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Corpo, Gênero e Sexualidade Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Antônio Carlos Vaz Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea • Introdução; • Globalização Econômica e Cultural e seus Reflexos sobre o Corpo; • Identidade e Diferença: As Marcas no Corpo; • Tribos, Identidade e Escola; • O Corpo e os Direitos Humanos. · Compreender a posição do corpo frente às questões contemporâneas; · Entender os processos micropolíticos que incidem sobre os corpos das diferentes identidades; · Atuar no sentido de ampliar as possibilidades dos alunos pertencentes aos grupos subjugados. OBJETIVO DE APRENDIZADO Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea Introdução Nesta unidade, abordaremos uma temática bastante atual. Trata-se do processo de globalização e de sua relação com as questões relacionadas à cultura e, conse- quentemente, ao corpo. Há certa aura mística em torno da palavra “Globalização”. É comum ouvirmos algumas pessoas justificarem uma série de fatos por conta de tal fenômeno. Sem sombra de dúvidas, trata-se de um importante processo sociocultural com implicações significativas na vida de todas as pessoas que se encontram mais ou menos afetadas por seus efeitos. Mas será que todas as pessoas estão sujeitas aos efeitos de processo da mesma forma? Esse processo é irreversível e sem alternativa? Ex pl or • Que pressão ele exerce sobre as mulheres? • E como os homens são afetados por esse processo? Ele tem modificado o com- portamento machista de grande parte da população brasileira? • E os moradores das periferias, que mudanças são observadas neles em relação a esse fenômeno? • Os Shopping Centers têm modificado o perfil de seus frequentadores? • E do ponto de vista da sexualidade, há mudanças que podem ser creditadas ao profundo processo de interação entre as diferentes populações do mundo sobre os heterossexuais ou os homossexuais? • E a população rural, a sertaneja, os povos indígenas, a população negra – quais os resultados da interação entre a pressão exercida pelo processo glo- balizador e a resistência empreendida pela cultura específica desses grupos? • Quais influências a cultura Pop tem produzido sobre os jovens? 8 9 Figura 1 Fonte: iStock/Getty Images Mas, afinal, quais são esses efeitos? De que modo somos afetados em nossa vida cotidiana? E nossos corpos, também sofrem influências do processo de Globalização? E como os professores de Educação Física podem se preparar para lidar com essas questões, que afetam todas as crianças e jovens que serão seus futuros alunos? Enfim, são inúmeras as questões que pretendemos discutir ao longo desta Unidade. Globalização Econômica e Cultural e seus Refl exos sobre o Corpo A globalização exerce um encantamento mágico sobre as pessoas. Para uma grande parte, esse processo é irreversível e afeta a todas as pessoas na mesma medida e da mesma maneira. 9 UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea O fenômeno da globalização possui mais coisas do que nossos olhos podem apre- ender; dentre elas, há a chamada “compressão tempo/espaço”, que produz grandes alterações comportamentais entre os jovens. Trata-se das mudanças ocorridas no que diz respeito às questões do tempo, porque a comunicação e as ações humanas podem se dar fora daquela tradicional relação com o tempo. (BAUMAN, 1999) Eu posso dialogar com alguém que escreveu algo em uma Rede Social qualquer, em tempo diferente, após um ano, por exemplo. O tempo deixou de ser obstáculo para a interação entre as pessoas; foi superado pela ajuda das novas Tecnologias. E o mesmo se dá com relação ao espaço. Não existe mais distância entre as pessoas; posso interagir imediatamente com alguém localizado do outro lado do Planeta. Assim, a Tecnologia da Comunicação proporcionou grandes mudanças na vida das pessoas, pois posso estar com todos ao mesmo tempo, e é o que se vê, em rela- ção aos jovens, quando estão reunidos com familiares ou mesmo com amigos. Passamos, assim, a ser afetados pelas questões da compressão do espaço e do tempo e isso acaba por impactar nossa vida cotidiana. Hoje, fala-se com alguém do outro lado do mundo ou mesmo se compartilham músicas, fotos, vídeos, imediatamente, com grupos de pessoas que vivem do outro lado do Planeta. Também se pode comunicar de forma assincrônica, ou seja, alguém posta algo numa Rede Social, e outra pessoa, em qualquer lugar do mundo, a qualquer mo- mento, pode interagir com essa postagem, produzindo, assim, a comunicação as- sincrônica, isto é, ela não se dá simultaneamente, mas na medida em que cada um dos indivíduos pode. Tudo