre os países 
mais poderosos.
O processo de dominação cultural vai impondo aos grupos dominados novas 
formas de compreender o mundo e de agir sobre ele. Evidentemente, esse pro-
cesso não é mecânico e automático; nenhuma dominação se dá sem resistência 
e sem processo de hibridização, ou seja, há sempre uma mistura entre a cultura 
que pretende se impor e a cultura existente, que de alguma forma se mantém 
viva, ao menos em parte, na nova realidade.
Assim, os padrões de normalidade vão sendo alterados conforme os novos ele-
mentos que são agregados à cultura local e, nesse processo de globalização cultural, 
as práticas de atribuição de sentidos e significado vão alterando o quadro cultural de 
uma determinada localidade. Esse efeito pode se dar por meio dos vários elementos 
da comunicação, como o Cinema, a TV, as Mídias Digitais etc.
Atualmente, há uma tendência de se marcar exageradamente como “anormal” 
pessoas que não se mostrem adequadas às normas idealizadas.
Esse processo de marginalização traz como consequência repulsa às imagens que 
veiculam qualquer tipo de vida alternativa. Isso vale para qualquer grupo que fuja do 
modelo central de poder: homens, brancos, ricos, heterossexuais. (BAUMAN, 1999)
Dessa forma, pode-se imaginar o quanto o corpo, como sede física do indiví-
duo, sofre com essas formas que representam as novas tendências para a política 
do corpo. 
No Brasil, temos presenciado o ressurgimento de um movimento culturalmen-
te conservador, que tem perseguido em todos os âmbitos as manifestações de 
grupos culturais que fogem ao padrão de “normalidade” conservadora, como os 
da comunidade LGBTT e mesmo o das mulheres.
O processo de globalização que temos experimentado desde o final do sé-
culo XX é resultado de fatores econômicos e culturais, que vem causando mu-
danças nos padrões de produção e de consumo, que acaba por produzir novas 
identidades, agora globalizadas. 
E toda identidade tem uma estreita relação com as representações que se faz 
do corpo.
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Você já reparou o quanto o corpo de alguém pode ser “lido”? Faça essa experiência: observe 
uma pessoa e tente extrair o máximo que puder de informações sobre ela apenas olhando-a 
corporalmente. Você vai descobrir uma série de coisas, isso é um grande indicativo de que o 
corpo é, na verdade, o local em que instalamos uma série de marcas que nos identifi cam.
Ex
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or
Faça esse exercício; tente ler alguém, e procure se certificar sobre suas observa-
ções, suas leituras.
As identidades formam grupos de consumidores globais que se acham em 
qualquer lugar do mundo, mal se distinguindo entre si. O modelo contempo-
râneo de globalização se caracteriza pela convergência de culturas e estilos de 
vida, especialmente, nas populações que estão mais expostas ao seu impacto. 
(WOODWARD, 2000)
Ao produzir identidades em ritmo industrial, o movimento globalizador busca ho-
mogeneizar culturalmente a população dos diferentes países por meio do Mercado 
global. A identidade cultural nacional e local tende a ter um peso menor do que as 
globalizadas. (WOODWARD, 2000)
Quer dizer, em países centrais do processo globalizador, as identidades locais as-
sumem um caráter globalizador, enquanto em países como o Brasil, que possui uma 
inserção subordinada nesse processo, as identidades nacionais sofrem duramente o 
impacto das identidades globalizadas.
O movimento globalizador impõe, por intermédio especialmente dos Meios 
de Comunicação, novas identidades, quase sempre ligadas a um novo padrão 
de consumo. 
