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Geogra�a Política Aula 3: Estado, fronteiras e nações Apresentação Hoje, a população mundial vive sob a premissa de ocupar os seus territórios e esse termo se repete dezenas de milhares de vezes nos textos relacionados à Geogra�a Política. Basta uma breve pesquisa documental e isso se evidenciará de uma forma muito clara. Contudo, antes de tratar do assunto território propriamente dito, os pro�ssionais da Geogra�a precisam compreender muito bem como são formados os Estados, como estes organizam suas fronteiras e, por �m, como exercem sua soberania para serem denominados como nações. A questão da soberania nacional é representada hoje pelos planos e ações que cada nação exerce dentro da sua estrutura política, sendo ela democrática ou não. Então, vamos nessa desmisti�car esse assunto nesta unidade! Objetivo Esclarecer os signi�cados dos termos Estado, fronteira e nação; Demonstrar as diversas formas históricas de organização dos Estados; Marcar os principais atores do processo de implantação do nacionalismo. Estado, fronteiras e nações O mundo atual está dividido em diversos países, onde estes possuem fronteiras e adquirem muitas vezes nações em sua área de dominação. Tais fatores tornam-se necessários para a compreensão da divisão política mundial e na conceituação geográ�ca, englobando elementos pertinentes na complexidade do mundo atual. Sendo assim, algumas notícias soam nas mídias e, na maioria das vezes, o entendimento passa despercebido. É comum ouvirmos que o povo brasileiro vai escolher seus representantes nas próximas eleições. Planisfério político, de acordo com o IBGE. Fonte: IBGE. Ao analisarmos esse mapa-múndi, vamos observar como ele está dividido em países e seus territórios de�nidos. As linhas divisórias, ou seja, as áreas limítrofes representam as suas fronteiras. Contudo, a percepção do que é Estado vai muito além do que podemos de�nir como governos dentro de limites territoriais. Estado e as suas de�nições Os Estados começam a determinar a sua con�guração na Itália, no século XIV. É lá que as cidades-estados serão governadas por repúblicas e, logo após, pelo sistema capitalista. Com o desenvolvimento das sociedades, será na Inglaterra e depois na França, diante de uma monarquia, que os estados iniciarão uma emergência da burguesia, que mais tarde dará as características do Estado moderno que conhecemos. Sucumbindo-se perante uma nova organização socioeconômica, a monarquia vai perdendo o seu posto de atuação, dando lugar a uma classe burguesa capitalista pautada no comércio e na acumulação de capitais, diferente do que foi visto no feudalismo. Sistemas feudais já definiam, nesse período, a formação de Estado. Fonte: Significados.com.br. Vejamos alguns aspectos que caracterizam o Estado: Clique nos botões para ver as informações. O poder dos Estados está na conquista dos povos e, assim, têm seu reconhecimento, quando tentam integrar a sua cultura e o idioma e, sabendo da competição de outros Estados, necessitam manter sua força frente aos concorrentes. Poder na conquista dos povos O Estado ganha campo quando se separa da sociedade civil. Sua administração pública, ou seja, a criação de leis, conduz as pessoas que compõem esse Estado de acordo com os interesses, desde que o Estado seja soberano. Separação da sociedade civil De�nindo o Estado de forma mais simples, é o espaço terrestre sobre o qual o povo vai desempenhar o poder ou domínio, com atividades políticas, econômicas e sociais, organizando esse espaço de acordo com seus interesses. Espaço terrestre de poder ou domínio Ao admitirem que todo o poder político emana do povo, eles abriram caminho para a legitimação do Estado moderno. Fica evidente que o povo se tornaria soberano perante a sociedade constituída por um Estado. Contudo, o Esta¬do vai se diferenciar da sociedade que o acondiciona, mas isso não o tor¬na autônomo da soberania popular. Estado moderno: poder emanado do povo O poder do Estado está fundamentado na sociedade que ele gere – uma sociedade dependente de uma elite oligárquica, que tem suas in�uências, mas que, com o tempo, vai se livrando das amarras do comando oligárquico. Gestão da sociedade Diferenças entre o Estado Antigo e o Estado Moderno No Estado antigo, a questão política não era bem clara, a oligarquia não se diferenciava da defesa e da igreja, sendo muito confuso o entendimento desses poderes. No Estado moderno, a sociedade se espalha, sendo mais clara uma divisão de classes entre a burguesia e o proletariado, sendo a classe burguesa a hegemônica, e essa relação passa a ter uma condição mais clara de Estado moderno. Divisão de classes: Burguesia e proletariado. No Estado moderno, o sistema capitalista se tornou o sistema principal, onde há uma divisão de classes, como foi observado. No entanto, o Estado passa a se organizar de acordo com esse sistema. Muitas de suas funções passam pelo lado econômico, com a criação de instituições �nanceiras, que fazem um papel de angariar recursos/lucros, enquanto os investimentos no bem-estar social se tornam necessários para não haver um con�ito