está sempre em movimento, mesmo que não pareça. Nossos modos de ver o mundo, nossos valores, estão sempre em movimento, em função de inú- meras influências. Os efeitos desses processos globalizadores são radicalmente desiguais em re- lação aos diferentes grupos sociais. Enquanto alguns grupos se tornam plena- mente globais, expandem suas possibilidades, sua leitura de mundo, sua cultura a outras sociedade, a outros povos, a outros países, outros grupos permanecem em maior ou menor medida presos à sua localidade, sofrendo a influência do grupo que tem poder para imprimir sua marca num mundo globalizado. Para Bauman (1999), são aqueles que se globalizam os que comandam a vida, inclusive a dos povos que foram engolidos pela globalização. As localidades, aquelas que sofrem os efeitos da globalização, passaram a perder seu potencial gerador, criativo, ou mesmo negociador de sentidos e significados, que as deixou culturalmente mais dependentes e vulneráveis às ações daqueles que controlam os desejos e os sonhos por intermédio dos diversos Meios de Comuni- cação. (BAUMAN, 1999) 10 11 As sociedades mais poderosas, como a estadunidense, a inglesa, a alemã e a francesa, de certo modo, globalizam sua cultura, seus valores e seus interesses, impondo sua cultura aos países em desenvolvimento, especialmente, nas locali- dades de países periféricos, do ponto de vista da política internacional, como São Pauloe outras tantas cidades brasileiras. Claro está que essa imposição cultural não ocorre de maneira direta, passiva; ao contrário, ocorre sempre num clima de resistência, quer dizer, as pessoas que vivem em São Paulo, por exemplo, acabam por produzir uma cultura mista, que não é aquela nova iorquina, e nem a antiga cultura paulista, mas um mix delas, ou seja, uma cultura híbrida. E esse mix, ou hibridismo, também não é homogêneo. Em certas regiões da cidade de São Paulo, como nos jardins, por exemplo, talvez seja mais marcante a influência estadunidense de seu grupo hegemônico, da cultura branca, rica; enquanto que em regiões mais populares haja menor penetração des- sa cultura, sobressaindo a influenciada cultura da resistência norte-americana, dos guetos, da cultura negra, como a do basquetebol e da cultura do hip-hop. Figura 2 Fonte: iStock/Getty Images Nos processos de globalização, há uma progressiva segregação espacial, que separa e exclui. Mas a opressão pela homogeneização não ocorre sem que haja um movimento de resistência. Há grupos neotribais, outros fundamentalistas, que procuram se defender na ponta dos efeitos da globalização, desse caráter homogeneizante, e são tão le- gítimos como aqueles vivem a “hibridização”, a mistura, de cultura local com a globalizada. (BAUMAN, 1999) Nem todo mundo está sujeito aos mesmos níveis de influência exercidos pelos processos globalizadores. As populações que vivem nas zonas urbanas estão indis- cutivelmente mais sujeitadas a esses efeitos do que aquelas que vivem nas zonas rurais, nas quais o contato com os elementos tecnológicos de comunicação e infor- mação são menos imediatos e menos evidentes. 11 UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea O atual modelo de globalização garante a liberdade de movimento dos grandes centros produtores de sentidos e significados; portanto, de cultura, que dão novo verniz às tradicionais distinções que podem ser observadas entre ricos e pobres, sedentários e nômades, normais e anormais, que são aqueles que se encontram à margem das leis e da sociedade. (BAUMAN, 1999) De certo modo, os grupos pertencentes aos grandes centros econômicos do mundo, como Nova Iorque, Paris e Londres, entre outros, produzem novas hierarquias que inferiorizam as populações dos países que ainda não atingiram um status político e econômico que lhes garanta um acento entre os países mais poderosos. O processo de dominação cultural vai impondo aos grupos dominados novas formas de compreender o mundo e de agir sobre ele. Evidentemente, esse pro- cesso não é mecânico e automático; nenhuma dominação se dá sem resistência e sem processo de hibridização, ou seja, há sempre uma mistura entre a cultura que pretende se impor e a cultura existente, que de alguma forma se mantém viva, ao menos em parte, na nova realidade. Assim, os padrões de normalidade vão sendo alterados conforme os novos ele- mentos que são agregados à cultura local e, nesse processo de globalização cultural, as práticas de atribuição de sentidos e significado vão alterando o quadro cultural de uma determinada localidade. Esse efeito pode se dar por meio dos vários elementos da comunicação, como o Cinema, a TV, as Mídias Digitais