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Prova de Medicina Geral da Criança (MGC I) Grupo: Ana Carolina Araújo Vaz Ana Luiza Zacour Marinho Giovana Cordeiro de Moraes Karla Yanca Pereira Caso Clínico: Identificação: R. S. P, sexo feminino, 4 semanas de vida chega ao pronto atendimento trazida pela mãe. QP: “tosse, nariz entupido e escorrendo” HMA: Mãe refere que criança tem apresentado febre baixa não termometrada, coriza, obstrução nasal e tosse seca persistente há 7 dias. Relata ainda que, há 15 dias, vem apresentando sinais de lacrimejamento ocular, vermelhidão e secreção excessiva (remela). Sem sinais de irritabilidade ou prostração. Apresentando fezes amolecidas. Anamnese Alimentação: Mãe relata que bebê não mamou no peito, está em uso de farinha láctea, 6 mamadeiras/dia, em média, de 120ml cada. Devido à obstrução nasal, mãe refere que bebê não tem tomado toda a mamadeira, deixando uma parte, porém não soube precisar a quantidade. Medicamento em uso: sulfato ferroso 1mg/kg/dia, nega uso de vitamina D Fezes/urina: mãe relata fezes amolecidas (Bristol 6) e não soube identificar se há alterações na diurese. Troca cerca de 6 fraldas ao dia. Vacinação: em dia (BCG e hepatite B dadas na maternidade) Sono: mãe refere prejuízo no sono do bebê devido à dificuldade respiratória, principalmente quando faz uso da chupeta. Testes de triagem: teste do pezinho, teste do olhinho, teste do coraçãozinho sem alterações. Ainda não realizou teste da orelhinha (aguardando agendamento do posto) HP: criança sem histórico de internações e cirurgias prévias; mãe nega atopias e uso de medicações outras que não o sulfato ferroso; nega contato com pessoas apresentando sintomas de infecção respiratória. História gestacional: mãe refere gestação não planejada, tendo realizado apenas 3 consultas de pré-natal. Fez uso de forma irregular de sulfato ferroso e ácido fólico. Nega diabetes, hipertensão, infecções ou internações durante a gestação, porém relata que, pouco antes do parto percebeu leve corrimento vaginal, mas julgou sem importância e não relatou. Nega uso de álcool, tabaco e outras drogas. História do parto e periparto: mãe relata parto vaginal com 39s6d, sem intercorrências, na Santa Casa de Ouro Preto. Apgar 9/10 no 1º e 5º minuto. Peso ao nascer: 2,900kg e 47cm. Perímetro cefálico: 35cm História familiar: mãe, 16 anos, hígida; pai, 18 anos, hígido; não possui irmãos. Avó materna hipertensa e avô paterno diabético. Nega histórico de atopias na família. História sócio-econômica: criança mora com a mãe e a avó em terreno compartilhado com os tios, em zona rural de distrito de Antônio Pereira, em Ouro Preto. Casa de alvenaria com 2 quartos. Possui saneamento básico e coleta de lixo. Possui cachorro no terreiro. Mãe não trabalha, vivem da renda da avó que é salgadeira. Mãe possui ensino médio incompleto. Pai não participa da vida da filha. Exame físico: Dados vitais: FR: 65irpm, FC: 143bpm, temperatura axilar: 37,9oC. Saturação O2: 94% Ectoscopia: BEG, anictérica, acianótica, hidratada, corada. Presença de secreção (remela) bilateralmente e vermelhidão ocular. Sinais de obstrução nasal e rinorreia hialina. Palpação: - couro cabeludo: ausência de bossa serossanguínea e cefalohematoma - fontanelas e suturas: fontanela posterior com 1 polpa digital, normotensa; fontanela anterior com 2 polpas digitais, normotensa. Suturas justapostas. - linfonodos: linfonodos cervicais levemente aumentados de consistência fibroelástica e móveis Aparelho respiratório: tórax normal, respiração com padrão tóraco-abdominal regular, ausência de sinais de esforço respiratório, taquipnéico, frêmito tóraco- vocal de intensidade normal e distribuição fisiológica, som claro pulmonar à percussão, ausculta respiratória com crepitações respiratórias difusas e sibilos bilaterais Aparelho cardiovascular: tórax normal, sem sinais de estase ou cianose, ictus palpável no 3º espaço intercostal na linha mamilar esquerda, cobrindo uma polpa digital. Pulsos braquiais e femorais palpáveis, amplos, simétricos e rítmicos. BNRNF, em dois tempos, sem sinais de sopro Aparelho gastrointestinal: abdome globoso, ruídos hidroaéreos preservados, som timpânico à percussão, ausências de visceromegalias, sem dor a palpação superficial e profunda Aparelho genitourinário: genitália típica, feminina, ausência de secreção ou lesões. Ânus perfurado, sem sinais flogísticos. Aparelho locomotor: nada digno de nota. Manobras de Ortolani e Barlow negativas Sistema nervoso: criança alerta, tônus preservado, sem sinais de irritação meníngea. Reflexos primitivos preservados Oroscopia: mucosas, língua, úvula e tonsilas acianóticas, anictéricas, hidratadas e sem sinais flogísticos. Palato duro sem fendas ocultas Otoscopia: membrana timpânica íntegra e translúcida, ausência de secreções ou sinais flogísticos Antropometria: Peso: 3,700Kg Comprimento: 50cm Perímetro cefálico: 37cm Hipótese Diagnóstica: Pneumonia afebril do lactente, possivelmente causada pela Clamidophyla trachomatis. Diagnóstico diferencial: Síndrome da pneumonia afebril do lactente causada por vírus (citomegalovírus e Vírus Sincial Respiratório) ou outras bactérias como Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum, Lactente sibilante Bronquiolite Aspiração de corpo estranho Tuberculose Pneumonias virais Mal formação pulmonar Propedêutica adequadas que auxiliam no diagnóstico Possíveis exames a serem solicitados: Hemograma completo alterações que poderiam ser observadas: leucocitose, com linfocitose, eosinofilia maior que 300células/mm3. Sorologia por técnicas imunoenzimáticas: Detecção de IgM específica para Clamidophyla trachomatis. Cultura de secreção traqueal (“padrão-ouro”) Raio X possíveis achados compatíveis com a pneumonia afebril do lactente: Infiltrado peribroncovascular, peri-hilar, bilateral, mal delimitado, acompanhado às vezes de hiperinsuflação e atelectasia. Sugestivo de pneumonia viral e atípica. OBS: No entanto, como o quadro clínico se mostra muito estável e característico de pneumonia viral ou atípica (pneumonia afebril do lactente), tanto pela clínica, quanto pelo histórico e idade do bebê não realizaríamos nenhum desses exames. Não há necessidade de exames invasivos ou exposição à radiação em uma criança tão nova, com quadro benigno, muitas vezes autolimitado. Só utilizaríamos tais recursos em caso de piora do caso, refratariedade ao tratamento ou persistência dos sintomas por longo período. Possíveis complicações Derrame Pleural Abscesso pulmonar Pneumatocele Conduta clínica com o tratamento da patologia O paciente não apresenta sinais de gravidade, como queda do estado geral, sinais de esforço respiratório (batimento das aletas nasais, tiragem intercostal e subdiafragmática, gemidos, cianose ou hipoxemia), nem desidratação intensa. No entanto, trata-se de um paciente com idade inferior a 4 meses, proveniente de uma família com situação social econômica vulnerável e comprometida, com gravidez na adolescência. Portanto, mesmo que o paciente esteja com bom estado geral, optamos pela internação social. Tratamento: Figura retirada do Livro Pediatria Ambulatorial Medidas de suporte (Lavagem nasal e Nebulização com Solução Salina Fisiológica) Antibioticoterapia com azitromicina (5mg/kg/dia por 5 dias) Medicamentos sintomáticos (antitérmicos se dor ou febre) Prescrição Hospitalar Conduta das complicações 1) Derrame Pleural Se a criança evoluir para instabilidade ou febre, devem-se pesquisar complicações, sendo a mais frequente o derrame pleural. Diagnóstico de derrame pleural: deve ser avaliado no exame físico submacicez à percussão, redução do frêmito toracovocal à palpação e redução do MVF à ausculta. A confirmação é feita por exame de imagem. Muitas vezes, somente o RXé suficiente. Propedêutica e conduta: A toracocentese é um método propedêutico e deve ser realizada sempre que o volume do derrame permitir. Realizada a toracocentese, deve-se solicitar os seguintes exames de rotina no líquido pleural: dosagem de proteínas, LDH, glicose, citologia, citometria, Gram, cultura, pesquisa de antígenos bacterianos. Tratamento sequencial: antibioticoterapia, drenagem pleural, toracoscopia, debridamento químico, decorticação, definidos de acordo com o tempo de evolução e do estágio do derrame pleural. 2) Pneumatocele Pneumatocele é uma cavidade pulmonar cística de paredes finas que pode ocorrer em pneumonias bacterianas de qualquer etiologia. Diagnóstico: feito pela RX de tórax. Tratamento: conservador, já que apresenta involução espontânea. 3) Abscesso pulmonar Corresponde a uma área de cavitação do parênquima pulmonar habitualmente maior que 2 cm, com paredes espessas e nível hidroaéreo, resultante de necrose e supuração. Diagnóstico: feito com RX de tórax. Tratamento: antibióticos
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