Ao mesmo tempo, esse mesmo movimento dá vida a um movimento inverso, 
que oferece resistência ao processo homogeneizador, ao reafirmar os elementos 
das identidades locais e nacionais. O movimento de resistência pode, ainda, levar 
ao surgimento de identidades híbridas, ou seja, guarda elementos da identidade lo-
cal, mas também carrega elementos de identidades globais, criando peculiaridades 
que as tornam distintas das originais. (WOODWARD, 2000)
O processo de diferenciação não pode ser reduzido a uma forma de marcar o 
outro como inferior. Os jovens buscam diferenciar-se da massa como algo positivo, 
como algo afirmativo, que identifique e valorize o seu grupo. (VAZ, 2010)
O meio imediato de expressar uma posição de resistência, de contestação a 
qualquer ordem social, é utilizando o corpo. É muito comum que os jovens façam 
uso do corpo para marcar sua identidade, seja com tatuagens, no corte de cabelo, 
no uso de uma indumentária pouco convencional, ou mesmo na transformação 
do próprio corpo. (VAZ, 2010)
Ao mesmo tempo, o controle social também se interessa pelo corpo, busca con-
trolá-lo de forma a enquadrar as pessoas. A pessoa bem comportada é aquela que 
demonstra corporalmente ser bem comportada, isto é, está dentro de certo padrão, 
está mais ajustada àquela sociedade. Essas pessoas são sempre bem vistas por aque-
les que defendem a ordem estabelecida.
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UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea
Identidade e Diferença: As Marcas no Corpo
Uma das marcas importantes neste século XXI é o processo de identificação 
e de diferenciação, ou seja, o processo pelo qual as pessoas se identificam ou se 
distinguem de certos grupos. 
Esses modos de pensar e agir formam grupos que se definem como pertencen-
tes a um grupo identitário ou, ao contrário, são marcados como diferentes, como 
não pertencentes ao grupo em questão.
Nenhum movimento cultural e social é homogêneo,isto é, os indivíduos que 
compõem um movimento não pensam da mesma forma sobre tudo, e nem mes-
mo sobre aquilo que os define como tal.
Por exemplo, o movimentode mulheres, o feminismo, não é homogêneo. 
Há diferentes grupos de mulheres que se diferenciam entre si, que defen-
dem coisas diferentes. Há o movimento de mulheres negras, que representa 
aquelas mulheres não se sentem representadas pelo movimento feminista de 
então, aquele que alcançou maior visibilidade.
Isso quer dizer que, mesmo dentro de uma identidade, há compreensões e ma-
nifestações conflitantes, que lutam por ver sua perspectiva como dominante dentro 
da própria identidade. 
O machismo, que é a legitimação da dominação dos homens sobre as mulhe-
res, tem sido afetado, tanto pelo feminismo, como pela ação de certos grupos 
masculinos, que entendem que ser homem não é necessariamente aquilo que a 
tradição machista da cultura brasileira defende.
Dito de outra forma, o retrato das relações de gênero de uma dada cultura é o 
resultado da luta dentro das relações entre os homens, entre as mulheres e entre 
homens e mulheres. 
Há homens que não se contentam com a visão machista e defendem outras 
práticas nas relações de gênero, o que, de certo modo, desestabiliza aquela visão 
tradicional, pondo-a em movimento. Por isso, nenhuma identidade é fixa e imutá-
vel; ela é sempre abalada por grupos internos à própria identidade e por grupos 
externos, vez que toda identidade é sempre resultado de uma relação.
Entretanto, dizer que dentro de um movimento que parece homogêneo há 
outras manifestações que se digladiam, não é suficiente para que se entenda a 
correlação de forças presente nesse movimento. Sempre há uma porção que, 
ao menos temporariamente, coloca-se como dominante ou, em outras palavras, 
como hegemônica.
Hegemonia cultural: é um conceito que indica preponderância de uma cultura em 
relação a outras. Não significa que essa cultura é superior a todas as outras, mas que é 
seguida pela maioria e tem um impacto sobre outras culturas, causando, muitas vezes, 
modificações nelas. É o exemplo da cultura americana, que influenciou de forma muito 
forte a cultura ocidental. 
Ex
pl
or
Fonte: https://goo.gl/zv1vtV
14
15
Todo grupo hegemônico de uma sociedade busca homogeneizar o comporta-
mento de sua identidade e fixar a inferioridade das identidades diferentes. Faz 
isso a partir do significado atribuído por seu próprio grupo, quer dizer, traz como 
resultado a hierarquização das identidades. 
Com isso, ser homem, branco, rico, he-
terossexual, ter o sotaque paulistano e ser 
universitário, entre outras marcas identi-
tárias, faz o indivíduo ocupar graus mais 
elevados na hierarquia social, e gozar de 
certos privilégios.
