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Lazer, Trabalho e Sociedade

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Lazer, Trabalho 
e Sociedade
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Pedro Fernando Avalone Athayde
Revisão Textual:
Prof. Esp. Luciano Vieira Francisco
Lazer na Sociedade de Consumo
• Do Ócio ao Lazer: as Diversas Interpretações do Fenômeno;
• Mercantilização do Lazer;
• Características da Indústria do Lazer e Entretenimento.
 · Compreender as principais características de uma sociedade de consumo;
 · Diferenciar o lazer de suas formações pretéritas, bem como de suas 
funções sociais;
 · Entender o processo de transformação do lazer em mercadoria e sua 
incorporação pela chamada “indústria do entretenimento”.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Lazer na Sociedade de Consumo
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Lazer na Sociedade de Consumo
Introdução
Espera-se que o conteúdo abordado até este momento lhe tenha ajudado a 
melhor entender as relações estabelecidas entre lazer, Estado e sociedade. Vale 
lembrar que tratamos de relações que são complexas, pois somam o enredamento 
de cada um desses elementos ao movimento permanente – dialético e contraditório 
– de interações e transformação entre os quais.
Essa dificuldade e complexidade devem ter sido percebidas por você na nossa 
Unidade anterior. No entanto, para reavivar a sua memória, relembremos que 
na Unidade III fizemos uma parada para compreender as diferentes formações 
sociais vivenciadas em nossa história. Ao mesmo tempo, verificamos que essa 
transição não se deu de forma tranquila e consensual, mas sim a partir de processos 
revolucionários, que, por vezes, envolveram conflitos e disputas sobre os projetos 
societários hegemônicos. 
Observamos, também, as diferentes características de cada formação social, 
com um olhar mais específico sobre o modo de produção e a organização da 
economia e do trabalho. Entendemos que a passagem do comunismo primitivo 
pelo escravismo, pelo feudalismo até a chegada ao capitalismo não foi um processo 
linear e tampouco de etapas graduais. Esse passeio pela história nos oportunizou 
compreender o surgimento da propriedade privada e o papel da intensificação do 
trabalho humano para o aumento da produção e do capital.
Destacamos a capacidade de o sistema capitalista se reinventar para responder 
aos problemas engendrados pelo seu próprio desenvolvimento e desencadeadores 
de períodos de crises econômicas e/ou estruturais. Complementarmente, apresen-
tamos as formas recentes de como o capitalismo vem se reestruturando e como 
essas alterações afetaram os mais diferentes âmbitos da vida humana, em seus 
contextos social, cultural, econômico e político. 
A partir dessa compreensão, verificamos como essas transformações afetaram 
diretamente o mundo do trabalho, a partir do aumento do desemprego estrutural, 
da flexibilização das leis trabalhistas, da redução dos direitos conquistados pelo 
movimento operário, dos contratos temporários, entre outros fatores.
Ademais, ressaltamos como as alterações na sociedade e no mundo do trabalho 
impactaram também no tempo livre. Nesse aspecto, destacamos que o desenvolvi-
mento tecnológico substituiu o trabalho humano e criou as possibilidades concretas 
para a ampliação do “tempo livre”; mas esse possível ganho quantitativo não foi, 
necessariamente, acompanhado por ganhos qualitativos na experiência vivida des-
se tempo ampliado. 
Nesse sentido, observamos que o uso desse – maior – tempo disponível não 
é preenchido por atividades que promovam a humanização – desenvolvimento 
humano – ou a apropriação crítica de cultura historicamente aprimorada pelos 
homens. Em contraponto, destaca-se a utilização desse tempo para qualificação e 
8
9
ativação do mercado de trabalho ou para atividades que complementem e aumen-
tem a renda familiar. 
Finalizamos a Unidade de conteúdo anterior acentuando um cenário paradoxal, 
simbolizado pela seguinte reflexão: Com toda essa escassez de uma apropriação 
qualitativa do tempo livre e das atividades de lazer, por que, ainda sim, a indústria 
do lazer e entretenimento vem crescendo e aumentando o seu investimento?
A procura por elementos que possibilitem responder a esse questionamento 
concentrará as discussões e conteúdo desta quarta Unidade, abordando o pro-
cesso de mercantilização do lazer e como este “se comporta” na denominada 
sociedade de consumo.
Pronto(a) para melhor conhecermos as características do lazer na sua interface com 
o mercado? Então vamos lá!
Do Ócio ao Lazer: as Diversas
Interpretações do Fenômeno
Nas unidades anteriores, verificamos que o lazer surge como consequência das 
disputas pela redução da jornada de trabalho, conquistada pelo movimento operário, 
e da tentativa, por parte dos empregadores, de controle do uso do tempo livre.
