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Universidade Norte do Paraná SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL SAANE DA CRUZ SILVA RIBEIRO INFÂNCIA PERDIDA – RETRATOS DO TRABALHO INFANTIL NO BRASIL Capim Grosso-BA 2019 SAANE DA CRUZ SILVA RIBEIRO INFÂNCIA PERDIDA – RETRATOS DO TRABALHO INFANTIL NO BRASIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Prof.ª Mileni Alves Secon. Capim Grosso-BA 2019 Ao meu Deus, por ser tão presente e essencial em minha vida, o autor do meu destino, meu guia que nunca me abandonou... Dedico esse trabalho! AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus desde o primeiro momento em que fui abençoada ao ser aprovada no vestibular. Serei eternamente grata a Deus por todas as bênçãos sobre a minha família e por proporcionar tranquilidade aos corações daqueles que acompanharam a minha trajetória acadêmica. Agradeço a Deus também por ter me fortalecido ao ponto de superar as dificuldades e também por toda saúde que me deu e que permitiu alcançar esta etapa tão importante da minha vida. Foi um caminho árduo, mas finalmente consegui chegar ao final. Mas sei que nada disso seria possível sem algumas pessoas muito especiais. Sou grata, especialmente, a minha mãe Regina que tanto lutou pela minha educação e nunca me deixou perder a fé. A uma pessoa ESPECIAL Minha irmã Simone Cruz, obrigada minha irmã querida, por me ouvir nos momentos difíceis e me aconselhar a permanecer firme na faculdade. Não posso deixar de dedicar um agradecimento especial a você meu esposo Tiago Ribeiro nessa reta final que jamais me negou apoio, carinho e incentivo. Obrigado, amor da minha vida, por aguentar tantas crises de estresse e ansiedade. Sem você do meu lado esse trabalho não seria possível. Obrigada a todos por me transmitir força, foco e fé que me acompanharam ao longo desses anos e que não me permitiram desistir. “Quando vejo uma criança, ela inspira-me dois sentimentos: ternura, pelo que é, e respeito pelo que pode vir a ser.” Louis Pasteur SILVA, Saane da Cruz. Infância perdida – Retratos do trabalho infantil no Brasil. 2019. 35 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, Capim Grosso, 2019. RESUMO O presente trabalho traz abordagens acerca do trabalho infantil no Brasil tendo como base a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Trazer informações e reflexões sobre o trabalho infantil bem como suas consequências na trajetória de crianças e adolescentes constitui-se o objetivo desse estudo, que procura identificar os aspectos necessários para sensibilizar a sociedade na busca de ações concretas para erradicar o trabalho infantil, que tem roubado a infância de crianças e adolescentes. Constituído por pesquisa bibliográfica, o trabalho buscou autores e documentos que embasassem a temática, trazendo subsídios capazes de enriquecer as discussões e comprovar os fatos que envolvem essa problemática. Respeitando as leis de apoio, crianças e adolescentes podem ter uma vida digna, tendo seus direitos a educação, saúde, segurança e alimentação garantidos. PALAVRAS-CHAVE: Trabalho Infantil; Criança e Adolescente; ECA; Direitos. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Mapa da localização do Município de Capim Grosso .......................................... FIGURA 2– Informações básicas de referência sobre crianças e adolescentes ocupados...... FIGURA 3 – Centros socioassistenciais do município de Capim Grosso- BA.......................... FIGURA 4 - Crianças e adolescentes ocupados e número de aprendizes............................. FIGURA 5 – Ações fiscais do Ministério do Trabalho e Previdência Social........................... FIGURA 6 - Panorama Brasil Trabalho Infantil – Crianças e Adolescentes de 5 a 17 anos por região......................................................................................................................................... LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CLT - Consolidação das Leis do Trabalho CM – Código de Menores CONAETI – Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente IBGE – Instituto Brasileiro de geografia e Estatística IPEC - Programa Internacional para Erradicação do Trabalho Infantil MTE – Ministério do Trabalho OIT – Organização Internacional do Trabalho ONU – Organização das Nações Unidas PNAD - Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios PNADC - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua RAIS - Relação Anual de Informações Sociais SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). SGD - Sistema de Garantia de Direitos SITI - Sistema de Informações sobre Focos de Trabalho Infantil no Brasil TIP - Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil. SUMÁRIO 1 NOTAS INTRODUTÓRIAS .................................................................................... 09 2 DESENVOLVIMENTO............................................................................................10 2.1 Conceito de Trabalho Infantil................................................................................10 2.2. História dos direitos trabalhista do menor...........................................................11 2.3 Marco Legal .........................................................................................................13 3 O TRABALHO INFANTIL AO REDOR DO MUNDO..............................................18 3.1 O trabalho infantil no Brasil..................................................................................18 3.2 O Trabalho Infantil na Bahia.................................................................................20 4 O TRABALHO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE CAPIM GROSSO- BA..................21 4.1 Caracterização do município................................................................................21 4.2 Dados do trabalho infantil no município de Capim Grosso-BA............................22 5 AÇÕES PARA A ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL............................23 5.1 O que ainda pode ser efeito para a erradicação do trabalho infantil...................24 6 DIAGNÓSTICO: ANÁLISE SITUACIONAL DO TRABALHO INFANTIL NO BRASIL......................................................................................................................25 7 COMPROMISSO BRASILEIRO NA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL...................................................................................................................27 7.1 Como proteger a criança do trabalho precoce?...................................................27 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................28 REFERÊNCIAS.........................................................................................................30 ANEXOS....................................................................................................................32 9 1. NOTAS INTRODUTÓRIAS Trabalho infantil é toda e qualquer atividade realizada por crianças e adolescentes com idade inferior a 16 anos. Essa é a regra geral no ordenamento jurídico brasileiro,prevista no artigo 7º, inciso XXXIII da Constituição da República e que define o conceito de trabalho infantil. O presente trabalho aborda o conceito de trabalho infantil e suas raízes, tanto no Brasil como ao redor do mundo, podendo esclarecer onde, quando, como e o porquê tudo isso começou. Também