etc. Atualmente, há uma tendência de se marcar exageradamente como “anormal” pessoas que não se mostrem adequadas às normas idealizadas. Esse processo de marginalização traz como consequência repulsa às imagens que veiculam qualquer tipo de vida alternativa. Isso vale para qualquer grupo que fuja do modelo central de poder: homens, brancos, ricos, heterossexuais. (BAUMAN, 1999) Dessa forma, pode-se imaginar o quanto o corpo, como sede física do indiví- duo, sofre com essas formas que representam as novas tendências para a política do corpo. No Brasil, temos presenciado o ressurgimento de um movimento culturalmen- te conservador, que tem perseguido em todos os âmbitos as manifestações de grupos culturais que fogem ao padrão de “normalidade” conservadora, como os da comunidade LGBTT e mesmo o das mulheres. O processo de globalização que temos experimentado desde o final do sé- culo XX é resultado de fatores econômicos e culturais, que vem causando mu- danças nos padrões de produção e de consumo, que acaba por produzir novas identidades, agora globalizadas. E toda identidade tem uma estreita relação com as representações que se faz do corpo. 12 13 Você já reparou o quanto o corpo de alguém pode ser “lido”? Faça essa experiência: observe uma pessoa e tente extrair o máximo que puder de informações sobre ela apenas olhando-a corporalmente. Você vai descobrir uma série de coisas, isso é um grande indicativo de que o corpo é, na verdade, o local em que instalamos uma série de marcas que nos identifi cam. Ex pl or Faça esse exercício; tente ler alguém, e procure se certificar sobre suas observa- ções, suas leituras. As identidades formam grupos de consumidores globais que se acham em qualquer lugar do mundo, mal se distinguindo entre si. O modelo contempo- râneo de globalização se caracteriza pela convergência de culturas e estilos de vida, especialmente, nas populações que estão mais expostas ao seu impacto. (WOODWARD, 2000) Ao produzir identidades em ritmo industrial, o movimento globalizador busca ho- mogeneizar culturalmente a população dos diferentes países por meio do Mercado global. A identidade cultural nacional e local tende a ter um peso menor do que as globalizadas. (WOODWARD, 2000) Quer dizer, em países centrais do processo globalizador, as identidades locais as- sumem um caráter globalizador, enquanto em países como o Brasil, que possui uma inserção subordinada nesse processo, as identidades nacionais sofrem duramente o impacto das identidades globalizadas. O movimento globalizador impõe, por intermédio especialmente dos Meios de Comunicação, novas identidades, quase sempre ligadas a um novo padrão de consumo. Ao mesmo tempo, esse mesmo movimento dá vida a um movimento inverso, que oferece resistência ao processo homogeneizador, ao reafirmar os elementos das identidades locais e nacionais. O movimento de resistência pode, ainda, levar ao surgimento de identidades híbridas, ou seja, guarda elementos da identidade lo- cal, mas também carrega elementos de identidades globais, criando peculiaridades que as tornam distintas das originais. (WOODWARD, 2000) O processo de diferenciação não pode ser reduzido a uma forma de marcar o outro como inferior. Os jovens buscam diferenciar-se da massa como algo positivo, como algo afirmativo, que identifique e valorize o seu grupo. (VAZ, 2010) O meio imediato de expressar uma posição de resistência, de contestação a qualquer ordem social, é utilizando o corpo. É muito comum que os jovens façam uso do corpo para marcar sua identidade, seja com tatuagens, no corte de cabelo, no uso de uma indumentária pouco convencional, ou mesmo na transformação do próprio corpo. (VAZ, 2010) Ao mesmo tempo, o controle social também se interessa pelo corpo, busca con- trolá-lo de forma a enquadrar as pessoas. A pessoa bem comportada é aquela que demonstra corporalmente ser bem comportada, isto é, está dentro de certo padrão, está mais ajustada àquela sociedade. Essas pessoas são sempre bem vistas por aque- les que defendem a ordem estabelecida. 