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Teoria do Direito II Argumentação jurídica: conceitos básicos a) Argumentação institucional e substantiva ● A faculdade de direito ensina um tipo específico de raciocínio; ● Argumentação substantiva: argumentação prática aberta a considerações políticas, morais, sociais e econômicas; ● Argumentação institucional: argumentação prática que observa regras e procedimentos que limitam o uso de considerações substantivas; argumentação baseada em regras; a argumentação jurídica é predominantemente institucional; ● Juízes apelam para a argumentação substantiva de forma tímida. Há uma ideia de que a argumentação substantiva concede espaço à discricionariedade ou até a arbitrariedade; b) Justificação interna X justificação externa ● Como saber se um silogismo jurídico está interna e externamente justificado? Por meio dos testes de qualidade: justificação interna e justificação externa; ● Um bom silogismo deve estar internamente e externamente justificado; ● Argumento simples: Premissa, logo, conclusão; ● Argumento complexo = Premissa, logo, conclusão. Premissa, logo, conclusão; ● Justificação externa = as premissas são verdadeiras? ● Justificação interna = há encaixe (subsunção) dos fatos na norma geral? c) A importância do silogismo ● Silogismo jurídico é um argumento prático; ● O silogismo desempenha um papel estruturante fundamental no pensamento jurídico. Ele fornece a moldura dentro da qual os outros argumentos fazem sentido; ● Estrutura de discurso que segue a lógica: premissa maior (norma geral) + premissa menor (fato) + conclusão (julgamento); (dedutivo) d) Questão de direito vs. questão de fato ● Questão de direito: interpretação das fontes; ● Questão de fato: verificação dos fatos; Dogmática jurídica ● Tipo de doutrina que aborda o direito a partir de uma perspectiva predominantemente institucional; ● Carlos Santiago Nino: a dogmática jurídica é característica do sistema de civil law, não tendo sido difundida no âmbito do common law; ● “Essa modalidade de ciência jurídica caracteriza-se por certas atitudes ideológicas e ideais racionais quanto ao direito positivo, por determinadas funções que cumpre em relação a ele e por certas técnicas de justificação das soluções que propõe”; ● Escola da exegese: considerava a legislação a única fonte legítima do direito; ● A atitude de adesão à legislação e a crença em suas qualidades formais foram adotadas de forma dogmática pela ciência jurídica contemporânea; Na ciência jurídica atual a adesão dogmática é explicada em função de que as normas foram sancionadas por certos órgãos dotados de eficácia geral; Ela explica o conteúdo do direito e suas consequências para o caso concreto; ● A dogmática jurídica cumpre uma importante função nesse sentido: a de reformular o direito, propondo exatidão para os seus termos vagos, completando suas lacunas. Problema: essa reformulação, no entanto, ocorre de maneira encoberta, como se essas novas formulações derivassem do direito positivo; ● A dogmática se distingue a) pela forma como se apresenta; b) pelas funções que exerce; c) pelas técnicas que utiliza para conciliar a e b; ● Técnicas que usa para conciliar a e b: I) legislador racional; II) formulação de princípios e teorias - Norma Jurídica ● O que distingue o Direito e o discurso jurídico de outras áreas? Argumentação institucional (legalista) ≠ argumentação substantiva; a) Norma jurídica vs. dispositivo jurídico ● Dispositivo = uma unidade de texto legal (um artigo, inciso, um parágrafo na lei); ● Norma = uma diretiva, uma prescrição sobre como se deve agir; ● Há dispositivos que não correspondem a norma alguma: “são símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas [...]”; ● Norma geral (ex: quem dorme na estação de trem deve ser expulso) X norma individual (ex: João deve ser expulso); ● Norma geral: impõe deveres e confere poderes. Pode ser: primária ou secundária; a primária regula a nossa conduta e a secundária regula a norma primária (sua identificação, aplicação, etc); b) Tipos de norma ● A argumentação institucional é o tipo de argumentação que observa regras e procedimentos previamente