serão abordados os princípios relacionados a esse assunto, como o da dignidade da pessoa humana, por exemplo. Princípios estes previstos na Constituição Federal (1988), a lei máxima e determinada entre todos os cidadãos e no Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), no qual dispõe sobre a integral proteção dos menores. A pesquisa tem como objetivo geral analisar o trabalho infantil no Brasil, buscando identificar como tem sido tratada a questão da exploração de crianças no trabalho e os aspectos necessários para a sua erradicação; os objetivos específicos são promover a reflexão sobre o trabalho infantil no Brasil, identificar as causas e consequências do trabalho infantil e pesquisar as estratégias de erradicação do trabalho infantil no Brasil. A escolha do tema “Infância perdida – Retratos do trabalho infantil no Brasil” justifica-se pela necessidade de compreender as razões que ainda levam crianças e adolescentes a realizarem trabalhos que lhes exploram e roubam de sua infância os direitos a educação e a brincadeira. O objeto de estudo constitui-se em problemática social em flagrante contraste com os direitos humanos consagrados universalmente, e no Brasil, vincula-se diretamente ao Estatuto da Criança e do Adolescente e à Constituição Federal Brasileira. Quanto aos métodos de procedimentos operacionais (técnicas), que compreendem as estratégias de coletas de dados, lançará mão dos seguintes instrumentos: pesquisa em meio eletrônico via Internet em documentos oficiais, publicações de ONGs voltadas para a problemática do trabalho infantil, estudos realizados pelos institutos de pesquisa oficiais, visitas a sites da UNESCO, OIT, Ministério Público do Trabalho, etc. Pesquisa bibliográfica, consultas ao Estatuto da 10 Criança e do Adolescente, Constituição Federal Brasileira, artigos científicos, revistas especializadas, livros, jornais, informativos, folhetos, etc.). A estrutura da pesquisa está assim distribuída: 1. Introdução – onde é demonstrada a composição do trabalho, o tema, o objetivo, a justificativa, a problemática, a metodologia e a relevância da pesquisa; 2. Desenvolvimento – Onde se discorrem temáticas, como: O conceito de trabalho infantil; O trabalho infantil ao redor do mundo; O Trabalho infantil no município de Capim Grosso/BA; Ações para a erradicação do trabalho infantil; Diagnóstico: análise situacional do trabalho infantil no Brasil; Compromisso brasileiro na erradicação do trabalho infantil; Considerações Finais – onde sintetizamos os resultados da pesquisa. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Conceito de trabalho infantil O termo “trabalho infantil” refere-se às atividades econômicas e/ou atividades de sobrevivência, com ou sem finalidade de lucro, remuneradas ou não, realizadas por crianças ou adolescentes em idade inferior a 16 (dezesseis) anos, ressalvada a condição de aprendiz a partir dos 14 (quatorze) anos, independentemente da sua condição ocupacional. Destaca-se que toda atividade realizada por adolescente trabalhador, que, por sua natureza ou pelas circunstâncias em que é executada, possa prejudicar o seu desenvolvimento físico, psicológico, social e moral, se enquadra na definição de trabalho infantil e é proibida para pessoas com idade abaixo de 18 (dezoito) anos. A exceção prevista é o trabalho na condição de aprendiz a partir dos 14 anos de idade. Por se tratar de uma excepcionalidade, o contrato de aprendizagem requer algumas condições que asseguram a formação educacional pelo e com o trabalho, evitando que, por meio de um artifício legal, o trabalho de quem ainda tem menos de 16 anos seja explorado. Mesmo com essa proibição, o Brasil conta com cerca de três milhões e setecentos mil pequenos trabalhadores, que integram a população de cerca de duzentos e quinze milhões de crianças que trabalham ao redor do mundo. 11 No plano internacional, além de sistemas normativos de proteção específicos, como as Convenções 138 e 182, estabelecendo, respectivamente, a idade mínima em que se tolera o trabalho e suas piores formas, a Organização Internacional do Trabalho – OIT desenvolve o Programa Internacional para Erradicação do Trabalho Infantil (IPEC). O trabalho nas piores formas, conforme previstas pela Convenção 182 da OIT, é considerado trabalho infantil, mesmo que o trabalhador conte com idade até 18 anos. No Brasil, essa Convenção encontra-se regulamentada pelo Decreto 6481/2008, que inclui, entre as piores formas, o trabalho doméstico. O trabalho doméstico no Brasil, portanto, só é permitido a partir dos dezoito anos. A proibição do trabalho precoce tem razões que vão muito além da mera questão legal, de regulamentação ou da proteção jurídica, porque estão relacionadas com a necessidade de assegurar a plenitude da infância para todas as crianças. O cansaço físico gerado pelo trabalho leva a um baixo rendimento escolar e dificuldade de aprendizagem, além de roubar a possibilidade do brincar, que é muito mais do que uma atividade de lazer: é o momento em que a criança constrói um mundo seu e interage com seus iguais para projetar sua personalidade futura. O trabalho precoce determina uma deturpação no desenvolvimento psicológico, gerando baixa autoestima, autoimagem negativa e frustrações que podem levar ao consumo de drogas, álcool e condutas violentas. A criança que trabalha, normalmente, tem pais que foram trabalhadores precoces e, por isso, analfabetos, sem qualificação para competir no mercado de trabalho, desempregados ou que recebem salários indignos e estão na informalidade ou no subemprego. As políticas de distribuição de renda do governo federal minimizam os efeitos do problema, mas estão muito longe de ser uma solução ou a resposta necessária para uma sociedade mais justa e igual. É, portanto, um problema social, econômico e político. 2.2 História dos direitos trabalhista do menor Baseado nos ensinamentos de Tavares (2001) pode-se verificar que nos povos antigos, os filhos menores sequer eram considerados sujeitos de direito, mas sim, servos da autoridade paterna. O filho vivia sob o poder absoluto do seu senhor, como 12 coisa de sua propriedade, sendo objeto de direito e não sujeito de direito. De acordo com Vianna (2004) “o trabalho infantil ficou visível na Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra, no século XVIII, onde os menores começavam a trabalhar por volta dos seis anos de idade, com funções extenuantes, sem repouso e recebendo cerca de ¼ do salário garantido a um adulto.” Em 1802, no Reino Unido, foi criada a primeira lei de proteção ao trabalho do menor, que definiu como idade mínima para o trabalho a de oito anos e proibiu o trabalho noturno ao menor. No entanto, longe das zonas industriais, as crianças se ocupavam da agricultura e dos trabalhos domésticos. Ao tratar sobre a evolução do direito do menor, Tavares (2001) especificou os grandes avanços que ocorreram, sendo que no Brasil, o Decreto nº. 1313, de 1891, limitou a idade mínima para o trabalho do menor em doze anos, admitindo, porém, o trabalho do menor a partir dos oito anos, na função de aprendiz, nas fábricas de tecidos. O limite da jornada de trabalho era de sete horas diárias para o trabalhador menor de quatorze anos e de nove horas para o trabalhador que possuísse entre quatorze e dezoito anos. Já em 1917, esse limite foi unificado em seis horas diárias. Mas foi em 1924 em Genebra, na Suíça, que a Liga das