O lazer surgiu como forma de controle do tempo livre, para que o capital pudesse controlar 
o que os trabalhadores faziam quando não estavam em suas atividades laborais. A preocu-
pação dos empregadores era de que esse tempo fosse preenchido com atividades educacio-
nais ou políticas, que permitissem a tomada de consciência e organização em classe. Perce-
beram, então, a necessidade de criar estratégias que preenchessem esse tempo, orientadas 
por princípios de dispersão, distração e desmobilização dos trabalhadores.
Ex
pl
or
Mas, será que o lazer se reduz a mero objeto de controle da vida das pessoas? 
Obviamente que não! Se assim fosse, por que desejaríamos tanto ter as nossas 
experiências de lazer ampliadas? Por que aguardaríamos ansiosamente pelos 
momentos de lazer, tais como um feriado prolongado, as férias, o jogo com os 
amigos, ou uma festa comemorativa? Tais questões já demonstram que o lazer 
possui funções que vão além do controle social. Portanto, qual tipo de lazer 
devemos desejar?
Na Disciplina Lazer e Entretenimento realizamos um passeio pela história 
da humanidade, resgatando as formas pretéritas do lazer na tentativa de melhor 
conhecer as suas diferentes funções. Esse percurso também nos fornece um 
conjunto de informações para responder às questões do parágrafo anterior. Nesse 
sentido, faremos a retomada desse assunto sem o aprofundamento já realizado. 
9
UNIDADE Lazer na Sociedade de Consumo
Há, na contemporaneidade, quem defenda o retornoao ócio, conforme 
praticado na Grécia Antiga, como forma de contemplação e cultivo de valores ao 
desenvolvimento humano, pois o “antigo” ócio grego – scholé – era o tempo em 
que o cidadão dispunha para se dedicar à filosofia, arte, poesia e política.
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
Apenas pelas informações apresentadas no parágrafo anterior fica fácil 
entender os motivos para defender que essas atividades sejam retomadas, 
não é mesmo? Afinal, como ser contrário(a) à retomada de um tempo – e de 
atividades – dedicado ao desenvolvimento dos indivíduos? Mas vejamos essa 
sugestão com um pouco mais de calma e levando em consideração os diferentes 
contextos históricos e sociais. Nesse sentido, inicialmente podemos observar 
que para Mascarenhas (2006), o ócio nos dias atuais não seria possível devido 
às características históricas que determinavam aquela sociedade e que são muito 
distintas da nossa atual conjuntura.
Você se recorda dos tipos de formação social existentes? Na Grécia Antiga, a formação 
social se dava pelo escravismo. Por isso Mascarenhas (2006) afirma a impossibilidade de 
reproduzirmos o ócio daquela maneira, pois já superamos essa forma de organização social, 
onde o ser humano era escravizado e submetido à vontade de outros seres humanos – de 
maneira convencionalmente aceita como natural.
Ex
pl
or
Mascarenhas (2006) afirma ainda que essa alusão ao ócio corresponde 
à forma dissimulada do lazer, como uma atividade desprendida de utilidade 
prática – entenderemos a seguir o porquê esse entendimento é “dissimulado”, 
pois compreenderemos a utilidade do lazer em nossa sociedade. Há aqui 
uma aproximação com a vertente romântica do uso funcionalista do lazer 
(MARCELLINO, 1987), situando o lazer dentro de uma perspectiva nostálgica 
ao apontar para a necessidade de manutenção de certas tradições ou do cultivo 
de hábitos e valores antepassados.
10
11
Esse teórico também destaca a forma caricaturada do lazer caracterizada por 
uma perspectiva pejorativa do próprio lazer, sendo tratado como ociosidade – 
como sinônimo de vadiagem –, ou seja, um momento para não fazer nada e, 
portanto, “perda de tempo”. A resposta a essa visão pode ser a vertente utilitarista 
do lazer funcionalista, que percebe as atividades de lazer como instrumentos de 
recuperação e manutenção da força de trabalho.
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
Você consegue perceber que, tanto na visão dissimulada, quanto pejorativa, 
a compreensão do ócio é distorcida de seu conteúdo concreto? Em outras 
palavras, a sua imagem idealizada ou ideal permanece apenas como uma ilusão 
de um tempo e de um modelo de sociedade que já foram superados. É o reforço a 
valores românticos de uma possível e desejada volta a uma civilização mais natural 
ou humana.