13 UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea Identidade e Diferença: As Marcas no Corpo Uma das marcas importantes neste século XXI é o processo de identificação e de diferenciação, ou seja, o processo pelo qual as pessoas se identificam ou se distinguem de certos grupos. Esses modos de pensar e agir formam grupos que se definem como pertencen- tes a um grupo identitário ou, ao contrário, são marcados como diferentes, como não pertencentes ao grupo em questão. Nenhum movimento cultural e social é homogêneo,isto é, os indivíduos que compõem um movimento não pensam da mesma forma sobre tudo, e nem mes- mo sobre aquilo que os define como tal. Por exemplo, o movimentode mulheres, o feminismo, não é homogêneo. Há diferentes grupos de mulheres que se diferenciam entre si, que defen- dem coisas diferentes. Há o movimento de mulheres negras, que representa aquelas mulheres não se sentem representadas pelo movimento feminista de então, aquele que alcançou maior visibilidade. Isso quer dizer que, mesmo dentro de uma identidade, há compreensões e ma- nifestações conflitantes, que lutam por ver sua perspectiva como dominante dentro da própria identidade. O machismo, que é a legitimação da dominação dos homens sobre as mulhe- res, tem sido afetado, tanto pelo feminismo, como pela ação de certos grupos masculinos, que entendem que ser homem não é necessariamente aquilo que a tradição machista da cultura brasileira defende. Dito de outra forma, o retrato das relações de gênero de uma dada cultura é o resultado da luta dentro das relações entre os homens, entre as mulheres e entre homens e mulheres. Há homens que não se contentam com a visão machista e defendem outras práticas nas relações de gênero, o que, de certo modo, desestabiliza aquela visão tradicional, pondo-a em movimento. Por isso, nenhuma identidade é fixa e imutá- vel; ela é sempre abalada por grupos internos à própria identidade e por grupos externos, vez que toda identidade é sempre resultado de uma relação. Entretanto, dizer que dentro de um movimento que parece homogêneo há outras manifestações que se digladiam, não é suficiente para que se entenda a correlação de forças presente nesse movimento. Sempre há uma porção que, ao menos temporariamente, coloca-se como dominante ou, em outras palavras, como hegemônica. Hegemonia cultural: é um conceito que indica preponderância de uma cultura em relação a outras. Não significa que essa cultura é superior a todas as outras, mas que é seguida pela maioria e tem um impacto sobre outras culturas, causando, muitas vezes, modificações nelas. É o exemplo da cultura americana, que influenciou de forma muito forte a cultura ocidental. Ex pl or Fonte: https://goo.gl/zv1vtV 14 15 Todo grupo hegemônico de uma sociedade busca homogeneizar o comporta- mento de sua identidade e fixar a inferioridade das identidades diferentes. Faz isso a partir do significado atribuído por seu próprio grupo, quer dizer, traz como resultado a hierarquização das identidades. Com isso, ser homem, branco, rico, he- terossexual, ter o sotaque paulistano e ser universitário, entre outras marcas identi- tárias, faz o indivíduo ocupar graus mais elevados na hierarquia social, e gozar de certos privilégios. Dizer isso significa afirmar que o grupo de pessoas que se encaixa nesse con- junto de identidades goza de certas vantagens, de certos privilégios, em nossa sociedade, enquanto que as pessoas que não se encaixam ou que se encaixam apenas parcialmente nessas identidades, que se constituem eixos de poder, têm de enfrentar cotidianamente a luta pela afirmação de sua identidade. Dito de outra forma, esse processo de identificação e diferenciação hierar- quiza as pessoas e os diferentes grupos sociais, fazendo com que aqueles que seguem os comportamentos padronizados e estabelecidos como normais, corre- tos, desejáveis, sejam considerados superiores, enquanto os diferentes tendem a ser considerados inferiores, anormais, indesejáveis. Em geral, a juventude tende a apresentar comportamento questionador da ordem estabelecida. Uma das principais formas utilizadas para exercer essa capacidade questionadora é por meio do corpo e dos gestos. O corpo é a forma mais imediata para a expressão do pensamento, do estilo de vida, de compreensão da realidade. O corpo é o lugar em que a juventude ex- pressa sua resistência. É no corte de cabelo, no uso de adornos, nas roupas, nas linguagens, nos gestos e de outras formas, que vão desde uma simples tatuagem até as modificações do corpo. (VAZ, 2010) Ao se produzir uma identidade, produz-se, também, as diferenças, quer dizer, as identidades diferentes. A relação entre elas é sempre dinâmica. O fato de ter sido criada num ambiente em que a inferiorizava, considerada pela cultura dominante como inferior, não significa que será sempre assim. Há sempre uma luta empreendida pelos setores inferiorizados no sentido de recuperarem ou conquistarem a dignidade relacionada ao seu grupo social ou cultural. Cada sociedade produz suas identidades dominantes, que passam a ser aque- las desejáveis, consideradas “normais”. Quando essa sociedade é marcada por relações assimétricas de poder, como quando ricos e pobres, brancos e não brancos, homens e mulheres, heterossexuais e homossexuais, entre outras, não gozam dos mesmo poderes, ela estará sempre marcada pela luta dos grupos em questão pelo direito a ter voz nos caminhos políticos do país e do corpo. Todas as práticas de significação que produzem significados envol- vem relações de poder, incluindo o poder para definir quem é incluído e quem é excluído (WOODWARD, 2000, p. 18). 