Nações deu o ponto de partida para o avanço dos direitos infantis, com a Declaração dos Direitos da Criança. Em1948, ao publicar a Declaração dosDireitos Humanos, a ONU ampliou tais direitos. O maior avanço mundial em relação aos direitos trabalhistas do menor ocorreu no ano de 1959 quando a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou a Declaração Universal dos Direitos da Criança, que foi adotada como lei em quase todas as nações filiadas à ONU. A referida Declaração, em seu artigo nove, define que: A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono, crueldade e exploração. Não será objeto de nenhum tipo de tráfico, bem como, não se deverá permitir que a criança trabalhe antes de uma idade mínima adequada; em caso algum será permitido que a criança se dedique, ou a ela se imponha qualquer ocupação ou emprego que possa prejudicar sua saúde ou sua educação, ou impedir seu desenvolvimento físico, mental ou moral. A mesma Organização, na Convenção das Nações Unidas sobre os direitos da criança e do adolescente, que ocorreu em 20 de novembro de 1989, publicou documento, que em seu artigo 32 prevê a obrigatoriedade de o Estado proteger a criança do trabalho que constitui uma ameaça à sua saúde, educação e ao seu desenvolvimento, estabelecendo idades mínimas para a admissão em emprego e 13 regulamentação das condições permitidas para o trabalho do menor. 2.3 Marco legal O Estatuto da Criança e do Adolescente vislumbra educação em seu sentido mais amplo, englobando o ensino regular e atividades educativas informais. A Constituição Federal define ainda, a necessidade da educação para o trabalho. A lei cita o termo ensino metódico, que deve ser ministrado em entidades apropriadas, como os SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). O Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 53 prevê os direitos da criança e do adolescente, da seguinte forma: A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-lhes: I- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II- direito de ser respeitado por seus educadores; III- direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV- direito de organização e participação em entidades estudantis; V- acesso à escola, pública e gratuita próxima de sua residência. O Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 54 define os deveres do Estado em relação à criança e ao adolescente: É dever do Estado, assegurar à criança e ao adolescente: I- Ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiverem acesso na idade própria; II- progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade do ensino médio; III- atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV- atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; V- acesso aos níveis mais elevados de ensino, de pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI- oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador; VII- atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático- escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. Parágrafo 1º- O acesso ao ensino público e gratuito é direito público subjetivo; Parágrafo 2º- O não- oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente. A legislação brasileira, a respeito do trabalho infantil, orienta-se pelos princípios estabelecidos na Constituição Federal de 1988, que estão harmonizados com as 14 disposições da Convenção dos Direitos da Criança, da Organização das Nações Unidas (ONU) e das Convenções nº138 e 182 da OIT. Na Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente, de 1989, da ONU, ficou estabelecida a proibição de qualquer tipo de exploração econômica de crianças, considerando como exploração qualquer espécie de trabalho que prejudique a escolaridade básica. A Convenção nº138, de 1973, ratificada pelo Brasil em 28 de junho de 2001, estabelece que todo país que for signatário dos termos ali estabelecidos deve especificar, em declaração, a idade mínima para admissão ao emprego ou trabalho em qualquer ocupação, ao não admitir nenhuma pessoa com idade inferior à definida em qualquer espécie de trabalho. Em 1999, a OIT aprovou a Convenção nº182 sobre as piores formas de trabalho infantil que, assim como a Convenção nº138, faz parte da lista de oito Convenções Fundamentais que integram a Declaração de Princípios Fundamentais e Direitos no Trabalho da OIT (1998) com o propósito de suplementar e priorizar os esforços de erradicação e prevenção do trabalho infantil. A Convenção nº182, ratificada pelo Brasil em 2 de fevereiro de 2000, nasceu da consciência de que, embora todas as formas de trabalho infantil sejam indesejáveis, algumas são hoje absolutamente intoleráveis. Promulgada a nova Constituição Federal, em 1988, iniciou-se a elaboração do ECA, aprovado dois anos depois. Estavam dadas as condições sociais e legais mínimas para a introdução de um novo paradigma de abordagem do trabalho infantil no país. A partir da década de 1990, o tema do trabalho infantil passou a ocupar lugar de destaque na agenda nacional. A mídia passou a tratá-lo de maneira mais crítica. Pesquisadores se dedicaram a estudá-lo, o que gerou uma reflexão teórica e histórica. O fenômeno também passou a ser pauta de diversas políticas públicas. Contudo, a observação do nosso entorno reflete a forte existência de elementos do velho paradigma. Mesmo depois de muitos anos de luta contra o trabalho infantil, a mentalidade que, durante séculos, levou crianças ao trabalho precoce ainda está presente em muitos setores da sociedade brasileira. Crianças e adolescentes submetidos à criminalidade, ao narcotráfico, à exploração sexual e a condições análogas à escravidão, dentre outras atividades classificadas como as piores formas de trabalho 15 infantil, revelam a persistência de uma mentalidade perversa no país, capaz de negar a condição de ser humano às novas gerações de cidadãos e cidadãs. Segundo a Constituição Brasileira de 1988, é proibido qualquer tipo de trabalho até os 16 anos. A única exceção, a partir dos 14 anos, são as atividades remuneradas na condição de aprendiz, com formação técnico-profissional, frequência à escola, carteira assinada e direitos trabalhistas garantidos. Até os 18 anos são proibidos os trabalhos insalubres, perigosos ou noturnos. A Constituição também diz que é dever da família, sociedade e Estado assegurar à criança e ao adolescente o seu direito à vida e o seu bem-estar, além de protegê-los das violações. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, assegura a proteção integral à população infanto-juvenil e a prioridade absoluta dessa faixa etária. O ECA reforça as regras colocadas na Constituição a respeito do trabalho infantil. As normas que tratam das questões trabalhistas no país também determinam que está proibido o trabalho para pessoas menores de 16 anos no Brasil: Art. 403. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos. As Convenções Internacionais são instrumentos decisivos para a garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes ao redor do mundo. As mais especificamente voltadas para a prevenção e eliminação do trabalho infantil são as Convenções 138 e 182 da OIT. As Convenções 29 e 105 da OIT sobre trabalho forçado, e outros instrumentos da Organização das Nações Unidas (ONU) que tratam da proteção integral das crianças também estabelecem obrigações de proteção integral contra a exploração da criança e do adolescente.A Convenção 138, adotada em 1973, estabelece diretrizes para a idade mínima para admissão ao trabalho. Diz em seu Artigo 1°: Todo Estado-membro, no qual vigore esta Convenção, compromete-se a seguir uma política nacional que assegure a efetiva abolição do trabalho infantil e eleve, progressivamente, a idade mínima de admissão a emprego ou a trabalho a um nível adequado ao pleno desenvolvimento físico e mental dos adolescentes. Em complemento a essa Convenção, considerando a necessidade de adotar novos instrumentos para proibição e eliminação das piores formas de trabalho infantil como a principal prioridade de ação nacional e internacional, é adotada, em 1999, a 16 Convenção 182, sendo citada como Convenção sobre as Piores Formas de Trabalho Infantil. Em atenção a essas Convenções da OIT, o Brasil publicou o Decreto nº 6.481 de 12 de junho de 2008, trazendo a lista de quais as ocupações são proibidas para as pessoas com menos de 18 anos de idade, sendo conhecida como Lista TIP – Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil. O ECA é considerado um marco na proteção da infância e tem como base a doutrina de proteção integral, reforçando a ideia de “prioridade absoluta”, inspirado pelas diretrizes fornecidas pela Constituição Federal de 1988, que determina que haja prioridade absoluta na proteção da infância e na garantia de seus direitos, não só por parte do Estado, mas também da família e da sociedade. O ECA traz uma mudança de mentalidade da sociedade e paradigmas em relação às crianças e adolescentes, pois trata dos direitos conferidos a todas as classes sociais. O CM (Código de menores) era dedicado àqueles em “situação irregular”, com caráter discriminatório, associando a pobreza à delinquência, encobrindo as reais causas das dificuldades vividas por esse público, a desigualdade de renda e a falta de alternativas de vida. O reconhecimento da criança como um sujeito de direitos é um passo enorme para proteção daqueles que estão vulnerabilizados pela sua violação. Com isso, a expressão “menor” também foi substituída por “criança e adolescente”, para negar o conceito de incapacidade na infância, uma vez que “menor” está ligado a “não ter” 18 anos. “O respeito aos direitos humanos fundamentais das crianças e adolescentes e o combate ao trabalho infantil é um desafio de todos, principalmente do Estado Brasileiro.” “Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho…” “Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade.” Após a Emenda Constitucional 98, ficou estabelecida a proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. O ECA não incorporou a alteração, mas a Constituição Federal, que está no topo da hierarquia das leis, é o que prevalece. “Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.” http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/trabalho-infantil/motivos/ 17 A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), entre os artigos 402 e 441, estabelece as condições para a atuação profissional de jovens de 14 anos a 17 anos no Brasil. E inclui redações dadas por outros textos legais, como a Lei do Aprendiz (10.097/2000) e o decreto federal e 5.598/2005. Art. 62. Considera-se aprendizagem a ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor. “Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios: I – garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular; II – atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente; III – horário especial para o exercício das atividades. As formações técnico-profissionais, descritas no decreto federal 5.598/2005, são realizadas por programas de aprendizagem desenvolvidos por entidades do Sistema Nacional de Aprendizagem: SENAI, SENAC, SENAR, SENAT e SESCOOP. Quando o jovem não tem acesso a essas instituições, a lei aceita programas oferecidos por escolas técnicas e entidades sem fins lucrativos que prestem assistência ao adolescente e à educação profissional, desde que registradas nos conselhos municipais dos direitos da criança e do adolescente. “Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem.” Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários. Em outras palavras, o trabalho deve observar que o adolescente está em processo de formação em todos os aspectos (fisiológicos, psicológicos e sociais). Já a capacitação adequada, como ocorre nos cursos de formação de aprendizagem, deve se destinar ao desenvolvimento profissional do jovem, considerando seu direito de inserção no mercado de trabalho. Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros: I – respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; II – capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. Colocar os direitos de crianças e adolescentes como ações prioritárias no campo das políticas públicas faz parte da agenda dos direitos humanos, que permitiram ver, além do olhar triste e resignado, uma possibilidade de resgatar uma “infância perdida” porque não basta apenas indignar-se, é preciso agir! 18 3. O TRABALHO INFANTIL AO REDOR DO MUNDO Em nível mundial, embora as estatísticas mostrem que o número de crianças trabalhando tenha diminuído em 47 milhões entre 2008 e 2012, o trabalho infantil permanece comum e tem crescido no setor de serviços, saltando de 26% para 32% no mesmo período. Esse resultado mostra que a mão de obra infantil é utilizada fora da agricultura, principalmente em países como Brasil, México e Indonésia. A OIT tem uma classificação das piores formas de trabalho infantil. A Convenção 182, adotada por diversos países, define as atividades que mais oferecem riscos à saúde, ao desenvolvimento e à moral das crianças e adolescentes. Entre elas, estão o trabalho nas ruas, em carvoarias e lixões, na agricultura, com exposição a agrotóxicos e o trabalho doméstico. Segundo a INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION: Em 2016, 152 milhões de crianças entre 5 e 17 anos eram vítimas de trabalho infantil no mundo - 88 milhões de meninos e 64 milhões de meninas. Quase metade dessas crianças (73 milhões) realizavam formas perigosas de trabalho, sendo que 19 milhões delas tinham menos de 12 anos de idade. O maior número de crianças vítimas de trabalho infantil foi encontrado na África (72,1 milhões), seguida da Ásia e do Pacífico (62 milhões), das Américas (10,7 milhões), da Europa e da Ásia Central (5,5 milhões) e dos Estados Árabes (1,2 milhões). O trabalho infantil está concentrado principalmente na agricultura (71%), seguida do setor de serviços (17%) e do setor industrial (12%). O fato de que a maior parte (58%) das crianças vítimas de trabalho infantil eram meninos pode refletir uma subnotificação do trabalho infantil entre as meninas, principalmente com relação ao trabalho doméstico infantil. 