Entretanto, não podemos dizer que o ócio foi banido por completo da sociedade 
atual. Afinal, de acordo com Mascarenhas (2006, p. 19), o ócio persiste, mas
[...] certamente não é com a força de outrora. Ao contrário, constitui hoje 
muito mais um ideal do que propriamente uma realidade. Entretanto, por mais 
afastados que possamos estar na história de sua concreta e dominante experi-
ência, o ócio continua a exercer a função de preservar valores já alcançados, 
cultivando acesa a possibilidade de um tempo e espaço em que o homem 
possa reconciliar-se consigo e com a natureza, entregando-se integralmente 
ao desenvolvimento multilateral de suas capacidades físicas e intelectuais.
11
UNIDADE Lazer na Sociedade de Consumo
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
Mas, se o ócio é uma abstração e impossível de se concretizar em nossa 
materialidade, por que essa ideia nos é tão aprazível? Para nos ajudar a refletir 
sobre esta questão, lançamos mão de uma longa e esclarecedora citação da Crítica 
à economia política, de Karl Marx (1982, p. 21):
Mas a dificuldade não está em compreender que a arte grega e a epopéia 
estão ligadas a certas formas de desenvolvimento social. A dificuldade reside 
no fato de que nos proporcionam ainda um prazer estético e de ter ainda 
para nós, em certos aspectos, o valor de normas e modelos inacessíveis. [...] 
Um homem não pode voltar a ser criança sem cair na puerilidade. Mas não 
acha prazer na inocência da criança e, tendo alcançado um nível superior, 
não deve aspirar ele próprio a reproduzir a sua verdade? Em todas as épocas, 
o seu próprio caráter não revive na verdade natural da natureza infantil? Por 
que então a infância histórica da humanidade, precisamente naquilo em que 
atingiu seu mais belo florescimento, por que essa etapa para sempre perdida 
não há de exercer um eterno encanto? Há crianças mal educadas e crianças 
precoces. Muitos dos povos da Antigüidade pertencem a essa categoria. 
Crianças normais foram os gregos. O encanto que a sua arte exerce sobre 
nós não está em contradição com o caráter primitivo da sociedade em que 
ela se desenvolveu. Pelo contrário, está indissoluvelmente ligado ao fato de 
as condições sociais insuficientemente maduras em que essa arte nasceu, e 
somente sob as quais poderia nascer, não poderão retornar jamais.
12
13
Chegamos ao entendimento de que não é possível voltar na história para 
revivermos os tempos da Grécia Antiga, haja vista que tratamos de um modelo 
que foi construído sobre as características de sua época. Entretanto, essa com-
preensão nos coloca novas questões: Mas, então, como construir algo novo 
para ser usufruído nesse “tempo livre”? O que o lazer representa para a 
nossa atual sociedade?
Mascarenhas (2005) reconhece que é difícil precisar e conceituar o que seria uma 
nova forma histórica de apropriação do tempo livre. Isso porque as barreiras entre o 
tempo de trabalho e tempo livre dificultam a construção dessa nova proposta. 
Para esse autor, uma nova concepção de tempo livre só é possível “[...] em 
formas radicalmente novas de sociabilidade, em que liberdade e necessidade se 
conjugam frente à utilização criativa e a determinação autônoma do tempo como 
princípio da produção e reprodução social” (MASCARENHAS, 2005, p. 234).
De toda forma, a proposição de uma nova abordagem de um fenômeno social 
passa por entender aquilo que é no tempo presente. Em outras palavras, para 
propormos novas formas de apropriação do tempo livre e das atividades de lazer, 
necessitamos conhecer o que o lazer é atualmente. Quais são as suas características, 
determinações e relações? Certamente, uma característica que demarca esse 
momento mais atual é a compreensão do lazer a partir do signo da mercadoria, 
determinada pela sua relação com o mercado.
Mercantilização do Lazer
No momento contemporâneo, a dimensão mais estimulada e presente em 
nossas vidas é a do lazer como mercadoria. 
Você concorda com essa hipótese? No seu dia a dia é comum você pa-
gar para ter acesso ao lazer? Questionado de outra forma, você paga para 
praticar esportes, para ir à academia, para assistir a um filme no cinema, 
para comparecer a um espetáculo musical ou artístico? Percebe, por esses 
exemplos simples do nosso cotidiano, como nós consumimos atividades re-
lacionadas aos nossos momentos de lazer?
No entanto, antes de nos aprofundarmos no conhecimento sobre o processo 
de mercantilização do lazer, façamos um exercício para melhor compreendermos 
o lazer em nossa sociedade, tomando como ponto de partida o seguinte excerto:
[...] o lazer permanece como categoria interna da economia política, 
sendo gerado e apropriado em decorrência das mesmas relações sociais. 
É por isso que ele traduz – à sua maneira – as esferas da produção, da 
distribuição, da troca e do consumo [...] quanto mais acentuada a hierarquia 
de classes; maiores se apresentam as distinções do tempo e das atividades 
do lazer (CUNHA, 1987, p. 20).