entre as classes. O Estado tem as suas ordens judiciais e sua organização soberana. Diante destes fatores, é perceptível como essa organização usa dos meios legais para empregar o seu poder de coerção, quando impõe a sua força diante dos indesejados atos ou dos que ameacem a sua soberania. Para isso, o Estado usa as suas instituições militares com o objetivo de colocar ordem. As leis que o amparam criam um mecanismo em que o Estado passa a ser a lei, e essas leis, que regulam as atividades sociais, econômicas e políticas, aplicam-se a todos os que vivem nesse espaço. Fronteiras e nações Os territórios são ocupados e desenvolvidos por nações, que entendemos como povos que habitam um território e constituem, a partir daí, uma sociedade organizada de forma política, com leis formando um Estado-nação e seus limites fronteiriços, sendo, assim, um Estado, por ser reconhecido pelos outros Estados, e sendo uma nação, por compartilhar suas culturas, línguas e religiões . Contudo, veremos mais à frente como podemos de�nir as nações. Com os avanços na cartogra�a, as fronteiras passaram a ter uma projeção na delimitação das soberanias dos Estados e isso se fez necessário. Atenção Não é possível se ter uma zona neutra sem uma delimitação fronteiriça, porque isso seria uma ameaça aos Estados. Por isso, a demarcação é algo essencial para a existência dos Estados. Essa de�nição territorial tem características diferentes no momento de de�nir a moeda, as taxas de impostos, a prestação de serviços militares e causa um impacto nos movimentos populacionais de entrada e saída, sendo rígida ou não na chegada de pessoas. Quando vamos de�nir o que são limites e fronteiras, devemos pensar que elas se tornam distintas no contraponto do termo, em limites, sendo de ordem natural referentes à Geogra�a, e as fronteiras, mais arti�ciais, referentes ao Estado, porém, muitas vezes, elas se confundem, pois alguns limites são marcos de fronteiras, como um rio, uma montanha ou qualquer barreira natural da geomorfologia geográ�ca. Sendo assim, as classi�cações das fronteiras podem ser pautadas da seguinte maneira: Uma mais �xada nos tipos de Estados, e a outra nos tipos de território. Assim, se nos remetermos ao passado, no período medieval, vamos perceber que, no �nal do período romano, as invasões bárbaras formariam os feudos com a organização militar, econômica e política. A mudança no espaço europeu começa quando idiomas e etnias se tornam diferenciados com a mistura de culturas e línguas na formação do Estado. As características dessa população foram tomando forma assim que a religião passou a ter um papel primordial, sendo o tripé da sociedade feudal, convertendo grande parte da população ao cristianismo e partilhando da autoridade de Roma. No sistema feudal, com um rei dominador do seu território – em que o poder era passado por hereditariedade –, as guerras eram constantes- para novas conquistas - e o sentimento de pertencimento ganhava forma: Eis um processo de formação dos Estados-nação. Os Estados nacionais se originam e não eram homogêneos, detinham grupos de origens étnicas diferenciadas, com uma mistura de povos e tradições. Tal modelo cultural foi o ímpeto para criar o mito de tornar o rei um ser divino, mantendo a relação de divisão. Essa era uma forma de estrati�car a sociedade da época e manter os privilégios do rei, o que era, de fato, motivo para outros reis desejarem cada vez mais recursos. Foi também a partir dessas ideias que as guerras foram vistas como algo lucrativo. Esse sentimento, então, faz surgir uma construção ideológica de nação. A formação do Estado a partir da constituição dos feudos foi um começo do que chamaríamos de “a formação das nações”. Podemos dizer que a formação da nação veio após a formação do Estado e algumas trajetórias e momentos propiciaram isso como a própria ausência de conhecimento da massa, a demora na formação/�xação da língua e as tradições. De tal modo, o Estado como um poder central, instituição de controle social e de controle dos meios administrativos, vai ganhando corpo e criando uma identi�cação de nação. Os conceitos de nação e nacionalismo passam a ser muito parecidos e todos esses fatores foram favoráveis à formação de um Estado. A partir dessas análises, podemos perceber que, apesar dessa aproximação neológica, elas não são iguais e vão ganhar as suas especi�cidades. Os dois conceitos podem remeter ao Estado, sendo um permeado de uma sensação perigosa, muitas vezes comparado com o próprio fascismo/nazismo, e o de nação, com a identi�cação cultural, religiosa ou de idiomas. Na imagem, crianças e homens seguram armas, reverenciando seu líder. Fonte: ExtraClasse.org.br A questão das fronteiras é bastante complexa. Há nações ocupando territórios que, muitas vezes, não obedecem às fronteiras. É o caso dos curdos. Sendo assim, a de�nição citada anteriormente do que seria uma nação demonstra que muitos buscam ter a sua soberania, ou seja, seu próprio Estado, e esse desejo acaba esbarrando nas leis que regem o Estado que, por sua vez, é protegido por leis e pelo poder coercitivo criado, entre outras coisas, para