Dizer isso significa afirmar que o grupo de pessoas que se encaixa nesse con-
junto de identidades goza de certas vantagens, de certos privilégios, em nossa 
sociedade, enquanto que as pessoas que não se encaixam ou que se encaixam 
apenas parcialmente nessas identidades, que se constituem eixos de poder, têm de 
enfrentar cotidianamente a luta pela afirmação de sua identidade.
Dito de outra forma, esse processo de identificação e diferenciação hierar-
quiza as pessoas e os diferentes grupos sociais, fazendo com que aqueles que 
seguem os comportamentos padronizados e estabelecidos como normais, corre-
tos, desejáveis, sejam considerados superiores, enquanto os diferentes tendem a 
ser considerados inferiores, anormais, indesejáveis.
Em geral, a juventude tende a apresentar comportamento questionador da 
ordem estabelecida. Uma das principais formas utilizadas para exercer essa 
capacidade questionadora é por meio do corpo e dos gestos.
O corpo é a forma mais imediata para a expressão do pensamento, do estilo 
de vida, de compreensão da realidade. O corpo é o lugar em que a juventude ex-
pressa sua resistência. É no corte de cabelo, no uso de adornos, nas roupas, nas 
linguagens, nos gestos e de outras formas, que vão desde uma simples tatuagem 
até as modificações do corpo. (VAZ, 2010)
Ao se produzir uma identidade, produz-se, também, as diferenças, quer dizer, as 
identidades diferentes. A relação entre elas é sempre dinâmica. 
O fato de ter sido criada num ambiente em que a inferiorizava, considerada pela 
cultura dominante como inferior, não significa que será sempre assim. Há sempre 
uma luta empreendida pelos setores inferiorizados no sentido de recuperarem ou 
conquistarem a dignidade relacionada ao seu grupo social ou cultural.
Cada sociedade produz suas identidades dominantes, que passam a ser aque-
las desejáveis, consideradas “normais”. Quando essa sociedade é marcada por 
relações assimétricas de poder, como quando ricos e pobres, brancos e não 
brancos, homens e mulheres, heterossexuais e homossexuais, entre outras, não 
gozam dos mesmo poderes, ela estará sempre marcada pela luta dos grupos em 
questão pelo direito a ter voz nos caminhos políticos do país e do corpo.
Todas as práticas de significação 
que produzem significados envol-
vem relações de poder, incluindo o 
poder para definir quem é incluído 
e quem é excluído (WOODWARD, 
2000, p. 18).
15
UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea
Os pobres, as mulheres, os gays, as lésbicas, os negros, os nordestinos quando 
de origem pobre e vivem no sul ou sudeste, vivem em constante enfrentamento, 
buscando o empoderamento para enfrentar a vida com dignidade.
Como toda identidade é instável, a luta pela ressignificação de cada uma delas 
é permanente. Por exemplo, um indivíduo que tenha nascido na cidade de Uauá, 
localizada no sertão baiano, mas que viva em São Paulo, tem no limite três saídas 
possíveis: a) aceita com resignação sua condição de inferioridade, colocando-se 
sempre na condição de cidadão de segunda classe, com menos direitos do que os 
paulistanos; b) tenta se fazer de paulistano, procurando esconder sua identidade 
natural; ou c) não se aceita como inferior e luta para se fazer respeitado como 
cidadão brasileiro, nascido na Bahia.
Claro que o exemplo acima, rígido, é apenas uma possibilidade teórica; no mun-
do real, as pessoas deslizam entre esses modelos, conforme as diferentes situações, 
as diferentes relações de poder que estão postas numa determinada situação.
Ressignificar uma identidade é subverter o seu significado cultural original. 
Por exemplo, alguém que esteja em São Paulo e fale com sotaque gaúcho, 
certamente, não sofrerá discriminação ou gozação por causa disso, ao passo 
que uma pessoa, na mesma condição, mas que tenha sotaque sergipano, cer-
tamente, verá suas possibilidades diminuídas. É possível que haja pessoas que 
perderam emprego ou a possibilidade de se empregar em São Paulo por terem 
sotaque baiano ou pernambucano? 
Certamente.