13
UNIDADE Lazer na Sociedade de Consumo
Esta citação reforça a importância de contextualizarmos o lazer nos marcos de 
uma sociedade capitalista, com todas as suas características históricas, políticas, 
econômicas, sociais e, portanto, levando em consideração todasas transformações 
da sociedade e do trabalho que abordamos em unidades anteriores. Ao mesmo 
tempo, o trecho reafirma a necessidade da compreensão das lutas de classe para 
a garantia do tempo livre. A desconsideração desse aspecto traz o risco de uma 
análise e contextualização do lazer idealizada e a-histórica.
Ignorando os elementos destacados, podemos ser levados a pensar, apressada-
mente, que o tempo livre – e consequentemente o lazer – se opõe à lógica de or-
ganização do capitalismo, tendo em vista a sua suposta característica de liberdade. 
O lazer pode parecer uma experiência lúdica e autônoma, desinteressada; porém, 
essa é apenas a sua aparência mais imediata. 
Buscando ir além do aparente, Mascarenhas (2006, p. 19) afirma que “[...] o lazer 
é hegemonicamente subserviente e útil às exigências e necessidade do capital”. Para 
Mascarenhas (2003, p. 97), o lazer é um “[...] fenômeno tipicamente moderno, 
resultante das tensões entre capital e trabalho, que se materializa como um tempo 
e espaço de vivências lúdicas, lugar de organização da cultura, perpassado por 
relações de hegemonia”.
De acordo com esse autor, o que a aparência do lazer oculta é a sua funcionalidade 
prática aos interesses do capital:
Se o sujeito particular não percebe conscientemente o caráter prático-
material do lazer, enxergando-o apenas como algo desinteressado, isto 
não significa que sua leitura corresponda à verdade. Para além da esfera 
subjetiva, olhando para sua dimensão objetiva, o lazer revela-se como 
um fenômeno por demais interessado, altamente servil às demandas 
emanadas a partir do sistema de metabolismo social estruturado pelo 
capital (MASCARENHAS, 2006, p. 19).
Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images
14
15
Um exemplo dessa relação utilitária ou funcionalista do lazer ao capital foi 
apresentado em momentos anteriores, quando destacamos as funções do lazer 
em sua gênese. Aqui, referimo-nos ao uso do lazer como instrumento de controle 
social, em detrimento da possibilidade de seu usufruto como tempo e espaço de 
desenvolvimento e emancipação humana ou de promoção da qualidade de vida. 
Importante!
Você se lembra das alterações no mundo do trabalho que estudamos na Unidade 
III? Que a reestruturação produtiva aumentou o desemprego e a instabilidade dos 
trabalhadores? Lembra, também, que a saída de muitos foi utilizar o “tempo livre” para 
buscar qualifi cação profi ssional, a fi m de tentar garantir a própria colocação no mercado 
de trabalho? Pois então, esse é um exemplo prático da submissão do tempo livre às 
demandas do mundo do trabalho.
Importante!
Na Unidade III destacamos que todos os aspectos da vida são impactados e 
influenciados pela forma como o sistema capitalista se organiza e funciona. Em 
outras palavras, os modos como acontecem a produção, divulgação e o consumo 
são transferidos para outros âmbitos da nossa vida. Dessa forma, não poderia ser 
diferente com o fenômeno do lazer. 
Outra informação que já destacamos nesta Disciplina é a alienação dentro do 
processo de trabalho, afastando o trabalhador dos meios e produtos de trabalho. 
Esse processo alienante não se restringe ao momento da produção econômica no 
trabalho, estendendo-se também à esfera do chamado “tempo livre”, momento no 
qual ocorrem as atividades e experiências do lazer. 
Ao mesmo tempo, Paulo Netto e Braz (2009) alertam que o capitalismo 
contemporâneo criou um “mercado mundial de bens simbólicos”, acentuado 
pela universalização do processo de mercantilização dos fenômenos sociais e de 
construção da cultura do consumo. Essa lógica comercial e de estímulo ao consumo 
alcança e penetra o campo do lazer, inclusive com desdobramentos sobre o seu 
conteúdo, que se adapta às tendências de mercado.
Outro elemento que se soma à mercantilização, consumismo e reificação do 
lazer é o hedonismo. Mas o que é hedonismo? Tem como princípio básico a busca 
do prazer. Existem correntes filosóficas que defendem o prazer como o principal 
objetivo de nossas vidas. Entretanto, se em algum momento histórico a realização 
desse prazer esteve vinculada à esfera coletiva e pública da sociedade, atualmente 
o cenário é diferente.
Hoje em dia, o que percebemos é uma exacerbação do individualismo hedonista. 