combater eventuais movimentos separatistas. Desse modo, muitas nações espalhadas pelo mundo com seus sentimentos nacionalistas aspiram conquistar a sua independência política e territorial. Com isso, desejam recuperar o sentimento de liberdade de expressar sua cultura, língua, religiosidade e costumes. A busca constante pela soberania é algo necessário para quem almeja constituir seu Estado nacional. Quando tais movimentos ganham muita força, estabelece-se a votação por meio de plebiscitos ou acordos diplomáticos de fundar ou não o país correspondente a essa nação. Na maioria das vezes, não é isso o que acontece quando há a requisição, pois geralmente são reprimidos com violência pelo Estado, conforme ocorreu com algumas etnias pelo mundo, por exemplo, com os chechenos na Rússia, os uigures na China etc. Uma das saídas encontradas por esses grupos é a luta armada, os levantes violentos contra o Estado como forma de enfrentar o poder estabelecido. Esses grupos podem ser citados como parte dos povos curdos, que hoje são as maiores nações no mundo. Esta população é composta de 26 milhões de pessoas, vivendo em um território de 500km². Os curdos estão situados em territórios de países como a Síria, Turquia, Armênia, Azerbaijão e Geórgia. Na Turquia e no Iraque, eles representam 18% da população. Destarte, os grupos separatistas curdos tentam conquistar a sua autonomia política em áreas do Iraque e da Turquia para formar seus Estados independentes. Povo sem pátria. As disputas territoriais não são apenas dos grupos separatistas, mas também dos próprios Estados, que podem gerar con�itos armados trazendo grandes prejuízos a esses países. No entanto, as nações e as fronteiras muitas vezes são um barril de pólvora que, a qualquer momento, pode explodir em guerras que alimentam o mercado bélico (armas de fogo, mísseis e aviões), e o principal objetivo acaba se tornando diferente, quando tentamos de�nir as fronteiras e as nações, sendo as fronteiras uma visão do Estado como regiões ricas em recursos naturais, e a nação desejando ter a sua liberdade nas práticas cotidianas de cultura, religião e língua. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atividades 1. Compreender o surgimento do Estado é algo primordial para entendermos não só a formação de suas fronteiras, mas também a formação de nações. O Estado, para se manter existente, necessitava de? a) Manter constantes alianças, sem considerar os povos como força de luta. b) Afastar o sentimento nacionalista como uma ameaça à soberania. c) Conquistar os povos, mantendo uma relação de integrar a cultura e o idioma. d) Admitir que nem todo o poder emana do povo. e) Manter as amarras das elites oligárquicas sempre. 2. É fundamental entender a importância da de�nição das fronteiras. Essa delimitação é a própria sobrevivência de muitos Estados, pois a ausência de uma fronteira seria uma ameaça constante à existência de um Estado, rea�rmando, assim, a fronteira como uma necessidade real. Marque a opção que melhor justi�ca a importância do estabelecimento de uma fronteira: a) A necessidade de ocupar áreas desérticas ou até mesmo pela plataforma continental, como algo sem importância para uma fronteira. b) A facilitação da entrada de imigrantes ajuda na manutenção das fronteiras, logo, formar-se-ão novas nações nos Estados. c) Manter áreas que não têm recursos importantes sem fronteiras diminui os custos com a dominação territorial. d) Manter uma zona fronteiriça em seus domínios- mesmo sendo uma área sem recursos naturais - é essencial para que novos dominadores não ameacem a soberania do Estado. e) As regiões de fronteiras só precisam de demarcações naturais e não artificiais. 3. Muitas nações hoje não possuem um Estado e saber a respeito de suas idiossincrasias ajuda na compreensão desses povos. Quando as nações buscam o reconhecimento do seu Estado, na maioria das vezes são reprimidas. O que leva esses povos a serem debelados? a) Estes povos criam plebiscitos, de forma democrática e harmoniosa, reivindicando a criação primeiro de uma província para, com isso, dividir poderes políticos com o Estado original. b) O Estado onde se encontram esses povos atua levando recursos, respeitando a língua, cultura e tradições, mostrando que a soberania do Estado deve ser questionada. c) O levante armado é um dos meios para poder ganhar a independência da nação requerente. d) Os Estados buscam, por meio democrático (sufrágio), saber se é necessária uma separação entre uma nação e o Estado. e) O sentimento separatista das nações está atrelado ao nacionalismo do Estado que habitam. Referências ADAS, Melhem. Expedições geográ�cas. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2011. FOUCHER, Michel. Obsessão por fronteiras. São Paulo: Radical Livros, 2009. MARTIN, André Roberto. Fronteiras e Nações. São Paulo: Contexto, 1992. Próxima aula A globalização; A diversidade de processos no mundo contemporâneo; A fragmentação da produção. Explore mais Assista ao vídeo: Diferenças entre país, Estado e nação. Leia o texto: Diferenças entre Estado, país, nação e território. javascript:void(0); javascript:void(0);