Lutar pela valorização de uma identidade subjugada, marginalizada, é fazer 
com que ela possa ser respeitada por todos, que se possa construir uma cultura 
que não aceite mais que uma pessoa que, por ser nordestina e viver em São 
Paulo, sofra gozações por isso, seja inferiorizada pelo seu jeito de falar ou pelas 
comidas que gosta, possa não ser dispensada de uma Empresa ou mesmo ser 
desligada de um processo de contratação, por ser nordestina.
Mas esse processo é demorado e sempre enfrentará aqueles que se opõem 
a uma sociedade democrática, porque eles defenderão a manutenção de seus 
privilégios. A manutenção de privilégios a certos grupos significa sempre a ma-
nutenção também, em igual medida, da discriminação dos outros grupos subju-
gados, inferiorizados.
A identidade negra no Brasil foi historicamente subjugada. Essa condição se deu 
em função da escravização do povo africano. Infelizmente, em nosso país, ainda se 
produz significados que inferiorizam as pessoas que se enquadram nesse grupo.
Evidente que a dominação, por meio dos processos de significação, não ocor-
re sem resistências. Os diversos movimentos negros desempenharam papel im-
portante na disputa política identitária. A criação de revistas específicas, a visi-
bilidade de pessoas negras que desempenham papel social importante, como 
lideranças políticas dos movimentos, artistas das diversas áreas, educadores e as 
políticaspúblicas como consequência das pressões sociais, colaboraram muito 
com o processo de visibilização das potencialidades do povo negro.
16
17
Segundo Tomaz Silva (2000), quando se utiliza a expressão “negrão”para se 
referir a um homem negro, não se está apenas descrevendo a cor da pele desse 
homem, mas atribuindo-lhe significados outros que, em geral, vem impregnado 
de significados negativos. Toda identidade é o resultado da interação entre a im-
posição e a liberdade.
Mas também, pelo processo de ressignificação, pode-se utilizar a expressão “ne-
grão” para destacar as características positivas do sujeito, da identidade. A palavra 
“negrão” é apenas um significante, mas o significado desliza, não é fixo, nem imutável.
Signifi cante: é a parte física do signo linguístico; por exemplo, o som da palavra “negrão” 
ou sua grafi a, ou seja, o rabisco “negrão”. O que é importante de se entender, nesse caso, é 
que do signifi cante “negão” não se chega ao signifi cado, pois esse é modifi cável; diferentes 
grupos, em diferentes situações, atribuirão diferentes signifi cações e interpretações.
Ex
pl
or
Sempre que pensamos na diferença a vemos como um subproduto da identi-
dade. Por isso, a identidade é sempre tomada como a referência; portanto, como 
base para uma relação hierárquica, em que a identidade é mais valorizada do que a 
outra identidade, a diferente, que está associada à anormalidade:
Na disputa pela identidade está envolvida uma disputa mais ampla por 
outros recursos simbólicos e materiais da sociedade. A afirmação da 
identidade e a enunciação da diferença traduzem o desejo dos diferentes 
grupos sociais, assimetricamente situados, de garantir o acesso privile-
giado aos bens sociais. A identidade e a diferença estão, pois, em es-
treita conexão com relações de poder. O poder de definir a identidade e 
de marcar a diferença não pode ser separado das relações mais amplas 
de poder. A identidade e a diferença não são, nunca, inocentes. (SILVA, 
2000, p. 81)
Para Tomaz Tadeu da Silva (2000), é possível afirmar que onde há diferencia-
ção entre pessoas, há relação de poder. Decidir sobre quem pertence ou não ao 
grupo é ter o poder de classificá-las, dizendo quem pertence aos bons, aos puros, 
aos desenvolvidos e, principalmente, aos “normais”, e quem não pertence.
A classificação mais perversa é aquela que se estrutura em torno de duas pos-
sibilidades, que é chamada de oposição binária. Para Jacques Derrida, essas opo-
sições binárias nunca expressam uma divisão simétrica de poder; ao contrário, 
um dos termos é sempre tratado com privilégios, enquanto ao outro é reservada 
a carga negativa dessa relação. 
Os melhores exemplos de classificação binária são: “Nós e Eles”; “Masculino e 
Feminino”; “Branco e Negro”; “Heterossexual e Homossexual”. (SILVA, 2000)
Numa perspectiva transformadora, o papel do professor deve ser o de proble-
matizar esses binarismos para, assim, questionar a identidade, a diferença e as 
relações de poder que giram em torno dessa classificação.