Ou seja, a efetivação do prazer se circunscreve à esfera do indivíduo. Portanto, não 
há mais espaço para uma consciência de classe, dado que a significação das coisas 
não se constrói no coletivo, mas determina-se pelos sentimentos individuais. É para 
atender a esses desejos pessoais – personalizados – e, ao mesmo tempo, efêmeros 
que o lazer deve se orientar. 
15
UNIDADE Lazer na Sociedade de Consumo
O hedonismo aceita as necessidades e interesses dos indivíduos como algo 
simplesmente dado e valioso em si. Nessas necessidades e interesses (e não 
em sua satisfação) se esconde já a mutilação, a repressão e a inverdade com 
que os homens crescem na sociedade de classes (MARCUSE, 1997, p. 169).
Marx (1982, p. 9) afirma que “[...] a produção não se limita a fornecer um objeto 
material à necessidade, fornece ainda uma necessidade ao objeto material”. Dessa 
forma, na esfera do lazer, o capital cria uma necessidade: a felicidade fetichizada, 
atendendo às necessidades hedonistas da felicidade!
Figura 5
Fonte: iStock/Getty Images
Mas como se realiza essa felicidade em tempos recentes? Se juntarmos os 
elementos que destacamos, é possível observar que o ideal distorcido de felicidade 
é preenchido pela capacidade de consumo. Ou seja, é comum condicionarmos a 
nossa alegria e o prazer – ainda que de forma “inconsciente” – ao consumo de um 
universo cada vez mais amplo e diversificado de mercadorias. No caso do lazer, 
a oferta desses produtos é realizada pela indústria cultural e do entretenimento, 
que oferece ao sujeito-consumidor atividades como viajar, comer, beber, divertir-
se em cinemas, bares e shoppings centers. 
Voltamos, neste ponto, àquela situação paradoxal, mas que, na verdade, é um 
paradoxo aparente: Mas, afinal, de qual paradoxo ou contradição estamos 
16
17
tratando? Perceba que novamente podemos ser conduzidos a pensar que as 
atividades de lazer, à primeira vista, parecem ser um momento de liberdade e livre 
escolha dos sujeitos e, por conseguinte, um contraponto ao trabalho alienado. 
Entretanto, Chauí (1999, p. 48) chama nossa atenção de que o tempo livre está 
sob controle e as atividades e experiências de lazer, adaptadas à lógica do mercado.
[...] a sociedade administrada também controla as conquistas proletárias 
sobre o tempo de descanso, ou chamado “tempo livre”. A indústria 
cultural, a indústria da moda e do turismo, a indústria do esporte e do lazer 
estarão estruturadas em conformidade com as exigências do mercado 
capitalista e são elas que consomem todo o tempo [...].
Você consegue notar o que a autora está tentando demonstrar? Chauí 
(1999) apresenta a relação direta entre as atividades de lazer e os interesses do 
capitalismo. E é por isso que não há paradoxo ou contradição real; o que existe 
é uma relação de complementariedade e adaptação entre o lazer-mercadoria e o 
capital, entre tempo de trabalho e tempo livre. A produção, difusão e circulação de 
bens culturais estão diretamente atreladas aos interesses do mercado capitalista.
Mas, então, por que desejamos tanto o lazer? Por que buscamos momentos 
de diversão e fuga das demandas do cotidiano? O fato é que como, muitas vezes, 
não encontramos a nossa realização pessoal ou um sentido em nosso trabalho, tal 
dimensão de nossas vidas não representa um momento de liberdade ou felicidade. 
Ao contrário disso, é visto como um momento importante, de responsabilidade, 
mas igualmente penoso e árduo. 
Diante disso, apostamos todas as nossas “fichas” no lazer, sem percebermos 
que esse também pode não representar o espaço do exercício da liberdade. Em 
função da sensação de diversão e alegria momentânea que, normalmente, nos 
proporciona, depositamos as nossas expectativas nas atividades de lazer como 
“válvulas deescape” ao trabalho alienado.
Importante!
Cunha (1987) afi rma que, em decorrência das imposições do trabalho e da fragmentação 
do tempo e das relações de trabalho, as atividades de lazer são vistas como ações 
compensatórias, recuperando a integridade humana do indivíduo em momentos e 
situações particulares. No entanto, essa é uma falsa impressão de liberdade.
Trocando ideias...
17
UNIDADE Lazer na Sociedade de Consumo
Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images
Valquíria Padilha (2000), ao se debruçar sobre a análise do tempo livre na 
sociedade contemporânea, afirma também que a felicidade e o bem-estar nesta 
sociedade estão atrelados ao consumo alienado e abstrato de mercadorias e que 
o lazer não escapou desse processo de mercantilização, apresentando-se como 
atividade prioritariamente de consumo.