3.1 O trabalho infantil no Brasil O Brasil tem avanços significativos no combate ao trabalho infantil, dentre esses, a ratificação das convenções da OIT número 138, sobre a idade mínima, e a número 182, sobre as piores formas de trabalho infantil. Mesmo assim, o problema ainda é muito sério. De acordo com os dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil são mais de 3,4 milhões de crianças e adolescentes, entre 10 e 17 anos, em situação de trabalho. https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/trabalho-infantil/estatisticas/https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/trabalho-infantil/piores-formas/ http://www.oitbrasil.org.br/node/518 19 Na Região Nordeste é mais de um milhão nessa mesma faixa etária, sendo a região com maior número de crianças entre 10 a 13 anos nessa situação, faixa etária que não deve ser admitida em situação de trabalho sob nenhuma hipótese. Essa realidade é encontrada em várias áreas, como setores agrícolas, de serviços, de comércio, de produção de manufaturas, de construção civil e no trabalho doméstico. Além disso, o trabalho de meninos e meninas é diferente. A maioria dos meninos trabalha no campo e na cidade, enquanto a maioria das meninas é de trabalhadoras domésticas. O trabalho infantil também afeta mais crianças e adolescentes negros que os não negros. De acordo o IBGE, 2.778 milhões de adolescentes de 14 a 17 anos estavam em situação de trabalho no Brasil em 2014. Porém, apenas 503 mil estavam no trabalho permitido por lei, sendo 212 mil na condição de aprendiz e outros 291 mil como empregados não aprendizes. Os demais (82%) estavam trabalhando sem proteção social, fora da escola e/ou nas piores formas de trabalho infantil. A contratação de aprendizes é uma política pública fundamental para o combate ao trabalho infantil. O adolescente que hoje está em situação de trabalho desprotegido, se for contratado com aprendiz, terá assegurados os direitos à educação, à profissionalização e à proteção social: educação, porque a frequência escolar é obrigatória até concluir o ensino médio; profissionalização, porque ele deve ser matriculado em curso de aprendizagem profissional; proteção social, porque ele tem direito à carteira assinada, com garantia de todos os direitos trabalhistas e previdenciários assegurados aos demais empregados. Infelizmente, as maiorias dos adolescentes que hoje trabalham têm esses direitos violados. Conforme o PNAD 2015, Entre 1992 e 2015, 5,7 milhões crianças e adolescentes deixaram de trabalhar no Brasil, o que significou uma redução de 68%. Entretanto, ainda há 2,7 milhões de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no país. 59% das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil são meninos e 41% são meninas. A maioria da população ocupada entre cinco e 17 anos está nas regiões Nordeste (852 mil) e Sudeste (854 mil), seguidas das regiões Sul (432 mil), Norte (311 mil) e Centro-Oeste (223 mil). Todas as regiões apresentam maior incidência de trabalho infantil em atividades que não são agrícolas, exceto a região Norte. https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/legislacao/eca-e-outras-leis/ https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/trabalho-infantil/piores-formas/ 20 A maior concentração de trabalho infantil está na faixa etária de 14 a 17 anos (83,7%). O trabalho infantil entre crianças de cinco a nove anos aumentou 12,3% entre 2014 e 2015, passando de 70 mil para 79 mil. O trabalho infantil é causa e efeito da pobreza e da ausência de oportunidades para desenvolver capacidades. Ele impacta o nível de desenvolvimento das nações e, muitas vezes, leva ao trabalho forçado na vida adulta. Por todas essas razões, a eliminação do trabalho infantil é uma das prioridades da OIT. 3.2 O Trabalho Infantil na Bahia O trabalho infantil diminuiu na Bahia, tomando como referência o último censo do IBGE de 2010. Essa trajetória de declínio é resultado de um novo modelo de desenvolvimento, baseado na distribuição, implementação de políticas públicas e um importante movimento da sociedade civil. Apesar desse declínio, os esforços para a Erradicação do Trabalho Infantil não devem diminuir e, no Estado da Bahia, é necessário estar atentos a algumas especificidades ainda mais preocupantes, relacionadas com as atividades agrícolas e com trabalho doméstico. Isso mostra a necessidade de continuar a mobilização social no sentido de garantir trabalho decente para os jovens e a Erradicação do Trabalho Infantil no Estado, buscando e promovendo parcerias e políticas públicas com esse foco. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) propõe a estruturação de um Sistema de Garantia de Direitos (SGD) que estabelece um novo modelo nos campos jurídico e social, criando normas legitimadas pelos envolvidos no SGD, que assegurem a efetividade dos direitos de crianças e adolescentes. Esse sistema deve ser entendido como um conjunto ordenado de atores e instituições responsáveis pela garantia e operacionalização desses direitos, ou seja, além de garantir a sua existência, proporcionar que esse sistema funcione. O SGD define papéis e responsabilidades pessoais, familiares, profissionais e institucionais em diferentes níveis e âmbitos: executivo, legislativo, judiciário; governo e sociedade; e as esferas de poder federal, estadual e municipal. O sentido é garantir que não haja violação dos direitos das crianças e dos adolescentes. Assim, o SGD promove e concretiza os direitos previstos em lei, tornando operativas as políticas públicas de atendimento à criança e ao adolescente, cuja 21 execução deve ser feita de forma articulada e integrada, formando uma rede para uma atuação em parceria. 4. O TRABALHO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE CAPIM GROSSO- BA 4.1 Caracterização do município Capim Grosso é um município brasileiro do estado da Bahia. Sua população foi estimada em 30 662habitantes, conforme dados do IBGE de 2019, sendo o terceiro maior município da microrregião de Jacobina. A cidade encontra-se posicionada numa excelente localização geográfica no cruzamento das BRs 407 e 324 que fazem a ligação entre a capital do estado da Bahia, Salvador, com a região central da Bahia e com as regiões oeste da Bahia e norte do país. O município é banhado pelas Barragens do Distrito de Pedras Altas e do município de São José do Jacuípe que atualmente abastece vinte e três municípios e mais de uma centena de localidades. A barragem está implantada no rio Itapicuru – Mirim. O sistema principal é vinculado a nove subsistemas, que atendem os municípios de Capim Grosso, São José do Jacuípe, Capela do Alto Alegre/Pintadas; Gavião; São Domingos/Ouro Verde/Santa Rita/de Valente; Nova Fátima; Barreiros/Terra Branca/Peões; Pé de Serra/Tabuleiro de Santo Agostinho/ SAA de Aparecida; Riachão do Jacuípe/Chapada/Itamar/Ichu/Candeal. A atividade econômica se concentra em atividades de comércio e prestação de serviços. Destacam-se os serviços automotivos devido ao grande fluxo de veículos que transitam pelas rodovias que cortam a cidade. O comércio tem maior movimento às segundas-feiras dia no qual se realiza a maior feira livre da região. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica registrado no município em 2017 foi de 4,4 pontos, superando a meta estabelecida de 4,2 e em ascensão, desde 2005. (Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre). https://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpio https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Bahia https://pt.wikipedia.org/wiki/Microrregi%C3%A3o_de_jacobina https://pt.wikipedia.org/wiki/BR-407 https://pt.wikipedia.org/wiki/BR-324 https://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_(Bahia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_Desenvolvimento_da_Educa%C3%A7%C3%A3o_B%C3%A1sica 22 4.2 Dados do trabalho infantil no município de Capim Grosso-BA A partir dos dados do Censo 2010, o município de Capim Grosso apresentava 432 crianças e adolescentes entre 10 e 15 anos ocupados. Isso corresponde a 14,4% da população nessa mesma faixa etária (Taxa de ocupação). Os dados indicam que mais da metade (51,9%) das crianças e adolescentes ocupados desse contingente (10 a 15 anos) tinham entre 10 e 13 anos. Em relação ao local de residência, 53,4% do total de crianças e adolescentes ocupados e 10 a 15 anos residiam em áreas urbanas.Um dado que chama a atenção e o número de crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos ocupados no trabalho doméstico (47), o que corresponde a 5,6% da população total ocupada nessa faixa etária. De acordo com o Decreto n° 6.481 de 2008, o trabalho infantil doméstico se enquadra como das Piores Formas de Trabalho Infantil e por essa razão, não e permitido para crianças e adolescentes abaixo de 18 anos. O eixo de proteção social busca promover ações integradas entre os serviços socioassistenciais e ações da rede de políticas setoriais de saúde, de educação, do trabalho, de cultura, de esporte e de lazer para atendimento integral às crianças e aos adolescentes identificados em situação de trabalho infantil e às suas famílias, registradas no Cadastro Único. Com base nas informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do MT, o município não possuía aprendizes contratados no ano de 2015. O Censo 2010 registrava 207 crianças e adolescentes ocupados entre 14 e 15 anos de idade, sendo que nesta idade, segundo a legislação nacional, o trabalho é permitido apenas na condição de aprendiz. Mesmo tratando-se de informações referentes a períodos distintos, nesse município não havia aprendiz, indicando, portanto, que o total das crianças e adolescentes ocupados nessa faixa etária encontrava-se em situação irregular de trabalho. Ainda de acordo com o Censo 2010, na faixa etária entre 16 e 17 anos, 406 adolescentes estavam ocupados na semana de referência, embora as informações da RAIS apontem que nenhum era contratado na condição de aprendiz. É importante ressaltar que a aprendizagem não é a única modalidade de ocupação permitida em lei para essa faixa etária. Por outro lado, também não é possível afirmar com base nesses dados que o restante das pessoas ocupadas nesse grupo esteja contratado 23 dentro da legalidade, considerando especialmente as Piores Formas de Trabalho Infantil, que são vedadas a menores de 18 anos. Conforme dados do Sistema de Informações sobre Focos de Trabalho Infantil no Brasil (SITI), do MT, foram realizadas 25 ações de fiscalização no município entre jan./2012 e dez/2016. Por meio destas, foram localizadas 4 crianças e adolescentes, de 0 a 17 anos, em situação irregular de trabalho, com predomínio para a faixa etária de 16 e 17 anos (3). A atividade de Trabalho de manutenção, limpeza, lavagem ou lubrificação de veículos... Foi aquela que mais absorveu crianças e adolescentes (3) nas atividades da lista TIP (Piores Formas). Além de fornecer dados atualizados, as informações do SITI são estratégicas na identificação dos focos de trabalho infantil e características das crianças e adolescentes afastadas de situações irregulares. 5. AÇÕES PARA A ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL Desde a década de 1990, uma série de ações de combate ao trabalho infantil foram responsáveis por uma considerável redução do problema. A principal política pública do governo federal nessa área é o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), criado em 1996, como resultado da mobilização social. Ele é baseado no seguinte tripé: transferência de renda para as famílias de crianças e adolescentes em situação de trabalho; atividades de lazer, esportivas, culturais e de reforço escolar no contra turno escolar; e ações socioeducativas e de geração de renda para as famílias. Em 2005, integrou-se ao Bolsa Família. Outro ponto forte são as ações de fiscalização do trabalho, realizadas no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). De 2005 a 2012, foram mais de 21 mil ações, que afastaram mais de 43 mil crianças e adolescentes de situações irregulares de trabalho. O MTE também instituiu a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (CONAETI) em 2002, formado por diversas organizações governamentais e não governamentais. A comissão foi responsável por coordenar a elaboração do primeiro e do segundo Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente, além de zelar pelo cumprimento desses planos, fazer sua avaliação e revisão. 24 5.1 O que ainda pode ser efeito para a erradicação do trabalho infantil O trabalho infantil é um problema complexo e multifacetado, que requer uma série de medidas para ser erradicado, muitas delas gerais e outras específicas para cada tipo de atividade. Entre as mais abrangentes, podemos destacar: Melhor articulação entre as políticas públicas existentes em diferentes áreas (educação, saúde, assistência social, trabalho, direitos humanos, esporte, justiça), e maior interação entre os órgãos públicos nos vários níveis da administração, municipal, estadual e federal, assim como com a sociedade civil; Educação pública de qualidade e em tempo integral para todos e todas, que leve em conta o contexto social e cultural. Uma escola atraente, acolhedora, que encante meninos e meninas e promova uma educação completa, com atividades esportivas, culturais, de lazer; Atendimento permanente às famílias, no sentido de favorecer que elas busquem autonomia, qualificação profissional e sejam incluídas em programas de geração de renda; Distribuição de renda, por meio do aumento do salário mínimo; Participação de crianças e adolescentes nesse debate, consultando-os na tomada de decisões que lhes dizem respeito, ouvindo seus anseios e levando em conta suas opiniões na elaboração e na avaliação de políticas públicas voltadas a essa faixa etária, com todos os devidos cuidados e a proteção necessária; Ações de inserção digna e ativa no mundo do trabalho, iniciativas para a transição entre escola e mercado com foco em oportunidades de trabalho decente em diversas modalidades (emprego assalariado, economia solidária, emprego rural, associativismo, cooperativismo e empreendedorismo); Responsabilização de empresas que se beneficiem do trabalho infantil em alguma etapa de suas cadeias produtivas. Muitas vezes elas compram dos pequenos produtores sem levar em conta as condições dessa produção. Uma das medidas nesse sentido pode ser a suspensão do financiamento público a essas empresas; Campanhas educativas que desnaturalizem o trabalho infantil, esclareçam e sensibilizem a população, mostrando seus malefícios, e busquem provocar uma mudança cultural em relação a essa questão. 