estabelecidos que limitam o uso de considerações substantivas; ● Regras é um tipo de norma jurídica; contudo, é preciso observar que existem dois tipos de normas jurídicas: - Regras (R) ≠ Princípios (P) ● Duas maneiras de distinguir regras e princípios: - distinção “fraca” - distingue regras e princípios em função do grau de vagueza; ex: em certa região há uma norma que diz “dirija com cuidado” (P), enquanto em outra região há uma norma que diz “dirija abaixo de 60 km/h (R); - distinção “forte” - distingue Rs e Ps em função da sua explicitude/implicitude. As regras são explícitas (estão na lei ou em outra fonte do direito) e princípios estão implícitos (não estão claramente formuladas); Obs! A identificação de Ps é mais complexa e muitas vezes requer raciocínio substantivo; ● Para que a AI e AS se distingam claramente, a AI deve ser baseada em regras (normas explícitas e precisas); c) Conflitos entre normas ● Antinomias = conflito entre norma; ● Conflitos reais (CR) ≠ conflitos aparentes (CA); ● Somente genuínos conflitos reais entre normas geram um genuíno problema para julgadores; ● Condições para ocorrência de CRs: - normas incompatíveis: normas que determinem coisas que não podem ser acatadas de modo automático; - normas em vigor: ambas devem estar em vigor para que ocorra um conflito; - normas do mesmo sistema jurídico; ● Casos de incompatibilidade: - Norma 1 obriga conduta e Norma 2 proíbe conduta; - Norma 1 obriga conduta e Norma 2 permite-não conduta; - Norma 1 proíbe conduta e Norma 2 permite conduta; ● Critérios para a solução de CRs: (há critérios específicos a cada área, mas existem critérios gerais a serem observados) - Critério hierárquico - há uma hierarquia de leis dentro do ordenamento jurídico. Ex: a Constituição estaria hierarquicamente acima das outras legislações; - Critério cronológico - quando duas normas entram em conflito, aquela que é mais recente deve prevalecer; - Critério da especialidade - quando duas normas entram em conflito, aquela que regula o tema de modo mais específico deve prevalecer; ● O que fazer nessas situações? Dimoulis: o entendimento é sempre que o critério hierárquico prevalece em relação aos demais critérios; isso é importante para defendermos a integridade da Constituição; se por um lado há esse amplo entendimento de que o critério hierárquico deve prevalecer, há dúvidas quanto ao caso “norma especial vs. norma geral mais nova”. Nesse caso, a opinião dominante é que a norma especial prevalece, mas há exceções. Dimoulis: prevalece a posterior, havendo exceções. Há espaço aqui para discricionariedade; d) Validade jurídica de normas ● Validade jurídica de normas - VJ = VF + VS + VE; Reale: “Não basta que uma regra jurídica se estruture, pois é indispensável que ela satisfaça a requisitos de validade, para que seja obrigatória”. ● Três aspectos sob o qual a questão da validade pode ser analisada: a) validade formal ou técnico-jurídica (vigência); b) validade social (eficácia ou efetividade); c) validade ética (fundamento); ● A vigência da lei é a executoriedade compulsória de uma regra de direito, por haver preenchido os requisitos essenciais (órgão que promulgou a regra tenha legitimidade para fazê-lo + legitimidade quanto à matéria sobre que a legislação versa + poder se exerça, também, com obediência às exigências legais) à sua feitura ou elaboração. ● Há normas que, apesar de possuírem validade formal, não possuem efetividade, uma vez que contrariam tendências sociais e inclinações dominantes na sociedade. “O Direito autêntico não é apenas declarado mas reconhecido, é vivido pela sociedade,como algo que se incorpora e se integra na sua maneira de conduzir-se. A regra de direito deve, por conseguinte, ser formalmente válida e socialmente eficaz.” ● Perguntar se uma norma é eficaz é perguntar se ela é cumprida ou, em caso de descumpimento, impostapelas autoridades; ● Eficácia direta (espontaneamente cumprida) X eficácia indireta (desobedecida a princípio, mas imposta pelas autoridades); ● A validade ética é a conformidade com os valores de justiça e bem comum; ● Para os positivistas, a VJ = VF + VS.
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