Paul Lafargue escreveu, em 1880, um texto provocativo denominado O direito 
à preguiça. Provavelmente, hoje esse autor estaria extremamente decepcionado 
se estivesse vivo para presenciar o desenrolar dessa história. O tempo livre não 
apenas desconsiderou as “virtudes da preguiça”, como também se tornou, por 
meio do lazer, um importante espaço de realização das relações comerciais e, 
portanto, das demandas do mercado. Ao contrário de sua pretensão, o tempo livre 
tem se tornado cada vez mais funcional às necessidades do capital.
Ficou claro para você, estudante, como o lazer se tornou também uma mercado-
ria? Que se encontra inserido e em consonância ao mercado capitalista, reprodu-
zindo a sua forma de organização a partir do consumo? E a partir da fetichização 
da felicidade como fim último de sua prática?
Em síntese, podemos perceber que a relação das pessoas que vivem do trabalho 
com o seu tempo de lazer apresenta, basicamente, duas possibilidades:
No primeiro caso, quando estão fora do mercado de trabalho, suas alternativas 
de uso e experiências de lazer se reduzem, além de preencher o tempo livre com 
atividades que auxiliem à reinserção no mercado de trabalho. 
18
19
No segundo caso, essas pessoas estão empregadas, mas ficam à mercê da 
fetichização do tempo livre ou de atividades que venham a complementar a renda 
familiar. Em outras palavras, restringe-se o lazer ao seu consumo, de modo que 
apenas tem acesso ao divertimento – sem discutir sequer o seu conteúdo – quem 
pode pagar pelo qual. A partir desse entendimento e, para melhor definir esse 
fenômeno, o professor Fernando Mascarenhas (2005), em sua tese de Doutorado, 
desenvolve a categoria mercolazer.
Figura 7
Fonte: iStock/Getty Images
Mas o que seria mercolazer? Veremos os elementos necessários para responder 
a esta questão na próxima seção deste Material teórico, onde abordaremos a 
indústria do lazer e entretenimento – considerando que esse setor é o principal 
responsável pela proliferação e circulação do mercolazer.
Características da Indústria
do Lazer e Entretenimento
Mascarenhas (2006), ao explicar mercolazer, faz a partir da definição de uma 
pirâmide social, na ponta da qual se localiza uma pequena parcela da população, 
que tem amplo acesso ao lazer-mercadoria. Atualmente, temos cada vez menos 
tempo livre em função das demandas do cotidiano que vão além do trabalho e 
também fazem com que tenhamos um ritmo de vida cada vez mais acelerado. 
Diante desse cenário, como forma de compensação concentrada para o estresse 
provocado pelo dia a dia, os indivíduos buscam prazer intenso, imediato e de 
curta duração. Para atender a essa demanda, Mascarenhas (2005) afirma que a 
forma mais avançada elaborada de mercolazer seria o “êxtase-lazer”’. Exemplos 
de atividades desse formato de lazer seriam aqueles envolvendo sempre um alto 
19
UNIDADE Lazer na Sociedade de Consumo
grau de adrenalina e risco – esportes e turismo de aventura –, além dos festivais 
de música eletrônica – festas raves – que, por vezes, vêm acompanhados de um 
pacote de serviços – alimentação, bebida, viagem, hospedagem e vestuário – de 
custo muito elevado, mais a presença de drogas sintéticas.
Figura 8
Fonte: iStock/Getty Images
Importante!
Recorde que já dissemos em outro momento desta Unidade que a nossa sociedade 
contemporânea apresenta, entre outras características, o individualismo, hedonismo e a 
efemeridade, sendo que tais particularidades perpassam as vivências do “êxtase-lazer”.
Importante!
No nível intermediário da pirâmide encontramos a classe média da popula-
ção – com as suas variações – e que não tem acesso ao lazer-mercadoria mais 
sofisticado. Esse grupo comumente paga pelas atividades de lazer, porém, 
acaba recorrendo a versões mais baratas e simples do chamado “êxtase-lazer”, 
inclusive com significativa incorporação da cultura de massa. Ao mesmo tem-
po, transitam também pelas oportunidades do lazer gratuito, sobretudo quando 
esse ocorre junto a seus locais de moradia.
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Figura 9
Fonte: iStock/Getty Images
Na base da pirâmide está a grande maioria da população, que deve se con-
tentar com lazer muito barato ou gratuito; neste último caso, destaca-se ainda 
a televisão. Outra possibilidade para esse estrato é o lazer filantrópico como, 
por exemplo, as atividades esportivas, artísticas e culturais promovidas como 
políticas sociais, cujo objetivo é auxiliar as áreas de risco e vulnerabilidade social, 
afastando os jovens das drogas e da violência.