17
UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea
Quando uma identidade dita normal, ou seja, quando é a identidade domi-
nante, por exemplo, a heterossexual, ela se torna invisível para a sociedade, 
como se ela fizesse parte da natureza. Essa identidade dominante, em nosso 
exemplo, o heterossexual, precisa continuamente reafirmar o seu domínio, e 
para isso buscam fixar e estabilizar a inferioridade da diferença, enquanto as 
identidades subjugadas, como o bissexual, o gay, a lésbica, a travesti, a transe-
xual, lutam a fim de ver sua identidade valorizada, querem pôr fim à discrimina-
ção que sofrem e garantir, assim, sua cidadania plena. (SILVA, 2000)
Entretanto, esse movimento significa, ao mesmo tempo, atacar os privilégios dos 
heterossexuais, privilégio que se resume a ser considerada a única identidade “normal”. 
Mas, afinal, no que isso afeta a vida das pessoas? Por que é importante esse 
movimento?
Ser considerado “anormal” ou “inferior” leva as pessoas a serem tratadas sem 
dignidade; em outras palavras: perdem seu emprego; têm mais dificuldade para 
conquistar melhores posições sociais; são malquistas nas festas da família; geral-
mente, são vítimas de gozação na rua em que moram, no bairro, no ônibus, no 
metrô, pelas ruas da cidade, e até mesmo na Escola.
Para Judith Butler, o processo repetitivo de colar certas características nega-
tivas a certos grupos pode ser interrompido, questionado, contestado, e é esse 
movimento que poderá facilitar o aparecimento de identidades que não sejam 
marcadas pelas relações de poder existentes. (SILVA, 2000)
Tribos, Identidade e Escola
O processo de identificação e diferenciação também está presente nas Escolas. 
Nelas, veem-se diferentes tribos, que negociam sua identidade e, consequentemen-
te, sua diferença em relação à massa ou a outros grupos.
Cada grupo tem sua forma de se vestir, de andar, de se movimentar, de prepa-
rar seu cabelo, de falar de um determinado jeito, de usar certas palavras, de pra-
ticar certos esportes, certas brincadeiras, certos jogos e de curtir um determinado 
tipo de música, entre outras tantas.
Em geral, cada tribo ou grupo procura fortalecer sua identidade e enfraque-
cer as outras e, nesse processo, os conflitos são claramente percebidos dentro 
da Escola. É comum verificar que há pouco diálogo e respeito entre os grupos, 
até porque, em geral, não falam a mesma “língua”, não valorizam as mesmas 
coisas, o que, evidentemente, dificulta as ações dialógicas.
A questão das identidades nas sociedades contemporâneas vem sendo discutida 
no âmbito educacional a partir da noção de multiculturalismo. Tomaz Silva (2000) 
chama a atenção para o uso inocente desse termo: ele pode simplesmente naturali-
zar as diferenças, e assim esconder as relações de poder que as fizeram existir. 
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A defesa de uma política educacional multicultural pode indicar ações nem 
sempre claras; pode, inclusive, representar posições políticas opostas. Por exem-
plo: toda política, pública ou não, aponta para certas ações para se alcançar um 
determinado desenvolvimento. 
Uma política ou ação multicultural pode defender uma das seguintes posições: 
1. Que os grupos inferiorizados se enquadrem na cultura dominante; 
2. Que sejam apenas tolerados; ou 
3. Que sejam respeitados como pessoa, livre das relações de poder.
Se traduzirmos as perspectivas políticas do multiculturalismo dito acima, para 
as políticas de corpo, podemos entender as diferentes políticas como:
1. Que todos aqueles que possuem uma expressão corporal diferente daque-
la considerada “decente”, enquadrem-se, cuidem de seu cabelo, de suas 
roupas, de suas posturas, de acordo com a “norma” estabelecida pelos 
grupos dominantes; 
2. Numa perspectiva mais democrática, aceita-se que as pessoas sejam 
como são, mas esperam que elas sejam apenas toleradas, ou seja, ela é 
assim mesmo, não há o que se fazer;
3. Que sejam respeitadas como pessoa; que as diferenças no modo de falar, 
vestir, usar o cabelo, entre outras, não seja elemento de discriminação.