15 UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea Os pobres, as mulheres, os gays, as lésbicas, os negros, os nordestinos quando de origem pobre e vivem no sul ou sudeste, vivem em constante enfrentamento, buscando o empoderamento para enfrentar a vida com dignidade. Como toda identidade é instável, a luta pela ressignificação de cada uma delas é permanente. Por exemplo, um indivíduo que tenha nascido na cidade de Uauá, localizada no sertão baiano, mas que viva em São Paulo, tem no limite três saídas possíveis: a) aceita com resignação sua condição de inferioridade, colocando-se sempre na condição de cidadão de segunda classe, com menos direitos do que os paulistanos; b) tenta se fazer de paulistano, procurando esconder sua identidade natural; ou c) não se aceita como inferior e luta para se fazer respeitado como cidadão brasileiro, nascido na Bahia. Claro que o exemplo acima, rígido, é apenas uma possibilidade teórica; no mun- do real, as pessoas deslizam entre esses modelos, conforme as diferentes situações, as diferentes relações de poder que estão postas numa determinada situação. Ressignificar uma identidade é subverter o seu significado cultural original. Por exemplo, alguém que esteja em São Paulo e fale com sotaque gaúcho, certamente, não sofrerá discriminação ou gozação por causa disso, ao passo que uma pessoa, na mesma condição, mas que tenha sotaque sergipano, cer- tamente, verá suas possibilidades diminuídas. É possível que haja pessoas que perderam emprego ou a possibilidade de se empregar em São Paulo por terem sotaque baiano ou pernambucano? Certamente. Lutar pela valorização de uma identidade subjugada, marginalizada, é fazer com que ela possa ser respeitada por todos, que se possa construir uma cultura que não aceite mais que uma pessoa que, por ser nordestina e viver em São Paulo, sofra gozações por isso, seja inferiorizada pelo seu jeito de falar ou pelas comidas que gosta, possa não ser dispensada de uma Empresa ou mesmo ser desligada de um processo de contratação, por ser nordestina. Mas esse processo é demorado e sempre enfrentará aqueles que se opõem a uma sociedade democrática, porque eles defenderão a manutenção de seus privilégios. A manutenção de privilégios a certos grupos significa sempre a ma- nutenção também, em igual medida, da discriminação dos outros grupos subju- gados, inferiorizados. A identidade negra no Brasil foi historicamente subjugada. Essa condição se deu em função da escravização do povo africano. Infelizmente, em nosso país, ainda se produz significados que inferiorizam as pessoas que se enquadram nesse grupo. Evidente que a dominação, por meio dos processos de significação, não ocor- re sem resistências. Os diversos movimentos negros desempenharam papel im- portante na disputa política identitária. A criação de revistas específicas, a visi- bilidade de pessoas negras que desempenham papel social importante, como lideranças políticas dos movimentos, artistas das diversas áreas, educadores e as políticaspúblicas como consequência das pressões sociais, colaboraram muito com o processo de visibilização das potencialidades do povo negro. 16 17 Segundo Tomaz Silva (2000), quando se utiliza a expressão “negrão”para se referir a um homem negro, não se está apenas descrevendo a cor da pele desse homem, mas atribuindo-lhe significados outros que, em geral, vem impregnado de significados negativos. Toda identidade é o resultado da interação entre a im- posição e a liberdade. Mas também, pelo processo de ressignificação, pode-se utilizar a expressão “ne- grão” para destacar as características positivas do sujeito, da identidade. A palavra “negrão” é apenas um significante, mas o significado desliza, não é fixo, nem imutável. Signifi cante: é a parte física do signo linguístico; por exemplo, o som da palavra “negrão” ou sua grafi a, ou seja, o rabisco “negrão”. O que é importante de se entender, nesse caso, é que do signifi cante “negão” não se chega ao signifi cado, pois esse é modifi cável; diferentes grupos, em diferentes situações, atribuirão diferentes signifi cações e interpretações. Ex pl or Sempre que pensamos na diferença a vemos como um subproduto da identi- dade. Por isso, a identidade é sempre tomada como a referência; portanto, como