Aqui é preciso fazer algumas ressalvas para evitar generalizações indevidas: 
primeiro, é possível perceber que há trânsito entre os níveis das pirâmides; além 
disso, nota-se que algumas atividades de lazer e expressões artístico-culturais 
surgidas em determinado nível da pirâmide são incorporadas por outro e, assim, 
ressignificadas. A título de exemplo, há muitas festas altamente sofisticadas e de 
alto custo, mas que fazem uso de expressões da cultura popular, como o samba 
e a música sertaneja.
Mascarenhas (2006) apresenta ainda outro segmento da indústria do lazer 
representado pelas práticas corporais: o mundo fitness. Para esse teórico, 
uma parcela da população procura a academia como espaço não apenas para 
exercícios que lhe permitam suportar o acelerado ritmo de vida, mas também 
como forma de responder às frustrações despertadas pelos veículos midiáticos; 
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UNIDADE Lazer na Sociedade de Consumo
“[...] a academia opera hoje como uma espécie de fast food das práticas corporais, 
prometendo respostas rápidas e aquilo que não é capaz de cumprir”.
Dessa forma, tais empresas trabalham com a lógica da descartabilidade das 
práticas corporais, de modo que possuem capacidade de investimento para lançar 
sempre uma nova mercadoria – outra prática corporal –, com o intuito de manter 
o interesse do cliente, sem a preocupação com a sua fidelidade – para utilizar um 
termo próprio da lógica do business.
Figura 10
Fonte: iStock/Getty Images
Assim, o mercolazer e as suas diferentes representações – ou formas de acesso 
– ratificam a transformação do tempo livre e do lazer em um espaço da circulação 
de amplo leque de serviços e produtos ofertados pela indústria do entretenimento. 
No entanto, não podemos perder de vista que essa maneira de compreender e agir 
sobre o lazer não retira desse fenômeno a sua determinação original – que também 
era a do trabalho: sua estreita ligação com a emancipação humana.
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Seria possível o surgimento de uma nova forma de lazer? Nesse caso, a melhor opção 
seria voltarmos ao ócio grego? Conseguiríamos materializar as qualidades da preguiça? 
Como concretizar no “tempo livre” o espaço para atividades que possibilitassem a 
emancipação humana?
Ex
pl
or
Figura 11
Fonte: iStock/Getty Images
Teorizar e buscar respostas para tais perguntas seriam possíveis com o fim 
da regência do capital sobre o trabalho e, consequentemente, acerca do tem-
po livre. Como vimos, no capitalismo é falsa a ideia de que lazer e trabalho 
são contrários, afinal, o capital tornou o lazer mais uma de suas mercadorias, 
possibilitando, de forma ilusória, a fuga do trabalho alienado. Em uma espécie 
de emboscada ou labirintosomos aprisionados exatamente naquilo que ten-
tamos fugir, pois a nossa fuga acaba tendo como destino final a alienação na 
maioria das atividades de lazer.
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UNIDADE Lazer na Sociedade de Consumo
Figura 12
Fonte: iStock/Getty Images
Em uma sociedade emancipada, ou seja, onde pudéssemos superar esse do-
mínio do capital, tal característica alienante não existiria. Dessa forma, o tempo 
disponível poderia ser utilizado para o desenvolvimento do sujeito, de modo que 
seria possível uma aproximação do indivíduo ao gênero. Não se trata de termos 
uma sociedade robotizada e/ou homogeneizada, mas sim de que o sujeito tenha 
as condições concretas de se apropriar de toda a construção histórico-social da 
humanidade – nessa condição, o trabalho não seria alienante e desumanizante.
De toda forma, é necessário refletir sobre as possibilidades e os limites do 
lazer na luta por uma sociedade mais humanizada – emancipada. Nas atuais 
circunstâncias de sociabilidade, essa conquista passa pela redução da jornada de 
trabalho – com consequente aumento do “tempo livre”, já que o atual avanço 
tecnológico nos permite sonhar com essa possibilidade. 
Ao mesmo tempo, é igualmente importante uma preocupação com a ocupação 
desse “tempo livre” com atividades que estimulem o desenvolvimento humano, a 
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vida com qualidade e a constituição de sujeitos críticos e criativos. Tais elementos 
têm o potencial para a construção de condições reais de uma vida com sentido – 
e não somente em busca de uma felicidade momentânea e hedonista.