Tomaz Silva (2000) destaca a importância de uma Pedagogia e de um currí-
culo que problematize a identidade e a diferença como processo, que não centre 
sua atenção numa pretensa diversidade “natural”. 
O professor deve criar condições aos estudantes para se desenvolverem criti-
camente, estimulando a desconfiança no conhecimento pronto e acabado, para 
que possam questionar as formas que dominam a representação da identidade 
e da diferença:
Primeiramente, a identidade não é uma essência; não é um dado ou um 
fato – seja de natureza,seja da cultura. A identidade não é fixa, estável, 
coerente, unificada, permanente. A identidade tampouco é homogênea, 
definitiva, acabada, idêntica, transcendental. Por outro lado, podemos di-
zer que a identidade é uma construção, um efeito, um processo de pro-
dução, uma relação, um ato performativo. A identidade é instável, con-
traditória, fragmentada, inconsistente, inacabada.A identidade está ligada 
a estruturas discursivas e narrativas. A identidade está ligada a sistemas 
de representação. A identidade tem estreitas conexões com relações de 
poder. (SILVA, 2000, p. 97)
É comum de se ver em ambientes multiculturais, como o que vivemos no Brasil, 
o diferente ser apresentado como exótico. Declarar um grupo de pessoas como 
exóticas é reforçar as relações de dominação, é preciso problematizar a ideia de 
exótico para se descortinar as razões e os interesses de se manter esse grupo in-
feriorizado. (SILVA, 2000)
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UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea
Silva (2000) defende que os estudantes devam ser estimulados a explorar as 
possibilidades de transgressão, de perturbação e, assim, de subversão das rela-
ções de poder que garantem a existência de identidades hierarquizadas. 
Precisam perceber que as identidades foram social e culturalmente construí-
das, que há, portanto, uma dose de artificialidade:
Uma política pedagógica e curricular da identidade e da diferença tem a 
obrigação de ir além das benevolentes declarações de boa vontade para 
com a diferença. Ela tem que colocar no seu centro uma teoria que per-
mita não simplesmente reconhecer e celebrar a diferença e a identidade, 
mas questioná-las. (SILVA, 2000, p. 100)
As identidades e as diferenças não têm vida própria isolada da Sociedade; ao 
contrário. Elas são produto de uma estrutura social e de uma cultura que buscam 
fixá-las; a primeira como normal e desejável e a segunda como anormal, portanto, 
não desejável. 
Questionar o significado atribuído às pessoas “diferentes”, como “estranho”, 
“anormal”, é de fundamental importância para que a autoestima dessas crianças 
e jovens não sejam afetadas, para que não comprometa seu desenvolvimento 
pleno. (VAZ, 2010)
O Corpo e os Direitos Humanos
As questões ligadas aos Direitos Humanos, tanto no âmbito internacional, 
quanto em nosso país, chega a ser dramática. Os jornais e as TVs expõem dia-
riamente às múltiplas e variadas violações dos Direitos Humanos e o sistemático 
desrespeito à dignidade humana. (CANDAU, 2006)
Os Direitos Humanos são uma grande conquista para a Humanidade. Esse 
conjunto de direitos não é naturalmente reconhecido por todos; basta ver como 
certos programas populares de TV lidam com essa discussão.
Segundo Vera Candau (2006), é preciso que um Projeto Educacional trans-
formador invista na luta contra a visão de senso comum a respeito dos Direitos 
Humanos de que eles existem apenas para defender bandidos: “É necessário 
descontruir essa visão para que se possa assumir a perspectiva de que os Direitos 
Humanos têm a ver com a afirmação da dignidade de todas as pessoas e com a 
defesa do estado de direito” (p. 232).
A conquista desses direitos é fruto de muitas lutas e, consequentemente, de 
sofrimentos. O mundo, do ponto de vista dos Direitos Humanos, nas últimas três 
décadas, tem retrocedido. Um grande contingente de pessoas é considerado des-
cartável e, dessa forma, já fica justificada a eliminação física ou simbólica. 