base para uma relação hierárquica, em que a identidade é mais valorizada do que a outra identidade, a diferente, que está associada à anormalidade: Na disputa pela identidade está envolvida uma disputa mais ampla por outros recursos simbólicos e materiais da sociedade. A afirmação da identidade e a enunciação da diferença traduzem o desejo dos diferentes grupos sociais, assimetricamente situados, de garantir o acesso privile- giado aos bens sociais. A identidade e a diferença estão, pois, em es- treita conexão com relações de poder. O poder de definir a identidade e de marcar a diferença não pode ser separado das relações mais amplas de poder. A identidade e a diferença não são, nunca, inocentes. (SILVA, 2000, p. 81) Para Tomaz Tadeu da Silva (2000), é possível afirmar que onde há diferencia- ção entre pessoas, há relação de poder. Decidir sobre quem pertence ou não ao grupo é ter o poder de classificá-las, dizendo quem pertence aos bons, aos puros, aos desenvolvidos e, principalmente, aos “normais”, e quem não pertence. A classificação mais perversa é aquela que se estrutura em torno de duas pos- sibilidades, que é chamada de oposição binária. Para Jacques Derrida, essas opo- sições binárias nunca expressam uma divisão simétrica de poder; ao contrário, um dos termos é sempre tratado com privilégios, enquanto ao outro é reservada a carga negativa dessa relação. Os melhores exemplos de classificação binária são: “Nós e Eles”; “Masculino e Feminino”; “Branco e Negro”; “Heterossexual e Homossexual”. (SILVA, 2000) Numa perspectiva transformadora, o papel do professor deve ser o de proble- matizar esses binarismos para, assim, questionar a identidade, a diferença e as relações de poder que giram em torno dessa classificação. 17 UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea Quando uma identidade dita normal, ou seja, quando é a identidade domi- nante, por exemplo, a heterossexual, ela se torna invisível para a sociedade, como se ela fizesse parte da natureza. Essa identidade dominante, em nosso exemplo, o heterossexual, precisa continuamente reafirmar o seu domínio, e para isso buscam fixar e estabilizar a inferioridade da diferença, enquanto as identidades subjugadas, como o bissexual, o gay, a lésbica, a travesti, a transe- xual, lutam a fim de ver sua identidade valorizada, querem pôr fim à discrimina- ção que sofrem e garantir, assim, sua cidadania plena. (SILVA, 2000) Entretanto, esse movimento significa, ao mesmo tempo, atacar os privilégios dos heterossexuais, privilégio que se resume a ser considerada a única identidade “normal”. Mas, afinal, no que isso afeta a vida das pessoas? Por que é importante esse movimento? Ser considerado “anormal” ou “inferior” leva as pessoas a serem tratadas sem dignidade; em outras palavras: perdem seu emprego; têm mais dificuldade para conquistar melhores posições sociais; são malquistas nas festas da família; geral- mente, são vítimas de gozação na rua em que moram, no bairro, no ônibus, no metrô, pelas ruas da cidade, e até mesmo na Escola. Para Judith Butler, o processo repetitivo de colar certas características nega- tivas a certos grupos pode ser interrompido, questionado, contestado, e é esse movimento que poderá facilitar o aparecimento de identidades que não sejam marcadas pelas relações de poder existentes. (SILVA, 2000) Tribos, Identidade e Escola O processo de identificação e diferenciação também está presente nas Escolas. Nelas, veem-se diferentes tribos, que negociam sua identidade e, consequentemen- te, sua diferença em relação à massa ou a outros grupos. Cada grupo tem sua forma de se vestir, de andar, de se movimentar, de prepa- rar seu cabelo, de falar de um determinado jeito, de usar certas palavras, de pra- ticar certos esportes, certas brincadeiras, certos jogos e de curtir um determinado tipo de música, entre outras tantas. Em geral, cada tribo ou grupo procura fortalecer sua identidade e enfraque- cer as outras e, nesse processo, os conflitos são claramente percebidos dentro da Escola. É comum verificar que há pouco diálogo e respeito entre os grupos, até porque, em geral, não falam a mesma “língua”, não valorizam as mesmas coisas, o que, evidentemente, dificulta as ações dialógicas. A questão das identidades nas sociedades contemporâneas vem sendo discutida no âmbito educacional a partir da noção de multiculturalismo. Tomaz Silva (2000) chama a atenção para o uso inocente desse termo: ele pode simplesmente naturali- zar as diferenças, e assim esconder as relações de poder que as fizeram existir. 