25 6. DIAGNÓSTICO: ANÁLISE SITUACIONAL DO TRABALHO INFANTIL NO BRASIL A temática trabalho infantil é um desafio para as políticas públicas no Brasil. O compromisso internacionalmente assumido na Agenda 2030 exige esforços e ações redobradas para eliminar todas as formas de trabalho infantil no país. Apesar de uma redução relevante no índice de crianças e adolescentes trabalhando no país, a situação permanece crítica. Observando-se os dados recentes da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD), elaborada pelo IBGE, o quantitativo de crianças e adolescentes identificados como ocupados reduziu nos últimos 23 anos. De 1992 a 2015, houve uma redução de 65,62% no número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. Em números absolutos, isso equivale a uma redução de 5.101 milhões de casos (de 7,8 milhões, em 1992, para 2,7 milhões, em 2015). Entretanto, ainda há um número elevado de crianças e adolescentes nessa situação no país. Faz-se necessário, portanto, conhecer o perfil e as características desse público, para criar indicadores e estratégias que orientem o combate ao trabalho infantil e a proteção ao adolescente trabalhador. Nesse sentido, informações da PNAD como escolaridade, idade e cor ou raça propiciam subsídios para elaboração de ações e/ou políticas de trabalho decente e para a eliminação das piores formas de trabalho infantil. É importante ressaltar que as atuais informações estatísticas analisadas neste plano são baseadas na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNADC 2016. Oconceito de “trabalho infantil” foi modificado nessa PNADC para adequá-lo a padrões internacionais. Isso ocasionou alteração substancial no número de crianças e adolescentes em trabalho infantil em relação à PNAD 2015, que utilizava a antiga metodologia. Tal alteração tem, pois, fundamento na mudança de metodologia, uma vez que, em 2015, o IBGE encerrou uma série histórica do Informativo de Trabalho Infantil, buscando aproximar os dados estatísticos brasileiros dos parâmetros internacionalmente divulgados. Nesse sentido, no relatório de apresentação da PNADC 2016, divulgado pelo IBGE, uma parcela dos dados, antes considerados como trabalho infantil até a PNAD 2015, passou a ser apresentada como “outras formas de trabalho”, o que inclui a categoria: “produção para próprio consumo”. Portanto, para fins estatísticos deste 26 Plano, serão considerados não somente os dados da categoria “trabalho infantil”, assim definido pelo IBGE, mas também a população de crianças e adolescentes na categoria “produção para próprio consumo”, uma vez que, neste Plano, busca-se a erradicação do trabalho infantil, tal como aqui conceituado. Nessa perspectiva, no Brasil, em 2016, segundo dados da PNAD Contínua, de um total de 40,1 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, 1,8 milhões estavam no mercado de trabalho. Isso significa dizer que a taxa de trabalho infantil no Brasil, em 2016, era de 4,6%. Porém, considerando a “produção para o próprio consumo”, 716 mil crianças de 5 a 17 anos também realizaram trabalhos. Destaca-se que, para fins deste Plano, 2 milhões 390 mil crianças aproximadamente estavam no mercado de trabalho, o que implica uma taxa de trabalho infantil de 5,96%. Sobre a tabela 1(em anexo), vale explicar que a soma dos números da coluna de crianças e adolescentes ocupados com os números da coluna “próprio uso” não coincidem com o quantitativo da coluna “todos em trabalho infantil”. Isso se deve ao fato de que há intersecção entre os dados, uma vez que uma mesma criança, segundo questionário do IBGE, poderia se enquadrar tanto na situação de ocupação quanto na de próprio uso. Dito isso, vale destacar que a tabela 1(em anexo) demonstra que, dentre os adolescentes de 16 e 17 anos, 1,3 milhões estavam em situação de trabalho irregular. Ou seja, dos 2.390.846 crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, 57,07% têm 16 ou 17 anos. Por sua vez, de 14 e 15 anos, aproximadamente, 575 mil encontravam-se em trabalho infantil em 2016 (24,05%). Já no grupo de 10 a 13 anos, eram, aproximadamente, 374 mil (14,51% do total do trabalho infantil se encontra nessa faixa etária) e, entre as de 5 a 9 anos, notou-se um quantitativo aproximado de 104 mil crianças em trabalho infantil (4,35%). Do total de crianças e adolescentes que estavam no mercado de trabalho em 2016, 36% (aproximadamente, 839 mil) eram mulheres e 67% (aproximadamente, 1,5 milhões) eram homens, como ilustra o gráfico 2 (em anexo): Cabe ainda ressaltar que, em uma análise das regiões do Brasil, verifica-se que o Nordeste tem a maior proporção de trabalho infantil: 33% das crianças e adolescentes que trabalhavam em 2016 (aproximadamente, 356 mil). Logo em 14 seguida, destaca-se a região Sudeste com 28,8% (aproximadamente 689 mil). Ao fazer um recorte do cenário anterior, para que se analise somente o caso das crianças e adolescentes entre 5 e 13 anos, o Nordeste ainda se mantém como 27 foco do trabalho infantil, uma vez que concentra 41,2% (aproximadamente 186 mil) da população dessa faixa etária que trabalhava em 2016. Entretanto, ao contrário do que ocorre no cenário anterior, em vez do Sudeste (19,8% - 89 mil aproximadamente), o Norte passa a ser o foco do trabalho infantil nesse grupo etário (23,5% - aproximadamente 106 mil). O Gráfico 3 (em anexo), ilustra esta diferença. 7. O COMPROMISSO BRASILEIRO NA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL O Brasil se comprometeu com a comunidade internacional a eliminar as piores formas de trabalho infantil até 2016 e a erradicar a totalidade dessa prática até 2020. É signatário dos seguintes tratados, que dispõem sobre o combate ao trabalho infantil: Convenção da ONU sobre os Direitos das Crianças: Estados-Partes devem garantir o direito da criança a não ser explorada e não desempenhar qualquer trabalho que a coloque em risco. Convenção 138 sobre a Idade Mínima de Admissão no Emprego da Organização Internacional do Trabalho (OIT): todo Estado- membro se compromete a abolir o trabalho infantil e a elevar a idade mínima para a admissão de jovens em empregos. Convenção 182 sobre Proibição e Ação Imediata para a Eliminação das Piores Formas de Trabalho Infantil da OIT: todo Estado-membro deve garantir a eliminação das piores formas de trabalho infantil. 7.1 Como proteger a criança do trabalho precoce? Antes de tudo, por meio da educação universal e de qualidade, principal instrumento de combate à exploração do pequeno trabalhador. Como cidadãos, precisamos exigir a implementação de políticas que garantam cada vez maior acesso às escolas públicas de qualidade. Os programas sociais paliativos de distribuição de renda não preenchem integralmente esse vazio e podem provocar a saída das crianças de suas casas, para buscarem o sustento que seria, numa sociedade equilibrada economicamente, de responsabilidade de seus pais. Dispomos de instrumentos suficientes, tanto na legislação brasileira como nas normas do direito internacional, para enfrentar essa 28 grave chaga social. Se antes a criança só era objeto de preocupação do Direito quando se achava em situação irregular – ou por ter cometido ato infracional, ou por abandono, colocação em situação de vulnerabilidade – hoje ela é titular de direitos, sempre. Vem daí a necessidade de proteção integral e prioritária, que lhe deve a sociedade como um todo, não apenas o Estado ou a família. De um lado, pela cultura da não autorização para o trabalho antes dos 14 anos. De outro, pela rigorosa análise das situações de aprendizagem, com vistas a desmascarar as situações de exploração mediante fraude, com aparência de bom direito. Impor condenações severas, que correspondam à gravidade do problema social, quando nos defrontarmos com ações em que se postulam indenização e reparação dos danos causados pela exploração indevida de crianças e pelo desrespeito à formação dos adolescentes. 