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A tomada de consciência do que significa ser humano é progressiva, não se 
dá de uma vez por todas. Planejar uma Educação para a humanização é promo-
ver processos em que as crianças e adolescentes possam ser sensibilizados para 
as questões dos Direitos Humanos e para a cultura da dignidade das pessoas. 
(CANDAU, 2006)
As políticas Neoliberais, que foram germinadas juntamente com o processo 
de globalização, foram implantadas na grande maioria dos países sob domínio 
das Políticas Internacionais estadunidense, mediadas pelas Agências Internacio-
nais, como o Banco Mundial e o FMI, entre outras.
Essas políticas reduzem a atuação do Estado em questões sociais, privatizando 
ou impondo duros cortes no orçamento para a Educação, Saúde, Saneamento 
etc., o que faz com que haja um esgarçamento do tecido social, provocando uma 
vida mais desprotegida à população mais pobre, aumentando assim o nível da 
pobreza, da violência, do medo, da desesperança. (CANDAU, 2006)
Para que a Educação em Direitos Humanos atinja o objetivo de formar pessoas 
para um mundo mais justo e solidário, é preciso planejar alguns processos.
Segundo Vera Candau (2006), é importante:
1. Formar sujeitos de direito – A maior parte dos cidadãos brasileiros 
não se sente indivíduo com direito. As pessoas buscam gente que lhes 
possam fazer favores, buscam privilégios, não acham que têm direitos. 
Esse processo de educação deve favorecer a formação de sujeitos de di-
reito, não apenas em nível pessoal, mas coletivo, político e social, e com 
práticas concretas;
2. Favorecer o processo de empoderamento – Dar ênfase aos grupos so-
ciais que historicamente foram silenciados na sociedade, que tiveram menos 
capacidade de decidir nos processos coletivos. Empoderar é liberar a possi-
bilidade, a potência que todos têm de ser sujeito de sua própria vida. O em-
poderamento na dimensão coletiva; atua com grupos sociais minoritários, 
discriminados, marginalizados;
3. Favorecer a organização e participação ativa na sociedade – Um com-
ponente fundamental é o educar para o “nunca mais”; deve-se resgatar a 
memória histórica, lutar contra a cultura do silêncio e da impunidade que 
ainda vigora em nosso país.
No que diz respeito ao corpo, é inalienável o direito a ser como se é: magro, gor-
do, alto, baixo, cabelo solto, cabelo preso, crespo, alisado, curto, comprido, pintado, 
raspado, usando roupas extravagantes, roupas curtas, largas, rasgadas, coloridas, 
convencionais etc.
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UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
Todo esse complexo processo deve se refletir na prática cotidiana na própria 
Escola, em que gestão, coordenação, docentes e educandos devem partilhar do 
processo para que avancem coletivamente, para que os estudantes possam cons-
truir uma ideia concreta de Direitos Universais que devem ser respeitados em 
qualquer situação, sob quaisquer condições.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Meu Artigo
Multiculturalismo e Educação.
https://goo.gl/ncY2Ad
Efdeportes
Refletindo sobre a discriminação e o preconceito com o corpo no espaço escolar.
https://goo.gl/UKY6cd
Observador
O problema não é ser gordo, é a discriminação.
https://goo.gl/c1cuk2
 Vídeos
Vamos conversar sobre GORDOFOBIA?
https://youtu.be/SsSqsyRFBE0
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UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea
Referências
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar, 1999.
CANDAU, Vera M. Educação em Direitos Humanos: políticas curriculares. In: 
LOPES, Alice C.; MACEDO, Elizabeth (org.). Políticas de currículo em múltiplos 
contextos. São Paulo: Cortez, 2006. Cap. 8, p. 219-40.
SILVA, Tomaz T. A produção social da identidade e da diferença. In: ________ 
(org.). Identidade e Diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: 
Vozes, 2000, p. 73-102.
VAZ, Antônio Carlos. Corpo, identidade e movimento nas tribos urbanas. In: 
________. Educação, corpo e movimento. Curitiba: IESDE, 2010. p. 151-65.
WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e concei-
tual. In: SILVA, Tomaz T. (org.). Identidade e Diferença: a perspectiva dos estu-
dos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 7-72.
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