18 19 A defesa de uma política educacional multicultural pode indicar ações nem sempre claras; pode, inclusive, representar posições políticas opostas. Por exem- plo: toda política, pública ou não, aponta para certas ações para se alcançar um determinado desenvolvimento. Uma política ou ação multicultural pode defender uma das seguintes posições: 1. Que os grupos inferiorizados se enquadrem na cultura dominante; 2. Que sejam apenas tolerados; ou 3. Que sejam respeitados como pessoa, livre das relações de poder. Se traduzirmos as perspectivas políticas do multiculturalismo dito acima, para as políticas de corpo, podemos entender as diferentes políticas como: 1. Que todos aqueles que possuem uma expressão corporal diferente daque- la considerada “decente”, enquadrem-se, cuidem de seu cabelo, de suas roupas, de suas posturas, de acordo com a “norma” estabelecida pelos grupos dominantes; 2. Numa perspectiva mais democrática, aceita-se que as pessoas sejam como são, mas esperam que elas sejam apenas toleradas, ou seja, ela é assim mesmo, não há o que se fazer; 3. Que sejam respeitadas como pessoa; que as diferenças no modo de falar, vestir, usar o cabelo, entre outras, não seja elemento de discriminação. Tomaz Silva (2000) destaca a importância de uma Pedagogia e de um currí- culo que problematize a identidade e a diferença como processo, que não centre sua atenção numa pretensa diversidade “natural”. O professor deve criar condições aos estudantes para se desenvolverem criti- camente, estimulando a desconfiança no conhecimento pronto e acabado, para que possam questionar as formas que dominam a representação da identidade e da diferença: Primeiramente, a identidade não é uma essência; não é um dado ou um fato – seja de natureza,seja da cultura. A identidade não é fixa, estável, coerente, unificada, permanente. A identidade tampouco é homogênea, definitiva, acabada, idêntica, transcendental. Por outro lado, podemos di- zer que a identidade é uma construção, um efeito, um processo de pro- dução, uma relação, um ato performativo. A identidade é instável, con- traditória, fragmentada, inconsistente, inacabada.A identidade está ligada a estruturas discursivas e narrativas. A identidade está ligada a sistemas de representação. A identidade tem estreitas conexões com relações de poder. (SILVA, 2000, p. 97) É comum de se ver em ambientes multiculturais, como o que vivemos no Brasil, o diferente ser apresentado como exótico. Declarar um grupo de pessoas como exóticas é reforçar as relações de dominação, é preciso problematizar a ideia de exótico para se descortinar as razões e os interesses de se manter esse grupo in- feriorizado. (SILVA, 2000) 19 UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea Silva (2000) defende que os estudantes devam ser estimulados a explorar as possibilidades de transgressão, de perturbação e, assim, de subversão das rela- ções de poder que garantem a existência de identidades hierarquizadas. Precisam perceber que as identidades foram social e culturalmente construí- das, que há, portanto, uma dose de artificialidade: Uma política pedagógica e curricular da identidade e da diferença tem a obrigação de ir além das benevolentes declarações de boa vontade para com a diferença. Ela tem que colocar no seu centro uma teoria que per- mita não simplesmente reconhecer e celebrar a diferença e a identidade, mas questioná-las. (SILVA, 2000, p. 100) As identidades e as diferenças não têm vida própria isolada da Sociedade; ao contrário. Elas são produto de uma estrutura social e de uma cultura que buscam fixá-las; a primeira como normal e desejável e a segunda como anormal, portanto, não desejável. Questionar o significado atribuído às pessoas “diferentes”, como “estranho”, “anormal”, é de fundamental importância para que a autoestima dessas crianças e jovens não sejam afetadas, para que não comprometa seu desenvolvimento pleno. (VAZ, 2010) O Corpo e os Direitos Humanos As questões ligadas aos Direitos Humanos, tanto no âmbito internacional, quanto em nosso país, chega a ser dramática. Os jornais e as TVs expõem dia- riamente às múltiplas e variadas violações dos Direitos Humanos e o sistemático desrespeito à dignidade humana. (CANDAU, 2006) Os Direitos Humanos são uma grande conquista para a Humanidade. Esse conjunto de direitos não é naturalmente reconhecido por todos; basta ver como certos programas populares de TV lidam com essa discussão. Segundo Vera Candau (2006), é preciso que um Projeto Educacional trans- formador invista na luta contra a visão de senso comum a respeito dos Direitos Humanos de que eles existem apenas para defender bandidos: “É necessário descontruir essa visão para que se possa assumir a perspectiva de que os Direitos Humanos têm a ver com a afirmação da dignidade de todas as pessoas e com a defesa do estado de direito” (p. 232). A conquista desses direitos é fruto de muitas lutas e, consequentemente, de sofrimentos. O mundo, do ponto de vista dos Direitos Humanos, nas últimas três décadas, tem retrocedido. Um grande contingente de pessoas é considerado des- cartável e, dessa forma, já fica justificada a eliminação física ou simbólica. 