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho infantil é uma violação dos diretos humanos, uma vez que, na infância se desenvolve a criatividade, e obrigar crianças e adolescentes a trabalhar significa impedi-las de desenvolver a capacidade de criar, limita a sua utilização do tempo entre lazer e escola, condições essenciais para a garantia de seu o pleno desenvolvimento para a vida adulta. No entanto, o que se verifica é que ainda há uma longa caminhada para a erradicação do trabalho infantil. No Brasil ainda existe um contingente de 3,6 milhões de crianças e adolescentes em situação de trabalho, sendo que a maior parte desse contingente está localizada na região Nordeste (35,0%) ou, em números absolutos, igual a 1.284.123) e, na Bahia, 363 mil. Infelizmente, o trabalho infantil ainda persiste em nosso país, o que reflete prejuízos à saúde das crianças e adolescentes, que estão muito mais expostas à riscos que o ambiente laboral pode trazer em relação a um adulto, justamente em razão de estarem passando por um processo de desenvolvimento. Além do mais, diversos problemas podem ser ligados à incidência do trabalho infantil como baixa escolarização, ou escolarização insuficiente, pouca ou inexistente profissionalização, doenças, problemas osteomusculares, problemas psicológicos... Sob esse prisma,a 29 prevenção e erradicação do trabalho infantil se caracterizam como princípio e direito fundamental do trabalho. Ao lado disso, ao longo da história o arcabouço jurídico brasileiro construído em relação ao tema do trabalho infantil evoluiu gradativamente. Porém, se percebe que as normas jurídicas não conseguem surtir efeitos sozinhas como se pretendia ao prescrevê-las. Nesse sentido, que se busca como instrumento efetivo de combate e erradicação do trabalho infantil políticas públicas intersetoriais, as quais devem surtir efeitos nos mais diversos campos como saúde, educação, serviço social, e o direito. Nesse sentido, o direito da criança e do adolescente possui um potencial que abarca uma visão multidisciplinar e democrática, uma vez que, necessita da participação dos diversos atores sociais. Além do mais, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), aliado a Constituição Federal, atribuem responsabilidade compartilhada ao Estado, à família e à sociedade em relação a efetivação dos direitos das crianças e adolescentes. No Brasil, existem os programas de transferência condicionada de renda, como o Programa Bolsa Família – PBF, que exige das famílias, dentre outras contrapartidas, a frequência escolar e a não ocorrência de trabalho infantil e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI, que também é um programa de transferência de renda, que repassa à família uma bolsa/renda mensal para que a criança e/ou o adolescente, retirados do trabalho, frequentem a escola e sejam incluídos em atividades socioeducativas e de convivência. Neste último caso, há uma intencionalidade bastante específica, que é a retirada do trabalho e a substituição da remuneração recebida pela criança. Assim, se vê potencial nas políticas públicas educacionais, como instrumentos eficientes para combater a exclusão e garantir a cidadania, de fato e de direito das crianças e adolescentes. Devendo, contudo, contar com a participação do Estado, da sociedade, da família, e da iniciativa privada. Infelizmente, ainda é impossível, no contexto atual, a erradicação da exploração do trabalho infantil, pois a mesma tem origem no atroz sistema capitalista. A luta das Nações Unidas, da Comissão dos Direitos Humanos, bem como das políticas de governos pela erradicação da pobreza e miséria extrema, igualdade social e paz mundial não passa de uma utopia. Mas a luta continua, porque acima de tudo somos seres humanos e quando se trata de uma criança, o sangue ferve diante das injustiças, pois são sujeitos de direitos, dignas de proteção e respeito. 30 Com essa pesquisa foi possível analisar a situação do trabalho infantil no Brasil, identificando as causas e consequências do mesmo na vida de crianças e adolescentes. Dessa forma, pode-se afirmar que o objetivo proposto foi alcançado, pois nos foi permitido, com esse trabalho, conhecer um pouco mais a fundo a problemática e, com isso, obter argumentos pautados na lei para proteger as crianças e adolescentes que se encontram em situação ilegal de trabalho. Em suma, esse trabalho tem relevância social e acadêmica na medida em que apresenta uma visão sobre o trabalho infantil no Brasil e fornece informações importantes sobre os vários problemas que isso acarreta na vida de crianças e adolescentes vítimas desse contexto. O mesmo pode servir como subsídio para educadores, assistentes sociais, pais e responsáveis na busca de soluções para essa problemática. REFERÊNCIAS AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DOS DIREITOS DA INFÂNCIA - ANDI. Piores formas de trabalho infantil. Um guia para jornalistas. In: OIT – Secretaria Internacional do Trabalho. 1 ed. Brasília. 2007, p. 17-18. Disponível em: <http://www.andi.org.br/publicacao/piores-formas-de-trabalho-infantil-um-guia-para- jornalistas>. Acesso em: 10 set. 2019. ASSEMBLEIA DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração dos Direitos da Criança. Brasil. 20 de novembro de 1959. Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Crian%C3%A7a/declaracao-dos- direitos-da-crianca.html>. Acesso em: 15 set. 2019. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 13 set. 2019. BRASIL, Consolidação das leis Trabalhistas, 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2004; BRASIL, Constituição Federal, 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2002; 31 BRASIL. Lei Federal n. 8069, de 13 de julho de 1990. ECA _ Estatuto da Criança e do Adolescente. MARÇURA, Jurandir Norberto; CURY, Munir; DE PAULA, Paulo Afonso Garrido. Estatuto da Criança e do Adolescente Anotado. 3º Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002; TAVARES, José de Farias. Direito da Infância e da Juventude. Belo Horizonte: Del Rey, 2001; 14 VIANNA, Guarani de Campos. Direito Infanto Juvenil: Teoria, prática e aspectos multidisciplinares. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2004; GADELHA, Graça. Sistema de Garantia de Direitos. Projeto Cata Vento: OIT/Instituto Aliança, 2010. Cartilha Saiba Tudo Sobre o Trabalho Infantil – Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em: http://portal.mte. gov.br/data/files/8A7C812D307400CA013075FBD51D3F2A/trabalhoinfantil-mte- web.pdf SILVEIRA, Luciana. Guia passo a passo: prevenção e erradicação do trabalho infantil na cidade de São Paulo / Luciana Silveira. —— São Paulo: Associação Cidade Escola Aprendiz, 2019. http://portal.mte/ 32 ANEXOS FIGURA 1 – Mapa da localização do Município de Capim Grosso Fonte: IBGE, 2010 FIGURA 2 – Informações básicas de referência sobre crianças e adolescentes ocupados. 224 11,1% 207 21% 432 14,4% % 53,4% % 46,6% % 33 FIGURA 3 – Centros socioassistenciais do município de Capim Grosso- BA. FIGURA 4 - Crianças e adolescentes ocupados e número de aprendizes FIGURA 5 – Ações fiscais do Ministério do Trabalho e Previdência Social. 1 1 0 0 0 0 207 406 0 0 25 4 34 GRÁFICO 1 – Redução do quantitativo de crianças e adolescentes ocupado no Brasil entre 1992 e 2015. Fonte: IBGE – Série Histórica Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD -1992-2015). 35 GRÁFICO 2 – Distribuição de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos por sexo - Brasil Fonte: IBGE – PNAD Contínua 2016 36 FIGURA 6 - Panorama Brasil Trabalho Infantil – Crianças e Adolescentes de 5 a 17 anos por região. 14,9% 7,2% 33% 28,8% 16,1% Fonte: IBGE – PNAD Contínua 2016 37 GRÁFICO 3 – Distribuição de crianças de 5 a 13 anos em Trabalho infantil por região Fonte: IBGE – PNAD Contínua 2016
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