Mas será que é possível, dentro da conjuntura em que vivemos, desenvolver 
atividades que sejam, de fato, emancipatórias? Não há uma resposta fácil, 
pois muitos dirão que se trata de uma utopia. Diferente disso, pensamos que 
há a possibilidade de uma resposta positiva para tal questão. Acreditamos nisso 
olhando para as atividades educativas de caráter transformador, cujos exemplos 
podem estar na própria educação popular desenvolvida no País; nas atividades 
políticas que, diferentemente dos episódios negativos que nos acostumamos a ver, 
ocupem tempo e espaço da construção coletiva e do exercício de participação; e 
nas atividades artístico-culturais de resistência à chamada indústria cultural.
Como o lazer surgiu em forma de controle do tempo livre – lembra-se da 
segunda Unidade? –, com o intuito de manipular as consciências – em forma de 
entretenimento –, percebemos certa dificuldade nesse processo de aproximação do 
indivíduo ao desenvolvimento de todo o gênero. Ora, muitas vezes o trabalhador, 
em seu “tempo livre”, acaba por “escolher” ir ao shopping center ou, então, 
opta por ouvir músicas que vulgarizam e estereotipam a figura das mulheres; 
ou assiste a filmes considerados banais, ou seja, destituídos de conteúdo mais 
reflexivo. Aqui não cabe julgamento em relação às escolhas do trabalhador, pois 
precisamos reconhecer a dura vida que o cotidiano lhe impõe. Ao contrário 
disso, nosso objetivo, no âmbito do lazer, é apresentar outras possibilidades para 
além do mercolazer ou de suas formas manipuladoras.
E como podemos, então, pensar em outras possibilidades para o lazer além 
das formas de manipulação? Não há uma única resposta para essa pergunta, 
porém, uma alternativa é exigirmos do Estado o cumprimento de seu dever. Mas 
se trata de qual dever estatal? Aqui não há dúvidas, afinal, referimo-nos à garantia 
do acesso ao direito social ao lazer, permitindo a promoção universal – para toda 
a população – a atividades com conteúdo e não alienantes.
Outra forma importante de resistência é garantir, na escola, o espaço de produ-
ção e adequação de conteúdos culturais e de formação para a apreciação de ativida-
des que extrapolem os conteúdos disseminados pela mídia, a fim de que os alunos 
consigam apreciar a cultura para além do que é exibido na televisão, que ouçam 
músicas que não reproduzam as expressões empobrecidas, e que se interessem pela 
participação política, ao invés de vê-la como algo extremamente negativo.
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UNIDADE Lazer na Sociedade de Consumo
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Lazer e humanização
MARCELLINO, N. C. Lazer e humanização. Campinas, SP: Papirus, 1983.
Gestão pública e política de lazer: a formação de agentes sociais
MASCARENHAS, F. Outro lazer é possível! Desafio para o esporte e lazer da cidade. 
In: CASTELLANO FILHO, L. Gestão pública e política de lazer: a formação de 
agentes sociais. Campinas, SP: Autores Associados, 2007. p. 17-40.
Lazer, cultura e educação: contribuição ao debate contemporâneo
PADILHA, V. Trabalho, lazer e consumo nas sociedades contemporâneas. In: MAS-
CARENHAS, F.; LAZZAROTTI FILHO, A. Lazer, cultura e educação: contribuição 
ao debate contemporâneo. Goiânia, GO: UFG, 2012. p. 51-74.
 Filmes
Criança, a alma do negócio
Criança, a alma do negócio. Dir. Estela Renner. Brasil, 2008. 49min.
O Preço do Amanhã
O preço do amanhã. Dir. Andrew Niccol. Estados Unidos, 2011. 1h49.
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Referências
CHAUÍ, M. Introdução. In: LAFARGUE, P. O direito à preguiça. São Paulo: 
Hucitec, 1999.
CUNHA, N. A felicidade imaginada. São Paulo: Brasiliense, 1987.
MARCELLINO, N. C. Lazer e educação. Campinas, SP: Papirus, 1987.
MARCUSE, H. Cultura e sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
MARX, K. Prefácio [à Crítica da economia política]. In: Para a crítica da economia 
política [e outros escritos]. São Paulo: Abril Cultural, 1982. (Col. Os economistas).
MASCARENHAS, F. Em busca do ócio perdido: idealismo, panaceia e predição 
histórica à sombra do lazer. In: PADILHA, V. Dialética do lazer. São Paulo: 
Cortez, 2006.
________. Entre o ócio e o negócio: teses acerca da anatomia do lazer. 2005. Tese 
(Doutorado)-Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas, 
Campinas, SP, 2005. 
________. Lazer como prática de liberdade: uma proposta educativa para a 
juventude. Goiânia, GO: UFG, 2003.
PADILHA, V. Tempo livre e capitalismo: um par imperfeito. Campinas, SP: 
Alínea, 2000.
PAULO NETTO, J.; BRAZ, M. Economia política: uma introdução crítica. 5. ed. 
São Paulo: Cortez, 2009.
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