20 21 A tomada de consciência do que significa ser humano é progressiva, não se dá de uma vez por todas. Planejar uma Educação para a humanização é promo- ver processos em que as crianças e adolescentes possam ser sensibilizados para as questões dos Direitos Humanos e para a cultura da dignidade das pessoas. (CANDAU, 2006) As políticas Neoliberais, que foram germinadas juntamente com o processo de globalização, foram implantadas na grande maioria dos países sob domínio das Políticas Internacionais estadunidense, mediadas pelas Agências Internacio- nais, como o Banco Mundial e o FMI, entre outras. Essas políticas reduzem a atuação do Estado em questões sociais, privatizando ou impondo duros cortes no orçamento para a Educação, Saúde, Saneamento etc., o que faz com que haja um esgarçamento do tecido social, provocando uma vida mais desprotegida à população mais pobre, aumentando assim o nível da pobreza, da violência, do medo, da desesperança. (CANDAU, 2006) Para que a Educação em Direitos Humanos atinja o objetivo de formar pessoas para um mundo mais justo e solidário, é preciso planejar alguns processos. Segundo Vera Candau (2006), é importante: 1. Formar sujeitos de direito – A maior parte dos cidadãos brasileiros não se sente indivíduo com direito. As pessoas buscam gente que lhes possam fazer favores, buscam privilégios, não acham que têm direitos. Esse processo de educação deve favorecer a formação de sujeitos de di- reito, não apenas em nível pessoal, mas coletivo, político e social, e com práticas concretas; 2. Favorecer o processo de empoderamento – Dar ênfase aos grupos so- ciais que historicamente foram silenciados na sociedade, que tiveram menos capacidade de decidir nos processos coletivos. Empoderar é liberar a possi- bilidade, a potência que todos têm de ser sujeito de sua própria vida. O em- poderamento na dimensão coletiva; atua com grupos sociais minoritários, discriminados, marginalizados; 3. Favorecer a organização e participação ativa na sociedade – Um com- ponente fundamental é o educar para o “nunca mais”; deve-se resgatar a memória histórica, lutar contra a cultura do silêncio e da impunidade que ainda vigora em nosso país. No que diz respeito ao corpo, é inalienável o direito a ser como se é: magro, gor- do, alto, baixo, cabelo solto, cabelo preso, crespo, alisado, curto, comprido, pintado, raspado, usando roupas extravagantes, roupas curtas, largas, rasgadas, coloridas, convencionais etc. 21 UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea Figura 3 Fonte: iStock/Getty Images Todo esse complexo processo deve se refletir na prática cotidiana na própria Escola, em que gestão, coordenação, docentes e educandos devem partilhar do processo para que avancem coletivamente, para que os estudantes possam cons- truir uma ideia concreta de Direitos Universais que devem ser respeitados em qualquer situação, sob quaisquer condições. 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Meu Artigo Multiculturalismo e Educação. https://goo.gl/ncY2Ad Efdeportes Refletindo sobre a discriminação e o preconceito com o corpo no espaço escolar. https://goo.gl/UKY6cd Observador O problema não é ser gordo, é a discriminação. https://goo.gl/c1cuk2 Vídeos Vamos conversar sobre GORDOFOBIA? https://youtu.be/SsSqsyRFBE0 23 UNIDADE Corpo e Identidade na Sociedade Contemporânea Referências BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. CANDAU, Vera M. Educação em Direitos Humanos: políticas curriculares. In: LOPES, Alice C.; MACEDO, Elizabeth (org.). Políticas de currículo em múltiplos contextos. São Paulo: Cortez, 2006. Cap. 8, p. 219-40. SILVA, Tomaz T. A produção social da identidade e da diferença. In: ________ (org.). Identidade e Diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 73-102. VAZ, Antônio Carlos. Corpo, identidade e movimento nas tribos urbanas. In: ________. Educação, corpo e movimento. Curitiba: IESDE, 2010. p. 151-65. WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e concei- tual. In: SILVA, Tomaz T. (org.). Identidade e Diferença: a perspectiva dos estu- dos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 7-72. 24
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